Ano 08 | Edição 13 | jan/ fev/ mar 2017
ESPECIAL MULHER Detentas realizam o sonho da maternidade dentro do cárcere
CONVÊNIO
Detentos irão realizar serviços de marcenaria no Mangal das Garças
EDUCAÇÃO
No Pará mais de 50 detentos são aprovados no Enem
Artista plástica norte-americana conhece o trabalho da Coostafe
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
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ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA SUPERINTENDÊNCIA DO SISTEMA PENITENCIÁRIO DO ESTADO DO PARÁ Editor de conteúdo Timóteo Lopes Editora responsável Walena Lopes Reportagem Aline Saavedra, Laís Menezes, Guillianne Dias, Timóteo Lopes Diagramação & Arte Rivanildo Lima Revisão Walena Lopes Fotografia Akira Onuma, Anderson Silva, Carlos Sodré - Ag./PA, Claudio Santos - Ag./PA, Thiago Gomes DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA, PERIODICIDADE TRIMESTRAL Imagens e ícones por freepik.com Assessoria de Comunicação Social - SUSIPE Rua Tamoios, 1592 – Batista Campos CEP 66010 105 – Belém, PA Fone:. (91) 3239 4229 / 3239 4230
Editorial
O
lá, a revista Além Muros está de volta com um formato diferente e notícias trimestrais da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará. Você vai poder acompanhar os projetos voltados à educação e trabalho, com o objetivo de reabilitar e ressocializar os presos custodiados pelo Estado do Pará, garantindo assim, o direito a cidadania e o apoio para aqueles que desejam recomeçar. No primeiro trimestre de 2017 a Escola de Administração Penitenciária desenvolveu cursos de capacitação direcionados aos docentes para a formação de Agentes Penitenciários que atuam nas casas penais de todo o Estado. Além da formação dos servidores, os presos do Sistema Penal, também contaram com cursos de capacitação e formação, oferecidos com o apoio de parceiros como o Senar e Senai. No Complexo Penitenciário de Santa Izabel um ônibus-escola foi levado até os detentos para a formação de padeiros. No Centro de Recuperação Feminino, em Ananindeua, as detentas tiveram a oportunidade de realizar cursos como o de jardinagem e pedreiro de alvenaria. Em destaque, a visita da artista plástica norte- americana Liza Lou, que através do Instituto Humanitas360 irá desenvolver projetos de arte junto à detentas que fazem parte da Coostafe, primeira cooperativa formada por presas no Brasil que funciona dentro do Centro de Recuperação Feminino. Na saúde iniciamos o ano sendo o primeiro estado do país a instituir o “Dia D”, em combate a tuberculose, com campanhas voltadas para a prevenção e tratamento da doença junto aos presos de todas as unidades penais do Estado. Confira ainda, na coluna “Entre Aspas”, entrevista com a médica psiquiatra Natalia Timerman, autora do livro “Desterros”, que fala da sua experiência como psiquiatra do Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário de São Paulo, no Carandiru.
Esperamos que você aproveite a leitura!
André Luiz de Almeida e Cunha SUPERINTENDENTE DA SUSIPE
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CAPA Artista plástica norte-americana conhece o trabalho da Coostafe
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Entre aspas
Sumário
Entrevista Natalia Timermam médica psiquiatra, mestre em psicologia clínica pela USP, psicoterapeuta em formação e desde 2012 trabalha no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário de São Paulo, no Carandiru, fala da importância do cuidado e tratamento humanizado à pessoas privadas de liberdade.
06 FORMAÇÃO
51 CAPACITAÇÃO
09 FORMAÇÃO
54 CAPACITAÇÃO
16 RESSOCIALIZAÇÃO
58 DEDICAÇÃO
20 CONQUISTADO A LIBERDADE
64 EDUCAÇÃO
28 PARCERIA
68 EDUCAÇÃO
30 SEGURANÇA
72 RESULTADO
35 SEGURANÇA
76 ESPECIAL MULHER
38 CIDADANIA
80 SAÚDE
42 SERVIDOR
86 ORGÂNICOS
46 CONVÊNIO
90 INCLUSÃO SOCIAL
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA CAPACITA DOCENTES DA SUSIPE
SENAI CAPACITA DETENTOS COM CURSO DE PANIFICAÇÃO EM ÔNIBUS-ESCOLA
PARCERIA COM O SENAR OFERECE CURSO DE JARDINAGEM PARA DETENTAS DO CRF
PROJETO CONQUISTANDO A LIBERDADE ,BENEFICIOU MAIS DE 50 MIL JOVENS EM 2016
SUSIPE DESTINA CAMINHÃO PARA COLETA DE LIXO NO COMPLEXO DE SANTA ISABEL
MAIS DE MIL PRESOS SÃO MONITORADOS POR TORNOZELEIRAS NA RMB
CORREGEDORIA PENITENCIÁRIA ESTIMULA MUDANÇA NA CONDUTA DE SERVIDORES PENAIS
MUTIRÃO CARCERÁRIO BENEFICIA PRESOS DO COMPLEXO DE SANTA IZABEL
COLUNA QUEM FAZ A SUSIPE
DETENTOS IRÃO REALIZAR SERVIÇOS DE MARCENARIA NO MANGAL DAS GARÇAS
CENTROS DE PANIFICAÇÃO EM UNIDADE PRISIONAIS OFERECEM CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL
DETENTAS COLOCAM EM PRÁTICA CURSO DE ALVENARIA
DOS QUASE 15 MIL PRESOS NO PARÁ, 20% TRABALHAM DENTRO OU FORA DOS PRESÍDIOS
ARCA DA LEITURA USA LIVROS PARA PROMOVER A INCLUSÃO DE DETENTOS
NO PARÁ MAIS DE 50 DETENTOS SÃO APROVADOS NO ENEM
EDUCAÇÃO DE PRESOS NO PARÁ ESTÁ ACIMA DA MÉDIA NACIONAL
DETENTAS REALIZAM O SONHO DA MATERNIDADE DENTRO DO CÁRCERE
PARÁ É O ÚNICO ESTADO A INSTITUIR DIA D DE COMBATE À TUBERCULOSE NOS PRESÍDIOS
PROJETO “VEM PRA FEIRA” COMERCIALIZA PRODUTOS CULTIVADOS POR DETENTOS
PROGRAMA CREDCIDADÃO OFERECE CRÉDITO A EX-DETENTOS
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FORMAÇÃO
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA
capacita docentes da Susipe Por Walena Lopes
A
Escola de Administração Penitenciária (EAP) iniciou a primeira atividade do ano de 2017 com o curso de formação de docentes e
elaboração de plano de aula e plano de ensino, voltado para servidores da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). Participaram do curso 40 alunos, de várias casas penais da capital e interior, além de servidores de órgãos que atuam na segurança pública e auxiliam na capacitação de novos servidores. O curso faz parte da programação e planejamento anual da escola, que tem como objetivo preparar e reciclar os professores para a formação e capacitação de novos servidores que irão atuar em diversos setores dentro do sistema penal. “Esse é um momento para alinharmos a proposta pedagógica da Escola para o ano de 2017. Nosso resultado foi bem efetivo no ano de 2016. Nossa meta para este ano é que possamos atingir 40% de servidores penitenciários de todo o estado, tanto na educação à distância quanto na educação presencial”, analisa a diretora da EAP, Soliane Guimarães.
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Nosso resultado foi bem efetivo no ano de 2016. Nossa meta para este ano é que possamos atingir 40% de servidores penitenciários de todo o estado, tanto na educação à distância quanto na educação presencial” Analisa a diretora da EAP, Soliane Guimarães.
Ano passado, a EAP alcançou
exercer melhor essa função”, avalia.
Atuando no sistema penal há
resultados positivos, por meio
Nas aulas, os docentes aprenderam
22 anos, o diretor da Central
de ações inovadoras, como a
sobre
de Triagem da Cidade Nova
Educação
(EAD),
de aula e plano de ensino para
(CTCN),
1.385
elaboração de conteúdos que
a
servidores fossem capacitados, ao
serão ministrados aos alunos,
ferramenta fundamental para
dar celeridade e segurança dentro
tendo em vista, o embasamento
as normas e procedimentos
do processo administrativo.
teórico e metodológico da EAP.
do sistema penal. “Precisamos
“Estou
nos
contribuindo
à
Distância para
que
elaboração
muito
de
planos
satisfeita
em
Afonso
Ligório,
capacitação
como
identificar
vê uma
com
o
Para o diretor da Central de
conhecer e dialogar com colegas
nosso cargo e com a nossa
Triagem Metropolitana III (CTM
que trabalham no sistema penal.
função
III), Kleverton Firmino, essa é uma
Estamos
e
penitenciário. A capacitação
iniciativa muito importante para
trocando experiências de docente
é um processo continuado. É
instruir melhor os novos agentes
para docente. Nessa disciplina
muito importante que a escola
que irão atuar dentro das casas
eles estão aprendendo a montar
permaneça nessa política de
penais. “Estamos nos preparando
estratégias para deixar as aulas
capacitação
para ministrar aulas para futuros
mais dinâmicas e interessantes,
pois precisamos acompanhar
agentes penitenciários. Por isso, é
com o intuito de estimular e
as mudanças e nos preparar
importante que possamos reciclar
formar os servidores para que
para que possamos instruir e
nosso
aprender
possam exercer com qualidade
capacitar da melhor forma os
novas metodologias e ter base
suas funções”, disse a professora
novos servidores”, conclui.
mais fundamentada e teórica para
Roseane Souza.
conhecimento,
aqui
conversando
dentro
do
aos
sistema
docentes,
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FORMAÇÃO
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COM CURSO DE PANIFICAÇÃO EM ÔNIBUS-ESCOLA
Por Laís Menezes
C
om o objetivo de oferecer oportunidades de profissionalização para os internos custodiados no Hospital Geral Penitenciário (HGP), a
Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), realiza um curso de panificação visando novas oportunidades no mercado de trabalho aos detentos. Um ônibus do Senai equipado com sala de aula e uma cozinha industrial, levou à casa penal, localizada no Complexo Penitenciário de Santa Izabel, todo material necessário para a capacitação. O treinamento, com duração de um mês, sendo 15 dias de aulas teóricas e a outra metade dedicada à prática, conta com 16 participantes. Durante o curso os internos aprendem a produzir diversos tipos de pães, como o francês, pão de leite, italiano, ciabata e integral, allém de pães doces e bolos.
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Única mulher da turma, a interna
Ao término do curso, de 200
a reinserção dos internos. As
Nilda Rocha, de 54 anos, já tem seu
horas/aula, os detentos serão
parcerias com as instituições
pão preferido. “Nunca tinha feito
certificados como profissionais
para capacitar os detentos é
pão, não tinha experiência nessa
em
essa
essencial. Nas oficinas e cursos,
área e gostei muito de aprender a
qualificação, poderão trabalhar
percebemos que eles se sentem
fazer o pão integral, achei o mais
como auxiliares em panificadoras,
mais motivados e criam novas
gostoso. Quando eu for pra casa,
confeitarias ou mesmo abrir o
expectativas de vida”.
com certeza, vou fazer pão para toda
próprio negócio. “Este é um dos
a família”, afirmou.
nossos objetivos: pensar na vida
A
do interno fora do HGP. Melhorar
aproximadamente
O chefe de cozinha e instrutor
a autoestima e incentivar o
população
de panificação do Senai, Márcio
caráter empreendedor”, ressaltou
Estado inserida em atividades
Nascimento,
ressaltou
a coordenadora pedagógica do
educacionais.
os
se
Hospital, Suely Carvalho.
de 2016, a Coordenadoria de
internos
interessados
que
mostraram
em
adquirir
panificação.
Com
os
Susipe
conta 20%
carcerária
com da do
Ate dezembro
Educação Prisional registrou 1.157
ensinamentos. “É a primeira vez
Esta é a primeira vez que os
internos da Susipe regulares no
que ensino em uma unidade
internos
estudo
prisional e o que percebi é que eles
Penitenciário recebem um curso
ensino fundamental e médio),
têm muito interesse em aprender.
profissionalizante. Arthur Leandro
1.158 no estudo não formal
Nas aulas teóricas, perguntavam o
dos Santos, de 30 anos, está
(cursos livres, aulas de dança,
tempo inteiro. E na hora da prática
no HGP há 11 meses e disse
violão), e 267 internos receberam
foi que eles ficaram mais felizes,
que já tinha feito uma oficina de
cursos de capacitação com mais
pois viram os pães saindo bonitos
artesanato dentro da unidade.
de 60 horas/aula.
e gostosos”, avaliou.
