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JORNAL EXPERIMENTAL EXPERIMENTAL DO DO CURSO JORNAL CURSO DE DE COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃOSOCIAL SOCIALDA DAUNISC UNISC SANTA CRUZ DO SUL - VOLUME 25 nº 4 NOV 2014 - EDIÇÃO ESPECIAL SANTA CRUZ DO SUL - VOLUME 25 nº 4 NOV 2014 - EDIÇÃO ESPECIAL

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EDITORIAL

Pesquisar é exercitar a curiosidade Pesquisar é um exercício que aprendemos logo cedo, involuntariamente, ao sanar nossas dúvidas com pais, avôs e demais adultos que nos cercam. Quando estes não conseguem dar conta de nossas curiosidades, podemos até deixar de lado temporariamente, mas em algum momento refazemos as mesmas perguntas. As crianças são, os pesquisadores mais ativos já vistos, pois são inquietas, questionadoras e não se satisfazem com respostas rasas. Um pesquisador acadêmico não nasce repentinamente, ele amadurece, sobretudo, durante a passagem pelo ensino superior. É quando aprende a desconfiar do óbvio, questionar possibilidades e estar em constante desenvolvimento.Namaioriadasvezes,pessoas inclinadas aos estudos deixam florescer esse desejo de saber mais lendo, anotando e buscando sempre um detalhe não explícito que possa resultar em novas informações. A pesquisa científica consiste em um olhar minucioso, embasado em teorias. Os resultados das investigações realizadas no campo do jornalismo são compartilhadas pela comunidade acadêmica em diferentes eventos da área, dentre os quais o Encontro Nacional da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), que este ano acontece na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). A edição especial do Unicom que está em suas mãos foi produzida para brindar a realização da 12ª edição do evento. Nele, alunos do Curso e voluntários da Agência A4 abordam temas como a internacionalização do SBPJor, a preparação do curso de Comunicação Social para receber o encontro, as relações entre o Jornalismo e outros campos de pesquisa e muito mais. Além disto, nas páginas deste jornal você encontrará uma entrevista com o professor espanhol Pere Masip, que fará a palestra de abertura do seminário, e também com o professor Elias Machado, primeiro presidente da SBPJor. Mais do que um convite para prestigiar o congresso, que ocorre de 6 a 8 de novembro, a edição também é fruto do trabalho daqueles que estão muito empolgados para receber em casa o evento mais importante do Brasil para a pesquisa em Jornalismo.

EXPEDIENTE

UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul Av. Independência, 2293 - Bairro Universitário Santa Cruz do Sul - CEP 96815-900

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Curso de Comunicação Social Bloco 15 - Sala 1506 Telefone: (51) 3717-7383 Coordenador do Curso: Hélio Etges

O melhor campo teórico do mundo Pesquisa em jornalismo oportuniza cruzamento de reflexões em diversas áreas, como História, Literatura, Psicologia e Sociologia DIANA DE AZEREDO E FREDERICO SILVA REPORTAGEM

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alvez a melhor imagem seja a de uma prateleira cheia de óculos ao lado de um objeto ainda não identificado (não, necessariamente, voador). Marrons, rosas, vermelhas, pretas... as cores das lentes variam e, conforme a que colocar diante dos olhos, as cores do objeto variam também. Desde sua origem, em meados do século XVII, o jornalismo pode ser visto a partir de diferentes teorias. Poderíamos imaginar “lentes teóricas” produzidas por “fábricas” como Sociologia, Psicologia, História e Literatura. Os teóricos seriam aqueles que se dispõem a experimentá-las e observar, com a ajuda delas, as práticas jornalísticas. “O jornalismo é uma atividade individual, social e cultural de produção de um tipo de conhecimento específico sobre o mundo”, começa a descrever o professor Jorge Pedro Sousa. Quem complementa é a professora Fabiana Piccinin, para quem a prática pode ser entendida como “captura, tratamento e divulgação dessa informação”. Estudar as relações que surgem nesse processo é buscar estas respostas para inúmeras questões. Quando uma informação se transforma em notícia? Como são definidos os critérios para uma pauta? Qual é a melhor maneira de escrever o texto de uma reportagem? Por que as pessoas acessam ou ignoram determinada publicação? Esses são exemplos de perguntas que impulsionam o trabalho dos teóricos. É como se fossem pequenas peças identificadas no interior do objeto. Para observá-las, o que temos são “teorias integradoras que visam a explicar os fenômenos jornalísticos na sua articulação com outros fenômenos pessoais, sociais, culturais, tecnológicos e históricos”, nas palavras de Sousa. Para o professor da Universidade Fernando Pessoa, a teoria do Jornalismo é “o conjunto integrado de conhecimentos, que o diferenciam como campo autônomo”. Ele cita nomes como José

Editora-chefe: Cristiane Lindemann Subeditora: Luísa Ziemann Diagramação: Martina Scherer Ilustrações: A4 Agência Experimental de Comunicação - Núcleo Publicidade e Propaganda Impressão: Lupagraf Tiragem: 500 exemplares

Marques de Melo, Nelson Tranquina, Eduardo Meditsch e Marialva Barbosa como exemplos de teóricos que contribuíram de maneira fundamental para a consolidação dos conceitos sobre a área. Ao incentivar que alunos e professores sejam, também, pesquisadores, concebendo formas de estudar o Jornalismo, Fabiana lembra: “A teoria é uma sistematização do conhecimento”. Além de buscar ajuda em outros campos, uma forma de se chegar à teoria própria do Jornalismo é a observação. “Não se trata tanto de uma inspiração, mas sim de uma questão de observação atenta e pró-ativa da realidade”, alerta Sousa. Eventos com o SBPJor, onde professores e estudantes apresentam resultados de suas pesquisas, contribuem para a construção desse “óculos”. “É o estado da arte da pesquisa”, compara Fabiana. Para ela, a maturidade desses momentos é capaz de “fazer com que nós próprios ofereçamos as nossas próprias teorizações”. Porém, a professora da Unisc ressalta as mudanças que ocorrem no Jornalismo. “Por isso a teoria precisa estar muito bem articulada e embasada para que ela possa dar conta dessas complexidades”, avalia. O escritor colombiano Gabriel García Marquez definiu o Jornalismo como “a melhor profissão do mundo”. É possível usar a frase como referência para pensar o Jornalismo na perspectiva científica. Eis aí um campo em construção, enriquecido por diferentes influências teóricas e, talvez, por isso mesmo, o melhor.

Reportagem: Augusto Dalpiaz, Diana Azeredo, Frederico Silva, Isadora Trilha, João Junqueira, Jonatan Trindade, Luís Gustavo Finger, Luísa Ziemann, Isadora Trilha e Vania Soares.

Este jornal foi produzido pelos alunos da disciplina de Estágio Supervisionado em Jornalismo, que estão atuando na Agência Experimental A4, e também por alunos voluntários do Curso.

Acompanhe o conteúdo produzido pela nossa equipe durante o 12° SBPJor através do site: hipermidia.unisc.br/sbpjor2014.

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JONATAN TRINDADE REPORTAGEM

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o jornalismo, trabalhos desenvolvidos em sala de aula podem resultar em artigos científicos, monografias, projetos experimentais e gerar insights para dissertações e teses. O resultado de algumas destas produções serão apresentados na 12ª edição do Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), que acontece nos dias 6, 7 e 8 de novembro, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Associado ao evento, ocorre a 4ª edição do encontro de Jovens Pesquisadores em Jornalismo (JPJor), criado a pedido de associados da SBPJor e de orientadores de iniciação científica e trabalhos de conclusão, visando estimular estudantes a divulgar suas pesquisas. A intenção é mostrar trabalhos desenvolvidos por graduandos e recém-graduados, como incentivo ao trabalho científico, permitindo que jovens pesquisadores construam uma trajetória acadêmica, dando sequência em programas de mestrado e doutorado. Conforme a presidente da SBPJor, Cláudia Lago, “a missão da Assossiação é consolidar o campo da pesquisa em Jornalismo e isso exige que se trabalhe na formação dos pesquisadores, principalmente no início”. Ela ressalta a expectativa de que o JPJor se consolide como encontro de estudantes de graduação que têm interesse em caminhar rumo à pesquisa. A organizadora do JPJor deste ano, professora Ângela Felippi, acrescenta que o evento motiva os alunos à pesquisa, permite a vivência e a troca de experiências com profissionais com mais tempo de trabalho. “A pesquisa é uma oportunidade de se fazer literatura, testar uma realidade e não só absorver, mas também produzir conhecimento”, diz ela.

