Edição #37 Maio de 2016
LUTO
Votação do impeachment choca país e faz com que polarização se volte contra show de horrores protagonizado por deputados. PÁGINA 6
INFLUENCIADORES DIGITAIS
VEJA COMO CELEBRIDADES DA WEB COMEÇAM A SAIR DO VIRTUAL PARA AS MÍDIAS TRADICIONAIS PG. 16
E MAIS:
MEDIUM - A PLATAFORMA QUE MISTURA BLOGS E REDES SOCIAIS
PG. 3
EDITORIAL Impeachment – sessão dos horrores A votação que acatou a denúncia possibilitando o julgamento no Senado para o impedimento da presidente Dilma Russeff, deixou o Brasil perplexo pelo tom adotado pelos parlamentares ao proferirem o voto. Na verdade toda a sessão foi tosca, tanto por parte dos prós, quanto dos contra. Acho que foi a primeira vez que a nação viu realmente seus representantes em atuação. Eu senti vergonha. Alguns que nem fazem parte da Câmara dos Deputados estavam presentes só para aparecerem em rede nacional. A sessão realmente ficará para a história, não pelo seu propósito, mas sim pelo vexame mundial. Pasmem: Segundo um levantamento feito no projeto Excelências, da ONG Transparência Brasil, 273 dos 513 deputados que compõem a Câmara atualmente respondem a algum tipo de processo judicial. Eles são citados em ocorrências seja na Justiça ou em Tribunais de Contas. O número representa 53% da Casa. Os processos variam de acusações de crimes eleitorais a de corrupção ou má gestão do dinheiro público. Ficou claro que não sabemos votar. Outra explicação seria que o poder emburrece e corrompe a classe política. O que vemos em Brasília é apenas um re-
flexo do que acontece em todo território nacional. Fico espantando como eles tratam o público como privado. Votam não pelo bem comum, mas em causa própria. Assistindo o noticiário, os comentaristas políticos passam exatamente isso. As emendas parlamentares retratam a prática do toma lá da cá. É institucional. Se cometer um crime, o que levaria a qualquer pobre mortal a apodrecer na cadeia, está protegido pelo foro privilegiado. Alías, que lei é essa que assegura o cargo de presidente da Câmara dos Deputados a uma pessoa que está sendo investigada pelo Supremo Tribunal Federal, não por um crime, mas por vários? Nossos representantes ou não? A Câmara dos Deputados eleita em 2014 tem apenas 73 representantes que foram eleitos pelo voto direto de seus eleitores, segundo estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral. Os outros 440 ganharam o direito de ocupar as cadeiras do Parlamento por conta de dois elementos-chave do sistema político brasileiro: o quociente eleitoral e o quociente partidário. Temos muito o que mudar!
Augusto de Carvalho Editor-chefe
Índice Medium
03
Impeachment nas redes sociais
06
Facebook Topic Data
10
Aprendizado ao liderar equipes jovens
12
A força dos influenciadores digitais
Coluna Carlos Eduardo
16
19
Expediente Editor-chefe Augusto de Carvalho Textos Augusto de Carvalho Luis Gurgel Colaboradores Carlos Augusto Brum Rodrigo Carvalho Silveira André Augusto Damasceno Roberta Moraes Diagramação Luis Gurgel
MEDIUM Mistura de host de blog e rede social, plataforma desponta como interessante alternativa para blogueiros, embora não livre de falhas
Imagine a seguinte situação: você está na internet, assistindo a um episódio do seu seriado favorito, ou então lendo um bom livro, e tem aquela vontade de escrever sobre o mesmo em uma rede social. Em sua cabeça, o Twitter e o Facebook provavelmente surgem no mesmo instante, mas, com igual rapidez, algumas restrições desta rede fazem com que de-
sista do seu plano. Parece credível? Este é um problema enfrentados por muitos, e que a AC Digital espera mudar com a apresentação de um site bastante útil e que vem crescendo rapidamente nos últimos anos, o Medium. Criado por Evan Williams, que foi um dos co-fundadores do Twitter, o
Medium é uma plataforma social que oferece, como seu principal atrativo, uma simples, mas eficaz, ferramenta de edição que permite aos usuários criarem pequenos blogs. Com cadastro fácil, e que permite até mesmo que o usuário faça login com a sua conta do Twitter e do Facebook, o Medium é ideal para aqueles que não querem comprar um domínio ou ter de bater cabeça na hora de configurar um blog de verdade. Basta abrir a página, começar a escrever uma história e postar.Você pode enfeitar os seus posts com imagens, e é possível mexer no alinhamento das mesmas e no tipo de fontes e cores, tal e qual como em qualquer outra ferramenta mais complexa, como o Wordpress. Então, mas qual é o grande diferencial? Bom, além da simplicidade, o Medium tem, dentro da própria plataforma, um quê de ‘rede social’. Você pode escolher seguir pessoas que escrevam posts dos quais tenha gostado, e até mesmo dar uma espécie de ‘like’, compartilhando-os em sua própria página inicial do Medium. Assim, é mais fácil encontrar e ser encontrado, e a interação com os outros usuários da rede se torna numa intuitiva maneira de divulgar o seu conteúdo. Da mesma forma, por possuir ligações com outras redes sociais, os posts do Medium podem ser diretamente compartilhados
no Twitter ou no Facebook, e esta integração dentro deste ‘ecossistema’ online o torna apelativo para quem também utiliza estes outros sites. Falando sobre a interação, aliás, é outro dos pontos únicos do Medium. Qualquer blog que se preze permite que os usuários deixem comentários. Porém, o Medium tem uma pequena peculiaridade muito interessante. Você pode escolher ‘pedaços’ do texto que está lendo e deixar uma nota especificamente sobre aquele excerto. Uma espécie de ‘nota de rodapé’, que torna muito interessante e fácil de ver pequenos debates acerca de determinadas ideias. Um outro fator interessante do Medium, e que leva o site na contramão dos grandes portais e sistemas de estatísticas utilizados na hora de determinar o sucesso ou não de uma página, é a forma como a plataforma determina a influência das postagens. Chamadas de “histórias”, o próprio Medium calcula, assim que colocada no ar, o tempo médio que a leitura daquele post deve levar para determinada pessoa. Com a ajuda deste número, é possível ver quantas pessoas de fato concluíram a leitura do seu conteúdo ao fim de cada mês, segundo um relatório gerado pela própria plataforma. É claro que, caso deseje, também estão disponíveis os números mais ‘comuns’,
Imagens, cores, fundos, editor permite grande controle sobre produto final.
