MUDE SUA VIDA.
UM CONTO DE DOIS CAMPOS Escassez versus abundância
O líder sábio e o insensato
Os benefícios de trabalhar em equipe
A vitória dos improváveis Desafiando os prognósticos
MUDE O MUNDO.
Volume 18, Número 3
C O N TATO P E S S OA L O segredo Apesar de que quando escreveu à igreja em Filipos, Paulo padecia em uma prisão romana, o apóstolo não relacionou sua felicidade ao desejo de ser solto, mas à harmoniosa relação que desejava que os filipenses cultivassem entre si: “Então peço que me deem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um mesmo amor e sendo unidos de alma e mente. Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros.”1 Paulo não estava dizendo que uma pessoa não deveria levar em conta suas necessidades. O próprio Jesus, às vezes, relegou as demandas das multidões para passar tempo a sós com seu Pai2 ou para ensinar somente aos Seus doze discípulos mais próximos.3 A lição da epístola é sobre a necessidade de pensarmos nos outros, nas suas necessidades e interesses, em vez de nos concentrarmos em nós mesmos. E é justamente no nosso relacionamento com Jesus que podemos encontrar forças para isso. O que quer que façamos, devemos fazê-lo por Ele.4 Se O adotarmos como pedra fundamental de nossas ações, se Ele estiver no centro de nossa atenção, então poderemos construir boas relações com Deus, familiares, colegas de trabalho e outros. O fato é que a chave do sucesso na vida e o elemento essencial das relações felizes e produtivas é darmos a Jesus o primeiro lugar e sermos a pessoa que Ele deseja que cada um seja. Espero que os artigos nesta edição da Contato lhe sirvam de inspiração e o ajude a progredir em sua jornada.
Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.
www.activated.org/br www.contato.org revista@contato.org Editor
Samuel Keating
Produção
Samuel Keating
Design
Gentian Suçi
© 2017 Activated. Todos os direitos reservados.
Mário Sant’Ana Editor
Tiago Sant'Ana.
1. Filipenses 2:2–4 NTLH
todas as referências às Escrituras na Contato foram
2. Ver Marcos 1:35–39.
extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João
Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e A menos que esteja indicado o contrário,
3. Ver Mateus 16:13; 17:1.
Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea,
4. Ver Colossenses 3:23.
Copyright © 1990, por Editora Vida.
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A mensagem de texto sa misterio por P r isc
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Em um dia especialmente ocupado, eu corria contra o relógio para levar meus filhos à aula de computação quando dei falta de um dos livros dos meninos e da chave da casa. A expressão “nervos à flor da pele” é insuficiente para descrever meu estado, enquanto revirava tudo em busca dos itens faltantes. De repente, um sinal me alerta que chegara uma mensagem ao meu telefone. Sem reconhecer o número de origem, fui surpreendida pela mensagem não assinada: “Não posso mudar seu passado nem lhe prometer um futuro, mas lhe garanto meu amor e apoio em tudo que você quiser fazer. Tenha um lindo dia”. Tive de rir. Parecia um daqueles “enganos” planejados por Jesus
para desviar meus pensamentos dos problemas para Seu amor por mim. “Obrigada pela força!” — respondi. “Entretanto, devo lhe dizer que enviou a mensagem para o número errado. Por favor, não se sinta mal — você me fez ganhar o dia.” Novo alerta soou. “A mensagem era mesmo para você. Esse é meu novo número e eu queria que você soubesse o que sinto a seu respeito.” Era uma amiga, mãe de um de meus alunos de inglês. Agora sim, eu estava surpresa e tão logo deixei os meninos no curso, liguei para lhe agradecer a atenção e o carinho. Nada de especial aconteceu a partir daí naquele dia, mas eu sentia como se tivesse mola nos pés. Aquele feliz incidente me fez pensar. Desde a morte de meu marido, fiquei sozinha
para educar meus quatro filhos e procuro fazer o possível para não ser um fardo para ninguém. Há pessoas que não querem se intrometer, mas que são muito solícitas conosco. Por que não considerei, em nenhum momento, até receber a segunda mensagem, que aquelas palavras positivas e inspiradoras poderiam ser, de fato, para mim? Por que não acreditei de início que Deus, que tão bem conheço, traria para minha vida gente especial que tem o maior prazer em me ajudar? Essa experiência me ensinou uma lição para a vida. E acho que tenho me saído melhor desde então. Priscilla Lipciuc foi missionária no Leste Europeu por mais de 20 anos. ■ 3
