Publicado dia 22/06/2017 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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Muito embora as religiões de nação rotineiramente citadas de Candomblés tenham em suas práticas ritualísticas o culto aos Orixás mais próximos do que acreditamos ter sido praticado em África, ainda sim, essas práticas estão muito distante do que realmente eram feitos pelas nações que cultuavam as divindades criadas por Olorum ou Olodumaré para os Iorubas e Ewe-fons, ou segundo Carneiro (1991. p. 73) Zambi para os angolanos e Zambiampungu ou Zania-pombo para os congolenses. A antiga nação Iorubá ou Nagô e o Ewe-fon (Jeje) ocupavam o que hoje são os países de Nigéria, Benin, Togo e Gana. O termo Jeje segundo o historiador Ubiratan Castro de Araújo (Documentário Casa de Santo, 2005) era uma forma pejorativa que os Nagôs chamavam os Ewe-fons. No dialeto Iorubá, Jeje significa estrangeiro, pessoa de fora, pois eram assim que os Nagôs tratavam os Ewe-fons. Os cultos aos Orixás foram recriados e passam por várias mudanças ao logo do tempo. Muitas informações dessas antigas práticas vieram a luz do conhecimento a partir da oralidade dos africanos que aqui chegavam e seus
africanos que aqui chegavam e seus descendentes que aqui nasceram e posteriormente através de algumas literaturas de pesquisadores renomados sobre o tema como Pierre Fatumbi Verger fotografo e etnólogo autodidata francês que desenvolveu uma serie de pesquisas tanto no Brasil, Cuba e principalmente na Nigéria e outros países africanos e através de imagens e de informações coletadas e organizados em livros, foram se reforçando e ajudando a moldar algumas práticas e costumes realizados no Brasil.
Imagem 1: Pierre Fatumbi Verger (1902 – 1996). Acervo de Marcelo Guarnieri. Ano (?). p. 45.
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Outros nomes também ganharam notoriedade embora controversos em parte. Nina Rodrigues (ver informativo nº 16) foi um etnólogo e dedicou boa parte de seus estudos a fim de identificar e descrever algumas religiões comuns de matriz africana na época. Suas obras apresentam teor racista e preconceituoso, porem mesmo carregadas de intolerância, ainda sim, consegue trazer a luz inúmeras situações que serviram de base para vários outros pesquisadores, sendo então, suas obras indispensáveis para a compreensão dos cultos afrobrasileiros da época. Já Edson Carneiro (ver informativo nº 16) antropólogo e etnólogo bem conceituado se especializou sobre o tema religião e fez publicações importantíssima para o meio acadêmico e religioso evidenciando as praticas africanas das religiões tida na época de religião de negro. João do Rio era o pseudônimo do escritor, jornalista e teatrólogo brasileiro João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto. João do Rio foi um grande colaborador das religiões de matriz africana que ocorria no estado do Rio de Janeiro no inicio do século passado através de diversas reportagens que posteriormente viria a ser um livro intitulado de “As religiões do Rio” que foi publicado em 1906. Esse livro teve tanto sucesso que chegou a vender oito mil cópias em uma época que o índice de analfabetismo era elevadíssimo se comparado com os dias atuais. Reginaldo Prandi é doutor em sociologia especializado em métodos de amostragem, sociologia da religião e estudo afro-brasileiro.de vários livros e artigo tendo uma de
Autor de vários livros e artigo tendo uma de suas obras intitulada de Mitologia dos Orixás indicado para o Prêmio Jabuti na categoria de melhor livro de ciência humana. Todos esses escritores e outros tantos que não serão citados ajudaram a preencher algumas lacunas deixadas pela oralidade. No Brasil os Orixás também são identificados pela cidade em que eram cultuados. Em alguns dessas cidades, os Orixás recebiam nomes específicos como Oníìre para Ogum (rei de Iré), ou Oba Kosso (rei de Kosso) e/ou Aláafin Oyó (Senhor de Oyó) para Xangô (Shangó) ou nomes de rio como rio Osùn onde se cultuava a Iyabá Oxum, rio Oya onde se cultuava Oya (Iansã) etc. Desta forma, quando se fala de