MUDE SUA VIDA.
REIS E RAINHAS
Aprendendo a governar
Amor no ambiente de trabalho
Não é o que você pensa
Amor por mim mesmo O segredo para amar os outros
MUDE O MUNDO.
Volume 18, Número 11
C O N TATO P E S S OA L
Quatro amores
Em português, a palavra amor é usada para designar uma grande variedade de emoções. Os gregos do período clássico tinham quatro termos que traduzimos hoje como amor. Storgē se aproxima em significado a “afeição”, em especial da que se encontra nas famílias. O vocábulo também é usado no sentido de “tolerância” — uma necessidade frequente entre familiares. Philios era o termo usado em referência a um tipo de amor virtuoso e sem paixões, como o que inspira a lealdade. Seu significado pode ser comparado ao de “amizade”. Eros era o amor passional, como o que existe nos bons casamentos e nos relacionamentos íntimos saudáveis. Sócrates teve um debate sobre eros com seus estudantes que ficou famoso, registrado no Simpósio, de Platão. O signicado do termo nesse diálogo não se referia tanto ao amor por uma pessoa, mas pela beleza em alguém. É daí que vem a noção de relacionamento platônico, isto é, desprovido de interesses sexuais. A Septuaginta, versão do Antigo Testamento traduzida para o grego antes do tempo de Jesus — usava a palavra agápao em várias de suas passagens para se referir a diversos tipos de amor, da misericórdia divina à paixão erótica. Foi nessa obra que o substantivo ágape, a quarta palavra grega que traduzimos para amor, surgiu pela primeira vez na literatura grega para descrever o mais profundo tipo de amor, como o retratado no livro Cantares de Salomão, o qual, entende-se, evoca o relacionamento entre Deus e os crentes. O termo aparece no Novo Testamento cerca de 250 vezes para descrever o mais elevado ideal de amor. Além da palavra amor — como em Theos ágape estin, “Deus é amor” (1 João 4:8)— algumas traduções da Bíblia usam o termo “caridade” (como se vê em 1 Coríntios 13). A palavra foi escolhida para reforçar a ideia de ágape ser um sentimento altruísta, generoso e incondicional.
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Samuel Keating Gentian Suçi
© 2017 Activated. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana. A menos que indicado o contrário, todas as
Agora sabemos o que devemos cultivar.
referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida
Mário Sant’Ana Editor 2
— Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.
Por Sally García
O AMOR NO AMBIENTE DE TRABALHO Não, não estou falando sobre paqueras no intervalo para o café, mas da possibilidade de conduzirmos nossos negócios com êxito e em um ambiente de amor. Um artigo publicado no Harvard Business Review sugere que, sim, é possível.1 Fazendo uma analogia ao computador, o texto afirma que o amor deve ser o sistema operacional (OS) e as outras estratégias do negócio — vendas, marketing, logística, etc. — os aplicativos. Apesar de estes estarem em primeiro plano no sistema, somente serão estáveis se o sistema operacional estiver bem. O famoso chef peruano e empreendedor do ramo da gastronomia 1. “Can You Really Power an Organization with Love?” Duncan Coombe, HBR, 1º de agosto de 2016 2. Entrevista concedida a Bárbara Muñoz para o jornal El Mercurio, Chile, 2/7/2016
Gastón Acurio afirma: “Não queremos estar à frente de tudo e todos. Nosso desejo é fazer as pessoas felizes.” Aclamado internacionalmente, Gastón ensina aos seus cozinheiros a não se orientarem apenas por metas. Acredita que se as pessoas apreciarem o seu trabalho, servirem em amor e buscarem a felicidade dos outros, os clientes gostarão dos resultados. As pessoas sabem quando são amadas e os empregados precisam sentir que seu trabalho é reconhecido. Todos trabalhamos melhor quando somos valorizados. Até mesmo chamar a atenção de um funcionário pode ser um tipo de “amor exigente”, se a pessoa souber que o empregador confia em suas habilidades e crê em seu potencial. A generosidade é outro atributo importante para o ambiente de trabalho e um dos mais negligenciados. Contudo, uma
