MUDE SUA VIDA.
A VIDEIRA Podas e cortes
Os tempos da vida Hรก um para cada coisa
Manga de aniversรกrio Persista
MUDE O MUNDO.
Volume 17, Número 8
C O N TATO P E S S O A L prove o fruto Faz alguns anos, a Contato publicou uma série especial sobre o que Paulo, em sua carta aos cristãos da Galácia, chamou “frutos do Espírito”.1 Os artigos trataram de cada um destes frutos: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.2 Ao reler a série, percebemos que não havíamos desenvolvido o conceito de fruto com a profundidade devida e é o que vamos corrigir nesta edição. Há várias menções na Bíblia sobre frutos literais: azeitonas, uvas, figos, etc., mas o termo também é frequentemente usado metaforicamente para descrever as ações, os resultados e as realizações das pessoas. Em sua última noite com seus discípulos, Jesus os incumbiu de produzir frutos: “Vocês não me escolheram, mas os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça.”3 Como um cristão produz fruto? Essencialmente, tornando-se cada vez mais semelhante a Jesus — em outras palavras, sendo mais como ele — e espalhando seu reino na Terra, em palavra e em ações. É um tremendo desafio, mas Jesus não nos deixa para fazermos essa tarefa sozinhos. Ele é a videira, somos os ramos e dele obtemos força, alimento, proteção e energia. Seus seguidores devem permanecer conectados a ele, para que os frutos espirituais se manifestem em suas vidas, caráter e prioridades. Conforme passarmos tempo com Jesus e o conhecermos melhor, tornamo-nos mais como ele, abraçamos seu propósito para que se torne o nosso e somos compelidos a traduzir nossa fé em ações.
Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.
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Editor Mário Sant'Ana Design Gentian Suçi Diagramação Angela Hernandez Produção Samuel Keating
Mário Sant’Ana Editor © 2016 Activated. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana. A menos que esteja indicado o contrário, todas as referências às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição
1. Ver Gálatas 5:22–23. 2. Edições de fevereiro a outubro de 2013, disponíveis em www.activated.org/br/. 3. João 15:16 NVI 2
Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.
A Videira Joyce Suttin
Uma das mais agradáveis memórias de infância que trago
comigo é a de deitar no banco sob a videira na casa de minha avó, em um dia quente de verão, deliciando-me com as uvas colhidas na hora. Anos depois, quando estava no processo de me mudar para uma propriedade rural na Itália, em uma região na produtora de uvas, imaginava um lugar cheio de bancos confortáveis para deitar. Mal acreditei quando, lá chegando, encontrei o que parecia uma cena de devastação, com imensas extensões de terra quase sem vida. O único verde que se via era dos minúsculos rebentos que se projetavam acima das velhas raízes. Explicaram-me que as videiras eram derrubadas todos os anos para que tivessem uma melhor produção na próxima colheita. Aquele campo estava longe de ser bonito, mas era muito produtivo. 1. João 15:1–2
Foi impressionante ver como, em pouco tempo, as novas vinhas cresceram sob o sol toscano. As gavinhas surgiam, cresciam e se misturavam rapidamente para compor o quadro viçoso do novo crescimento e da nova geração de uvas verdes das quais em breve viria o delicioso vinho. A Toscana me remete a João 15: “Eu sou a videira verdadeira, e Meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em Mim, não der fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda.”1 Sou uma péssima jardineira, porque odeio podar as plantas. Deixo as minhas crescerem até não suportarem o próprio peso. Ponho para correr os podadores de árvores que vêm ao nosso portão oferecer seus serviços. Deixo minhas plantas perenes crescerem sem restrição. Gosto de ver as coisas vivas se desenvolverem por conta própria e não gosto de ser a
julgadora do que deve ser derrubado. Contudo, está claro em João 15 que Deus entende de cortes e podas de videiras: os ramos improdutivos são subtraídos; os frutíferos, podados. Independentemente do motivo, haverá ação. Há vezes em que o tapete é puxado sob nossos pés e tudo que temos em que nos firmar é Deus. O inesperado nos acerta em cheio por meio de uma tragédia, doença, traição e fracasso, fazendo com que nossos lindos ramos folhados caiam por terra, até que sobre apenas o cepo e a raiz no solo nu. Mas no tempo certo, o Sol doa seus raios, a chuva cai e aprendemos que temos tudo que precisamos para que o milagre da nova vida e do crescimento se reedite em nossa história. Joyce Suttin é professora e escritora. Vive em San Antonio, Texas. ■ 3