ilesa, Ijeshá, Ijebu estamos falando da cidade que cultuava Oxum (Osùn). Em Osogbo Oxum fez parceria com o rei local e nessa região também se pagam tributos a Iyabá Oxum, Yemanjá era cultuado inicialmente em Abeokutá e posteriormente em Egbá, após ataque, seus sacerdotes transferiram o local de culto par o rio Ògún (com nenhuma relação conhecida com o Orixá Ogum), Oyó e Kosso cultuava Xangô e Oya (Iansã), sendo que Oya apenas em Oyó e soberana no rio Níger, Obá é cultuada próximo ao rio com o mesmo nome e esse rio encontra-se com rio Osùn. Ire, Ekiti e Ondô cultuava Ogum, Ile Ifé (cidade santa para os Iorubás) cultuava os Orixás funs ou funfuns (Orixás da criação, Orixás que se vestem de branco) que são Obatalá, ou Oxalá ou ainda Orixalá (Orishalá) e sua versão anciã chamada de Oxalufã (Oshalufan). Cultuava-se também em Ilê Ifé os Orumilá e Odùduà sendo este últimos o
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Orumilá e Odùduà sendo este últimos o fundador regente de Ilê Ifé em que por um período permitiu que seu filho Ogum rege-se a cidade devido a uma cegueira temporária (ver informativo nº 16). Em Ketu, cultuava Oxóssi (Ossossi), Ibùalámo e Ilesá cultuava Lógunéde (Logum edé) etc. Na região do Daome na cidade-estado de Mahia havia o culto a Nana Buruku, Oxumaré, Iroko. O culto desses orixás foi inserido aos cultos dos Nagôs posteriormente ainda na África. Exu é cultuado em quase todas as cidades, porem não a um local especifico que cultue Exu ou pelo menos fosse ele o principal a ser cultuado. A diáspora do africano para o Brasil, a organização dos grupos étnicos não foram respeitadas de acordo com a etnia (ver informativo nº 16) misturando os diferentes grupos que aqui chegaram a fim de promover a perda dos lações que mantinham de África. Ao misturar os diferentes grupos étnicos, também houve a mistura das praticas religiosa e a partir desse processo, divindade que não eram cultuadas em determinada cidade na nação africana, ora até rivais de determinados grupos étnicos, no Brasil passou a ganhar respeito e admiração por parte dos africanos aqui residentes como escravos. Não demorou muito para o culto aos Orixás ser restabelecido e adaptado para uma nova forma de religião vigorando a miscigenação de cultos e praticas religiosa. Das nações que vieram para o Brasil a que mais influenciou aos cultos das divindades foi o Nagô que detinham o dialeto em Iorubá, isso explica a popularidade de alguns termos e nomes nesse dialeto embora houvesse muita variação dessa mesma
houvesse muita variação dessa mesma língua nos diferentes grupos étnicos que constituem as nações. Outros dialetos também vieram para o Brasil, entretanto foram menos expressivos talvez devido à forma de distribuições desses africanos. Os Iorubás e os Jeje que falavam também uma das variações do dialeto Iorubá foram concentrados na região norte do país principalmente nas capitais. Em Salvador foi grande o número de africanos Nagôs e Jejes. Entre os Nagôs (Iorubás) muitos eram da nação Ketu (Pessoa, 2014), oriundos do ataque ocorrido em 1780 pelos Daomeanos (Lopes, 2008. p. 48) onde foram feito milhares de escravizados levando a uma súbita redução da população de Ketu com a extinção da cultura desse povo em África (processo similar que ocorreu em Egbá onde ocasionou a transferência do culto a Yemanjá para o rio Ògún). Porem uma nova forma de culto ressurge no Brasil em forma de Candomblé. A nação de Ketu onde temos importantes instituições como O Ilê Axé Iyá Nassô Oká (terreiro da Casa Branca) a mais antiga casa de candomblé dessa nação localizada em Salvador é mais que um marco religioso, também é um símbolo de resistência e resgate de valores e culturas usurpadas, mas que ressurge como ato de respeito e força da nação Ketu. Diferente do termo Orixás atribuído para as divindades ancestrais para os Nagôs, para a nação de Angola temos os Inkices e para os Jejes temos os Voduns que equivalem aos Orixás na Cultura Nagô. Entre os Orixás que assume o panteão africano de divindades havia o deus