Agora aproveitou a oportunidade
do
Hospital
Geral
formal
(alfabetização,
para receber uma capacitação
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O detento José Marinho, de 47
profissional gratuita. “Eu gostei
anos, contou que se identificou
bastante. Isso nos dá uma chance
tanto com o curso que pretende
de sair daqui e conseguir competir
investir
no
no mercado de trabalho”.
quando
ganhar
ramo
alimentício
a
liberdade.
“Gostei muito de aprender as
De acordo com o diretor em
técnicas para fazer pães. Estou só
exercício do HGP, Wolber Anderson
esperando a minha avaliação no
Oliveira Campos, o índice de
Enem. Quero entrar na faculdade
reincidência é um dado que será
de Engenharia de Alimentos ou
combatido por meio desse tipo de
Gastronomia”, garantiu.
ação. “A nossa missão é trabalhar
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Eu gostei bastan dá uma chance de e conseguir com mercado de tr
Interno Arthur do
nte. Isso nos e sair daqui mpetir no rabalho”
os Santos
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RESSOCIALIZAÇÃO
ARTISTA PLÁSTICA norte-americana conhece o trabalho da Coostafe
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Por Walena Lopes
A
artista
plástica
norte-
americana Liza Lou e a presidente
Humanitas360,
do
Instituto
Patrícia
Marino,
visitaram o Centro de Reeducação Feminino
(CRF),
em
Ananindeua
(Região Metropolitana de Belém), nesta quinta-feira (23), para conhecer o
trabalho
desenvolvido
por
detentas da Coostafe (Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora),
a
primeira
cooperativa formada exclusivamente por mulheres presas no Brasil. Em quase quatro anos de existência, suas atividades já atenderam mais de 200 internas no Estado.
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Peças produzidas pelas internas do projeto
plástica norte-americana Liza Lou, que tinha interesse em trabalhar com as detentas. Então, viemos em busca dessas presas, pois já conhecíamos o trabalho desenvolvido dentro da cooperativa”, contou Patrícia Marino. Durante a visita, a artista plástica conheceu Liza Lou e Patrícia Marino querem
o trabalho das internas e os produtos
mais informações sobre o trabalho de
confeccionados na cooperativa. Liza Lou,
reintegração social desenvolvido com
que nos últimos anos desenvolve uma
as mulheres no CRF. A parceria com o
linha de trabalho baseada em conceitos
Instituto Humanitas360, por meio da
de confinamento e proteção, pretende
assinatura de um Termo de Cooperação
com eessa parceria aprender mais sobre
Técnica com a Superintendência do
as mulheres que fazem parte da Coostafe
Sistema Penitenciário do Estado (Susipe)
e, juntas, pensarem em como fazer arte
permitirá
dentro da prisão.
a
captação
de
recursos
financeiros, além de atrair novos parceiros para a realização de projetos e trabalhos desenvolvidos pela Coostafe. “Estamos conhecendo as peculiaridades e especialidades do trabalho que é desenvolvido
dentro
desse
presídio
feminino no Pará. Nosso trabalho é articular o encontro entre as partes envolvidas, e quem tenha interesse em participar e se engajar em projetos que visam à melhoria de pessoas em situação de risco. Trouxemos para o Pará a artista
Quero aprender sobre elas e com elas. Perceber quais são as sua necessidades o que gostam de faze assim podermos, juntas, encontrar meio de trazer beleza e arte para de deste cenário, além de desenvolv cada vez mais, as habilidades que e noto que existem aqui” Disse a norte-americana.
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HABILIDADES
NOVO HORIZONTE
“Estou aqui com o coração aberto para escutar,
A interna Maria Domingas, que trabalha na
aprender e me aprofundar em tudo o que
cooperativa, está animada em fazer parte
estou podendo perceber e conhecer deste
desse projeto, pois nunca imaginou criar
lugar e destas mulheres. Quero aprender sobre
obras de arte, e nem mesmo ter contato com
elas e com elas. Perceber quais são as suas
uma artista plástica internacional. “Vejo que
necessidades o que gostam de fazer, e assim
as coisas, cada dia mais, estão mudando
podermos, juntas, encontrar um meio de trazer
aqui dentro. Poder aprender com uma
beleza e arte para dentro deste cenário, além
pessoa que vem de outro país nos possibilita
de desenvolver, cada vez mais, as habilidades
uma alegria muito grande. Com mais este
que eu já noto que existem aqui”, disse a norte-
conhecimento eu vou poder trabalhar
americana.
melhor, e dar continuidade ao que eu faço aqui quando voltar para a minha vida lá fora”,
Para a diretora do CRF, Carmen Botelho, essa é
ressaltou.
a oportunidade de a Coostafe apresentar para o mundo o trabalho desenvolvido na cooperativa,
Para a diretora do Instituto Humanitas360,
além de estimular a geração de emprego e
a parceria deve resultar em um projeto de
renda para as mulheres recomeçarem a vida
valorização e responsabilidade social. “Nosso
após o cumprimento da pena.
Instituto fica muito satisfeito em participar e promover iniciativas e ideias que visam
“Precisamos mobilizar a sociedade para
valorizar e abrir caminhos de oportunidades
uma mudança de pensamento, ao ver que
para cidadãos que se encontram em um
as pessoas que estão aqui são capazes de
nicho esquecido da sociedade. Nossa
produzir algo belo, e que através do trabalho
proposta é articular com o poder público, a
são capazes de mudar a sua perspectiva
sociedade civil e a iniciativa privada e, juntos,
de vida, mudar a sua conduta social. Essas
assumir uma corresponsabilidade cívica
mulheres precisam ser sentir úteis, pois
com essas pessoas. Elas não deixaram de
acreditamos que uma nova chance seja uma
ser cidadãs, apenas estão privadas de sua
nova oportunidade de vida”, afirmou a diretora.
liberdade”, frisou Patrícia Marino.
m as er, e r um entro ver, eu já
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RESSOCIALIZAÇÃO
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PARCERIA COM O SENAR OFERECE CURSO DE
PARA DETENTAS DO CRF Por Aline Saavedra
P
lantar, colher, podar e fazer florescer. Estes são alguns dos cuidados que 20 internas do Centro de Reeducação Feminino (CRF) estão
aprendendo no curso profissionalizante de jardinagem realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em parceria com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). Para as internas, o conteúdo vai muito além do cuidado com o jardim, elas querem também fazer florescer uma nova oportunidade em suas vidas. O curso de jardinagem teve duração de uma semana, com carga horária total de 40 horas e é ministrado por um engenheiro agrônomo do Senar. Nas aulas práticas, as detentas aprendem sobre o manuseio do solo, como fazer o corte e a poda, cuidados com a terra, adubo e a água que devem ter em cada recipiente que receberá o plantio, além de noções de paisagismo.
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Selma
Coelho,
45
anos,
de liberdade tem um significado
possibilitar a eles maneiras de
trabalhava na roça antes de ser
especial. “O interesse e a
se sustentar quando estiver em
presa. Apesar do contato com
dedicação
é
liberdade. Por meio da educação
a agricultura, cuidar de plantas
muito maior. Para eles, o curso
e cursos de capacitação ele
nunca tinha sido um hábito. “Eu
significa uma mudança de vida
já sai do cárcere com a mente
estou amando o curso, só fico
porque ao final eles recebem o
modificada para ter uma vida
triste porque é só uma semana.
certificado e podem conseguir
pautada no trabalho de forma
Estou muito feliz em conhecer
um emprego ou trabalharem por
honesta.
os tipos de plantas, saber como
conta própria. O que eu gosto
passam por este processo
cortar e podar”, contou.
sempre de falar é que tudo o
dificilmente voltam a ser presos
que a gente vê ao nosso redor
por cometer um ato ilegal”,
Além de capacitar e melhorar a
é paisagem e que nós somos
finalizou.
autoestima, o curso proporciona
capazes de modificar por meio
a elas a esperança de uma
do conhecimento, assim como
Em 2016, 845 internos e internas
vida diferente da qual tinham
nossas vidas”, afirmou.
do sistema penitenciário do Pará
em
aprender
antes de serem presas. “É
Os
internos
foram qualificados pelo Senar
muito gratificante saber que
Para Ivaldo Capeloni, diretor de
com a parceria. O curso de
aqui dentro do CRF eu estou
Reinserção Social da Susipe,
jardinagem é o segundo curso
me qualificando. Eu vou me
a parceria com o Senar para a
profissionalizante desenvolvido
empenhar cada vez mais para
qualificação profissional dos
no CRF, em 2017. Em janeiro, a
fazer disso o meu sustento.
detentos tem contribuído para
unidade prisional realizou um
Quero plantar e vender as mudas
a redução da reincidência no
curso de panificação para 40
quando estiver livre”, afirmou a
sistema prisional.
internas.
interna Sandra Souza, 40. “As
parcerias
são
muito
O engenheiro agrônomo José
importantes por prover estes
Elton Silva Matos já realizou
meios de qualificação ao interno,
cursos e oficinas para diversos
que é também objetivo da
públicos e revelou que transmitir
Susipe. Quando o detento está
conhecimento à pessoa privada
sob nossa custódia temos que
É muito gratificante saber que aqui dentro do CRF eu estou me qualificando. Eu vou me empenhar cada vez mais para fazer disso o meu sustento. Quero plantar e vender as mudas quando estiver livre. Afirmou a interna Sandra Souza.
18 |
que
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CONQUISTANDO A LIBERDADE
O
projeto Conquistando a Liberdade
(CRRTA), realizada na Delegacia de Polícia
encerrou o ano de 2016 com 104
Civil da cidade. “Pra mim está sendo ótimo.
edições realizadas em 19 municípios
Fazer parte do projeto é bom porque a ajuda
paraenses e três distritos de Belém. As ações
a gente a ocupar a mente com outras coisas
foram levadas a escolas, centros comunitários,
e sentir que está sendo útil. Estou aprendendo
associações e outras instituições sem fins
muitas coisas e aprendizado nunca é demais”,
lucrativos, alcançando um público estimado em
comenta.
50 mil crianças e adolescentes. Desenvolvido pela Superintendência do Sistema Penitenciário
Dentro do projeto Conquistando a Liberdade é
do Estado do Pará (Susipe), o projeto tem como
desenvolvida também outra iniciativa, o projeto
objetivos a reintegração da pessoa presa ao
“Papo di Rocha”, que é a roda de conversa
convívio da sociedade por meio do trabalho
mediada por um técnico do sistema prisional
voluntário e, ao mesmo tempo, atuar de forma
onde o interno relata a jovens estudantes
preventiva junto ao público jovem para alertá-
as circunstâncias que o levaram à prisão,
los sobre os perigos das drogas e da violência.
suas impressões da vida no cárcere e suas expectativas para quando ganhar a liberdade.
As atividades do projeto foram realizadas
Após a entrevista, os participantes do bate-
nos municípios de Abaetetuba, Ananindeua,
papo têm a oportunidade de fazer perguntas e
Altamira, Benevides, Capanema, Quatipuru,
esclarecer dúvidas. A edição de número 104 foi
Cametá,
realizada na Escola Estadual de Ensino Médio
Itaituba,
Paragominas,
Marabá,
Redenção,
Mocajuba,
Conceição
do
Raymundo Martins Vianna, em Belém, onde os
Araguaia, Salinópolis, Santa Isabel, Tomé-Açu,
alunos ouviram atentos ao relato do interno do
Tucuruí, Terra Alta, além da capital, Belém, e
regime domiciliar Antônio Gleidson da Silva.
dos distritos de Icoaraci, Outeiro e Mosqueiro. O trabalho voluntário é proporcionado aos internos do regime fechado, semiaberto e domiciliar. Joaquim Souza, de 60 anos, participou da edição coordenada pelo Centro de Recuperação Regional de Tomé-Açu
“Pra mim está sendo ótimo. Fazer parte do projeto é bom porque a ajuda a gente a ocupar a mente com outras coisas e sentir que está sendo útil. Estou aprendendo muitas coisas e aprendizado nunca é demais. Disse o interno Joaquim Souza
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PROJETO CONQUISTANDO A LIBERDADE BENEFICIOU
MAIS DE
50 MIL
JOVENS EM 2016
Por Aline Saavedra
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“Papo di Rocha”, que é a roda de conversa mediada por um técnico do sistema prisional onde o interno relata a jovens estudantes as circunstâncias que o levaram à prisão, suas impressões da vida no cárcere e suas expectativas para quando ganhar a liberdade.