DIVULGAÇÃO/ACERVO PESSOAL

Cada vez mais, estudantes e recémformados se dão conta da importância da pesquisa

Daiana Capes: recém-formada, participará pela segunda vez do JPJor

DIVULGAÇÃO/ACERVO PESSOAL

Desde cedo, investigar

Rozana Ellwagner: professora teve a monografia premiada em 2010

O diferencial de quem pratica a pesquisa Recém-formada em jornalismo, Daiana Carpes sempre gostou de pesquisar, o que a levou a integrar um grupo de pesquisa no período da graduação. Segundo ela, isto foi de extrema importância para a conclusão do curso e representa um caminho para o ingresso no mestrado. Daiana apresentou trabalho no JPJor de Brasília em 2013 e, em 2014, teve outro aceito, resultado de sua monografia. Sobre a experiência vivida, a jornalista destaca o momento em que os participantes puderam dar sugestões, críticas e elogios ao seu trabalho, que abordava a acessibilidade nos meios de comunicação. “Foi maravilhoso, tive a oportunidade de conhecer diversos pesquisadores da área, participar de debates e entender um pouco mais do universo do jornalismo”. Já professora universitária e jornalista Rozana Ellwanger ressalta que a pesquisa é fundamental na formação. Para ela, jornalismo vai além de decorar técnicas, é um exercício diário de análise crítica. “No meu caso, mais do que auxiliar na formação para a prática jornalística, a pesquisa sempre representou uma meta de vida, pois tinha o objetivo de seguir a carreira acadêmica”. Rozana iniciou o

exercício de pesquisar desde cedo, passando pelo mestrado, até chegar à docência, em 2014. Em 2010, sua monografia recebeu o Prêmio Adelmo Genro Filho de Iniciação Científica. “Ter o trabalho reconhecido como o melhor do Brasil me mostrou que as dúvidas eram infundadas, me deu motivação a mais e maior segurança para seguir na vida acadêmica”. A pesquisa sempre foi objeto de desejo para Rozana, mas devido a alguns empecilhos, só conseguiu se dedicar depois da metade da graduação. Mesmo assim, obteve resultados importantes. A jornalista lembra que este período foi essencial para a produção e publicação de artigos científicos, o que possibilitou participações em grandes eventos e a construção de um currículo consistente. Cada vez mais, estudantes e recém-formados, como Daiana e Rozana, estão se dando conta do valor da pesquisa. A presidente da SBPJor salienta que o número de trabalhos inscritos tende a crescer a cada ano em função da divulgação e do incentivo por parte dos professores. “Temos observado isso a cada encontro”, salienta Cláudia. Este ano foram 52 trabalhos inscritos no JPJor, o maior número de todas as edições.

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União para receber o encontro d Planejamentos iniciaram em 2011 para que pesquisa e produção de conhecimento fossem o centro das atenções

segunda instância, responsabilizando-se pela organização do espaço físico, distribuição de salas, marketing, criação e atualização do site e pela efetiva realização do congresso. Segundo o diretor administrativo da SBPJor e chefe do Departamento de Comunicação Social da Unisc, Demétrio de Azeredo Soster, realizar um congresso como este é um longo processos. “Podemos dizer com muita tranquilidade que aprendemos a fazer congresso. O Intercom [etapa região Sul, 2013] foi o maior. No entanto, antes dele, teve o Colóquio das Agências Experimentais e, anteriormente, o Fórum Sul Brasileiro de Professores de Jornalismo e o 1º Encontro Gaúcho de Professores de Jornalismo (Egej). Ou seja, há quatro anos estamos fazendo congressos FÁBIO GOULART

AUGUSTO DALPIAZ E LUÍS GUSTAVO FINGER REPORTAGEM

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esde o final de 2011 a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) se prepara de maneira efetiva para receber em suas dependências o 12º Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) e IV Encontro de Jovens Pesquisadores em Jornalismo (JPJor). Tudo começou há três congressos, na edição realizada no Rio de Janeiro, quando a vinda do evento para Santa Cruz do Sul passou a ser planejada. Duas instâncias se envolvem diretamente com a organização do encontro: a nacional, que é a SBPJor – a essência do congresso –, e a local, formada no âmbito da instituição que recebe e realiza o encontro. A Unisc está dentro desta

4 Próximo ao Curso de Comunicação Social, banner destaca a realização do SBPJor

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anuais e, durante esse período, a gente vem aprendendo. O Intercom foi fundamental para isso, pois ali a instituição soube como fazer um grande congresso”, pontua. Para dar conta do encontro de jornalismo, o curso de Comunicação Social da universidade optou por um processo diferente daquele realizada em 2013, quando a regional do Intercom ocorreu em Santa Cruz do Sul. Ao invés de três pessoas se responsabilizarem pela organização de todo o congresso, foi criada uma comissão executiva e os envolvidos foram divididos em grandes áreas: Relações Públicas, Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Produção em Mídia Audiovisual. Já o setor administrativo cuidou dos primeiros contatos. Tim-tim por tim-tim: a organização ao pé da letra Cerca de 110 voluntários e 50 pessoas do Grupo Executivo – que inclui professores, coordenadores da A4 - Agência Experimental do Curso de Comunicação e monitores – vão participar da organização do evento. Para preparar essas pessoas, no dia 30 de setembro aconteceu a primeira reunião e próximo ao congresso ocorreram outros encontros, a fim de treinar as equipes para a recepção e execução do encontro. Além disso, camisetas e kits sobre o congresso foram distribuídos a todos os envolvidos. O envolvimento da A4 - Agência Experimental, por meio dos quatro núcleos, foi fundamental na etapa pré-evento e assim se manterá durante a realização do mesmo. O núcleo de Relações Públicas cuida da parte organizacional, do protocolo e da arregimentação dos voluntários. A Publicidade fica encarregada pela parte de criação de peças, camisetas e banners. O Jornalismo faz a divulgação e

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CAROLINE FAGUNDES/AGÊNCIA A4

ro da SBPJor

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Diversas reuniões foram realizadas para organizar o SBPJOR CAROLINE FAGUNDES/AGÊNCIA A4

