Edição da Contato para outubro de 2018: Cristãos no mundo

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MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

SAL E LUZ

As referências de deus

Por quem você é louco?

Disposta a fazer a diferença

O pitch de vendas de sucesso Seja o produto


Volume 19, Número 10

C O N TATO P E S S OA L

Uma vida bem vivida

A Bíblia tem muito a dizer sobre o propósito de vida. O Rei Salomão, segundo a Bíblia o homem mais sábio de seu tempo,1 descobriu a futilidade de viver somente para este mundo. É o que registrou na conclusão do Livro de Eclesiastes: “Respeite a Deus e obedeça aos Seus mandamentos. Isso é o resumo do que o homem deve fazer.”2 Asafe, o autor do Salmo 73, relata sua busca pelo sentido da existência após ver gente má desfrutar a vida sem ter de lidar com nenhum problema. No fim, o salmista descobre possuir o maior de todos os benefícios: ser amigo de Deus. E assim termina seu discurso: “Quanto a mim, como é bom estar perto de Deus!”3 Mas esse é apenas um lado da moeda. Noella Marcellino é freira e microbiologista, com doutorado em biologia celular /microbiologia molecular. A Comissão Fulbright lhe concede uma bolsa para estudar os queijos franceses, o que se tornou fonte de inspiração para suas palestras em que compara a vida espiritual ao processo de fabricação de queijos artesanais. Para ela, crescer na fé vem pela oração, pelo estudo da Palavra de Deus, mas também vem quando o cristão utiliza as mãos para fazer a obra de Deus, princípio que ela resume citando o lema beneditino: ora et labora, ore e trabalhe. É importante manter o compromisso contínuo de se aproximar de Deus, passar mais tempo lendo Sua Palavra e investir no relacionamento com Ele, mas esta edição da Contato se dedicará a algumas questões práticas da vida cristã. Vou encerrar com uma citação de Albert Barnes: “Se formos tão pobres, iletrados e desconhecidos, a ponto de não nos restar nenhuma outra forma de fazermos o bem, a maneira como vivemos pode ser um benefício para os outros. A vida de um cristão sincero e humilde nunca é em vão. À meia-noite, por mais tênue que seja a luz, ela é sempre útil.”

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.

www.activated.org/br www.contato.org revista@contato.org EditorSamuel Keating

DesignGentian Suçi

© 2018 Activated. Todos os direitos reservados.

Mário Sant’Ana Editor

Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana. A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia

1. Ver 1 Reis 4:30. 2. Eclesiastes 12:13 - Bíblia Viva 3. Salmo 73:28 NTLH 2

Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.


Por Iris Richard

ENCONTRANDO JESUS EM LUGARES INUSITADOS Fiquei presa em um dos muitos

e terríveis congestionamentos de nossa cidade. A fila interminável de automóveis, caminhões e ônibus se movimentava a uma velocidade medida em centímetros, enquanto os pedestres, os motociclistas e os ciclistas nos ultrapassavam sem dificuldades. O ar poluído e pesado estava me causando náuseas e a impaciência tomando conta de mim. Então, na “calçada” enlameada, entre camelôs vendendo frutas, legumes e quinquilharias, vi um garoto aleijado, de no máximo sete anos de idade, com a mão estendida pedindo esmolas. Ao lado do meu carro, próximo ao local onde o menino estava, um homem maltrapilho puxava um carrinho pesado, cheio de sacos de batata. Tinha o rosto tenso e

1. 2 Timóteo 4:2

molhado de suor, resultado do tremendo esforço que fazia para movimentar e manobrar sua carga. De repente, ao ver o menino pedinte, aquele homem parou o que estava fazendo, tirou uma moeda do bolso e a colocou na mão da criança, que lhe agradeceu com um sorriso: “Obrigado! Deus abençoe.” Não houve como não me lembrar do exemplo que Jesus nos deixou toda vez que socorreu os oprimidos, os inválidos e os cegos. Pedi a Deus que me permita ser Suas mãos e Seus pés para ajudar quem precisa, “preparada a tempo e fora de tempo”1 para ser Ele para os outros. Pouco depois dessa experiência, tive a oportunidade de traduzir minha oração em ação. Minha filha estava na sala de pré-parto, pouco antes de dar à luz ao seu

terceiro filho. Ao lado dela, atrás da cortina que separava os dois leitos, havia uma mulher que estava com grandes dificuldades para lidar com as dores que sentia. Mesmo sem a conhecer, procurei ajudar. Como já trabalhei com a orientação de parturientes, orientei-a a manter um padrão de respiração para reduzir o desconforto e o sofrimento. Em pouco tempo, ela entendeu o procedimento e conseguiu relaxar entre as contrações: “Você é um anjo” —conseguiu me dizer em gratidão. “Anjo, nada!” —respondi. “Mas tento seguir o que Deus me mostra.” Iris Richard é conselheira no Quênia, onde tem sido ativa em trabalhos comunitários desde 1995. ■ 3