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Muitos conhecem ou já conheceram alguém que já esteve preso. Porém, por vergonha ou como forma de defesa, essas pessoas não comentam nada sobre o que é realmente estar preso. E para que todos saibam a verdade e pensem melhor nas escolhas que vão tomar na vida é que buscamos mostrar a realidade do cárcere, focando na prevenção, com o objetivo de esclarecer que o crime sempre traz prejuízos e consequências ruins” Destacou Ercio Teixeira assessor do projeto
Para o assessor de Projetos Especiais da Susipe, Ercio Teixeira, o projeto mostra a realidade de quem vive dentro dos presídios. “Muitos conhecem ou já conheceram alguém que já esteve preso. Porém, por vergonha ou como forma de defesa, essas pessoas não comentam nada sobre o que é realmente estar preso. E para que todos saibam a verdade e pensem melhor nas escolhas que vão tomar na vida é que buscamos mostrar a realidade do cárcere, focando na prevenção, com o objetivo de esclarecer que o crime sempre traz prejuízos e consequências ruins”, destacou Ercio. Para 2017, a expectativa é que o projeto alcance um público ainda maior, seja na capital ou nos municípios do interior. “Estamos buscando parcerias para que mais pessoas e internos sejam beneficiados, além de fortalecer o engajamento com as casas penais de todo o estado. Só assim podemos continuar a executar este projeto, que traz benefícios para todos que participam deste trabalho”, conclui Ercio Teixeira.
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Entre aspas
Entrevista com
Natalia Timerman
“Como é que as pessoas se acostumam à prisão e o que significa isso?” Foi essa pergunta que serviu de ponto de partida para que Natalia Timerman escrevesse “Desterros”, seu livro de estreia recém-publicado pela Editora Elefante. A autora é médica psiquiatra, mestre em psicologia clínica pela USP, psicoterapeuta em formação e desde 2012 trabalha no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário de São Paulo, no Carandiru, na zona norte da capital paulista, o único lugar que atende os mais de 230 mil homens e mulheres encarcerados em todo o estado. 24 |
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Ao longo do livro, chama a atenção a
Ainda nesse sentido, a maneira que você
maneira como você destina seu olhar aos
lida com os presos é uma exceção dentro
presos: com cuidado, atenção, diferente da
do sistema carcerário, não? Como você vê
brutalização habitual que costumamos ver
a maneira que os presos são normalmente
– e que você cita na própria obra. Qual a
tratados pelos profissionais que trabalham
importância de continuarmos encarando os
diretamente com eles? Por que você
detentos como seres humanos, não como
conseguiu “escapar” dessa brutalização?
bichos ou pessoas inferiores?
Se a maneira como eu lido com os presos
Meu esforço foi justamente esse: o de que
é uma exceção, isso acontece por conta da
os presos fossem retratados como gente,
própria estrutura da prisão como instituição
com história própria. Foi isso o que primeiro
total, um conceito que eu abordo brevemente
me chamou a atenção quando comecei
no livro (e que é o lugar onde se vive
a trabalhar na prisão: eu estava diante de
integralmente em companhia de pessoas que
pessoas comuns. Encarar os detentos como
não se escolheu, com uma rotina determinada
seres humanos é importante simplesmente
por um sistema de regras alheio à vontade
porque é assim que os seres humanos
de cada um). Os agentes penitenciários, por
devem ser tratados. Ter que se esforçar para
exemplo, também fazem parte disso, apesar
isso dá a noção da aberração a que eles são
de entrarem e saírem todos os dias; eles
expostos, mostra a grande lacuna de empatia
também são submetidos a essas regras por
que o livro tenta preencher. Esta aberração,
ter de fazer com que se cumpram. Na prisão,
que é tratar alguém como bicho ou como se
a individualidade deve ser aparada, os gestos
fosse inferior, não afeta só um lado, afeta
devem ser contidos no trato com quem não
ambos. Primeiro porque a brutalização é
está preso, e também entre os presos há
mútua; segundo, porque o que acontece com
um conjunto bastante complexo de regras
qualquer pessoa diz respeito à humanidade
implícitas a serem seguidas. Não sei se
toda, ao menos enquanto possibilidade. E
posso dizer que escapei dessa brutalização.
também porque aquelas pessoas sairão da
Acho que não. Minha escuta mudou ao longo
prisão e devolverão à sociedade, de alguma
do tempo, minha disponibilidade e abertura
forma, o tratamento recebido.
nos atendimentos também. Talvez o livro seja justamente uma tentativa de barrar esse movimento de embrutecimento que acontece com todos que estão presos e ao seu redor.
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Do modo que o sistema prisional está
do hospital penitenciário e voltaram não muito
estruturado hoje no país, há chance de algum
tempo depois de novo psicóticos, ou com piora
preso ser reabilitado para o convívio em
da tuberculose, ou da Aids, por terem parado o
sociedade?
tratamento na unidade prisional de origem.
Uma pessoa que está presa tem que, sob vários aspectos, deixar de ser si mesma. Ela precisa deixar sua família, seus amigos, seu mundo, seus pertences e até mesmo seus gestos do lado de fora dos muros. Nessas condições, é
No livro você também se coloca contrária à atual política de combate às drogas. Qual o caminho ideal que você enxerga para esse assunto?
muito pouco provável, para não dizer impossível,
A atual política de combate às drogas, em
que alguém se torne uma pessoa melhor ou
nome desse combate, dessa guerra, deixa
se reconcilie com a própria história. O tempo
de ver muita coisa. Deixa de ver que, em toda
na prisão não é frutífero: não é um tempo de
a história da humanidade, não houve uma
estudo ou trabalho (a não ser como exceção,
sociedade sequer sem indivíduos que se
e ainda assim, muito pouco qualificado). Além
utilizassem de substâncias como forma de
disso, quem está preso quase inevitavelmente
escapar da realidade. Ou seja: de antemão,
adentra o mundo do crime, em vez de sair
parece ser uma guerra cara e perdida, que
dele. São muitos os relatos que escutei de
perde também a possibilidade de refletir
gente que não tinha envolvimento com o crime
sobre o significado da presença das drogas
organizado antes da prisão, ou de gente que
ao longo dos tempos e sobre a possibilidade
começou a usar drogas a partir da experiência
de regular seus usos. A atual política de
do encarceramento. O oposto do que se deveria
combate às drogas deixa de ver também que
esperar de uma suposta reabilitação.
é uma guerra desigual, de cartas marcadas, em que só pobres e pretos sofrem as
Por outro lado, a impressão é que, para quem
consequências; e que é uma engrenagem que
sofre de algumas doenças, é mais fácil receber
se retroalimenta, pois o tráfico é sustentado
atendimento estando na prisão do que se
pelo crime organizado e esse combate causa
estivesse do lado de fora, precisando ser
superlotação das prisões controladas pelo
atendido pelo SUS. É isso mesmo?
mesmo crime organizado, o que nos leva
Sim, é isso mesmo. Já escutei algumas vezes de pacientes paraplégicos, por exemplo, que, se estivessem fora, dificilmente estariam recebendo tratamento de reabilitação motora como o que recebem no hospital. Com outras doenças isso acontece também, mas nem sempre é assim. Não é raro eu presenciar a angústia de colegas diante da impossibilidade de realizar algum exame agendado há muito tempo por falta de escolta, ou diante de pacientes que saíram bem
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Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
de novo à pergunta sobre a possibilidade de reabilitação em cadeias abarrotadas de gente. A atual política de combate deixa também de se perguntar, por fim, se o dano causado pela prisão ao indivíduo, à sua família e à sociedade, não é maior que o dano causado pela droga, ou ao menos se não deveria haver outras formas de se lidar com essa questão, como encarar alguns usos como problema de saúde e não de polícia.
costurar sentidos, os meus e os dos outros, está mais frágil, mas por isso mesmo mais verdadeira, Livro “DESTERROS” histórias de um hospital-prisão
porque os sentidos escapam sempre. “A culpa por cada crime que quem está na prisão cometeu e não cometeu pertence
Como o trabalho na prisão impacta no seu
também a quem não está preso.. E vice-
psicológico? Quais as diferenças que ele
versa. Por isso a necessidade de se contar
provocou na Natalia de antes desse trabalho
a história dos homens que não somos nós.
e na Natalia de hoje?
Para que tenham rosto e para que sua
Não posso dizer que trabalhar na prisão me impactou apenas negativamente, porque isso não seria verdade. Aprendo muito. Aprendo
culpa pertença à humanidade. O que não significa redenção desta culpa”. Poderia falar um pouco mais sobre isso?
sobre doenças, aprendo sobre as pessoas,
O capítulo de onde vem esta citação tem
aprendo sobre mim. A prisão é feita para apartar
uma epígrafe de Emmanuel Levinas que
pessoas da sociedade, mas o que acontece lá diz
fala do rosto. O rosto é único, individual,
respeito a todo mundo. Muitas vezes é pesado,
nos define, mas é também extremamente
mas muitas vezes é um trabalho comum, porque
frágil e exposto. Nossa riqueza e pobreza
nos acostumamos, assim como os presos se
condensadas. E isso para cada um: o todo
acostumam ao encarceramento. Isso me fez
da humanidade compreendido por essas
pensar, e foi o embrião do livro: como é que as
especificações singulares, significantes
pessoas se acostumam à prisão, e o que significa
de quem se é. Os rostos, que pertencem,
isso? No caso de quem está preso, significa, aí
então, à humanidade. Assim como as
sim, a perda da possibilidade de liberdade; e no
histórias, retalhos de vida que formam
caso de quem trabalha lá, o embrutecimento.
o tecido da ação humana. Um dizendo
Mas sempre há novas pessoas, e novas histórias,
respeito a outro, compondo essa trama
e uma até milagrosa possibilidade de renovação,
de ser humano e que, só através dela,
que no livro está personificada através de
nos permite ser tocado pela vida e pela
Donamingo, a angolana presa por tráfico que
história de quem não sou eu. Se eu posso
teve um filho estando presa. A história dela e
ser tocado pela narrativa de uma vida que
de seu filho tem uma força incrível; não é fácil,
não é minha, ela me diz respeito de alguma
mas não deixa de ser bela. Como a história de
forma, me pertence enquanto possibilidade
muita gente ali. Isso alimenta meu trabalho e
humana. E aí cabem também os crimes
me nutre também como pessoa – e foi também
e as culpas. Mas para isso, as histórias
o motor do livro: uma beleza insistente. A
precisam ser contadas, para que caibam
Natalia de antes era mais ingênua, encantada.
na abrangência do que é ser homem. O que
A Natalia de hoje também embruteceu, mas não
não significa que um indivíduo deixará de
perdeu completamente a possibilidade de se
ser culpado pelo crime que cometeu, ou
surpreender diante dessa insistência. A linha de
seja, não significa redenção dessa culpa.
Via UOL - Blog Página Cinco / Por Rodrigo Casarin
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
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PARCERIA
SUSIPE DESTINA CAMINHÃO PARA COLETA DE LIXO NO COMPLEXO DE SANTA ISABEL Por Giullianne Dias
A
Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe) firmou convênio com a Prefeitura de Santa Isabel do Pará para reduzir os
impactos ambientais causados pelo despejo de resíduos sólidos no Complexo Penitenciário do município, que hoje abriga oito unidades prisionais. A Susipe fez a doação de um caminhão compactador de lixo, com capacidade para 18 toneladas, à prefeitura, para que a coleta seja feita semanalmente e os dejetos, destinados de forma adequada. Por dia são produzidas cerca de três toneladas de lixo em todo o Complexo Penitenciário de Santa Izabel, que custodia mais de 2,7 mil mil detentos. O serviço de coleta começou a ser feito nesta quarta-feira (25).O termo de cooperação foi assinado pelo prefeito de Santa Isabel, Evandro Watanabe, e o superintendente da Susipe, André Cunha. É o primeiro convênio que a Susipe assina em 2017, e de acordo com o termo de cooperação, o caminhão compactador de lixo vai fazer a coleta dos resíduos no interior do Complexo Penitenciário de Santa Isabel três vezes por semana e também vai ser usado na coleta regular do município.
28 |
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
No município está prisional de todo Pará, então, não é m produzir alguma a população local. usava caçambas e para fazer a coleta, serviço te
Destacou André Cu
“Essa é uma parceria muito importante, que irá
Para André Cunha, a doação do caminhão tem o
beneficiar diretamente a população de Santa
objetivo de melhorar a qualidade de destinação
Isabel, pois esse caminhão será usado dentro
do lixo e contribuir para a preservação do
do Complexo Penitenciário e no serviço de
meio ambiente. “No município está localizado
coleta de lixo na área central do município,
o maior complexo prisional de todo o sistema
em benefício da população. Por dia, em Santa
penitenciário do Pará, então, não é mais do
Isabel, são produzidas cerca de 50 toneladas
que a nossa obrigação produzir alguma forma
de lixo”, disse o prefeito.
de compensação para a população local.
