Contato, edição para junho de 2017: Questões financeiras

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MUDE SUA VIDA.

ONDE ESTĂ O SEU TESOURO? Encontrando as verdadeiras riquezas

Meu ano sem roupas

O resultado surpreendente!

Nunca perdi por dar!

Reveses convertidos em oportunidades

MUDE O MUNDO.


Volume 18, Número 6

C O N TATO P E S S OA L Principal e juros Quero compartilhar com você uma história fascinante sobre dois grandes homens de Deus. Charles Spurgeon, o famoso evangelista, e George Müller, fundador e dirigente de cinco orfanatos, viveram na Inglaterra no século XIX. Certa vez, Spurgeon fez uma campanha para angariar 300 libras — o que valia muito mais que atualmente — para atender a um orfanato que ele mantinha. Na noite em que atingiu sua meta, foi para cama contente. Mas antes de dormir, ouviu a suave voz de Deus lhe dizer: Doe essas 300 libras para George Müller, para o sustento dos seus orfanatos em Bristol. “Mas, Senhor” — protestou Spurgeon — “preciso desse dinheiro para os meus órfãos em Londres.” Em resposta à sua argumentação, Deus repetiu: Dê o dinheiro para George Müller! Spurgeon resistiu à ideia por um tempo, mas finalmente concordou e dormiu. Na manhã seguinte, dirigiu-se à casa de George Müller, onde o encontrou em oração: “George, Deus me disse para lhe dar estas 300 libras.” “Acabei de pedir a Deus exatamente esse valor!” — exclamou Müller. Spurgeon ficou feliz pelo amigo, mas um tanto desanimado com a própria situação. Ao regressar a Londres, encontrou à sua espera sobre sua mesa um envelope com uma carta e uma doação de 300 guinéus (um guinéu valia uma libra e um xelim) destinada ao seu orfanato. “Deus devolveu as 300 libras” — comemorou — “e com 300 xelins de juros!” Deus opera de maneiras misteriosas e nem sempre escolhe nos recompensar exatamente da mesma maneira, mas não deixará de abençoar nossa generosidade.

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.

www.activated.org/br www.contato.org revista@contato.org Editor

Samuel Keating

Produção

Samuel Keating

Design

Gentian Suçi

Esta edição da Contato contém artigos e testemunhos que ilustram a perspectiva cristã de riquezas e bens materiais. Espero que lhe sirva de inspiração e fortaleça sua fé.

© 2017 Activated. Todos os direitos reservados.

Mário Sant’Ana Editor

todas as referências às Escrituras na Contato foram

Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana. A menos que esteja indicado o contrário, extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.

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A menor moeda do mundo Por Anna Perlini Pouco antes de eu partir para a Índia, onde vivi vários anos como voluntária, uma amiga me deu um presente de despedida muito original e, pensei na época, muito útil também. Ela me disse: “Estou um pouco preocupada com você. Você está indo para um país difícil. Quem sabe isso a ajude em algum momento.” Na pequena caixa, lia-se: “A menor moeda de ouro do mundo.” Guardei-a, levei-a para a Índia e, depois, para o Nepal. Minha amiga tinha razão. As coisas nem sempre foram fáceis e muitas vezes encontramos dificuldades de todos os tipos, desde o clima às doenças tropicais e desafios financeiros. Nunca nos 1. http://www.perunmondomigliore.org

faltou nenhuma necessidade básica, mas, muitas vezes, tivemos de ignorar os extras. Meu marido e eu, às vezes, falamos sobre vender a moeda, mas tínhamos concordado que ela seria nosso “fundo de emergência”, que só seria usado se absolutamente necessário. Sempre que o tema vinha à baila, concluíamos que a situação não era tão desesperadora e a moeda ficava na minha mala. Oito anos depois de ter ganhado o citado presente, de volta à Europa, passei por uma loja de materiais numismáticos e pedi uma avaliação da minha moeda de ouro. Mal pude acreditar quando o atendente me informou, após examinar a peça, que se tratava da menor moeda de ouro do mundo e que seu valor se limitava ao seu peso.