O LÍDER SÁBIO E O INSENSATO por David Brandt Berg, adaptado Um bom executivo não é um chefe, mas um servo! Jesus não estava apenas tentando ensinar humildade aos Seus discípulos quando lhes disse: “Todo aquele que, entre vós, quiser tornar-se grande, seja vosso servo.”1 Um bom executivo não é um ditador. Ele escuta aos seus liderados. Quando quem está no topo não se comunica com os que estão na base, não consegue entender pelo que passam e nem suas dificuldades, o que leva a problemas! Os líderes de qualquer nível precisam escutar aos que lhe são subordinados. Sim, o líder é responsável pela decisão final, mas 1. Mateus 20:26 2. Ver 1 Reis 22:19–22; Jó 1:6–12. 3. Ver 1 Coríntios 12:14–17. 4
isso não significa que é o único que pode ter ideias e que não precisa consultar os demais. Um bom executivo escuta as pessoas. Os líderes devem ter as habilidades necessárias para traçar planos, perseguir metas, motivar os demais, ou não podem exercer a função de liderança. Um bom líder leva em consideração as sugestões daqueles que lidera, discute com eles as alternativas, envolve-os na escolha do curso de ação a ser adotado, delega a realização do trabalho e se limita a acompanhar o progresso. O trabalho do executivo é principalmente ver que as coisas
avançam como deveriam, enquanto os outros recomendam, iniciam e, com certeza, realizam as várias ações. Quase todo CEO ou presidente conta com conselheiros que o assessoram no que deve ser feito. Sabia que o próprio Deus trabalha assim? Convoca Seus principais conselheiros, Seus anjos e lhes pergunta: “O que acham que devemos fazer?” Então escuta às sugestões e, em Sua sabedoria, toma a melhor decisão.2 É bom lembrar que Ele não escuta somente aos conselheiros celestiais e anjos, mas também a nós. Se o próprio Deus entende que não deve pensar por nós, é
A autoridade do líder cristão não é exercida pelo poder, mas pelo amor; não é força, mas exemplo; não é coerção, mas persuasão. A autoridade só está segura nas mãos daqueles que servem em humildade. — John Stott (1921–2011) Jesus disse várias vezes: “Vem e siga-me." Seu programa era “faça o que faço”, não apenas “faça o que digo”. Com Sua inteligência natural superior, Ele poderia ter feito algo que impressionasse todos, mas isso O teria distanciado de Seus discípulos. Ele caminhou e trabalhou com aqueles aos quais fora enviado para servir. — Spencer W. Kimball (1895–1985)
insanidade tentar tomar todas as decisões, pensar em todas as alternativas, dar todas as instruções e ainda por cima trabalhar na operação. Um líder não pode trabalhar sozinho! Somente um novato, um despreparado, tenta mandar em tudo e em todos. Qualquer executivo esperto vai bombear o potencial das pessoas. Ele não tenta ser a bomba, ou a alavanca, ou a água, ou o balde. É apenas a mão orientadora que movimenta a alavanca para criar uma discussão produtiva, em que ele e os demais participantes possam se beneficiar
das ideias e experiências uns dos outros. Um líder sábio tenta manter as pessoas felizes, porque trabalham melhor se estiverem felizes, fazendo algo que gostam e querem fazer. Para ter uma equipe efetiva, seus membros precisam trabalhar juntos, escutarem uns aos outros, trocarem ideias, decidirem juntos e, então, cooperarem para realizar o que foi decidido. Como no corpo humano, todas as partes são necessárias. Você precisa de cada unha, cada célula, cada órgão e cada membro.3 Todos são importantes, do aparentemente
menos relevante ao que se mais destaca, por um motivo ou outro. Cada um tem seu papel, cada um é necessário e todos devem trabalhar em harmonia e cooperação. Conversem, discutam, troquem ideias, compartilhem experiências, decidam juntos, unam esforços, cresçam juntos, trabalhem juntos e desfrutem juntos dos frutos de seu trabalho. Então, você será um líder sábio e um bom executivo. David Brandt Berg (1919– 1994) foi o fundador e líder da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■
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Um conto de dois acampamentos por Mara Hodler
Uma amiga me disse que quando ela era jovem, apesar de sua família ser unida, as coisas nem sempre eram justas. Contou que quando sua mãe trazia para casa uma torta, por exemplo, ela e o irmão brigavam para ver quem ficava com o pedaço maior. Disputas desse tipo perturbavam tanto sua mãe, que ela mantinha uma balança próxima à mesa da cozinha e literalmente pesava cada porção de sobremesa para se certificar que cada filho recebia a mesma quantidade do doce. Isso me fez pensar em como é fácil ver a vida pelo paradigma “só existe uma torta”. Se seu irmão ganhar uma fatia enorme, isso significa que a sua será menor, certo? Com certeza é o que acontece nesse caso, mas não se aplica à maioria das coisas na vida. 1. www.just1thing.com 6