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africano de divindades havia o deus dos Similar a essas manifestações divinas raios dos raios e trovões, o Orixá fálico dos deuses africanos, na antiga cultura (Carneiro, 1991. p. 65) carrega em sua Nórdica, existe a figura de Thor, mão o poderoso machado de dois gu- também deus dos raios e trovões, mes chamado de oxé (osé). A sacer- carrega em sua mão um martelo e é dotisa Mãe Eliana D’Ogum do Templo de filho de um poderoso deus Nórdico Umbanda Caboclo Sete Flecha e Pai chamado Odin. No Brasil, essa Joaquim de Aruanda, defende que o oxé associação pode ser curiosa tendo em de duas laminas se faz necessário, pois, vista que Xangô embora com grande não a justiça sem olhar para os dois similaridade a Thor, pois ambos são lados de cada situação. Para Verger filhos de deus, ambos são deuses do (2002. p. 2), Xangô era referenciado co- raio e trovões, ambos empunham mo o Orixá dos raios e trovões apenas armas similares, ambos estão para os Oyos. Na cidade de Ifé (Ile Ifé), relacionados com justiça, ou seja, a por exemplo, o titulo de deus dos raios e diferença imediata e apenas que um trovões foram dados a Oramfé, em Savé tem origem africana enquanto o outro para Airá (embora seja considerado uma tem sua origem nórdica. Porem no versão mais velha de Xangô), enquanto Brasil Xangô e os demais Orixás e Oya é a deusa das tempestades (Verger. entidades que ser organiza dentro das 1997. P. 35). dos deuses africanos, na religiões de matriz africana, é tratados antiga cultura Nórdica, existe a figura de como Thor, também deus dos raios e trovões, Imagem: Filme que contou a história doeQuilombo dos Palmares (1984). O Ator Tomy Tornado interpretou carrega em “Quilombo” sua mão um martelo é Ganga Zumba em que vários momentos era regido por Xangô Airá. filho de um poderoso deus Nórdico chamado Odin
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seres demoníacos principalmente por religiosos de matriz cristã em especial os integrantes do movimento religioso Neopentecostal. É fato que o inicio da perseguição das religiões de matriz africana no Brasil não começa pelos neopentecostais, pois nessa época eles sequer existiam, porem ficou em cargo da igreja católica a proibição das praticas religiosas africana com a alegação de serem práticas feiticista e bruxaria, e a escravidão foi à forma que os brancos encontraram de salvar a alma dos escravizados, pois com o trabalho escravo os africanos tinha a possibilidade de conhecer o cristianismo e abandonar as práticas demoníaca. Alias, esse foi à mesma justificativa utilizada pelos mulçumanos para dar inicio a escravidão doméstica na África. Para eles, aqueles africanos que não seguiam a fé islâmica deveriam ser escravizados até a conversão. Mesmo após o suposto objetivo da escravidão ser alcançado, ou seja, a conversão total do cativo, o escravizado era mantinha nessa condição e mesmo seus filhos que se quer tinham conhecido outra fé que não fosse à islâmica, ainda sim eram escravizados, pois a verdade, era a relação de servidão estabelecido nesse processo que originava a escravidão. Carneiro (1991) relata que na Bahia, Xangô pode apresentar-se como Xangô de Ouro com arquétipo jovem ou Xangô Airá com o aspecto de velho alquebrado (p. 65). Para os Jejes, Xangô é chamado de Sôbô (Sogbo) assim como para os Angolanos e Congolenses Xangô é tratado de Zazé, Cambãranguanje ou kibuko, ainda Lôko ou Katendê (p. 73). de Umbanda, 1941. p. 245).
Prandi (2001. p. 245) relata em uma lenda que Xangô vence um inimigo implacável que por crueldade entregavalhe os soldados abatidos em combate em pedaços. Com um raio fulminante, Xangô derrota seu oponente e os soldados inimigos que restaram, são poupados de sua irá. Esses foram os atributos observados no deus dos raios e trovões para o titulo de orixá da justiça, pois naquele momento ele havia entendido que os soldados que restaram da tropa rival eram apenas comandados pelo inimigo impiedoso.
Imagem: modelo esquemático da organização dos Orixás de acordo com as Sete Linhas estabelecida no Primeiro Congresso de Umbanda em 1941 na cidade de Rio de Janeiro (Congresso de Umbanda, 1941. p. 245).
