Contato, edição para junho de 2018: Crescer em amor

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MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

EU SOU A CELEBRIDADE DE DEUS E você também.

Praticando a empatia Você constrói paredes ou círculos?

A corrente do bem Um rastro de ações amorosas


Volume 19, Número 6

C O N TATO P E S S OA L

Constrangidos e propelidos Tenho a certeza de que a maioria de nós vê Madre Teresa e outros como ela como modelos inalcançáveis. Entendemos que jamais seremos tão piedosos nem faremos uma diferença tão grande na vida de tantos. Ainda que possam ser verdadeiras, essas conclusões dão lugar à tragédia de desanimar muita gente a sequer tentar. Madre Teresa não iniciou seu trabalho com o objetivo de se tornar santa ou receber o Prêmio Nobel nem sua primeira tarefa foi atender a milhares dos mais pobres dos pobres. Ela simplesmente reagiu a uma necessidade que lhe estava próxima. O negócio de Deus é mobilizar gente comum em circunstâncias corriqueiras para mostrar um amor extraordinário. É a essência da regra de vida ensinada por Jesus que encontramos expressa em duas passagens do Evangelho: ame Deus acima de tudo e os outros como a si próprio,1 e trate os outros como quer ser tratado.2 Se tentarmos viver assim, um passo de cada vez, a cada decisão, em cada ação, em cada conversa, não mudaremos o mundo inteiro da noite para o dia, mas certamente mudaremos nossos mundos — nossas vidas e as vidas que tocamos. Ao explicar a vida de consagração que ele e outros dos primeiros cristãos haviam adotado, o apóstolo Paulo, disse: “O amor de Cristo nos constrange.”3 Além de constranger — ou compelir, como preferem algumas versões do Novo Testamento —, esse amor tem um efeito propulsor. Quanto mais amarmos, mais veremos o amor crescer, tornar-se parte de nossas reações e mais integrado a tudo que fazemos. Foi o segredo do sucesso de Paulo, da Madre Teresa e pode ser o nosso também. Esta edição da Contato se dedica a todos que abnegadamente dão de si pela causa do amor de Cristo. Muitos deles e suas ações passam desapercebidos para a maioria, mas Deus os conhece e reconhece seus esforços.

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.

www.activated.org/br www.contato.org revista@contato.org Editor Design

Samuel Keating Gentian Suçi

© 2018 Activated. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e

Mário Sant’Ana Editor

Tiago Sant'Ana. A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia

1. Ver Mateus 22:37–40. 2. Ver Mateus 7:12. 3. 2 Coríntios 5:14 2

Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.


Nossos sentimentos são passageiros; o amor de Deus, não. — C.S. Lewis (1898–1963)

Um

irmaozao Por Elsa Sichrovsky

Meu irmão e eu fomos nadar. Aos nove anos, minhas

habilidades na piscina se limitavam ao nado cachorrinho e a boiar de costas. Ele era um excelente nadador, motivo pelo qual meus pais confiavam que cuidaria de mim, a mais nova, na água. Naquele dia, contudo, eu estava muito incomodada com isso, por causa de uma discussão que tivemos sobre não me lembro o quê. Por isso, determinada a demonstrar minha independência e autonomia, decidi atravessar a piscina sozinha. Pulei no lado raso e comecei a deslizar de costas sobre a superfície da água em direção à parte mais profunda. Depois de um tempo, ocorreu-me que eu poderia estar a centímetros do fim da piscina e, com medo de bater com a cabeça na borda, virei-me. Foi quando descobri

que eu havia percorrido apenas três quartos do comprimento da piscina e que não dava mais pé para mim. Tomada pelo pânico, comecei a me debater descontroladamente, o que só serviu para fazer entrar mais água pelo meu nariz e boca. Eu lutava para respirar e não afundar quando dois braços me tomaram pela cintura, ergueram minha cabeça acima da superfície e me levaram para a borda, que até então me parecia inatingível. “Você está bem?” — meu irmão perguntou. Tentei dizer qualquer coisa enquanto cuspia água, envergonhada e pronta para levar uma bronca. Entretanto, em vez disso, ele calmamente esperou que eu me recuperasse e me levou para casa. Meu irmão e eu não éramos lá muito próximos. Brigávamos por causa de qualquer besteira, como, por exemplo, quem havia pegado a

fatia mais grossa de torrada no café da manhã. Mas no dia em que me resgatou na piscina, mostrou a força do vínculo que havia entre nós. Nossas diferenças não o impediram de se fazer presente quando eu mais precisei. O amor de meu irmão também é para mim uma ilustração de como Jesus, meu irmão mais velho espiritual, é meu constante apoio na hora da tribulação. Mesmo quando me afasto dEle por causa do meu orgulho e teimosia, e discutimos por causa do Seu jeito de agir em minha vida, Ele não permite que minhas pretensões arrogantes de independência o impeçam de me tomar em Seus braços nos momentos de perigo e estresse. Elsa Sichrovsky é escritora freelance. Vive com sua família em Taiwan. ■ 3


