MUDE SUA VIDA.
UMA CANECA DE CAFÉ Acerte suas prioridades
Strawberry Fields Forever Paz, afinal
Santuário São e salvo
MUDE O MUNDO.
Volume 17, Número 10
C O N TATO P E S S OA L assentando tijolos Uma das perguntas mais instigantes é: “Como Deus se relaciona com o tempo?” A Bíblia faz o melhor ao seu ao alcance para responder: “Não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia” — explicou Pedro.”1 Nosso relacionamento com o tempo parece ser muito mais simples, mas é uma grandeza que ainda não entendemos muito bem. As crianças contam dias que parecem intermináveis para a chegada do Natal e de seus aniversários. Para os adolescentes, a semana de preparação para uma prova difícil voa, enquanto a última aula de sexta-feira parece levar dois dias para acabar. De um modo geral, não percebemos que os elementos mais importantes de nossas vidas se constroem de forma lenta e silenciosa. O plano de Deus para o nosso desenvolvimento não é pautado por grandes momentos, sejam traumáticos ou extasiantes, pois são raros e espaçados demais. Nosso caráter e a qualidade de nossas vidas se constroem momento a momento. Diariamente, assentamos outra fileira de tijolos na estrutura que sustenta e dá forma à nossa existência. O problema é que, tipicamente, não damos a atenção e o valor devidos a esses eventos “pequenos”, mas são eles que, na realidade, se traduzem no que chamamos nossas vidas, projetam nosso futuro e qualificam nossos relacionamentos. O conceito de atenção plena tem sido cada vez mais discutido, conforme um número crescente de pessoas escolhe viver cada momento ao máximo e adere às ideias que apontam à importância das experiências presentes, de fazer menos para fazer melhor e de viver intensamente o presente. A abordagem de “um dia de cada vez” pode nos levar a escolher mais cuidadosamente os tijolos que assentamos se avaliarmos melhor onde os posicionamos, a começar pelo tempo que passamos com nosso Pai. “Olhai para as aves do céu”2 — admoestou Jesus. Observai como crescem os lírios do campo”3 — insistiu. Disse que não deveríamos nos preocupar com o amanhã4 e poderia ter acrescentado “Vivam no momento”.
Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.
www.activated.org/br www.contato.org E-mail: revista@contato.org
Editor Mário Sant'Ana Design Gentian Suçi Diagramação Angela Hernandez Produção Samuel Keating
© 2016 Activated. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana. A menos que esteja indicado o contrário, todas as referências às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia
Mário Sant’Ana Editor
Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.
1. 2 Pedro 3:8
3. Mateus 6:28
2. Mateus 6:26
4. Mateus 6:25
2
UMA CANECA DE
Passar tempo com Deus é a chave para nossa força e sucesso em todas as áreas da vida. Nunca tente encaixar um horário para Deus em sua agenda, mas organize-a em torno dele. —Joyce Meyer (n. 1943)
CAFÉ
Maresha Voorn
Percebo que os dias que começo com Deus são os melhores. Ele é como
uma boa caneca de café: inspiro profundamente seu aroma, saboreio-o devagar, desfruto seu calor em uma manhã fria e deixo sua bondade me manter ativa durante o dia. É algo que me motiva sair da cama e produz uma sensação agradável cuja lembrança carrego ao longo do dia. Quando começo o dia com Deus, tenho certeza de que ele está comigo, ao meu lado, ouve minhas orações e me atenderá. É uma garantia maravilhosa. Adoro ouvir
1. Provérbios 8:17 JFAA 2. Êxodo 33:14
meu marido dizer: “Se precisar de alguma coisa, é só chamar. A gente se vê mais tarde. Eu te amo.” Quando Deus promete passar o dia comigo e me ajudar no que preciso, sei que posso contar com isso. É um verdadeiro cavalheiro e sempre honra sua palavra: “Eu amo aos que me amam, e os que diligentemente me buscam me acharão”1 e “Minha presença irá contigo, e eu te darei descanso.”2 Quando busco Deus logo de manhã, sinto-o comigo todo o dia, tenho a consciência da sua presença e de sua habilidade para guiar, orientar e tornar meus pensamentos e ações mais produtivos. Essa conexão torna mais fácil continuar pensando nele ao longo do dia. A quietude da manhã, antes de a