Isso quer dizer que fomos ingênuos, todos aqueles anos, por pensar que tínhamos recursos para emergência? Uma combinação de decepção e constrangimento me tomou e quase joguei a moedinha fora, já que não faria muita falta mesmo. Entretanto, mais tarde, vi que a pequena moeda simbolizava nossa fé. Nós a guardamos todo aquele tempo e nunca a perdemos. Andamos por fé e Deus nunca deixou de suprir para nós. Ainda temos a moeda, que se tornou um memento precioso e, para nós, cresceu em valor. Anna Perlini é cofundadora da organização Per un mondo migliore 1, com atuação nos Balcãs desde 1995. ■ 3


Rico ou pobre O apóstolo Paulo tratou da questão da riqueza em 1 Timóteo 6:7–10: “Nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar; por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos.”1 Ter dinheiro não é errado; amá-lo, sim. A abundância ou a falta de dinheiro é menos importante que a condição espiritual. Na cultura judaica, a pobreza e até mesmo a deficiência física eram muitas vezes vistas como o resultado do pecado de alguém. 1. NVI 2. NVI 3. Ver Lucas 18:28. 4. Provérbios 22:2 NVI 5. https://gotquestions.org/poor-vs-rich.html 4

Em João 9:1–3, os discípulos de Jesus perguntaram: “Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais, mas isto aconteceu para que se manifestem nele as obras de Deus.”2 Apesar de ser típico da natureza humana atribuir a pobreza ou outras fraquezas a algo errado que alguém tenha feito, Deus pode e usa circunstâncias assim para realizar seu plano perfeito. O relato do jovem rico em Marcos 10:17–22 mostra como as riquezas podem ser uma pedra de tropeço espiritual. Disse ao jovem para vender seus bens, dar o dinheiro aos pobres e seguir Jesus. O homem se afastou triste por ser alguém de muitas posses. Nesse caso, a riqueza foi um fator negativo que o impediu de seguir Cristo. Seu amor pelo dinheiro era maior que o que tinha por Jesus. Enquanto muitos dos salmos e provérbios falam de forma bastante direta dos benefícios da riqueza e das dificuldades da pobreza, a Bíblia é clara que tanto uma quanto a outra pode ser a vontade de Deus e uma

bênção por Ele concedida. Jesus era relativamente pobre; Salomão foi abençoado com enorme abundância. O rei Davi foi de origem muito humilde e morreu riquíssimo. Os apóstolos que seguiram Cristo enfrentaram perseguição e martírio. Não eram considerados ricos, mas usaram tudo que tinham para compartilhar Cristo com os outros.3 “O rico e o pobre têm isto em comum: o Senhor é o Criador de ambos.”4 Pela perspectiva humana, riqueza é uma bênção e pobreza, uma maldição. O plano de Deus é muito maior e usa ambas para realizar Sua vontade. Devemos evitar a tentação e ver a riqueza como a única forma de bênção de Deus, mas nos contentarmos com toda e qualquer situação em que nos encontrarmos, sabendo que Seus benefícios não se definem pelas nossas posses neste mundo, mas se encontram em sua plenitude em um reino que não é deste mundo. Este artigo é uma cortesia de GotQuestions.org 5 ■


Fazer o papel de

DEUS Por Scott McGregor

Senti muitas vezes o desejo de ter um caminhão de dinheiro para poder ajudar os outros. Conheço muitas pessoas que precisam de ajuda financeira por diferentes motivos e seria maravilhoso poder fazer algo por elas. Fico imaginando como seria poder aparecer e dar um monte de dinheiro para os meus amigos, familiares e outros, e ter o prazer de vê-los sair de apertos financeiros, livres para desfrutar da vida sem o estresse que esses problemas acarretam. Neste momento, contudo, não tenho recursos para isso. Apesar de eu ainda gostar do sonho de ser um benfeitor, aprendi algo importante: não cabe a mim fazer o papel de Deus. Isso não quer dizer que não possamos trabalhar em parceria. É bom ser parceiro de um Deus 1. Ver Mateus 17:24–27 2. Salmo 144:15

bondoso, amoroso e generoso, mas reconheço que minha contribuição é bem pequena. Tenho direito a voz e voto, por assim dizer, mas não decido. Este mundo e o plano que o rege são obras de Deus e Ele é quem conhece o propósito geral para a humanidade, assim como para cada indivíduo e cada família. Estive refletindo nos muitos milagres que Jesus fez na Terra e não consigo lembrar de nenhum em que Ele tenha feito um monte de dinheiro cair no colo de alguém. O único que envolveu dinheiro foi quando os discípulos tinham de pagar um imposto e Jesus instruiu Pedro a pescar, pois na boca do primeiro peixe que pegasse encontraria uma moeda, cujo valor bastaria para pagar o tributo devido.1 Pode-se, realmente, fazer muita coisa com o dinheiro, mas ele não compra a felicidade. Estudos mostram que desfrutar do respeito e do apreço dos outros contribui

