Contato, edição para julho de 2017: Comunicação com Deus

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MUDE SUA VIDA.

OÁSIS DE PAZ

Seis passos da oração meditativa

Uma noite longa e sombria Algo em que se agarrar

A lista de tarefas de Deus Corrigindo minhas prioridades

MUDE O MUNDO.


Volume 18, Número 7

C O N TATO P E S S OA L O convite de Deus Esta edição traz uma frase provocadora: “O relacionamento com Deus não gira em torno do que se faz, como se faz ou onde é feito, mas de saber quem Deus de fato é.” Até mesmo os discípulos de Jesus buscavam muito conhecer Deus. Certo dia, observando Jesus a orar, notaram a intimidade com que falava ao Pai e, desejosos por terem a mesma conexão com Deus, pediram-Lhe o segredo para essa forma de comunicação. Em resposta, Jesus lhes ensinou o Pai Nosso e lhes disse: “Pedi, e dar-sevos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois qualquer que pede recebe; quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á.”1 Com certeza, isso não significa que lhe será concedido tudo o que você pedir. A Bíblia explica como as orações são atendidas: “Esta é a confiança que temos nEle, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve.”2 Deus está atento a todas as nossas inquietações e solicitações, nem sempre sabemos o que é melhor nem vemos todo o quadro. Mas Ele sim e nos atende de forma a fazer prosperar Seus planos para Seus filhos. A mensagem de Jesus para todos nós é que Deus deseja muito se comunicar e passar tempo conosco. A oração é nossa conexão com Ele e a dEle conosco, pelo que é importante manter aberta essa linha de comunicação. Quem quiser ter em Deus um amigo para os momentos de angústia, deve ser amigo dEle em todos os outros momentos e para isso acontecer, é preciso termos conversas boas e francas com Ele. Esse é o tópico desta edição de Contato. “Venham, vamos refletir juntos.”3 Mário Sant’Ana Editor

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.

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Samuel Keating Gentian Suçi

© 2017 Activated. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana. A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia

1. Lucas 11:9–10 2. 1 João 5:14 3. Isaías 1:18 NVI 2

Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.


O DIA EM QUE A CADEIRINHA QUEBROU Por Jewel Roque Eu estava muito feliz por ter tido mais um filho. Allen era um desses carinhas felizes e simpáticos. Eu o colocava na cadeirinha e ele ficava bem, sentado ali, acordado ou dormindo, enquanto, da minha cadeira, eu conseguia balançá-lo com o pé e fazer o meu trabalho ao qual me dedicava meio expediente, em minha casa. Era muito bom ter a oportunidade de continuar minhas atividades profissionais, mesmo com um bebê a tiracolo. Eu também tinha orgulho de ser do tipo “multitarefa” e os outros me elogiavam por isso. Mesmo depois que Allen cresceu e ficou mais pesado, passando a ficar acordado por mais tempo, ele ainda adorava ficar balançando na cadeirinha. Um dia, notei que o assento estava mais próximo do chão. Pensei que 1. Ronald Dunn (Grand Rapids: Zondervan, 2001) 2. Lucas 18:1

minha filha, Jessica, na época, com dois para três anos, teria sentado na cadeirinha e a entortado. Tentei, em vão, devolver à estrutura metálica sua forma original, mas, após avaliar a condição da cadeirinha, meu marido concluiu que era preferível comprar outra a tentar soldar aquela. Depois do almoço, chegou a hora de Allen dormir, mas, privada do recurso da cadeirinha, tive de carregá-lo nos braços até ele pegar no sono. Primeiro eu o sacudi, enquanto andava com ele de um lado para o outro. Depois me sentei em uma cadeira de balanço. Quando por fim adormeceu, não quis colocá-lo no berço, achando que talvez isso o acordasse. Então fiquei ali sentada, sentindo-me inútil. Pensei em tudo o que precisava ser feito e isso me deixou ainda mais ansiosa. Foi quando me ocorreu um pensamento diferente: Ore. Lembreime de um livro que havia lido, Não Fique Aí Parado, Ore.1 Foi o