correria do dia invadir nossas mentes, é o momento perfeito para escutar aos sussurros de Deus. Além de nos ouvir por meio das nossas orações, ele adora também se comunicar conosco para nos dar sabedoria, inspiração, ideias e paz. Quer nossa necessidade seja de orientação prática, insight espiritual ou apenas tranquilidade, vale a pena gastar o tempo necessário para buscar, ouvir e conhecer Deus. Maresha Voorn é educadora de ensino em casa e dedica parte do seu tempo a trabalhos relacionados à cura da mente/ corpo/espírito. ■
3
CENA UM; CENA DOIS Iris Richard
CENA UM O ruído de metal contra metal quando eu manobrava para sair da vaga no estacionamento não produziu em mim uma boa sensação. Na pressa, não atentei à caminhonete estacionada perto de onde eu estava e deu no que deu. Rapidamente saí do carro para avaliar as perdas e danos: uma rachadura profunda no para-choque do meu carro e a destruição de uma lanterna traseira da pick-up na qual colidira. Deixei um bilhete com um pedido de desculpas e meu número de telefone preso pelo limpador de para-brisa do outro carro. E saí do 4
estacionamento chateada com todo o ocorrido. Minha intenção era evitar o trânsito pesado da hora de pico, mas não deu certo e logo vi que chegaria atrasada para uma importante reunião. Imóvel e impaciente na via congestionada, estapeei em vão o volante do carro. Em minha mente, o replay incessante do incidente no estacionamento era o recurso que eu usava para tentar entender como pude não ver o outro veículo ali parado. Começar o dia assim não faz bem ao estômago de ninguém, mas a famosa última gota se deu quando uma minivan furou a fila justo na minha frente. Baixei o vidro e soltei o verbo. Baita exemplo cristão, pensei
em autocrítica. Na verdade, aquele meu início de manhã parecia não ter muito de Cristo. Imobilizada pelo tráfego, tive tempo para pensar e refletir nas minhas rotinas matinas nas últimas semanas e ver que o tempo diário com Deus que costumo ter de manhã fora em parte sacrificado nas últimas semanas por conta do aumento da carga de trabalho e da redução do tempo para ela. Percebi que no mesmo período passei a me irritar mais facilmente com as coisas e a manifestar essa irritabilidade. O trânsito começou a se liberar e fiz o compromisso de retomar minha prática de devoções matinais.
Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças. Subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão, caminharão e não se fatigarão. —Isaías 40:31
CENA DOIS A agenda da semana seguinte estava carregada e indicava que não havia muita margem para qualquer coisa além do trabalho. O volume e o tipo de trabalho que me aguardavam deixava claro que eu ia precisar tanto de energia quanto de paciência. E isso requeria um plano. Decidi despertar meia hora mais cedo do que o usual, reuni uma variedade de materiais devocionais, um caderno em branco e uma caneta para deixar na sala para meu momento de contato direto com Deus. Acordar cedo com certeza seria um sacrifício, pois, para mim, dormir é importante, mas decidi ir em frente e dar uma chance a esse compromisso. Ao soar do despertador cedinho
pela manhã, reuni a coragem para me arrastar para fora da cama e, como sonâmbula, cheguei à sala, assumi meu lugar da ponta do sofá. Lá fora ainda estava escuro, mas alguns pássaros já anunciavam com seu canto o novo dia. Eram sons que pareciam se combinar para dar glória a Deus e me inspiraram a também louvar o Criador, contando minhas bênçãos. Os primeiros e tímidos raios de sol penetraram a sala, senti-me mais desperta e comecei a ler no livro devocional a passagem do dia. Inspirada pelo texto, que parecia sob medida para a ocupada semana que tinha diante de mim, copiei um parágrafo no caderno. Então orei pelos vários itens da minha lista de afazeres e passei algum tempo meditando nas orações não respondidas da semana anterior. Ao fim daquela meia hora,
senti-me renovada e pronta para o dia. Passar aquela meia hora diária com Deus não eliminou os problemas, os obstáculos ou empecilhos ao sucesso, mas determinou minha reação a eles, melhorando minhas respostas e me aumentando minha paz de espírito. Assim, resgatei o hábito de passar tempo com Deus no início da manhã. E isso tem sido para mim a fonte das forças que preciso para lidar com os revezes, de paz e de maior clareza do pensamento, para processar situações de maneiras mais benéficas. Iris Richard é conselheira no Quênia, onde ela sido ativa na comunidade e no trabalho voluntário desde 1995. ■ 5
Elsa Sichrovsky
A estrelinha
br nca
Chegava ao fim outro dia estressante e exaustivo.