por David Brandt Berg, adaptação
ALIMENTO PARA A ALMA A Palavra de Deus é a verdade mais poderosa da terra, contém o Espírito e a Vida
do Próprio Deus.1 É a centelha espiritual de Deus que nos inflama com a sua vida, luz e poder. Ler, absorver e praticar a Palavra de Deus é o que há de mais importante para a construção de um relacionamento com ele. É o que nos mantém sintonizados com Deus e nos ajuda a seguir seu caminho. Quando 1. Ver João 4:24. 2. Ver João 15:11; 13:17. 3. João 6:63 4. Apocalipse 19:13; João 1:1,14. 5. 1 Pedro 2:2 6. Salmo 119:130 7. Jeremias 15:16 8. Jó 23:12 NVI 9. Lucas 10:42 NTLH 4
lhe damos ouvidos, aplicamos sua palavra e obedecemos à sua verdade, somos felizes e produtivos.2 Jesus disse: “As Palavras que vos digo são espírito e vida.”3 Sua Palavra é a vida do próprio Deus. É o que nos dá vida, alimento, força e saúde espiritual. Por essa razão, é essencial manter uma dieta bem equilibrada da Palavra de Deus se você quiser crescer e ficar perto dele. O próprio Jesus é chamado na Bíblia de “A Palavra”.4 Jesus é a Palavra, o espírito e a vida, e precisamos de uma dose dele todos os dias, para nos alimentarmos bem, nos banquetearmos e bebermos dele, se quisermos crescer e ficar saudáveis espiritualmente. Da mesma maneira que precisamos comer para ter força física, devemos nos alimentar com a Palavra e beber a Palavra para termos
força espiritual. “Como crianças recém-nascidas, desejem de coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam.”5 A fraqueza espiritual muitas vezes ocorre por falta de farta alimentação espiritual, pela falta de absorção da verdade saudável, animadora e fortalecedora da Palavra de Deus. Você não deve ficar de tal forma ocupado com outras coisas que negligencia sua inspiração, seu alimento espiritual e o fortalecimento da sua relação com o Senhor, cuja fonte é a Palavra. Há vezes em que, se não imergir profundamente na Palavra de Deus, poderá sucumbir ao desânimo. Deus fala pela Sua Palavra com aqueles que o buscam em sinceridade quando a leem. Quanto maior for a sua afeição pela sua Palavra, mais
O alimento espiritual é necessário para a sobrevivência espiritual.—Dallin H. Oaks (b. 1932)
a estudará, mais aprenderá, mais crescerá espiritualmente e mais vivenciará que ele pode falar com você clara e diretamente por meio de sua Palavra escrita. Quando o Espírito Santo energiza uma passagem ou versículo da Bíblia para você, aplicando-a à sua própria situação pessoal, a Palavra passa a ter vida. O Senhor a dotará de vida e falará com você pessoalmente, oferecendo-lhe orientação para a solução de seus problemas e atenderá às suas orações. Quando aplicamos as Escrituras às nossas situações pessoais, ela se torna uma entidade viva. A Bíblia deixa de ser uma coleção de textos, ou frases que passam pela sua cabeça, para atingir o seu coração. É quando você de fato percebe o sentido do que lê. “A explicação da tua palavra traz luz e dá sabedoria às
pessoas simples.”6 O profeta Jeremias disse: “Achando as Tuas Palavras logo as comi, e a Tua Palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração.”7 Jó disse: “As Palavras da Tua boca prezei mais do que o meu alimento.”8 Jesus ensinou: “Uma [coisa] é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta ninguém vai tomar dela.”9 O que Maria escolhera? Sentar-se aos pés de Jesus e escutar suas palavras. Descansar no Senhor, permanecer aos seus pés, ouvi-lo e às suas palavras é fundamental. A Palavra de Deus é de tal forma importante. David Brandt Berg (1919– 1994) foi fundador da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■
A presença de Deus está à toda nossa volta. Ele é capaz de penetrar e se entremear nas fibras da essência humana de tal maneira que nos envolvemos em sua convivência amorosa e nunca ficamos sós.—Dallas Willard (1935–2013) Não somos humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana.—Pierre Teilhard de Chardin (1881–1955) Existem muitos meios pelos quais os cristãos são espiritualmente fortalecidos e alimentados. Deus não se limita a um ou outro método para tocar seu coração, revelar-lhe algo, aumentar sua fé e inspirar seu espírito. Deus quer se comunicar com Seus filhos. O importante é que lhe permitimos falar aos nossos corações pelas instruções espirituais que lemos, e nos guiar em nosso relacionamento com Ele e nossas vidas espirituais.—Maria Fontaine, codiretora da Família Internacional ■ 5