Enquanto muitos creem na escassez, outros abraçam a abundância. Os do Campo Escassez acreditam que o que amam, as ideias, as oportunidades, a imaginação, os recursos financeiros e de outros tipos são limitados. São como uma torta que está sendo fatiada e cada vez que alguém pega um pedaço, sobra menos para os outros. Como é possível imaginar, a generosidade é um elemento raro no Campo Escassez. Cada um cuida de si e ninguém hesita em tirar o pedaço de doce da outra pessoa, porque quem não lutar pela sua porção pode acabar sem nada. Quem tiver a sorte de conseguir uma fração dessa torta terá pouco tempo para desfrutá-la. É preciso comê-la o mais rápido possível, porque alguém deve estar tramando para tomá-la. Como já
passei algum tempo no Campo Escassez, posso garantir que o lugar é absolutamente deprimente! O Campo Abundância é totalmente diferente. Lá, todo mundo compartilha da crença de que o amor, as ideias, as oportunidades, a imaginação e os recursos são ilimitados. Nunca falta celebração e tem gente comendo torta em toda parte. Quem encontra uma boa doceira, espalha a notícia em vez de guardar segredo. As receitas são trocadas, aperfeiçoadas e personalizadas. Uma coisa é certa nesse lugar: ninguém fica sem torta! Na verdade, a maioria das pessoas entende que as melhores tortas ainda estão por ser criadas para serem desfrutadas e compartilhadas. Por estranho que pareça, no Campo Escassez, as tortas estão ficando cada vez mais raras. Todos
Lembrem-se: aquele que semeia pouco, também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura, também colherá fartamente. —2 Coríntios 9:6 NVI
se preocupam com o dia em que o último pedaço será consumido. O que se fará então? Pensam que cada um tem de se garantir e é melhor pegar sua torta enquanto é tempo. Mas no Campo Abundância, essa preocupação inexiste. Sempre há novos ingredientes para fazer tortas, receitas clássicas com uns toques inovadores, novas maneiras de transportar as delícias, jeitos melhores de produzir mais sobremesas. Ninguém se preocupa que um dia não haverá mais dessas gostosuras. Quando percebi a existência desses dois campos, rapidamente cheguei à triste conclusão de que passava muito mais tempo no Campo Escassez que no Campo Abundância. Poucas vezes pensava que o melhor estava por vir, mas com frequência antevia um futuro sombrio. Quando via outros
serem abençoados, entendia que isso significava que sobrava menos “coisas boas” para mim. Eu realmente não estava aproveitando a festa que estava rolando no Campo Abundância! Sendo assim, fiz as malas e parti para a plenitude, onde fui muito bem recebida, como todos que por ali chegam. O princípio de “quanto mais melhor” era para valer naquele lugar. Comecei a acreditar que o melhor ainda estava por vir — para mim e para todos ao meu redor. Não havia fim para as ideias, recursos, oportunidades ou amor. Tornou-se fácil ser generosa, quando percebi que não havia motivo para acumular. Era bom celebrar as conquistas alheias, pois havia vitórias para todos. Mudarme para o Campo Abundância foi uma excelente decisão! Você prefere viver sob a constante ameaça da estiagem, do
fim do amor, da falta de ideias, da míngua de recursos e da escassez de oportunidades? Ou escolhe as melhores perspectivas, as mais grandiosas ideias, os mais abundantes recursos, o mais profundo amor e muito mais de tudo isso que ainda está por vir para todos? Cada um de nós tem o poder para decidir em qual campo morar e onde quer viver. Mara Hodler foi missionária no Extremo Oriente e na África Ocidental. Vive atualmente no Texas, com seu marido e filhos, onde dirige uma pequena empresa familiar. Este artigo é uma adaptação de um podcast disponível em Just1Thing, 1 um site cristão voltado para a formação de caráter de jovens. ■ 7
Pego dormindo
por Jewel Roque
1. Mateus 19:14 8
A caminho de casa, após um passeio com alguns amigos, perguntei ao meu caçula se havia se divertido. “Mais ou menos” — respondeu. “Os meninos no playground estavam implicando comigo.” “Como assim?” — perguntei. Como ele não costuma levar as coisas na esportiva, imaginei que não fosse nada sério. “O Eric viu uma foto em que eu estava dormindo sobre o caderno. A Leslie também a viu e todo mundo ficou rindo de mim.”