á localizado o maior complexo o o sistema penitenciário do mais do que a nossa obrigação forma de compensação para . Anteriormente, a prefeitura equipamentos improvisados , mas agora com o caminhão o erá mais qualidade”
Anteriormente, a prefeitura usava caçambas e equipamentos improvisados para fazer a coleta, mas agora com o caminhão o serviço terá mais qualidade”, destacou. A destinação final do lixo recolhido, dentro e fora do complexo penitenciário, é de responsabilidade da Prefeitura de Santa Isabel.
unha. Superintendente da Susipe
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
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SEGURANÇA
O
to
mo de
1.17
eletrô
Justiç
detenç No novo
24 horas p sentenciados
prisão domiciliar
saúde ou durante a
em janeiro de 2014, o
139 mulheres através da
“No início deste ano a Susipe as
o número de dispositivos e agora
Há também um projeto que está em fa convênio com o Departamento Penitenciári
Brasília, para adquirirmos cerca de 500
serão utilizados só para as audiênc
informou Robervaldo Araújo, dire Gestor de Monitoramento.
Por Giullianne Dias
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Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
O
Núcleo Gestor de Monitoramento (NGME), da
O Núcleo tem uma área de mais de 700 m² e agora
Superintendência do Sistema Penitenciário
conta com uma casa de passagem e um hotel de
do Estado (Susipe), inaugurou um espaço
trânsito. O custo total da obra chegou a R$ 120 mil
otalmente revitalizado para o atendimento de presos
reais, e os recursos foram repassados pelo Governo
onitorados eletronicamente na Região Metropolitana
do Estado.
Belém (RMB). Atualmente, o Estado possui
70 detentos que fazem o uso das tornozeleiras
A casa de passagem terá refeitório, cozinha e sala
rônicas, um dispositivo que tem sido utilizado pela
de convívio e poderá acolher detentos que saírem
ça para reduzir a superlotação nos centros de
de alvará ou livramento condicional, que residam no
ção de todo o Brasil.
interior do Pará ou em outro Estado do país e que não tenham condições financeiras para voltar de
espaço, servidores da Susipe acompanham
por dia, a rotina de internos que foram ou progrediram para regime aberto, em
r, que possuem licença para tratamento de
as saídas temporárias na capital. Criado
o NGME monitora hoje 1.031 homens e
as tornozeleiras eletrônicas.
ase de licitação, que é um o Nacional (Depen), em
0 equipamentos, que
cias de custódia”,
etor do Núcleo
terá alojamentos feminino e masculino, para agentes penitenciários que vêm de outros municípios do Pará ou de outros Estados e que estejam a trabalho; o espaço contará com cozinha, salas administrativas e um pequeno auditório para a realização de cursos e palestras.
ssinou um contrato que duplicou
a temos 2 mil tornozeleiras.
imediato ao local onde vivem. Já o hotel de trânsito
“Os espaços já foram todos reformados, pintados e aos poucos estamos trazendo os materiais necessários para o funcionamento e alojamento das pessoas, que passarem por aqui”, explicou Robervaldo Araújo. “Aqui no novo espaço realizamos a manutenção dos equipamentos e reparos, além da colocação das tornozeleiras, com a inclusão do detento no sistema de monitoramento, além do
atendimento psicossocial”, completou o diretor.
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O Centro Integrado de Operações (CIOP) monitora cada detento. Quatro equipes de três agentes penitenciários se revezam no CIOP, para acompanhar o dia a dia dos detentos, através de telões que mostram a localização do preso emitidos por satélite para a central. Saída temporária - Os detentos de unidades prisionais da RMB, que recebem o benefício da saída temporária também são monitorados eletronicamente. De acordo com dados do NGME, o uso do equipamento reduziu o número de não retornos. “Em 2013, nosso índice de nãoretorno nas festas de final do ano chegou a 13,02%. Em 2014, esse percentual caiu para 7,16%, no mesmo período, com o uso das tornozeleiras. Com isso registramos um decréscimo significativo de presos que não retornaram nas saídas temporárias, pois quando eles não voltam ou chegam fora do prazo, o juiz é comunicado e eles podem ter menos dias autorizados na próxima saída ou até mesmo perder o direito ao benefício”, informou o diretor. Fabrício dos Santos Silva, de 35 anos, usa a tornozeleira eletrônica. Ele foi preso em Salinas e sentenciado há 9 anos de prisão. Cumpriu parte da pena em regime fechado e em seguida foi transferido para a Colônia Agrícola de Santa Izabel (CPASI), mas pelo bom comportamento dentro do cárcere e por trabalhar, Fabrício passou apenas 1 mês no local e o juiz decidiu conceder o uso do equipamento eletrônico.
Hoje em dia eu mudei a minha vida, sou um homem trabalhador e penso em dar um bom futuro para minha família, pois sou pai de duas meninas e também casado. Vir do cárcere é uma lição pra qualquer um deixar o mundo do crime para trás e ver que realmente não compensa.” Disse Fabrício dos Santos Silva, interno. 32 |
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
“Aqui no novo espaço realizamos a manutenção dos equipamentos e reparos, além da colocação das tornozeleiras, com a inclusão do detento no sistema de monitoramento, além do atendimento psicossocial.” Expicou Robervaldo Araújo diretor do NGME.
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SEGURANÇA
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Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
Corregedoria Penitenciária estimula mudança na conduta de servidores penais Por Aline Saavedra
A
da
instruções, tratamos de prevenção
Superintendência do Sistema
e é motivo de muito orgulho termos
Penitenciário
Estado
chegado aos quatro cantos do Estado
(Susipe) manteve, em 2016, 100% de
e saber que hoje o servidor já tem
produtividade em suas ações preventivas
outra visão e respeita a Corregedoria.
e corretivas na gestão penitenciária do
Com as atuações desenvolvidas, o
Pará com a readequação na conduta
bom servidor se sente respaldado e
de servidores e consequente redução
valorizado, o transgressor melhora de
do número processos administrativos
comportamento ou deixa de pertencer
instaurados. Em 2015, foram abertos
ao quadro funcional do órgão, e o
429 processos. Já em 2016 foram 344.
gestor se sente mais seguro e confiante
Para o corregedor-geral penitenciário,
para desenvolver sua função”, explicou
Gustavo Holanda Dias, esta redução
Gustavo Dias.
Corregedoria-Geral do
é resultado de uma atuação mais efetiva do órgão, principalmente, em
O aumento no número de visitas e
decorrência das fiscalizações nas
correições ordinárias nas unidades
unidades prisionais no interior.
prisionais do interior tem possibilitado melhores resultados no trabalho da
“A Corregedoria realizou correições
Corregedoria Geral Penitenciária (CGP).
ordinárias em 83% das unidades
Em 2016, os municípios de Abaetetuba,
prisionais do Pará em 2016, e este
Capanema,
ano não será diferente. Nós fomos
Bragança e Marituba passaram por
até o interior, fizemos inspeções,
inspeções preventivas.
Marabá,
Parauapebas,
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
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PREVENÇÃO “Na
correição,
a
equipe
prisionais
Entre uma das principais ações
percorre os diversos setores
do Estado, desenvolvendo o
preventivas desenvolvidas pela CGP
administrativos e carcerários,
importante papel de orientação
da Susipe está o Programa Primeiro
avaliando
atividades
e prevenção. A prática de atos
Aviso, que foi inspirado no Programa
realizadas e as dificuldades
irregulares era mais propícia no
“Early Warning” das polícias dos
apresentadas.
do
interior pela distância com a sede
Estados Unidos e que tem caráter
um
administrativa e falta de abertura
preventivo e permanente com o
é
de processos que resultassem
monitoramento do servidor que
encaminhado para todos os
em medidas punitivas. Agora
apresente indícios de desempenho
setores competentes e demais
essa realidade mudou”, avalia
funcional
instituições ligadas ao sistema
Jaymerson Marques, corregedor-
programa, não há procedimento
penal apontando os problemas
penitenciário do interior.
administrativo formal, nem mesmo
as
trabalho,
Ao
é
relatório
final
emitido
propositivo
detectados
e
que
de
40
unidades
propondo
insatisfatório.
No
registro na ficha funcional, porém
soluções adequadas”, analisa o
Os mais de 300 procedimentos
o mesmo recebe um alerta e é
corregedor-geral.
administrativos
e
monitorado por três meses, podendo
concluídos pela CGP, em 2016,
se prorrogar por igual período e se
tiveram os seguintes objetos
ainda assim se fizer necessário,
como
de apuração: agressão física
ações corretivas são adotadas.
população
a detentos, tentativa de fuga
No
relatório
mais
de
são
100
avaliados
itens
estrutura
física,
carcerária,
acomodação
detentos,
procedimentos
instaurados
rebeliões
De acordo com a CGP, a necessidade
com morte, motim e outras
de se aplicar punições mais graves
equipamentos de revistas, ações
irregularidades
administrativas,
aos servidores penitenciários tem
biopsicossociais,
tais como facilitação de entrada
sido cada vez menor. Dos 101
de
de objetos ilegais (como telefones
servidores incluídos no programa
alimentação e medicações, e
celulares) e permissão de ingresso
Primeiro Aviso em 2016, 57 já
transporte
de visitantes sem cadastro nos
tiveram o seu monitoramento
centros de detenção.
finalizado,
educacionais,
dos e
atividades controle
operacional
para
audiências, entre outros.
de
presos,
óbitos,
e
destes
80,70%
apresentaram melhora na conduta “A realização dessas correições
Dos 344 processos instaurados,
profissional. “Quando o servidor é
ordinárias tem sido possível
118
a
incluído no Primeiro Aviso ele já tem
graças a lei de reestruturação
fugas de presos com rigorosa
ciência que não deve se envolver
da Susipe, que criou na estrutura
apuração acerca da conivência
em qualquer tipo de irregularidade.
da
e/ou negligência de servidores
Essa mudança de comportamento
penitenciários
casos
é gerada já de imediato logo no
69
primeiro monitoramento, o que
CGP,
regionais Região
as do
corregedorias Interior
Metropolitana.
e
da Com
foram
registrados.
relacionados
nos No
total,
essa divisão, os corregedores
servidores
algum
nos possibilita trabalhar com mais
regionais
a
tipo de punição, desde medidas
dedicação em processos que
responsabilidade pela presença
suspensivas até a exoneração
requerem mais atenção”, afirmou o
mais efetiva da CGP em mais
do cargo público.
corregedor-geral.
36 |
assumiram
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
receberam
Com as atuações desenvolvidas, o bom servidor se sente respaldado e valorizado, o transgressor melhora de comportamento ou deixa de pertencer ao quadro funcional do órgão, e o gestor se sente mais seguro e confiante para desenvolver sua função. Afirmou o corregedor-geral Gustavo Dias
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
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CIDADANIA
MUTIRÃO CARCERÁRIO BENEFICIA PRESOS DO COMPLEXO DE SANTA IZABEL Por Laís Menezes
“Quando consultaram meu histórico aberto, mas o problema é que as min a minha saída quando chegasse a dat importante esse tipo de atendimento,
Afirm 38 |
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
A
Fundação Pro Paz, em parceria
atendimento, mais de 500 internos
com a Superintendência do
sejam
Sistema
coordenador do Pro Paz Cidadania,
Penitenciário
do
Estado (Susipe), realiza durante esta
beneficiados”,
ressaltou
o
Roberto Oliveira.
semana um mutirão com atendimento social, judiciário e de saúde em
O benefício chegou para o interno Aldo
todos os presídios do complexo
Miranda, de 38 anos, que depois de
penitenciário de Santa Izabel. a ação
passar cinco anos sem a carteira de
ocorreu simultaneamente nos Centros
identidade conseguiu a segunda via
de Recuperação Penitenciário do Pará
da documentação. “Eu tinha perdido
I e II - CRPPI e CRPPII.
meu documento. É muito importante, porque quando sair daqui precisarei
No CRPPI, o dia foi de atendimento
dela para tudo, inclusive para conseguir
social com a emissão de documentos
emprego”, afirmou.
como certidão de nascimento, 1ª e 2ª via, carteira de identidade, carteira de
A coordenadora de Assistência Social
trabalho digital e fotos. Mais de 100
da Susipe, Régia Sarmento, falou
internos da unidade prisional foram
sobre a importância da ação. “Esse
atendidos.
levantamento e emissão de documento é de fundamental importância para os
“É uma ação conjunta que também
presos, não só para quando ganharem
conta com o apoio de equipes das
a liberdade, mas aqui dentro da
Secretarias de Estado de Justiça e
unidade prisional, porque é necessário
Direitos Humanos (Sejudh), Secretaria
documentação para que eles sejam
de Estado de Assistência Social,
inseridos em programas de educação,
Trabalho, Emprego e Renda (Seaster),
saúde e trabalho. Além do mais, hoje
Defensoria Pública (Vara Cível) e
a Justiça exige documento para que
Polícia Civil. “Acredito que aqui dentro
os presos possam sair em liberdade”,
do complexo, somente neste tipo de
explicou.
o viram que eu tinha um benefício de progressão para o regime nhas condenações não estavam unificadas, e isso poderia prejudicar ta. Agora isso será corrigido e eu estou muito satisfeito. Acho , porque às vezes não sabemos nada sobre quando vamos sair”
mou o detento Alef da Silva Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
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MUTIRÃO JURÍDICO Já internos custodiados no CRPPII
um interno que está bem informado
receberam ao longo do dia atendimento
de seu processo e vê que está em
jurídico realizado pela Diretoria de
andamento é muito melhor”, avaliou a
Execução Criminal (DEC) da Susipe.
analista jurídica do DEC, Cintia Rosa.