SAL E LUZ

Por Peter Amsterdam, adaptação

Jesus iniciou o Sermão da Montanha com as Bem-

aventuranças, as quais oferecem uma visão geral de como Seus seguidores devem praticar sua fé. A partir daí, detalhou esses princípios. O primeiro que encontramos é: “Vós sois o sal da terra. Mas se o sal se tornar insípido, com que se há de salgar? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte. Nem se acende uma lâmpada e se coloca debaixo de uma vasilha, mas no candelabro, e ilumina a todos os que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”1

1. Mateus 5:13–16 4

Na Antiguidade, o sal era muito mais importante do que é hoje. A Lei Mosaica exigia que os sacrifícios feitos no Templo contivessem sal, os soldados romanos recebiam parte do soldo em sal. Uma pequena quantidade de sal adicionada à comida tem efeito em todo o prato, realçando o seu sabor. O verdadeiro seguidor de Jesus reflete os atributos citados nas Bem-aventuranças e em todo o Sermão da Montanha e influencia outros para melhor. Dessa forma, aqueles que O seguem são como “sal”, que realça o sabor de todos ao seu redor. No mundo antigo, o sal era usado para a preservação de alimentos, especialmente peixes e carnes, para que não se estragassem. A vida dos crentes pode e deve influenciar indivíduos e sociedades para a preservação dos bons valores e para combater os que as Escrituras classificam como

contrários aos ensinamentos de Deus. Os cristãos devem, do ponto de vista moral e espiritual, ser uma força positiva no mundo pelo nosso exemplo de praticar os ensinamentos de Jesus, fazendo o que estiver ao nosso alcance para sermos como Ele e compartilhando com outros as boas novas da salvação. O sal puro (cloreto de sódio) não perde sua capacidade de salgar. Contudo, não era comum o sal ser puro nos dias de Jesus, pois não havia refinarias. O Mar Morto era a principal fonte de sal para a Palestina, um produto bem mais semelhante ao pó do que o que temos atualmente, e naturalmente misturado com outros minerais. Por ser a parte mais solúvel da mistura, podia ser separado com água ou era exposto à condensação ou à água da chuva, para que fosse dissolvido e removido; e quando


isso acontecia, apesar de manter sua coloração branca, não tinha gosto nem suas propriedades para a conservação de alimentos, ficando assim sem nenhuma utilidade. Como o sal insípido, os discípulos que carecem de verdadeiro compromisso com o discipulado perdem sua efetividade. Jesus então usou outra metáfora para ensinar que a vida do discípulo tem o propósito de iluminar o mundo ao seu redor e que os discípulos cujas vidas não revelam as obras do Pai são como luzes que não são vistas. O mundo precisa da luz de Jesus, e Seus discípulos precisam ser visíveis, como uma cidade sobre um monte — que pode ser claramente vista de longe durante o dia e também à noite, por causa de suas luzes. Jesus também falou de uma lâmpada que ilumina uma casa. A casa típica de um camponês em

Israel tinha apenas um cômodo, de modo que bastava uma candeia para que fosse totalmente iluminada. Uma luminária doméstica desse tipo costumava se constituir de um vaso de óleo com pouca profundidade com um pavio. De um modo geral, era uma peça estacionária, colocada em um suporte. Jesus ensina que as pessoas que colocam a lâmpada em um candelabro iluminam toda a casa e que não se deve deixar a lâmpada debaixo de uma vasilha. Essa vasilha ou cesto, como aparece em algumas versões, era um recipiente com capacidade de nove litros, usado para medir grão, feito de cerâmica ou junco. Cobrir uma lâmpada com uma peça dessas bloquearia a luz completamente e, depois de um tempo, a apagaria. Para realizar seu propósito de iluminar, uma lâmpada precisa estar visível. Cobri-la seria absurdo, pois

iria contra a utilidade da luminária. Para ser efetivo, o cristão deve viver de forma a permitir que os outros saibam que ele é cristão, que vejam como é viver em harmonia com os ensinamentos de Jesus. Da mesma forma que uma cidade edificada sobre um monte é facilmente vista e uma lâmpada ilumina uma casa inteira, devemos ser a luz que vem de Deus para aqueles com quem interagimos. Em outra parte do Sermão da Montanha, a instrução de Jesus aos Seus discípulos para que não permitam que sejam vistos realizando boas obras pode, em um primeiro momento, parecer em conflito com o que lemos na passagem anterior: “Resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” Na prática de nossa fé, devemos fazer tudo ao nosso alcance para 5