Por Maria Fontaine, adaptação

S E Õ Ç P E C R PE Quando o desânimo bate à minha porta, trazido

pelas listas de tarefas que tenho a fazer para ontem, paro por alguns minutos para permitir que minha mente e coração relaxem. Às vezes, vou à sacada de minha casa ou sento em frente à porta de vidro panorâmica para descansar os olhos contemplando a bela paisagem. A vista é de muitas árvores e campos verdejantes com montanhas ao fundo, além das matas verde-escuro, formando um conjunto que produz um efeito tranquilizador. Imagino que os pássaros pensem a mesma coisa, porque há tantos de diferentes tipos e cores, que vivem à volta de nossa casa. Os meus preferidos são os de cor amarela bem forte, pois não só são lindos, mas têm um canto forte e alegre. Contemplar a bela paisagem à distância praticamente impede qualquer outro sentimento além de inspiração.

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Mas, infelizmente, como é normal, nem tudo é perfeito quando observo as coisas mais próximas. — À pouca distância da varanda, cabos elétricos cortam a linda paisagem, como se alguém tivesse rabiscado linhas pretas de um lado para o outro na cena à minha frente. Parecem querer prender minha atenção e me impedir de observar essa dádiva perfeita do Senhor. Lá embaixo, do outro lado da rua, vejo uma casinha com uma antena de TV enorme. Um velho poste de cimento desconectado se encontra no meio da cena, não tem nada no topo, mas pontas enferrujadas dos vergalhões se projetam em todos os ângulos. Aparentemente, seu único propósito é


interferir na cor da natureza e no desenho da paisagem. Eu estava tentando relaxar durante um desses intervalos, mas em vez disso comecei a perceber demais os elementos negativos nessa cena maravilhosa em todos os outros sentidos. O Senhor então chamou minha atenção da Sua maneira especial, usando uma paródia interpretada pelas Suas próprias criações. Estava ali sentada um pouco desapontada com esses acréscimos não tão inspiradores na paisagem, quando o meu pássaro favorito, o amarelo, pousou em um dos fios elétricos a poucos metros da sacada e começou a cantar como de costume. De repente, deixei de reparar nos desagradáveis condutores, pois percebi que se não fosse por eles, aquele angelical instrumento que tanto me encorajava não estaria ali cantando para mim. Já estava mais descontraída quando dois belíssimos pássaros vermelhos pousaram na antena da TV. Aparentemente bastante confortáveis e tranquilos, passaram bastante tempo ali parados, dando-me a oportunidade de observar a sua interação. A sua comunicação era tão animada que dava para imaginá-los discutindo os acontecimentos do dia. Desfrutei tanto da cena que deixei de perceber a feiura da antena, agora palco de um gracioso interlúdio.

O amor de Jesus é perfeito. Muitas coisas são boas, lindas e maravilhosas, mas nada é perfeito como o Seu amor. Vivemos em um mundo imperfeito, com seres humanos imperfeitos, em condições imperfeitas, mas Seu amor nos possibilita lidar com tudo que vem em nossa direção. O amor de Jesus é grátis. E isso é muito bom, também, porque todos temos pecados e cometemos erros, para os quais não teríamos perdão se não fosse pelo amor de Jesus e tivéssemos de fazer por merecer a salvação. O amor de Jesus é eterno. Não pode ser roubado nem falsificado. Não envelhece nem sai de moda. É tradicional, histórico, mas ainda assim moderno e corrente. Está sempre presente. Ele nos amou desde o princípio do tempo e nos amará por toda a eternidade. —Maria Fontaine