como número de visitas ou de visualizações. Por fim, vale também destacar o design do site. Para os autores, é possível utilizar interfaces gráficas bastante auto-explicativas para dar origem a algumas páginas muito bonitas. Conforme visto nas imagens ao lado, o editor do Medium permite aos usuários mais casuais fazer coisas que, provavelmente, não conseguiriam sem grandes dores de cabeça em seus blogs, como capitalizações com imagens inseridas dentro de letras, ou fundos personalizados para certos segmentos do texto onde o criador da história achar interessante. Isto, aliado ao sistema de comentários e outros pequenos detalhes, tornam a experiência de escrever e ler bastante prazerosa. Críticas Até aqui, o texto tem sido quase que exclusivamente de elogios ao Medium. Mas será que todos estão rendidos ao site e encontram nele o fim dos blogs pessoas? Bem, não. Conforme dito no início deste artigo, o Medium funciona melhor como uma espécie de ‘rede social com foco em leitura’. Quando o Twitter e o Facebook não se encaixarem no tipo de escrita que a pessoa pretende fazer, o Medium pode ser uma boa aposta, em especial para usuários mais casuais. No entanto, isto não é verdade para todos. Julie Neidlinger, do blog Today Made, por exemplo, é uma pessoa que reconhece as qualidades do produto oferecido, mas dá contrapontos. Em primeiro lugar, por se tratar de uma plataforma onde você não é realmente ‘dono’ do site, e sim apenas mais um contribuidor, o conteúdo postado no Medium não é relamente ‘seu’. Se o site acabar, ou se o site achar impróprio, você poderá ter o seu conteúdo removido. A facilidade
Tipografia criativa também pode ser feita sem muitas dificuldades
e a simplicidade oferecidas vêm, é claro, com o preço de você aceitar publicar as suas opiniões e pensamentos no Medium, fortalecendo assim a própria marca deles. Em teoria, não é muito diferente do que acontece em qualquer outra rede social, mas dado o foco do Medium em criação de conteúdo, estas letrinhas pequenas acabam ganhando um pouco mais de relevância, e são um dos fatores a serem considerados na hora de adotar a plataforma. Além disso, da mesma forma que o Medium torna mais fácil encontrar e ser encontrado, a plataforma se orienta para o coletivo. Você nunca vai ser o ‘centro das atenções’. Ao blogar no Medium, você é mais um, e apesar da audiência do Medium em si ser enorme, o número crescente de outros autores faz com que você esteja disputando leitores com todos eles. No fim, o usuário precisará levar em consideração as suas necessidades na hora de escolher ingressar ou não no site. Para alguns, que gostam do que o produto oferece mas querem manter independência, o Medium vira uma plataforma de ‘recompartilhamento’ de conteúdo que é publicado antes em outros lugares. Ficou interessado? Conheça o site: https://medium.com/
O IMPEACHMENT NAS REDES SOCIAIS
Votação do impedimento gera grande repercussão nas redes sociais e Câmara sai fragilizada Durante o mês de abril, quem vive no Brasil ou acompanhou o noticiário do país a partir do estrangeiro sabe que um único tema tem dominado a cabeça do brasileiro: política. Mais especificamente, a votação do impeachment na Câmara dos Deputados, agora consu-
mada, com resultado favorável pró-impedimento por 367 a 137 votos. Com ampla transmissão nos meios de comunicação, este evento político gerou um curioso fenômeno, ao se transformar em mais uma atração acompanhada por milhões de pessoas, que foram às redes
sociais externar suas opiniões e pensamentos acerca daquilo que viam. E o que se viu e ouviu por meio desta segunda tela revelou algumas surpresas. Conforme discutido na última edição da AC Digital, até ao mês passado, as redes sociais tinham sido invadidas por uma enorme polarização. Com a discussão do impeachment mais viva do que nunca, defensores da mudança protagonizavam embates contra aqueles que apoaiavam a permanência no governo, com a famosa guerra dos “coxinhas” e “petralhas”, termos derrogatórios utilizados por ambos os grupos para ofender os rivais, aparecendo como principal tema das conversas. A chegada da votação do impeachment, o Dia D, por assim dizer, prometia reforçar ainda mais esta tendência. Porém, isso não se concretizou. A razão? A prestação dos próprios deputados, que por meio de um festival de atitudes comprometedoras, conseguiram despertar nos dois grupos anteriormente citados o mesmo sentimento: incredulidade. Muitos que estavam engajados na briga política entre direita e esquerda acabaram por baixar as armas e direcionar o seu desagrado aos representantes eleitos que protagonizaram a sessão dia 17 de abril. Razões, certamente, não faltaram ao povo. A cada discurso dos deputados, razões como “família”, “a filha que está por nascer”, “a esposa que luta pela vida” e um mar de tantas outras justificativas esdrúxulas e que pouco tinham a ver com o julgamento da existência de crime de corrupção ou não foram entoadas como justificativas para os votos sendo computados. Os internautas, por sua vez, não per-