muito mais para a felicidade do que o status ou o dinheiro. Quando temos o básico, a sensação de felicidade estaciona e não cresce com o aumento da receita. Se o respeito e o reconhecimento nos fazem felizes, quanto mais felizes seremos se percebermos o respeito que Deus tem por nós e como nos valoriza. Como disse o salmista, “Feliz o povo cujo Deus é o Senhor.”2 Isso não é apenas uma afirmação, mas uma fórmula para a felicidade. Quando estamos bem com Deus, somos felizes. Voltando ao assunto de “fazer o papel de Deus”… ainda tenho o desejo de ajudar os outros financeiramente, mas preciso me lembrar de que isso não vai ser sempre o melhor para as pessoas envolvidas. Mas como Deus sabe o que é melhor, é melhor eu ficar de lado e deixá-lO fazer o que Lhe cabe. Scott McGregor é escritor e comentarista. Vive no Canadá. ■ 5


ONDE ESTÁ O SEU TESOURO? Por Rosane Pereira Na infância, eu adorava visitar minha avó, Sabina, em sua pequena casa nas montanhas. Como Iota, minha tia, morava bem ao lado, minha irmã e eu nos juntávamos aos nossos primos para explorar a cachoeira, nadar no rio que passava atrás da chácara ou subir algum morro da Serra da Mantiqueira. Para uma menina da cidade como eu, aquilo era o céu na terra. A família de meus primos não tinha muito materialmente como a nossa e uma vez, minha prima, Anette me disse: “Não tenho muitas coisas, mas sou rica em meu coração e vovó disse que isso é o mais importante!” Nunca havia pensado que houvesse outro tipo de riqueza que não fosse material. 1. Cecil B. DeMille. Paramount Pictures, 1956. 2. Ver Mateus 13:45–46. 3. Mateus 6:19–21 6

Lembro também como fiquei impressionada quando minha mãe me levou ao cinema para assistir Os Dez Mandamentos1. Moisés poderia ter ficado em sua zona de conforto pelo resto da vida, mas, em vez disso, deixou tudo para libertar seu povo da opressão. Tive de esperar até a idade adulta para entender quanto seguir Deus lhe custara. Quando li os Evangelhos pela primeira vez, uma das histórias que mais se destacou para mim foi a de um joalheiro que, ao descobrir uma pérola de grande valor, vendeu tudo que possuía e a comprou.2 Jesus explicou que aquela pérola simbolizava o reino de Deus e ler isso me apertou o coração. Eu também queria aquela pérola! Em outra passagem Jesus ensinou: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem

a traça nem a ferrugem destroem e onde os ladrões não arrombam nem roubam. Pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”3 Nascida e criada em uma cidade com elevados índices de criminalidade, entendi aquele conceito com grande clareza. Com o tempo aprendi mais claramente que as verdadeiras riquezas não são coisas desta terra, mas, alegria, paz, amor, bondade, fé e tantas outras preciosidades que Deus quer dar a cada um de nós, todos os dias. Nossa parte é a mais fácil: abrir a alma para receber Suas dádivas. Se nossos tesouros estiverem no céu, nosso coração viverá repleto de felicidade agora e na vida por vir. Rosane Pereira é professora de inglês e escritora. Mora no Rio de Janeiro e é membro da Família Internacional. ■


Investimento celestial Por Anita Clark

Na minha idade, as pessoas começam a pensar muito seriamente no futuro. Além de crianças, carreiras e outras coisas da vida, assuntos como planos de pensão e investimento de capital tendem a aparecer. Há várias alternativas de investimentos financeiros e não é fácil decidir, pois nunca é óbvio qual é a melhor escolha. Dentre as muitas opções, as que avaliei com mais atenção são seguro de vida, imóveis e fundos de investimento. Não faz muito tempo, encontrei uma amiga que é missionária e, por conta disso, já esteve em várias partes da África, da Europa e das Américas para falar para as pessoas sobre Jesus. Admiro sua dedicação e amor pelos

demais e, por essa razão, decidi apoiar financeiramente sua obra. Na última vez em que nos encontramos, agradeceu-me pelo sacrifício que faço para fazer essa doação. Achei aquilo um pouco estranho, pois para mim não é um sacrifício. Vejo como um investimento em meu futuro. É o investimento mais rentável que faço. Seguro de vida. A Bíblia promete que Deus cuidará de nós se formos generosos.1 Também diz que, se dermos aos outros, Ele abençoará nossas vidas e nossas obras.2 Apoiar o trabalho de Deus é contribuir para o programa de seguro de vida de Deus, que garante cuidar de mim e de meus entes queridos nos momentos bons e ruins. Deus é minha rede de segurança.