A frustração e a fatiga pairavam sobre mim como uma nuvem alimentada pela minha irritação com meu computador e minha ira pelo frango queimado que deu cabo dos meus planos para o jantar, além de uma dúzia de outras perturbações cotidianas. Após o jantar com frango semicarbonizado, fui para um parque nas imediações. Minha mãe sempre diz que “a natureza relaxa os nervos” e decidi pôr seu conselho à prova. Caminhando pelo parque, estava de certa forma esperando que alguma “mágica” acontecesse. Esmaguei com o sapato uma embalagem vazia de um maço de cigarros e me vi diante de um vaso com flores murchas, pensando em nada. Mais à frente, uma criança chorava no carrinho empurrado pela mãe e atrás de mim se ouvia a discussão de um casal de meia idade. Suspirando de decepção, 1. Salmo 19:1–3 NVI 2. 1 Timóteo 6:17 6
comecei o regresso para casa. Movida, talvez, por uma determinação subconsciente de ser tocada pela “mágica da natureza”, apesar do cenário nada mágico ao meu redor, olhei para o céu negro. O fim de tarde fora tão nublado que eu não esperava ver nenhuma estrela, mas, para minha surpresa, lá estava uma estrelinha branca piscando para mim. Era o único astro visível, mas brilhava intensamente e parecia se regozijar por eu a ter notado. De repente, percebi quão raramente eu parava para olhar para o céu. Por que não o contemplava diariamente para sorver sua beleza inspiradora? Por que não me permitir ser lembrada daquele que criou o firmamento e a mim? Enquanto admirava a estrelinha branca, fui lembrada das linhas iniciais do Salmo 19, que aprendi quando criança: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz.”1 Talvez, a seu próprio jeito, os céus narrem a história do amor no nosso
Deus, “que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos”,2 nos escreve cartas de amor com a tinta colorida dos arco-íris, do sol nascente e dos fins de tarde — e nos dá piscadelas desde estrelinhas brancas em uma noite escura. Fiquei ali parada por um tempo, olhando para a singeleza da cena rica em conteúdo e beleza, para aquela luz solitária em meio a densas trevas. Não importa se as outras estrelas estivessem ocultas pela poluição ou pelas nuvens e que isso pudesse vir a acontecer em alguma noite à minha estrela amiga. O fato é que, visíveis ou não, as estrelas estão lá. E assim é o amor de Deus, concluí satisfeita. Nada pode apagá-lo. Está sempre lá, esperando para atravessar a nebulosidade e brilhar em nossas vidas. Sei agora como a natureza aplaca os nervos: encanta com suas belezas e nos traz os sussurros do mais verdadeiro dos amantes e seu eterno amor. Elsa Sichrovsky é escritora freelance. Vive com sua família em Taiwan. ■
A escolha de uma criança Anna Perlini
Em 1996, nossa família acabara de se mudar da segu-
rança da Itália para um apartamento amplo na periferia de Rijeka, na Croácia pós-guerra, ainda abalada e instável. Nossos vizinhos formavam uma mistura de refugiados, viúvas e idosos que cuidavam de crianças cujos pais estavam mortos ou haviam ido para outras bandas em busca de trabalho. Todos traziam na alma e não raramente também no corpo as marcas das experiências traumáticas dos trágicos conflitos em um passado muitíssimo próximo. Ivan vivia no andar logo abaixo do nosso. Usava um tapa-olho e não ouvia bem. Além disso, sofria de dores de cabeça terríveis causadas por um estilhaço de explosivo alojado no seu cérebro, que os médicos não podiam remover. Ivan era casado e tinha duas filhas, mas era fácil ver que lhe era difícil se ajustar à vida em família. Ele não era o soldado forte e radiante que se via nas fotos em exposição na sala do pequeno apartamento onde morava, mas um homem muito abalado, sofrendo de transtorno de estresse pós-traumático (PTSD), que passava a maior parte do tempo cuidando das meninas e olhando para o horizonte, pensativo. Meu caçula, Jeff, à época com cinco anos, tinha um pouco de medo de nosso vizinho. Eu mesma não sabia o que pensar em relação a ele. Jamais havia conversado com
1. http://www.perunmondomigliore.org
