Revista AC Digital #38

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EDITORIAL Momento Político

Índice Governo Temer

03

Facebook testa novo Wi-Fi Público

06

O crowfunding ‘profissional

09

FastFormat: o fim do pesadelo ABNT?

13

A diferença entre texto e conteúdo

15

Coluna Carlos Augusto

19

Expediente Editor-chefe Augusto de Carvalho Textos Augusto de Carvalho Luis Gurgel Colaboradores Carlos Augusto Brum Rodrigo Carvalho Silveira Diagramação Luis Gurgel foto: omaispositivo.com.br


GOVERNO TEMER

TEM MÊS DIFÍCIL Período inicial do mandato do novo presidente é marcado por polêmicas e protestos em diversas esferas da sociedade, tanto online como for a da net Novo governo e problemas rondam a política nacional. Como todos sabem, Dilma Rousseff foi afastada pelo Senado, e, em seu lugar, Michel Temer assumiu a presidência da república temporariamente, enquanto o processo de impeachment é julgado. O período, no entanto, foi de grande tensão para o novo governo, que viu diversas polêmicas surgirem uma atrás da outra. A mais recente

delas culminou com a saída de Fabiano Silveira. Além disso, nomeação dos ministros e a falta de representatividade feminina, a extinção do MinC e até mesmo o logo escolhido para o novo governo foram alvos de protestos tanto online como fora da Internet. Um dos assuntos mais comentados foi, certamente, a nomeação inicial dos ministros de Michel Temer. Mais do que


a redução do número de ministérios, o padrão seguido pela grande maioria dos convocados causou estranheza e fez com que muitos fossem às redes sociais questionar o novo presidente. Isto porque todos os ministros são homens, e a grande maioria branca. Foi a primeira vez desde a ditadura militar que um governo passou a não ter nenhuma representante mulher em sua lista. Nomes como o senador Cristovam Buarque, o narrador Silvio Luiz e a atriz Fernanda Paes Leme foram apenas alguns dos que utilizaram o Twitter para questionar este novo período, criticando a falta de representatividade feminina, assim como de minorias e grupos de movimentos sociais, que dariam representatividade à população. Em contrapartida,Temer agiu rápido e nomeou a economista Maria Silvia Bastos para comandar o BNDES durante o seu mandato. Além disso, saiu em busca de uma mulher para assumir a pasta da Cultura, que havia sido extinta como ministério e responderia, a partir de então, como uma secretaria. A jogada, no entanto, acabou dando errado, com diversas mulheres que teriam sido sondadas para assumir a Cultura utilizando-se das redes sociais para expor o convite e explicarem as razões pela qual decidiram rejeitar o convite. Fazem parte deste grupo a antiga secretária de Cultura do Ceará, Cláudia Leitão, a atriz Bruna Lombardi, a consultora Eliane Costa, a jornalista Marília Gabriela e a cantora

Daniela Mercury. A própria extinção do Ministério da Cultura acabou por se transformar em uma verdadeira bomba relógio. Artistas como Caetano Veloso e Erasmo Carlos se manifestaram contra a decisão. Os dois, inclusive, juntaram-se também a Seu Jorge e Marcelo Jeneci de forma a organizar, no último 21, um ato cultural no Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio, espaço que já abrigou o Ministério da Cultura e atualmente é sede do Funarte. O prédio foi ocupado em protesto contra a extinção da pasta, e viu ícones da música se apresentarem contra o mesmo. Por sua vez, a atriz Regina Duarte foi uma das vozes que defendeu a decisão do governo, afirmando que o país encontra-se em estado lastimável, e que embora reconheça a importância da cultura, esta extinção temporária não deveria ser criticada, pois é necessário arrumar a casa antes de voltar a focar as atenções na pasta. Posições similares foram adotadas por outros artistas como o cantor Lobão, por exemplo. Outra polêmica ficou por conta da nova logomarca do governo. Inspirada na bandeira brasileira e com os dizeres ‘Ordem e Progresso’, críticos do governo Temer e apoiantes do discurso de que o atual presidente levou a cabo um ‘golpe’ para assumir foram rápidos em utilizar as redes sociais para protestar com algum humor. Montagens que substituíam parte do logo por emoti-