cobertura, enquanto a Produção em conhece, sai do ciclo da Unisc, em Mídia Audiovisual é responsável por que estamos muito envolvidos”. criar vídeos e spots que auxiliem na divulgação do evento. Cenário para estreias - A 12ª A estudante do 8º semestre edição do Encontro de Jornalismo de Jornalismo e monitora da será marcada por muitas estreias, Agência A4, Andressa Bandeira, como a primeira cobertura em está com boas expectativas para eventos deste porte realizada o evento. Para ela, a oportunidade por acadêmicos que há pouco de conhecer gente nova na área de ingressaram no curso, e a primeira pesquisa é muito interessante. “Além apresentação de um trabalho no disso, teremos contato tanto com JPJor. Este é o caso da recémos alunos que estão pesquisando, formada jornalista Vanessa Costa, quanto com professores e autores que apresentará o artigo “O que que a gente usa como referência.” disseram os jornais Zero Hora e Já no núcleo de Relações Diário de Santa Maria aos seus Públicas, a acadêmica e monitora leitores na cobertura do incêndio da agência, Jusiane Quoos, acredita da Boate Kiss”. Vanessa conta que ter sediado o Intercom foi um que seu objetivo é compartilhar grande aprendizado para saber os resultados de sua pesquisa e como organizar um evento desta também aprender com o resultado magnitude. Para o trabalho o dos outros trabalhos. Sobre a SBPJor, os preparativos começaram presença de jovens pesquisadores em maio deste ano e a expectativa, no evento, a jornalista afirma: segundo ela, é de que haja muito “A participação nesses eventos engajamento. “O evento tem 110 certamente abre horizontes. Saber voluntários inscritos, o que nos o que se pesquisa na área em surpreendeu. Espero que cada outras universidades e até mesmo um se comprometa para fazer a maneira como se pesquisa, faz deste um excelente com que surjam “Muito mais que congresso.” novas ideias e AUniscTVtambém um congresso de motivações.” está engajada, cobrindo Jornalismo, estamos A professora do o que está sendo fazendo um congresso curso de Comunicapreparado produzindo de pesquisa, focados ção Social da Unisc reportagens espe- no conhecimento” e organizadora do ciais que serão exibidas JPJor, Angela Felippi, Angela Felippi explica os trabalhos no Unisc Notícias. O programa costuma recebidos, de estuser exibido nas sextas-feiras, mas dantes ou recém-formados, foram na semana do evento vai ao ar na enviados para pareceristas de outras segunda-feira, 10 de novembro, instituições, que os avaliaram. Além com toda a cobertura do SBPJor. A disso, a organização focalizou as estagiária da Unisc TV e acadêmica atenções na composição das mesas, de Jornalismo, Maria Regina Ei- ou seja, em como os trabalhos chenberg, acredita que o Intercom aceitos iriam ser apresentados. sediado na universidade em 2013 Cada mesa terá em torno de cinco foi importante para ter uma base pesquisas, distribuídas nas salas de de como cobrir o congresso nesse aula e marcadas para o primeiro ano. Para ela, essas circunstâncias dia, seis de novembro, no turno da são boas. “O jornalista acaba tarde. Angela lembra, ainda, que entrevistando pessoas que não na manhã de quinta-feira ocorrerá

Encontros foram marcados por presença maciça dos participantes

a abertura do IV Encontro de Jovens Pesquisadores e mesa temática sobre Incentivo à pesquisa em Jornalismo. Segundo a professora, a principal dificuldade em organizar algo grandioso como o evento da SBPJor está na mobilização das pessoas, especialmente no que se refere à questão da logística. “O desafio dos meses que antecederam o evento foi mobilizar nossos estudantes, nossos professores, a instituição. Fazer com que todos abraçassem o evento, que trabalhassem em prol do objetivo e, sobretudo, que viessem ao encontro do SBPJor para assisti-lo, porque é uma oportunidade ímpar”, acrescenta. Estímulo à pesquisa - São esperados cerca de 400 congressistas no 12º Encontro da SBPJor, que recebeu em torno de 300 trabalhos inscritos. De acordo com Soster, a vinda do evento deve estimular os alunos para apresentar trabalhos e se envolver mais com a pesquisa acadêmica. Para o professor, este é

um fator benéfico, já que por muito tempo a pesquisa foi periférica nas atividades do Departamento de Comunicação Social. “Estamos muito preocupados com a prática e queremos não só ensino, mas sim pesquisa de qualidade. Muito mais que um congresso de Jornalismo, estamos fazendo um congresso de pesquisa, focados no conhecimento”, enfatiza. Em 2015 um colóquio sobre midiatização vai ser realizado na Unisc. Tendo em vista a amplitude do tema, Soster deseja que Relações Públicas, Mídia Audiovisual, Publicidade e Fotografia também participem. De acordo com o chefe de departamento, a visão do congresso é nacional. “A imagem da Unisc hoje está, literalmente, do tamanho do Brasil. Isso é bacana de se perceber, afinal, é fruto de um trabalho que vem sendo realizado há longo prazo e que nos últimos anos ganhou intensidade. A gente, ao fim de tudo isso, quer que a qualidade do diploma se fortaleça”, justifica Soster.

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As novas tecnologias, por Pere Mas Para o estudioso, os meios impressos têm um futuro complicado ante seus homólogos digitais AUGUSTO DALPIAZ E JONATAN TRINDADE ENTREVISTA

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o dia 6 de novembro, a abertura do 12º Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), o maior congresso jornalístico do país, ficará a cargo não de um brasileiro, mas de um espanhol: Pere Masip. O tema abordado pelo professor da Universidade Ramon Llull, na Espanha, será Audiencias activas y periodismo: ¿Ciudadanos implicados o consumidores motivados?. Na palestra, juntamente com outra atração estrangeira, Palomo Torres, da Universidade de Málaga, ele debaterá o papel das tecnologias interativas e sua aplicação na produção de conteúdo midiático e na promoção dos valores da democracia. Masip é coordenador do projeto ‘Audiencias activas y periodismo’ e concedeu uma entrevista exclusiva ao jornal Unicom. Ele aponta que “é legítimo que os meios tenham uma determinada ideologia, mas uma tendência política não justifica a manipulação e a distorção da realidade”. Para o professor, “o pecado original dos meios de comunicação tradicionais é ter que buscar, gratuitamente na internet, a mesma informação que era paga no meio impresso. Talvez ali tenha começado o princípio do fim”. O pesquisador possui uma extensa lista de artigos, monografias e participações em congressos, dentre eles: Presencia y OSU de internet en las redacciones Catalanas (2002), Internetumalesredaccions:Informació Diaria i rutines periodístiques (2008), Modelos de convergência de negócios na indústria da informação: Um mapeamento de casos em Espanha e no Brasil (2009). Confira na íntegra as reflexões de Masip sobre as novas mídias dentro do jornalismo.

Você pensa que o jornalismo pode ser prejudicado pelas novas transmissões de informação através da internet? Apesar dos discursos catastróficos que estão sendo proliferados desde a aparição da internet, a realidade nos demonstra que os cidadãos querem informação. E essa informação, na maioria dos casos, segue facilitando a atuação dos jornalistas. A invasão de novas formas de comunicar, como as redes sociais, não só não prejudica o jornalismo e os meios como também pode converter-se em aliada, oferecendo novas vias de acesso às informações elaboradas pelos jornalistas profissionais. Democracia ou falta de bom senso na hora de compartilhar informações na rede? Deixar de tomar decisões por causa do bom senso pode ser perigoso, visto que se sabe que este é o menos comum dos sentidos. Os cidadãos compartilham aquelas informações que lhes parecem interessantes, úteis ou simplesmente divertidas e engraçadas. É perfeitamente compreensível. Encontramos o problema quando, ao invés de se contribuir para a criação de um espaço comum para o debate e o fortalecimento da democracia, o lugar onde se pode compartilhar ou comentar informações se transforma em um ambiente utilizado para menosprezar aos que oferecem pontos de vista distintos, renunciando ao diálogo e o debate baseado em argumentos.

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Masip

Essa grande participação dos cidadãos nas redes sociais faz com que as pessoas Wrecebam uma informação de qualidade? Os estudos que estamos realizando na Espanha nos mostram que a informação que os cidadãos recebem através das redes sociais procede na última instância dos meios de comunicação tradicionais através de suas edições digitais. Assim, as versões web dos meios tradicionais, basicamente periódicos, são a principal fonte de informação de atualidade dos cidadãos espanhóis. O que muda é a maneira de acessar a essa informação. Os leitores acessam a informação através de buscadores, RSS e redes sociais. Na maioria dos casos são os amigos que facilitam e compartilham ligações às

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notícias, mas essas ligações acabam conduzindo a notícias elaboradas por jornalistas profissionais e publicadas em meios tradicionais. É também destacável observar como mais da metade dos usuários do Twitter seguem algum meio de informação nesta rede social, e quase 30% a jornalistas.

meios sabem perfeitamente que seus conteúdos são do gosto e atraem as pessoas. Nessa circunstância, os meios enfrentam um dilema entre a lógica jornalística e a lógica empresarial. Um equilíbrio instável entre oferecer aqueles conteúdos que acreditam que são importantes para os cida-

dãos e aqueles que sabem que satisfazem os interesses da audiência, ainda que não sejam relevantes. Em outras palavras, um equilíbrio entre o interesse público e o interesse do público. Quando esse equilíbrio significa optar pela segunda função, o jornalismo de serviço público é dilacerado. DIVULGAÇÃO/ACERVO PESSOAL

Você acredita que o avanço tecnológico pode acabar com as mídias tradicionais? Como apontávamos anteriormente, os cidadãos querem informação e essa informação provém fundamentalmente dos meios tradicionais. Naturalmente, os meios impressos têm um futuro complicado ante seus homólogos digitais. Especialmente se não são capazes de oferecer informação de qualidade, diferenciada da que aparece nas versões digitais de maneira gratuita. Assim sendo, além das inovações tecnológicas, o futuro dos meios de informação depende da capacidade de oferecer informação de qualidade, pela qual os cidadãos estejam dispostos a pagar.