Hoje, pensa-se no filantropo como alguém que doa grandes quantias de dinheiro. No entanto, a palavra é formada por dois vocábulos gregos, philos (amoroso) e anthropos (ser humano): alguém que ama seu semelhante. Todos podemos ser filantropos, pois podemos dar de nós mesmo. — Edward Lindsey
das sugestões mais comuns para a realização de metas pessoais é ajudar outras pessoas a alcançarem as metas delas. Estender a mão aos demais torna nosso mundo mais amplo. Gastón Acurio é bem conhecido por promover os pratos típicos de seu país e da América Latina. Por isso, a cidade de Lima cresce como destino do turismo gastronômico. Se o chef peruano tivesse visto os demais restaurantes como concorrentes, seu mundo provavelmente teria se limitado ao seu pequeno estabelecimento. Entretanto, ao se unir a outros profissionais para promover os sabores peruanos, a cozinha limenha conquistou fama internacional e ele também. Sally García é educadora, missionária e membro da Família Internacional no Chile. ■ 3
A ARTE DO DESVELO Por Maria Fontaine, adaptação
Minha oração é que em meio à toda a ocupação inerente à vida e às prementes necessidades cotidianas, não percamos de vista a importância do amor — tanto com respeito à vida como um todo, quanto no que toca às nossas escolhas e prioridades no dia a dia. Às vezes, esquecemo-nos de que todas as nossas realizações não são nada sem amor. “Ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada 1. 1 Coríntios 13:2–3 4
disso me aproveitaria.”1 Sem o amor, nossos sacrifícios e trabalho árduo não valem muito nem produzem os resultados certos. O desvelo é uma arte na qual sempre podemos nos aperfeiçoar. Podemos aprender, por exemplo, a manifestar amor pelos outros de maneiras que eles apreciem, cuidar de alguém doente ou com um problema físico, levar ânimo a quem não esteja bem, dar uma mão a um colega sobrecarregado, fazer companhia ao solitário, alertar um amigo sobre um possível desvio de conduta, cuidar dos outros espiritualmente com a fé e a esperança que veem muito além dos erros. Uma das belezas do amor é sua capacidade de adaptação. Dependendo da ocasião, amar é estar quieto e respeitar a necessidade
de silêncio do outro, ou ser mais extrovertido e conversador. Como não há uma receita para o amor, é preciso entender a necessidade e como atendê-la. É motivador saber que assumir o compromisso de amar pode fazer uma grande diferença em sua vida, pessoalmente, porque você se torna intermediário do Senhor. Seu espírito será fortalecido e preenchido de várias maneiras. Criará um vácuo para as bênçãos do Senhor, milagres e provisão. Que o amor de Deus esteja com você hoje e sempre. Maria Fontaine e seu marido, Peter Amsterdam, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■
Mais doce que o perfume de rosas é a reputação de alguém bondoso, caridoso e altruísta. Sua disposição de fazer o bem aos outros se converte em poder. — Orison Swett Marden (1850–1924)
Oportunidades para amar Uma maneira importante e facilmente ignorada de amar se manifesta nas coisas simples da vida. Ajudar alguém que precisa, preferir os outros a si mesmo, ser solidário a alguém em dificuldade, oferecer uma oração ou ser um bom ouvinte são exemplos disso. Tornamo-nos mais amorosos quando escolhemos ajudar, consolar e compartilhar. É um caminho que constrói um legado de amor. Entretanto, quando optamos por atender somente às nossas metas, responsabilidades e interesses, ignorando as pessoas que nos cercam, tomamos uma estrada que nos leva ao egocentrismo, deixando-nos isolados e vagando em nosso próprio universo. O fato é que somos o resultado das escolhas que fazemos no dia a dia
Cada um tem oportunidades de escolher amar os outros, ou ajudar a humanidade. Cada dia, podemos fazer atos de bondade. Colocarmo-nos no lugar dos outros, entender o que leva as pessoas a fazer o que fazem é muito melhor do que simplesmente criticar, além de produzir solidariedade, tolerância e bondade. Como um sábio certa vez disse: “Se Deus não julga um homem antes do fim dos seus dias, por que o faríamos nós?” Há muitas maneiras de demonstrar amor e cabe a cada um refletir em como deve fazer isso. Anote em um caderno ou em seu diário suas respostas para as seguintes perguntas: Quanto amor e abnegação mostro no meu dia a dia? Demonstro amor aos que precisam?
