Contato, edição para setembro de 2016: Fé e perseverança

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MUDE SUA VIDA.

PEDRAS NO CAMINHO Sobrevivendo à avalanche

Fé do tipo clipe de papel Faça bons negócios!

Picos e vales Informações privilegiadas

MUDE O MUNDO.


Volume17, Número 9

C O N TATO P E S S O A L sobre pedras e fardos Na mitologia grega, Sísifo era considerado o mais esperto e astuto dentre os mortais. Desagradados com suas ardilezas e manobras, os deuses o condenaram a, por toda eternidade, rolar uma grande pedra morro acima, em um aclive íngreme, uma tarefa que nunca se completava, pois toda vez que Sísifo estava bem próximo ao topo, a pedra rolava de volta para o sopé do morro e o condenado recomeçava sua tarefa infindável. É apenas uma história, claro, mas é possível se identificar com ela. Já teve a impressão de estar carregando uma pedra montanha acima e quando está quase chegando ao topo ela rola lá para baixo? Às vezes até por cima de você. Felizmente, ao contrário desse infeliz mitológico, temos uma saída da terrível condição de despender uma energia tremenda com pouco ou nenhum resultado, ou ficar preso a uma situação difícil ou insalubre. A Palavra de Deus oferece uma solução: “Entregue suas preocupações ao Senhor, e ele o susterá; jamais permitirá que o justo venha a cair.”1 “Bem-aventurado o homem que suporta a provação, porque depois de ter passado na prova, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.”2 O primeiro versículo nos ensina a deixar Deus levar nossos fardos em vez deixá-los nos desgastar e destruir. É um alívio saber que podemos contar com ele, mas isso não significa que Deus irá, magicamente, resolver todos os nossos problemas. Muitas vezes, quer que cresçamos e aprendamos por meio das coisas que nos acontecem. E é aí que vem o segundo versículo. Fé é o que libera a habilidade de Deus de nos ajudar com nossas cargas e nos conduzir à vitória no futuro. Sabemos que atingiremos o cume e conseguiremos avançar. E isso não tem nada a ver com o destino do coitado do Sísifo. Mário Sant’Ana Editor

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.

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Editor Mário Sant'Ana Design Gentian Suçi Diagramação Angela Hernandez Produção Samuel Keating

© 2016 Activated. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana. A menos que esteja indicado o contrário, todas as referências às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.

1. Salmo 55:22 NVI 2. Tiago 1:12 2


Meus diários Joyce Suttin

Eu estava fazendo umas faxinas e organizando algumas coisas. Nunca morei

tanto na mesma casa, por conta do que tenho um volume respeitável de coisas acumuladas. Ao remexer no conteúdo de uma caixa, encontrei meus antigos diários. Não são diários detalhando acontecimentos de minha vida, mas onde registrei o que pedi em oração e como fui atendida, versículos bíblicos que clamei nessas petições e, principalmente, as instruções pessoais que recebi de Jesus em meus momentos de meditação, as quais me orientaram e me ajudaram a tomar decisões. Fazia anos que não abria aqueles acertos e, na verdade, muitas vezes quase os descartei. Eram de diferentes tamanhos e quase impossíveis de ler (minha caligrafia é péssima).

Naquelas páginas estavam as memórias de tempos desafiadores, quando muito parecia dar errado. Meu peito se encheu de gratidão por eu haver superado aqueles momentos, de forma que não quis reler todas aquelas provações nem reviver as emoções que senti então. Mas duas coisas chamaram minha atenção, conforme eu folheava minhas lembranças. A primeira é que Deus sempre me amou e cuidou de mim, mesmo nas horas mais escuras da minha vida. A segunda é que sempre atendeu às minhas orações. As dificuldades do passado empalideceram e tudo que vi foi o desvelo de Deus por mim, sua orientação pelos caminhos difíceis, nas decisões importantes e como me ajudou a manter nele a minha atenção. Os versículos bíblicos se vivificaram e percebi que apesar de eu não os entender muito

bem naquele tempo, Deus estava atendendo aos meus pedidos e me ajudando no caminho da superação. Principalmente, vi que a fé hoje é baseada em todas as lições que aprendi nos tempos de dificuldades em minha vida. Se estiver passando por momentos de confusão e desafios, recomendo que anote seus pensamentos, registre suas orações, copie os versículos bíblicos que quer clamar, transcreva as palavras que Deus lhe fala nos seus momentos a sós com Ele. Talvez agora você não veja por onde está andando, mas logo entenderá, quando olhar para trás e vir tudo que Ele fez. Joyce Suttin é professor aposentada e escritora. Vive em San Antonio, nos EUA. ■ 3


Pedras no caminho por Maria Fontaine, adaptação

É compreensível ficar receoso com o futuro.