refletir Deus — sendo amorosos, misericordiosos e compassivos em nossas ações; ajudando os outros, fazendo doações aos que precisam, etc. Contudo, nossa meta deve ser glorificar a Deus, não a nós. Nosso propósito quando ajudamos os outros e praticamos os ensinamentos de Jesus precisa ser nosso compromisso de amar Deus e o próximo como a nós mesmos. É parte do que somos enquanto cristãos, pois nosso propósito é viver de maneira a glorificar a Deus. Como nos tornamos parte da família de Deus e Ele nosso Pai, refletimos Seus atributos. Ser um seguidor de Jesus e Seus ensinamentos nos separa do mundo. Como Jesus disse: “Não sois do mundo, antes, dele vos escolhi”2. O 2. João 15:19 3. Efésios 5:8–9 6

apóstolo Pedro expressou esse princípio da seguinte maneira: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Andai como filhos da luz (pois o fruto da luz consiste em toda a bondade, e justiça e verdade)”.3 Os discípulos de Jesus são a luz do mundo. Como uma cidade edificada sobre um monte que não pode ser escondida, como uma lâmpada que ilumina a todos na casa, somos chamados para deixar a luz que está em nós brilhar de uma maneira que os outros a possam ver, para que glorifiquem a Deus. Devemos refletir a luz de Deus no nosso mundo para iluminar o caminho que leva a Ele. É parte da descrição de função do crente. A vocação do cristão é ser o sal da terra e a luz do mundo. Para sermos efetivos e leais a esse chamado, devemos permanecer “salgados” e não deixar nossa luz ser coberta. Do

contrário, perderemos a efetividade, como o sal que se tornou insípido e a luz que não chega a ninguém. Nosso compromisso enquanto seguidores de Jesus é praticar Seus ensinamentos para que a luz que existe em nós brilhe diante dos outros, para que vejam nossas boas obras, nossas ações amorosas, como nos orientamos pelo amor de Deus, e o Seu reflexo em nós. A esperança é que queiram saber o que nos faz ser como somos, que isso abra a porta para lhes falarmos do amor de Deus por eles e os leve a ter um relacionamento com Ele e glorificar Deus ainda mais. Que cada um de nós seja de fato o sal da terra e a luz do mundo. Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■


O PITCH DE VENDAS BEM-SUCEDIDO Por Marie Alvero

Voltei à loja para devolver o aspirador de pó que apresentou defeito pouco depois de comprado. Resolvida a questão, dirigi-me ao departamento de eletrodomésticos para escolher outro aparelho, entre os quais havia muitas opções de fabricação e modelos. E chegamos lá justamente quando uma representante de uma das marcas estava no local demonstrando o funcionamento do aparelho. A demonstradora era uma excelente profissional. Com um uniforme estampando a logomarca do fabricante do produto, contava como ela própria usava em casa um aspirador daquele modelo. Custava o dobro dos seus concorrentes, mas parecia uma pechincha, tal era o entusiasmo com o qual a mulher falava sobre o valor e desempenho do equipamento.

A mulher conhecia o produto e tal era o orgulho que tinha por ele que convencia as pessoas que elas precisavam daquele aspirador de pó. Enquanto desembolsava uma quantia bem maior do que eu havia previsto para comprar aquele aspirador “imprescindível”, fiquei pensando na façanha que é me fazer pagar tanto por seja o que for. Perguntei-me se seria capaz de vender algo com tanto entusiasmo. Especificamente, refleti sobre minha habilidade de “vender” Jesus com tanto zelo. Será que quem me vê percebe que O “represento”? Minha paixão pelo meu “produto” é suficiente para convencer os demais de que eles também precisam dEle, mesmo que tenha um custo? A resposta não veio fácil. Penso que a meta maior dos seguidores de Jesus é fazer com que outros queiram

Jesus ao observar como vivemos e ao ouvir o que dizemos. Se não alcançarmos esse objetivo, a única solução é familiarizar-se mais com o “produto”. Cheguei à conclusão de que se não estou tremendamente entusiasmada com Jesus é porque não O conheço o suficiente. Se não estou provocando os demais a querer mais Jesus em suas vidas é porque eu própria não tenho o bastante dEle na minha. Se nossa esperança é atrair os outros para Cristo, é essencial que nos aproximemos dEle. Dessa forma, como acontece a todo produto de qualidade extraordinária, os resultados falarão por si mesmos. Marie Alvero foi missionária na África e no México. Vive atualmente com sua família no Texas, EUA. ■ 7