Se Deus me pedisse para fazer um sacrifício, grande ou pequeno, por puro amor e altruísmo, que me traria pouco ou nenhum retorno, eu Lhe atenderia? Estou disposto a dar o primeiro passo na direção de alguém, quando não tenho vontade e sinto que esse primeiro passo deveria ser dado pela outra pessoa? Estou disposto a dar atenção aos outros e demonstrar interesses pelo que pensam, suas ideias e preferências? Como posso estar mais acessível aos outros e adicionar propósito à suas vidas? Este artigo é uma adaptação de Roadmap, uma série de artigos sobre liderança cristã. ■ 5
OS TOQUES DE DEUS Por Gabriel García Valdivieso
Há pouco tempo atrás, alguns amigos nossos queriam se mudar para outro país, em busca de oportunidades de trabalho e maior proximidade de seus familiares. Apesar das inúmeras dificuldades que encontraram em seus preparativos para esse importante passo, inclusive complicações de último minuto no aeroporto, contaram com as orações e o apoio de seus amigos para realizarem o que precisavam. eles conseguiram atingir as suas metas e agora estão aprendendo a voar em novos horizontes. Quando encontro pessoas com a intenção de viajar ou de realizar algum sonho, costumo dizer-lhes: coloque seus desejos nas mãos de Deus, porque Ele conhece seu coração e tem prazer em vê-lo feliz. Este ano, estávamos buscando uma maneira de receber nossa filha e sua família para passarem as férias de verão conosco. Várias inconveniências inesperadas surgiram em nossa casa e não tínhamos espaço para hospedá-los. Entregamos o problema a Deus e, de repente, a resposta pareceu cair do céu: uma família vizinha se mudou e deixou um bangalô vazio a poucos metros de nossa casa. Foi um sinal do amor de Deus em resposta às nossas orações e a visita de nossos amados foi uma experiência maravilhosa para todos nós. Às vezes, Deus usa os meios mais inesperados para nos ajudar e nos animar. Vínhamos orando por uma amiga que, depois de várias decepções amorosas, caiu em uma 1. 1 João 4:16 6
profunda depressão. Um dia, enquanto caminhava nas proximidades da universidade em que trabalha, encontrou um cachorro abandonado e decidiu adotá-lo. Algo no seu coração lhe dizia para ficar com aquele animal, apesar das sérias restrições de espaço no seu apartamento. No fim das contas, o cachorro se tornou uma dádiva de Deus em sua vida e teve um papel determinante em sua cura emocional. Recentemente, descobrimos que Sally, minha esposa, tinha um tumor no seio. Tão logo recebemos o diagnóstico demos início a uma corrente de orações e recebemos muito apoio emocional e espiritual de nossos amigos. Das mais diferentes partes do mundo vieram manifestações de bondade, solidariedade e apoio em oração. O câncer foi removido e Sally se recuperou rapidamente. A cada passo do caminho, sentimos a companhia e a presença de Jesus que aplainou o caminho diante de nós. Acredito que são por essas provações da vida que percebemos mais claramente o amor divino e que Ele opera por vários canais para demonstrar seu desvelo. “Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor. Quem está em amor está em Deus, e Deus nele.”1 Gabriel García Valdivieso é o editor da edição em espanhol da Contato e membro da Família Internacional no Chile. ■
Por Evelyn Sichrovsky
AMANDO A MIM MESMA Das minhas melhores memórias de infância uma que se destaca na minha mente é a de minha irmã mais velha lendo para mim minha história bíblica favorita: O Bom Samaritano1. Nunca esqueci que “meu próximo” não é apenas alguém de quem tenho proximidade, mas qualquer pessoa que cruza meu caminho. Contudo, muitos anos se passaram até eu entender o significado do ensinamento de Jesus: “ama teu próximo como a ti mesmo.”2 Concentrava-me tanto na primeira parte da frase que nunca dava atenção à segunda. Certo dia, durante um período prolongado de desânimo e dúvidas, uma amiga que percebeu pelo que