m u e d r e d o O p ssego pê E l sa Sich
Eu tinha oito anos quando assisti a um
documentário da BBC sobre um grupo de veteranos britânicos que havia lutado no Norte da África, na II Guerra Mundial. Durante o filme, os veteranos contavam suas experiências dos tempos de guerra, cujas tônicas eram, principalmente, a fome, o terror e a privação no caminho para a vitória. Todas as histórias eram comoventes, mas a que mais me marcou destoava das demais. Quem a contou foi um homem frágil, de cabelos brancos e sorriso caloroso, que disse sua experiência mais inesquecível foi quando alguém lhe deu um pêssego! Explicou que sua divisão havia sido capturada pelo exército italiano, de forma que ele e seus companheiros foram levados para a Itália. Seus captores desfilaram com eles pelas ruas da cidade para os humilhar publicamente. A população que assistia ao cortejo não poupava xingamentos, cusparadas e outras manifestações de ira e ressentimento. De repente, da multidão de escarnecedores “uma jovem se aproximou, colocou um pêssego na minha mão e se afastou rapidamente, sem que eu tivesse tempo para lhe gradecer”, lembrou o ex-combatente. “Foi o pêssego mais delicioso que já comi.” O homem, já no fim dos setenta anos, contava a história com brilho nos olhos, lembrando da moça italiana que
1. Tiago 3:18 6
rovsk y
lhe mostrou bondade em um momento de profundo ódio e inimizade entre dois países em guerra. Na sua hora de vergonha e desesperança, aquela anônima desafiou a pressão social para lhe dar uma simples e sincera dádiva de compaixão. Viu além da condição do soldado de um país inimigo e o viu como um humano em sofrimento, que precisava de ternura. A lembrança daquele pêssego permaneceu com ele todos aqueles anos, em que a guerra se arrastou lentamente ao seu fim e, mais tarde, sempre que precisou de força para se agarrar à esperança, deixar as dores e o sofrimento da guerra para trás, para virar uma página de sua vida. Ela provavelmente não percebeu a dimensão do que fizera ao dar “só” um pêssego. É bem possível que jamais imaginou que aquele jovem louvaria sua benevolência pelo resto da vida, e que a história ganharia destaque em um documentário que inspirou muitos a recontar seu feito, como faço aqui. O apóstolo Tiago descreveu esse efeito de ripple quando escreveu: “O fruto da justiça semeia-se em paz para os que promovem a paz”1 Promovamos a paz, dividindo que “pêssegos” de amor e misericórdia, mesmo quando for arriscado ou contrarie as convenções, pois o “fruto da justiça” que será semeado — o fortalecimento de almas cansadas e corações solitários que se sentirão amados — vale o custo. Elsa Sichrovsky é escritora freelance. Vive com sua família em Taiwan. ■
Para falar das
flores Neeraj Khosla
Sentada na sala de estar de um amigo, notei flores de
um vermelho vivo em um vaso sobre a mesa de centro. Detive-me contemplando a linda criação, ao mesmo tempo que eu sentia Deus sussurrar-me ao coração: Quero que você seja como essas flores. Mais tarde, refletia nessas palavras e como simplesmente a beleza singela de flores podem enlevar nossos espíritos, quando me lembrei das palavras de Jesus: “Quanto ao vestuário, por que andais ansiosos? Observai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem fiam. Eu, porém, vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.”1 Se os lírios não têm de se esforçar, por que me esforçaria? Acho minha ansiedade surge e cresce quando desvio meu olhar de Deus e paro de refletir sua luz e glória. Então, passo a tentar fazer as coisas na minha força, apressada e, inadvertidamente, tomo a direção errada e as coisas param de 1. Mateus 6:28–29
acontecer como eu espero. Uma flor se enche de luz ao refletir a glória de Deus. Balança gentilmente com a brisa, sorri aos que passam por ela e lhes mostra o amor que de Deus recebe. Uma flor não é ociosa, mas está constantemente trabalhando para receber a luz do sol e transformá-la em algo que possa ser usado. Manter-se em contato com Deus pela oração é essencial, se quisermos crescer e desabrochar como os lírios do campo. E claro, muitas flores se convertem em frutos! Portanto, para sermos belos, devemos nos permitir tempo para absorver a luz do sol de Deus e deixar Seu Espírito polinizar a nós e os outros. Segundo Timothy Keller, autor do livro Conectar Fé e Trabalho, “A maneira de servir Deus no trabalho com gratidão, alegria, um coração mudado pelo Evangelho por todos os altos e baixos é: dance com o vento, sorria na chuva e morra para o ego, para que os outros possam viver.”