Ivan devido ao meu limitado conhecimento do idioma croata, mas também porque não sabia como lidar com um sofrimento tão forte e tão óbvio. Um dia, expliquei a Jeff sobre as angústias que sofria Ivan e porque ele usava um tapa-olho. Ensinei-lhe a dizer: “Ja molim za vas” — “estou orando por você” em croata — e sugeri que dissesse isso ao homem, na quando o visse. Jamais esquecerei aquele momento, quando, na próxima vez que o encontramos, Ivan, um homem com aparência assustadora, curvou-se para ouvir o que uma criança de cinco anos lhe sussurrava. Quando se endireitou, pude ver a lágrima que escorria em seus olhos quando suspirou e disse: "Obrigado". A partir de então, Ivan e Jeff ficaram bons amigos. Muitas vezes visitávamos sua família para cantar para eles, lermos a Palavra de Deus ou simplesmente para lhes fazer companhia. Ivan faleceu pouco depois. Depois de lutar contra muitos males físicos e contra o desânimo, encontrou, nos seus últimos anos, amparo e conforto em Jesus. Jeff cresceu e agora é pai, mas ainda me lembro com muito carinho do dia que meu menino escolheu trocar o medo pelo amor. Anna Perlini é cofundadora de Per un Mondo Migliore,1 uma organização humanitária com ações na Região dos Balcãs, desde 1995. ■ 7
Curtis Peter van Gorder
STRAWBERRY FIELDS FOREVER Dizem que nossa vida depende de quatro decisões principais que nos tornam o que somos: a carreira que escolhemos, com quem nos casamos, as amizades que fazemos e nossas crenças. A meu ver, escolher no que acreditar é o mais importante, pois determina em grande parte o que acontece com o restante. Cada um de nós provavelmente tem uma história de algum momento crucial que ajudou a moldar o seu sistema de crenças. Essas experiências são parte do que é conhecido como o nosso testemunho. Nossa história de vida fala alto. Ela diz ao ouvinte que se isso aconteceu com a gente, então poderia funcionar para ele. Você pode ler como Paulo contou sua história em Atos capítulo 22.
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Talvez sua história ainda esteja em formação. Aqui está a minha: Eu tinha dezenove anos, quando decidi passar o verão na fazenda abandonada da minha família no meio do ermo na Pensilvânia nos Estados Unidos. Aquilo mal podia se chamar de fazenda. Restavam apenas as estruturas de alguns edifícios. Quarenta anos antes tinha sido uma propriedade em pleno funcionamento onde moraram meu pai e sua família de sete irmãos bagunceiros, mas um trator que fazia mineração a céu aberto na área passou por cima de uma linha de combustível, provocando um incêndio que reduziu a casa a cinzas. Ninguém se deu ao trabalho de reconstruir a casa e a área ao redor reverteu ao estado natural. Longe de tudo e de todos, aquele era o lugar livre de distrações e
perfeito para eu traçar meu caminho para o futuro. Dezenove anos é uma idade crucial na qual muitos tomam decisões importantes na encruzilhada da vida — e foi o que aconteceu comigo. Meu cachorro e eu vivemos por seis semanas em total simplicidade, fazendo longas caminhadas pelas matas, nadando no rio, meditando e escrevendo poesia. Vivi de morangos silvestres, granola e soja. Apelidei este lugar de meu “Campos de Morangos para a Eternidade”, segundo a canção popular dos Beatles (Strawberry Fields Forever) que romantizava um mundo eterno idílico que eu esperava encontrar naquela simplicidade junto à natureza. À época, eu procurava me expressar por escrito no estilo “fluxo da
Você quer conhecer Jesus também? Ele ama você e quer passar a eternidade com você se você apenas O convidar. Querido Jesus, por favor entre em minha vida e conceda-me sua paz, propósito e alegria. Perdoe-me pelas coisas erradas que fiz. Ajude-me a ficar ao seu lado sempre. Amém.
consciência” e minha fotografia era igualmente confusa. Para lhe dar uma ideia do grau dessa confusão: alguns amigos e eu tínhamos montado uma exposição de nossa “arte”, que havíamos apelidado de “Esquisitismo” na esperança de iniciar um novo movimento de arte. Teve curta duração, porém, e encontramos nossa exposição descartada na manhã seguinte. O zelador a confundira por lixo. Naquela época, eu tomava LSD e fumava maconha de vez em quando, e isso estava mexendo bastante com a minha cabeça, dando-me uma sensação muito distorcida da realidade. Tudo isso acontecia com uma mistura dos turbulentos anos 70, Guerra do Vietnã, tumultos raciais, luta pelos direitos civis e uma nação de jovens à procura de
algo que não sabiam o quê. Eu desejava encontrar uma vida simples para me reconectar com a natureza e tentar encontrar minhas raízes espirituais. Pensei que talvez pudesse encontrá-la no tiro com arco Zen. Fiquei admirado com os grandes mestres sobre os quais havia lido, que conseguiam disparar uma flecha e acertar o alvo, e depois, com a segunda flecha dividir a primeira ao meio. Tentei várias vezes acertar o alvo, mas passei a maior parte do tempo à procura das flechas. Percebi que levaria algumas vidas para eu dominar essa arte. Agora eu sabia por que eles tinham retratado os mestres com longas barbas e cabeças calvas — tinha a ver com o tempo que gastaram para aprender a atirar. Mas tinha pressa para encontrar um meio de ser iluminado.