que fiz. Orei pelo meu bebê, pelo meu marido, pelo meu trabalho, pela minha filha, por minhas várias responsabilidades, pelos meus amigos e pela minha família. Quando Allen acordou, sentia-me surpreendentemente renovada e feliz. Parecia que eu havia realizado mais do que se tivesse ficado na frente do computador trabalhando. E provavelmente foi o que aconteceu. Jesus disse que devemos “orar sempre”.2 Admito que não estou nem perto desse nível de devoção, mas, se, enquanto meu filho dormir à tarde, eu orar pelos outros, eu posso avançar na direção desse ideal. E foi assim que redescobri algo de um valor muito mais duradouro. Jewel Roque viveu na Índia, onde foi missionária por 12 anos. Atualmente, mora na Califórnia, onde trabalha como escritora freelance e editora. ■ 3


O Princípio da Oração Por Peter Amsterdam, adaptação “Certo dia, Jesus estava orando em determinado lugar. Tendo terminado, um dos Seus discípulos Lhe disse: ‘Senhor, ensina-nos a orar.’”1 A oração foi um importante fator na vida e no ministério de Jesus. Nos Evangelhos, há várias referências aos hábitos de oração de Jesus. Ele ensinou aos Seus discípulos a orar, eles O viram orar, ouviram Suas intercessões por eles e Ele os aconselhou com respeito à oração. Antes de muitos dos principais acontecimentos, milagres e decisões de Sua vida, e até ao momento da Sua morte, Jesus passou tempo em oração. O fato de Jesus ter feito questão de orar e ter ensinado aos 1. Lucas 11:1 2. Ver Lucas 5:15–16; Marcos 1:35–37. 3. Mateus 6:9–13 4. Mateus 6:5–8 NVI 5. Lucas 18:1 6. Mateus 21:21–22 NTLH 7. Marcos 14:38 8. Mateus 19:13–15 9. Lucas 22:41–42,44 4

discípulos sobre a oração indica que isso é um importante aspecto do discipulado. Passar tempo sozinho em oração era atividade frequente na vida de Jesus. Ele Se afastava das multidões e, às vezes, de Seus seguidores mais próximos para orar.2 Ele também orava na presença dos discípulos. O exemplo de Jesus no que diz respeito à oração impactou profundamente os discípulos, como constatamos no livro dos Atos, onde são muitos os relatos das intercessões feitas pelos Seus primeiros seguidores. Jesus ensinou aos Seus discípulos a orar. Ele disse que orassem: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o Teu nome. Venha o Teu reino; seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.’”3 Jesus também lhes ensinou como não se deve orar: “E quando vocês orarem, não sejam como

os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará. E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem.”4 Jesus ensinou sobre ser persistente na oração, tal como consta no Evangelho de Lucas: “E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer.”5 Falou também sobre o poder da oração, que a oração é respondida, e que deve ser feita com fé e confiança — sabendo que Deus é todopoderoso e que nada está além da Sua capacidade de responder e atuar.


No livro de Mateus, Ele disse: “Eu lhes asseguro que, se vocês tiverem fé e não duvidarem, poderão fazer não somente o que foi feito à figueira, mas também dizer a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e assim será feito. E tudo o que pedirem em oração, se crerem, vocês receberão.”6 Exortou Seus discípulos a estarem atentos, sempre orando para não cair em tentação e pecado. “Vigiem e orem para que não caiam em tentação.”7 Jesus também orou por outras pessoas, como conta Mateus no Evangelho que escreveu: “Depois

trouxeram crianças a Jesus, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas. Mas os discípulos os repreendiam. Então disse Jesus: ‘Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas’. Depois de lhes impor as mãos, partiu dali.”8 Como consta nos relatos bíblicos, antes da Sua prisão, Jesus orou com fervor. O Evangelho de Lucas diz: “Ele se afastou deles a uma pequena distância, ajoelhou-se e começou a orar: ‘Pai, se queres,

afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a Minha vontade, mas a Tua’. Apareceu-Lhe então um anjo do céu que O fortalecia. Estando angustiado, Ele orou ainda mais intensamente; e o Seu suor era como gotas de sangue que caíam no chão.”9 A oração é importante em nossas vidas. É um meio para nos comunicarmos com Deus, para permanecermos nEle, para nos conectarmos ao Seu poder, para amarmos e ajudarmos outras pessoas, e para salvaguardarmos nossa vida e saúde espiritual. Faz uma diferença na vida dos outros, quando oramos por eles. É algo que nos dá a oportunidade de nos humilharmos diante de Deus, pois é quando imploramos Sua ajuda e Lhe pedimos perdão. Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■ 5