A fé em ação é amor e o amor em ação é serviço. Tente dar incondicionalmente o que uma pessoa precisa no momento. O importante é fazer algo, por menor que seja, e mostrar seu desvelo por meio das suas ações e da doação do seu tempo. … Somos todos filhos de Deus, de forma que é importante compartilhar Suas dádivas. Não se preocupem com por que existem problemas no mundo — apenas reaja às necessidades das pessoas… Sentimos que o que estamos fazendo é apenas uma gota no oceano, mas esse oceano seria menor sem aquela gota. —Madre Teresa (1910–1997)
Neeraj Khosla é educadora, professora e treinadora na Índia. ■ 7
Jessie Richards
Abacate Eu simplesmente adoro abacate! Além de ser
simplesmente delicioso, é uma fruta versátil, sem falar que é incrivelmente saudável e uma das melhores fontes de óleos naturais e muitas vitaminas. No Chile, onde passei boa parte da infância e adolescência, o abacate ou “palta” como dizem lá é muito frequente nos pratos típicos do país, inclusive uma variedade de saladas, sanduíches e até no cachorro-quente. Sempre me impressionou como a adição de algumas fatias de abacate à salada, ou uma camada de guacamole a um burger ou sanduíche pode transformá-lo completamente. Transforma uma “comida normal” em algo glorioso. Pelo menos essa 8
é minha opinião. O abacate é um componente básico da minha dieta, combina com quase qualquer coisa para mim e o consumo inclusive em lanches ou pequenas refeições. Corto a fruta na metade, adiciono um pouco de sal e pimenta, espremo um limão sobre tudo isso e eis a perfeição. Acho que o mais fantástico no abacate é seu poder transformador, que me faz pensar no que a bondade ativa e a compaixão adicionam às nossas vidas. Há muitas coisas que fazemos em nosso trabalho ou no cuidado pela nossa família, ou como cidadãos conscientes que são coisas boas, simpáticas, agradáveis e necessárias, mas há muitas que se tornam, podemos dizer, “default”.
É como uma placa que está na parede há tanto tempo que você não a vê mais. Às vezes, as coisas que fazemos pelos que nos cercam sofrem do mesmo efeito. Não percebemos quando as fazemos e os beneficiários não se mostram particularmente gratos por elas. Ou deixamos de perceber ou reconhecer como deveríamos o que os outros fazem por nós. Tanto numa situação quanto na outra, quando vamos além e adicionamos um pouco de “abacate” na forma de… digamos… algumas palavras de boas-vindas ou reconhecimento, faz uma grande diferença. Recentemente, fiz uma viagem de ônibus que durou alguns dias.
Somos constituídos de forma que simples atos de bondade, tais como doar para caridade ou expressar gratidão, tenham um efeito positivo no nosso humor de longo prazo. O segredo para a vida feliz, parece, é a vida boa: uma vida com relacionamentos duradouros, trabalho desafiador e boas conexões com a comunidade.—Paul Bloom (n. 1963), professor de Psicologia e Ciência Cognitiva na Universidade de Yale
80/20
Em 1906, o economista italiano, Vilfredo Pareto observou que 80% das terras da Itália pertenciam a 20% da população; que 80% das ervilhas em sua horta vinham de 20% das plantas dessa espécie. O Princípio de Pareto —que em geral 80% das consequências resultam de 20% das causas — foi observado e estudado em vendas e marketing, gestão, tecnologia, economia e outros campos.