A publicidade pode ser maléfica para o jornalismo? A informação gratuita não existe. Os meios se financiam fundamentalmente pela contribuição dos leitores que compram os periódicos e a publicidade. É bem conhecido que só através da venda de exemplares os periódicos não são economicamente viáveis, por isso a publicidade é imprescindível para a sobrevivência dos meios de comunicação. Assim, por si só, a publicidade não é ruim. O problema é quando os anunciantes, especialmente os grandes, são absolutos ou majoritários. Nesses casos,essadependênciaresultapouco compatível com uma informação, como quando as entidades financeiras e redes de poder se instauram nesses conselhos de administração dos grupos midiáticos ou da dependência política desses grupos. Como você vê a entrada do entretenimento no jornalismo? A irrupção do entretenimento no jornalismo não é nova nem própria da internet. Na televisão, está plenamente consolidada faz muitas décadas. A questão fundamental é a necessidade que têm os meios de captar a atenção dos leitores. Nessa luta pela audiência, graças à informação disponível através da web, os

Pere Masip: “o futuro dos meios depende da capacidade de oferecer informação de qualidade”

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Vencedora de prêmio detalha trajet Doutoranda na UFRGS, Marcia Veiga, vencedora da categoria dissertação do PAGF em 2011, lança livro de sua pesquisa no mestrado JOÃO JUNQUEIRA ENTREVISTA

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urante o nono encontro realizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), no Rio de Janeiro, Marcia Veiga recebeu a placa alusiva à melhor dissertação de mestrado. Marcia conquistou o Prêmio Adelmo Genro Filho (PAGF) em sua categoria no ano de 2011. Para a aluna do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação (PPGCOM/UFRGS) a distinção com o PAGF foi decorrência do esforço de pesquisar. “O PAGF da SBPJor representa, por si só, uma importanteiniciativadereconhecimento das pesquisas desenvolvidas no campo do Jornalismo em nosso país”, salienta. A autora da dissertação com o título Masculino, o gênero do jornalismo: um estudo sobre o modo de produção das notícias classifica como incentivadora a premiação. Em entrevista ao jornal Unicom, Marcia revela suas motivações para imersão na pesquisa. Na 12ª edição do encontro da SBPJor, lança o livro Masculino, o gênero do jornalismo: modos de produção das notícias (Insular, 2014). A publicação é resultante do trabalho premiado, que trata das relações entre os valores dos jornalistas, a escolha das pautas e a construção das notícias a partir da concepção de gênero. “Costumo pensar que um ingrediente importante para a pesquisa é ter uma curiosidade genuína, questões que se queira realmente compreender”. Esta é uma das ideias que o leitor encontra na entrevista com a autora da obra.

O que despertou sua atenção em pesquisar? As inquietações que me levam à pesquisa originaram-se em meu percurso de vida pessoal e profissional que, a partir de uma visão de mundo e de vivências empíricas, transformaram-se no intento de compreender algumas facetas da sociedade através da ciência. Desde muito cedo, empiricamente, tomei contato com algumas violações de direto que, quando já adulta, serviram como mola motora de meus valores, minha ideologia e, por certo, das escolhas militantes, profissionais e educacionais que se sucederam a partir delas. No ano 2000, tive a oportunidade de exercitar minha militância social, concomitante com minha dupla formação, universitária e política. Essa dupla formação, a incursão nesses dois lugares, transformou meu olhar sobre o mundo. Mais do que isso, impulsionou-me a seguir adiante, buscando na pesquisa um lugar para continuar pensando e compartilhando minhas inquietações. Como entrou na área de pesquisa? Oriunda de escolas públicas, experiência da qual resultaram algumas de minhas grandes inquietações sobre ensino e aprendizagem, em 1993 iniciei minha graduação em Comunicação Social na Universidade Luterana do Brasil. Era eu a primeira, de minha família de origem, a ingressar no ensino superior. Entretanto, por ocasião da gravidez de minha única filha, cursei apenas um semestre e tive que adiar por sete anos esta experiência tão ansiada. Somente em 2000 retomei meus estudos no curso de Jornalismo naquela universidade. Juntamente com minha formação na universidade, atuei na assessoria de imprensa de ONGs e de Grupos de Pesquisa. Nessas experiências de trabalho, como uma das práticas da profissão, encontrei caminhos

para pensar não só jornalismo, mas também novos conceitos e formas de enxergar a realidade. Para propor aos jornalistas ideias não usualmente circulantes no senso comum, como as que eram pautadas pelas instituições assessoradas, precisei estudá-las e melhor conhecê-las, traduzi-las e mediá-las. Jornalismo sempre foi seu objetivo na graduação? Não. Meu primeiro ingresso na universidade, em 1993, foi para cursar Publicidade e Propaganda. Quando retornei à universidade, 7 anos depois, já estava decidida a mudar de curso para o Jornalismo. Mais amadurecida, encontrei também no regresso à universidade uma nova forma de pensar não apenas minha vida profissional, mas também a pensar sobre as formas como podemos conhecer aspectos da realidade que nos envolvem direta ou indiretamente. E o Jornalismo passou a me instigar ainda mais, em função de suas características peculiares, pela “vontade de verdade” com que partilha conhecimentos acerca da sociedade. Qual sua atuação profissional hoje em dia? Estou no último ano do doutorado, escrevendo minha tese. Nesses quatro anos de doutoramento, me dediquei exclusivamente à pesquisa e à docência, esta última ainda que em forma de estágio dentro da própria UFRGS, foi uma experiência muito desejada e enriquecedora. Tive a oportunidade de aprender um pouco sobre essa profissão – a docência – através da orientação e co-orientação de alunos, ministrando disciplinas. Inclusive uma destas disciplinas sobre Comunicação, gênero e sexualidade, meus temas de pesquisa, que com muita alegria pude perceber que são de grande interesse por

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rajetória na pesquisa

Na sua avaliação, qual a importância de pesquisar? A pesquisa é uma das formas com que se pode ter a oportunidade de conhecer, a partir de uma mirada diferente, questões que muitas vezes nos afligem ou nos tocam diretamente, seja na profissão, seja no assujeitamento social a que estamos colocados pelas normas e comportamentos sociais exigidos, seja no cotidiano das práticas (profissionais ou sociais) que, via de regra, não nos debruçamos a refletir. Seja qual for a motivação de pesquisar, entendo como um processo de aprendizagem e de construção do conhecimento extremamente importante, e que pode nos ajudar a compreender e a melhor contribuir com a sociedade na qual vivemos, seja porque nossas pesquisas podem ajudar nessas compreensões (e até mesmo transformações), seja porque nós, como pesquisadores e pesquisadoras, sempre saímos transformados depois de imersões tão grandiosas nestas formas de conhecer. Como chegou ao assunto da sua dissertação? As experiências de quase uma década atuando como jornalista e envolvida com as temáticas de gênero, sexualidade, classe, raça e educação deram os contornos do interesse de pesquisar as