Uma noite longa e sombria Por Joyce Suttin Eu havia caminhado dez quarteirões até a loja de produtos naturais para comprar vitaminas. Gostava de andar e fazia esta caminhada frequentemente. Mas hoje eu tinha algo diferente. Remexia o dinheiro na bolsa e esquecera minha lista. No caminho para casa, parei para esperar que o semáforo abrisse. Minutos depois, reparei que havia pessoas olhando para mim de um jeito estranho. Percebi então que o sinal já tinha mudado várias vezes e eu continuava ali. Depois, a caminhada até a casa pareceu demorar uma eternidade. 6

Entrei na cozinha e comecei a preparar o jantar. As crianças haviam voltado da escola e eu sabia que tinha de me apressar. Depois aconteceu algo muito estranho. Olhei para a água que havia aparecido no chão, quando me ocorreu que apesar de estar grávida de apenas sete meses, algo estava errado e eu estava entrando em trabalho de parto. Conhecíamos uma parteira, que viera várias vezes me visitar em casa. Ela veio rapidamente e confirmou que a minha bolsa de água havia rompido. Devido ao meu tempo de gravidez, eu precisava ir para o hospital imediatamente. Pouco depois, eu

estava deitada numa cama de hospital em repouso total, esperando o bebê fazer sua entrada no mundo oito semanas antes do devido tempo. Foi uma semana bem longa. Detesto hospitais, mas logo me asseguraram que não havia alternativa: meu útero estava comprometido e, se não desse à luz em breve, corria o risco de ter uma infecção e de ter que fazer uma cirurgia de emergência. Argumentei que havia tido três partos naturais perfeitos, três bebês perfeitos, e que isso não podia estar acontecendo comigo. A resposta foi que eles tinham certeza da minha


VOCÊS ME PROCURARÃO E ME ACHARÃO quando Me procurarem de todo o coração. — Jeremias 29:13 AINDA QUE EU ANDASSE PELO VALE DA SOMBRA DA MORTE, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo; a Tua vara e o Teu cajado me consolam. — Salmo 23:4 E estando certíssimo de que O QUE ELE TINHA PROMETIDO TAMBÉM ERA PODEROSO PARA O FAZER. — Romanos 4:21

condição. Se deixasse o hospital, o bebê morreria e provavelmente eu também. Eles estavam certos. Depois de uma longa semana orando para que o bebê ficasse quietinho o máximo de tempo possível, comecei a me sentir muito doente. De repente, minha temperatura subiu para 40 graus e me levaram para a sala de cirurgia às pressas. Depois de algumas contrações esporádicas, intervenções difíceis e quase uma cesariana, nasceu meu segundo menino. Ao contrário dos meus outros partos, este não foi rodeado de alegria. Foi preciso oração desesperada, muitos medicamentos e o bebê teve de ser levado para a UTI. Foi a noite mais difícil da minha vida: sozinha, lutando contra uma poderosa infecção que se alastrava pelo meu corpo, fui informada que a situação da criança era extremamente delicada e que não tinha mais de 50% de chances de sobreviver a noite. Existem vários graus de oração fervorosa. Já orei pelos outros, pela

proteção de minha família e coisas pelas quais normalmente se intercede. Mas nada disso se compara ao desespero que senti naquela noite. Estava doente e impotente. Não havia nada que eu pudesse fazer, exceto orar e foi o que fiz. Não conseguia dormir. Esperava pelos medicamentos e orava. Foi a noite mais sombria que já tive, um teste de tudo que eu acreditava e a que eu havia dedicado a vida. Quantas vezes eu havia falado para os outros sobre o poder da oração! Quantas vezes havia clamado versículos da Bíblia sobre acreditar para receber! Naquela noite, contudo, tanto essa criança como a minha fé estavam no altar e a única coisa que eu podia fazer era clamar as promessas de cura que tinha memorizado e acreditar que Deus ia poupar o meu bebê. Ao amanhecer, uma enfermeira entrou para me dizer que o quadro do meu recém-nascido era estável. Minha febre também havia cedido e eu consegui descansar e dormir pela primeira vez depois do parto. Quando acordei, disseram-me que