Sou acostumada a viajar e não me importo com trechos longos, mas, é claro, prefiro quando o assento ao meu lado está vazio. Dessa vez, o ônibus estava se enchendo e cheguei a pensar que teria os dois bancos para mim, mas um jovem se aproximou e pediu para sentar ao meu lado. “Claro que sim” — respondi. Ele sorriu e disse “Nunca ninguém me diz ‘claro que sim’. Isso é muito bom.” Procuro me esforçar para ser gentil com estranhos — muitos estranhos já foram gentis comigo e gosto de lembrar das vezes que fui cortês com alguém. Conversamos por um tempo e foi muito agradável. Depois cada um de nós colocou seus earphones e
relaxamos em nossos assentos. Havia uma sensação agradável e acolhedora no ar — muito melhor que o sentimento às vezes constrangedor que acontece com alguns vizinhos de ônibus. A viagem foi tranquila e prazerosa, como um abacate. Você provavelmente já ouviu no “Princípio de Pareto”, também conhecido como princípio 80/20. O conceito é que 80% da efetividade de alguém deriva de 20% de seus esforços. Adivinhe sobre o que eu estava pensando nesse princípio. Acertou: abacates. Sinto que (e isso é uma opinião absolutamente pessoal) apesar de constituírem cerca de 20% ou menos do conteúdo de uma refeição deliciosa, com certeza geram 80% do
prazer do seu sabor. Voltando à importância de ser sensível e afirmativo na prática da bondade, penso ser justo dizer que se aos nossos atos rotineiros adicionarmos algumas palavras generosas e toque pessoal, então 20% do esforço certamente vai produzir 80% do que a outra pessoa se lembrará daquela experiência com você. Jessie Richards trabalhou na produção da Contato de 2001 a 2012, e escreveu diversos artigos para a Revista. Ela também escreve e edita materiais para outras publicações e sites cristãos. ■ 9
Curtis Peter van Gorder
Frutas que ensinam Fiquei fascinado quando li recentemente que os cientistas descobriram como fazer produtos mais impermeáveis, tais como capas de chuva e peças para aviões, estudando a aspereza das asas de borboleta. Ocorreu-me que também poderia aprender algo da natureza e me pus a pesquisar sobre árvores frutíferas. Descobri que cada tipo de árvore frutífera tem seus próprios requisitos no que diz respeito ao solo, umidade, luminosidade solar e polinização. Isso me mostrou que cada projeto tem de ser estudado segundo seus próprios méritos, para descobrir o que funciona em cada situação. Cabe a nós aprender a composição do solo e estudar a situação na área onde estamos implantando nosso Projeto. É por isso que empresas remuneram bem consultores que as ajudem a determinar o que funcionará na área na qual estão expandindo seus negócios. É preciso paciência para colher — dois a cinco anos desde a semeadura à frutificação — e é mais ou menos 1. Ver Salmo 1:3. 2. Ver Gálatas 5:22–23. 3. http://elixirmime.com 10
isso que demora para se estabelecer um novo negócio. Enquanto crescem, as jovens árvores precisam de proteção dos perigos tais como o ataque de insetos nocivos, temperaturas extremas, estiagem, inundações, falta ou excesso de sol. O início de qualquer coisa é sempre o mais difícil. Nos primeiros estágios de qualquer empreendimento, é preciso ter cuidado e atenção especiais. Mas devemos nos animar, porque as coisas ficam mais fáceis conforme a “árvore” cresce e se estabelece. Tratemos agora do sexy assunto da polinização, isto é, a reprodução das plantas. Em essência, é o legado que se deixa para a próxima geração. A maioria dos fazendeiros recruta abelhas para ajudar no trabalho de espalhar pólen, mas há outros insetos e pássaros que se dedicam a essa tarefa também. Como as flores, temos de nos abrir às novas oportunidades. Quando desabrocha, a flor não tem garantia de que será polinizada, mas está pronta para quando surgir a chance. Na primavera, as árvores expõem suas flores que inspiram piqueniques, poemas e canções. No que diz respeito à reprodução, descobri haver dois tipos de árvores frutíferas: as autopolinizadoras (como o damasqueiro), e os que precisam de um polinizador
Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite. árvore plantada à beira de águas correntes: É como Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera! Não é o caso dos ímpios! São como palha que o vento leva. Por isso os ímpios não resistirão no julgamento, nem os pecadores na comunidade dos justos. Pois o Senhor aprova o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios leva à destruição! —Salmo 1 NVI