1. Ver 2 Coríntios 9:6. 2. Ver Deuteronômio 15:10. 3. Ver João 14:2. 4. Ver Marcos 10:21

Fundo imobiliário. Jesus disse que preparará um lugar para nós.3 Quando aplico em Seu trabalho,

estou investindo em minha moradia em um belo futuro, na cidade celestial. Tenho certeza de que Ele é um arquiteto incrível. Carteira de ações. Jesus disse que temos tesouros no céu.4 Ao apoiar a obra missionária de minha amiga, estou comprando ações celestiais e colocando-as em minha carteira celestial de ações. Quanto mais tempo e esforço minha amiga investe em sua empresa celestial, mais valiosas se tornam minhas ações. Quando eu ficar diante de meu Criador, no fim vida, minha carteira de ações será liquidada e o valor me será pago. Tenho certeza de que a espera terá valido a pena. Anita Clark mora na Alemanha e é leitora da Contato desde sua primeira edição. ■ 7


Por Ruth McKeague

ABANDONANDO A MENTALIDADE DO PRIMEIRO MUNDO Quase que diariamente me impressiono com quão afortunada sou pelo trabalho que faço. Sou professora em uma escola para crianças e jovens de uma comunidade carente que atende a famílias vindas de diferentes partes do mundo. Trabalho na biblioteca, onde é normal ver, dedicando-se ao mesmo projeto, quatro estudantes, cada um de um continente, falando idiomas distintos e com quatro crenças diferentes. A ONU poderia aprender muito com esta experiência. Vanessa é uma estudante sênior que gostaria de ter seu próprio salão de beleza algum dia. Lembro quando a conheci no ano passado e como fiquei impressionada com seu jeito elegante, agradável e confiante. Ela é a imagem do potencial feliz. Ela é uma refugiada de uma nação africana devastada pela guerra. Em março de 2014, chegou a nossa cidade, com sua grande família, cujos filhos têm de nove a vinte anos de idade. O pai de Vanessa trabalha fazendo biscates desde que chegou, pois ainda não conseguiu um emprego fixo. A mãe dela luta há anos com problemas de saúde, que a 1. http://www.fruclassity.com/ 8

impedem de trabalhar fora de casa. A família recebe o apoio financeiro de um programa de assistência social — e da Vanessa. Além de frequentar a escola em dois turnos, Vanessa trabalha o terceiro turno em um salão de beleza. Sua renda se divide entre três destinos: Contribui na composição da renda da família. Forma uma poupança para o custeio de sua educação após o Ensino Médio. Dízimo para sua igreja. Fiquei surpresa quando Vanessa me disse doar 10% da sua renda para a igreja a qual frequenta. “É meu dever” — começou a explicação com uma voz tranquila, firme e marcada pelo sotaque de seu país. “Quando eu era criança, minha mãe trabalhava e eu a via dar os dízimos. Meu pai fazia o mesmo. E nunca nos faltou nada.

Mas e agora? Perguntei se não se sentia tentada a não continuar a prática, considerando as dificuldades de sua vida. Ela parecia não entender a que me referia. “Há muitas pessoas em sua casa” — expliquei. Ela balançava a cabeça, tentando entender aonde eu queria chegar. “Algumas pessoas achariam suas condições bastante duras. Seu pai não consegue um emprego, sua mãe tem problemas de saúde, você teve de deixar familiares e amigos para vir para este país…” Parei de tentar convencer Vanessa que sua vida é difícil quando percebi que ela simplesmente não achava que aquilo era uma injustiça.


“Às vezes, antes de virmos para cá,” — revelou — “recebíamos pessoas sem teto em nossa casa por um tempo. Ainda enviamos dinheiro para orfanatos em nosso país. Aqui, se tivermos comida ou roupas a mais, saímos e levamos esse excedente para a gente que vive nas ruas.” Eu não conseguia conciliar essa imagem de abundância e generosidade com meu entendimento de limitados recursos da família de Vanessa. “Mas você nunca sente falta de algo que não pode comprar?” — perguntei. “Sim. Em casos assim, peço dinheiro. Peço a amigos ou parentes. Não peço emprestado. Peço que me deem.” Ora doa, ora recebe, mas