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Xangô também compartilha junto a Oxalufã (versão anciã de Oxalá) uma dos rituais mais sagrados dentro das religiões de matriz africana que é as águas de Oxalá. Segundo a lenta relatada por Prandi (2001. p. 519-522) após Oxalufã ser enganado sucessivas vezes por Exu (Exu Elepô o dono do azeite de dendê, o Exu Onidu o dono do carvão e o Exu Aladi o dono do caroço do dendê) chega até o reinado de Xangô. Logo na entrada, Oxalufã encontra o cavalo que foi um presente oferecido ao seu filho Xangô e resolve leva-lo para a cidade. No caminho Oxalufã encontra alguns soldados de Xangô que não o reconhece maltratado lhe e o encarcerando. Assim passasse sete anos e Oyo vive em seca profunda. Nada crescia e a única coisa que se via era morte. Xangô desesperado procura um babalaô que lhe explica que em seu calabouço havia um inocente preso. Xangô ao chegar à cela onde estava Oxalufã, ordena que soltasse Oxalufã imediatamente e que lhe trouxesse água para lava-lo. Também ordenou que todos vestissem de branco para saudar Oxalufã e dessa lenda surge a cerimonia a água de Oxalá onde os devotos vestem-se de branco e lavam apetrechos com muita humildade para atrair saúde e sorte. Xangô é considerado uns dos mais atraentes entre os Orixás e as varias lendas que surge, confirma esse história. Reza lenda (Verger, 1997. p. 35) que Oya troca Ogum por Xangô. Xangô também é alvo da disputa amorosa entre Obá e Oxum quando casados com as duas e Oya. Segundo a Baba Adriana de Iansã do Centro Espírita Caboclo Jurema, Xangô só come com sua amada rainha Iansã que para ela é Reza lenda (Verger, 1997. p. 35) que
sua amada rainha Iansã que para ela é o casal do dendê. A Iyalorisá Luizinha de Naná do Ilê Aláketu Asé Airá (Xirê dos Orixás, 2015?), Xangô era o rei da cidade de Oyo onde todas as mulheres eram apaixonadas por ele. [...] aonde o filho de Xangô chega, ele se destaca, então ele tem esse poder, de ser majestade e reinar, mas reinar não no sentido de menosprezar as pessoas, mas sim de inteligência, de força. Xangô e o fogo quente que quando cai, vira pedra. Isso que é Xangô. De acordo com a sacerdotisa Mãe Helena do Centro Espírita São Cosme e São Damião, Xangô e o rei e soberano. Seus filhos são majestosos, alegres e muito ativos, assim relata Mãe Helena [...] sou filha de Xangô e tive a sorte de ser filha carnal de um filho de Xangô. Todos falam que sou uma pessoa muito alegre, espirituosa e feliz, isso é por causa do meu pai. Abaixo de Deus, só mesmo minha mãe Iansã e meu pai Xangô que me conforta e guia meus passos junto com os outros Orixás. Xangô embora seja descrito nas lendas e mitos principalmente como oba (rei), também recai sobre ele o titulo de guerreiro. Claro que nada em comparação com Ogum que é considerado o ministro da guerra (1991. p.126) a qual a ele é atribuído várias cantigas e seu próprio nome (Ver informativo n° 16. p. 8) em Iorubá e sinônimo de guerra, mas o próprio oxé de dois gumes ou corte reflete perfeitamente o atributo guerreiro deste Orixá. Para a Iyalorisá Luizinha de Naná, Xangô e rei pela força, é um Orixá explosivo, mas também acolhedor. Ela compara Xangô a uma pedreira que quando estoura, faz barulho, mas não
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barulho, mas não machuca ninguém. Ela define os filhos de Xangô como pessoas, alegre, coração bom e justas, incapazes de provocar qualquer mal a qualquer pessoa. [...] os filhos de Xangô tem sua hora de explosão, mas logo vem à calmaria e a vontade de ajudar. Eles tiram da sua própria vida para poder ajudar ao próximo, e são justos, os verdadeiros filhos de Xangô são justos, eles não gostam de injustiça, tudo para eles são as coisas direitas. Podem até erra, mas no final gostam das coisas certas (Xirê dos Orixás, 2015?). Em Pernambuco corre uma manifestação religiosa Chamada de Xangô do Nordeste, ou ainda Xangô de Recife ou de Pernambuco resultado da influência dos nagôs na região. Em suma e muito similar às demais religiões de matriz africana existente no Brasil, porem ganha notoriedade devido a características bem peculiares relacionado com a região, já que cultua dentro de princípios e valores próprios. Em Cuba Xangô (Changó) possuem os mesmos atributos considerados no Brasil e também é chamado de Yakutá “o lançador de pedras” e como já citado de Obakosso (oba Kosso). Acredita-se em Cuba, que Xangô Trocou o axé (asé) da adivinhação com Orunmila pelo axé da dança. Na Umbanda Xangô e considerado um dos principais Orixás da corrente astral de Umbanda ocupando a regência da maioria das propostas de Sete Linhas de Umbanda. Os Orixás na Umbanda são interpretados de forma diferente no que ocorre nas nações aqui citadas de Candomblés. A qualidade de deus dos raios e trovões, a característica sedutora e o aspecto guerreiro não sedutora
é muito difundido junto a pratica e a forma de cultua este Orixá. Por outro lado, a referencia de Orixá da justiça é um dos pontos cruciais para a condução dos trabalhos e gira dentro dos terreiros de Umbanda.