Eu ansiava encontrar “algum lugar” em um senso de comunidade e não no céu do “vazio” que alguns credos prometiam. De modo que apesar de ter encontrado uma certa medida de paz, vivendo como um semi-eremita, percebi que a paz que encontrei na natureza era apenas passageira e logo se desvaneceria quando eu voltasse para a cidade. Eu precisava de algo mais duradouro, para quando fosse confrontado com a dura realidade da vida cotidiana — uma paz que não dependesse de circunstâncias externas, de alguém ou de algo que pudesse acalmar as ondas tempestuosas da vida. Eu havia ido à igreja de vez em quando, e era um crente nominal, mas não tinha uma compreensão sincera do que o cristianismo se tratava ou como se aplicava a mim. 9
Foi então que minha irmã me falou de Jesus. Não das tradições ou dos rituais, mas do homem. Descobri que Jesus era muito mais. Ele era o homem que viveu a “vida simples” perfeita, indo a todos os lugares fazendo o bem. Ele não só falou sobre o amor, mas deu a Sua vida por amor e ressuscitou três dias depois de sua morte, dando-nos a vida eterna numa barganha. Na minha mente, no contexto da época, ele era o perfeito “hippie paz e amor” sem o problema das drogas e todos os outros baixos astrais que eu tinha experimentado. Aceitei-o em meu coração. Aquilo foi como uma semente que cresceu e cresceu à medida que a regava com a sua Palavra, oração e partilhava a minha fé com os outros. Poucos meses depois, de férias no Canadá, entrei em um lago e cortei os pés nas rochas afiadas nas águas 1. 1 Reis 19:12 2. Provérbios 3:26 3. Ver Filipenses 4:7. 4. Ver Salmo 23:2. 5. http://elixirmime.com 10
rasas. Deitado na margem tentando cuidar dos machucados, fiquei contemplando o céu azul-turquesa. Como estava à beira de uma decisão que mudaria a minha vida, eu me perguntava se aquele incidente teria algum significado para mim, então instintivamente pedi ao Senhor para falar comigo sobre o que tinha acontecido. A reposta não veio em palavras audíveis, mas por meio do que a Bíblia chama de “a voz mansa e delicada”,1 que falou ao meu coração. Ele disse: “Entre de cabeça, ou fique na areia. Mas se ficar andando receoso na beirinha, vai se cortar.” Eu sabia que isso significava que eu deveria ir em frente e tomar minha decisão com ousadia, fazendo o que eu sabia ser certo, sem me preocupar com as consequências. Dei o salto e decidi dedicar minha vida ao serviço do Senhor de muitas maneiras e em vários países. E aqui estou eu, uns 40 anos depois, feliz pelo que fiz. Provérbios diz: “O Senhor será a tua confiança,
e guardará os teus pés de serem presos.”2 Ele certamente fez isso na minha vida muitas vezes. Foi em Jesus que encontrei a paz de espírito que procurava. Não fugindo do mundo, mas estando no mundo, sem pertencer ao mundo. É claro que às vezes precisamos de um lugar calmo e de ficar longe de tudo — até Jesus teve que deixar a multidão para ficar sozinho e falar com Seu Pai. Todos buscamos paz e sossego para as nossas almas e não deveríamos esquecer que há um mundo à espera precisando dessa paz que recebemos dele — a paz que excede todo o entendimento.3 Fazendo uma retrospectiva da minha decisão naquela encruzilhada, posso dizer que não me arrependo. Jesus é a verdade e o caminho para a vida. Ele me levou a pastos verdes ao lado de águas tranquilas e cristalinas da montanha.4 Curtis Peter van Gorder é roteirista e mímico5 na Alemanha. ■
A MAGA DA COZINHA Joyce Suttin
O barulho de panelas na cozinha, portas batendo, talheres
em ação e da pesada panela de ferro sendo posta sobre o fogão avisa a todos que estou na cozinha e que devem permanecer longe. Obviamente, terminarei logo. Aprendi faz tempo que os trabalhos dos quais não gostamos devem ser feitos rapidamente. Então parto para cima com tudo, sabendo que não devo me preocupar com um pouquinho de barulho, porque tenho de entregar o serviço pronto. Às vezes, dedico-me de verdade às minhas artes culinárias. Planejo por dias, estudo receitas, escrevo listas e reúno os ingredientes. Tudo que pode ser feito com antecedência é devidamente preparado de antemão e posto em lindas travessas decoradas. Mas as refeições do dia a dia não