nunca se endivida. Vanessa está igualmente confortável com ambos os papéis. Feliz por poder oferecer e não orgulhosa demais para aceitar. Tive de retomar a questão do dízimo. “Mas como você pode dar 10% da sua receita, quando há situações em que lhe falta dinheiro?” Vanessa foi serena ao responder. Não é assim. Deus não permite que o dinheiro doado faça falta.” Contou que, certa vez, encontrou dez dólares no bolso e que, em outra ocasião, quando não dispunha do dinheiro para comprar um agasalho, alguém deu para ela um casaco que comprara do tamanho errado. Mesmo imaginando a resposta que receberia, arrisquei: “O que você acha de gente que tem bons empregos, vive em casas grandes, mas diz que não pode dar muito?” Preparei-me para a bomba, mas ela manteve a serenidade: “Eles não sabem o segredo.” E parou por aí.

“Que segredo?” — não resisti. O relógio me dizia que nosso tempo estava se esgotando, pois Vanessa sai para o trabalho às 15h45, mas eu queria saber o segredo. “Quem dá algo é mais abençoado”. Aquela matemática não deveria fazer sentido, mas fez. Acredito que a jovem terá um futuro maravilhoso em seu novo país. As habilidades que está adquirindo na escola e no trabalho a estão preparando para isso, mas essa tranquilidade, confiança e forte alicerce a guiarão até a vitória. Sou grata a Vanessa e aos outros alunos por desafiarem minhas perspectivas de primeiro mundo e por expandirem meu entendimento. Ela vê o mundo pelos olhos da gratidão e da confiança, de forma que sequer percebe os obstáculos, que parecem desaparecer sob seus pés, conforme ela avança rumo aos seus sonhos. Ruth McKeague vive em Ottawa, Canadá, e escreve para Fruclassity, 1 um site dedicado a compartilhar ideias e experiências pessoais para ajudar pessoas a sair de dívidas. ■ 9


Por Masahiro Narita

NUNCA PERDI POR DAR! No início da minha carreira de empresário, acreditava que o dinheiro fosse tudo. Quando minha esposa se queixava da falta de amor no nosso casamento, eu retrucava que o amor não colocaria comida na mesa. Para mim, as coisas materiais eram tudo, pois não acreditava em Deus ou na Sua provisão. Isso mudou gradualmente depois que aprendi sobre o sistema econômico de Deus, fundamentado no amor e na partilha — muito diferente do materialismo do tipo “eu primeiro” que orientara minhas decisões até então. Isso me ajudou a corrigir minhas prioridades. Em 1985, quando a economia do Japão estava em crescimento acelerado, minha esposa e eu havíamos começado a ajudar financeiramente vários projetos voluntários e me comprometi a fazer doações regulares a missionários. Ao 1. Lucas 6:38 10

mesmo tempo em que não estávamos fazendo isso para sermos abençoados, eu estava curioso para descobrir se a promessa de Jesus “dai e ser-vos-á dado”1 podia ser levada ao pé da letra Nessa época, eu planejava construir um condomínio, quando meu banco me apresentou ao dono de uma construtora, a qual contratei. Excessivamente ansioso para começar a obra, esse empresário pediu um alvará de construção antes que eu aprovasse seu projeto — e eu não aprovei. Achei o conceito arquitetônico simplório e, como não chegamos a um acordo, procurei outra construtora. O banco passou a agir como intermediário das negociações e ficou acordado que a obra seria executada pelas duas empresas. O problema foi resolvido, mas com um atraso de três meses, o que não me pareceu uma bênção. Entretanto… No início do projeto, provisionamos recursos para pagar as

taxas referentes ao uso do solo, mas, enquanto tratávamos do contrato das construtoras e aprovação do projeto arquitetônico, houve uma mudança na legislação, que resultou na extinção daquelas taxas. Fiquei feliz com isso, mas me preocupei quando descobri que o governo estava majorando de forma significativa os impostos sobre as construções, a partir de abril. Contudo, graças ao erro da primeira construtora de solicitar o alvará prematuramente, nosso projeto foi aceito antes da cobrança do novo imposto entrar em vigor. Esses acontecimentos me ensinaram a reconhecer a presença de Deus na minha vida. Pude também entender que quando trabalhamos em sociedade com o Senhor, Ele nos guia e abençoa. Masahiro Narita (1925– 2012) foi membro da Família Internacional no Japão. ■