Fiquei sem saber o que dizer. Fui eu quem postara a foto no Facebook, quando ele dormiu sentado à escrivaninha, fazendo a tarefa de casa. Achei a cena fofinha. Ele leva suas atividades muito a sério, mas quando o sono bate, meu filho simplesmente desliga. E dorme. É mal de família. Meus irmãos e eu sabemos que quando alcançamos o ponto de fatiga, não adianta forçar. Dormir é a única solução. Foi uma lição que meu garoto aprendeu ainda muito jovem. Se estiver cansado,
É preciso, de alguma forma se agarrar ao otimismo. Sempre procure o lado bom das coisas e o que as pessoas têm de melhor. Tente ver a vida pelos olhos das crianças. Aprenda a maravilha das coisas mais simples, nunca pare de sonhar e sempre acredite que nada é impossível. — Richie Sambora (n. 1959)
Se eu fosse criar meu filho de novo, cuidaria da sua autoestima primeiro e da casa depois. Usaria o dedo para pintar e não tanto para acusar. Corrigiria menos e acalentaria mais. Olharia menos para o relógio e mais para meu garoto. Daria mais passeios e empinaria mais pipas. Pararia de ser tão séria e brincaria mais. Correria mais pelos campos e admiraria mais as estrelas. Daria menos safanões e mais abraços. — Diana Loomans
pode ser na hora de cantar parabéns em uma festa, ele dorme. Pode estar no meio de um dever de casa que precisa ser entregue na manhã seguinte. Se o sono chegar, o garoto apaga. Cientes dessa característica, meu marido e eu tomamos certas precauções. Os professores de nosso filho, de um modo geral, têm sido compreensivos com o fato de, às vezes, ele simplesmente pegar no sono na carteira escolar. Tento colocá-lo para dormir cedo à noite, quando sei que o dia seguinte será mais corrido para ele. Pais e professores costumam entender isso mais facilmente que as outras crianças. Quando postei a foto, não me ocorreu a possibilidade de uma criança a achar boba, engraçada ou constrangedora, ou que serviria de matéria-prima para gozações. Algo que fiz inadvertidamente magoou meu filho e pegou mal para ele com seus amigos. É provável que se esqueceram no minuto seguinte a piada que fizeram, mas o mal-estar
para meu filho durou mais e tive de admitir meu erro. Busquei no Facebook a foto, mostrei para ele e expliquei: “Postei essa foto sua faz alguns dias. Não imaginei que alguém pudesse caçoar de você por causa dela.” Então prometi: “Daqui para frente, não postarei nada sobre você sem a sua autorização.” Esse é um acordo que fizera com outros membros de minha família imediata, mas não me ocorrera que meu mais novo se importaria. Cometer esse erro me surpreendeu, pois me lembro que, na infância, sofri muito com a chacota feita pelas outras crianças. Posso me lembrar de várias ocasiões, quando eu tinha menos de cinco anos que as troças de meus colegas me fizeram chorar. Aqueles momentos de dor ainda guardo na memória e mesmo depois de tanto tempo, o eco do que diziam ressoa no meu coração. Fiquei pensando em quanto minhas palavras e comentários têm esse efeito nas pessoas. Quando tento me concentrar no meu trabalho e
sou repetidamente interrompida pelas crianças, sou às vezes ríspida e digo para me deixarem em paz. Quando me convocam para arbitrar alguma questão sobre a qual estão discutindo, digo que não estou interessada no assunto e que só quero paz. Depois de refletir nessas coisas, fiz o voto de procurar ver cada momento pela ótica de meu filho. Sei que não é um juramento que poderei cumprir, mas é algo que vale a pena tentar. É uma mudança de atitude que não se dá do dia para a noite, mas um exercício constante de escolher ir mais devagar, pensar, orar e amar melhor. Como disse o próprio Cristo, sempre amoroso com as crianças: “Deixai os pequeninos, e não os impeçais de vir a mim, pois dos tais é o reino dos céus.”1 Jewel Roque foi missionária na Índia por 12 anos. Atualmente, mora na Califórnia, onde é editora e escritora freelance. ■ 9
CONSTRUINDO BOAS RELAÇÕES NO AMBIENTE DE TRABALHO por Rosane Pereira