Extinção do MinC levou artistas como Caetano Veloso a protestar com shows


cons chorando ou então com referências ao videoclipe “Wrecking Ball”, da cantora Miley Cyrus (vide imagens ao lado), viralizaram e foram alguns dos posts mais compartilhados no Facebook e no Twitter. Além disso, outro detalhe acabou por colocar lenha na fogueira. O número de estrelas na logomarca revelada ao público era diferente do da bandeira atual brasileira, com a exclusão de cinco estrelas da mesma, o que tornou a imagem como sendo igual ao símbolo utilizado na época da ditadura. O governo rapidamente se desculpou e compartilhou uma logomarca atualizada, alegando que a situação se deu por conta de ter utilizado uma imagem ainda não finalizada para a apresentação, onde ainda faltariam alguns retoques e ajustes finais. Por fim, quando tudo parecia estar se acalmando, eis que surge uma última bomba, e que acirrou os ânimos tanto de protestantes como de apoiantes do atual governo. Gravações liberadas revelaram o agora afastado ministro do Planejamento, Romero Jucá, em conversas com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, sugerindo um “pacto” para “estancar a sangria representada pela operação Lava-Jato”. Ambos, inclusive, fazem parte da lista de investigados da ação. A transcrição do áudio foi divulgada em primeira mão pelo jornal Folha de São Paulo, e rapidamente se tornaram na bola da vez das discussões políticas. As falas do então ministro contribuíram para fortalecer o discurso de que o governo atual teria nascido por meio de um golpe, e até mesmo defensores de Temer, que clamam que o mesmo não está envolvido diretamente e também seria uma vítima desta situação, passaram a exigir a saída de Jucá como ministro. O

Memes deram a cara: logomarca do governo Temer foi rapidamente adaptada. Emojis, Wrecking Ball e tantas outras paródias próprio Jucá, algumas horas depois, pediu afastamento. As gravações feitas por Sérgio Machado estão sendo consideradas uma metralhadora no Congresso Nacional. Os últimos áudios divulgados na última semana de maio envolve muitos outros políticos e inclusive o ex-presidente Lula. Poucos dias depois, no último fim de semana de maio, mais áudios. Desta vez, o agora ex-ministro da Transparência, Fabiano Silveira, foi apanhado em gravações a criticar a atuação da Procuradoria Geral da União no caso da Lava-Jato. O político foi exonerado. Os fatos revelam que a instabilidade política está longe de acabar e com isso o país vai se arrastando e a economia descendo ladeira.


FACEBOOK TESTA WI-FI PÚBLICO

Empresa prepara-se para lançar novo serviço nos EUA que pode revolucionar redes sem fio Sabe aquela vez em que precisa falar algo pela Internet e o 3G da sua operadora não contribui? Esta é uma situação comum na vida de muitos brasileiros, com a nem sempre confiável rede de internet móvel do país. De olho em problemas como este, que acontecem

ao redor de todo o mundo, o Facebook está testando, presentemente, uma nova forma de rede Wi-Fi pública, que promete oferecer aos usuários velocidades de até 1GB/segundo, número que é cerca de cem vezes maior do que a velocidade média da conexão do inter-


nauta norte-americano. Com o codinome de “Terragraph”, o projeto da empresa de Zuckerberg está em fase de testes nos campus do Facebook, situados em Menlo Park, na Califórnia. Ainda um protótipo, a primeira ação será a instalação desta rede no centro da cidade de San Jose, na Califórnia, onde o serviço passará pelo seu primeiro experimento em um local aberto. A intenção, no entanto, é que outras cidades do mundo recebam, no futuro, testes similares, segundo Jay Parikh, que é diretor de infraestrutura e engenharia do Facebook. Ainda segundo Parikh, medidas como esta são enxergadas pela rede social como uma possível solução à falta de conexão no mundo. O serviço, em si, é baseado numa tecnologia chamada de “WiGig”. Para o funcionamento do WiGig, os equipamentos teriam de ser instalados em marcos como postes de luz das cidades, e poderiam ser utilizados tanto por dispositivos móveis como computadores residenciais e comerciais nas proximidades. Ainda segundo o Facebook, a intenção do “WiGig” não é fazer dinheiro, e a empresa não pensa lucrar diretamente com a opção. Para Zuckerberg, o grande atrativo seria a possibilidade de fechar parcerias com empresas de telecomunicação de todo o mundo, uma vez que o simples ato de ajudar a população a estar mais conectada iria,

Utilizando aparelhos em postes de energia da cidade de San Jose, o Facebook oferece velocidades 10 vezes maiores que a média norte americana


certamente, influenciar o tempo gasto e a quantidade de acessos a sites como o próprio Facebook, desta forma solidificando a sua posição de liderança no setor. Precário, Wi-Fi livre no Brasil mostra melhora

monstraram a maior melhoria, em primeiro encontra-se o Nordeste. A região registrou aumento de 242%, e superou, por muito, o segundo colocado, o Centro-Oeste, com 87%. Seguem-se Sudeste (80%), Norte (63%) e Sul (61%).

