2º Saideira do ano debateu jornalismo literário Por DAIANE HOLDEFER E MARÍLIA NASCIMENTO 24/05/2011 O segundo Saideira de 2011 ocorreu na noite dessa segunda-feira, 23, e o palestrante da vez foi o jornalista Vitor Necchi. O bate-papo transcorreu em torno do jornalismo literário, no Rio Grande do Sul. Com mesas dispostas em forma de bar, o tom informal da conversa ficou claro e prendeu a atenção do público ao longo de quase duas horas. Necchi que ministra uma disciplina de jornalismo literário na Famecos enfatizou aos alunos que para entender a nomição é preciso compreender o processo de desenvolvimento do produto que leva esta categorização. A marca do jornalismo literário é a apuração profunda e a riqueza de detalhes que isto proporciona. Como exemplo citou reportagens que levam meses para serem feitas, estas quando prontas dispõe de um universo completo que faz com que o leitor se sinta na cena do acontecido. Neste caso é o jornalismo usando de recursos da literatura. "Textos da jornalista Eliane Brum são encharcados de humanismo," disse. Para quem faz reportagens deste tipo é necessário muita pesquisa e observação, além de ouvir e ver como poucos. "O jornalismo do dia a dia tem perdido a capacidade de observação", afirmou.Não pode se restringir a declarações e cair no pecado do jornalismo diário. Jornalistas contam hitórias, criam narrativas e precisam fazer isto com detalhes, mas sem poluir o texto para que não perca o leitor ao colocar pontos desnecessários. O jornalismo literário precisa de tempo para ser feito e por isso não é muito comum, não é todo o veículo que tem disponibilidade e verba para o desenvolvimento. "Jornalista produzindo por mais tempo, custa mais." Para Necchi, o jornalismo cultural deve investir mais na apuração dos fatos, já que são raros os jornalistas de cultura que saem das redações para fazer reportagens. "O jornalista precisa aprender a ver o mundo com um olhar singular e não ficar com o olhar engessado," falou.
Confira abaixo a entrevista realizada pelas monitoras Juliana Eichwald e Laura Gomes com Vitor Necchi: A4: Como você entrou para o Jornalismo Literário? Vitor: Acredito que, se for pensar qual é o fundamento principal do jornalismo literário, talvez eu pudesse dizer que entrei para o jornalismo literário muito próximo de quando comecei a pensar em jornalismo. Quando comecei a minha vida de repórter, diria que, de alguma forma, eu vinha praticando isso. Acredito que muitas pessoas confundem o jornalismo literário com o jornalismo sobre literatura. E não é isso. A literatura é um dos temas do jornalismo cultural. Mas o que nós pudemos entender como jornalismo literário é o jornalismo onde se pratica uma apuração profunda. Quando eu falo em jornalismo literário eu sempre quero deixar bem claro que falo, em outras palavras, do bom e velho jornalismo. Investigação, apuração profunda, mergulho na realidade e também o uso de algumas técnicas típicas da literatura, como diálogos na reportagem, um detalhamento, descrição dos personagens e do ambiente.