Tenho um vizinho que é um excelente faz-tudo. Faz algum tempo, realizou uns trabalhos em nossa casa, mas se mostrou malhumorado e difícil de se conversar. Tentei ajudá-lo e dar algumas sugestões, mas ele se irritava e retrucava. Terminada a empreitada, fiquei muito aliviada por passar um tempo sem vê-lo, mas como sua família vivia longe, convidei-o para celebrar o Natal conosco. Eu me congratulava por repagar sua rudez com bondade e na noite de Véspera de Natal, ele parecia feliz em não se lembrar de nossas diferenças. Então, dias depois, quando voltei a vê-lo, disseme: “Você me ensinou uma lição.” Finalmente, pensei, mas em vez de me pedir desculpas, afirmou: “Você me ensinou que eu deveria me dar mais valor, como você fez por mim!” 1. Ver 1 Coríntios 13:8. 10
Mais tarde, naquele dia, quando orava sobre a situação, Jesus me mostrou que minha motivação não fora a certa, pois minha gentileza com meu vizinho tinha o propósito de lhe ensinar uma lição. Percebi, contudo, que independentemente das minhas intenções, Deus providenciou para que o bem se fizesse. Nosso vizinho é valioso e deve se sentir amado e reconhecido. Li que na filosofia japonesa há dois segredos para desfrutar a vida e melhorar a relação com os parentes e no ambiente de trabalho. O primeiro é estar grato por tudo que acontecer, de bom e de mau. Concentre-se nas coisas boas para criar boas memórias que você poderá guardar para sempre. E louvar Deus, O torna parte disso. O segundo é: quando estiver em conflito com alguém, encontre nele ou nela algo para elogiar. Continue fazendo isso e evite ser
excessivamente crítico. Assim verá a situação melhorar e continuar melhorando a cada dia. Depois dessa experiência, passei a elogiar meu vizinho cada vez que o via ou pedia sua ajuda com algum conserto na casa, o que acontecia com certa frequência. Comecei a fazer o mesmo com as outras pessoas com quem tenho contato e, para minha surpresa, funcionou. Vamos tentar descobrir pelo que os outros estão passando, colocar-nos no lugar deles antes de criticá-los e tentar nos concentrar nas suas boas características! Quão melhor seria a vida se procurássemos entender mais uns aos outros! Gentileza gera gentileza e o amor nunca falha!1 Rosane Pereira é professora de inglês e escritora. Mora no Rio de Janeiro e é membro da Família Internacional. ■
Aprendendo com a Dor por Anna Perlini Este é meu vigésimo ano na antiga Iugoslávia. Também vivi aqui pouco depois da morte do Presidente Tito, em 1980. Suas fotos ainda eram exibidas em todo lugar e apesar de o país estar passando por uma crise econômica, parecia que ninguém questionava a unidade territorial de então. Mesmo depois de tanto tempo vivendo aqui, ainda não entendo muito bem como uma sucessão de guerras civis brutais e sangrentas deram origem a sete países. Não estou sozinha em minha perplexidade, pois muitos que viveram por tudo isso têm dificuldade para compreender como se chegou a este ponto. É como se tudo fosse um sonho ruim, um pesadelo de ódio e dor. Com frequência, ouvi comentários como este: “Não consigo entender o que aconteceu e como nos tornamos os piores inimigos de pessoas que eram nossos vizinhos ou até parentes.” 1. http://www.perunmondomigliore.org
Felizmente, apesar de que nem tudo foi perdoado e esquecido, creio que, graças aos traumas sofridos, essas pessoas dificilmente começariam outra guerra. Esses conflitos tiveram um preço alto que muitos ainda estão pagando. Ao longo dos anos, Per un Mondo Migliore ajudou a construir pontes de reconciliação, um processo do qual também sou beneficiária, pois tive o privilégio de ver de perto a complexidade da questão guerra versus paz. Vi a insanidade da guerra, as feridas que produz e as cicatrizes que permanecem por décadas. Toquei o sofrimento da divisão. Mais uma vez, convenci-me da necessidade e beleza da unidade, do seu valor inestimável, do poder que nos dá e do lastimável estado no qual caímos quando não a valorizamos a ponto perdê-la. Aprendi como os problemas pequenos, se tratados, não se tornam grandes.