Já em números brutos, o Estado que apresenta o maior número de prefeituO Brasil, por conta do seu tamanho ras com conexões livres de internet sem continental e desigualdade, é um dos fio é, sem maiores surpresas, São Paulo, países que mais sofre com a questão da com 207 cidades em que os usuários Internet sem fio livre. Segundo núme- podem se conectar. Em segundo aparos divulgados pelo IBGE, apenas 30% rece Minas Gerais, com 155, e o Rio dos municípios de todo o país possuem Grande do Sul, 116. O Rio de Janeiro, pontos de Wi-Fi livre abertos à popula- por sua vez, é apenas o 14º colocado, ção, como parques, bibliotecas ou outro com 59. No entanto, a coisa muda de local público. Apesar deste baixo índice, figura quando este valor é modificado no entanto, a evolução neste quesito se para levar em conta a proporção o númostra promissora. Apenas nos últimos mero total de cidades em cada Estado. dois anos o número de cidades que pas- Neste quesito, o Rio fica com a mesaram a oferecer Wi-Fi aumentou em dalha de bronze, com 42,4% dos seus municípios tendo acesso a pelo menos 83m2%. Entre as regiões do Brasl que de- um ponto público de Wi-Fi.

Em São Paulo, já são mais de 100 parques e praças com Wi-Fi livre para a população


CROWDFUNDING

‘PROFISSIONAL’

Projetos de financiamento coletivo passam a ser considerados investimentos em sua faceta mais madura’ Quem acompanha a AC Digital sabe que o crowdfunding, ou, em bom português, o famoso ‘financiamento coletivo’ é uma prática que veio para ficar. Em sua forma mais básica ele pode ser definido como uma vaquinha, onde pessoas apresentam projetos e ideias e

pedem a colaboração de outros para viabilizá-las. Esta vertente ganhou o mundo e, atualmente, já existem diversos sites que fornecem plataformas para que usuários possam criar seus próprios projetos e tentar recolher doações, com o Kickstarter sendo, pro-


vavelmente, o mais popular deles. No entanto, com a popularização desta prática, novas formas de utilizar o crowdfunding vêm surgindo, e algumas empresas passam a apostar neles com um viés diferente, e mais ‘profissional’. Às vezes, o objetivo deixa de ser a viabilização de algo, e sim a utilização do crowdfunding para testar as águas ou medir a recepção do público para determinado empreendimento.

utilizar o crowdfunding, neste caso, através do Kickante, para fazer uma espécie de campanha de marketing, onde o objetivo era testar a receptividade da ideia da empresa e, além disso, utilizar os dados colhidos para tentar conquistar investidores externos que queiram, de fato, participar ativamente como membro da empresa.

Para tal, foi criado um projeto no Kickante, com uma pedida de R$10 No último mês, o folhetim Link, do mil, com o intuito de bancar a primeiEstado de São Paulo, trouxe à tona a ra leva de cápsulas de sua produção história da empresa Moccato. A startup própria. Em apenas 12 dias esta marca brasileira, que trabalha com um negó- foi ultrapassada, e, até ao final da camcio de um clube de assinatura mensal panha, foi dobrada, com a Moccato de cápsulas de café expresso, recebeu arrecadando mais de R$20 mil. Em um milhão de reais após a primeira entrevista ao Link, Ian Petersen, que rodada de investimentos. Ainda assim, é gerente de operações da Moccato e apesar da quantia em mãos, decidiu comanda a empresa com outros qua-

Moccato, marca que trabalha com assinaturas de café expresso utilizou parte do investimento em campanha de financiamento para testar apelo de produto e convencer investidores


tro sócios, o resultado foi tão bom que convenceu um dos investidores externos a apostar as suas fichas no negócio: – Nosso primeiro investidor tinha muitas dúvidas sobre nosso projeto. Quando viu que conquistamos o público em apenas 12 dias, ele nos deu carta branca”. – explica.