Talvez, ao olhar para trás, você as lutas, as incertezas e até decepções que abalaram sua vida. Dores e perdas maiores talvez ainda pesem no seu coração e façam o futuro parecer um tanto intimidador. Tenho boas notícias! Apesar dos imprevistos que, sem pedir licença, colocam nossas vidas de pernas para o ar, temos conosco as infalíveis promessas de Deus. Ele prometeu nos acompanhar, nos guiar, nos empoderar e encher nossos corações com paz, consolo e fé. Ele está lá para nos ajudar nas tempestades, lutas da vida e vai nos guiar à esperança e à luz de um novo dia com Ele. Além disso, podemos nos fortalecer e avançar com esses revezes. Imagine-se sob uma chuva incessante de pedras, como se tivesse 4

sido pego em uma avalanche. Essas pedras representam os problemas, as dificuldades, os desapontamentos, os sofrimentos e as mágoas são parte da experiência humana. É por isso que todos passamos por esses momentos em que somos apedrejados pela culpa, pela depressão ou pelo temor. A boa notícia é que podemos e devemos impedir que essas coisas mutilem nosso futuro. Como elas afetam nossas vidas é em grande medida determinado por nossas atitudes em relação a elas. Independentemente de essas “pedras” lançadas contra nós serem reais ou não passarem de mal-entendidos, temos um Salvador que pode nos ajudar a dissipar o que não é verdadeiro, gerar benefícios a partir das verdadeiras dificuldades e nos ajudar a enfrentar os desafios para adquirirmos sabedoria, nos tornarmos mais fortes e sermos mais como Ele.

Quando nos concentramos nos fatos das promessas de Deus, Seu amor por nós e no amor que temos pelos que nos são caros, esses “projéteis” que ameaçam nos destruir cairão por terra sem nos abalar, para que, misturados com as chuvas do seu amor possam se tornar em um caminho plano pelo qual poderemos seguir. Essa é a transformação que Deus pode trazer às nossas vidas. Quando nos recusamos a deixar que nossos problemas nos derrotem e escolhemos levá-los a Deus, Ele pode transformá-los em determinação e fortalecer nossa fé. Maria Fontaine e seu marido, Peter Amsterdam, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■


A FÉ CONSEGUE OUTRA VEZ! Iris Richard

Quando olho para as encruzilhadas que já encontrei na vida — as vezes

em que tudo parecia estar dando errado ou que meus planos sofreram um tremendo revés — vejo que minha fé desempenhou um papel crucial e me ajudou a enfrentar as adversidades e os desafios. Como sou missionária há mais de 30 anos, envolvida principalmente em trabalhos comunitários e serviços voluntários em países estrangeiros, a fé naturalmente se tornou uma força motivadora no meu trabalho e vida pessoal. Aprendi a confiar que independentemente do problema, havia uma luz no fim do túnel e um raio de esperança. Quando meu segundo bebê

1. Ver Hebreus 11:1,6. 2. Ver Marcos 9:23. 3. Ver Romanos 8:18. 4. Ver 1 João 5:4. 5. Ver Romanos 4:20–21.

nasceu prematuro, no sétimo mês de gestação, tinha os pulmões pouco desenvolvidos e um coração fraco. Fiquei devastada e os médicos tinham dúvidas de que ele poderia ter uma vida saudável. O medo de perder meu bebê me sufocava, mas apeguei-me à fé, suportamos a longa espera até que, com um mês de vida, atingiu o peso necessário e teve alta.1 Quando depois de 13 anos em uma missão no Sudeste Asiático, por conta de mudanças inesperadas, nossa família, então com três crianças pequenas, teve de recomeçar do zero, em outro país, a fé nos deu a coragem e a flexibilidade que precisávamos para saltar no desconhecido.2 Quando, em 2003, meu filho morreu com leucemia, após dois anos de quimioterapia, vi-me à beira do desespero. A fé me acompanhou na estrada do sofrimento e da perda, até eu chegar a um lugar melhor.3 Sentindo-me incapaz de ajudar alguém bem próximo a superar um

problema de dependência química e testemunhar as consequências devastadoras que o vício teve no seu casamento e vida profissional também foi muito duro para mim. A fé me deu a esperança quando tudo parecia perdido e a certeza de que a batalha poderia ser vencida.4 Faz 21 anos que trabalho no Continente Africano, com toda a sua insegurança e pobreza, e minha fé tem sido meu escudo. É minha fonte de coragem e persistência, e assim resisto nas horas quando nada parece fazer sentido, quando as energias e a determinação parecem se esvaecer.5 Tantas e tantas vezes, a fé em Deus tornou circunstâncias adversas administráveis; as decepções, toleráveis; e me deu a certeza de que o sol voltaria a brilhar. Iris Richard é conselheira no Quênia, onde ela sido ativa na comunidade e no trabalho voluntário desde 1995. ■ 5