eu estava passando, disse: “Se você amar o seu próximo como ama a si própria, ninguém jamais vai querer estar próximo a você.” Suas palavras me surpreenderam e me levaram a um questionamento sincero: Eu me amo? O redondíssimo NÃO que respondi a mim mesma deu origem à próxima pergunta: Por que não? Bem, é óbvio! E imediatamente comecei a repassar minha longa lista de erros e defeitos. Entretanto, em meio àquela avalanche de negatividade, surgiu em minha mente uma pergunta inesperada: Jesus quer que eu me ame? Quanto mais eu refletia nisso, mais convencida ficava de que Jesus quer que eu me ame. Por quê? Porque sou 1. Ver Lucas 10:25–37 2. Marcos 12:31 3. Ver Efésios 5:2
Sua filha, que Ele ama e por quem deu a vida.3 Sou Sua criação, formada de forma singular e maravilhosa à Sua imagem.4 Ele conhece todos os meus erros e defeitos,5 mas também celebra minha vida,6 valoriza minhas qualidades e vê em mim um potencial ilimitado.7 Ele me ama como sou. Despertei para o fato de que Ele quer que eu me veja tal qual Ele me vê, quer que eu pare de me recriminar e de me criticar para que eu me aceite como sou, para que cuide de mim mesma e —por mais desafiador que possa parecer — para que ame a mim mesma. Quanto mais amor e respeito tiver por mim mesma, mais plenamente e liberalmente poderei amar os outros. O amor próprio que a Bíblia ensina não é narcisista nem excludente. É sincero, restaurador e produz respeito por nós mesmos, criados à imagem de Deus, pecadores remidos e filhos adotivos de Deus. Disso resultam contentamento e paz interior, bondade e generosidade para com os outros e uma atitude de gratidão. O amor por Deus, o amor pelos outros e o amor por nós mesmos produzem em nós a felicidade integral e verdadeira.
4. Ver Salmo 139:14 5. Ver Salmo 139:1 6. Ver Sofonias 3:17 7. Ver Jeremias 29:11
Evelyn Sichrovsky é produtora de conteúdo para livros e materiais educativos para crianças. Vive atualmente em Taiwan. ■ 7
A VIDA SEGUNDO 1 CORÍNTIOS 13 Li 1 Coríntios 13 hoje, meditando na aplicação prática de seus versículos e quero compartilhar com você minhas reflexões, na esperança que lhe sirvam de inspiração. Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. Estou tentando aprender mais um idioma. Estabeleci a meta de praticar 1. 2 Coríntios 1:4 2. Romanos 5:8 3. 1 Pedro 4:8 4. Ver João 15:5 8
um pouquinho durante vários dias por semana e estou melhorando, mas ainda falta muito para eu estar completamente à vontade e me tornar fluente. Agora, poder falar as línguas dos homens e dos anjos, sem dúvida seria algo fantástico para mim. Perceber isso fez com que esse verso tivesse maior significado para mim: o amor está verdadeiramente acima de todas as outras realizações. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
Por Chris Mizrany
Gosto muito de ouvir palavras pessoais de Jesus, quando preciso de orientação. Também desfruto desse sentimento quando Deus faz um milagre e minha fé cresce, para que, da próxima vez, eu me sinta mais confiante de que Ele cuidará do problema. Posso entender como a conjugação desse dom com os demais pode fazer tudo dar certo. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
Faço parte do Helping Hand — um projeto missionário e humanitário muito ativo na Cidade do Cabo, na África do Sul. Distribuímos muitas doações para os pobres e, às vezes, isso acontece tarde da noite ou de madrugada, o que pode ser bem esgotante para mim. Esse versículo me lembra de que o amor deve ser nossa única motivação — o infindável “amor de Cristo que nos compele” a “consolar os que estiverem em alguma tribulação com o mesmo consolo com que nós mesmos somos consolados por Deus.”1 É o que nos mantém seguindo em frente. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Bem, isso fala por si. Não sou nenhum modelo de longanimidade e gentileza. Sei que nem sempre me comporto como deveria nem sou muito altruísta. Não posso dizer que nunca me irrito, que a verdade é sempre motivo de alegria para mim ou que eu seja a pessoa mais tolerante que há. Na verdade, às vezes sou justamente o oposto desse ideal. Mas conheço uma verdade poderosa: o amor consegue limpar