Koji Igarashi (aci ma) e Yu Suzuki (baixo) são criado games renomad res de os que encontra ra m investidores qu o Kickstarter com e usaram o forma de med ir demanda por projetos

Segundo Petersen, o crowdfunding deve voltar a ser usado, pois os dados colhidos são úteis para serem apresentados a investidores, e refletem o potencial de crescimento da marca. A Moccato, no entanto, é apenas uma das empresas que faz uso desta prática. O mercado dos games, um dos que mais movimenta o setor de crowdfunding com projetos arrecadando milhões e milhões de dólares, foi um dos pioneiros nesta prática. Em maio de 2015, Koji Igarashi, produtor conhecido por ser o criador da série de ação gótica “Castlevania”, lançou um Kickstarter para tentar financiar o seu novo trabalho, Bloodstained. O jogo era, em todos os sentidos, um novo capítulo da série Castlevania, mas com um nome diferente, de forma a evitar problemas com a Konami, empresa que detém os direitos autorais da série que Igarashi criou. No entanto, diferentemente de um crowdfunding normal, desde o início a meta estipulada de 500 mil dólares foi colocada como um objetivo que serviria para convencer um financiador externo, outra empresa, a investir pesado na produção do game. Tal feito seria, como Petersen, da Moccato afirma, a prova cabal de que existe interesse da comunidade em jogar algo assim, e, portanto, diminuiria os riscos envolvidos no financiamento do projeto.


A empreitada foi um sucesso. Igarashi conseguiu angariar não só 500 mil dólares, como havia pedido inicialmente, mas sim 5 milhões. Com o financiamento externo mais do que confirmado, além de um orçamento inflado também pela participação dos fãs, a empresa conseguiu incluir diversos novos modos de jogo no game, além de realizar a adaptação do game para quase todos os consoles atualmente disponíveis no mercado, garantindo que praticamente qualquer pessoa tenha acesso à obra. Um gol de placa, e que durante alguns meses foi dono do recorde de Kickstarter da área de games mais bem sucedido de sempre, um recorde que ainda seria de Igarashi não fosse pela existência de um outro projeto...

conhecido como o primeiro em que um projeto de crowdfunding obteve tal nível de promoção. O resultado, é claro, foi imediato. Os servidores do Kickstarter não aguentaram a carga gerada pelo número de acessos e foram derrubados durante alguns minutos. Ao serem colocados novamente no ar, recordes foram quebrados. O game atropelou a marca de ‘projeto mais rápido a atingir um milhão de dólares’, e, no fim das contas, acabou por amealhar 6 milhões e 200 mil dólares, o que também o coloca como o Kickstarter de games mais popular de sempre. Tal como no caso de Igarashi, desde o início o Kickstarter foi apresentado como uma condição para ‘provar’ que existe demanda pelo produto – objetivo que foi igualmente alcançado e superado com distinção. Shenmue 3 Apesar dos exemplos de sucesso, é preciso cuidado na hora de merguAté então, projetos de Kickstarter lhar de cabeça no financiamento cocontavam, normalmente, com a divul- letivo, pois nem todos os tipos de negação do boca a boca entre amigos e, gócios poderão se beneficiar de uma é claro, com artigos publicados pela estratégia como esta. O conselho vem imprensa especializada. Embora estas do presidente executivo da aceladora atividades continuem tão importantes Aceleratech, Pedro Waengartner, que quanto, a E3, maior feira de games do disse, em entrevista ao Estadão, que mundo, trouxe uma nova faceta ao cro- “projeto desse tipo apenas faz sentiwdfunding no ano passado. Yu Suzuki, do se o produto oferecido tiver muito criador da série Shenmue, um dos ga- a ver com o público que acessa este mes mais cultuados de sempre, subiu tipo de plataforma”. Estes são, em sua ao palco da gigante nipônica Sony para maioria, jovens com interesse em tecanunciar que estaria, naquele momen- nologia, e que já estão ‘habituados’ a to, lançando o seu próprio Kickstarter gastar dinheiro em serviços como o para a concepção de Shenmue 3, uma Kickstarter e o Kickante, pois enxercontinuação esperada por fãs de todo gam neles uma espécie de ‘compra em o planeta há mais de uma década. A E3 pré-venda’, em vez de apenas uma doé um evento assistido por milhões de ação. Caso o produto seja voltado para pessoas e transmitido através da inter- donas de casa, por exemplo, a recepção net e estações de TV dos quatro cantos em sites desse tipo será muito menor, do mundo, e aquele momento ficou avalia Waengartner.