Postagem que listava justificativas dadas por políticos foi a mais retuítada de todo o dia da votação doaram. No maior estilo brasileiro, muitos aproveitaram a situação para fazer piada da própria desgraça. A criação de memes relacionados à justificativa bombou no dia, e, no Twitter, por exemplo, o post com o maior número de retweets do dia do impeachment (mais de 7 mil), mostrava uma tabela que incentivava os usuários a votarem no “melhor argumento pró-impeachment”. Na lista, opções como “a favor da família quadrangular”, “pelos Maçons do Brasil”, ou até mesmo “pela minha mãe nega Lucimar”.Vale ressaltar, ainda, que estas são, de fato, frases proferidas pelos deputados no dia, e não apenas coisas inventadas como uma piada. As justificativas, no entanto, não foram o único tema a ganhar evidência. Um dos deputados, durante o seu discurso, decidiu soltar o vozeirão, ao interpretar uma música em que pedia a saída de Dilma e do ex-presidente Lula, incentivando-os a levar também o resto
do PT com eles. O vídeo rapidamente viralizou e foi parar ao YouTube e demais sites, onde novamente a criatividade do brasileiro entrou em cenas. Foram criados remixes, paródias, além de diversas postagens que diziam que o sucesso do deputado estaria, em breve, sendo lançado no iTunes, programa de venda de música da Apple. Para comprovar esta tendência de união contra um único alvo, Fábio Malini, em sua página do Medium, realizou um interessante estudo sobre o “dia do impeachment”. Segundo ele, foram contabilizados, apenas no Twitter, mais de 3,5 milhões de postagens com o termo ‘impeachment’ ou ‘impeachmentday’ (hashtag que estava sendo utilizada para referir-se à ocasião). Segundo o mesmo, nem mesmo na Copa do Mundo o Brasil conseguiu atingir uma quantidade tão alta de usuários tuítando, em português, num único dia. Da mesma forma, o autor disponibilizou um gráfico, dividido em cinco cores, que demonstra que as críticas contra os deputados superaram – e muito – o número de tuítes focados no apoio ou defesa ao impeachment.
Gráfico: Medium/Fábio Malini
Rosa, laranja e verde representam postagens sobre deputados. Apenas azul e vermelho são mensagens de pessoas que apoiam e rejeitam o impeachment, respectivamente.
está sendo investigado, e que amealhou a maior rejeição do dia segundo as análises feitas pela FGV. Ainda segundo o instituto, a nuvem de palavras das redes sociais demonstra que existe um aparente equilíbrio entre os que são a favor Por sua vez, o jornal El País, com a e contra o impeachment. ajuda da FGV, disponibilizou uma ‘nuvem de palavras’ que ajudava a perceber Para Marcelo Soares, 25, advogado, quais foram as palavras mais utilizadas, aquilo que se viu no dia ligou um sinal tanto pelos deputados como nas redes de alerta na população. sociais durante o dia da votação. No primeiro caso, a palavra “Estado” apa– Eu até agora estava acompanhando receu em destaque, seguida por “povo”, a discussão ao redor do impeachment “democracia”, “golpe” e o nome da com interesse, mas confesso que estapresidente Dilma. Já nas redes sociais, a va um pouco resignado com o que ia coisa muda de figura. A principal paacontecer. Pensava que já havia visto de lavra utilizada foi “Cunha”, sobrenome tudo, e que nada mais me surpreenderia. do presidente da Câmara que também
Porém, o que se viu durante a transmissão televisiva naquele dia foi um show de horrores. Pessoas brincando, pessoas jogando confetti, cantando, para quem lá estava, tudo não passava de uma brincadeira, onde o vencedor ganharia o direito de se sentar à janela no governo do país nos próximos anos. Talvez existissem deputados preocupados com a população e as pessoas, mas certamente eram a minoria. Quem estava ali demonstrou, simplesmente, que não tem apreço nenhum pelo povo. Espero que tudo o que vimos possa fazer com que todos continuem a se movimentar em prol de uma melhoria no nosso sistema político, pois não é apenas a Dilma, o problema – explicou o jovem. O tradutor Daniel Rodrigues, de 27
anos, concorda, e diz que é preciso não deixar a peteca cair. – Apesar de tudo, acho que os grandes derrotados deste dia acabarão por ser os próprios deputados. A festa que promoveram acabou por gerar uma grande repercussão, e apesar da queda da presidente ainda ser um grande desejo, acho que daqui para a frente o povo estará mais ligado naquilo que acontece na Câmara dos deputados. As cenas foram fortes, e mostraram para todos que o buraco é muito, mas muito mais embaixo. É preciso continuar a pressionar, para que os políticos continuem se movendo, mas não conforme o seu desejo, e sim de forma a atender os desejos da população a quem deveriam representar – conclui.