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relações entre Jornalismo e Cultura, em especial nos processos de normalização social. Minha pesquisa no mestrado foi o primeiro exercício de reflexão metódica, cujo objetivo era investigar quais seriam as concepções de gênero dos jornalistas, a fim de entender em que medida participavam dos processos de produção das notícias e na reprodução ou ressignificação da heteronormatividade. Assim desenvolvi um estudo de newsmaking, ao longo de três meses junto a redação de um programa tele jornalístico em uma grande emissora, inspirada no método etnográfico, com observação participante e descrição densa, no acompanhamento das rotinas produtivas. Observando a atuação dos jornalistas no âmbito do mercado, entendi que os valores culturais hegemônicos eram constitutivos das lentes pelas quais esses profissionais apreendiam

a realidade e narravam o Outro. Tratava-se daqueles conhecimentos tidos como não questionáveis, tomados de antemão a partir daquilo que mais predominantemente se compreende na cultura sobre as normas que nos assujeitam. Esse processo ocorria sem que os próprios jornalistas parecessem ter consciência de que acionavam esses valores em suas escolhas. Quais foram as respostas após o período de observação? Compreendi que não apenas as concepções hegemônicas de gênero, mas os demais marcadores sociais, se imiscuíam nas relações de poder, de produção do saber sobre a realidade, em sintonia com as hierarquias, valores e relações sociais dominantes que eram parte das visões de mundo dos jornalistas, acionadas na cultura profissional e em tomadas de decisão. O jornalismo foi entendido como

masculino, com práticas e saberes masculinistas, em intersecção com outros marcadores de diferença que perpassam as relações e os modos de compreender a realidade e o Outro. A pesquisa resultou na dissertação “Masculino, o gênero do jornalismo: um estudo sobre o modo de produção das notícias”, que recebeu o Prêmio Adelmo Genro Filho da SBPJor, na categoria melhor dissertação de mestrado, no ano 2011. E com muita alegria, essa dissertação está sendo publicada pela Editora Insular como 8º Volume da Série Jornalismo a rigor, e será lançada na próxima SBPJor, na Unisc, em Santa Cruz do Sul. Tanto o prêmio quanto a publicação da dissertação em livro significam a possibilidade de seguir dialogando, refletindo, um processo que não se encerra com o término de uma pesquisa, mas precisa ser constantemente discutido, refletido e repensado. DIVULGAÇÃO/BERNARDO JARDIM RIBEIRO

parte dos alunos e que sem dúvida fazem parte dos temas cotidianos que tanto se discute e pauta no jornalismo. Nesses anos, também fui convidada a participar das aulas de professores de comunicação de outras universidades, como a Unisc, oferecendo atividades de sensibilização sobre as temáticas a que me dedico a estudar (comunicação, jornalismo, gênero, cultura, sexualidade, diferença) numa interlocução que foi de extrema aprendizagem pra mim.

9 Marcia Veiga reproduz, em livro a ser lançado no 12º SBPJor, o trabalho premiado em 2011

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Desenvolvimento intelectual já na Investigação permite ao estudante descobrir perspectivas teóricas e expandir o conhecimento LUÍS GUSTAVO FINGER E LUÍSA ZIEMANN REPORTAGEM

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facilidade de acesso às informações vivenciada nos últimos tempos tornou obsoleto o ensino tradicional fundamentado apenas na comunicação oral. Além disso, é inviável, em muitas disciplinas, o professor conseguir apresentar todo o conteúdo no tempo que lhe é disponível. Porém, o conhecimento não se configura como um processo com ponto final. É justamente por meio da necessidade de descobrimento que o aluno vai buscar alicerces para solidificar suas ideias. Isto é, além daquilo que recebe em sala de aula, o estudante deve procurar se inserir nas áreas de seu interesse, mesmo que desconhecidas. A partir do estranhamento, o acadêmico precisa buscar, por meio da investigação, as respostas para suas indagações.

Conforme a professora do Curso de Comunicação Social da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e também organizadora deste ano do Encontro Nacional de Jovens Pesquisadores em Jornalismo (JPJor) deste ano, Angela Felippi, uma formação universitária não se limita apenas à sala de aula, ela é composta por ensino, pesquisa e extensão. A iniciação científica pode ser incentivada dentro das próprias disciplinas mais teóricas que demandem uma produção mais densa, acredita Angela, e a realização do congresso na Unisc já se caracteriza como fator motivador para o estudante se inserir na área. “Essa é a ideia do congresso, oportunizar essa experiência para o nosso aluno e para os demais, de poderem ver as discussões de ideias e produções científicas, esse momento rico tem que fazer parte de um estudante de ensino superior”, afirma. Sediar um evento do nível do SBPJor na universidade santacruzense, segundo a professora, vai colaborar para a criação de uma cultura comportamental nos estudantes em se interessarem pela investigação científica e pelos eventos, para que eles conheçam e se motivem a participar em outras instituições. Formar alunos como simples receptores de informação não é a maneira mais eficaz de promover a pesquisa, nem mesmo a sociedade em que estamos inseridos. A universidade tem o objetivo de fornecer o conhecimento e preparar profissionais qualificados a fazerem uso efetivo dele. Por isso, a participação em atividades científicas extraclasse se torna forte aliada no processo de formação destes acadêmicos. Dessa forma, a inserção do graduando em grupos e projetos de pesquisa ao longo de seus

estudos irá colaborar para aperfeiçoar as habilidades mais exigidas em profissionais com nível superior completo, bem como instigar e auxiliar outros jovens estudantes que querem se inserir na área. Para Angela, a formação intelectual teórica do estudante vai fazer com que ele seja um profissional muito mais crítico, maduro, reflexivo e bem preparado para fazer o que deve fazer. “A pesquisa se torna algo não apenas essencial para o ambiente científico, ela colabora para formar profissionais de mercado com muito mais embasamento intelectual para poder trabalhar, ainda mais no jornalismo que a matéria é o conhecimento”, garante. A professora do Curso de Comunicação Social da Unisc, Fabiana Piccinin confirma que não existe outra maneira de pensar na qualificação do jornalismo, que não seja através da reflexão oportunizada pela investigação científica. “A reflexão sobre o ‘fazer’ permite avançar o processo que qualifica a prática jornalística.” A iniciação científica oportuniza ao aluno de graduação manifestar a vontade para a área e, assim, aprimorar seu espírito crítico e questionador, além de servir como ferramenta de aprendizado e agente de fomento à influência mútua entre o estudante, a universidade e a comunidade. A pesquisa potencializa as oportunidades do estudante de graduação se adentrar no âmbito da ciência e é durante essa iniciação que o mesmo pode avaliar técnicas e investigar teorias estudadas em sala de aula, expandir e experimentar seu leque de conhecimentos. Através dela, o jovem investigador pode descobrir fatos que anteriormente estavam obscuros, assim como aperfeiçoar suas aptidões intelectuais e facilitar seu seguimento nos passos posteriores à graduação. Diversas modalidades já inseridas em eventos jornalísticos propiciam que o jovem pesquisador inicie as atividades rotineiras da busca pelo saber. Fabiana, que coordena o grupo Narrativas Audiovisuais e a

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Autenticação do Real no Mestrado em Letras da Unisc, admite perceber diferença de rendimento e qualidade no acadêmico após inserir-se no ambiente cientifico. “A gente vê nitidamente um olhar muito mais maduro dos alunos que estão dentro da iniciação científica no que se refere a olhar para as teorias, para as técnicas, de refletir sobre os conteúdos e na própria redação, que se torna muito mais densa, muito mais aprofundada pelo fato de conhecer a largura das perspectivas teóricas e de saber mais sobre as escolas teóricas.” A pesquisa e a inserção do estudante na iniciação científica fazem parte da evolução e da valorização da atividade. O compartilhamento do conhecimento e a oportunidade de apresentar o seu trabalho aos demais, bem como a discussão do problema expressa significante subsídio à formação do acadêmico. “Eu escolhi pesquisar” Um dos deveres da academia é mostrar as possibilidades profissionais para os estudantes. Afora o mercado jornalístico, que diz respeito às redações de jornais, emissoras de televisão e rádio e agências de notícias, seguir estudando também é possível. Para isso, o jornalista deve se dedicar à pesquisa científica. Um trabalho que envolve centenas de livros, muita leitura e horas em frente ao computador ou na biblioteca. Sem a pressão do deadline, mas com a pressão da descoberta, foram nas monografias, teses e dissertações que muitos jornalistas se encontraram profissionalmente. No caso de Maicon Elias Kroth, que hoje é professor universitário, o interesse pela investigação científica se manifestou já no início da faculdade de Jornalismo, cursada na Unisc. No entanto, apenas nos últimos semestres do curso ele começou a desenvolver trabalhos na área. “Desde o primeiro semestre eu atuei como repórter em jornais e rádios da região. A experiência radiofônica ganhou preferência quando tive a oportunidade de produzir o meu próprio programa”, lembra.