FASTFORMAT

Site oferece serviço para facilitar vida de estudantes e pesquisadores na hora de formatar trabalhos Se há um conjunto de palavras que consegue despertar o terror em quase todos os universitários, este é “o trabalho deve ser entregue nas normas da ABNT”. Quem já tentou seguir as normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas sabe que é uma tarefa trabalhosa, que exige que o aluno decore diversas pequenas regras e, acima de tudo, perca valioso tempo a descobrir como realizar determinadas funções em seu editor de texto de eleição, o que nem sempre é

óbvio. Foi pensando nisso que surgiu o FastFormat, um site que traz a promessa de configurar automaticamente documentos dentro dos padrões pedidos pelas monografias, teses etc. Criado por três graduandos da área de Computação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o site funciona basicamente como um serviço online cujo principal trabalho é auxiliar o estudante a encaixar o seu conteúdo dentro do formato de normas


e técnicas da ABNT. Para tal, oferece diversos ‘moldes’, que contemplam todo o tipo de trabalho, monografias, teses, artigos científicos e ainda outros. Ao selecionar um, o usuário é levado para o próprio editor de texto do FastFormat, onde, na sua primeira visita, é apresentado um documento com explicações de como utilizar o site de forma correta, e respondendo a algumas das dúvidas mais comuns que se possa ter. No caso do formato pretendido ainda não existir, é possível, também, enviar uma mensagem solicitação aos criadores do site pedindo para quem um novo seja produzido e incluído. É claro que isto não acontece automaticamente, mas soluções mais populares são consideradas e adicionadas com o passar do tempo, de forma a cada vez mais atender às necessidades do maior número possível de autores. O projeto levou quatro anos em desenvolvimento, e durante os primeiros meses funcionou gratuitamente, aberto para todos que quisessem utilizar o serviço, sendo mantido online apenas por doações de usuários. Por conta da popularidade alcançada, assim como as constantes atualizações, hoje o Fast Format é pago e possui planos variados, sempre ligados ao número de páginas que o autor pretende configurar. No entanto, caso o documento tenha menos de 10 páginas, ainda poderá ser feito pela modalidade gratuita. Já para arquivos com até 20 páginas, o serviço pode ser assinado por R$15,90, e oferece substituição dos moldes e exportação para PDFs. O Plano 60, que vai até 60 páginas, sai por R$ 25,90, e além dos moldes e da exportação para PDF, também tem

um histórico das alterações feitas pelo autor e um banco bibliográfico. Para quem busca algo ainda maior, o Plano 100 e o Plano PRO são as opções mais dispendiosas, mas com mais vantagens, também. O primeiro serve para arquivos até 100 páginas e oferece os mesmos benefícios que o Plano 60, enquanto que o PRO não estipula nenhum limite de páginas e, além de todas as outras funcionalidades extra, ainda conta com exportação do documento para Latex. Estes saem por R$35,90 e R$45,90, respectivamente.

FastFormat conta com diversos moldes para monografias, teses, artigos científicos etc. Na falta de algum, o site também recebe solicitações de novos formatos O site já foi destaque de diversas publicações de tecnologia online, como o TechTudo, TecMundo e até mesmo do portal R7 de notícias. Além disso, uma breve busca em redes sociais como o Twitter, por exemplo, revela diversos elogios ao serviço, que continua a ser descoberto por mais e mais pessoas graças ao boca a boca (ou tecla a tecla) do ambiente online. O site pode ser acessado em https://fastformat.co/.


A DIFERENÇA ENTRE

TEXTO E CONTEÚDO por Rodrigo Carvalho Silveira Há alguns dias aceitei o convite de um amigo para um café de ideias e negócios. É que ele acabou de lançar um aplicativo voltado ao desenvolvimento de ações no terceiro setor, mas está um pouco confuso com relação ao conteúdo que descreveria essa sua nova jornada. “Não sei se estou sendo claro nas chamadas do site, o que você acha?”, eu traduzi para ‘não sei se estou sendo

claro com relação aos benefícios que ofereço’. E assim começamos o papo. Sentados em um moderno jardim no coração da Vila Mariana, em São Paulo, falávamos a respeito do app e do desafio que há em criar uma proposta de valor consistente através da comunicação. O ‘conteúdo’ foi quem nos reuniu ali, e acredito que ambos sabíamos do potencial que ele tem de resolver algumas das principais questões que cercam o enunciado e a disseminação de uma ideia. O problema é que o meu amigo tinha muitas ideias.