podia ir à UTI ver o meu filho. Segurei aquele bebê tão pequenino nos braços e chorei. Deus havia nos ajudado a sobreviver àquela noite. Tinha fortalecido seu coração e pulmões e o mantido vivo durante um parto difícil. Quase morreu, mas lutou pela vida e o Senhor lutou por nós durante aquela noite longa e sombria. Aconcheguei aquela dádiva em meus braços, certa que do mesmo jeito que Deus havia nos guardado, honraria Sua Palavra e não nos falharia. As coisas nem sempre transcorrem como planejamos. Emergências acontecem. Muitas coisas podem dar errado na vida. Mas uma coisa é certa: Deus está no trono e a oração muda as coisas. Suas promessas são infalíveis, quando mais precisamos delas. Sua Palavra é um alicerce seguro, sobre a qual podemos nos apoiar durante as noites longas e sombrias de nossa vida. Joyce Suttin é professora aposentada, escritora e vive em San Antonio, nos EUA. ■ 7


UM POUQUINHO DE PAZ Por Michele Roys

Você já teve um daqueles dias em que parece que o mundo está contra você e que tudo que pode dar errado, dá errado? Em 29 de fevereiro, um dia que, como você sabe, só acontece a cada quatro anos, depois de olhar uma lista das coisas que eu tinha para fazer, fiquei com a impressão de que tudo fora planejado —antes, conspirado— por quatro anos para que eu tivesse 24 horas para fazer o equivalente a quatro dias de trabalho! Para começar, naquela tarde, faria um exame pelo qual não esperava. Estava com sinusite e uma forte dor de cabeça, o que tornava até pensar uma tarefa difícil! Como não fora dito que conteúdo seria abordado no teste, eu precisava estudar dez módulos do meu curso. Como se não bastasse, minha mãe estava chegando do Brasil para nos visitar, justo no horário da prova, 1. Ver Romanos 8:28. 2. João 14:27 8

com duração prevista de duas horas. Mamãe resolveu deixar o celular em casa e não havia respondido aos meus e-mails dos últimos cinco dias. O aeroporto no qual iria chegar ficava a umas três horas da nossa casa. Eu precisava que ela entrasse em contato comigo para combinarmos como íamos fazer para pegá-la. Naquela mesma noite —se eu sobrevivesse ao resto do dia— eu tinha um ensaio do coral na igreja, que iria se apresentar em dois dias, na abertura do Festival Internacional de Corais —um grande evento aqui na Irlanda! Eu precisava acabar de aprender duas canções em polonês, assim como versos em latim, inglês, e italiano, tudo antes da noite chegar! Eu estava a ponto de chorar quando saí do quarto por um pouco, tentando clarear as ideias. Percebendo meu estado, meu marido se ofereceu para orar por mim, o que


prontamente aceitei. Algo em sua oração chamou minha atenção: “Senhor, ajude-a a encontrar paz e saber que Você vai resolver tudo.”1

Como poderia encontrar paz? — pensei. Sabia que, sozinha, seria impossível e que precisava entregar a situação a Deus. Comecei minha oração dizendo como me sentia frustrada, como todas aquelas dores estavam me incomodando, como a imprevisibilidade daquele dia me perturbava. Descrevi detalhadamente para Deus como eu precisava de paz

e tranquilidade. Pedi que Ele enviasse um sinal de que me ajudaria, porque, naquele momento, eu não sabia sequer como faria para chegar ao centro da cidade, dado meu estado. De repente, veio-me um versículo bíblico em forma de canção: “Eu lhes deixo a paz, a Minha paz Eu lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbem os seus corações, nem tenham medo.”2 Pensei comigo mesma como aquilo poderia me ajudar a resolver meu dia, mas decidi pedir a Jesus que me concedesse a “paz” que havia prometido, apesar de, naquele momento, ainda me sentir frustrada e insegura. Logo a seguir, algo incrível aconteceu: a irritação passou. Não sei como explicar, mas me sentia mais “leve”. A paz que eu desejava assumiu o controle de minha mente, espírito e fui possuída por um sentimento de alívio, quase como se eu estivesse “andando nas nuvens”. A pressão que me causara tanto desgaste diminuiu 9