Percebi o perigo de não valorizar nossas bênçãos, as coisas boas que temos e de estarmos excessivamente dispostos a abrir mão delas por falsas promessas. Testemunhei o poder de cura do perdão, a importância da fé e da confiança, para enfrentar o desespero. Surpreendi-me com a coragem, com a bravura e o altruísmo que algumas pessoas podem demonstrar em circunstâncias extremas. Por várias vezes, lembrei-me da citação de Madre Teresa: “O que você pode fazer para promover a paz mundial? Vá para casa e ame sua família”. A falta de paz denuncia que esquecemos que pertencemos uns aos outros. Anna Perlini é cofundadora de Per un Mondo Migliore 1 , uma organização humanitária ativa nos Bálcãs desde 1995. ■ 11
O MAIS IMPROVÁVEL SUCESSO por Scott MacGregor O livro “Disciple Making: Training Leaders to Make Disciples” (Tradução livre: “Discipular: a capacitação de líderes a fazer discípulos”)1 cita um relatório imaginário enviado para Jesus pela empresa Jordão — Consultoria em Gestão, com sede em Jerusalém, detalhando suas avaliações sobre os doze nomes que Jesus submetera para análise. Prezado senhor, Obrigado por nos enviar os currículos dos doze candidatos para as posições de gestão em sua nova organização. … A opinião de nossa equipe é que a maioria dos candidatos 1. © 1994 Billy Graham Center Institute of Evangelism 2. Ver 1 Samuel 16. 3. Ver 1 Samuel 17. 4. Ver 1 Samuel 22. 5. Ver 2 Samuel 3:1. 6. Ver 2 Samuel 15–18. 7. Ver 1 Reis 3. 8. Ver 1 Reis 11. 9. Provérbios 16:3 NVI 12
carece da formação, educação e aptidão vocacional para o tipo de empreendimento ao qual V.Sa. se propõe. … Recomendamos que continue sua busca por pessoas com experiência e capacidade comprovadas na área de gestão. Simão Pedro apresenta baixo quociente emocional (QE) e temperamento explosivo. André se mostra absolutamente desprovido de qualidades de liderança. Os dois irmãos, Tiago e João … manifestaram buscar seus interesses pessoais em detrimento à lealdade devida à empresa. A atitude questionadora de Tomé é potencialmente enfraquecedora da moral da equipe. Entendemos ser nosso dever lhe informar que o nome de Mateus consta na lista negra da Agência de Desenvolvimento Empresarial da Grande Jerusalém. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu dão provas de terem inclinações radicais e um caso grave de transtorno bipolar do humor. Um dos inscritos, porém, apresenta grande potencial,
por reunir várias habilidades e competências, relacionar-se bem com as pessoas, ter excelente senso comercial e bom trânsito nas esferas de comando da sociedade. Trata-se de um jovem motivado, ambicioso e responsável. Recomendamos que Judas Iscariotes seja contratado para o cargo de vice-presidente executivo e controlador da organização. É mais ou menos isso — pensei ironicamente, julgando que a mesma avaliação caberia a muitos outros personagens bíblicos. O cara que devia libertar os hebreus da escravidão no Egito e os conduzir à Terra prometida, Moisés, foi criado na casa do rei, com todas as vantagens e educação que o dinheiro podia comprar, mas jogou tudo pelo ralo, tornou-se foragido e foi trabalhar como criador de ovelhas no deserto, onde morou até os 80 anos, ou seja, um óbvio fracasso. Há também o caso de Davi, o caçula de uma prole numerosa, o que em si já não é um começo nada promissor. Mesmo depois de ser
indicado pelo profeta Samuel como o próximo rei de Israel, Davi voltou a cuidar de animais, o que gerou um certo anticlímax.2 No capítulo seguinte, lemos que foi promovido a entregador de marmitas, mas no primeiro dia de serviço se envolveu em uma briga com um sujeito de três metros de altura e fortemente armado. O jovem decide enfrentar o gigante com pedras e, por ter mais sorte que juízo, acerta o sujeito em uma pedrada letal.3 Depois disso, torna-se criminoso, líder da maior quadrilha do país,4 cujos serviços vendeu para uma belicosa nação vizinha, formando assim um grupo de mercenários. Ao término desse ciclo, dão início a uma guerra civil em seu próprio país.5 Com o tempo, Davi se torna rei, é deposto por um de seus filhos e banido da capital até ser resgatado por seu sobrinho.6 O herdeiro do trono de Davi, Salomão, é o primeiro a reconhecer sua incapacidade de sequer falar em público.7 Deus quebra o galho do jovem monarca e lhe concede