até as manchas da falta de amor. “Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.”2 “O amor cobre uma multidão de pecados.”3 Por isso, sei que mesmo quando me faltar o amor do qual fala este capítulo e que luto para ter, Jesus o terá em abundância. Ele é o meu Salvador. Ele é amor e o melhor exemplo desse ato que o mundo já viu. E se eu permanecer perto dEle, terei cada vez mais desse amor.4 O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Nada é mais fácil de entender que o amor. Como muitos já disseram, até um bebê entende o amor. É nosso alicerce e prioridade, porque todas essas outras coisas estão nele fundamentadas e crescem a partir do amor que temos por Deus e pelos outros. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então
conhecerei como também sou conhecido. Quando eu chegar ao céu, sei que vou ficar impressionado com os resultados dos pequenos atos de amor que fiz aqui. Tenho certeza de que vou querer ter feito mais, mas vai ser maravilhoso ver como o amor gerou amor, e se espalhou além da região em que morei, do trabalho que fiz e até da vida que vivi. Mal posso esperar por esse momento! Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. Quantas canções, livros, poemas e cartas foram escritos sobre o amor? Mais do que podemos imaginar! Não há um único ato que defina o amor como um todo e definitivamente: o amor voluntário, humilde, perdoador e eterno de Deus em Jesus que se manifestou quando este sofreu na cruz uma morte terrível, difícil e injusta, para que nós não tivéssemos jamais de encarar um fim sem amor. Fomos feitos herdeiros do céu, por fé, e é nisto que depositamos nossa esperança: Seu amor infalível. Chris Mizrany é web designer, fotógrafa e missionária na organização não governamental Helping Hand na Cidade do Cabo, África do Sul. ■ 9
UM ROMANCE DURADOURO Por Marie Alvero Tive recentemente a oportunidade de conviver com um casal para lá de especial. Eles estão juntos há mais de 35 anos e ver como se relacionavam levantou para mim a régua do conceito de casamento. Sentamo-nos para desfrutar uma refeição ao ar livre e Jen fez o prato de Greg. “Ele adora aspargo!” — disse, feliz por trazer ao marido algo que lhe dá prazer. À noite, Greg falou da paixão da esposa pelo cultivo de hortaliças. “Jen, conte para eles sobre a produção maravilhosa de sua horta no ano passado!” Foi assim durante os poucos dias que passaram em nossa casa, sempre cuidando um do outro, servindo um
de convivência? Como se faz isso? Quanto tive um momento a sós com Jen, disse-lhe cheia de curiosidade: “É mais do que óbvio que você e Greg são muito felizes juntos. Como mantêm seu casamento tão forte?” Ela sorriu. “Sim... temos algo muito especial mesmo! Não sei se existe um segredo para o casamento forte e feliz. Como a maioria dos casais, começamos loucamente apaixonados, ficamos decepcionados à medida que os atritos naturais e diários do casamento foram acontecendo e isso desgastou nossa felicidade. Passamos por um período bem turbulento. As coisas não eram terríveis, mas tampouco maravilhosas. A gente aprendeu uma coisa ou outra aqui e ali,
ao outro, rindo juntos e desfrutando a companhia um do outro, todo o tempo. Queríamos ficar perto deles e nos sentíamos acolhidos. Eu estava fascinada e tinha de descobrir o segredo. É possível que meu casamento fique assim depois de trinta e poucos anos
mas… — fez uma pausa, descansou a mão do meu ombro, olhou distante, depois nos meus olhos e continuou— …a resposta veio de João 15:13.” Conhecia o versículo: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a própria vida pelos seus amigos.”