Imagem: Cena do file Jardim das Folhas Sagrada. Bahia, Set. 2010.
No sincretismo religioso que insere os santos católicos as religiões de matriz africana, Xangô é representado por São Jeronimo, porem no estado do Espirito Santo as homenagens a Xangô e frequentemente realizadas no dia 24 de junho dia de São João Batista, embora a maioria dos gongar (ou congar), firmezas ou assentamentos de Umbanda capixaba que possui imagem que referencie a Santo Católico sincrético a Xangô, estes é feitos pela Imagem de São Jeronimo, mas os pontos cantados citam São João Batista. Mãe Eliana D’Ogum explica que é comum na Umbanda o sincretismo com São João Batista a Xangô menino (definido por Verger como Xangô de Ouro) e a São Jeronimo para Xangô 7 Velho (definido por
Ouro) e a São Jeronimo para Xangô Velho (definido por Verger como Xangô Airá). Mãe Helena concorda com essa afirmação, mas acrescente que, Xangô Velho também é cultuado como São Pedro. Exemplo de Umbanda;
ponto
Cantado
na
Meu pai São João Batista, ele é Xangô. É dono do meu destino até o fim, Mas quando me faltar à fé no meu senhor, Derrube essas pedreiras sobre mim. Nas Sete Linhas de Umbanda, Xangô é um dos Orixás sustentador na versão de vários autores. Na primeira proposta conhecida das Sete Linhas de Umbanda que foi de Leal de Souza (1933. p. 52), Xangô aparece como o quarto Orixá. Para Souza, a Linha de Xangô pratica a caridade sobre critério implacável de justiça (p. 53), entretanto a linha de Xangô consagra-se a reparar danos causados pelas trevas (p. 51). Anos após, ocorreu o primeiro Congresso de Espiritismo de Umbanda no Brasil em 1941, as Linhas de Umbanda foram tratadas de Linhas Brancas de Umbanda organizadas em graus de iniciação em que Xangô ocupava o segundo grau de iniciação (Congresso de Umbanda, 1941. p. 245). De acordo com Mãe Eliana D’Ogum [...] Xangô rege a quarta linha na Umbanda Tradicional, representando a linha da Justiça. Sua força está na pedreira, tão duras e fortes quanto o próprio Orixá. Varias outras propostas de Sete Linhas foram feitas, porem a que realmente trouxe algo de diferente além de trocar além de trocar um Orixá por outro, ou apenas trocar a ordem no
um Orixá por outro, ou apenas trocar a ordem no degrau, foi à proposta de Rubens Saraceni onde ele define as Sete Linhas de Umbanda como as Sete Vibrações de Deus. Nessa proposta, Saraceni esclarece que as Sete Linhas de Umbanda não são sete Orixás, mas sim Sete Irradiações divinas (Saraceni, 2003. p. 175). Para Saraceni, as referidas Irradiações divinas [...] são as vibrações de Deus que dão sustentação a tudo o que existe em nosso planeta e cada um Flui num padrão próprio influenciando quem é alcançado por ela, alterando sentimentos mais íntimos e nosso padrão vibratório. O conjunto dessas vibrações resulta em formações de essências que Saraceni define como cristalina, mineral, vegetal, ígnea, eólica, telúrica e aquática e associada essas essências a campo de atuação definida por ele como campo da fé ou da religiosidade, do amor ou da concepção, do conhecimento ou raciocínio, da justiça ou razão, da lei ou ordenação, da evolução ou equilíbrio e geração ou maternidade. Porem nessa proposta, os orixás estão inseridos e organizado em polaridade positiva e negativa representando o masculino e feminino. Nessa ordem proposta por Saraceni (2003. p. 176), Xangô é caracterizado pela essência ígnea, elemento polarizador e o fogo atuando na linha da justiça ou razão, ou seja, na quarta ordem assim como foi proposta por leal de Souza em 1933 (p. 53) e defendida por Mãe Eliane. Olorum (Deus) é gerador de tudo e manifesta-se junto as geração ou maternidade.