Conteúdo e chá de boldo: mal não vai fazer Ele queria ajuda para montar uma equipe de produção de conteúdo, uma fábrica de textos, imagens e vídeos que explicassem as 392 mil funcionalidades do seu aplicativo (não é um número real, estou exagerando). “Queremos revolucionar o método de avaliação Quantidade vs Qualidade, um velho paradigma de impacto, baseado em indicadores sociais e...”, era notória a empolgação daquele empreendedor idealista e de “Ele queria falar sobre diversos habilidades técnicas geniais. assuntos e temas que, a Ele queria ajuda para montar uma equipe de produção de conteúdo, uma princípio, não tinham uma fábrica de textos, imagens e vídeos que relação bem definida entre si” explicassem as 392 mil funcionalidades do seu aplicativo (não é um número real, estou exagerando). “Queremos “Olha, o conteúdo não é algo que se sustenta aperevolucionar o método de avaliação de impacto, baseado em indicadores nas pelos toques no teclado ou pelos cliques do obsociais e...”, era notória a empolgação turador de uma câmera. O conteúdo é um processo daquele empreendedor idealista e de minucioso de escolha, onde cada argumento, cada palavra, formato, posicionamento, cada cor, produz habilidades técnicas geniais. Eu ainda estava com dificuldades de uma trama única que, essa sim, visa sustentar uma entender qual o valor que, de fato, o ideia.” Seus acenos comedidos com a cabeça me pediam app entregava aos usuários, e confesso que quanto mais ouvia mais confuso complemento, então continuei: “Imagine que você quer bordar uma figura e está ficava. Havia muitas ideias implícitas naquela investida, e muita coisa desco- escolhendo as linhas que vai usar. Cada linha tem nectada do propósito inicial. Ele que- uma cor diferente, então você precisa saber bem qual ria falar sobre diversos assuntos e te- o desenho que quer reproduzir para escolher as linhas mas que, a princípio, não tinham uma certas. Uma proposta de conteúdo bem estruturada é relação bem definida entre si (se você como esse bordado, você precisa primeiro saber qual trabalha em uma agência de conteúdo é a figura que deseja montar, depois escolhe os argudeve passar por isso todos os dias, não?). mentos, abordagens, canais, formatos, etc. Enquanto Eu sabia exatamente como montar essa figura não estiver muito bem delineada, quala equipe de conteúdo que ele bus- quer fio alinhavado terá sido inútil.” cava, um time eficiente e de processos ágeis, que encontrasse os melhores tí- Um exemplo prático para tulos e formatos para aquele segmento a metáfora do bordado e público. Mas minha primeira partiTalvez essas metáforas não funcionem tão bem no cipação se deu em um tom de advermindset dos empresários quanto funcionam na catência:


beça dos comunicadores, então resolvi ‘costurar’ essa filosofia ao lado prático da coisa. Pedi a ele que imaginasse que um desses ‘fios de costura’ era um bloco de texto na homepage do site, um que representasse a melhor explicação possível sobre uma das funcionalidades do app.

Quantidade vs Qualidade, um

Em seguida, sugeri que um outro fio, diferente do primeiro, representasse um infográfico com todas as informações necessárias sobre outra funcionalidade. Por fim, um terceiro fio explicaria com exatidão as vantagens de outra função, diferente das anteriores. No final, convidei-o a uma reflexão que alguns chamam de ‘proposição única de vendas’ (eu não gosto desse nome): “Ao final, teremos criado uma extensa malha de fios explicando, como em um manual técnico ou glossário, cada detalhe dessa ferramenta poderosa que carrego no meu celular. Mas qual é o desenho dessa malha? Qual é a figura que a trama revela? Qual é a relação entre cada fio? Por que cada um desses elementos existe?” Ele pairou por alguns instantes, com os lábios receosos e os olhos inquietos buscando uma resposta para algo tão trivial e agora tão distante da sua ideia de negócio. Não é para menos, o que estava

em pauta naquele momento era a diferença entre a matéria prima e o produto da comunicação. Texto vs Conteúdo Um bom plano de comunicação, que envolva o uso de estratégias de conteúdo, não se resume à produção de bons fios, digo, de bons textos. Precisa antes passar pelas valiosas etapas de pesquisa e planejamento, além do constante monitoramento (não deixe isso para o final). Isso explica a diferença entre ‘texto e conteúdo’, onde o primeiro é apenas uma porção de palavras reunidas, que podem ou não fazer sentido no contexto de um produto ou marca, e o segundo segue sempre uma perspectiva de planejamento e estratégia, comum a todos os projetos que sustentam o mínimo compromisso com os objetivos do negócio.

