Jornal Mural do Curso de Comunicação Social - UNISC - Maio de 2018 - Edição 122
Existem muitas identidades de gênero que vão além do normativo binário feminino e masculino cis heterossexual. Da mesma forma, ainda existe muito preconceito. Para a antropóloga Maria Helena Sant’Ana, isso é falta de informação. “Para quem tem preconceito contra travesti, transgênero, transexual, homossexual, lésbica, entre outros, aqui vai uma dica: conhecer e se aproximar dessas pessoas não vai fazer você se tornar um. É uma questão de conhecimento, e conhecimento é alargamento de mundo”, ressalta Sant’Ana. Mas é quem vive na pele esse preconceito que realmente sabe como dói. É o caso da transexual Nicolly Lisboa, que conta sobre a dificuldade de viver em um mundo que não aceita a diversidade. “Como mulher trans, luto por um mundo com mais visibilidade e respeito. Queremos um lugar mais justo pra sobreviver, com portas abertas e oportunidades. Vivemos em um mundo diverso e o respeito é necessário.” Assim como Maria Helena, ela acredita que o conhecimento é
uma das formas para tentar diminuir essa rejeição da diversidade. “A sociedade brasileira precisa estudar mais, inserir o asgênero e sexualidade no cotidiano da população. Fazer mais trabalhos, desenvolver e abordar estas temáticas nas escolas públicas e em outros ambientes acadêmicos, e assim estimular a compreensão e conhecimento sobre a causa. É gratificante e importante para nós, mulheres trans, que o respeito seja cultivado desde cedo.” Mesmo com conhecimento, sabemos que não é bem assim que funciona, pois ainda existe muito preconceito. Você já parou para pensar se realmente aceita e respeita a identidade do outro? Para entender melhor: • CIS: é a pessoa que se identifica com o mesmo gênero que lhe foi atribuído biologicamente ao nascer. • TRANS: pode significar duas coisas. 1) É o contrário de cis, ou seja, quem não se identifica com o sexo biológico de nascença e adota o gênero oposto como sua identidade. 2) O prefixo trans significa "além de" e representa também pessoas que não se identificam nem com o masculino e nem com o feminino, comumente conhecido como gênero neutro. • Ambas as pessoas cis ou trans podem ser hetero, bi ou homossexuais. Não é complicado de entender. Mesmo assim, embora seja clichê, não é preciso rotular as pessoas como mulher x homem, hetero x homo, cis x trans. A expressão autêntica de cada um é mais importante do que definir e dar nomes às características das pessoas.
• Existe diferença entre trans (transgêneros, transexuais e travestis) e drag queens. Quer um exemplo? Pabllo Vittar é um homem gay que se identifica com o gênero masculino mas se veste de mulher para as performances artísticas. Quando incorpora a drag queen, é errado tratar Pabllo com pronomes masculinos. Já Nicolly Lisboa é transgênero – nasceu com o sexo biológico masculino, mas se identifica com o gênero feminino – então sempre deve ser tratada com pronomes femininos. • Cuidado na hora de escolher o pronome para se dirigir a pessoas trans e drags. Se ficou na dúvida, melhor perguntar numa boa do que a pessoa prefere ser chamada. Evite constrangimentos e respeite a diversidade de gêneros.
Diagramação: Vitória Schwertz | Texto: Gabriela Etges, Stephanie Severo e Paula Schoepf | Fotos: Arquivo pessoal