O ápice da experiência foi quando o céu se encheu de nuvens escuras. Achei que o show apresentado pelo Senhor havia terminado, mas pouco depois percebi que mal havia começado. Com a chuva, uma fileira inteira de andorinhas e pardais, mais alguns passarinhos vermelhos se juntaram ao amarelo que tanto me animava, todos pousados nos cabos de eletricidade. E ali ficaram se comunicando entre si alegremente, pulando e piando, enquanto a chuva lavava suas asas da poeira e sujeira ali depositadas. Pareciam um grupo de crianças brincando na grama com o aspersor ligado. A chuva foi rápida. Logo o sol ressurgiu de entre as nuvens escuras, oferecendo nova percepção daquela paisagem especial. Vi que muitas coisas que enfrentamos na vida, principalmente no curto prazo e nos momentos muito atarefados e confusos, podem nos parecer feias e que estejam interferindo com nossas esperanças e sonhos para o futuro. Mas muita coisa pode mudar se apenas deixarmos o Senhor nos mostrar como essas coisas aparentemente desagradáveis que no momento nos incomodam, podem ser os meios para as bênçãos, as coisas belas e impressionantes que o Senhor quer acrescentar às nossas vidas. Maria Fontaine e seu marido, Peter Amsterdam, são diretores da comunidade cristã A Família Internacional. ■ 5


A corrente de perdão Por Anna Perlini

Sempre admirei os perdoadores. Tive um colega

de escola que não se zangava quando os outros caçoavam dele por ser desajeitado e ter o rosto cheio de espinhas. Anos depois, tive de aprender a perdoar quando meu namorado me deixou sem nenhuma razão aparente e sem dar explicação. Então veio a vida de casada, com oportunidades ilimitadas para perdoar e ser perdoada. O trabalho em equipe também se mostrou uma boa plataforma para a prática do perdão. Na verdade, sou bem tranquila e prefiro viver e deixar viver a entrar em confrontações e abrigar ressentimentos. Mas será que eu

1. Ver https://lancasterpa.com/amish /amish-forgiveness/. 2. Ver http://scoopempire.com/father -boules-george-sends-incredibly -humane-message-to-terrorists/. 3. http://www.perunmondomigliore.org 6

poderia perdoar alguém que matasse alguém da minha família? Ou se eu fosse mantida injustamente presa por anos? Ou se a guerra destruísse minha casa e minha cidade, e eu tivesse de me tornar uma refugiada passando a ser vista como suspeita pela maioria? Não sei. É bom saber que há gente capaz de perdoar mesmo sob as circunstâncias mais severas. São como faróis de esperança que nos orientam no oceano da vida. Jesus, os inúmeros missionários e ativistas, os pais amish que perdoaram o homem que matou seus filhos e ajudaram sua família1 e o mais recente exemplo de Padre Boules George, em resposta aos atentados à bomba em Tanta e Alexandria, no Egito, que mataram 44 cristãos e feriram mais de 100, no Domingo de Ramos de 2017. Seu sermão expressou perdão pelos assassinos e convocou os crentes a orarem para que os terroristas

vissem a luz e vivenciassem o amor incondicional de Deus.2 Impressiona ver que, enquanto há gente que comete crimes tão hediondos, há indivíduos cuja capacidade de perdoar desafia a lógica. O ódio gera ódio, mas o amor produz mais amor. O amor de Deus tem o poder de iniciar um ciclo de amor, em vez de guerra. Creio que o processo muitas vezes começa com pequenos passos de perdão, dentro da família ou em um círculo de amigos e colegas de trabalho. Isso pode parecer irrelevante comparado aos grandes problemas que o mundo enfrenta, as guerras e os embates políticos. Mas, na verdade, é justamente onde deve começar: conosco, em nossas vidas pessoais e nas escolhas que fazemos no dia a dia. Anna Perlini é cofundadora de Per un Mondo Migliore, 3 uma organização humanitária ativa nos Balcãs desde 1995. ■


Ainda que seus pecados sejam pretos como o carvão, eu os limparei e os tornarei novamente brilhantes. Ainda que você esteja queimado e arruinado, eu lhe darei nova vida. — Isaías 1:18, parafraseado

A panela queimada Por Evelyn Sichrovsky

Nem mesmo o céu carregado e as rajadas de vento gelado lá fora pareciam

tão sombrios quanto as nuvens que envolviam meu coração. Meus pensamentos divagavam por entre coisas que haviam acontecido nas últimas semanas e meses, quando um cheiro característico vindo do corredor capturou minha atenção: fumaça! Corri para a cozinha onde encontrei uma nuvem escura que emanava da panela sobre a qual a tampa trepidava por causa da pressão. Rapidamente desliguei o fogão, coloquei a panela na pia e abri a torneira. Quando removi a tampa, vi que todo o interior da panela parecia uma única peça de carvão e o feijão que antes ali cozinhava se reduzira a um torrão negro. Eu já queimara outras refeições, mas nunca vira nada