Principais palavras utilizadas nas redes sociais no dia da votação demonstram que rejeição a Eduardo Cunha foi o tema mais debatido. Dilma, Temer, Bolsonaro e outros políticos também aparecem em evidência. Reprodução Nuvem de Palavras: El País/FGV
FACEBOOK T O P I C D ATA
Ferramenta ajuda empresas a melhor compreender relação com clientes nas redes sociais A análise de dados de mídias sociais é um setor cada vez mais presente nas
empresas para avaliar diferentes aspectos da relação entre as pessoas e as mar-
cas. As pesquisas geram inteligência na tomada de decisões para os negócios e na comunicação. Além disso, já houveram situações onde governos e institutos de pesquisa utilizaram dados sociais para a prevenção de doenças e catástrofes naturais. Em abril de 2015 o mercado de análise de dados sofreu um grande impacto com o fim das buscas públicas na maior plataforma social do mundo, o Facebook. O que motivou esta atitude foi a criação de um novo serviço de pesquisas, o Facebook topic data. O objetivo foi fornecer melhor qualidade de dados respeitando a privacidade dos usuários. Esta nova forma de executar pesquisas através de interações do Facebook trouxe uma série de melhorias na forma de analisar e estruturar os dados. Conheça algumas delas:
se de dados de outras redes sociais todo este trabalho de categorização é feito manualmente. Dados demográficos pela primeira vez Todas as informações analisadas pelo Facebook topic data possuem o sexo, as faixas etárias e a localização por país e estado dos usuários. Essas informações não são possíveis em outras fontes sociais. Informações de todo o Facebook
Com o topic data todos os dados do Facebook podem ser analisados, sejam eles públicos ou não-públicos. Todas as informações são anônimas e não comprometem a privacidade dos usuários. O foco é o que está sendo compartilhado pela audiência e não por quem, especificamente. Dessa forma é possível extrair insights únicos verificando o perfil da audiência engajada com determinado contexto de análise. A estrutura deste novo serviço de pesquisa repreGrande volume de dados senta um novo momento para análise de dados no Brasil e no mundo. Seus insights únicos possibilitam O Facebook possui 6x mais volume traçar perfis de audiência, identificar mercados-alvo, de menções que o somatório de to- avaliar a imagem das marcas e concorrência, opinião das as demais fontes sociais. São 1,55 pública em relação aos políticos e análise de fenôbilhão de usuários ativos no mundo e menos sociais. Para as empresas representa mais in90 milhões no Brasil. Quando a busca teligência aplicada e contribui nas estratégias online pública estava ativa, até abril de 2015, e offline. somente uma fração das informações No Brasil, os dados do Facebook topic data estão estavam disponíveis (cerca de 5%) por- disponíveis desde o dia 04 de dezembro de 2015 e que só posts definidos como “públi- a primeira plataforma da América Latina certificada cos” eram coletados. para executar as pesquisas é o OpSocial – Plataforma de monitoramento e análise de dados de mídias Dados qualificados sociais. O Facebook topic data pré-qualifica as interações por tópicos, como: filmes, comidas/bebidas, programa de tv, carros, serviços financeiros, roupas, entre vários outros. E pelo sentimento do usuário em relação ao tópico como positivo, negativo ou neutro. Na análi-
SOBRE OS AUTORES O MELHOR DO MARKETING
O texto original pode ser encontrado no site Melhor do Marketing. Confira! http://www.omelhordomarketing.com.br/
O QUE APRENDI A LIDERAR UMA EQUIPE MUITO JOVEM por Rodrigo Carvalho Silveira De todas as contratações da sua empresa no último ano, quantos profissionais eram mais velhos do que você e quantos eram mais jovens? Essa resposta pode variar de acordo com o seu mercado de atuação, mas sobretudo se você atua no universo do marketing digital, ou da comunicação de maneira geral, as chances de terem contratado mais profissionais jovens do que ‘experientes’ são muito grandes. Isso porque, além de seguirem uma ordem natural de renovação, esses mercados abrigam uma movimentação intensa de profissionais e assistem ao surgimento constante de novos cargos
e funções, o que acaba trazendo jovens cada vez mais jovens à sua equipe. Qual a idade de um gestor de contas do Instagram? E da equipe de conteúdo do Snapchat? Sem falar que a cada ano você se torna um velho cada vez mais velho (desculpe a franqueza! rs), mas vamos deixar isso de lado. A juventude não tem prazo de validade, podemos ser jovens até o último dia de nossas vidas, e isso depende, em boa parte, da capacidade que temos de receber o ‘novo’. E esse artigo é exatamente sobre isso. Sobre como receber esses novos profissionais e todas as novas formas de pen-
sar e agir que trazem consigo. Mais do que um compromisso social, entender os interesses e a participação dos jovens no mercado de trabalho é um grande diferencial competitivo para líderes e gestores de todos os mercados. Os jovens muito jovens Deixando de lado o alfabeto de rótulos das gerações, o fato é que a juventude no Brasil ganhou um grande destaque nos últimos anos, e trouxe com ela uma série de questionamentos e reinvenções, inclusive, para o ambiente empresarial, que opera com metodologias tradicionais e um ferramental tecnológico completamente novo. Um bom exemplo disso é que muitas das estratégias e objetivos comerciais das empresas continuam os mesmos, servindo perfeitamente às planilhas e matrizes da velha administração, a diferença agora é que as marcas recorrem a novos canais, formatos e discursos para impactar um público também transformado pela cultura digital.