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Essa passagem sempre me fez pensar em histórias como O Conto de Duas Cidades, de Charles Dickens, ou na cena de Jesus sendo crucificado. Nunca a relacionei com a vida conjugal. Minha conselheira explicou. “Quando decidimos aplicar esse versículo ao nosso casamento, passamos a procurar maneiras de nos doar, mesmo quando isso exigia um sacrifício. Eram pequenas coisas, preparar o que ele mais gosta de comer, mesmo quando eu estava cansada; ele passar no supermercado para pegar algumas coisas quando tudo que queria era ir para casa; não falar algo que sabíamos que magoaria o outro. “Houve coisas grandes, também, como abrir mão de interesses pessoais para dar prioridade a uma meta da família, ou apoiar um ao outro em sonhos e projetos pessoais. Quando se para para pensar, há inúmeras formas de dar.” Sob a luz desse depoimento, não foi difícil identificar as áreas em que meu relacionamento com meu marido poderia melhorar. Fazer a outra pessoa feliz demanda esforço e não é fácil demonstrar esse “maior amor”. Contudo, é bom ver as mudanças que isso está produzindo em meu casamento. Nossa decisão de dar mais do que recebemos nos colocou em uma trilha de um amor mais profundo e de maior felicidade. Marie Alvero foi missionária na África e no México. Hoje vive ocupada e feliz com seu marido na Região Central do Texas. ■
O casal excêntrico Por Anna Perlini
Quando conheci Danica e Milic, há 13 anos, eles já eram afetuosamente conhecidos como “os avós na montanha”, porque moram na pequena vila de Suhodol, que significa “monte seco”. Para chegar lá, é preciso seguir por uma trilha íngreme, um acesso impossível por carro no inverno. Eles não têm água encanada nem banheiro dentro de casa, uma condição nada rara naquela região da fronteira da Croácia e Bósnia, onde abundam histórias tristes de gente que escapou da guerra e da destruição, passou tempo em campos de refugiados e voltou para encontrar suas casas queimadas, suas vilas bombardeadas para aí recomeçar a vida na idade de se aposentarem. Apesar das dificuldades, eram sempre muito positivos e ansiavam 1. http://www.perunmondomigliore.org
pelas nossas visitas à sua vila isolada. Certa vez, encontrei-os lavando roupas em um ribeiro congelante e lhes ofereci uma carona até sua casa. Quando entraram na van, perguntamos brincando: “Aonde gostariam de ir? Podemos ir a qualquer lugar.” “Para Suhodol” — responderam com orgulho. “O melhor lugar do mundo!” Danica é intrépida, Milic é calmo e generoso. Formam um casal divertido, excêntrico e cheio de vida. Aos oitenta e poucos anos cuidam de sua terra e de suas ovelhas, faça chuva, sol ou neve. Visitei-os várias vezes com outros amigos e voluntários para lhes trazer alimentos e outras necessidades, mas cada vez levamos conosco lições e valores valiosíssimos. Uma jovem que me acompanhou em uma dessas visitas ficou muito impressionada com a dupla e
disse: “Espero conseguir algum dia construir algo tão precioso quanto o que eles têm.” No início não entendi muito bem, porque Danica e Milic não têm praticamente nada de valor, pois o que tinham antes foi irremediavelmente perdido. Perguntei se ela entendia a condição deles e o que quis dizer com aquela frase. A moça explicou que o que mais a impressionara era o amor que via em seus olhos após tantos anos de casamento e depois de terem passado por tantas adversidades e traumas. Em um mundo de relacionamentos voláteis e compromissos frágeis, aquela relação pareceu para ela a realização de maior valor. Como discordar? Anna Perlini é cofundadora de Per un Mondo Migliore 1, uma organização humanitária ativa nos Balcãs desde 1995. ■ 11
O LAÇO DA BONDADE Por Elsa Sichrovsky
Quando lembro do meu primeiro semestre na faculdade, a imagem que me vem é de um sujeito com uns dois metros de altura, magricela e de cabelo preto. Steve era um veterano no meu departamento e nos conhecemos no curso Educação Geral. Conquistou minha admiração quando se sentou ao meu lado na primeira fila, evitada pela maioria dos estudantes. Havíamos nos visto apenas algumas vezes, rapidamente, na sala do diretório, mas ele me cumprimentou. Eu tinha dois horários vagos até 1. Provérbios 27:17 2. Colossenses 3:14 12
a próxima aula, então fui para uma sala de leitura ali perto para me preparar para uma arguição sobre a Odisseia. Para minha surpresa, Steve já estava lá acompanhado de uma xícara de café, debruçado sobre O Mercador de Veneza. Entendi que ele tampouco tinha aula nas próximas duas horas e me sentei no lado oposto ao dele, com meu livro, tímida demais para dizer coisa alguma e perfeitamente ciente do golfo que separava calouros de veteranos. Às vezes, tinha a impressão de que ele queria dizer algo, mas isso não aconteceu, dando lugar amplo para um silêncio um pouco desajeitado e quase amigável que reinou naquela sala por duas horas.