externo (como a macieira). Contudo, mesmo as que se autopolinizam podem gerar frutos mais doces e mais saudáveis quando a polinização é feita a partir de outra fonte. Isso pode se comparar, de certa forma, às vantagens que existem quando envolvemos outros em um projeto, para torná-lo mais produtivo. Os que tentam fazer tudo sozinhos logo se desgastam e têm seus esforços prejudicados. Equipes tornam os empreendimentos mais efetivos. Os fruticultores dão atenção especial a essa parte do processo de crescimento, plantando árvores compatíveis próximas de outras que possam polinizar. Muitos produtores de maçãs plantam pés de maçãs de caranguejo (também chamadas crabapple) perto de seus pomares porque seu pólen é aceito pela maior parte das macieiras. A crabapple é azeda demais para consumo, mas sua flor pode contribuir na produção de maçãs mais doces. Semelhantemente, as boas ideias, que produzem bons resultados, muitas vezes vêm de fontes ou pessoas inesperadas. Esteja pronto para surpresas! Meu vizinho, um japonês idoso, pediu a mim e a alguns amigos para ajudá-lo com seus pés de damasco. Na verdade, eram árvores muito jovens. “Quando virem três rebentos
nascendo de um ramo — instruiu-nos —, arranquem dois e joguem fora.” Naquele momento me pareceu um desperdício, mas o resultado foi a produção de uma fruta maior em vez de três pequenas. Esse conceito me impressionou. É possível exagerar na diversificação e há muitas vantagens quando nos concentramos em uma única meta. Para sermos verdadeiramente produtivos, precisamos ser como a árvore plantada junto aos ribeiros, que frutifica no tempo certo.1 Devemos obter nosso alimento espiritual diretamente da fonte. Um telefone celular precisa se conectar a uma fonte de energia para ser recarregado; uma videira precisa estar bem arraigada em solo fértil; e nós precisamos obter energia, alimento e sustentação pela comunhão com o Criador. Isso se faz pela leitura da Sua palavra, pela meditação em Seus ensinamentos e pela oração. Então, produziremos os frutos do Espírito, que são amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio,2 que nos tornam mais efetivos em nossos esforços. Curtis Peter van Gorder é roteirista e mímico 3 na Alemanha . ■ 11
OS
tempos vida
da
Mara Hodler
“Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu.”1 Esse versículo nos traz uma boa lição, boas notícias… e outras não tão boas. Independentemente de como você possa se sentir hoje e do momento que esteja vivendo, provavelmente pode esperar uma mudança em algum ponto, porque, como sabemos, os tempos passam. Quando o Rei Salomão escreveu o versículo acima, deu vários exemplos desses momentos da vida e das maneiras como nossas vidas podem mudar: Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer, Tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, Tempo de matar e tempo de curar, Tempo de derrubar e tempo de construir, Tempo de chorar e tempo de rir, Tempo de prantear e tempo de dançar, Tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, 1. Eclesiastes 3:1 NVI 2. Eclesiastes 3:2–8 NVI 3. Eclesiastes 3:11 NVI 12
Tempo de abraçar e tempo de se conter, Tempo de procurar e tempo de desistir, Tempo de guardar e tempo de jogar fora, Tempo de rasgar e tempo de costurar, Tempo de calar e tempo de falar, Tempo de amar e tempo de odiar, Tempo de lutar e tempo de viver em paz.2 Uma das mais belas promessas na Bíblia é dada no mesmo capítulo: “Tudo fez formoso em seu tempo. Também pôs a eternidade no coração dos homens; contudo, não podem descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim.”3 Gosto da parte que diz que o homem não pode descobrir, ou não consegue compreender inteiramente o que Deus fez. Na adolescência, não me faltavam planos e ideias de como eu queria que minha vida fosse. Minhas ideias eram, de um modo geral, boas ou pelo menos razoáveis. Eu não estava (apenas) sonhando em ser uma celebridade ou milionária. Eu também queria sair na disparada para qualquer lugar no mundo que precisasse de ajuda. Queria socorre os órfãos e acabar com a pobreza. Se e quando eu tivesse filhos, pensava em criá-los em uma aldeia africana, onde todos trabalham juntos para o bem da comunidade. Era o que eu queria e parecia um bom sonho. Na verdade, ainda parece.