passam pelo mesmo processo! Em uma noite típica eu poderia ganhar um prêmio pelo tempo recorde em refeição posta à mesa. Saiam do caminho! Estou passando! Naturalmente, coleciono desastres aqui e ali. Pratos quebrados e dedos queimados não são ocorrências raras. Sentimentos feridos também não: “Dá para esperar um minuto para eu terminar?!” — peço sorrindo. O sorriso é notoriamente falso, mas não a previsão: posso mesmo terminar em um minuto se saírem da cozinha e me deixarem em paz. Jantar pronto, cozinha limpa e comida nutritiva sobre a mesa. Mas ainda falta uma coisa. Quando meus filhos eram pequenos, eu tinha um toca-discos e uma coleção de clássicos na cozinha. Mãe de uma família grande com muito para fazer e
organizar, sempre tive muita coisa em minha mente. A música clássica me ajudou a ir mais devagar e a enlevar meu espírito, enquanto eu cozinhava. Eu deixava uma bandeja com verduras ou uma salada crua à disposição de qualquer criança que não conseguisse esperar um minuto. Talvez eu devesse aprimorar meus hábitos de trabalho. É possível que eu esteja deixando escapar momentos que eu deveria desfrutar de verdade. Mesmo se o jantar atrasar uns minutos e a cozinha não ficar impecável, eu deveria ir mais devagar, desfrutar os aromas dos pratos que preparo. Talvez eu devesse até aceitar a ajuda dos outros e pudéssemos rir e relaxar juntos. Joyce Suttin é professora aposentada e escritora. Vive em San Antonio, nos EUA. ■ 11
O
Desafio
60
dos
Minutos Tina Kapp
Li um artigo muito interessante intitulado “Assuma o
Controle da sua Vida em apenas uma Hora”1 (Take Charge of Your Life in Just One Hour), por Anna Rich. O texto se destacou para mim porque era simples, claro, direto e colocá-lo em prática realmente era coisa de uma hora. Seguem-se algumas das dicas que mais gostei (com algumas adaptações pessoais) do que você pode fazer naquela uma hora. Algumas podem funcionar para você; outras, não; mas espero que algumas coisas façam sentido e o ajudem a organizar o seu dia.
Um minuto: Arrume sua cama Pode parecer tolice ou algo inconsequente, mas quando o quarto parece mais arrumado, já começo a me sentir melhor. Se você for uma pessoa relativamente organizada, ver as coisas em seus devidos lugares o ajuda a se sentir no controle desde o começo do dia. Se for o oposto, então fazer sua cama de vez em quando pode ajudá-lo a encontrar o seu chinelo favorito ou aquele boletim da escola que você tinha certeza que o cachorro havia comido. Como a Bíblia diz, “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz.”2 1. Fairlady, Abril de 2013 2. 1 Coríntios 14:33 ESV 3. Provérbios 19:15 4. Hebreus 6:12 NVI 5. Atos 17:11 NVI 6. Salmo 150:6 7. 1 Coríntios 3:16 8. 3 João 1:2 NVI 9. www.just1thing.com 12
Quinze minutos: Tome café da manhã Tomar café da manhã traz muitos benefícios à saúde, mas sei que nem todos gostam de comer no início do dia. O principal nesse caso é estar ciente de sua saúde, fazer boas escolhas, não permitir que outros escolham por você, acabar sem tempo e não conseguir comer alguma coisa. O rei Salomão disse sabiamente aos seus filhos, “A preguiça leva ao sono profundo, e o preguiçoso passa fome.”3
Dois minutos: Faça uma lista de afazeres para o dia Uma lista de tarefas o ajuda a ver exatamente o que precisa ser feito para que você se certifique de que as coisas mais importantes são feitas primeiro. Riscar os itens da lista conforme são realizados, lhe dá um sentimento fantástico de satisfação bem merecida e garante que você não vai negligenciar ou deixar de fazer o que é premente ou tem um prazo. O autor do Livro de Hebreus escreveu: “De modo que vocês não se tornem negligentes, mas imitem aqueles que, por meio da fé e da paciência, recebem a herança prometida.”4
Dez minutos: Leia um capítulo da Bíblia e ore por alguém ou algum acontecimento É tão importante dinamizar o seu lado espiritual como o seu lado físico. Ore pelos amigos e familiares que lhe vierem à memória, assim como por trabalhos ou projetos nos quais esteja envolvido. Ficou sabendo de alguma tragédia divulgada no noticiário? Passe alguns minutos orando pelos envolvidos. Há muitos programas ótimos de leitura da Bíblia que podem ajudá-lo a escolher um capítulo ou dois para ler cada dia e também passagens maiores para ler com o tempo. Outras ideias incluem ler um salmo ou capítulo de Provérbios cada dia, ou parte de outro livro inspirador. O livro de Atos diz que os bereanos eram verdadeiramente excelentes na leitura diária da Palavra de Deus e que “receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo.”5