sabedoria instantânea, uma dádiva que parece não ter alcançado sua vida familiar. Entre esposas e concubinas, Salomão acumulou mil mulheres no seu harém, uma população que impõe muitas demandas ao regente, competindo por sua atenção com os assuntos do reino, o qual passa a ir morro abaixo.8 Os autores da avaliação dos discípulos provavelmente diriam o seguindo dessas outras personagens bíblicas: Moisés: “Idade avançada demais para agregar valor ao empreendimento. Apesar de ter tido um bom início de carreira, envolveuse com atividades subversivas, provavelmente devido a uma forte crise de meia-idade e fugiu da cidade. Dedicou-se 40 anos à empresa do sogro, na qual não demonstrou ter qualquer habilidade de liderança. Recomendamos alguém mais jovem.” Davi: “Não passa de um jovem atrevido. Dedica-se mais à música que à carreira. Já foi líder de milícia e mercenário. Recomendamos alguém menos volátil.”
Salomão: “Jovem, inexperiente, não dispõe de habilidades de comunicação e mostra uma fraqueza para promiscuidades. Tudo indica que desviou grande volume de recursos para projetos de construção faraônicos. Recomendamos alguém com menos inclinação para a vaidade e com mais autocontrole.” Então é isso! Os apóstolos não eram os únicos da lista de improváveis ao sucesso. É certo que alcançaram êxito excepcional em seus trabalhos, com exceção de Judas — uma amarga decepção para todos. O que isso nos diz então? É animador saber que os que se tornam os maiores sucessos não são necessariamente os que preenchem os pré-requisitos padronizados. Aos que desejam alcançar êxito em seus esforços, a Palavra de Deus ensina: “Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bemsucedidos.”9 Scott MacGregor é escritor e comentarista. Vive atualmente no Canadá. ■ 13
UM BOM OUVINTE por Shannon Shayler e Keith Phillips, adaptado
Escutar demanda esforço. É comum gostarmos de conversar com os que sabem ouvir. É possível perceber o interesse na maneira como olham, em sua postura e em como reagem. É uma pré-disposição um tanto indescritível que comunica: Gosto de escutar o que você tem a dizer. Você é importante para mim. Existe nos bons ouvintes um espírito de calma e paciência que nos diz: Fique à vontade. Não tenho nada mais importante a fazer no momento do que ouvir o que você tem a dizer. Escutar é uma maneira de melhor cumprir a “lei de Cristo”, assim resumida na Bíblia. “Ame o seu próximo como a si mesmo”.1 Ao escutarmos aos outros para entendêlos, estamos fazendo a obra de Deus e exercitando uma forma do Seu amor. Observe como faz Jesus. 1. Gálatas 5:14 (NVI); Mateus 22:37–39 14
Quando Lhe apresentamos nossos problemas em oração, ouve-nos por um momento e nos interrompe? Raramente. Sempre está disponível, sempre disposto e sempre pronto para escutar o que temos a dizer. Desce ao nosso nível, ouve com atenção as nossas palavras, sem ignorar a voz abafada de nossos corações. Sabemos que Ele nos entende. Jesus analisa nossos motivos, não nossos erros ou as confusões que geramos. Ele nunca é ríspido nem condenatório. Sempre nos trata com compaixão, esperança e perdão. Por mais que você tenha se desviado, Ele jamais deixa de amar você. Escutar — escutar de verdade — comunica amor, mas não apenas o seu amor, mas também o amor de Deus pela pessoa sendo ouvida, o qual é incondicional, eterno e, em todas as maneiras, perfeito. Permita que os outros vejam Jesus em você, tentando ser um ouvinte tão amoroso