Ainda que empregue o rótulo de ‘conteúdo’, boa parte das agências entrega ‘textos’ apenas

Essa divergência de significados é uma das principais questões no universo do marketing de conteúdo, por exemplo, que tem se mostrado uma das frentes emergentes mais promissoras do marketing digital, mas que, no entanto, tem levado às empresas uma proposta ainda superficial de produção de ‘textos’. Ainda que empreguem o rótulo de ‘conteúdo’, boa parte das agências que sustentam propostas nessa área tem realizado o papel de popular os sites com maiores volumes de texto, e não de conteúdo. O que não é de todo ruim porque, afinal, acabam por criar uma força de indexação relevante para as marcas e colaboram com a disseminação de uma cultura de participação ativa nos diálogos de posicionamento, ou diálogos não-comerciais (Nenhum desses termos existe, tá legal? Espero que tenham feito algum sentido para você). Mas você há de concordar comigo que o grande valor de um plano está na estratégia, e nem sempre ‘vo-


lume de texto’ é o melhor remédio para os vazios institucionais e fraquezas competitivas das empresas, assim como não se pode assumir que este ou aquele canal é sempre efetivo em uma ação de comunicação. Portanto, antes de publicar uma série de textos: – assegure-se de que os materiais produzidos estão relacionados com os objetivos do negócio; – verifique se contribuem com o fortalecimento da marca; – se reforçam o posicionamento do produto; ou, ao menos, – cheque se estão alinhados à jornada de compra do usuário; isto é, se resolvem ou ajudam em algo o público que está em busca do seu produto. Caso contrário, meu amigo, você pode lançar mão dos mais sofisticados formatos e canais para explicar as diferentes partes do seu negócio, eles serão apenas os fios soltos do seu bordado. Pois se você não for capaz de explicar a lógica que une cada fio, a razão pela qual eles se relacionam, e como isso acontece, a proposta de valor não toma forma, a mágica não acontece, a ideia não vende.

ta descrita no briefing). Por isso, deve haver sempre um planejamento à frente das investidas de comunicação, concentrando os esforços da equipe na lapidação de um benefício que possa ser assimilado instantaneamente pelo público. Essa é a ideia por trás de uma ‘proposição única de valor’. Nessa hora, a visão criativa, operacional (fábrica de conteúdo) e mesmo a perspectiva tática devem ser abandonadas para dar lugar a mais pura atitude estratégica: o planejamento. Uma visão de negócios projeta tempo, recursos, estratégia e mensuração. É preciso estabelecer previamente balizas e indicadores para saber se o que está sendo feito está, de fato, alcançando resultados e entregando benefícios. Como vamos avaliar e comprovar a eficiência no desenvolvimento e publicação de todo esse conteúdo se não sabemos sequer para onde estamos indo? Não basta perguntar diretamente a meia dúzia de usuários, como argumentou meu amigo, eles estarão sempre dispostos a acreditar. Existem técnicas de questionário e de cruzamento de dados para validar seus esforços, use-os. Leia mais sobre texto e conteúdo no LinkedIn do Rodrigo!

SOBRE O AUTOR Rodrigo Carvalho Silveira atua no planejamento de marketing digital com foco em estratégias de conteúdo e SEO, ajudando as empresas a ampliarem sua visibilidade e relevância no meio digital. https://br.linkedin.com/in/rodrigocsilveira

A importância do planejamento de conteúdo Afinal, meu amigo e seu app não estão a sós nesse cenário. Um dos deslizes mais recorrentes nos relatos de empreendedores é o de que a paixão pelo produto cega para o contexto e necessidades que atendem. Em outras palavras, damos asas à nossa imaginação e perdemos a linha mestra, a faísca inicial do negócio (como um redator que, tendo atingido a segunda página, se dá conta de que desviou-se da propos-

“Onde mesmo eu queria chegar com esse texto?”