e me senti tranquila. A minha mente estava clara. Não sei como isso aconteceu. Tudo que fiz foi orar e pensar por uns minutinhos na canção que havia me ocorrido, um simples ato que me levou a um processo mental totalmente diferente. Fiquei impressionada com o poder de Deus quando comecei a me aprontar para sair. Assim que entrei no carro, orei para Deus me ajudar a continuar com aquele sentimento, porque era tão bom! Eu me lembro de pensar: “Não estou mais em pânico. Não estou mais a ponto de chorar. Isso é tão legal! ” Vou lhes contar como foi o resto do meu dia, que mais uma vez me ajuda a lembrar de como Deus não nos decepciona. Cheguei ao Centro e rapidamente consegui um lugar para estacionar. O dia estava nublado, mas não 3. Bob Edwards, Living Up in a Down World: Living Life Grace “Fully,” pág. 21 4. Filipenses 4:7 NLT 10

chovia — e isso é ótimo na Irlanda! Consegui chegar com 20 minutos de antecedência ao local da prova e pude conversar com minha professora. Ela me disse que tinha certeza de que eu me sairia bem e isso foi animador. Ao receber a prova, fiquei feliz ao ver que sabia a maioria das respostas. Quando eu estava a caminho de casa, minha mãe ligou para dizer que havia chegado em segurança e que conseguira pegar um ônibus do aeroporto para a nossa cidade, onde uma amiga a pegaria e a levaria até nossa casa. Recebi uma mensagem no celular de uma amiga, oferecendo carona para o ensaio. Mais uma boa notícia! O ensaio foi bem e minha dor de cabeça não era nada insuportável, o que facilitou muito as coisas para mim. Já era quase meia-noite quando voltei para casa. Meu marido me esperava e lhe agradeci por haver orado por mim. Também agradeci a Deus por ter me ajudado a encontrar Sua paz naquele dia que começara impressionantemente caótico, mas

em que tudo dera certo. Tudo estava bem! Jesus tinha resolvido tudo. No dia seguinte, li sobre os frutos do Espírito. Queria saber a definição da Bíblia para a palavra “paz”. No Antigo Testamento, o termo significa “tranquilidade interior, uma combinação de esperança, confiança e quietude de mente e alma.”3 Se você se vir “num desses dias” —e esperemos que não aconteçam mais do que uma vez a cada ano bissexto— simplesmente ore e peça a Deus para lhe dar a Sua paz, e então Lhe permita assumir o controle. Você ficará surpreso com Suas soluções e a paz que lhe dará. A Bíblia diz: “E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus.”4 Michele Roys é uma empreendedora social brasileira, mãe de duas crianças. Vive atualmente na Irlanda. ■


COMUNICAÇÃO COM

DEUS

Por Keith Phillips

O renomado escritor cristão Philip Yancey escreveu: “Deus encontra maneiras de Se comunicar com os que verdadeiramente O buscam, especialmente quando baixam o volume da estática ao redor.” Quase 300 anos antes, Isaac Newton fez a mesma descoberta e explicou da seguinte maneira: “Com meu telescópio, posso ver milhões de quilômetros no espaço, mas posso deixá-lo de lado, fechar-me no quarto e em profunda oração, ver o Céu muito melhor e chegar mais perto de Deus do que o faria com a ajuda de todos os telescópios … da Terra.” Virginia Brandt Berg foi além ao descrever o poder transformador da oração contemplativa: “Quando nos afastamos das coisas temporais que nos distraem e atrapalham, vamos à presença de Deus concentrados nas coisas que dEle procedem, na Sua majestade e glória, o Seu poder transformador entra em ação.” Isso explica em que, quando, o porquê e o como do processo de transformação, mas, em que somos 1. 2 Coríntios 3:18 NTLH

transformados? Essa é a melhor parte! O apóstolo Paulo nos diz que “todos nós, com o rosto descoberto, refletindo a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”1

Acreditamos em um Deus que cria o mundo, coloca-o em funcionamento e o embeleza, para que os humanos possam ver os sinais de Seu poder, graça e beleza em tudo que faz. Acreditamos em um Deus que deseja ser conhecido, pois fez os seres humanos para encontrarem paz e alegria ao conhecê-lO. Acreditamos em um Deus que não apenas dá demonstrações de Seu poder na criação, mas também nos diz qual é Sua vontade, propósito e o tipo de vida que devemos ter — uma vida de justiça, verdade, misericórdia e autocontrole. — Rowan Williams (nascido em 1950)