daquele tipo. Destruí a panela! — pensei. Já era! Nem adianta tentar limpar. Em meio à fumaça e ao odor fétido que tomara a cozinha, fiquei assombrada ao perceber como minha vida se parecia naquele momento ao desastre que estava dentro da pia: arruinada e sem chances de conserto. Naquela noite, na quietude da minha cama, voltei meus pensamentos para Jesus. Eu te amo, sussurrou Ele para mim, e sempre te amarei, independentemente do que você faça ou deixe de fazer. Juntos, sempre podemos recomeçar. A panela queimada se tornou para mim fonte de inspiração e coragem, à qual recorria sempre que sentimentos de culpa ameaçavam me recapturar. Passei horas esfregando a bendita panela com sapólio e outros produtos e, aos poucos, o preto virou cinza e

a superfície brilhosa reapareceu. No início, foi só um pontinho brilhante, mas conforme ele foi se expandindo, senti minha fé também crescer e se fortalecer para trazer a cura interior que eu tanto precisava. Por fim, a panela estava brilhante diante de meus olhos, sem nenhuma marca da traumática experiência. Isso me ensinou que quando Deus perdoa, Ele não apenas esquece, mas também cura. Seu amor infindável nos dá coragem para nos ajudar a retomar a caminhada do ponto em que caímos, nos dá a fé para deixarmos o passado para trás e a esperança para caminhar rumo ao futuro. Evelyn Sichrovsky é geradora de conteúdo para livros e materiais educativos para crianças. Vive atualmente em Taiwan. ■ 7


O QUE APRENDI COM AGAR

Por Roald Watterson

Eu tinha uma ideia básica de Agar pelas várias histórias

ilustradas da Bíblia que havia lido quando criança. Este ano, porém, quando resolvi ler a Bíblia de capa a capa, essa história do personagem do Livro de Gênesis me deu nova perspectiva do amor que Deus oferece a cada um de nós. Agar era uma egípcia, serva de Sara, esposa de Abraão.1 No início, tem um papel secundário na história de Abraão e das suas alianças com Deus. O Todo-poderoso prometera ao patriarca uma descendência inumerável como as estrelas do céu, mas Sara — que nunca havia engravidado e estava cada vez mais impaciente por não ver o cumprimento da promessa de Deus — pede ao marido para tornar Agar sua concubina.

1. Leia a história em Gênesis 16. 2. Gênesis 16:4 NVI 3. Gênesis 16:13 NVI 8

Abraão concorda, Agar logo engravida e as coisas começam a complicar. Não há comprovação histórica, mas, segundo a tradição judaica e muçulmana, Agar era filha de um faraó e tinha sido dada a Abraão como presente em uma de suas viagens ao Egito. Status à parte, comecei a pensar como essa garota egípcia devia se sentir isolada em meio a um povo e cultura completamente diferentes dos dela. Então, quando se engravida de Abraão, é possível que tenha começado a pensar que as coisas iam melhorar para ela. Talvez tivesse esperança de encontrar uma definição para si no meio daquele povo estranho. Ou talvez tenha começado a se vangloriar. Seja qual for o caso, depois que engravidou, a Bíblia diz que ela “começou a olhar com desprezo para a sua senhora.”2 Quando se queixou a Abraão, Sara ouviu do marido que Agar era serva

dela e que ela deveria fazer o que achasse melhor. Não sabemos que atitude Sara tomou, mas fez com que Agar fugisse para o deserto e, lemos na narrativa, a egípcia se sentou ao lado de uma fonte para saciar sua sede, absolutamente devastada. E aí começa a parte da história que eu amo: Deus lhe envia um anjo e a convence a voltar para o acampamento de Abraão. A jovem se sentia péssima, rejeitada e desprezada. Provavelmente ela tinha lá suas faltas, problemas de ego e, sendo egípcia, é de se imaginar que mantivesse tradições de seu povo e adorasse aos seus deuses pagãos. Agar tratou mal sua senhora e provavelmente aprontaria outras no futuro. É aqui no deserto, contudo, em meio ao pecado e desespero, que Deus aparece a Agar, porque, por baixo das várias camadas de circunstâncias, escolhas, erros e faltas, bate um coração criado por Deus com o sopro da vida. É o que Ele vê e vai resgatar quando envia um anjo para encontrar essa garota cuja existência começou com a Sua imaginação e cuja história de vida Ele havia registrado em Seu livro.