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O professor explica que foram os modos de produção e suas especificidades que o levaram a observar com mais acuidade as rotinas de trabalho de diversas emissoras e a se dedicar à pesquisa. “Na emissora onde trabalhei em Venâncio Aires, um programa em especial me despertou atenção. Tratava-se de uma proposta de auditório itinerante. Foi então que iniciei, ainda no sétimo semestre, uma espécie de pré-observação do programa. Este programa acabou se tornando o objeto de estudos de meu trabalho de conclusão de curso.” Kroth, que concluiu a graduação em 2002, realizou um estudo de recepção orientado pelo professor Hélio Afonso Etges, seu principal incentivador durante a faculdade. “Sua influência foi tão importante, que despertou a vontade de continuar investigando fenômenos midiáticos, em especial os radiofônicos”, lembra. E, por isso, foi também com o auxílio de Etges que Kroth organizou mais uma pesquisa para o mestrado na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), desta vez sobre as práticas radiofônicas e as gramáticas de produção. No doutorado, o rádio continuou sendo seu objeto de estudo. Estímulo - O apoio que recebeu de seu orientador foi fundamental para que o interesse em investigar aumentasse. “Vejo que as universidades têm apoiado cada vez mais a pesquisa. O interesse por parte dos estudantes também aumentou.” Kroth, que escolheu deixar de lado o mercado jornalístico e seguir sua vida profissional na academia, salienta que as atividades se diferem na mesma medida em que se complementam. “Os avanços da pesquisa científica podem apontar caminhos interessantes para a otimização das práticas jornalísticas desenvolvidas no mercado”, explica. “E, no mercado, isto qualifica a produção dos textos, respaldando todo o processo de apuração, produção e edição dos mesmos.” A opinião é compartilhada por PatríciaReginaSchuster,formadadesde

2007, também pela Unisc. “Pesquisar é ler, reler, vasculhar, revirar, procurar. É entender porque as coisas são como são. Foi graças à a este processo que eu descobri coisas acerca da nossa profissão que jamais o ritmo frenético das redações, com suas obrigações editoriais, me proporcionaria.” Segundo a jornalista, ainda durante a realização da monografia ela descobriu este caminho como algo muito prazeroso. “Fiquei empolgada com o processo de “sujar as mãos” que a pesquisa naquele momento já me proporcionou”, diz. Isso porque Patrícia literalmente sujou as mãos. Durante a monografia, a jornalista estudou discurso jornalístico e política. Ela analisou matérias das editorias de política e economia publicadas pelo jornal santa-cruzense, Gazeta do Sul, durante o primeiro ano de governo do general Médici, em 1969. Para realizar o trabalho, precisou buscar o conteúdo nos arquivos físicos do jornal – empoeirados, mas um prato cheio para a análise. Da mesma forma que Kroth, o interesse cresceu e Patrícia decidiu continuar no âmbito acadêmico. “No mestrado em Desenvolvimento Regional, desenvolvi uma pesquisa exaustiva, já que o tema da dissertação era movimento grevista da década de 1980”, recorda. “Novamente analisei arquivos da Gazeta do Sul e, mesmo em meio a dezenas de crises alérgicas provocadas pela imensidão de ácaros presentes naqueles documentos velhos, eu segui motivada para ir adiante.” Hoje, a jornalista cursa o doutorado em Comunicação Midiática na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). “Descobri que isso poderia ser a porta de entrada para a sala de aula. Não deixaria de ser jornalista, mas, assim, associaria o ensinar a minha trajetória.” Inspiração - Kroth e Patrícia são exemplos para Bianca Cardoso que, ainda na faculdade, já traçou alguns planos. “A bolsa de iniciação científica, da qual participo, revolucionou completamente a minha escrita, as minhas leituras e, sobretudo, as

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á na academia

Angela acredita que a pesquisa pode ser incentivada dentro das próprias disciplinas teóricas

minhas perspectivas em relação ao futuro”, diz. “Nela, vi a possibilidade de seguir estudando.” A acadêmica de Jornalismo da Unisc, que se dedica há cerca de um ano e meio à pesquisa na área de narrativas e literatura, garante que, hoje, suas observações em relação à academia são outras. “O que mais mudou foi meu olhar diante da graduação e do que quero fazer depois dela. Agora vejo como posso ir longe. Pretendo fazer um mestrado em Letras e depois, quem sabe, um doutorado, algo que eu não pensava antes, pois parecia estar muito longe da minha realidade.” Bianca, porém, acredita que deve existir mais incentivo ao ambiente da investigação no curso de Jornalismo. “A culpa não é só dos professores, mas sim do sistema, que forma o aluno para sair da graduação e ir direto para o mercado”, salienta. “Mas muito mais do que incentivo, o estudante precisa ter algum contato com o texto científico já durante a graduação, uma vez que ele é fortemente utilizado na monografia, por exemplo.” Para a acadêmica, a solução seria inserir disciplinas relativas à área na grade curricular do curso. “Seria uma ótima maneira de familiarizar o aluno com a pesquisa e também de mostrar que ele pode, sim, seguir estudando, que isso não é algo inalcançável.”

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Intercâmbio cultural: a internacional Encontro de pesquisadores em Jornalismo proporciona troca de estudo e conhecimentos entre especialistas de diversos países AUGUSTO DALPIAZ E ISADORA TRILHA REPORTAGEM

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s participações estrangeiras no Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, (SBPJor) contabilizam nomes de peso na pesquisa em âmbito internacionail. Ainda assim, a tendência internacional dava indícios de que iria se fortificar. A segunda edição do SBPJor, realizado em Salvador, na Bahia, contou com a aprovação de artigos de três países do exterior para serem exibidos no congresso: Portugal, França e México. Já de início era possível perceber a tendência do evento em conciliar conhecimentos nativos a novas ideias e linhas de pesquisa estrangeiras. A relação da entidade com pesquisadores de fora do Brasil acontece de duas formas. Uma é a de congressistas que frequentam o encontro, geralmente oriundos de Portugal e da América Latina. Essa participação é muito interessante para perceber similaridades e diferenças em relação às pesquisas produzidas aqui e o que é feito em outros lugares, por meio da apresentação dos trabalhos destes pesquisadores em nossos congressos. A segunda são os pesquisadores que são convidados pela SBPJor para proferir conferência de abertura ou participar de mesas temáticas. Isso é estimulado pela direção da entidade, por entender que, assim, os brasileiros conectamse com as tendências de temas de pesquisa e abordagens que se produzem no mundo. Para os eventos, nomes com destaque internacional são procurados. Além do assunto da pesquisa dos possíveis convidados ser muito analisado pelo viés metodológico que empregam, a importância teórico-conceitual de seus trabalhos também é considerada. No caso de conferencistas, é selecionado e convidado alguém que tenha relação com o tema principal