Se esse tipo de reflexão sossegada pode produzir resultados assim — comunicação direta com Deus e a transcendência do nosso humilde estado humano para o divino— por que não fazemos isso com maior frequência? Muitas vezes, é por causa da “estática ao redor”. Somos distraídos pelas nossas responsabilidades e rotinas, pelo alvoroço causado pelas pessoas que nos cercam, pela constante descarga de informações e entretenimento à qual estamos expostos, e até pelos nossos próprios pensamentos. Ir à presença de Deus pela oração é também uma questão pura e simples de esforço, particularmente quando não se tem esse hábito. E que melhor momento para começar a cultivá-lo que agora? Keith Phillips foi editor chefe da Activated Magazine (versão em inglês da Contato) por 14 anos, de 1999 a 2013. Ele e sua esposa, Caryn trabalham em esforços para amparar pessoas sem teto nos EUA. ■ 11


OÁSIS de PAZ Seis passos para a oração meditativa

PASSO 1: Escolha um local apropriado. De um modo geral, é melhor meditar em ambientes tranquilos e ordenados, de preferência longe do local de trabalho e de onde costumamos passar a maior parte do dia. O ar fresco não apenas nos renova fisicamente, mas também simboliza o Espírito de Deus, que é capaz de aliviar nossas mentes e espíritos.

PASSO 2: Desacelere. É impossível passar imediatamente do corre-corre de um dia ocupado para um estado de profunda oração meditativa. É preciso haver uma transição, na qual possa libertar-se gradativamente dos laços do mundo material. Às vezes, ajuda passar alguns minutos em uma atividade intermediária, tal como escutar música suave, fazer um passeio curto ou respirar profundamente. Experimente várias alternativas até descobrir o que funciona melhor para você.

1. Filipenses 4:6 2. https://activated.org/en/columns/spiritual-exercises 12

PASSO 3: Deixe seus cuidados à porta. Se você se sentir sobrecarregado com problemas, não poderá se beneficiar da paz que a meditação pode lhe trazer. Passe um ou dois minutos (ou o tempo que for necessário) para entregar suas preocupações a Jesus pela oração. Seja específico. Descreva para Ele o que está incomodando você e peça-Lhe para tirar os fardos de seus ombros. Concentre-se na habilidade de Deus de produzir soluções, em vez de pensar nos problemas. “Não andeis ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e pela súplica, com ações de graças, sejam

as vossas petições conhecidas diante de Deus.”1 PASSO 4: Relaxe. Vários minutos de alongamento leve e respiração profunda, seguidos de um exercício de relaxamento, ajudam. Concentre-se em relaxar seu rosto e pescoço e, depois, todo seu corpo, uma parte de cada vez. Se estiver se sentindo especialmente tenso, um bom banho ou um passeio em meio à natureza pode ajudá-lo a relaxar. Se estiver muito cansado, um cochilo pode ser o que você precisa, porque, exausto, não se beneficiará muito do seu tempo de meditação.


A paz que se manifesta exteriormente vem do conhecimento interior de Jesus. Você pode fazer isso simplesmente convidando-o a entrar em seu coração: Querido Jesus, quero conhecê-lO e desfrutar Sua paz. Por favor, entre em minha vida, conceda-me Sua paz. Ajude-me a conhecê-lO melhor, crescer no Espírito Santo e no conhecimento da Sua Palavra. Amém.

PASSO 5: Escolha uma posição confortável. Na meditação, a “posição” do seu espírito é mais importante que a do seu corpo. Não é necessário sentar-se de uma maneira específica. Na verdade, nem é preciso se sentar. O importante é não se distrair com nenhum desconforto. PASSO 6: Medite. Você encontrou um bom lugar e se acalmou fisicamente, deixou os problemas e preocupações nas competentes mãos de Jesus, desconectou-se dos assuntos do dia, relaxou e está confortável. Está pronto para começar sua meditação.