O encontro com um anjo no deserto é suficiente para encorajar Agar a voltar para casa. Mas antes de retornar, ela dá um nome a esse Deus que foi buscá-la e falar com ela: “Tu és o Deus que me vê”.3 Sabe aqueles dias quando você não está com a melhor das aparências nem se sentindo muito bem? Nesses dias, eu geralmente ando descabelado, uso um suéter velho e feio, mas confortável, roupas que não combinam, e não quero ver ninguém. Às vezes, minhas deficiências espirituais me dão vontade de me esconder, como, por exemplo quando me questiono sobre meu amor por Deus, ou vejo em mim atitudes que precisam ser corrigidas, ou orações que tenho falhado em fazer, ou coisas que não tenho feito e nas quais preciso me empenhar. Tudo isso me faz sentir bastante indigno de ser visto por Deus. Entretanto, quando você se sente menos merecedor de amor e ainda assim Deus faz algo para você e diz que você ainda é digno, sua vida muda. Foi o que aconteceu com Agar naquele dia. Ele lhe mostrou que se importava com ela, que estava com

ela e que tinha sua vida toda planejada. Esse é o poder de ser visto por Deus. Foi esse poder que deu a Agar força interior para dar meia volta e retornar à situação que ela sentira ser intolerável alguns dias antes. Essa história tem muitos elementos que me encantam, mas aqui estão três pontos principais: Primeiro, para Deus ninguém é um personagem secundário. A

narrativa bíblica da história de Agar se encontra em um ou dois capítulos, e serve de apoio à história principal da vida de Abraão e Sara. Mas o nome Agar está escrito no livro de Deus e ela é a protagonista da história de sua vida. E o mesmo acontece com cada um de nós que se sente um personagem secundário na história de outra pessoa. Em segundo lugar, Deus está ciente dos seus momentos de desânimo, mas ainda assim acredita em você. Independentemente do seu estado espiritual ou físico, você tem um Deus que o vê e acredita em você. Por fim, amo a parte em que Deus encontra Agar depois de sua fuga. Já fugi de muitas situações em minha vida. Talvez não fisicamente, mas emocionalmente, ou me fechei quando senti que as coisas eram demais. Sei que fiz isso com Deus também. Mas Ele vê e entende meu estado emocional e físico — e também geográfico— e nada me separa do Seu amor. Roald Watterson é editor e desenvolvedor de conteúdo. ■ 9


O com vocês … Ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo. — Sofonias 3:17 NTLH

Tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o presente, nem o futuro; nem o mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo. Em todo o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor. — Romanos 8:38–39 NTLH

Apesar de sermos incompletos, Deus nos ama completamente. Apesar de sermos imperfeitos, Ele 10

Para refletir

US

Pois o Senhor, seu Deus, está

R DE D O E AM

nos ama perfeitamente. Apesar de nos sentirmos perdidos e sem uma bússola, Deus nos envolve e orienta … Ele ama cada um de nós, apesar de nossas falhas, fracassos e defeitos. — Dieter F. Uchtdorf (n. 1940)

Seu Pai Celestial ama cada um de vocês. Esse amor nunca muda. Não é influenciado por sua aparência, por suas posses ou por quanto dinheiro você tem em sua conta bancária. Não muda por causa de seus talentos ou de sua capacidade. Ele simplesmente está lá. Está lá para vocês quando estiverem tristes ou felizes, desanimados ou esperançosos. O amor de Deus está lá para vocês, quer sintam que o mereçam ou não. Ele está sempre lá, simples assim. — Thomas S. Monson (n. 1927)

Deus é amor. Ele não precisava de nós, mas nos queria. E isso é a coisa mais impressionante. — Rick Warren (n. 1954)

O amor infalível de Deus por nós é um fato objetivo afirmado repetidas vezes nas Escrituras. É verdadeiro, creiamos ou não. Nossas dúvidas não destroem o amor de Deus nem nossa fé o cria. Origina-se na própria natureza de Deus e flui para nós pela nossa união com Seu Filho amado. — Jerry Bridges (1929–2016)

O criador das estrelas preferiu morrer por você, a viver sem você. E isso é uma verdade que você precisa contar para os outros. — Max Lucado (n. 1955) ■