Mas Deus tinha um plano para mim que ainda não consigo entender completamente. Ele ainda está se revelando para mim, mas aprendi o suficiente para ver que os desígnios de Deus vão muito além da minha capacidade de entender. Aprendi que Deus está presente na semeadura, na colheita e que as estações se repetem. Dependendo da cultura, o agricultor semeia no início da primavera para colher no outono. Todos os anos. Ele não fica chateado porque tem de fazer o plantio de novo no ano seguinte. Não se desespera nem grita: Já plantei no ano passado! Por que de novo? No outono, quando chega a hora de fazer a colheita, o lavrador não pensa: Pronto! Nunca mais vou precisar colher de novo! Sabe que o ciclo se repetirá todos os anos e isso não o chateia. De certa maneira, devemos aprender a aceitar esses tempos em nossas vidas: o de rir, o de chorar, aquele em que semeamos, a hora da colheita, quando devemos dar, o momento de receber. Todos são parte da experiência humana. No Texas, onde vivo, o clima é louco. Em um dia, uso shorts; no outro, temos de buscar o vestuário de inverno por causa de uma frente fria que se aproxima. Quando está aquele sol de rachar, é difícil lembrar que aqui também faz frio — frio de congelar.
A vida também tem dessas coisas. Nos momentos de tristeza, é difícil pensar que há também muita felicidade. Nas decepções, esquecemos facilmente de todas as coisas que deram certo. Para Deus, não existe uma coisa mais preciosa que a outra, pois cada fase de nossas vidas produzem o seu plano. Às vezes, imagino Deus sorrindo para mim quando as coisas vão muito bem e que os momentos de dificuldades surgem quando não estou em bons termos com Ele. Contudo, a experiência me ensinou que não é assim. Um grande artista usa cores vivas e brilhantes — vermelhos, amarelos, roxos e azuis — para expressar inspiração, mas não sem o contraste do preto, dos cinzas opacos e dos brancos foscos. Devemos confiar no artista. Sua obra fala por si e, vez após outra, provou que tudo faz formoso no seu devido tempo. Os altos e baixos não acontecem conosco porque somos algum tipo de exceção e a promessa é que tudo será formoso em seu tempo. Mara Hodler foi missionária no Extremo Oriente e na África Ocidental. Vive atualmente no Texas, com seu marido e filhos, onde dirige uma pequena empresa familiar. ■ 13
Manga de aniversário Anna Perlini
Meu filho, Jonathan, nasceu em uma pequena vila indiana, quando meu
marido e eu estávamos lá como voluntários. Como as crianças de lá, cresceu comendo arroz, dal, chapatti e uma incrivelmente colorida variedade de frutas tropicais disponíveis em cada esquina. Apesar de que ele só tinha cinco anos quando voltamos para a Europa, demorou um tempo para se ajustar ao novo ambiente e especialmente à nova culinária. No início, desconfiava de tudo e dissecava cada porção de massa que era posta em seu prato e demorou para se afeiçoar à comida italiana. Com o tempo, suas memórias da Índia e de sua gastronomia foram se perdendo. Naqueles tempos, a globalização não era tão prevalecente e as frutas e verduras que se podiam comprar nos supermercados italianos eram produzidas na própria Itália.