Como foco da meditação, pode escolher o próprio Jesus, pensando em um dos Seus atributos, ou em alguma bênção especial que Ele trouxe à sua vida. Um pensamento específico originado da Palavra de Deus também pode servir de tema para meditação. A leitura de uma passagem bíblica, de uma das mensagens “Com amor, Jesus” publicadas na última página de cada edição da Contato, ou algum outro material devocional pode ajudar a começar. Se quiser mais ideias de meditação, leia a coluna “Exercício Espiritual”, da Contato.2 ■

Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti, porque ele confia em Ti! — Isaías 26:3 Se Deus for nosso Deus, Ele nos dará paz na tribulação. Quando a tempestade açoitar o mundo ao nosso redor, Ele nos dará paz interior. O mundo pode perturbar a paz, mas Deus pode criar a paz em meio ao tumulto. — Thomas Watson (c. 1620–1686) Meditar é simplesmente conversar com Deus sobre Sua Palavra com o desejo de que sua vida e a vida daqueles por quem você ora estejam em harmonia com Seus ensinamentos. — William Thrasher Quando percebemos nossa alma definhando, a melhor maneira de fortalecê-la na mesma hora é meditar em algo que a desperte, como por exemplo a presença de Deus, ou o fato de que haveremos de prestar contas a Ele, ou o infinito amor de Deus em Cristo e os frutos provenientes desse amor; ou a grandeza do chamamento cristão; ou o curto e incerto tempo desta vida e quão pouco proveito dentro em breve terão todas essas coisas que roubam nosso coração; ou ainda, o que acontecerá conosco após esta vida, de acordo com o bem ou o mal que fizemos aqui. Quanto mais dermos lugar a esse tipo de pensamento, para que se aprofunde em nosso coração, mais próximos ficaremos do estado de alma que vamos gozar no céu. — Richard Sibbes (1577–1635) Em lugar de nossa exaustão e fadiga espiritual, Deus nos dará repouso. Tudo que pede é que nos acheguemos a Ele … que passemos algum tempo pensando nEle, meditando nEle, falando com Ele, escutando-Lhe em silêncio e que sejamos devotos a Ele — total e completamente perdidos no esconderijo da Sua presença. — Chuck Swindoll (nascido em 1934) 13


A lista de

tarefas de Deus

Por Phillip Martin

Sempre me orientei pelo que devia realizar. Eu me orgulhava de saber o que fazer, de manter os itens em minha lista em ordem de prioridade e as três coisas mais importantes grifadas, marcadas com um círculo ou escritas em negrito. Quando estava na cidade cuidando de diferentes assuntos, eu parava aqui e ali e ia marcando as coisas “menos importantes” que fazia enquanto seguia adiante para as coisas “mais importantes”. Alguns anos atrás, até criei meu próprio planejador diário. Era um cartão pequeno, de bolso, impresso em cartolina. Levo sempre comigo e uso um para cada dia. Nos últimos anos, tenho usado esses cartões nos meus seminários de gerenciamento de tempo. Passo grande parte do meu descanso com lápis e agenda em mãos fazendo anotações de tarefas e 1. João 15:5, ênfase adicionado 14

diferentes pensamentos que me vêm à mente. Normalmente eu marcava tudo por ordem de prioridade para o dia, ansioso por começar a realizar as tarefas. Para mim, planejar meu dia ocupava grande parte do tempo junto com o Senhor. Encontrei-me em uma situação em que era humanamente impossível realizar tudo que eu tinha para fazer. Minhas listas de tarefas eram longas demais, havia múltiplas prioridades e outras fontes de estresse. Como se não bastasse, atingi a exaustão física. Minha situação era tal que eu não conseguia sequer pensar em uma lista de afazeres. Só queria estar pertinho dEle. Eu sabia que só Ele satisfaria a minha alma atribulada e acalmaria a tempestade. Foi então que vivenciei o que Jesus descreveu em João 15: “Eu sou a videira, vós os ramos; aquele que permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois sem Mim nada podeis fazer.”1