quanto Ele e não terá dificuldade de conquistar seus corações para Ele. A escuta ativa também produz um importante efeito secundário: a pessoa reconhecida como boa ouvinte tende a ser a que desperta mais interesse no que tem a dizer e obtém maior receptividade dos demais, que se mostram menos defensivos, mais abertos a novas ideias, mais receptivos a outros pontos de vista e mais compreensivos. Escutar é um talento a ser cultivado. Começa com o desejo sincero de entender os outros, para poder amar e ajudá-los melhor. Peça a Jesus pela dádiva da empatia e, então, para lhe ajudar a fazer bom uso dela para ajudar os outros, amá-los e, assim, atraí-los para Seu reino celeste. Shannon Shayler e Keith Phillips, Um Coração de Cada Vez (Aurora Production, 2010), adaptado. ■
FALAR ou ESCUTAR por Iris Richard A pequena cafeteria da empresa onde trabalho está sempre fervilhando com conversas. Os colegas se sentam em grupos e todo o local é tomado pelo som das vozes. Certa manhã, senti que não tinha muito a dizer e preferi sentar só. Olhando pela janela, desconectei-me do ambiente, absorta em reflexões sobre uma perda recente, dificuldades nas relações com alguns colegas e fiquei assim divagando até chegar ao proverbial fim do túnel, onde o sol brilha novamente. Bebericando meu latte, observei no salão que todos pareciam ter uma história para contar. Todo mundo queria ser ouvido, mas poucos estavam engajados em escutar. Senti falta de um “ouvido amigo”, alguém que me ajudasse a 1. Lucas 6:38 2. NVI
organizar meus pensamentos. Em vez de esperar por esse parceiro especial, pensei que devesse ser esse alguém, pronta para escutar os outros. Aproveitando o ensejo do início do ano, decidi assumir o compromisso comigo mesma de ser uma “melhor ouvinte”. A busca por aprimorar essa habilidade me levou a avaliar a maneira como eu escutava a Deus. Com certeza, percebi que precisava melhorar nesse quesito também e desenvolver uma audição mais apurada às instruções celestes. Sendo sincera comigo mesma, devo admitir que, ultimamente, em minha vida de oração, falo muito e escuto pouco. Tenho muito a aprender no que diz respeito a essa habilidade, mas o primeiro passo é decidir escutar os outros da maneira como gostaria que me escutassem. Bastou-me dar os primeiros passos nessa direção para ver bons resultados no meu
relacionamento com meus colegas de trabalho e com meus amigos. Diga-se de passagem, Deus me ajudou a encontrar o “ouvido amigo” que buscava, cuja atenção dedicada me ajudou a desembaraçar meus pensamentos e me fez sentir compreendida. “Dê e lhe será dado”1. Iris Richard é conselheira no Quênia, onde tem sido ativa na comunidade como voluntária, desde 1995. ■
Querido Jesus, Você disse em Apocalipse 3:20: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei.”2 Ouço Sua voz à porta do meu coração e O quero em minha vida. Por favor, entre e me conceda a dádiva gratuita da Sua presença para sempre. 15
Com amor, Jesus
Pal av ra s de ANIM O Ensino a amar pelo exemplo. Para cada grande milagre que opero, faço incontáveis coisinhas que passam despercebidas. Essas constantes demonstrações diárias de Meu desvelo, amor incondicional, toques de esperança, força, misericórdia e perdão manifestam Meu amor por você. Aumentam sua paz, fé e alimentam a convicção no seu coração de que sou real, ativo em sua vida, hoje e para sempre.
Da mesma forma, você demonstra que é Meu discípulo pelo amor que demonstra aos demais. Como faz isso? Sendo um canal de Meu amor e encorajamento diariamente àqueles que faço cruzar seu caminho.
Ao ajudar os outros a elevarem seus corações, você dá continuidade ao trabalho que realizei na Terra. Vi a importância de coisas muitas vezes consideradas de pouco valor. Apoiei e dei coragem àqueles tantas vezes considerados sem valor na sociedade de então. Meu amor transformou pequenos esforços e singelas manifestações de fé em milagres que ainda hoje ecoam nos corações da humanidade. Os pequenos refrãos de esperança, gratidão e ânimo que você entoa nos corações de seu próximo ressoarão com Meu Espírito, para criar uma sinfonia de alegria que se espalhará para os corações de muitos outros.