GANHAR POR DAR Por Steve Hearts

É mais fácil falar sobre a generosidade do que ser generoso. Isso é especialmente verdade quando há alguma dose de sacrifício real envolvida, apesar de a Bíblia deixar claro que Deus homenageia e muito esse tipo de doação. “Jesus sentou-se em frente do lugar onde eram colocadas as contribuições, e observava a multidão depositando o dinheiro nas caixas de ofertas, onde muitos ricos lançavam grandes quantias. Então, uma viúva pobre chegou-se e colocou duas pequeninas moedas de cobre, de muito pouco valor. Chamando a si os Seus discípulos, Jesus declarou: Afirmo-lhes que esta viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros. Todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver.’”1 Muito provavelmente, algumas daquelas pessoas ricas faziam suas 1. Marcos 12:41–44 NVI 2. Ver 2 Samuel 24:24. 3. www.just1thing.com

doações movidas pelo senso de dever ou pelo desejo de serem conhecidas como generosas, em vez de serem motivadas por um amor sincero por Deus. É possível que suas doações não chegassem a caracterizar nenhum tipo de sacrifício. A viúva, por outro lado, mesmo sendo pobre, estava disposta a dar tudo o que tinha, graças a seu coração abnegado. Foi por isso que Jesus a elogiou. Tendemos a ser mais generosos quando isso não se traduz em custos para nós. O rei Davi se recusou a oferecer ao Senhor sacrifícios que não lhe custassem nada.2 Há vários anos, orei especificamente para ter um violão Ovation. Tão logo o consegui, senti Deus falar comigo sobre dá-lo a outra pessoa que realmente precisava do instrumento. Surpreso, achei que jamais seria capaz de economizar para adquirir um segundo Ovation, mas para mim ficou bem claro o que eu deveria fazer. Uma semana depois, fui convidado a cantar na igreja de um amigo, dono de uma loja de instrumentos musicais.

Quando lhe disse que não tinha um violão, respondeu: “Sem problemas. Levo um da loja.” Quando vi que era um Ovation, fiquei emocionado! Ao fim do culto, procurei meu amigo para lhe agradecer e devolver o instrumento, mas ele falou: “Enquanto você estava cantando, Deus me disse com muita clareza para abençoar você e sua obra de missão com esse instrumento. É seu.” Saí daquela igreja sentindo-me como se estivesse flutuando. Embora talvez nem sempre colhamos bênçãos materiais como resultado de nossa doação, a recompensa sempre vem. Cego de nascença, Steve Hearts é escritor, músico e membro da Família Internacional na América no Norte. Este artigo é uma adaptação de um podcast disponível em Just1Thing, 3 um site cristão voltado para a formação de caráter de jovens. ■ 11


Por Jessie Richards

MEU ANO SEM ROUPAS Não literalmente. Vou explicar. No início do ano passado, fiz e cumpri o voto de não adquirir novas roupas ou sapatos. Eu tinha uma combinação de motivos para isso: Eu não precisava de mais sapatos e roupas. Não sou maluca por compras, mas sou mulher, e pelo fato de ir a um monte de lugares com produtos seminovos, fazer umas comprinhas online e de ter várias amigas com quem posso trocar roupas, eu tinha um monte de coisas! Na ocasião tinha lido sobre um movimento crescente de pessoas que decidiram possuir apenas cem itens.1 Fiz uns cálculos rápidos do que eu tinha e do que “precisava”, e vi que aquilo não se aplicava a mim, mas

gostei do conceito. Na época, o saldo da minha poupança era exatamente zero e eu queria mudar isso. No final do ano, contudo, eu tinha mais roupas e sapatos do que nos anos anteriores, sem ter comprado uma única peça por doze meses. Foi uma combinação de visita à minha mãe, irmã e cunhada naquele ano (e cada uma tinha uma pilha de coisas para mim), doações e presentes. Eram itens de segunda mão, mas, para mim, eram novos. A boa notícia é que renovei o meu guarda-roupa e “guarda-sapato” (essa palavra deveria existir) sem gastar um centavo. Hoje acordei pensando naquela decisão, naquele ano, e tudo o

1. Ver http://content.time.com/time/magazine/article/0,9171,1812048,00.html. 12

que vivenciei. Tenho uma forte impressão de que, de alguma forma, a lembrança foi motivada por uma ligeira apreensão que tenho tido com minha situação financeira. Recentemente, mudei para outra cidade e isso acarretou outras mudanças na minha vida e me colocado diante de alguns desafios. Tenho bastante experiência em poupar, sou disciplinada, sigo o meu orçamento, e acho que com alguns pequenos cuidados tudo vai dar certo. De qualquer forma, acho a ideia do meu “ano sem roupas” me ocorreu porque Deus estava me lembrando que, como gosto de dizer, “as coisas se ajeitam”. Naquele ano, gastar menos tempo e dinheiro buscando o que comprar não fez com que eu passasse falta de coisa alguma. Se no