1. http://www.perunmondomigliore.org 14
Entretanto, quando passei por uma loja recentemente inaugurada, vi uma manga! O preço estava bastante alto, mas o 11º aniversário de Jonathan estava se aproximando e pensei que ela gostaria de saborear uma de suas frutas favoritas dos primeiros anos de infância. Levei a manga para casa e convidei meu pré-adolescente para um passeio. Sentados em um banco, apresentei solenemente meu presente, dizendo-lhe que lhe traria memórias do passado. Jonathan abriu lentamente o pacote, segurou a manga colorida nas mãos e ficou olhando para ela, sem esboçar nenhuma reação. —Desculpe, mamãe, mas não me lembro. Fiquei um pouco decepcionada. —Por que não experimenta? Você adorava manga quando você era pequeno. Com um ar desconfiado, como o que tinha quando provou seus primeiros pratos italianos, Jonathan deu
uma mordida pequena. A segunda… A terceira. Mas a reação não veio… até que viu o caroço e seus olhos brilharam. — Agora lembro! Lembrei! Lembro de chupar o caroço! E isso disparou uma sequência de lembranças de seus anos na Índia. Conversamos, andamos, falamos de coisas que haviam acontecido e memórias do passado. Esse episódio com meu filho me fez pensar na importância de insistir um pouco mais quando as coisas não parecem fazer sentido. Para mim, foi outra confirmação de que o que semeamos em nossos filhos nos anos de infância jamais será esquecido. Pode parecer que não se lembrem, pode ser que não reconheçam os frutos… mas espere até chegar à semente! Anna Perlini é cofundadora de Per un Mondo Migliore, 1 uma organização humanitária ativa nos Balcãs desde 1995. ■
Uma
vida cheia de sentido Mag Rayne
Minha vó não teve uma carreira profissional. Na
verdade, teve um único emprego no qual ficou seis anos. Ao se casar, ela e meu avô não tinham condições de manter os dois na faculdade, então, apesar de ela querer muito estudar, ela ficou na casa dos parentes do marido por cinco anos enquanto meu avô estudava. Eles não a tratavam bem, mas ela suportou a distância do seu amado e os parentes hostis pacientemente, sem jamais se queixar nas cartas que escrevia para meu avô. Depois de se graduar, tornou-se um advogado bem-sucedido e, depois, magistrado, enquanto vovó ficava em casa cuidando dos filhos gêmeos, depois das sobrinhas e por fim dos netos. Eu passava cada verão com ela e morei com ela uns anos. Aos 93 anos, minha vó ainda é uma fonte de sabedoria, um apoio
firme quando é preciso calma neste mundo atribulado e nos faz lembrar do que é mais importante na vida. Ela tem sido um dos principais exemplos na minha vida e, apesar de passar a maior parte do tempo confinada em seu apartamento, ela é parte no meu dia e da vida de muitos a quem influenciou e continua influenciando. Às vezes, pergunto-me se é possível ou se vale o esforço de ser uma boa influência neste mundo cruel. Então me lembro da vovó, de sua atitude, paz interior e contentamento e decido fazer o melhor ao meu alcance. Se eu conseguir incluir seus bons ensinamentos e exemplo na minha vida, com certeza serei uma força do bem. Mag R ayne coordena uma associação voluntária na Croácia. ■
Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; sem mim nada podeis fazer. Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto, e assim vos tornareis meus discípulos.— Jesus, João 15:5,8 [Que vocês estejam] cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus. —Filipenses 1:11 NVI Conhecer Jesus e encher sua vida com Seu Espírito é a melhor maneira de tornar cada experiência mais relevante e mais produtiva. Peça-Lhe para estar com você hoje e pela eternidade: Querido Jesus, por favor, entre em minha vida e ajude-me a ser um reflexo de sua vida e mensagem, de seu desvelo e amor, para todos que eu encontrar. Amém. ■ 15
Com amor, Jesus
Vida espiritual saudável Quais são as manifestações de uma relação boa e estável comigo? O que define nossa proximidade não é a quantidade de tempo que passamos juntos em um ritual passo a passo. Para saber se o seu relacionamento comigo está como deveria, é preciso avaliar os frutos, pois uma vida que caminha ao meu lado, de mãos dadas comigo, refletirá isso nas suas interações diárias, na maneira como lida com as situações, nas suas prioridades e nas decisões que toma. Quando você passa tempo de qualidade comigo, descansa na paz de que está fazendo o que pode, e você sabe que farei o restante, segundo minha vontade. Apesar das suas dificuldades ou áreas em que precisam melhorar, deve confiar que o conduzirei e orientarei até o fim. Aprenda a reconhecer os obstáculos que deve superar, mas não deixe de valorizar minha capacidade de compensar as suas limitações.