Dina Ellens

Sobrevivendo a uma situação difícil Aqueles primeiros minutos foram devastadores. Senti o

1. Jeremias 29:11 2. Romanos 8:28,31 3. Salmo 31:21 4. Mateus 6:34 5. João 16:33 6

chão fugir de debaixo dos meus pés. De alguma forma consegui sair meio que aos trancos da sala do meu chefe, com suas palavras ecoando na minha cabeça: “Devido à atual situação, precisamos reduzir custos. Então queria perguntar se você aceitaria reduzir sua carga horária a partir de agora.” Talvez você já se viu diante de uma situação assim. Independentemente de ser um trabalho em tempo integral para sustentar uma família, ou uma renda suplementar para aumentar

sua receita, não é uma notícia fácil de engolir. O que você faz em uma situação assim? Como juntar os pedaços e continuar? Veja o que fiz e deu certo.

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Lembrar-me constantemente de permanecer positiva. Não havia nada que eu pudesse fazer com respeito à decisão de meu chefe, mas eu podia decidir como reagiria. Cada vez que me senti tentada a desanimar ou ficar deprimida, parti para um terreno positivo. Não foi fácil, mas insisti.


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Lembrar-me que Deus está comigo, em quaisquer circunstâncias. Ele me ama e seu amor permanece o mesmo. Minha situação mudou, mas eu ainda permanecia sobre o solo firme do inabalável amor de Deus para me firmar. Fiz questão de manter como prioridade a leitura da Bíblia e deixar Deus falar comigo nesses momentos. Alguns versículos me ajudaram de maneira especial: “Sei os planos que tenho para vós, diz o Senhor, planos de paz, e não de mal, para vos dar uma esperança e um futuro.”1 “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”2 “Bendito seja o Senhor, pois mostrou o seu maravilhoso amor para comigo numa cidade sitiada.”3

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Ouvir música cristã inspiradora, tais como “You Lift Us Up”, por Paul Baloche, e “Come to Me” por Jenn Johnson. Essas canções estão disponíveis no YouTube e ajudaram minha mente a se encher de bons pensamentos.

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Contar com amigos sinceros dispostos a me ouvir e orar por mim. Eles me ajudaram a valorizar o fato de que eu tinha a quem recorrer em horas assim. Alguns muros se ergueram e distâncias cresceram entre nós por eu estar tão ocupada, mas todas se desfizeram quando me mostrei emocionalmente carente. Foi uma experiência que nos aproximou. E sou grata por isso.

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Viver um dia de cada vez. Como disse Jesus: “Não andeis ansiosos pelo dia de amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal.”4 Em vez de tentar entender o futuro inteiro ou decidir tudo que eu tinha de fazer a partir de agora, tentei definir diariamente uma ou duas metas a serem realizadas naquele dia. Realizá-las foi animador, pois eu estava resolvendo pendências que persistiam fazia muito tempo.

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Contar minhas bênçãos com mais frequência e aprender a ver mais claramente todas as muitas maneiras como sou abençoada. Mesmo pequenas coisas que eu não valorizava tanto passaram a me animar e inspirar.

Por fim, o mais importante: manter forte minha conexão com Jesus. Ele disse: “No mundo tereis aflições. Mas tende bom ânimo! Eu venci o mundo.”5 Vi que quanto mais tempo eu passasse com ele, eu me tornaria uma vencedora ainda maior. Dia a dia, conforme pratiquei essas resoluções, as coisas foram melhorando. Apesar de minhas circunstâncias não terem mudado, adquiri uma perspectiva melhor da minha situação, porque escolhi ser mais positiva. No trabalho, continuei a fazer o melhor ao meu alcance no meu horário reduzido, dedicando-me de verdade. Às vezes, tive de fazer coisas inéditas para mim — como ir à zona atacadista da cidade e procurar itens de decoração. E então descobrir como fazer um arranjo com motivos outonais para a nova estação. Depois de um mês, voltei ao meu horário cheio. Como pode imaginar, fiquei feliz e aliviada, mas não abri mão das práticas que compartilhei acima. Se minhas circunstâncias voltarem a mudar — o que certamente acontecerá — terei algo sólido em que me apoiar naquelas horas escuras, quando parecer que o mundo está desabando.