Percebi pela primeira vez que Jesus não quer minha lista de tarefas nem que eu Lhe permita definir o que devo fazer. Seu desejo é que eu fique com Ele e me alimente da Sua Palavra. Ainda planejo meu dia, mas não com tanta intensidade. Minha prioridade passou a ser o contato com Jesus. Muitas vezes, quando ouço Seus sussurros em minha alma, vejo que assuntos são importantes para Deus. Se minha cabeça e meu espírito estiverem muito tomados por meus pensamentos, posso não ouvir esses sussurros e deixar escapar algo que preciso fazer que está na lista de tarefas dEle. Phillip Martin (1949–2016) foi um missionário americano, que atuou por 45 anos no subcontinente indiano e em outros países. ■


s a s e r p r As su s u e D de Por Dav id Br

a n dt Berg, a

Deus nos conta o que precisamos saber e, às vezes, até o que temos curiosidade de saber. Mas, com frequência, lança um véu sobre o futuro, o qual só Ele conhece. Isso realmente nos ajuda a permanecer perto do Senhor. Mas, independentemente do que sabemos ou deixamos de saber, Ele prometeu nunca nos deixar ou desamparar. Ele diz “Eis que estou contigo até a consumação dos séculos.”1 E Ele nos deu a tocha da Sua Palavra para mostrar aonde o caminho no leva. Podemos sempre fazer brilhar a luz da Palavra de Deus no nosso caminho.2 A Bíblia diz: “Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra, e luz para o meu caminho.”3 Sempre que uma situação é incerta, quando não tenho muita certeza se uma coisa é da perfeita Vontade de Deus e se Ele vai resolvê-la ou não, eu oro: “Seja como for, Senhor, Você é quem manda e é Deus. Se as coisas não funcionarem 1. Mateus 28:20 2. Ver Salmo 119:130. 3. Salmo 119:105

da ptaç ão

exatamente como espero, segundo minhas expectativas ou como faço força para acontecerem, se isso não for o que Você quer que eu faça, se Você tiver outra ideia e for realizar algo talvez muito melhor, ou talvez me ensinar uma lição que eu precise aprender, ou seja qual for o Seu propósito, ajude-me a fazer exatamente o que Você quer.” É melhor ter a mente aberta, disposta a aceitar o que Deus quer que façamos, mesmo que pareça ir contra a expectativa natural e o razoável. Às vezes, contudo, Deus contraria as expectativas naturais. Nesses casos, devemos estar dispostos a confiar nEle, mesmo que Ele pareça mudar de opinião e que as coisas não aconteçam como pensamos que deveriam. Muitas coisas sobre o futuro, não entendo muito bem; mas quem cuida do futuro tem a minha mão também. David Brandt Berg (1919–1994) foi o fundador e líder da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■

A FOLHA EM BRANCO Muitas pessoas estão mais interessadas em ser ouvidas por Deus do que em escutar o que Ele tem a dizer. Tentam fazer com que Deus endosse seus planos em vez de acatarem o dEle. Certa vez, ouvi alguém perguntar: “Você está disposto a não apresentar seu programa a Deus para que Ele o assine, ou nem mesmo ter um plano feito por Deus para que você o assine, mas você está disposto a assinar uma folha em branco e permitir que Deus a preencha, sem você saber sequer qual será o programa?” —David Brandt Berg ■ 15


Com amor, Jesus

Descanse em Mim Adoro quando você dedica tempo para comungar Comigo. Nesses momentos, nem sempre são ditas palavras, orações ou mesmo louvores. Podemos comungar em espírito se dirigir seus pensamentos a Mim e deixar a mente e o espírito conectados a Mim. Podemos ser como duas pessoas que se amam e se sentem felizes pelo simples fato de estarem juntas, sem dizer uma palavra sequer. Apenas estar nos braços uma da outra entreolhando-se já diz o suficiente. É como se seus corações entrassem na mesma frequência. Elas nem sequer precisam se comunicar verbalmente, porque a proximidade permite que uma saiba o que a outra está pensando. O mesmo pode acontecer entre nós. Para existir essa comunhão, é preciso haver verdadeira paz e contentamento de espírito. Você começa Me louvando ou pensando em Mim, inclinando seu coração para Mim e meditando na Minha bondade e assim começamos a nos conectar em espírito. Quero que você aprenda a entrar nesse estado com a mente e o corpo totalmente relaxados, para que Eu ocupe inteiramente seus pensamentos. É assim que posso ministrar ao seu espírito mais diretamente, guiá-lo em questões importantes na sua vida e lhe dar soluções para os seus problemas.


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