Depois de já ter passado por outros cinco presídios do complexo de Santa Izabel,
Esse foi o caso do detento Alef da
totalizando mais de 500 atendimentos,
Silva, de 21 anos, que depois de ter
a expectativa é de que cerca de 200
sua situação verificada foi constatada
internos tenham a situação processual
uma pendência que poderia interferir
revisada no Centro de Recuperação
em um benefício previsto para o
Penitenciário do Pará II.
mês de abril. “Quando consultaram meu histórico viram que eu tinha
40 |
No mutirão jurídico, a equipe do DEC
um benefício de progressão para o
faz análise de prontuário dos presos
regime aberto, mas o problema é que
para verificar benefícios com prazos
as minhas condenações não estavam
próximos ao vencimento ou já vencidos.
unificadas, e isso poderia prejudicar a
A informação é repassada ao Judiciário,
minha saída quando chegasse a data.
que toma as medidas necessárias para
Agora isso será corrigido e eu estou
a execução. Dentre os benefícios estão a
muito satisfeito. Acho importante esse
progressão de regime para o semiaberto
tipo de atendimento, porque às vezes
ou aberto e a remição de pena pelo
não sabemos nada sobre quando
estudo, leitura ou trabalho.
vamos sair”, afirmou o detento.
“O trabalho que fazemos aqui é para
A Coordenadoria de Saúde Prisional
dar um apoio ao Judiciário e até à
(CSP) da Susipe também realiza um
Defensoria
contribuindo
mutirão no complexo. Os atendimentos
para que a tramitação dos processos
já beneficiaram mais de 250 presos em
corra mais rápido, pois sabemos
seis casas penais, com atendimentos
que a demanda é grande. E como
médico, de enfermagem e de psicologia,
reflexo disso a casa penal também é
além de odontológicos e testes rápidos
beneficiada, pois o comportamento de
de HIV, Sífilis, Hepatite B e C.
Pública,
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
“Esse levantamento e emissão de documento é de fundamental importância para os presos, não só para quando ganharem a liberdade, mas aqui dentro da unidade prisional, porque é necessário documentação para que eles sejam inseridos em programas de educação, saúde e trabalho. Além do mais, hoje a Justiça exige documento para que os presos possam sair em liberdade” Afirmou a coordenadora de Assistência Social da Susipe, Régia Sarmento
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KÁTIA REGINA GONÇALV
46 anos. Atua na Susipe há 10 anos. Já trabalhou Hoje trabalha na Divisão de Educação Profission do ensino Profissionalizante. Graduada em Peda fez diversos cursos, entre eles, o curso de Cerim muito nos cerimoniais realizados pelo DEP, curs Recursos, que em muito colabora, para a elabora a execução de cursos aos custodiados nas uni fundamental importância, pois através dele pode de não mais reincidir, através da capacitação pr maior de empregabilidade no pós Cárcere.
SANDRA CAMPOS,
64 anos trabalha na Susipe há 26 anos. Há quatro anos está lotada na C do Servidor atuando como Assistente Social. Por 21 anos trabalhou Recuperação Silvio Hall de Moura, em Santarém. Formada em Ass do Brasil, está fazendo pós-graduação em Psicopedagogia Escolar. C Sandra, a experiência em lidar com a população carcerária foi um grand da sociedade que necessita de um atendimento que requer bom sens consolidada, pois para ela são ferramentas que ajudam no trato com ajuda necessária para que eles possam cumprir a pena e resgatar a cid atendimento, acolhimento e apoio ao servidor que está na linha de fren adquiridos nas duas pontas de atuação a engradecem e lhe dão muita s
SIMONE OLIVEIRA,
46 anos. Trabalha como Agente Administrativo n da Susipe há 23 anos. Possui vários cursos c Administração Financeira do Estado e Municípi longo de 23 anos de dedicação à Susipe, pode recursos do Sistema nos princípios da legalidade a responsabilidade na execução das tarefas é de com amor, respeito e serenidade o trabalho des pois ela sabe da responsabilidade e compromi reflete na imagem positiva para o órgão como um
ALFREDO MATOS,
21 anos iniciou suas atividades na Susipe como estagiário na Assesso de estágio finalizar ele se inscreveu no Processo Seletivo Simplifica Administrativo lotado na Assessoria de Comunicação. Hoje atua com gerenciando todas as redes sociais. Publicitário formado, já realizou vá de Mídias Sociais, Webdesigner, Informática e Assistente Administra oportunidade de emprego e representa o início da sua vida no mercado para realizar sua função que é a de manter as pessoas informadas em re sistema penitenciário do Estado.
42 |
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VES,
u na Unidade Penal de Mocajuba (CRRMOC). nal (DEP) como Coordenadora Pedagógica agogia e especialista em Psicopedagogia já monial no Corpo de Bombeiros, o que ajuda so de Projetos Pedagógicos e captação de ação de projetos e busca de parcerias para idades penais. Para ela seu trabalho é de er levar aos custodiados uma oportunidade rofissional, possibilitando uma expectativa
Coordenadoria de Assistência e Valorização u como Agente Penitenciário no Centro de sistente Social pela Universidade Luterana Com tantos anos dedicados a Susipe, para de aprendizado, pois trata-se de uma parcela so, além de uma formação moral bastante m a pessoa encarcerada, possibilitando a dadania. Hoje o aprendizado se ampliou no nte com essas pessoa, esses aprendizados satisfação. Em realizá-los.
na Coordenadoria de Recursos Financeiros como: Contabilidade Pública, Sistema de ios (SIAFEM) e Relação Interpessoal. Ao e observar o controle dos investimentos e e, pois para ela, o bem público é de todos e e fundamental importância. Ela acredita que senvolvido torna-se harmonioso e eficiente, isso que possui com suas atividades que m todo.
SER
VI DOR Espaço em reconhecimento a todos os homens e mulheres que, no seu labor diário, dedicam os seus esforços, conhecimentos técnicos e experiências profissionais à nobre missão de servir à sociedade paraense.
oria de Comunicação Social, após o período ado e passou para o cargo de Assistente mo Social Media da Susipe, administrando e ários cursos, entre eles, o de Monitoramento ativo. Para ele a Susipe foi a sua primeira o de trabalho, além de adquirir aprendizado elação a tudo o que acontece de positivo no
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Revista AlÊm Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
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Detentos irão realizar
SERVIÇOS DE MARCEN no Mangal das Garças Por Aline Saavedra
P
or meio do projeto Trilhas, o Parque Zoobotânico Mangal das Garças receberá o trabalho de revitalização feito por
detentos do sistema penitenciário do Estado do Pará. Eles irão construir bancos e mesas de madeira e em seguida revitalizarão toda a trilha que passa por trás dos espaços do viveiro das Aningas e do Farol de Belém. Eles também farão as substituições das peças no mirante. Um convênio assinado pelo superintendente do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe), André Cunha, e o presidente da Organização Social Pará 2000, Fabriano Fretes, que administra o parque, oficializou a parceria. O trabalho de marcenaria será feito por três internos do regime semiaberto custodiados no Centro de Progressão Penitenciária de Belém (CPPB), já a partir do próximo dia 10 de abril. Eles irão trabalhar oito horas diárias e serão remunerados com um salário mínimo, auxílio transporte e alimentação.
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NARIA
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As madeiras utilizadas para a construção e
privadas e públicas. A oportunidade que é dada ao
revitalização foram doadas pelo Instituto Brasileiro
interno significa uma vida transformada. Para nós
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
é um prazer enorme em assinar este convênio que
Renováveis (Ibama), totalizando 249,59m³ de
vai introduzir mais um tipo de serviço realizado
madeira, entre elas: 5,64m³ de Cumaru, 13,18m³
pelos internos do sistema penal no Mangal das
de Pequiá-Branco, 63m³ de Angelim-Vermelho e
Garças”, afirmou o superintendente da Susipe.
167,77m³ de Maçaranduba. Todo o produto foi apreendido de extração ilegal.
Este é o segundo projeto realizado entre a Pará 2000 e a Susipe. Em 2007, foi criado o projeto
48 |
As vagas oportunizadas por meio do convênio
“Transformando Vidas”, com o emprego de seis
possibilitarão uma mudança de vida aos internos,
internos da Colônia Penal Agrícola de Santa Isabel
além da qualificação profissional. “A Susipe está
(CPASI) que garantem a produção de 60 espécies
trabalhando continuamente para a ampliação
de plantas que alimentam lagartas e borboletas
do uso da mão-de-obra carcerária em iniciativas
do Parque Zoobotânico.
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O presidente da Pará 2000 avalia positivamente a
sistema penal. “Como o Mangal é um ambiente
união de iniciativas que o próprio Estado oferece,
de floresta, que necessita de manutenção
gerando economia e agregando valor social. “O
constante acreditamos que é um convênio
Estado nos oferece várias oportunidades. Este
que iremos precisar sempre. E a realização
convênio é importante por contribuir para a
deste segundo convênio com a Susipe é prova
reinserção social da pessoa presa, pois todos
de que o primeiro – realizado com os internos
que cometeram um erro devem ter uma nova
da colônia agrícola - deu certo”, revelou Vera
oportunidade de vida, além de utilizar recursos
Cascaes, gerente operacional da Pará 2000.
apreendidos para recuperação de um espaço público”, destacou Fabriano Fretes.
“A atividade fim da Susipe é fazer a custódia. Mas, só se pode recuperar o indivíduo do
Atualmente, a Susipe possui 28 contratos
regime semiaberto por meio dessas atividades”,
assinados onde a mão-de-obra carcerária é
finalizou o diretor de Reinserção Social da
utilizada, beneficiando mais de 500 internos do
Susipe, Ivaldo Capeloni.
Este convênio é importante por contribuir para a reinserção social da pessoa presa, pois todos que cometeram um erro devem ter uma nova oportunidade de vida, além de utilizar recursos apreendidos para recuperação de um espaço público” Destacou Fabriano Fretes, presidente da Pará 2000
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CAPACITAÇÃO
Por Giullianne Dias
I
nternas do Centro de Reeducação Feminino (CRF), em Ananindeua, município da Região Metropolitana de
Belém, estão colocando literalmente a mão na massa e produzindo pães, bolos e pizzas, dentro do centro de panificação da casa penal. O espaço, inaugurado em dezembro do ano passado no CRF, também foi instalado na Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (CPASI), pela
Superintendência
do
Sistema
Penitenciário do Estado (Susipe), com o objetivo de oferecer capacitação profissional para internos custodiados nos regimes fechado e semiaberto. A iniciativa faz parte do Projeto de Capacitação Profissional e Implantação de
Oficinas
executado
Permanentes pelo
(Procap),
Departamento
Penitenciário Nacional (Depen), que em convênio com a Susipe investiu mais de R$ 300 mil, com contrapartida do Estado de quase R$ 200 mil. O projeto visa à implantação de oficinas permanentes em estabelecimentos penais e oferta cursos contínuos para pessoas em cumprimento de pena. A primeira oficina já está em andamento, com a participação de 40 detentas, divididas em duas turmas. As aulas teóricas
começaram
no
início
do
fevereiro, e agora começa a fase de aulas práticas, que vai durar cerca de 30 dias.
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CENTROS DE PANIFICAÇÃO em unidades prisionais oferecem capacitação profissional
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Ant trabal mas er Eu não nã paga oportun eu sair fazia an
Contou a
APRENDIZADO “Durante as aulas elas aprendem
tinha a medida certa para nada. Aqui
também sobre empreendedorismo,
no curso nós estamos aprendendo a
adquirindo
para
fazer coisas mais complexas, como
abrir o próprio negócio após o
pães de rosa, beijo de moça, bolos
cárcere. Esse é o nosso principal
decorados. É tudo muito diferente,
objetivo. Nós fazemos com que elas
mas com calma vamos aprendendo.
percebam que têm capacidade de
Hoje, eu acho até que posso ser uma
aprender e também de colocar em
chefe de cozinha”, disse Ana Lúcia.
conhecimento
prática. Não é algo difícil, e elas têm se saído muito bem. Estão fazendo
Os centros de panificação contam
coisas deliciosas”, informa Meiry
com
Nunes, instrutora de culinária.
como masseira,
equipamentos
industriais,
forno,
cilindro
(para a mistura da massa), depósito
52 |
A interna Ana Lúcia da Silva, 47
e estufa, além de utensílios de
anos, uma das participantes da
cozinha industrial. “Esse projeto
oficina, disse que no início pensou
está sendo esperado desde 2012, e
não ser capaz de aprender, mas hoje
agora a nossa intenção é escoar a
já pensa em ter o próprio negócio.
produção, para que um dia seja feita
“Eu já cozinhava antes, mas era
a comercialização desses produtos.
aquela comida do dia a dia, só para
Tudo o que elas fazem é muito
as pessoas da minha casa. Então,
gostoso, então temos certeza que
tem muita diferença, até porque
será um sucesso”, afirmou Carmem
eu usava qualquer ingrediente, não
Botelho, diretora do CRF.