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as suas criaturas por forças que definimos como qualidade de Deus ou qualidades divinas e os Orixás são por natureza, uma expressão da qualidade de Deus (Saraceni, 2003. p. 157). Desta forma o amor é uma Qualidade de Olorum que Chamamos de Oxum o conhecimento, o raciocínio e a lógica é uma qualidade de Olorum que chamamos de Oxóssi, a evolução é uma qualidade de Olorum que chamamos de Obaluayê, a ação e a lei uma qualidade de Olorum que chamamos de Ogum, a justiça e a razão é uma qualidade de Olorum que manifesta junto as suas criaturas e é uma qualidade que Chamamos de Xangô (Iansã entra nessa qualidade segundo Saraceni [2003. p. 176]). Saraceni disserta que [...] Xangô é o Orixá da justiça, independe de nossa vontade para atuar sobre nós, já que ele é em si mesmo essa qualidade equilibradora do nosso divino Criador (2003. p. 158). É extremamente importante não confundir os Orixás que são manifestações das qualidades de Olorum, com o próprio Olorum, pois esse é Deus e único enquanto que os Orixás são os desdobramentos da ação divida sobre as criaturas humanas ou não. Tudo é regido pelos Orixás, do nascimento até a morte de qualquer espécie, assim como o retorno dessa matéria a natureza e a inserção dos elementos constituintes dessa matéria para o ciclo biogeoquímico, portanto a atuação dos Orixás são orquestradas e responsáveis pelo funcionamento do mundo e Xangô sendo em si o desdobramento da justiça e a razão, sobre cai a ele o efeito do desdobramento da justiça sobre as
desdobramento da justiça sobre as criaturas. As cores de Xangô são vermelho e branco nas religiões de nação e marrom ou marrom e branco na Umbanda. O dia da semana de Xangô são as quartas feira, seu objeto e o oxé, seu elemento é o fogo, seu metal e o cobre e o bronze, seus domínios naturais é as pedreiras, meteorito e minério, raios e trovões, seu número é seis ou doze, sua pedra é o Quartzo olho de falcão e Granado, sua saudação é Kawô Kabiecile! Que possivelmente pode ser traduzido como Ká (permita-nos); wô (olhar); Ka biyê si (sua alteza real) sua comida é o rabada, acarajé, amalá que (prato feito à base de quiabo cortado, cebola ralada, pó de camarão, sal e azeite de dendê), tudo com muita pimenta e segundo a Baba Adriana D’Iansã, tudo em gamela. Xangô também come canjica branca ou frutas como abacaxi, graviola, banana prata, morango, romã, orobô (fruta sagrada de Xangô). Aos terreiros de Umbanda que não fazem oferendas com carne é comum o amalá ser substituído por um prato à base de quiabo batido com mel e dendê e os demais pratos que levam carne como a rabada e acarajé não e ofertado. Animais usados para sacramento em especial as religiões de nação são; de “dois pés” os galos brancos e vermelhos e os de “quatro pé” o carneiro e o cágado. A bebida ofertada a Xangô é a água mineral, água de coco e cerveja preta. Flores destinadas a Xangô são as palmas amarelas e lilás, monsenhor amarelo e lilás, violetas, saudades, crisântemos amarelos, cravos amarelos e vermelhos, quanto a ervas destaca-se alecrim do campo, folhas de limão,