Por várias semanas, nas terçasfeiras, sentávamos em lados opostos da mesa, estudando em silêncio. De alguma forma, sua presença e companhia humana aliviavam a solidão das horas de estudo, memorização e análise que os universitários daquele curso conheciam tão bem. Sua concentração no seu desempenho escolar era um excelente exemplo para mim, vítima constante de distrações do grande e complexo mundo da academia. Como diz o provérbio, “Como o ferro com o ferro se aguça, assim o homem ao seu amigo”1. Finalmente, em um quente dia de verão, ele queria ligar o
Eu desceria às profundezas cem vezes para alegrar um espírito entristecido. É bom para mim ter sido afligido, pois aprendi a dizer a palavra certa na hora certa para quem está abatido. — Charles Spurgeon (1834–1892) O mais profundo princípio na natureza humana é o desejo de ser valorizado. — William James (1842–1910) Palavras gentis não custam muito… mas realizam muito. — Blaise Pascal (1623–1662) É muito comum subestimarmos o poder de um toque, um sorriso, uma palavra gentil, um ouvido atento, um elogio honesto, ou o menor ato de carinho, todos os quais têm o potencial de transformar uma vida. — Leo Buscaglia (1924–1998) Por um dia, tente falar tão pouco quanto possível. Tente não se concentrar em si próprio. Se sentir a tentação de contar uma história, faça uma pergunta. Se vier a vontade de dizer “Oh, já me aconteceu a mesma coisa…”, pergunte: “Como você se sente nessa situação?” … No fim do dia, faça uma lista de tudo que aprendeu e veja quanto teria perdido se passasse o tempo todo falando de si mesmo. — Linda Kaplan Thaler e Robin Koval, O Poder da Gentileza (Editora Sextante, 2008)
ventilador da sala de leitura e, sendo um cavalheiro, pediu meu consentimento. Isso deu início a uma conversa, na qual descobrimos que partilhávamos do mesmo amor por Shakespeare, linguística e pela Sra. Lee, a mais popular professora em nosso departamento. Generosamente, Steve me deu umas dicas sobre as disciplinas que eu estava fazendo e me recomendou outras bem interessantes. Até o fim do semestre, nosso tempo de estudos nas terças-feiras era temperado com conversas informais e até algumas piadas. Sempre nos cumprimentávamos nos corredores e fizemos uma disciplina eletiva juntos no semestre seguinte.
Steve tinha muito pouco a ganhar com nossas conversas, mas vi que além de nossa paixão por aprender, ele tinha compaixão de mim, pois também teve seus dias de calouro perdido, mas não deixou que as convenções sociais o impedissem de se aproximar de mim. Ele se graduou no meu segundo ano de faculdade e perdemos contato. Entretanto, ainda lhe sou grata pela maneira como me ensinou pelo seu exemplo. Quando as normas sociais entraram em conflito com a bondade, Steve permitiu que ela tivesse a última palavra. Uma convenção social que promove a exclusão, como a que separava veteranos e calouros na
universidade em que estudei, deve ser ignorada para que cumpramos a responsabilidade de amar aqueles com quem temos contato. Além do mais, aquelas silenciosas terças-feiras me ensinaram que uma boa amizade não necessariamente se constrói com extroversão e personalidades carismáticas, mas com respeito mútuo, interesses compartilhados e algo que há muito tempo um apóstolo recomendou: amor. “Sobre tudo isto, revestivos de amor, que é o vínculo da perfeição.”2 Elsa Sichrovsky é escritora free lance. Vive com sua família no Sul de Taiwan. ■ 13
Não existem coisas grandiosas, apenas coisas simples feitas com grande amor. — Madre Teresa (1910–1997) Faça tudo que estiver ao seu alcance, de todos meios possíveis, em todos os lugares ao seu alcance, sempre que você puder, a todos que conseguir, por tanto tempo quanto você for capaz. — John Wesley (1703–1791)
REIS E RAINHAS Por Keith Phillips Há alguns anos, fazia sucesso uma canção que falava sobre corrigir os erros do mundo. Não me lembro de toda a letra, mas a ideia geral era “Se eu fosse o rei do mundo, as coisas seriam diferentes”. Não haveria guerras, ódio, sofrimento nem nenhum desses males que atormentam nosso planeta. É um pensamento nobre, pelo menos à primeira vista, mas que deixa de lado um importante fator: Deus deu a cada um de nós o livre arbítrio. De certa forma, somos “reis do mundo”. Não governamos a humanidade nem podemos causar um impacto visível no grande esquema de coisas, mas cada um tem autonomia para reinar sobre seu próprio mundo pessoal. E dependendo do nosso êxito enquanto governantes, conseguiremos ter um impacto positivo no mundo ao nosso redor. Na posição de reis e rainhas, possuímos duas coisas: domínio e responsabilidade. A rainha Elizabeth I, da Inglaterra, disse: “Ser rei e usar uma coroa é mais glorioso 1. Romanos 3:23 14