Dois minutos: Pratique a gratidão Não valorizamos muitas coisas do dia a dia — como nossa visão, a saúde, oportunidades de estudo e trabalho, amigos e família, uma casa na qual viver. Agradecer a Deus pelas coisas que Ele lhe dá ajuda a ver a vida de uma perspectiva melhor. A positividade é algo poderoso; há um monte de benefícios para a sua saúde e pode até ajudá-lo a passar pelas portas de possibilidade que você talvez não tenha ainda tentado caso estivesse focado demais no negativo. O rei Davi anulou todas as desculpas para não louvar o Senhor quando disse: “Tudo o que tem vida louve o Senhor.”6
Trinta minutos: Faça exercícios Muito da nossa vida moderna revolve ao redor da inatividade física: estudar, trabalhar à uma mesa, ler, dirigir ou andar de carro, dormir, ou ficar diante da TV, tablet ou PC. O desafio é limitar suas atividades sedentárias a 23 horas e meia por dia e se permitir pelo menos 30 minutos para caminhar ou para outra atividade física da qual desfrute. A Bíblia se refere ao seu corpo como o “templo de Deus”,7 o que revela a importância de cuidar de si mesmo. João deixou isso bem claro quando escreveu; “Amado, oro para que você tenha boa saúde e tudo lhe corra bem, assim como vai bem a sua alma.”8 2 Se conseguir acrescentar essas coisas à sua rotina diária, ficará surpreso ao ver como vai se sentir muito melhor e como estará mais no controle das coisas. É uma prática à qual aderi recentemente e já estou amando. O mais importante é perseverar. Qualquer coisa boa que você fizer, mesmo se for apenas alguns minutos cada dia, com o tempo valerá a pena! Quanto valem sessenta minutos para você? Tina Kapp é dançarina, apresentadora e escritora freelance na África do Sul. É diretora de uma empresa de entretenimento que ajuda a captar recursos para obras assistenciais e projetos missionários. Este artigo é uma adaptação de um podcast publicado em Just1Thing,9 um site cristão voltado à formação de caráter de jovens. ■ 13
O sorriso do Nilo Andrew Mateyak
Quando penso nas pessoas importantes no meu mundo, encontro várias.
Há grandes homens e mulheres do passado com realizações extraordinárias, meus pais maravilhosos que me deram uma boa educação, meus professores e tantas pessoas que se sacrificam para ajudar os outros ao redor do mundo. Outra pessoa que me ocorre é Nilo, meu amigo. Conhecemo-nos em um mercado, há vários anos. Ele é deficiente físico e estava ali contando com a solidariedade dos outros para viver. Coloquei uns trocados na vasilha que ele segurava, ao que reagiu com um sorriso absolutamente encantador. “Obrigado, meu amigo”
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— disse-me. E algo na sua voz e olhar que me fez bem. Em minha próxima ida ao mercado, voltei ao mesmo local e lá estava ele. Tão logo nossos olhares se encontraram, seu rosto novamente se iluminou com seu sorriso. “Olá, meu amigo!” — gritei acenando desde o outro lado da rua, a qual atravessei para conversar com ela. Nossa charla não demorou muito, mas daquele dia em diante, sempre que passava no mercado, tentava vê-lo e conversar com ele. “O que o Nilo tem que o diferencia das outras pessoas que vejo na calçada como ele?” — perguntei à minha esposa. Matutamos sobre a questão
O teste do coração é a dificuldade, e ela sempre chega com os anos, E o sorriso que merece os louvores da terra é o sorriso que brilha em meio a lágrimas. —Ella Wheeler Wilcox (1850–1919)
por um tempo e chegamos a uma conclusão: “É o sorriso!” Apesar dos seus muitos pesares, o rapaz não parece deprimido ou como se odiasse a vida e o mundo ao seu redor. Pelo contrário: sempre tem aquele sorriso maravilhoso e calorosamente me chama de seu amigo, mesmo apesar de eu não ter muito para lhe dar. É uma pessoa maravilhosa! Ele é alguém que respeito, que enfrenta dificuldades, todos os dias, com um sorriso e segue em frente. Se pudéssemos ser mais como Nilo, o mundo seria um melhor lugar para todos. Andrew Mateyak é membro da Família Internacional nas Filipinas. Siga seu trabalho em sua página no Facebook. ■