Sua a sua foto em Deus carreg (n. 1935) lo o ny Camp To — . ra ei rt ca

SOU UMA CELEBRIDADE DE DEUS Por Chris Mizrany

Minha filha, Kristen, é uma celebridade. Nasceu as-

sim. Minha esposa e eu seguimos cada um de seus movimentos, documentamos carinhas que faz, atitudes e ações. Falamos muito sobre ela, compartilhamos histórias sobre seus hábitos engraçados e mais recentes preferências. Oferecemos a ela nosso apoio, cuidado e fazemos o melhor ao nosso alcance para protegê-la. Ela tem nossa atenção, mesmo no meio da noite e levantamos atentos para ver o que ela fará no novo dia. Sua gargalhada sempre nos faz sorrir e suas lágrimas nos incitam a agir em seu socorro. Para nós, ela é o que há de melhor. Entretanto, Kristen tem seus momentos. As horas de comer e de dormir nem sempre são as mais tranqui1. Ver Provérbios 3:11–12. 2. Ver Lucas 12:29–31; Mateus 7:11. 3. Ver 2 Coríntios 6:18. 4. Ver Gálatas 4:5-7.

las e ela parece ter uma preferência por objetos proibidos. Ensinamos-lhe a expressar com clareza o que quer, em vez de só berrar, recompensamos nossa menina pelos seus progressos e às vezes fazemos com que ela sinta as consequências de seus erros. Ela não é perfeita — claro que não — mas é nossa filha e nós a amamos. Um dia fiquei pensando que sou uma celebridade para Deus. Mesmo sendo do jeito que sou, trago alegria ao coração de meu Pai. Ele acompanha tudo que eu faço e adora ficar olhando para ver o que farei a seguir. Ele me envia mensagens animadoras pela Sua Palavra e me protege quando vou para o grande mundo lá fora. Ele é justo e me ensina pelas minhas escolhas e suas consequências.1 Pelo Seu sacrifício, Ele me concede um amor eterno e está disponível para ouvir meus pedidos a qualquer momento, em qualquer lugar.2 As recompensas que Ele oferece são inestimáveis, eter-

nas e, acredite ou não, sou seu filho preferido. E você também.3 Em um mundo cheio de alternativas para ficarmos “mais próximos” daqueles que amamos e por quem temos interesse, é consolador saber que Deus não precisa de nenhuma rede social, colunas em revistas, nem atualizações de status para nos entender. Ele nos conhecia antes mesmo de sermos concebidos e nos manterá próximos a Ele para sempre. Somos especiais para Deus e Ele tem um plano para nós. Da mesma forma que minha filha enche meu coração quando chama “Papai!” assim alegramos o coração de Deus quando O chamamos.4 Quer você se sinta valorizado ou não, para Ele, você é o que há de melhor. Chris Mizrany é web designer, fotógrafo e missionário na organização não governamental Helping Hand na Cidade do Cabo, África do Sul. ■ 11


Recentemente, li algumas coisas sobre o movimento “Pay it Foward” (ou a Corrente

A corrente do bem Por Michele Roys

do Bem).1 O que chamou mais a minha atenção em relação a essa filosofia, é a sua simplicidade, mas temos dificuldade para ser altruístas e fazer algo por outra pessoa. Muitas vezes, quando me vi em uma situação crítica e precisando de ajuda, alguém me estendeu a mão. Aos 19 anos, fui para a Índia onde trabalhei por dois anos como voluntária, mas quando meu visto expirou, tive de deixar o país. Foi um momento difícil. Amava o trabalho que fazia com as crianças menos privilegiadas, com os surdos e o trabalho de ajuda humanitária do qual participava. Também não foi fácil fazer as malas. No meu tempo naquele país, havia acumulado muitas coisas, mas como tinha um limite de quilos que podia levar no avião, tive de reduzir meus pertences para minha bagagem se resumir a uma mala grande, uma bolsa de mão e meu violão. Cheguei ao aeroporto de Nova Deli três horas antes do voo. Meu coração estava pesado; eu estava triste por ter de ir embora daquele país que tinha aprendido a amar. Eu havia ligado antecipadamente e me informaram que eu tinha direito a levar 32 quilos de bagagem, e que o meu violão seria contado como