A juventude não tem prazo de validade, podemos ser jovens até o último dia de nossas vidas, e isso depende, em boa parte, da capacidade que temos de receber o ‘novo’.
compartilham das mesmas carências técnicas e comportamentais, como a imaturidade e o desinteresse crônico. Por isso, é preciso lançar sobre eles um olhar de práticas formativas: você cresce com a interação tanto quanto eles, mas sua responsabilidade nesse enconO jovem tem um papel decisivo nes- tro é maior. Não estou dizendo para tratá-los se contexto, conectando os pontos e servindo como catalizador da renova- como crianças, mas que não adianta ção das empresas. Mas para aproveitar cobrá-los como a um profissional exesse frescor profissional é preciso de- periente e calejado pelo mercado. Pasenvolver um perfil de liderança que rece óbvio dizer isso, mas no cotidiano equilibre estímulo e cobrança, diver- intenso e atribulado das organizações são e senso de responsabilidade, afinal, é difícil encontrar alguém disposto a esses jovens profissionais precisam de oferecer a esses jovens o que de fato eles merecem: atenção, instrução e orientação. exemplo. Como retorno a esse ‘investimento Jovens talentos não nascem de ensino’, as empresas podem esperar de um passe de mágica uma rica contribuição criativa, mas não Se os jovens de hoje são diferentes só isso, também um bom desempenho dos jovens de antigamente em mui- de produção, ou o famoso mãos-à-obra tos aspectos, em outros, no entanto, que os jovens, mais do que todos, estão
ansiosos para assumir. O que acontece, no entanto, é quase como o oposto disso, os jovens são relegados às tarefas mais entediantes e menos arriscadas para os processos e entregas da organização. E por outro lado, estão sempre sendo cobrados de
a devida liberdade e cercá-los de todos os instrumentos e recursos. O que aprendi com minha equipe ultra jovem O que me motivou a escrever este
Chega de pasteurizarmos o pensar crítico/criativo dessa moçada, precisamos de um olhar compassivo e empenhado em ensinar e aprender com eles atitudes inovadoras e de um conhecimento tácito sobre algo que ninguém nunca os ensinou. É quase como achar que todo jovem em uma faculdade de comunicação sabe operar um plano de conteúdo para as mídias sociais (eu achei!). Porque são jovens, porque são comunicadores... Não, eles não sabem. Aliás, eles sabem bem menos do que podemos imaginar. Por isso, se você quer formar grandes talentos na sua organização, precisa cultivá-los desde o início, regá-los com
artigo é que no último ano estive à frente de uma equipe de estagiários e recém-formados em um projeto de produção de conteúdo. Todo mundo que trabalha com marketing digital sabe da importância do conteúdo para as boas práticas de SEO (Search Engine Optimization), mas “conteúdo” pode significar muita coisa, não é mesmo? Neste caso, conteúdo era sinônimo de textos otimizados. Textos em sua
forma mais pura, documentos de Word, só que com uma estrutura otimizada para ampliar a visibilidade de um site nos buscadores como o Google. (Se quiser saber mais sobre isso, leia este ou este artigo) Para produzir esses textos, montei uma pequena equipe de redatores e revisores, a maior parte ainda no curso de uma faculdade, apostando nos manuais, briefings, guias de estilo e modelos para preservar a identidade do projeto e a qualidade das entregas. O projeto foi tão desafiador quanto exitoso em diversos aspectos:
1. financeiro, porque mensuramos toda receita gerada com a publicação dos textos, o que nos trouxe certo ‘prestígio’ e espaço para crescer; 2. profissional, porque tivemos todo tipo de desafio para sustentar os bons resultados ao longo do ano; 3. pessoal, porque aprendi muito com esses meninos e meninas que estiveram ao meu lado. O maior aprendizado, que reúne todos esses aspectos, é o de que as diferenças culturais e formativas entre as gerações podem se tornar abismos de comunicação, mas que se forem bem recebidas e trabalhadas tornam-se uma valiosa fonte de aprendizado e renovação para qualquer equipe. Separei alguns dos principais pontos de aprendizado dessa trajetória e compartilho a seguir. Espero que você possa contribuir com algum relato para acrescentar outros itens nessa lista. Vamos lá!