do evento. Geralmente é a diretoria quem os procura e confere a relação que todos devem ter com o que se pretende enfocar no encontro. Foi no terceiro encontro da SBPJor, ocorrido na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, que as relações com os estudos internacionais se consolidaram: pesquisadores de fora do país vieram ao Brasil para participar das discussões pela segunda vez. A conferência de abertura desta edição contou com três nomes conceituados no mundo da pesquisa em jornalismo: Nelson Traquina, de Portugal, Thomas Hanitszch, da Alemanha e Javier Diaz Noci, do País Basco, na Espanha. Segundo a presidente da SBPJor na gestão 2013-2015, Cláudia Lago, esse intercâmbio é fundamental em dois sentidos. Em um deles, os pesquisadores brasileiros têm a oportunidade de conhecer ou aprofundar o conhecimento sobre o que são as pesquisas e os interesses de pesquisa que existem mundialmente. Em outro, os pesquisadores estrangeiros têm a oportunidade de conhecer aquilo que é pensado e pesquisado no Brasil – “e isso com certeza, auxilia na propagação da nossa pesquisa lá fora”, assinala. Após a primeira aparição estrangeira nos encontros, tornouse tradicional abrir o evento – ou contar com alguma participação durante as mesas de discussão – com pesquisadores de outros países que pudessem contribuir para os pensamentos enfatizados no congresso. Na quarta edição, realizada em Porto Alegre, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o tema A Pesquisa em Jornalismo e o Interesse Público foi o norteador da conferência de abertura, que teve como principal palestrante o professor Denis Ruellan, da

Universidade de Rennes, na França. Com relação à língua, Cláudia considera que “hoje, no mundo, a língua por assim dizer ‘internacional’, é o inglês. Mesmo que tenhamos uma série de justas ressalvas quanto a isso, o fato é que, se queremos falar com pesquisadores no mundo, temos que falar em inglês”. De acordo com a diretora, um pesquisador brasileiro que queira

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onalização do SBPJor participar de congressos, eventos e suce-dâneos internacionais, tem de investir no aprendizado da língua. Mas, para resolver essa questão, durante os congressos da SBPJor, um sistema de tradução simultânea é instalado,

para aqueles que não conseguem acompanhar as palestras proferidas em outras línguas. Registro histórico - Ao longo dos 11 anos de eventos organizados pela SBPJor, diversos nomes de relevância no campo da pesquisa em jornalismo vieram ao Brasil para proferir seus resultados e

Portugal

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l Portuga Alemanh

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aliá-los às descobertas brasileiras em determinadas linhas de estudos. Já estiveram pelo país professores como Maxwell McCombs, da Universidade do Texas (Estados Unidos); Miquel Rodrigo Alsina, da Universidad Pompeu Fabra de Barcelona (Espanha); Silvio Waisbord, da School of Media and Public Affairs da George Washington University; Stuart Allan, da Media School da Bournemouth University (Reino Unido); e Ramón Salaverría, da Universidade de Navarra (Espanha). A respeito da qualidade dos trabalhos conterrâneos, Cláudia acredita que os artigos brasileiros possuem o mesmo nível dos produzidos no exterior. O único problema que ela enxerga diz respeito à divulgação das produções brasileiras. “É preciso conseguir furar o bloqueio da divulgação no exterior. E, para isso, precisamos, entre outras coisas, publicar em inglês”. Silvio Waisbord, professor americano que esteve no 6º encontro nacional, realizado em São Bernardo

do Campo, em São Paulo, acredita que também é necessário estimular os estudantes desde cedo para a pesquisa na área do jornalismo. Para tal, é essencial que eles tenham contato com assuntos interessantes e motivadores. “Curiosidade e pensamento crítico são a chave para o sucesso. Isso deve ser usado para encontrar tópicos que nos permitam entender melhor a complexidade da realidade”, define o especialista. Nesteano,durantea12ªediçãodo Encontro, a tradição do intercâmbio cultural se confirma ao ter-se, na conferência de abertura o professor Pere Masip, da Universidade Ramon Llull, de Barcelona, na Espanha. O tema da palestra será Audiencias activas y periodismo: ¿Ciudadanos implicados o consumidores motivados?. Além de Masip, Bella Palomo Torres, da Universidade de Málaga, na Espanha, participa do debate sobre o papel das tecnologias interativas e a aplicação na produção de conteúdo midiático e na promoção dos valores da democracia.

Para além das fronteiras Com a consolidação da SBPJor, a associação se tornou apta a extrapolar as fronteiras nacionais e, a partir disso, participar da organização de eventos internacionais, que trouxeram à tona discussões no campo do jornalismo em suas diversas formas de expressão. Em 2004 foi realizado, nos dias 24 e 25 de novembro em Salvador, na Bahia, o 5º Congreso Iberoamericano de Periodismo en Internet, operacionalizado pela Sociedad Iberoamericana de Acadêmicos, Investigadores y Profesionales del Periodismo en Internet, com o apoio da SBPJor. Ao longo dos dois dias do congresso, especialistas de cerca de 20 instituições diferentes participaram dos debates e da apresentação de trabalhos. Em 2006, de 3 a 5 de novembro, foi a vez da associação integrar o primeiro Journalism Brazil Conference, com o tema central Thinking Journalism across national boundaries que, em tradução livre, significa “Pensando o jornalismo para além das fronteiras nacionais”.

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Entidade constrói caminho da pesq Elias Machado fala sobre o desenvolvimento dos estudos de jornalismo no Brasil e sua trajetória a partir da SBPJor VANIA SOARES ENTREVISTA

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ada vez mais debatida, a pesquisa científica jornalística será reforçada na 12ª edição do Encontro Nacional da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). Segundo o primeiro presidente da entidade, Elias Machado, nestes 11 anos de evento, as pesquisas registram significativos avanços. Para ele, formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1989 e doutor em Jornalismo pela Universidade Autônoma de Barcelona (2000), a vinda de pesquisadores estrangeiros amplia a qualidade deste congresso e reforça seu caráter científico. A primeira edição do encontro da SBPJor aconteceu na Universidade de Brasília (UnB), em novembro de 2003, com a participação de 94 pesquisadores. De acordo com o Machado, o congresso só foi realizado graças ao esforço de professores da UnB, como Luiz Gonzaga Motta, Dione Moura, Zelia Adghirni, Kenia Maia, Luiz Martins, e dos demais membros do Comitê Organizador. “Cada um fez a sua parte para que o evento fosse um sucesso, com uma participação muito acima da esperada, com tão pouco tempo de organização e divulgação”. Agora, o ex-presidente, com mandatos entre 2003 e 2007, considera ter chegado o momento de definir projetos estratégicos para os próximos 10 anos. Confira a entrevista que Machado concedeu ao jornal Unicom.

Como foi o processo para fundar a Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo e de pensar o encontro anual? O processo representou um acúmulo de relações de trabalho de pesquisa e entre os pesquisadores que remonta à fundação da revista Cadernos de Jornalismo e Editoração no Departamento de Jornalismo da USP, em 1982 e a criação do GT de Jornalismo da Intercom em 1993, no congresso da Intercom em Vitória. No mesmo ano lançamos a revista especializada em Jornalismo Pauta Geral, na Universidade Federal da Bahia, editada por mim, que era pesquisador visitante junto ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e pelo então mestrando Sergio Gadini. Nestes casos contamos com a presença de colegas muito experientes (com doutorado José Marques de Melo, Nilson Lage, Sergio Mattos, Custodio da Silva) e de pesquisadores em formação (mestres ou mestrandos), Elias Machado, Victor Gentilli, Sergio Gadini, Derval Golzio, Gerson Martins, entre outros. Naquele período ainda não contávamos com a quantidade suficiente de doutores para levar adiante a proposta de fundação de uma sociedade científica, tanto que a própria Pauta Geral sofreu descontinuidade entre 1996 e 2000, quando estive afastado do país para meu doutorado na Espanha. Somente dez anos depois conseguimos aglutinar doutores e mestres suficientes para o lançamento oficial da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo. Os contatos começaram no Congresso Luso-Brasileiro de Pesquisadores em Jornalismo, na cidade do Porto, em abril de 2002, organizado pelo professor Jorge Pedro Sousa, da Universidade Fernando Pessoa. Na volta ao