para quem vê do que agradável para quem reina.” Em outras palavras, não é fácil governar, especialmente com sabedoria e equidade. Na verdade, se analisar bem o seu “reino”, perceberá que é humanamente impossível governar bem sempre. Você não é capaz de acertar sempre nem deve esperar isso dos demais. “Todos pecaram e destituídos estão da glória [perfeição] de Deus.”1 Mas a boa notícia é que, apesar de nossas deficiências, Deus pode e quer agir por nosso intermédio. Isso não significa que nos tornaremos perfeitos de um momento para o outro, mas que Ele nos concederá o amor, a humildade, a sebedoria, o entendimento e tudo que precisarmos para governarmos com justiça, se Lhe pedirmos. Keith Phillips foi editor da Activated (Contato em inglês) por 14 anos, de 1999 a 2013. Atualmente, ele e sua esposa realizam um trabalho de assistência a pessoas sem teto, nos EUA. ■
Para pensar
DEUS é AMOR Recentemente, um período de adversidade me fez refletir no amor de Deus por mim e no que tenho por Ele. Sei que Seu amor é sempre presente e não muda, mas, às vezes, acho que o que tenho por Ele é influenciado pelas circunstâncias e emoções. Na condição de ser humano, meu amor é muito menos poderoso que o de Deus. Aconteça o que me acontecer, o amor de Deus por mim é uma constante, em nada afetado pelas condições à minha volta ou pelo que sinto. Ele sabe que nem sempre O amarei como merece, mas isso não O impede de me amar e velar por mim. É apenas o que permito me afetar que pode me fazer sentir longe dEle ou menos amado por Ele. Sei que essa reflexão diz respeito a um princípio espiritual elementar, mas
é algo de que facilmente me esqueço quando as coisas ficam difíceis, ou quando não me sinto tão próximo de Deus. Que Deus me ajude a estar plenamente persuadido, como o Apóstolo Paulo, de que, aconteça o que acontecer, Jesus me ama e cuidará de mim. Nada é mais forte que Seu amor! — Toni Valera 2 Como os céus se elevam acima da terra, assim é grande o Seu amor para com os que o honram. — Salmo 103:11 2 Deus ama cada um de nós como se cada um fosse o único. — Santo Agostinho (354–430) 2 Nossos sentimentos podem ser passageiros; o amor de Deus por nós, não. — C.S. Lewis (1898–1963)
Querido Jesus, quero conhecê-lO. Obrigado por dar a vida por mim. Por favor, perdoe-me por tudo que fiz de errado. Abro agora o meu coração e O convido para entrar. Por favor, conceda-me a dádiva da vida eterna e preencha-me com Seu amor, para que Eu possa amar os outros como Você me ama. Amém.
Deus provou Seu amor na Cruz. O Cristo crucificado e morto é a maneira de Deus dizer ao mundo: “Eu te amo.” — Billy Graham (n. 1918) 2 Nenhuma vida, por mais degradada e contaminada que esteja, está fora do alcance redentor do amor de Deus. — John Henry Jowett (1863–1923) 2 O amor é o poder mais duradouro no mundo. Sua força criativa, tão belamente exemplificada na vida do Cristo, é o mais poderoso instrumento disponível para a humanidade na sua busca por paz e segurança. — Martin Luther King Jr. (1929– 1968) ■ 15
MEU AMOR Com amor, Jesus
Meu amor é paciente e compreensivo em um mundo tão intolerante. É terno e gentil quando as pessoas estão calejadas ou são indiferentes. Conforta na hora da dor e traz consolo ao solitário. Desanuvia os pensamentos dos que se sentem confusos, dá repouso ao cansado, ajuda o desamparado e renova as forças de quem não aguenta mais. O Meu amor traz a paz nas tempestades na vida. O Meu amor pode curar corpos doentes e até acalmar e sarar corações partidos. Meu amor desfaz tensões, preocupações e estresse; dá fé e coragem em vez de medo, esperança onde houver desespero. É luz e afugenta as trevas. Vai a qualquer profundidade para resgatar e não se detém a nada. Não há problema que Meu amor não possa superar. O Meu amor é um presente especial que lhe dou. Sempre esteve e sempre estará a seu dispor.