DICAS PRA LIDERAR EQUIPE JOVEM 1. Seja você um ouvinte, eles definitivamente não são Não culpe os jovens pela constante falta de atenção, estar ausente ou surfando nos próprios pensamentos não é uma característica inédita desta geração, mas sim uma conduta dos jovens de maneira geral. Para lidar com os desvios de atenção e com a falta de autonomia para indicar falhas ou propor soluções, ensine-os a criar e cumprir seus próprios processos. Exponha, como parte de seus critérios de avaliação, a importância de sempre ouvir antes de falar, e mostre como a atenção pode poupar tempo no futuro. Além disso, busque o diálogo de forma pró-ativa, os jovens guardam um silêncio inconsequente que, ao invés de motivar perguntas ou pedidos de ajuda, os leva a assumir decisões aleatórias esquecendo-se de que há um futuro pela frente.
2. Conheça o perfil e os interesses pessoais de cada um deles Quando nos tornamos profissionais experientes sabemos de cor quais são os nossos pontos fortes e, naturalmente, damos o devido destaque às nossas melhores habilidades e interesses. Mas a maior parte dos jovens ainda não descobriu o que há de mais valioso naquilo que fazem, e se você os conhecer de perto talvez encontre, entre os gostos musicais, filmes que assistem e jogos favoritos no videogame, quais são os temas de maior interesse de cada um. O bom líder sabe acender a chama do interesse e valorizar aquilo que há de melhor cada um de nós.
3. Seja claro, desde o início, sobre os critérios de avaliação de desempenho Se você tem uma equipe jovem saiba que o seu cotidiano é de constante aprendizado, ou melhor, de constante ensinamento. Ainda que pareça uma grande perda de tempo, vale sempre a pena parar para orientá-los não só sobre as atividades técnicas mas também sobre conduta profissional e relacionamento interpessoal. Não conte com o repertório corporativo deles, muitas vezes estão vivendo sua primeira experiência profissional. Deixe claro quais são os parâmetros de sucesso e de fracasso, acompanhe com feedbacks constantes e aponte tanto erros quanto acertos.
Confira outras dicas no LinkedIn de Rodrigo!
SOBRE O AUTOR Rodrigo Carvalho Silveira atua no planejamento de marketing digital com foco em estratégias de conteúdo e SEO, ajudando as empresas a ampliarem sua visibilidade e relevância no meio digital. https://br.linkedin.com/in/rodrigocsilveira
A FORÇA DOS
I N F L U E N C I A D O R E S D I G I TA I S Novos queridinhos das marcas, as web celebridades ensinam às empresas uma nova maneira de se comunicar com o público Eles produzem conteúdo nas redes sociais, têm um grande número de seguidores, são majoritariamente jovens e se transformaram nos novos queridinhos das marcas. Os influenciadores digitais ganham cada vez mais espaço no mercado e já começaram a sair do ambiente virtual para passar mensagens nas mídias tradicionais. Com uma reputação construída graças a muita postagem em seus canais oficiais e interação com o público, eles começam a criar uma nova relação entre consumidores e empresas. Eles estão presentes nas principais redes sociais como Youtube, Instagram, Snapchat, Twitter, Facebook, Mentions, Periscope, além dos blogs autorais, mas rotulá-los como youtubers, instagramers, bogueiros ou vlogueiros já ficou ultrapassado, eles são produtores de conteúdo e ajudam as
marcas a se conectarem com seus públicos, por isso, o título “influenciador digital” é o mais adequado à profissão. Com a força que a internet ganha a cada dia, eles já deixaram de ser tendência para se consolidar como mais um canal para disputar uma fatia do orçamento do plano de comunicação e Marketing das organizações. Para este ano, espera-se que as empresas invistam 30% a mais neste tipo de estratégia, segundo levantamento da BR Media Group. “Os influenciadores já são uma realidade para o público há bastante tempo, mas as empresas começaram a se dar conta disso agora. Esse profissional pode mudar a visão que as pessoas têm e levar a marca para lugares onde a televisão não levaria”, pontua Renato Giannini, Especialista e Professor de Pós-Graduação das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), em entrevista ao Mundo do Marketing. Foco em nicho Com uma grande penetração em determinadas áreas,
o investimento neste tipo de canal pode representar a consolidação do “fazer mais, com menos”, que virou mantra das empresas em tempo de recessão econômica. Com perfis que falam exclusivamente para públicos específicos, o investimento em alguns canais das redes sociais ajuda as marcas a dialogar com quem realmente é de interesse. “Todo mundo já entendeu que o nicho merece ser investido porque ele converte muito com menor investimento e o ROI é muito maior”, reforça Ariel Alexandre, CMO e Cofundador do Celebryt´s, em entrevista ao Mundo do Marketing. Focar em nicho, no entanto, vai muito além de saber sobre qual tema o perfil se dedica. “É preciso entender quem é o público-alvo do influenciador para tentar adequar o produto. As pessoas são múltiplas e com isso surgem várias possibilidades. Mais importante do que saber qual é o segmento do influenciador, é conhecer a audiência dele para saber se tem os mesmos interesses do anunciante. Um canal de humor, por exemplo, pode impactar o segmento de beleza”, explica Giannini. Tão importante quanto escolher um influenciador que tenha um grande público é saber se ele realmente tem aderência com o tema escolhido. Este ativo, inclusive, é o que o concederá a reputação necessária para se tornar, de fato, uma autoridade no assunto. É o caso da influencer Camila Coutinho, do canal Garotas Estúpidas, que no fim de 2015 lançou uma coleção para a Riachuelo. Já a Colgate convocou a blogueira de moda e maquiagem Camila Coutinho para ser garota propaganda nos canais digitais para promover o creme dental Luminous White Advanced. Celebridades digitais A participação dos influenciadores em campanhas que ultrapassam os limites da web já se tornou uma realidade e reforça que não há formas definidas para o conceito de celebridade neste universo. A operadora de telefonia Vivo aproveitou a fama da vlogueira Jout Jout, que tem quase 800 mil assinantes no canal do Youtube Jout Jout Prazer e vídeos com mais de dois