Dina Ellens mora em Java Ocidental, Indonésia, onde participa de trabalhos voluntários. ■

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FÉ DO TIPO CLIPE DE PAPEL

Cu rt is P et er

Já ouviu falar de um jovem de nome Kyle MacDonald, que trocou um

clipe de papel por outro item, e assim sucessivamente até comprar sua casa? Surpreendentemente, ele só precisou de um ano e 14 transações para atingir sua meta. Foi assim: trocou o clip por uma caneta, por uma maçaneta, por um fogão, por um gerador, por um barril de cerveja, por um snowmobile, por uma viagem a Yahk, por um furgão, por um contrato de gravação, por um ano de aluguel em Phoenix, por uma tarde com Alice Cooper, por um globo de neve motorizado, por um papel em um filme, por uma casa em Kipling, Sk., Canadá. Kyle disse: “Embarquei em uma aventura e aquele clipe de papel foi o que, simbolicamente, segurou tudo

1. http://elixirmime.com 8

va n G or der

e foi fácil lembrar.” Jesus costumava ilustrar o que ensinava com exemplos do dia a dia. Certa vez, comparou o reino de Deus com uma pérola, uma porta, uma semente, um pão, água, um tesouro, uma árvore frutífera, uma videira e tantas outras coisas. Da mesma maneira que Kyle usou o clipe de papel para dar início à sua ideia, pensei que poderíamos usar sua história para aplicar alguns conceitos relacionados à fé. Kyle se inspirou em um jogo de crianças chamado “Maior e Melhor”. Ele se perguntou se seria possível pegar essa ideia e trazer para a vida real. Em vez de brincar com peças do jogo, passou a trocar por objetos de verdade, até conseguir uma casa. Muitas grandes descobertas e inovações se concretizaram quando ligaram o imaginário com o real. A ideia tem primeiro de ser concebida antes de se materializar.

O que manteve Kyle motivado durante todo aquele ano de negociações do clipe até a casa? Um fator foi a diversão. Kyle conta que curtiu muito cada minuto de sua jornada para conseguir o que queria. Gostar do que fazemos e entender que cada tarefa é um passo para um fim maior muito contribui para a materialização da visão. Kyle olhou para sua escrivaninha, viu um clipe vermelho e pensou que começaria sua aventura com aquilo. Temos de começar com o pouco que temos antes de conseguirmos o que queremos. Kyle se perguntou: "Quanto vale esse clipe vermelho? São perguntas assim que devemos nos fazer: Qual é o potencial dessa ideia? Aonde pode levar?" Que passos devo dar para me aproximar dessa meta? Jesus nos incentivou a ter uma fé louca quando disse que se tivermos um minúsculo grão de mostarda


poderemos mover montanhas de obstáculos. O mesmo aconteceu a Moisés quando Deus lhe disse para olhar com mais atenção ao que tinha em sua mão, que era apenas uma vara de madeira que ele usou para dividir o Mar Vermelho e libertar seu povo da escravidão. A história do clipe vermelho tem muito a ver com o processo de traduzir ideias em ação. É fácil descartar uma ideia como insignificante, mas quando paramos para pensar no

garrafa para uso futuro. Kyle logo descobriu que ele estava fazendo mais do que trocando objetos com os outros, mas concedendo-lhes seus desejos. Estava dando aos outros algo que lhes seria um benefício. Estava conectando gente que não precisava de algo com alguém que precisava. Em nossas interações com os outros, devemos ter um olhar mais

Leia a histór ia de K MacD yle onald e m: http:/ /www .redpa percli p.com

/

que podemos fazer com ela, devemos desenvolvê-la sem desistir. É essencial seguir o plano à risca até o fim. Uma inspiração pode ser a voz de Deus nos levando na direção que Ele deseja que sigamos. Assim como Kyle reconheceu seu momento de “Eureca! ” como uma ideia que tinha futuro, devemos saber perceber o valor de uma inspiração, capturar o relâmpago e guardá-lo em uma

profundo e não nos limitar às aparências, para discernir o que a pessoa de fato precisa. Alcançar aquilo que você se propôs a realizar é mais que adquirir riquezas e bens, mas é desenvolver um relacionamento caloroso com as pessoas que você encontra no caminho. Próximo do fim de sua jornada de negócios, Kyle conseguiu um ano de aluguel de uma casa. Algumas pessoas