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tes de entrar aqui eu já lhava vendendo lanches, ram coisas muito simples. o tinha técnica e também ão tinha dinheiro para ar um curso. Essa é uma nidade muito boa. Quando r, vou fazer melhor do que ntes, e tenho certeza que o lucro será certo”,
a detenta Isabel Nascimento, 43 anos.
PROFISSIONALIZAÇÃO Atualmente, a Susipe conta com
Com isso, 20% da população carcerária
cerca de 3 mil internos envolvidos
estão em sala de aula. A Susipe, por
em atividades educacionais, o
meio do Procap, implementará cursos
que representa um aumento de
contínuos de capacitação profissional
50% em relação a 2015. São
em 19 unidades prisionais do Estado,
1.157 detentos em educação
ainda em 2017, incluindo marcenaria,
formal;
educação
corte e costura industrial, manutenção
não formal, e 267 em cursos
de microcomputadores e fabricação
profissionalizantes.
de fraldas.
1.578
em
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CAPACITAÇÃO
Detentas colocam em prática
CURSO DE ALVENARIA 54 |
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Por Laís Menezes
D
epois de um mês assistindo aulas teóricas, 17 internas do Centro de Recuperação Feminino (CRF) estão colocando em prática as técnicas apreendidas
no curso de pedreiro em alvenaria estrutural, ofertado por meio de uma parceria entre a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), via Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Literalmente com a mão na massa, as detentas aprendem sobre fundação, elevação de alvenaria, revestimento de chapisco e reboco, nivelamento de superfície, normas de alturas de vãos de portas e janelas, além de procedimentos para ordem e limpeza de material. Com a capacitação, as internas são qualificadas para o mercado de trabalho e ainda beneficiam a unidade prisional, que ganhará uma nova sala onde irá funcionar a prefeitura da casa penal. O professor de Construção Civil do Senai, Reinivaldo Malcher, explicou que diferente de quem trabalha na área sem conhecimentos técnicos, a capacitação irá garantir uma mão de obra de maior qualidade sem desperdício de material. “com o curso o aluno aprende a executar o trabalho de maneira correta, adotando os procedimentos de acordo com as normas técnicas e fazendo os traços específicos para a elevação da alvenaria. Isso traz mais qualidade à obra, sem contar que as orientações para o reaproveitamento de materiais evitam o desperdício e diminuem os gastos com a obra”, avaliou.
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No terceiro curso dentro da unidade prisional, Francisca Esquerdo, de 57 anos, contou que aproveita todas as oportunidades de capacitação que são oferecidas. “É muito bom para mim estar inserida em alguma atividade dentro do presídio, o que me permite ocupar a cabeça e ainda aprender um novo ofício. O trabalho nesse curso é bem puxado, mas todas damos conta, de sexo frágil não temos nada. Quem sabe quando sair para a liberdade eu não construa duas suítes na minha casa?”, comenta a detenta. Com planos de construir a própria casa ao término da pena, Raimunda Graciete do Amaral, de 49 anos, falou sobre o aprendizado em uma nova atividade. “Até fazer esse curso eu não tinha nenhuma experiência nessa área e nem mesmo acreditava que faria alguma coisa desse tipo, mas agora já estou planejando ensinar meus filhos e netos quando sair e construir a minha casa. Como já sei o que fazer vou poder economizar muito e também realizar um sonho”, declarou. Todo o material para a realização das aulas é fornecido pelo Pronatec. Em 2016, mais de mil vagas em cursos profissionalizantes foram ofertadas para detentos no Pará.
Até fazer esse curso eu não tinha nenhuma experiência nessa área e nem mesmo acreditava que faria alguma coisa desse tipo, mas agora já estou planejando ensinar meus filhos e netos quando sair e construir a minha casa. Como já sei o que fazer vou poder economizar muito e também realizar um sonho”, Declarou a interna Raimunda Graciete do Amaral, de 49 anos
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DEDICAÇÃO
DOS QUASE 15 MIL PRESOS NO PARÁ,
20% TRABALHAM
DENTRO OU FORA DOS PRESÍDIOS Por Giullianne Dias
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O
Pará tem atualmente 14.824 mil presos custodiados pela Superintendência do Sistema
Penitenciário do Estado (Susipe). Deste total, 20% estão envolvidos em alguma atividade profissional, dentro ou fora das unidades prisionais. O índice está acima da média nacional que é de 16%, segundo pesquisa nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Fora do presídio, é através de convênios firmados entre a Susipe e órgãos públicos ou empresas privadas, que os detentos têm a primeira oportunidade de se reinserir na sociedade e entrar no
“Hoje realocado no Hospital Ophir Loyola, todos os dias eu agradeço por ter tido essa oportunidade, pois daqui tiro meu sustento e consigo ter uma vida digna” Destacou Elizeu que agora cumpre pena no regime domiciliar.
mercado de trabalho. “Lá dentro eu sempre tive bom Elizeu Braga Ramos, de 25 anos, afirma
comportamento, estudei, terminei o
que a esperança de recomeçar surgiu
ensino médio, fiz vários cursos e logo
logo depois que ele saiu da Colônia
depois eu fui indicado para trabalhar na
Agrícola de Santa Isabel (CPASI), em
Systems. Hoje realocado no Hospital
maio do ano passado. “Cometi um erro
Ophir Loyola, todos os dias eu agradeço
do qual me arrependo até hoje, mas
por ter tido essa oportunidade, pois
estando lá eu percebi o quanto eu queria
daqui tiro meu sustento e consigo ter
mudar de vida e pra isso acontecer, eu
uma vida digna”, destacou Elizeu que
precisava ter uma atitude e recomeçar
agora cumpre pena no regime domiciliar.
do zero”, disse o egresso Eliseu Braga
Ele faz planos para o futuro e diz que
Ramos, de 25 anos.
sonha com um curso superior para construir uma carreira de sucesso.
Após concluir o ensino médio dentro
“Ainda hoje eu me dedico aos meus
da CPASI e passar para o regime
estudos, tiro três dias na semana para
semiaberto, Elizeu começou a trabalhar
fazer isso e frequento aulas de um curso
na Systems Copy, empresa que realiza
técnico em administração e assim que
atividades em impressão e através de
o curso acabar eu pretendo fazer uma
um convênio firmado com a Susipe,
faculdade e conseguir um emprego
terceiriza o trabalho de egressos para
nessa área. Ainda sou solteiro e novo,
órgãos públicos do Estado e também
então posso construir muita coisa, para
para desenvolver atividades dentro do
então um dia pensar em formar uma
escritório da empresa.
família”, afirma.
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Para
Fabiana
Carvalho,
supervisora
que no ano passado. “Nós fechamos o ano de
administrativa da Systems Copy, trabalhar
2016 com grandes parceiros, com empresas
com egressos alterou o conceito que a
que acreditam, assim como nós, que essas
empresa tinha. “As pessoas geralmente não
pessoas têm condições de mudar de vida.
tem uma visão positiva sobre o assunto,
Hoje, nós temos 26 convênios vigentes e já
no início há um receio e um medo, mas
temos mais 10 em fase de negociação, então
quando se começa a trabalhar com eles,
esperamos que em 2017 nós possamos
se percebe que é totalmente diferente do
dar mais oportunidade de ressocialização a
que se pensa. Eles dão muito de si para o
essas pessoas”, concluiu Izabel.
trabalho e não trazem problema algum. São pessoas que tem muita chance de crescer na empresa. Atualmente, há seis egressos trabalhando conosco e sempre que houver disponibilidade, vamos chamando mais para nossa equipe”, destacou Fabiana. Segundo levantamento nacional do Infopen, em 2014, o Brasil tinha uma população carcerária de mais de 600 mil presos. Desse total, mais de 100 mil trabalham, o que corresponde a 16% da população carcerária. No Pará, hoje a Susipe tem 1.823 internos envolvidos em atividades laborativas. Destes, 1.199 fazem algum tipo de trabalho dentro da unidade prisional; 171 fazem trabalho externo e outros 453 estão desenvolvendo alguma atividade através dos convênios firmados pela Susipe. Para Izabel Ponçadilha, da Coordenadoria de Trabalho e Produção da Susipe (CTP), a quantidade de presos inseridos no mercado de trabalho em 2017 deve ser bem maior do
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As pessoas geralmente não tem uma visão positiva sobre o assunto, no início há um receio e um medo, mas quando se começa a trabalhar com eles, se percebe que é totalmente diferente do que se pensa. Eles dão muito de si para o trabalho e não trazem problema algum. São pessoas que tem muita chance de crescer na empresa. Atualmente, há seis egressos trabalhando conosco e sempre que houver disponibilidade, vamos chamando mais para nossa equipe” Destacou Fabiana Carvalho, supervisora administrativa da Systems Copy
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EDUCAÇÃO
ARCA DA LEITURA
usa livros para promover a inclusão de detentos Por Walena Lopes
A
Arca da Leitura é um projeto de biblioteca móvel desenvolvido pela
Coordenadoria
de
Educação Prisional da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe)
que
tem
como
objetivo
estimular o hábito da leitura entre os internos dentro do bloco carcerário, possibilitando o contato com os livros e a ampliação do conhecimento das pessoas privadas de liberdade. O trabalho, iniciado em 2012 nos Centros de Recuperação I e II, do Complexo Penitenciário de Santa Isabel, na Região Metropolitana de Belém, conta hoje com 22 bibliotecas móveis na capital e em presídios de dez municípios do interior do estado. No projeto, uma estante móvel com 150 livros fica sob a responsabilidade de um interno, que leva o acervo até outros presos no bloco carcerário.
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Pensando em contribuir com novos horizontes e conhecimento para a população carcerária, o contador Messias Teodoro, 60 anos, procurou a Susipe e fez a doação voluntária de mais de 50 livros e 50 DVDs para que os internos possam ter contato com diversas obras literárias. “A leitura não pesa. Após ler um livro de 800 páginas você continua com o mesmo peso, mas com a cabeça diferente, mais leve e cheia de conhecimento. Com leitura as pessoas ganham consciência sobre suas atitudes e passam a tomar outra postura diante da vida. Percebem com mais clareza o que é certo e errado e procuram não fazer ao outro o que não gostaria que lhe fizessem”, diz. Dos livros doados ao acervo do projeto estão
Com leitura as pessoas ganham consciência sobre suas atitudes e passam a tomar outra postura diante da vida. Percebem com mais clareza o que é certo e errado e procuram não fazer ao outro o que não gostaria que lhe fizessem”
obras da literatura russa, de autores como Fiódor Dostoiévski e Nikolai Gogol, além de obras consagradas da literatura brasileira, entre elas “Grandes Sertões Veredas”, de
Disse Messias Teodoro, 60 anos, doador de livros.
João Guimarães Rosa, e ainda livros de Ariano Suassuna e Euclides da Cunha. Para o diretor de Reinserção Social da Susipe, Ivaldo
“Fazemos
a
seleção
dos
títulos
e
Capeloni, esta é uma excelente iniciativa para
distribuímos entre as casas penais que
que a sociedade participe de forma ativa na
atuam com o projeto, e cada unidade
reconstrução dos detentos. “Ficamos muito
tem o próprio acervo. Além de criarmos
felizes com esse tipo de iniciativa, que mostra
a oportunidade da leitura para estes
que muitas pessoas querem participar de
internos, damos treinamentos para que
forma ativa na recolocação e no incentivo à
possam servir de monitores aos internos
educação das pessoas que se encontram
que estão no regime fechado e não podem
privadas de liberdade”, analisa.
ir até a biblioteca”, explica a bibliotecária Sheila Cunha.
A seleção dos livros doados para o projeto
66 |
passa por triagem e catalogação feitas por
O projeto de biblioteca móvel está
uma bibliotecária que trabalha diretamente
presente em unidades prisionais de Belém,
com os acervos dos livros que são destinados
Marituba, Santa Izabel do Pará, Castanhal,
às bibliotecas das unidades prisionais. Após
Capanema, Salinópolis, Bragança, Cametá,
a seleção e classificação dos títulos, eles são
Mocajuba, Marabá, Itaituba, Paragominas
direcionados às casas penais participantes.
e Tomé-Açu. A iniciativa da doação deve
O acervo da Arca da Leitura conta hoje com
ampliar o universo de possibilidades da
mais de 20 mil livros didáticos e paradidáticos.
leitura aos detentos.