1. Ver http://www.payitforwardfoundation.org/about. 12


bagagem de mão adicional. Mas, quando cheguei no check-in, a atendente disse que naquele voo em particular eu só poderia levar 23 kg de bagagem e que o meu violão não seria considerado bagagem de mão. Ela disse que a minha maleta de mão também estava pesada demais. Eu estava numa fria. Sem condições de pagar o excesso de peso, não podia acreditar que estavam me dizendo algo diferente de quando contatara o escritório deles horas antes. Pedi para falar com o supervisor. Enquanto esperava percebi que ele estava muito chateado com algo, falava irritado com três pessoas e vi que tinha chegado em um momento desfavorável para mim. Estava orando fervorosamente para Deus dar uma solução, pois não sabia que mais fazer. Já havia “cortado” tudo o que podia. Os amigos que tinham me levado ao aeroporto já haviam ido embora e eu não sabia o que fazer com as roupas e/ou o meu violão caso fosse necessário deixá-los para trás. O supervisor me perguntou rapidamente o que eu queria. Tentei explicar o dilema em que me encontrava o mais claramente que podia e pedi para me isentar da taxa de excesso de bagagem, porque eu não tinha como pagar. Ele se recusou a abrir uma exceção e disse que se eu não pagasse, as únicas opções eram perder o

voo – e não poderiam devolver o dinheiro – ou jogar as minhas coisas “excedentes” no lixo. Devastada, indignada e decepcionada, andava de um lado para o outro na frente do escritório da empresa aérea, tentando entender por que aquilo estava acontecendo. Eu não tinha culpa por a linha aérea ter me dado a informação errada. Achei que seria simples para o supervisor dizer um “sim”, principalmente depois de saber que eu era uma voluntária que havia dedicado dois anos da minha vida a ajudar o povo indiano. Um homem que me viu andar de um lado para o outro me perguntou o que estava acontecendo. Contei a história toda para ele, desde o que me levara à Índia até a situação com a bagagem. Também expliquei que havia pedido isenção ao supervisor, mas ele não parecia estar disposto a ajudar. Depois de pensar por um tempo, o homem me disse: “Vou pagar pelo excesso de bagagem. Não precisa se preocupar. Também vou viajar nesse voo e seria uma pena você perdê-lo depois de tudo que fez pelo meu povo.” Fiquei comovida, aliviada e muito agradecida. Até a atendente do check-in ficou surpresa de ver um desconhecido me ajudar e deixou meu violão passar como bagagem de mão, sensibilizada pela minha situação.

Durante o longo voo, meu benfeitor me explicou que quando era mais novo, mais ou menos da minha idade, havia passado por uma situação semelhante. Um senhor passou por ele e lhe perguntou se precisava de ajuda e, ao ouvir sua situação, disse que pagaria sua passagem e lhe instruiu que passasse a gentileza adiante. Quando soube de minha situação, pensou que uma de suas três filhas poderia estar em uma situação semelhante e decidiu me ajudar. Fez isso não só por entender que era sua vez de fazer o bem a outra pessoa, em retribuição ao benefício que recebera, mas também porque sabia que era a coisa certa a fazer. Disse que sabe que Deus observa tudo e que se suas filhas alguma vez estivessem em dificuldade, tinha certeza que Ele também faria algo por elas. Aquele homem adicionou um elo à corrente do bem, salvou meu dia e provocou um verdadeiro impacto na minha vida. Desde então, sempre me esforço para ajudar e ser generosa. Sei que é a coisa certa a fazer, mas também foi o que alguém fez por mim. Se dermos de coração e passamos para frente o benefício que recebemos, estendemos aos outros a bondade que recebemos. Michele Roys é uma empreendedora social brasileira, mãe de duas crianças. Vive atualmente na Irlanda. ■ 13


Por Joyce Suttin

PRATICANDO A EMPATIA Assisti a uma entrevista domingo passado, na qual

perguntaram ao convidado: “Qual é a maior necessidade no mundo hoje em dia?” Ele respondeu, sem pensar duas vezes: “Empatia. O mundo precisa de mais empatia.” Eu provavelmente teria respondido, que o mundo precisava de mais amor. Mas gostei da resposta. Foi muito mais específica. Empatia é se colocar no lugar de outra pessoa, dar um voto de confiança, perceber que todo o mundo tem sua história. A empatia nos ajuda a ouvir mais e aconselhar menos. Ela nos torna mais compreensíveis e nos ajuda a deixarmos os julgamentos de lado. Então me lembrei de uma amiga chamada Judy. Quando a vi pela primeira vez no meu bairro, tentei ser simpática, mas ela mal respondeu ou falou comigo. Depois de meses tentando interagir com ela, ela finalmente falou comigo e explicou 14

que tinha graves problemas nas costas, e andar era tão doloroso que mal conseguia falar. Depois de sua cirurgia e recuperação, nos tornamos boas amigas. Ela me ensinou a não fazer julgamentos sobre pessoas, que geralmente estão passando por coisas que sequer imaginamos. Judy me ensinou uma boa lição sobre empatia. No mundo de hoje, em que as pessoas são rápidas para comentar e julgar as situações que aparecem nas telas de seus computadores, precisamos de mais empatia. Quando o comum é condenar, intimidar, caluniar e não dispensar tempo para entender, precisamos de mais empatia. Quando o medo constrói paredes entre nós, precisamos de mais empatia. Se quisermos permitir que Jesus tenha mais controle em nossas vidas e em nossos pensamentos, precisamos de mais empatia. Joyce Suttin é professora aposentada, escritora e vive em San Antonio, nos EUA. ■

Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram. — Romanos 12:15 NVI ♦ Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles; dos que estão sendo maltratados, como se fossem vocês mesmos que o estivessem sofrendo no corpo. — Hebreus 13:3 NVI ♦ Decida ser terno com os jovens, compassivo com os idosos, sensível aos que estão em dificuldades, tolerante com os fracos ou com os que estão errados. Ao longo da vida, você será todos eles. — Lloyd Shearer (1916–2001) ♦ Quando for apontar o erro de alguém, pergunte-se: quais dos meus erros mais se assemelham ao que estou prestes a criticar? — Marco Aurélio (121–180)


Por Marie Alvero

AMADO e VALORIZADO Quando Lhe perguntaram quais eram os maiores

mandamentos de Deus, Jesus respondeu: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente [e] ame os outros como você ama a você mesmo. Toda a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas se baseiam nesses dois mandamentos.”1 Obviamente, Ele sabia que ao aprendermos a amar aprenderíamos a santidade. Penso que Ele sabia estar citando o mais difícil dos mandamentos. Talvez nos saíssemos melhor com uma lista de regras — pelo menos saberíamos quem estaria pisando na bola e quem não. Poderíamos separar os dignos dos indignos. Agora ficamos com a tarefa impossível de amar os que nos cercam, inclusive os indignos. Por muito tempo, não foi assim que vi Seus mandamentos. Eu 1. Mateus 22:37–40 NTLH 2. Ver 1 João 4:19. 3. Salmo 136:1 NTLH

relacionava o amor ao mérito, que Deus me amava porque eu era digna de Seu amor e, por minha vez, amava os que entendia serem dignos do meu amor. Até que um dia meu coração fez a pergunta: O que eu havia feito que me tornava mais digna do amor de Deus? Nada. Será que mantive meus pecados e limitações dentro do limite que me qualificava “digna de amor”? Isso sequer existe. Foi quando vi que Seu amor por mim não tem nada a ver com meu desempenho ou comportamento. Ele não me ama porque sou digna, mas só sou digna porque Ele me ama. Para ser franca, demorou um pouco para entender, mas foi incrivelmente liberador ver que eu não vivia em um esforço para ver quantos pontos eu conseguia marcar no placar do amor. Foi, de

certa forma, muito humilhante perceber que eu era completamente amada sem o merecer. Isso é o que se chama contracultura! Em um mundo em que o valor é medido em realizações, objetivos alcançados e números, a única razão pela qual tenho valor para Deus é porque Ele me ama. Foi assim que finalmente entendi o que João quis dizer, quando escreveu que amamos Deus porque Ele nos amou primeiro.2 Quando entendemos a profundidade do amor de Deus por nós e quanto não somos dignos dessa dádiva, é impossível não amá-lO! Marie Alvero foi missionária na África e no México. Hoje vive ocupada e feliz com seu marido na Região Central do Texas. ■

O amor de Deus é bom e dura para sempre.3 E está ao seu dispor. Se você o quiser, basta pedir: Querido Jesus, por favor, entre na minha vida, perdoe-me pelos erros que cometi e me ajude a amar Você e os outros. Amém. 15


Eu Me Com amor, Jesus

importo

Eu conheço você e Me importo com o que lhe acontece. Importo-Me com cada um dos seus pesares, com a maneira como se sente, com o que você pensa, com suas dificuldades e com os reveses que enfrenta. Importo-Me com a vida de seus filhos e com as suas doenças. Importo-Me com a sua batalha para conseguir o dinheiro que precisa. Importo-Me com aquilo que você tenta conseguir para os seus filhos e com os consertos que o seu veículo precisa. Importo-Me com as suas lutas espirituais. Eu o recebo de braços abertos. O amor que você Me dá através de suas orações e pelo amor que tem pelos outros é precioso aos meus olhos. Reluz diante de Mim como ouro. Seu amor vem diante de Minha face como um vapor perfumado que refresca e revigora. Você nem imagina o quanto amo você!


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