disseram que ele poderia ter parado ali, porque tinha uma casa, que era seu objetivo, mas isso não lhe bastava porque a casa não era sua propriedade. Se não nos contentarmos com o segundo melhor, damos a Deus a oportunidade de nos conceder o que prometeu. A história de Kyle é um bom exemplo de ver as possibilidades que passam despercebidas pelos outros. Fico me perguntando que oportunidades deixei escapar por causa da minha falta de fé ou visão, sobre que águas eu poderia ter caminhado, que montanhas eu poderia ter movido, que rios eu poderia ter cruzado, se eu tivesse mais fé. Certamente, histórias como a de Kyle são precedentes e exemplos de que o que parece impossível está ao nosso alcance. A fé que transforma uma ideia em realidade é inspiradora. Kyle observou: “Tem gente em todo mundo que está dizendo que colocou clipe de papel em cima de seu computador, na escrivaninha, prendeu na camisa… Prova que qualquer coisa é possível e acho que, até certo ponto, é verdade.” MacDonald garante que a aventura em si foi mais fascinante que a casa. “Não é o fim. Talvez seja o fim de um capítulo da história, mas ela continua” — disse. Agora ele está inspirando os outros como palestrante motivacional, tendo falado com mais de 50 mil pessoas em quatro continentes. Curtis Peter van Gorder é roteirista e mímico 1 na Alemanha. ■ 9


O

Sinal Sharon Galambos

Devo confessar que nunca foi fácil para mim acreditar em curas milagrosas. Na

verdade, sempre me orgulhei de ser “racional”, “lógica” e cética por natureza. Talvez seja por causa do sentimento de que o que nos acontece é parte de um plano maior — nosso destino. Como os judeus dos tempos de Jesus, eu também lhe pedia “um sinal”. É fácil não valorizar a saúde, quando não estamos doentes. Só quando algo acontece conosco é que o botão de realidade é acionado, como se fosse pela primeira vez, mesmo que isso já tenha acontecido várias vezes no passado. Em determinado momento na minha carreira, enquanto trabalhava como professora em uma comunidade missionária, tive uma experiência divertida de dividir um quarto no sótão com outra voluntária, nascida na Inglaterra. Foi maravilhoso. O único problema era que para arrumarmos o quarto tínhamos de nos abaixar para irmos de um lado para o outro no cômodo. Isso não incomodava tanto porque usávamos o lugar principalmente para dormir. Entretanto, um dia, meu pescoço começou a doer e ficar rígido, como acontece quando se dorme na posição errada. Isso ocorre a todo mundo de vez em quando, mas a dor não estava passando. Na verdade, foi piorando até ficar insuportável. Uma radiografia não acusou nada, mas eu sabia que algo estava errado. Um amigo sugeriu que eu procurasse um quiropata, que pediu uma tomografia. Ainda me lembro de, sentada na frente dele, ouvi-lo explicar que eu tinha uma hérnia discal entre duas vértebras do pescoço, que estava 10

pressionando alguns nervos. Um movimento abrupto poderia prejudicar esses nervos e me deixar paralisada. Uma opção era uma intervenção cirúrgica para corrigir o problema por meio de um enxerto do osso de meu quadril. Mesmo assim, eu perderia parte dos movimentos do pescoço e não havia garantia de sucesso. A alternativa era uma dor terrível e a ameaça de paralisia a qualquer momento. Escolhi a operação, que seria realizada pelo chefe da neurocirurgia do hospital. Tudo estava pronto e seguindo seu curso lógico. Na noite antes da cirurgia, meus amigos trouxeram alguns colegas e oraram por mim. Durante a oração, alguém recebeu uma mensagem de que Deus me curaria completamente sem a cirurgia. Calma aí! Aquilo com certeza não seguia a “trilha lógica”! Não é preciso dizer que não consegui dormir à noite, discutindo com Deus sobre a questão. Teria sido mais fácil se Ele tivesse aparecido em uma luz gloriosa e tivesse ouvido sua voz como um trovão vinda dos céus. Mas não foi o que aconteceu. Ele estava me pedindo para confiar em uma voz tranquila, humilde e suave, que sequer era minha. A coisa mais impressionante é que quando os primeiros raios da manhã surgiram, eu sentia uma paz perfeita que eu não sabia explicar, mas que envolvia meu coração e minha mente. Naquele momento, eu tinha a fé de que Deus me curaria mila-