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o alecrim do campo, folhas de limão, folhas de mangueiras, folhas da goiabeira, folhas de uva, folhas de beterraba. Babosa, guiné, levante, lírio, violeta, folhas de ameixeira, manjericão, sabugueiro e manjerona. A Baba Adriana de Iansã afirma que [...] nunca devemos pedir justiça para Xangô e sim misericórdia, porque ele é o juiz e vai analisar quem está com a razão e às vezes somos falhos nas nossas atitudes. Xangô vai ficar sempre do lado dos justos e dos bons de coração. Ela também acrescenta que [...] Xangô não aceita desperdício e toda a comida dada pra esse orixá tem que ser experimentada antes de servi-lo. Xangô, nós cubra sempre com sua misericórdia e sabedoria, nós ensina a anda nos caminhos dos justos e nós proteja. Mãe Eliana D’Ogum afirma que [...] é preciso muito cuidado ao pedir a justiça a Xangô. Deve estar preparado para recebê-la! Temos o costume, como humanos, de pedir justiça quando alguém nos faz algo que consideramos errados e isso lá no fundo esperamos que a pessoa sofra do mesmo mal que nos fez sofrer. Bom, isso é vingança e não justiça. Nossa concepção de justiça é diferente. Para Xangô, muitas vezes, o simples fato do arrependimento e do pedido de perdão, já incorre na “justiça feita”. Devemos equilibrar os pesos da balança e não desejar mal a ninguém. Kaô Kabecilé me pai Xangô.
Referência • Carneiro, E.; Candomblés da Bahia, 8° edição, Rio de Janeiro, 1991. 145 p. • _______; Negros Bantos. 2° edição, Rio de Janeiro, 18981. 115 p. • _______; Religiões Negras. 2° edição, Rio de Janeiro, 18981. 122 p. • Pessoa, J. F.; Seminário de Africanidade. 2004. • Raízes Sagrada, 2004. Luiz Roberto Ramos. • Saraceni, R.; Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada. São Paulo. 2003. 341 p. • Souza, L.; O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda. 1933. 102 p. • Verger, P. F.; Lenda africana dos Orixás. 4 edição, Salvador. 1997. 96 p. • ____________; Os Orixás. 6º edição, Salvador. 2002. 296 p. • Xiré dos Orixás, 2015 (?). Iyalorisá Luizinha de Nanã. • Ubiratan Castro de Araújo (Documentário Casa de Santo, 2005). Depoimento • Sacerdotisa Mãe Helena Viana – Centro Espirita São Cosme e São Damião, Vila Velha – ES • Sacerdotisa Eliane D’Ogum – Templo de Umbanda Caboclo Sete Flecha e Pai Joaquim de Aruanda. Vila Velha – ES • Zeladora Adriana de – Centro Espírita Caboclo Jurema.
Pesquisa, entrevista e texto: Alan Christian Moreira
Contato: 27 – 998.716.349 equipeorixasecultos@gmail.com
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Umbanda Além dos Muros é um projeto idealizado pela Mãe Eliane D’Ogum zeladora da Tenda de Umbanda Caboclo Sete Flecha e Pai Joaquim de Aruanda com o proposito de praticar a caridade e combater o preconceito e a intolerância religiosa. Muitas pessoas julgam a Umbanda sem conhecer seus fundamentos e esse “pré-conceito” só será combatido de verdade quando as pessoas conheceram os trabalhos de caridade praticados por um terreiro de Umbanda tradicional. Como muitos tem medo de ir a um terreiro buscar ajuda e ou não tem acesso, nós resolvemos levar a Umbanda além dos muros. Inicialmente o projeto vai cadastrar famílias carentes para distribuir doações (roupas. Alimentos, medicamentos e etc.), mas as ações vão muito, além disso: através de doações, vamos estruturar uma cozinha solidária na qual serão preparadas refeições para moradores de rua. Também serão realizadas visitas e doações a asilo e orfanatos. Para maiores informações, entre em contato conosco através do e-mail: contatotucsfpja@gmail.com Para cadastrar famílias, acesse o link: http://migre.me/wHTo3 Contato: Facebook.co/TUCSFPJA (27) 999.145.827 contatotucsfpja@gmail.com