CRÔNICA

CARLOS AUGUSTO BRUM

“Trinta homens” Uma menina de 16 anos foi estuprada por trinta homens mas tem gente falando sobre o que ela fez para isso acontecer. Falam das roupas, amizades, histórias e atitudes. Dão dicas sobre como uma mulher deve evitar a violência sexual, mas não falam sobre ensinar a não abusar. Sabendo que não há para onde fugir, os príncipes recomendam se esconder. Uma menina de 16 anos foi estuprada por trinta homens mas tem gente falando sobre estupro ser doença. Eles têm certeza de que a menina deu azar de cair na mão de bandidos dementes, psicopatas unidos pelo destino em um único círculo de amigos. Dizem não existir uma cultura voltada para criar exatamente esse tipo de criatura. Claro, aquele teu amigo que bateu na namorada nunca faria isso. Aquele outro que trai e é patologicamente ciumento apronta das suas, mas não iria tão longe. Nem os príncipes, né? Aqueles trinta são doentes. Exceções. Monstros. Os príncipes, não. Eles estão além do erro. Uma menina de 16 anos foi estuprada por trinta homens mas tem gente falando sobre discurso sexista de ódio ser liberdade de expressão. Muita gente famosa fazendo piada de estupro por aí, contando suas aventuras do “sexo surpresa” com menina desacordada, bêbada ou relutante. Mas não tem problema: os príncipes gargalham. Calma, feministas, é só uma piada! Uma menina de 16 anos foi estuprada por trinta homens mas tem gente falando sobre como aquela atriz menor de idade está gostosa, estourando! Vai virar um mulherão, dizem. Compartilham a foto. Os príncipes curtem. Uma menina de 16 anos foi estuprada por trinta homens mas tem gente falando sobre suas façanhas amorosas da juventude para o filho, comemorando canalhices e artimanhas. Ensinam ao menino que ainda não aprendeu a ler como pegar várias sem se apegar, a ser cachorro. Mulher gosta disso, já vai aprendendo! Paradoxalmente, a filha recebe instruções para procurar um homem bom, de família, um cara que nem o pai: um príncipe! Uma menina de 16 anos foi estuprada por trinta homens. E não existe nada que possamos falar que vá mudar isso. Trinta homens fizeram isso com uma menina que nunca teve aonde se esconder e tem menos ainda agora. Eles riram, gravaram, compartilharam, curtiram... Eles fizeram tudo isso, os trinta monstros! Mas eu sou gente boa e nunca faria isso. Nem você, nem seu pai, nem seu irmão, nem seu amigo, nem seu namorado... Nenhum de nós! Afinal, somos príncipes. Do passado, Fernando Pessoa nos desmascara: “todos eles príncipes.” Os trinta são monstros, bandidos, dementes, psicopatas – é desonesto negar. Que a mais severa punição traga justiça e leve medo a futuros infratores. Que o castigo, quando brando, seja revisto e atualizado. Mas que esse estupro coletivo instigue um diálogo duradouro. Precisamos entender o que torna comum tanto ódio, violência e misoginia. Precisamos buscar respostas no cotidiano e na cultura. Precisamos encontrar nossos próprios erros para desconstruir e remediar. Precisamos da empatia mais humana em momento tão brutalmente desumano. Uma menina de 16 anos foi estuprada por trinta homens e tem gente falando sobre outras coisas. Mas não dá mais: precisamos falar sobre cultura de estupro. E eu, homem, preciso ouvir. Eu e todos os outros príncipes.

Contatos: carlosaugusto52@gmail.com | facebook.com/cadu.doslivros

Rolou no Confira alguns dos assuntos em voga na rede social

Vídeo No Digital Marketing, um texto debate acerca da importância e dos usos do “vídeo” no engajamento com o cliente. Segundo o artigo, quem busca aumentar o tempo que o cliente passa em um determinado website deveria investir a fundo na modalidade.

Fonts No grupo Digital Marketing, um tópico chama a atenção para um artigo que elege as 50 melhores fonts lançadas em 2015 e grátis. Para quem está acostumado a mexer com design, o texto é uma coletânea muito interessante de fonts gratuitas que abrangem diversos estilos. Serifadas, sem serifa, mais redondas, fininhas e refinadas. A variedade é enorme, e, o melhor de tudo, é que muitas delas têm licenças gratuitas até mesmo para utilização comercial. Então, caso esteja interessado em dar uma repaginada nas suas criações, vale a pena conferir.!



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