Ariel Alexandre, CMO e cofundador do Celebryt’s
milhões de views na campanha #pegabem. No mesmo segmento, a Oi também apostou na notoriedade de Windersson Nunes em uma série de comerciais. Essas iniciativas mostram que a internet é apenas mais um canal de entrada, que graças ao grande número de usuários impacta também a mesma audiência de outras mídias. “As pessoas estão cada vez mais conectadas e os grandes influenciadores têm a mesma autoridade que as celebridades tradicionais. Este movimento está tão forte que percebemos uma ação contrária, cada vez mais as mídias tradicionais, como revistas e emissoras de TVs, contam com a participação dos influenciadores digitais em sua programação para aumentar a audiência. Essa é a prova de que os influenciadores saíram da internet e já estão em todos os lugares”, pontua Renato Giannini. Esse movimento reforça que os consumidores estão mais exigentes. Antigamente, a participação de celebridades em campanhas deixava claro que podia se tratar de personagem, o empréstimo de uma imagem para comunicar algo. Com os influenciadores isso é bem diferente. Como o principal produto deles é a opinião, as pessoas esperam que eles realmente tenham experimentado e aprovado o que estão divulgando. E isso traz alguns aprendizados para as empresas. Como na vida real ninguém usa apenas uma marca, neste segmento é comum não haver contrato de exclusividade. Produção de conteúdo Além de estarem mais livres para trabalhar com mais de uma marca do mesmo segmento, o que dificilmente acontece com artistas, por exemplo, este profissionais, em geral, também têm autonomia para produzir o conteúdo para as marcas. E isso faz toda a diferença na aderência do material divulgado. “É importante que o conteúdo esteja alinhado com o influenciador para que fique mais crível e que haja engajamento. Em geral, as marcas apresentam um
briefing para o gestor do canal, que ficará responsável pela confecção do conteúdo”, explica Celso Forster, CEO e sócio da BR Media Group, em entrevista ao Mundo do Marketing. A liberdade, inclusive, é um dos grandes diferenciais neste mercado. Muitas empresas que trabalham fazendo a ligação entre influenciadores e marcas preferem não agenciar os produtores de conteúdo para poderem indicar o perfil que mais estiver alinhado com a necessidade da empresa. Com este foco, a BR Media Group desenvolveu a ferramenta Celebrity Tools, que identifica o perfil ideal para cada campanha. A plataforma oferece informações sobre a área de influência de cada perfil e podem ser encontradas pessoas de várias áreas como blogueiros, modelos, esportistas, artistas, chefs de cozinha entre outros. Tão importante quanto saber em qual perfil investir, é necessário definir quais são os objetivos da empresa na hora de definir uma estratégia apostando nos influenciadores digitais. A aposta neste tipo de comunicação pode ser para apresentar um novo posicionamento, lançar produto, colocar uma hashtag no trending topics. “O mais importante é trabalhar com a verdade, pois a escolha do influenciador certo fará com que aquilo que ele esteja comunicando tenha credibilidade para o seguidor. Esta estratégia pode ser aproveitada para qualquer tipo de produto e tamanho de empresa”, acrescenta Forster”. Marketplace de Youtubers Para permitir que pequenas e médias companhias também se aproveitem deste tipo de comunicação, o mercado brasileiro conta com uma espécie de marketplace de youtubers, onde é possível encontrar influenciadores de todos os tamanhos e temas. A plataforma Celebryts usa a tecnologia para otimizar resultados e permite que o anunciante saibam os valores cobrados por cada tipo de conteúdo e a taxa de crescimento dos perfis, permitindo uma escolha assertiva e dentro das possibilidades de cada marca. “É possível fazer branded content com canais novos, mas que têm uma boa audiência para nicho determinado a
Celso Forster, CEO e sócio da BR Media Group
partir de R$ 1.100,00. É uma entrada que a pequena empresa não sabia que existia”, reforça Ariel Alexandre. O sistema é automatizado e intuitivo, funcionando como um e-commerce. “Quando o mídia começa a encontrar essas pessoas e seleciona os formatos, ele conclui o planejamento como se fosse um carrinho de compra. Em seguida é enviado um e-mail para os youtubers informando a proposta, que pode ser aceita ou não. Em caso afirmativo, o conteúdo pode ser encaminhado para a agência por meio da plataforma para ser aprovado pelo cliente e liberado para a publicação”, explica Alexandre. O canal centraliza todo o processo de planejamento da ação desde o projeto inicial até após a publicação, avaliando o retorno para as marcas, sendo, inclusive, responsável por faturar o serviço e repassar o pagamento aos influenciadores. Inicialmente, a startup está atuando apenas com youtubers, mas o planejamento é que passe a contar com influenciadores de todas as redes sociais em breve. SOBRE A AUTORA
Roberta Moraes é jornalista, pós-graduanda em Transmídia e editora do portal Mundo do Marketing. Mundo do Marketing (http://mundodomarketing.com.br/) é uma ferramenta de inteligência estratégica com conteúdo para tomada de decisão. Fundado em 2016, a plataforma produz estudos, analises de mercado e pesquisas com foco no mundo dos negócios.