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SERVIÇO Quem quiser doar livros ao projeto Arca da Leitura pode procurar a Coordenadoria de Educação Prisional da Susipe, em Belém, na Rua dos Tamoios, 1.592, em Batista Campos, das 8h às 14h, de segunda a sextafeira, ou ligar para o telefone (91) 3239-4245.
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EDUCAÇÃO
NO PARÁ MAIS DE 50 DETENTOS SÃO APROVADOS NO ENEM 58% a mais que no ano passado
Por Laís Menezes
D
epois de atingir o maior
prisional atinge novo recorde,
educacionais com qualidades
número de participação
contabilizando 57 detentos
nas unidades penitenciárias.
nas provas do Enem
aprovados no Enem PPL
Sabemos
Privadas
2016. O número representa
ainda mais incluir internos em
de Liberdade (PPL) 2016,
aumento de 58% em relação às
atividades educacionais, por
levando 720 internos para as
aprovações do ano passado.
esta ser uma das formas de
para
Pessoas
salas de aula de presídios e
68 |
que
precisamos
reinserção social. É um grande
centrais de triagem da Região
“A cada aplicação do exame,
trabalho de todos que fazem
Metropolitana de Belém e do
superamos as expectativas.
a educação no cárcere”, diz a
interior do Estado nos dois
Isso comprova que estamos
coordenadora de Educação
dias de exame, a educação
fortalecendo
Prisional, Aline Mesquita.
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
as
ações
Após
os
resultados,
os
O
Presídio
Estadual
detentos serão inscritos de
Metropolitano
acordo com a pontuação
em Marituba, foi a unidade
obtida no exame para uma
prisional com o maior número
vaga na universidade pelo
de aprovações, 13 no total. Em
Programa Universidade para
segundo lugar ficou a Central
Todos (ProUni), que oferece
de Triagem Metropolitana II
bolsas parciais ou integrais
(CTM II), em Ananindeua, com
na
para
seis detentos aprovados. No
pessoas de baixa renda ou do
interior do Estado, o Centro de
Sistema de Seleção Unificada
Recuperação Agrícola Silvio
(Sisu), que oferece bolsas
Hall de Moura (Crashm) e a
de estudo na rede pública.
Central de Triagem de Marabá
Eles também poderão usar
(Ctmab) foram as casas
o resultado da prova para
penais com o maior número
obter a certificação do ensino
de
médio.
internos em cada unidade.
rede
particular
aprovados,
I
(PEM
com
I),
três
Sala de aula no Presídio Estadual Metropolitano I (PEM I), em Marituba.
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Fiquei muito feliz quando soube que tinha sido aprovado. Agora minha expectativa é a classificação no Sisu. Eu me inscrevi para Saneamento Ambiental como primeira opção e Estatística como segunda. Tenho o sonho de fazer uma faculdade, e quem sabe será essa a minha oportunidade” Anseia o interno Diógenes Freitas, 35 anos
70 |
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
Eu lia muito, tinha conteúdo,
dei, além da criação de grupos de
mas não sabia como aplicar o
assistência para fazer a coleta e
conhecimento. Foi com esses
arrecadação alimentos que ainda
aulões que tive um norte para
podem ser aproveitados”.
fazer a prova. Os professores deram muitas dicas que foram
Também custodiado no CTM II,
essenciais, como analisar muito
o interno Diógenes Freitas, 35
bem o enunciado da questão
anos, participou do Enem. Foi
e fazer uma boa interpretação.
logo na primeira tentativa que
Eles explicaram que poderíamos
fez a pontuação mais alta entre
encontra as respostas, algumas
os aprovados da casa penal,
vezes, no próprio comando, e isso
totalizando 3.086 pontos na
aconteceu mesmo”, conta.
somatória das provas. “Comecei minha preparação intensiva dois
Maior nota da redação entre
meses antes do exame. Tenho
os
II,
facilidade na área de exatas, e
contabilizando 760 pontos, o
acho que isso contribuiu para a
interno afirmou que não sentiu
minha pontuação. Fiquei muito
dificuldade para desenvolver o
feliz quando soube que tinha
tema sobre as alternativas para
sido aprovado. Agora minha
a diminuição do desperdício de
expectativa é a classificação
alimentos no Brasil. “Nesses
no Sisu. Eu me inscrevi para
dois anos que estou aqui, tenho
Saneamento Ambiental como
praticado muito a leitura, e
primeira opção e Estatística como
isso me ajudou bastante na
segunda. Tenho o sonho de fazer
hora de fazer a redação. Nesse
uma faculdade, e quem sabe
tema abordei a trajetória dos
será essa a minha oportunidade”,
alimentos, que considerei o
anseia. Caso seja classificado
principal motivo do desperdício,
para o ensino superior, o interno,
no momento do transporte e
que cumpre o regime fechado,
distribuição. O empenho de todos
dependerá de autorização judicial
para evitar isso foi a solução que
para cursar a universidade.
aprovados
do
CTM
CONQUISTA Aprovado no Enem PPL e agora com a expectativa de ingressar no ensino superior pelo Sisu, o detento Nivaldo Barros, 48 anos, fez pela segunda vez o exame na casa penal (na primeira ele não foi aprovado). Durante a preparação para a prova, ele frequentou os aulões do Pro Paz ministrados na unidade e teve a ajuda de amigos e familiares que levavam material de estudo nas visitas. Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
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RESULTADOS
EDUCAÇÃO DE PRESOS no Pará está acima da média nacional Por Giullianne Dias
O
percentual de detentos
de 2016, 20,18% dos presos
está livre, mas principalmente
que estão dentro da
custodiados no Pará estavam
para quem está privado da
sala de aula, no Pará,
envolvidos em alguma atividade
liberdade.
é quase duas vezes maior do
educacional. Em um ano, o
a
que o índice nacional, que é de
número de alunos cresceu 50%
reinserção social do indivíduo
12,8%, segundo levantamento
nos presídios paraenses.
privado de liberdade ao meio
do Departamento Penitenciário
72 |
“A
principal
educação ferramenta
é de
social. É só por ela que é
Nacional (Depen). Dados da
Para
de
possível pensar num novo
Superintendência do Sistema
Educação Prisional da Susipe,
horizonte, após o tempo de
Penitenciário do Estado (Susipe)
Aline Mesquita, a educação é
cumprimento
apontam que em dezembro
fundamental não só para quem
cárcere”, diz.
Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
a
coordenadora
da
pena
no
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Segundo a Lei 12.433, de 2011, os
quem está privado de liberdade”, explica.
detentos têm o direito de reduzir a pena
“Hoje já ofertamos uma série de cursos
frequentando aulas regulares dentro da
profissionalizantes, por meio do Projeto
prisão. A cada 12 horas de frequência
de Capacitação Profissional (Procap)
escolar, reduz-se um dia de pena a cumprir.
e do Programa Nacional de Acesso ao
O Estado tem a obrigação de garantir a
Ensino Técnico e Emprego (Pronatec),
assistência à educação dos detentos.
do governo federal que capacitam
No Pará, das 44 unidades prisionais do
esses internos para o mercado de
Estado, 33 contam com salas de aula. De
trabalho. Em 2016, mais de dois mil
acordo com a Coordenação de Educação
detentos foram certificados em cursos
Prisional da Susipe, em 2016, 3.002
profissionalizantes. O estudo é, portanto,
internos terminaram o ano regularmente
uma excelente oportunidade de geração
matriculados. No mesmo período de
de emprego e renda para a população
2015, esse número era de 2.084 alunos
carcerária”, avalia Capeloni.
nas penitenciárias estaduais. Atualmente,
dos
14.876
detentos
“Tivemos o crescimento notável de quase
custodiados pela Susipe, 1.157 participam
50% no número de detentos em sala de
da educação formal (alfabetização,
aula. Além dos ensinos fundamental
ensino fundamental, médio e superior);
e médio, os detentos têm a chance de
1.578
cursar ainda o ensino profissionalizante
complementares (cursos livres, aulas de
e também o superior, fora da prisão,
dança, aulas de violão, entre outros) e
com autorização da Justiça. Hoje temos
267 fazem os cursos profissionalizantes
15 detentos que já cursam faculdade.
(cursos voltas pra formação profissional,
Nosso trabalho é garantir o acesso à
como: mecânica de motos, pedreiro,
educação do maior número possível de
alvenaria e panificação, entre outros).
participam
de
atividades
reeducandos”, destaca Aline. No Pará, as aulas do ano letivo de 2016
74 |
O diretor de Reinserção Social da Susipe,
nos presídios de todo o Estado seguem até
Ivaldo Capeloni, explica que como
março. “Com esforço e confiança a meta de
muitos detentos já passaram da idade de
universalização do ensino no sistema prisional
conclusão dos estudos, é necessário dar-
do Pará está sendo cumprida. Esperamos
lhes motivação para incentivá-los a voltar
em 2017, aumentar ainda mais o número de
para a sala de aula. “A educação formal
detentos em sala de aula e com isso contribuir
está atrelada à educação informal, então
de forma efetiva para a reinserção social dos
estamos sempre buscando uma forma
reeducandos no mercado de trabalho”, finaliza
de tornar o ensino mais interessante para
Ivaldo Capeloni.
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A educação formal está atrelada à educação informal, então estamos sempre buscando uma forma de tornar o ensino mais interessante para quem está privado de liberdade” Expica Ivaldo Capeloni, diretor de Reinserção Social da Susipe
Em 2016, mais de dois mil detentos foram certificados em cursos profissionalizantes.
“Tivemos o crescimento notável de quase 50% no número de detentos em sala de aula. Além dos ensinos fundamental e médio, os detentos têm a chance de cursar ainda o ensino profissionalizante e também o superior, fora da prisão, com autorização da Justiça. Hoje temos 15 detentos que já cursam faculdade. Nosso trabalho é garantir o acesso à educação do maior número possível de reeducandos. Destaca Aline Mesquita coordenadora de Educação Prisional da Susipe.
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ESPECIAL MULHER
Detentas realizam o sonho da
MATERNIDADE dentro do cárcere
Por Giullianne Dias
C
arla Maiara Gomes, 25 anos, acabou de dar à luz ao pequeno Kelvin. Cumprindo
pena por tráfico de drogas no Centro de Reeducação Feminino (CRF), em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, ela viu a vida começar a mudar quando descobriu que estava grávida. A detenta foi transferida para a Unidade MaternoInfantil (UMI) da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), espaço de acolhimento criado em março de 2013 para dar às mulheres presas condições de terem o acompanhamento prénatal durante a gestação e poder ficar ao lado da criança até ela fazer um ano de idade.
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“Já tenho outros filhos, mas este é o primeiro que nasce dentro do presídio. No começo tive muito medo, não imaginava como ia fazer para cuidar do meu filho. Até o dia em que conheci a UMI. Fiquei mais tranquila, porque vi que é um espaço bom para o bebê ficar, pelo menos por um tempo, até ele ir embora para casa” Diz a detenta Carla Maiara Gomes, 25 anos
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Já tenho outros filhos, mas este é o primeiro que nasce dentro do presídio. No começo tive muito medo, não imaginava como ia fazer para cuidar do meu filho. Até o dia em que conheci a UMI. Fiquei mais tranquila, porque vi que é um espaço bom para o bebê ficar, pel menos por um tempo, até ele ir embora para casa” Diz a detenta Carla Maiara Gomes, 25 anos
FAMILIARIZAÇÃO
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As detentas são acompanhadas desde o pré-
“Todo mês é feito o mesário do bebê, e quando
natal. Elas fazem todos os exames comuns
ele completa um ano fazemos o aniversário
a qualquer mulher grávida, para monitorar
e convidamos os avós e o pai. Quando vai
qualquer tipo de risco ao bebê. “Elas têm uma
se aproximando o desligamento da criança
caderneta, com todo o acompanhamento
da mãe, pedimos que a pessoa que vai ficar
da gestação, até o bebê nascer”, explica a
responsável passe a frequentar mais o
diretora do CRF. Quando completam um ano,
espaço, para fazer a familiarização e também
as crianças são entregues para as famílias das
para aprender as necessidades do bebê”, diz
detentas ou para os pais.
Carmem Botelho.
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m s
lo r
Todos os cuidados necessários com os bebês são de responsabilidade das próprias mães. Elas dão comida e banho e trocam as roupas e fraldas dos filhos. Antes das crianças nascerem, elas ocupam o tempo fazendo cursos de artesanato e corte-costura. “Aqui a gente aprende a cuidar dos nossos filhos. Lá fora tem família para ajudar, mas aqui a gente precisa aprender a se virar. Aprendemos a fazer massagens no bebê, quando eles tiverem cólica, por exemplo, e também a amamentar”, conta a interna Carla Gomes.