Acredito que Deus está cuidando das coisas e que não precisa de nenhum de meus conselhos. Com Deus no comando, acho que tudo vai ficar bem no final. Então para que se preocupar? — Henry Ford (1863–1947) Prender-se muito aos resultados que deseja pode ter um efeito paralisante. Tento confiar que tudo vai se ajeitar no fim. — Jennifer Connelly (n. 1970)

futuro próximo ou distante, houver um mês, ou mesmo um ano, quando tiver de passar sem comprar alguma coisa, serei capaz de confiar que Deus proverá de alguma forma inesperada? Acho que sim. Muitas vezes, sinto que não tenho muitas experiências em termos de manifestações da participação de Deus na minha vida. Eu O amo, passamos tempo juntos e sei que está sempre ao meu lado... mas, de vez em quando, alguém me pede para contar alguma maravilha, ou um milagre que o Senhor fez por mim e eu fico evasiva, pois normalmente não consigo pensar em nada ali na hora. Isso me deixava mal, mas depois aceitei que minha vida é uma daquelas em que a participação de Deus não é tão visível. É Seu direito

agir assim e não devo exigir um tratamento específico. Por outro lado, acontecem coisinhas como esta situação em que vejo que Deus muito provavelmente agiu em meu favor. Não consigo acreditar que meus sapatos fossem tão importantes para Ele como o são para mim, mas entendo que quer que eu aprenda que, se confiar nEle, sempre terei o que preciso e, às vezes, até o que desejo. E que talvez, ou muito provavelmente, isso não acontecerá da meneira como eu esperava ou graças ao meu bom planejamento. Outra coisa que me chamou a atenção durante esse “ano sem roupas”, foi como sou abençoada de tantas maneiras diferentes. Por exemplo, eu tinha um emprego em um período marcado por uma alta taxa de desemprego. Nunca

fiquei sem um lugar para morar. E, ao contrário do que o leitor pode ter pensado ao ler o título deste artigo, nunca tive de andar por aí sem roupa. Sempre fui muito bem cuidada. No lado prático, isso também me impediu de acumular o que não preciso, o que foi positivo, porque já comecei este ano tendo que me desfazer de coisas porque ia mudar de casa. No geral, sinto-me mais rica desde aquela decisão. Jessie Richards trabalhou na produção da Contato de 2001 a 2012, e escreveu diversos artigos para esta revista. Ela também escreve e edita materiais para outras publicações e sites cristãos. ■ 13


Por Dina Ellens

EM CASO DE EMERGENCIA, QUEBRE

Recentemente, duas amigas compartilharam comigo situações fortes que estavam vivenciando. Ina me contou que sua filha havia sido diagnosticada com leucemia havia três anos e que os novos exames indicaram que a doença persistia. Ela tinha acabado de receber a triste notícia e estava muito emocionada quando ligou. Dias depois, na mesma semana, Susan me enviou um email dizendo que seu marido fora inesperadamente demitido. Ela estava preocupada com o risco de terem de abrir mão de sua nova casa, porque contavam com o salário para o pagamento do financiamento. Procurei animar ambas e lhes garanti que oraria por suas famílias. Enquanto pensava nas circunstâncias de minhas amigas, lembrei das placas comuns nas proximidades de 1. João 6:63 14

equipamentos de combate a incêndio isolados do ambiente por uma parede de vidro: “Em caso de emergência, quebre” Pode-se dizer que os cristãos têm uma caixa com esses mesmos dizeres. Aprendi que encontrar refúgio em Jesus e na Sua Palavra é essencial. Jesus disse: “As palavras que Eu vos disse são espírito e vida.”1 Ler e meditar nas palavras de Deus são fonte de vida e renovação espiritual, por mais desalentadoras que as circunstâncias aparentem ser. Quando liguei para Susan para descobrir como as coisas estavam indo, ela me contou: “Meu marido ainda não conseguiu um emprego, mas não estou preocupada. Sinto a certeza de que Deus vai cuidar de nós. A melhor notícia é que ele foi batizado no culto do domingo passado.” Deus não deixou de prover financeiramente para essa família.