“Seguro nos braços de Jesus, Seguro no Seu peito manso, Ali pelo Seu amor protegido Minha alma encontrou descanso!” —Fanny Crosby, 1868
SANTUÁRIO Koos Stenger
“A conclusão” — disse o
orador com uma voz poderosa — é simples: agradeça a Deus pelas pequenas coisas na vida. Não busque os milhões, mas esteja grato pelos centavos.” Todos aplaudiram. O seminário estava encerrado. Com meu caderno cheio de notas tomadas às pressas e dois novos livros de autoajuda sobre como desfrutar a vida, saí do auditório atordoado. Acabara de participar de um bom seminário, mas não ouvira nada novo. A mensagem de desfrutar as coisas pequenas na vida e fazer isso diariamente não é nenhuma novidade. Agora, como fazer isso ainda está para ser aprendido, mesmo depois de um bom seminário. No início do ano, minha vida estava em farrapos. Nosso saldo bancário estava quase zerado e problemas de saúde se acumulavam. E agora, o
1. Provérbios 18:10
medo encontrara um ninho aconchegante em minhas meditações diárias. Como eu poderia estar grato por pequenas bênçãos como uma xícara de chá quente sob o sol de inverno, ou o reconfortante ronronar de um gato sobre o meu colo, quando eu não tinha certeza se sobreviveria mais um mês? Não havia um momento sequer que minha vida não era sitiada por preocupações, pelo deboche e pelas explicações lógicas para minha vida ser um fracasso e por que isso jamais mudaria. Santuário. A palavra soou em minha mente com grande clareza, como se alguém a tivesse falado bem na minha frente. Eu precisava de um santuário. Em tempos remotos, o termo ser referia ao direito de alguém à proteção dos muros de uma igreja consagrada. Enquanto o refugiado permanecesse nos limites do templo, seu direito a Santuário era de um
modo geral respeitado. Mas o que isso tinha a ver comigo? Eu também estava em fuga. Meus temores eram tão reais quanto os perseguidores de um criminoso dos tempos medievais. Tentar me esconder deles era impossível, mas há um santuário. “Torre forte é o nome do Senhor; para ela corre o justo e está seguro.”1 Seguro! Que palavra maravilhosa. Em Jesus, a torre forte, posso encontrar descanso e força. Em seu santuário, posso discutir tudo com o Salvador e Ele me mostrará como lidar com cada problema e temor. E meus problemas? Ainda existem? Depois de passar um tempo no Santuário, eles perderam seus efeitos nefastos. Não há nada que Jesus e eu não demos conta. E a melhor parte é que posso voltar para o Santuário sempre que necessário. Koos Stenger é escritor freelance na Holanda. ■ 15
O LUGAR SECRETO Com amor, Jesus
Vejo suas lutas e ouço seu clamor por ajuda. Mesmo quando você se sente sozinho, saiba que estou com você. Sinto as dores de seu coração e espero que você me busque em oração. Venha para o meu santuário, aquele lugar secreto do qual podemos compartilhar. É onde afastarei suas preocupações, suas inquietações e toda da confusão. É onde posso lhe restaurar o sentimento de propósito e lhe dar a força para continuar. A vida é uma luta, mas você não tem de lutar sozinho. Muitas vezes, permiti fardos em sua vida e desafio que pareciam montanhas. Com o espírito abatido você se perguntou por quê. Não deixei essas coisas para reprová-lo ou por conta de algum tipo de punição, mas para que você se aproximasse de mim. Conheço seu coração melhor do que qualquer outra pessoa e ninguém o ama como eu. Os obstáculos e reveses que permito podem ser interpretados de duas maneiras: uma o deixará amargurado; a outra, aperfeiçoado. Quando você encontrar a paz que posso lhe trazer, poderei usá-lo como um instrumento do meu amor para consolar os outros. Muitos eventos na vida podem parecer injustos e até cruéis, mas quando vistos pelo prisma de minha promessa, que “todas as coisas concorrem para o bem”,1 ganham todo um novo significado. Nessa promessa estão os recursos para aliviar a angústia, enfrentar qualquer problema e superar todos os temores. 1. Romanos 8:28