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SAÚDE
Pará é o único estado a instituir Dia D de combate à tuberculose nos presídios Por Aline Saavedra
N
o Brasil, a cada ano
Penitenciário
Estado
de detenção da capital e do
são
(Susipe) realizou uma palestra
interior, a Susipe vem atuando
70
com os servidores do órgão
na
mil novos casos de tuberculose,
sobre a doença, além de testes
alertando sobre a importância
de acordo com o Ministério da
rápidos de HIV.
do
notificados
aproximadamente
do
Saúde. São mais propensas à
80 |
doença
as
prevenção
da
diagnóstico
doença, precoce,
capacitando os profissionais da
populações
No Pará, em 2016, 219 detentos
área da saúde e conscientizando
indígenas, moradores de rua,
custodiados pela Susipe foram
os internos sobre a importância
portadores de HIV e pessoas
diagnosticados com a doença
de manter o uso das medicações
privadas de liberdade. Nesta
nos presídios paraenses. Nos
ao longo do tratamento. A meta é
sexta-feira, 24, Dia Mundial
dois primeiros meses de 2017,
reduzir o número de ocorrências
de Combate à Tuberculose, a
o número de casos registrados
da
Superintendência do Sistema
já chega a 28. Nos 45 centros
prisionais do Estado.
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doença
nas
unidades
Diagnóstico Tosse, febre, dor de cabeça e no corpo foram os sintomas que levaram o interno Eliezer Pereira da Silva, de 36 anos, a buscar os cuidados médicos do Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC), onde cumpre pena. Eliezer nem desconfiava, mas estava com tuberculose, uma doença infecciosa crônica, que atinge principalmente o pulmão, causada pela bactéria Mycobacterium Tuberculosis. “Eu pensei que fosse uma virose, jamais desconfiava que estava com tuberculose. Só depois que a ficha caiu. Na hora que eu soube, eu realmente fiquei com medo de que ela se agravasse mais e eu viesse a morrer”, relatou Eliezer. “Os medicamentos usados no tratamento são fornecidos pelas secretarias de saúde do município onde o paciente se encontra. Para quem está detido no interior, o exame é feito pelas secretarias de saúde local. Quando o caso é considerado mais grave, o interno é referendado para
No momento em que a pessoa chega às centrais de triagem já é feita uma avaliação, se houver suspeitas o exame é feito e, se confirmado, de imediato damos início ao tratamento. O processo de capacitação e a conscientização dos internos faz com que os profissionais da área da saúde reconheçam casos suspeitos e os internos busquem espontaneamente o médico. Se existem mais casos descobertos, com certeza são mais casos tratados e vidas salvas” Explica Adriana Silva, titular em exercício da DAB Susipe
atendimento com um especialista na rede externa de atendimento”, explica Adriana Silva, titular em exercício da Diretoria de Assistência Biopsicossocial (DAB) da Susipe. Durante o tratamento, o detento é acompanhado semanalmente pela equipe médica para verificar se houve incompatibilidade com a medicação, se caracteriza outro tipo de tuberculose ou se há a multirresistência da bactéria, quando neste caso a medicação é feita todos
PORTARIA DA SUSIPE INSTITUI ATIVIDADES EDUCATIVAS E DE PREVENÇÃO DA DOENÇA A portaria de número 762 de 2016 da Susipe institui o dia 15 de dezembro como o Dia “D” de Combate à Tuberculose no âmbito do sistema penitenciário, tornando o estado, a única unidade federativa que tem um dia alusivo ao combate da doença nos presídios do país.
os dias de forma endovenosa.
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ORGÂNICOS
PROJETO VEM PRA FEIRA
comercializa produtos cultivados por detentos Por Timóteo Lopes
O
projeto “Vem pra Feira”, realizado pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe),
em parceria com o Pro Goeldi, atraiu diversos consumidores ao museu, em busca de produtos naturais (orgânicos) cultivados por detentos na Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (CPASI). Foram comercializadas hortaliças, frutas, farinha, tucupi e plantas ornamentais, além de utensílios de madeira e artesanato.
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A geóloga Renata Veras aproveitou a oportunidade para fazer a feira da semana. “Eu já sabia do projeto porque eu sigo o Museu em uma rede social e vi na programação que teria a feirinha hoje. Como é perto de casa, eu aproveitei para dar um pulinho aqui. Eu sempre prefiro produtos naturais e no supermercado é difícil de encontrar”, destacou a geóloga, que já sabia que os produtos eram cultivados por detentos. “É um excelente projeto. Na prisão, eles passam a maior parte do tempo ociosos, então se tiver alguma coisa pra fazer é bem melhor. Os produtos são muito bons”, avaliou.
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O detento Jhonatan do Nascimento
suinocultura, palmípedes e fruticultura,
trabalha em um outro projeto firmado
tudo voltado para a agricultura familiar.
pela Susipe, que utiliza a mão de obra
Nós temos uma equipe de profissionais,
carcerária para gerar emprego e renda
com técnicos agrícolas e engenheiros
aos internos. Mas, nos dias de feira
agrônomos
no museu, ele ajuda na venda dos
conhecimento aos internos e com isso
produtos e aproveita a oportunidade
eles já saem capacitados. As feiras
para rever a família.
no museu deram mais visibilidade ao
que
transmitem
seu
projeto. Estamos um sábado por mês “Eu trabalhava no projeto do borboletário
aqui e o resultado está sendo muito
do Mangal, da Secult, e agora trabalho
positivo”, afirma Reinaldo Nascimento,
na Sesan, com a podagem de plantas
coordenador do Projeto Nascente.
ornamentais nas praças da cidade. Na minha folga, aos sábados, quando me convidam para vender os produtos na feira eu sempre venho. É bom pra gente sair um pouco do cárcere. Hoje, minha irmã veio me visitar e também aproveitou para fazer umas comprinhas”, contou Jhonatan. “É muito bom para eles participarem da venda dos produtos, para se distrair e ter contato com outras pessoas. Aqui, eles também explicam pra gente que os produtos são cultivados na colônia de forma natural e sem agrotóxicos”, destacou a dona de casa Cileide do Nascimento Brito, irmã de Jhonatan.
Para quem pratica atividades físicas em torno do museu, a feira é uma oportunidade
O “Vem pra Feira” é resultado do Projeto
também para comprar presentes. O
Nascente, que capacita os internos da
estudante Gabriel Pontes foi caminhar
CPASI no trabalho com a agricultura
no museu e comprou uma roseira para
familiar. Além de alimentos mais
a namorada. “Estávamos passando aqui
saudáveis, a feira também oferece
pela frente e nos convidaram para entrar
produtos em média 20% mais baratos
na feira. Achamos o local muito bonitinho.
em relação ao preço praticado nos
Aí como o aniversário dela está chegando,
supermercados da cidade.
aproveitei para comprar um presentinho”, disse o estudante. “Eu adorei a roseira. Mas
“Toda nossa produção é livre de
esse é só o presente de aniversário, ainda
agrotóxicos.
falta o de namoro”, brincou a namorada, a
Na
CPASI,
hoje,
40
detentos trabalham com horticultura,
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estudante Mahely Silva.
Equipe organizadora do projeto Vem pra feira no Museu Emílio Goeldi em Belém
Eu trabalhava no projeto do borboletário do Mangal, da Secult, e agora trabalho na Sesan, com a podagem de plantas ornamentais nas praças da cidade. Na minha folga, aos sábados, quando me convidam para vender os produtos na feira eu sempre venho. É bom pra gente sair um pouco do cárcere. Hoje, minha irmã veio me visitar e também aproveitou para fazer umas comprinhas” Contou Jhonatan do Nascimento
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INCLUSÃO SOCIAL
PROGRAMA CREDCIDADÃO oferece crédito a ex-detentos
Por Guillianne Dias
O
CredCidadão,
quem tem pouco ou nenhum recurso
do governo do Estado -
para investir. Foi o caso de João Paulo
que abre linha de crédito
Pimentel, de 33 anos. Ele passou
microeempreendedores
e
mais de 10 anos no cárcere. Quando
passou a atender egressos da
saiu, encontrou algumas dificuldades
Superintendência
Sistema
até conseguir abrir o próprio negócio.
Penitenciário do Estado (Susipe)
“Logo que saí do presídio comecei a
desde junho deste ano - fechou
vender cosméticos. Mas ainda era
o ano com um balanço de R$ 34
algo muito pequeno para sustentar,
mil já disponibilizados para os
minha esposa, minhas 2 filhas e eu. Eu
ex-detentos. Os recursos foram
vivia agoniado e cheio de dívidas. Até
investidos em pelo menos oito tipos
as parcelas da minha casa atrasaram
de empreendimentos.
e eu fiquei com muito medo de perder
para
programa
do
a minha morada. Foi quando um
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O CredCidadão estabelece linhas de
amigo me falou sobre o Credcidadão
microcrédito com baixo custo para
e eu fui atrás”, conta João Paulo.
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Fôlego Para ele, o programa possibilitou
empreendedor começou ainda
uma mudança de vida e ainda
no presídio, em 2008. “Quando
permitiu que ele ajudasse outras
eu saí, em 2012, já tinha tudo
pessoas. “O pouco que eu tinha,
planejado, como eu ia fazer. Os
hoje se transformou em muito pra
dois primeiros anos foram muito
mim. Com o dinheiro, eu consegui
difíceis. Eu queria montar um lava
abrir um mercadinho. Agora eu
jato e comecei com apenas uma
consigo pagar minhas contas e
mangueira, lavando carros na
ainda sobra. Nesse final de ano,
frente da minha casa. Passei por
por exemplo, eu fiz uma ceia na
muitas dificuldades, mas consegui
minha casa e fiz outra no meio da
o que eu tenho hoje”.
rua, para quem quisesse participar. Não cobrei nada de ninguém. Era
Celso disse que descobriu o
só uma forma de ajudar, pois eu sei
crédito
que aqui no meu bairro tem muita
acaso, através de um funcionário
gente que não tem condições. Eu
do sistema penitenciário. Hoje
também doei brinquedos e lanches
agradece à Susipe por ter tido
para crianças carentes e fiz uma
essa oportunidade. “Eu nunca
ceia para moradores de rua. O
imaginava
pouco que eu tenho, eu consigo
cheguei. Descobri a linha de
ajudar as pessoas”.
crédito em uma das vezes que
do
Credcidadão
chegar
até
por
onde
fui à Susipe e uma pessoa me Ter o próprio negócio é o
orientou”.
sonho da grande maioria dos brasileiros. De acordo com uma
Celso já tinha planos de começar
pesquisa feita pela Amway Global
seu negócio dentro da igreja
Entrepreneurship Report, com 50
onde trabalhava. Lá havia quatro
mil entrevistados em 48 países,
terrenos e o cederam um para
82%
empreender
iniciar o lava-jato. Com o crédito,
um dia e 66% se consideram
comprou os materiais necessários.
aptos para o desafio. No resto
“Posso dizer que isso tudo foi uma
do mundo esses percentuais
renovação na minha vida. Assim
são bem menores: 56% e 46%,
como me ajudaram, agora ajudo
respectivamente.
outras pessoas”. Com Celso, 18
desejavam
egressos já vêm trabalhando.
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Para Celso Fernandes, de 42
“Tenho certeza que todos também
anos, o sonho de se tornar
têm chance de crescer na vida”.
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Oportunidades De acordo com a diretora do CredCidadão,
Tetê
Santos,
dar
acesso a pessoas em situação de risco é um trabalho de resgate social. “É muito importante que os egressos também tenham acesso ao crédito. Essa é uma oportunidade de retomar a vida através de um negócio próprio, fazendo com que eles se integrem à família novamente e também gerem renda, melhorando a suas condições financeiras”. Avaliando
como
muito
boa
a
parceria entre o Credcidadão e a Susipe, a diretora do CredCidadão quer estender o programa a outros municípios”. Para a responsável pela Coordenação de Assistência ao Egresso e Família (CAEF) da Susipe, Neide Azevedo, que faz o cadastro dos internos e famílias para os programas de apoio ao egresso, o crédito possibilita uma grande mudança de vida. “ É uma transformação de vida. A saída do cárcere esbarra em vários
“Quando eu saí, em 2012, já tinha tudo planejado, como eu ia fazer. Os dois primeiros anos foram muito difíceis. Eu queria montar um lava jato e comecei com apenas uma mangueira, lavando carros na frente da minha casa. Passei por muitas dificuldades, mas consegui o que eu tenho hoje”.
tipos de preconceitos, e é muito difícil conseguir um emprego. Com esse crédito, eles se tornam donos do próprio negócio. Isso melhora até a autoestima dessas pessoas”.
Celso Fernandes, de 42 anos Revista Além Muros - janeiro, fevereiro e março de 2017
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