grosamente. Liguei para o hospital para dizer que eu estava cancelando a operação e, como é de se imaginar, o médico me ligou perguntando se a dor estava me afetando mentalmente. Ele estava certo de que eu não estava batendo bem, especialmente quando respondi: “Deus disse que me curaria.” O desafio seguinte que tive de enfrentar foi a dor. Até então eu estava tomando injeções de analgésico a cada seis horas. Dessa vez, ouvi a voz de Deus me dizer de forma

muito tranquila que se eu iria confiar nele no que diz respeito à cura, deveria fazer o mesmo no que se refere à dor. Decidi não tomar a dose seguinte. Não fui instantaneamente curada ou liberta da dor. Contudo, recebi por milagre a graça e a força para suportar os próximos meses. Só sei que, gradualmente, a dor passou e passei a mover minha cabeça e a girar para os dois lados. O processo de cura continuou até eu poder novamente levar uma vida normal. Espere aí! Normal? E se a condição ainda estivesse presente e um movimento brusco me trouxesse novamente para aquela condição de incapacidade? Essas pequenas dúvidas começaram a me atacar e passei a ser mais cuidadosa com meus movimentos. A lógica voltou à cena: outra tomografia poria termo a esse conflito. Dito e feito! O novo exame revelou não haver nenhuma anormalidade, como se o problema jamais tivesse acontecido. Fui tomada de júbilo! A primeira pessoa a quem eu queria mostrar o novo resultado foi o cirurgião. Apareci no seu consultório, coloquei o laudo e as imagens sobre sua mesa e perguntei com um sorriso maroto: “O que você tem a dizer sobre isso?” Depois de analisar a documentação com cuidado, olhou para mim e respondeu: “Você sabe que sou ateu. Do meu ponto de vista, o que aconteceu foi um fenômeno possível, ainda que extremamente raro, algo com uma chance de um em um milhão. Entretanto, com base no que estou vendo, devo concordar que temos aqui um milagre.” Isso já faz muitos anos e nunca me submeti à operação cirúrgica. Ainda hoje, quando movo a cabeça ou me alongo, sorrio, pois percebo que sou meu próprio sinal, um sinal de que Deus pode operar milagres. Sharon Galambos é missionária, professora e autora de histórias infantis sobre resiliência. Trabalha com crianças vítimas de trauma. ■ 11


AS dúvidas da minha

fé Jessie Richards

Cresci pensando que fé e dúvida fossem antônimos. A fé era boa; a dúvida, má. Essa

mentalidade fazia com que eu achasse que até mesmo as perguntas fossem perigosas, pois poderiam levar à dúvida. Para alguém intelectualmente curioso, era uma questão difícil e tive de me debater com isso desde que me entendo por gente. Os questionamentos aos quais eu resistia variavam desde a importância que Deus dava para algumas regras encontradas na Bíblia, às vezes interpretadas de forma vaga ou com muito dogmatismo, à muito maior e perpétua pergunta: Deus existe? Em um determinado ponto, tive o que me pareceu uma revelação, algo com que depois descobri que muitas pessoas de fé concordam: a dúvida não é o inimigo da fé, mas pode de fato torná-la mais forte. Respostas e perguntas se necessitam mutuamente. Na minha opinião, quando uma pessoa de fé questiona aquilo em que crê, duas coisas podem acontecer: perde-se a fé, ou não. No primeiro caso, a crença não era verdadeira ou forte o bastante; no segundo, a pessoa descobre que apesar dos conflitos interiores, da tristeza, do 12

inexplicável ou das respostas não dadas, a fé permanece. Este foi o meu caso, quando me permiti explorar minhas dúvidas. Muitas vezes, incomoda-me a necessidade de que muita gente tem de análises binárias e de rotular todas as coisas, de etnias a religiões e até o próprio Deus. Sentimos a necessidade de respostas conclusivas: certo ou errado; preto ou branco; fé ou razão; ciência ou Deus. Não creio que haja muitas coisas tão simples assim. Além disso, entendo que, toda a ideia de Deus e fé se baseia na existência de algo fora dessas caixas e rótulos, sobre as quais não podemos ser conclusivos. No final, o que nos sobra é uma escolha de fé. Escolho acreditar que há um Deus e que a conexão com seu poder superior faz de mim um humano melhor. Querer ser a melhor pessoa que sou capaz de ser é em si razão suficiente para fé. Minha fé pode não ser “tradicional” e às vezes sinto falta daquele senso de confiança simplista que antes tivera. No seu lugar, contudo, adquiri consciência, humildade e abertura, que espero para sempre fiquem comigo. Tenho fome de aprender,