Brasil, três meses depois no congresso da Compós em Recife elegemos um comitê organizador do I Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, previsto para novembro de 2003 na UnB: Alfredo Vizeu (UFPE), Elias Machado (UFBA), Victor Gentilli (Ufes), Zelia Adghirni, Luiz Gonzaga Motta (Unb), Claudia Lago (Anhembi Morumbi), Eduardo Meditsch (UFSC) e Marcia Benetti (UFRGS). Qual o balanço do primeiro encontro da SBPJor, em 2003? Muito positivo. Conseguimos mobilizar a comunidade de pesquisadores e sair ao final do evento com uma associação criada e com uma primeira diretoria instituída. Antes do congresso precisamos elaborar estatutos e garantir a sua aprovação na assembleia fundacional da entidade. No começo houve certa resistência das associações mais antigas da área de comunicação, em particular da Compós, porque se tinha o receio de que o nosso movimento representava um perigo de fragmentação do campo comunicacional. A Intercom teve uma participação muito importante, através do apoio do seu presidente, José Marques de Melo, que esteve entre os entusiastas da criação da SBPJor. Dez anos depois conquistamos muitos avanços. Quando da fundação identificamos 48 doutores atuando como pesquisadores. Hoje temos mais de 150 e o número de associados está na casa dos 500. Na época faltava uma identidade nacional para os pesquisadores e um espaço concreto para a produção do conhecimento. Temos muitos desafios pela frente, mas avançamos para a criação de três programas de pós-graduação: dois acadêmicos, um completo na UFSC, com mestrado e doutorado e um de mestrado na UEPG e um

profissional da UFPb. Existem quatro revistas especializadas em funcionamento: Brazilian Journalism Research, da SBPJor, Pauta Geral, agora integrada ao Programa da UEPG, Jornalismo e Mídia, do Posjor da UFSC e Âncora, do Programa de Pós da UFPb, lançada neste ano. Qual a importância dos encontros anuais da SBPJor para a academia? Os encontros são importantes por vários motivos. Destaco cinco: 1) O principal é que possibilita dar mais visibilidade para a comunidade de pesquisadores. 2) O segundo aspecto importante é que garante um espaço para que a produção científica da área seja avaliada pelos próprios pares. 3) O terceiro ponto relevante é que estabelece condições para que a produção de livros e papers possa circular mais institucionalmente entre os pesquisadores. 4) O quarto aspecto que julgo decisivo é que permite o reconhecimento da Associação Brasileira de Pesquisadores pelas agências de fomento como Capes e CNPq e pelas entidades congêneres da área de Comunicação e 5) Um quinto ponto é a visibilidade internacional para as pesquisas em Jornalismo, através da participação de pesquisadores de outros países como palestrantes e apresentadores de trabalhos. Como está a pesquisa em jornalismo nos dias atuais? A pesquisa em Jornalismo está em fase de consolidação e afirmação de identidade própria. O grande desafio é estabelecer parâmetros institucionais para a pesquisa de alto nível, compatíveis com o melhor da produção científica em nível internacional. A criação da Brazilian Journalism Research teve este propósito desde o início. Identifico duas fragilidades que

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precisamos avançar: 1) maior rigor formal e metodológico nas pesquisas, que muitas vezes deixam a desejar neste quesito, comprometendo os resultados finais dos trabalhos e 2) o desenvolvimento institucional da pesquisa aplicada. O que mudou desde a primeira edição do SBPJor? Muito. A principal mudança é que hoje temos uma sociedade científica afirmada e consolidada que já organizou 12 congressos nas principais universidades do país. A SBPJor é hoje reconhecida nacional e internacionalmente como uma das associações científicas que mais congrega pesquisadores em único país no mundo. Em dez anos avançamos muito. É, por um lado, motivo de satisfação e alegria. Por outro lado, é motivo para muita responsabilidade. Precisamos estar atentos para identificar nossas fragilidades e, como associação científica e comunidade, tomarmos ações no sentido de aperfeiçoar os níveis da pesquisa desenvolvida e para consolidar o Jornalismo como disciplina científica com status próprio. Como entidade, a participação da SBPJor como associada da SBPC é um passo decisivo nesta direção. O reconhecimento pela Capes e pelo CNPq aponta na mesma direção. Desde quando existe o prêmio Adelmo Genro Filho? O Prêmio Adelmo Genro Filho existe desde 2006, tendo sido criado no meu segundo mandato como presidente. Por que foi criado o PAGF? Criamos o prêmio para reconhecer os principais trabalhos de pesquisa produzidos pelos pesquisadores da área e para divulgar a produção científica da nossa comunidade científica.

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Por que esta homenagem a Adelmo? A homenagem para o professor Adelmo Genro Filho representa um reconhecimento ao trabalho original que produziu no sentido de legitimar a especificidade do Jornalismo como disciplina científica. Na época foi o nome que conseguiu o maior apoio entre os pesquisadores, mas não foi um nome consensual. Houve pesquisadores que defenderam nomes como Danton Jobim e Pompeu de Souza. Eu, particularmente, defendi o nome de Adelmo Genro Filho porque considero que, dos pesquisadores brasileiros, é o que contribuiu de forma mais original para definir a especificidade do conhecimento produzido pelo Jornalismo. Os outros tiveram uma contribuição importante seja para a institucionalização do ensino, seja para o resgate da história do Jornalismo. Mas, Adelmo Genro Filho foi além, apresentando elementos para uma definição do tipo de conhecimento produzido pela prática jornalística, sistematizando contribuições antes apenas intuídas por pesquisadores como Tobias Peucer, Octavio de la Suarée, Robert Park e Luiz Beltrão. Desde a primeira edição houve preocupação e/ou interesse em trazer convidados pesquisadores estrangeiros? Não. Na primeira edição o objetivo principal era fundar uma associação científica. No primeiro congresso–atéporquecarecíamos de recursos para este fim – não tivemos convidados estrangeiros, mas priorizamos a organização da nossa entidade. Somente a partir do segundo congresso em 2004, em Salvador, na Facom/ UFBA é que passamos a contar com a participação de convidados estrangeiros como forma aumentar a internacionalização da pesquisa em Jornalismo.

DIVULGAÇÃO/ACERVO 9º ENPJ

pesquisa no jornalismo

Elias Machado: “A SBPJor é hoje reconhecida nacional e internacionalmente como uma das associações científicas que mais congrega pesquisadores em único país no mundo”

Passados onze encontros, o senhor acredita que o evento está firmado no calendário da comunicação? Não tenho a menor dúvida. O congresso da SBPJor é um dos mais importantes no país na área de comunicação. Tanto pela quantidade quanto pela qualidade dos trabalhos apresentados. É reconhecido pelas agências nacionais de fomento como Capes e CNPq e já foi organizado com o apoio das mais importantes universidades do país. Qual a tendência do SBPJor para os próximos anos? A tendência do congresso é definida em termos gerais pela comunidade científica e pela ação indutora da direção da entidade. Passados dez anos, penso que está na hora da SBPJor traçar um projeto estratégico

para os próximos dez anos. Quando lançamos a entidade em 2003 tínhamos um projeto estratégico que incluía várias ações: 1) criação e consolidação da SBPJor, 2) lançamento de uma revista científica em inglês, 3) criação do Prêmio Adelmo Genro Filho, 4) realização dos congressos anuais, 5) divulgação internacional da pesquisa em Jornalismo, 5) legitimação perante as agências de fomento como Capes e CNPq, 6) fortalecimento da área de comunicação a partir do reconhecimento da sua diversidade, 7) criação da pós-graduação específica em Jornalismo, 8) contribuição para a melhor institucionalização da área de Comunicação com a criação da Socicom, 9) Criação de uma coleção de Livros e 10) criação de redes de pesquisa.

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