CRÔNICA
CARLOS AUGUSTO BRUM
“O que estes índios estão fazendo aqui?” Menos de uma semana antes da santa sexta-feira que lembra a Paixão de Cristo, justiça foi feita: um pecador foi linchado em Porto Alegre. Nerlei Fidelis, de 33 anos, ingressou no curso de medicina veterinária na Universidade Federal do Rio Grande do Sul como cotista por ser indígena. Na madrugada do dia 19 de março de 2016, Nerlei foi até a moradia estudantil com seu sobrinho visitar outro parente. Passaram por um grupo que perguntou “o que estes índios estão fazendo aqui?” Nerlei respondeu. Alguns chamam o que se seguiu de discussão acalorada, outros de argumentação ponderada e uns de reação desnecessária. O grupo, porém, logo fez sua justiça: Nerlei foi atacado com socos, jogado no chão e então covardemente espancado. Ficou desacordado. Foi socorrido e atendido. Agora carrega cicatrizes e um derrame no olho esquerdo. Claro, Nerlei é um pecador: nasceu indígena. Não satisfeito desse crime, Nerlei ainda rompeu os grilhões de sua casta e se elevou à condição de universitário. Buscando uma vida melhor para si, sua família e comunidade, pecou novamente. A dúvida persiste: “o que estes índios estão fazendo aqui?” Infelizmente, além dos excessos de sua vida, Nerlei possui um pecado original enraizado em suas origens: seus descendentes também eram pecadores. Adoravam os deuses da natureza, ofendendo gravemente aquele Deus europeu que acabara de chegar. Alguns foram catequizados e vários outros foram executados. Civilizações inteiras foram extintas e sua terra foi roubada, verdade, mas veja bem: justiça foi feita. Em 1964, Bob Dylan lamentou a morte de Hattie Carrol, outra pecadora: uma barista negra de 51 anos, agredida por um fazendeiro branco de 24 anos, William Zantzinger. O sistema judicial condenou-o à seis meses de prisão em uma cadeia de segurança mínima. A punição aguardou quatro meses para que o condenado pudesse ajudar na colheita da plantação de tabaco de seus pais. Zantzinger morreu em 2009, mas seu ideal de justiça continua vivo, nota-se. A América de ‘60 passava por um momento de efervescência política e tensão social/racial, assim como o Brasil de 2016. Em momentos de crime de ódio como esse, porém, deixa de ser importante se você é Kennedy ou Nixon e se você acha que é Impeachment ou que é Golpe: ao chegar nesse horizonte, a prioridade é manter nossa humanidade. Do outro lado, seja ele qual for, temos pessoas. Somos pessoas. Mas afinal, “o que estes índios estão fazendo aqui?” Ué, o mesmo que todos nós: tentando sobreviver em um mundo cruel e brutal. Tentando não se entregar ao ódio e à violência em uma sociedade polarizada e confusa. Tentando não se render à ignorância do preconceito em um mundo assustado e desesperançoso. Tentando não se tornar peões inocentes e úteis em um tabuleiro gerado pelo caos de uma longínqua rixa de poderosas lideranças. Tentando não ver o diferente como pecado. Tentando não entender o igual como única possibilidade. Tentando não se tornar justiceiros da valente e única justiça quando, do outro lado, temos pessoas... Somos pessoas.
Contatos: carlosaugusto52@gmail.com | facebook.com/cadu.doslivros
Rolou no Confira alguns dos assuntos em voga na rede social
Guia No “O Melhor do Marketing”, uma postagem com um link para um “Guia do Marketing de Conteúdo para Iniciantes” foi um dos destaques do mês. O eBook está disponível gratuitamente e vale a pena ser consultado!
Previsiblidade “O que os outros esperam não é nem de perto tão excitante quanto aquilo que não esperam”. A frase de Einstein é usada para criar um debate sobre a importância da originalidade para a publicidade do grupo “Digital Marketing”. O texto discute a dificuldade de, às vezes, criar peças publicitárias que realmente sejam inovadoras e consigam balançar o mercado, muitas vezes por culpa dos próprios profissionais, que têm medo de serem julgados pela sempre presente frase do dicionário da imprensa de “isto não é aquilo que estávamos esperando”. Inovar ou corresponder? Eis a questão.