A busca da verdade precisa que sejam feitas as perguntas certas. Os destituídos da verdade nunca perguntam coisa alguma por causa de seu ego e arrogância. É por isso que permanecem ignorantes. Os que trilham os caminhos da Verdade são sinceros e infantis em sua missão, sempre fazendo perguntas, sempre querendo entender e saber tudo — não têm medo de admitir que não sabem algo. Entretanto, todo aquele que busca a verdade precisa primeiro romper com seu ego para ver a verdade. Se a mente estiver bloqueando o caminho, o coração não verá coisa alguma.—Suzy Kassem (n. 1975)

porque sei que há tanto que não sei. Ora, se Deus existe e se a Bíblia é Sua Palavra, então há duas coisas que Ele disse serem as mais importantes: ame Deus e ame seu próximo. São mandamentos que posso, devo e quero obedecer. Ser amoroso, bondoso e tolerante, perdoando uns aos outros, — como seres humanos, feitos à imagem de Deus, cada um com seu valor intrínseco e imensurável — é muito maior e tem muito maior importância para mim do que tentar descobrir que opiniões e preferências Deus pode ter com relação a aspectos específicos no meu estilo de vida, minhas escolhas pessoais, ou das pessoas que me são próximas ou da humanidade em geral. Enquanto tomava café, certa manhã, lia Hebreus 11, “o capítulo da fé”, e me ative ao versículo 6: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” Antes, minha interpretação dessa passagem era: “quem duvida, desagrada a Deus.” Hoje, penso de outra forma. Há apenas duas coisas que preciso fazer para ter

fé e agradar a Deus: 1) crer que Ele existe, e 2) acreditar que ele recompensa os que o buscam. Para mim, está claro que ele existe e o busquei pessoalmente, com minhas perguntas e dúvidas. Não me incomoda o fato de que jamais terei todas as respostas. É parte da fé. Mas o melhor é a recompensa de poder contar com a presença de Deus em minha vida. Sei que não há maneira de explicar isso para alguém que não acredita, mas sei que o conheço e conhecê-lo é pura alegria. Não posso dizer que minha fé seja mais forte do que quando comecei minha jornada de dúvidas, mas uma coisa garanto: atirei cada dúvida contra a minha fé e ela ainda está aqui. Jessie Richards trabalhou na produção da Contato de 2001 a 2012, e escreveu diversos artigos para a Revista. Ela também escreve e edita materiais para outras publicações e sites cristãos.■

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Para pensar

Fazendo perguntas A fé é a confiança racional, que questiona e busca com base na confiança em Deus. — John Stott (n. 1921)

A dúvida não é o oposto da fé, mas um componente dela. — Paul Tillich (1886–1965) As dúvidas são as formigas nas calças da fé. Elas a mantêm acordada e se mexendo. — Frederick Buechner (n. 1926) A relação entre dedicação e dúvida não é, de forma alguma, antagônica. A dedicação é muito mais saudável não pela ausência da dúvida, mas apesar dela. — Rollo May (1909–1994) Às vezes, duvidar não é falta de fé, mas uma expressão dela. Às vezes, duvidar é meramente insistir que Deus seja levado a sério, sem frivolidades; é insistir que nossa fé 14

se posicione e se firme em algo que possa parecer truques. — Mark Buchanan (n. 1960) Para muitos em nosso mundo, a fé é o oposto da dúvida. A meta, portanto, com base nesse entendimento, é eliminar a dúvida. Mas fé e dúvida não são opostos. Duvidar muitas vezes significa que sua fé está viva e bem de saúde, disposta a explorar e buscar. A fé e a dúvida (…) formam, em última análise, uma excelente dupla de dançarinos. — Rob Bell (n. 1970) Creio que não existe sofrimento maior que o causado pelas dúvidas dos que querem acreditar. Conheço esse tormento. Contudo, para mim, isso se tornou o processo pelo qual a fé se aprofunda. A fé infantil é boa para crianças, mas chega um ponto em que você deve crescer no que diz respeito à religiosidade, assim como em tudo na vida. … Se você acha que não pode acreditar, deve pelo menos

manter a mente aberta. Mantenha-a aberta para a fé, continue desejoso, continue perguntando e deixe o resto para Deus. — Flannery O'Connor (1925–1964) Os grandes líderes do povo de Deus, tais como Moisés, sempre deixaram espaço para da dúvida. É preciso deixar espaço para o Senhor, não para as suas certezas; é preciso ser humilde. — Papa Francisco (n. 1936) A fé “cega” tem sérias limitações. É preciso ter uma fé “conhecedora”, que nasce e cresce da crença sincera nas promessas da Palavra. Você as conhece, sabe que Deus as fez, de forma que agora pode depender delas. — Gloria Copeland (n. 1942) Para muitos, o grande perigo não está em abandonar a fé, mas em ficar tão distraídos ou ocupados que aceitamos uma versão medíocre dela. — John Ortberg (n. 1957) ■


