Orixás e Cultos, Informativo de Umbanda, nº 18 – Julho de 2017.
Pesquisa e texto: Alan C. Moreira DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
As religiões de matrizes africanas no Brasil está em um processo de autoconstrução em que as discussões sociopolíticas presente em suas origens estão sendo resgatada e dando um novo significado aos cultos e a liturgia. Significado esse que por muito tempo foi enquadrado dentro da concepção eurocêntrica que inseriu dentro dos cultos de matriz africana elementos presentes no cotidiano católico e no espiritismo Frances de Allan Kardec, logo os sincretismos foram inevitáveis como é observado na presença dos santos católicos, a figura de Jesus Cristos e até mesmo o diabo, já quanto ao espiritismo Kardecista, a ideia de espírito evoluído e espírito atrasado também ajudaram a construir e a classificar algumas das manifestações espirituais que ocorriam nas religiões afrodescendentes principalmente as religiões de maiores sincretismos como a Umbanda, o Catimbó, a Cabula, a Quimbanda e outras. Oliveira (2012. p. 1) identifica que nas duas últimas décadas os movimentos sociais em busca por direitos de igualdade religiosa, rompe a hegemonia das religiões no Brasil e as de matrizes africanas ascender nesse cenário, mesmo que ainda não usufruam plenamente de tal prerrogativa. Percebe-se também que os estudos das religiões de matrizes africanas não se limitam apenas ao meio acadêmico embora ainda seja a maioria. Alguns templos já desenvolvem estudos próprios com a vantagem de trazer um olhar interno e doutrinário aos estudos que se diferencia da visão de muitos autores que analisavam apenas sobre a ótica histórica, social e
apenas sobre a ótica histórica, social e antropológica e se que pensavam na visão esotérica. Tomando essas ponderações como verdade, algumas mudanças nos cultos e nas interpretações das divindades ou entidades dentro dos templos de religiões afrodescendente foram possíveis e claro que isso de forma positiva ou pelo menos de forma a exteriorizar a essência mais próximo do que constituía os cultos. Como estamos em um processo de reconstrução, traços de concepções antigas ainda estão longe de desaparecer por completo das religiões afrodescendente, isso é, caso seja possível algum dia isso acontecer, mas no momento os valores e autonomia adquirida pela maioria das comunidades religiosas de matrizes africanas já é suficiente para a mudança do cenário religioso no Brasil.
Assim descreve Pierre Verger (2002. p. 78); “Exu faz o erro virar acerto e o acerto virar erro. É numa peneira que ele transporta o azeite que compra no mercado; e o azeite não escorre dessa estranha vasilha. Ele matou um pássaro ontem, com uma pedra que somente hoje atirou. Se ele se zanga, pisa nessa pedra e ela põe-se a sangrar. Aborrecido, ele senta-se na pele de uma formiga. Sentado, sua cabeça bate no teto; de pé, não atinge nem mesmo a altura do fogareiro”. equipeorixasecultos@gmail.com