No fim do mês, Susan contou que o marido havia sido contratado para uma boa posição em uma empresa multinacional. Ina me enviou uma mensagem de texto em que contava que sua filha se recuperava rapidamente após a quimioterapia. As duas sentiram a presença de Deus todo tempo quando estavam no hospital. Essas duas amigas aprenderam que Deus é “um socorro bem presente na angústia”, cada uma de sua maneira especial. Apegaram-se à fé com muita coragem e determinação nesses tempos e Deus não lhes falhou! Dina Ellens trabalhou como pedagoga no Sudeste Asiático por mais de 25 anos. Atualmente aposentada, permanece ativa em trabalhos voluntários e se dedica aos seus interesses como escritora. ■


Uma história de dois irmãos Autor desconhecido

Diz a lenda que um frade muito generoso jamais negara algo a um mendigo e dava tudo que podia aos necessitados. O estranho era que quanto mais ele dava, mais rico o mosteiro em que vivia o religioso ficava. Quando o velho frade morreu, foi substituído por um novo com uma natureza exatamente oposta - era duro e mesquinho. Certo dia, um senhor idoso chegou ao mosteiro dizendo que havia estado lá anos atrás e buscava abrigo novamente. “Nosso mosteiro não pode oferecer nada a estranhos como quando éramos ricos” —explicou o religioso. “Parece que ninguém hoje em dia faz doações ao nosso trabalho.” “Entendo” — disse o estranho. “Acho que isso é devido aos dois irmãos que você expulsou do mosteiro.” 1. Ver Lucas 6:38.

“Não me lembro de ter feito isso”—disse o frade intrigado. “Fez sim” — foi a resposta. “São gêmeos. Um se chamava ‘Dê’ e o outro, ‘Receberá’.1 Você expulsou o ‘Dê’, e aí seu irmão decidiu partir também.”

eu posso ser, porque eu também aprendi com a experiência que a maior parte de nossa felicidade ou miséria depende da nossa disposição, e não de nossas circunstâncias.” — Martha Washington (1731–1802)

Quanto mais você der, mais receberá de volta, porque Deus é o maior doador de todos e não deixará que você dê mais do que Ele. Tente e veja o que acontece. — Randy Alcorn (n. 1954)

De graça recebestes, de graça dai. — Jesus, Mateus 10:8 Acredito que a atitude de confiança e uma atitude de paciência caminham de mãos dadas. Quando você se entrega e aprende a confiar em Deus, libera a alegria em sua vida. E quem confia em Deus consegue ser mais paciente. A paciência não é apenas esperar algo… mas define como se espera, ou sua atitude enquanto espera. — Joyce Meyer (n. 1943) Eu ainda estou determinada a ser alegre e feliz; em qualquer situação

Em todos os meus anos de serviço ao meu Senhor, descobri uma verdade que nunca falhou e jamais transigiu. Essa verdade é que está além da esfera das possibilidades que alguém seja capaz de dar mais que Deus. Mesmo que eu me doe completamente ao meu Deus, sei que Ele encontrará uma maneira de mais do que me compensar pelo que dei. — Charles Spurgeon (1834–1892) ■ 15


MINHAS PROMESSAS PERMANECEM FIRMES Com amor, Jesus

Disse aos Meus discípulos que todos os seus fios de cabelo estavam contados e que nem um passarinho cai por terra sem que Meu Pai o saiba. Disse-lhes que não precisavam se preocupar com suas necessidades materiais, pois se confiassem em Mim e Me seguissem, Eu lhes garantiria o sustento. Isso pode parecer irrealista no mundo materialista de hoje, onde a busca por dinheiro parece ser mais importante do que nunca. Os tempos mudaram, mas Minhas promessas continuam firmes. Elas são tão válidas hoje como o eram há dois mil anos. Busque primeiro o reino de Deus e obedeça à Sua Palavra o melhor que puder, e o Meu Pai vai suprir tudo o que você precisar.1 Quem Me ama e tenta seguir Meu exemplo de amar e cuidar das pessoas, será cuidado por Deus. Isso não significa que pode contar com uma vida mansa e luxos. Os períodos difíceis também fazem parte do plano do seu Pai celestial para moldar o seu caráter. Assim como um pai terreno não dá automaticamente tudo o que os filhos querem, Deus não lhe dá tudo o que você deseja. Ele lhe dá o que você precisa e que Ele sabe que é melhor no seu caso — para o seu corpo e, o que é mais importante, para o seu espírito imortal. 1. Ver Mateus 6:33.


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