PICOS e VALES Elsa Sichrovsky

Li recentemente o romance de C. S. Lewis, Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz,

que apresenta uma troca de correspondências, entre um diabo veterano, chamado Fitafuso, e outro, iniciante, chamado Vermebile. As cartas oferecem uma percepção fascinante das estratégias de Satanás para sabotar meu crescimento espiritual, meu relacionamento com Deus e minhas interações com os outros. Uma das cartas explora os altos e baixos da experiência humana, os quais chamo de “picos e vales”. Nesta carta, Fitafuso discute o período de "seca e apatia" pelo qual a vítima de Vermebile está passando. Fitafuso lamenta que Deus pretenda usar esse tempo para fortalecer a determinação do jovem para amá-lo e segui-lo, mesmo sem inspirar sentimentos para validar sua presença. Fitafuso pede a Vermebile que não permita que o da normalidade dos vales, mas que fique convencido de que aquela sensação arrastada de depressão é uma condição permanente. Enquanto eu lia, refleti no meu ciclo de picos e vales pessoal, 1. 2 Coríntios 5:7

e sobre o que tenho aprendido com os meus vales. Com certeza tenho desfrutado dos “picos” na minha vida: períodos de sucesso no meu trabalho, progresso nos estudos, camaradagem com familiares e amigos, ótima saúde, alegre comunhão com Jesus e leitura inspiradora da Bíblia. Mas também tenho passado por “vales” tais como aquele com o qual tive dificuldade recentemente. Comecei com um grande revés no meu trabalho, seguido de problemas nos meus estudos, conflitos e comunicação desgastada com meus amados, e finalmente fiquei doente. Eu me vi no fundo do poço, sem nenhuma inspiração para ler a minha Bíblia ou até mesmo orar. O meu vale parecia não ter fim, e me engolia num vazio escuro e me cobria em desespero. Senti como se Deus tivesse feito as malas e desaparecido. Roguei para ele estar próximo, me ajudar a passar pelos meus problemas e me permitir sentir a sua presença, mas ele parecia distante e silencioso. O que está acontecendo? O que fiz de errado? Ponderei desesperadamente. Tentei usar força de vontade e

esforço para recriar a emoção e inspiração espiritual da qual desfrutei nos meus picos, mas isso só me deixou exausta e ainda mais desanimada. Finalmente me ocorreu que fé não pode ser medida por sentimentos, como Paulo diz: “Vivemos por fé, e não pelo que vemos.”1 Concentrar-me em minhas emoções instáveis e muitas vezes negativas me levou cada vez mais fundo em minhas dúvidas e tornou minhas provações mais difíceis de suportar. Ler Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz confirmou o que eu tinha descoberto no meu vale. Descobri que o segredo era entender que eu estava passando por um vale e que é comum a todos passar por vales. Minhas dificuldades não eram indicadores de que eu havia falhado a Deus ou que ele havia me abandonado. Em vez disso, são partes dolorosas, mas normais da experiência humana. Eu sentira como se fosse permanecer naquele triste estado para sempre, mas descobri que, no tempo de Deus, todos os vales acabam e emergi com fé renovada na sua graça e amor. Elsa Sichrovsky é escritora freelance. Vive com sua família em Taiwan.■ 15


Com amor, Jesus

UM LUGAR DE REFÚGIO “Torre forte é o nome do Senhor; para ela corre o justo e está seguro.”1 Quando as tempestades o acometerem e você for jogado de um lado para o outro pelos ventos da tribulação, adversidade e dificuldade, venha para meu lugar de refúgio até que as calamidades tenham passado. Descanse a cabeça no meu ombro e cuidarei de você. Este é o refúgio que lhe prometi — o conforto em meu amor, a paz que flui do meu coração para o seu, que enche você, envolve você e transporta seu espírito para a esfera celeste, onde poderá ver as coisas com novos olhos. Você vivencia novos pensamentos e um entendimento que jamais teve. Nesses momentos de quietude em que nossos corações comungam, posso mudar sua perspectiva, dar-lhe novas ideias, plantar no seu coração e na sua mente pequenas sementes que, devidamente regadas com minha Palavra, podem crescer e se transformar em árvores fortes e frutíferas.

1. Provérbios 18:10


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