ENCONTRANDO NOSSO NICHO Por William B. McGrath

O grande escritor britânico, Gilbert Keith Chesterton, escreveu uma

série de histórias curtas sobre Padre Brown, um religioso com queda para detetive, que investigava crimes, sem perder a compaixão pelo culpado. Em um episódio, o padre oferece conselhos a um criminoso que havia escalado o pináculo da igreja. Ele lhe diz: “É perigoso colocar-se em posições elevadas. Até mesmo orar de um lugar muito alto é arriscado. 1. Parafraseado de A Inocência do Padre Brown, publicado originalmente em 1911. 2. Ver 2 Coríntios 10:12. 3. Ver 2 Reis 5:1–15. 4. Ver João 6:4–14. 5. Ver Marcos 12:29–31. 8

As pessoas boas que se permitem construir uma opinião elevada de si mesmas começam a olhar para os outros de cima para baixo e a julgar os demais. Em pouco tempo, confortáveis com a prática de depreciar por meio de palavras, avançam para atos de violência e outros crimes. Mas a humildade é a mãe dos gigantes e nos permite ver coisas grandiosas no vale.”1 Depois disso, o pároco diz ao homem que aquilo que sabe a seu respeito permanecerá confidencial, mas lhe pede que escolha o caminho do arrependimento sincero e se entregue. Nessa série, o protagonista é retratado como alguém que consegue façanhas extraordinárias em uma situação modesta, sempre contente


e útil no seu dia a dia. Ele não tem um carro, mas sempre tem um sorriso quando pedala sua bicicleta. Não costuma se deixar abalar pelos insultos que recebe, aos quais muitas vezes responde com um elogio a quem o ofendeu ou chamando a atenção da pessoa a algo pelo qual ambos possam estar gratos. Ele simplesmente segue em frente fazendo o que acredita que deve fazer, um dia de cada vez. Seu olhar apurado para desvendar crimes é aperfeiçoado pelo seu passatempo favorito: a leitura de histórias de homicídios misteriosos. Várias pessoas tentaram persuadi-lo a se limitar às atividades tradicionais de pároco, mas ele entende que, além de realizar suas obrigações religiosas, foi chamado para resolver crimes. Seu interesse se torna parte de sua vocação, seu nicho, algo que lhe permite corrigir algumas das injustiças que vê à sua volta. Padre Brown também ora para que situações injustas sejam descobertas. O delegado local não gosta que o religioso se intrometa em suas investigações, mas Padre Brown, ao mesmo tempo em que abre mão do reconhecimento pela solução dos mistérios que investiga, várias vezes mostrou que sua contribuição é indispensável. Deus criou cada um de nós para um lugar e propósito específicos. Talvez possamos encontrar maior

senso de realização na situação em que nos encontramos se aproveitarmos melhor as oportunidades e nos prepararmos mais para produzir o melhor que somos capazes, a cada passo da jornada da vida. Não há nada de errado em aspirarmos a excelência no que fazemos e sermos reconhecidos por isso, mas podemos desanimar se não valorizarmos nosso lugar na vida e gastarmos nossa energia na busca por uma posição aparentemente mais promissora. Muitos são os que se destacam em posições de grande utilidade ou proeminência, enquanto a maioria ocupa lugares que costumam ser considerados comuns e não importantes. Contudo, cada um possui habilidades ocultas que podem ser desenvolvidas, independentemente de suas circunstâncias. E se aceitarmos nossa situação e fizermos tudo que estiver ao nosso alcance, despertaremos e aprimoraremos nossos talentos, para o nosso benefício e dos outros. E isso se tornará fonte de contentamento e realização para nossas almas. Algumas pessoas sabem ainda muito jovens exatamente o que querem fazer e quem querem ser. A maioria, contudo, tem de encontrar seu caminho, escolher uma profissão e começar aos poucos, enquanto descobre seu destino. A pressão dos pares, a cultura predominante e a

mente humana podem muitas vezes nos levar a não valorizar nosso lugar e posição, fazendo-os parecer comuns e nada especiais. Mas isso não existe, se estivermos onde Deus quer que estejamos para desenvolver as habilidades especiais com as quais nos dotou.2 A Bíblia nos fala de muitas pessoas que saíram de situações comuns para se tornarem personagens-chave de sua história. A serva de Naaman, por exemplo, foi quem disse ao seu mestre onde ele poderia encontrar cura para a lepra que o acometia3. Houve também o rapaz que deu seu almoço para Jesus, que o multiplicou para alimentar 5 mil pessoas.4 Nosso lugar na vida pode não resultar em uma renda expressiva nem em uma posição de destaque, mas pode ser um lugar muito especial e nos trazer o mais profundo senso de realização, quando damos prioridade ao que há de mais valor: amar Deus de todo o coração, alma e entendimento; e amar o próximo como a nós mesmos.5 Aceitemos o lugar que Ele escolheu para nós, pelo tempo que for, e aprendamos a torná-lo melhor. Foi o que fez o Padre Brown. William B. McGrath é escritor freelance e fotógrafo. É membro da Família Internacional no Sul do México. ■ 9


POR QUEM VOCÊ É LOUCO? Por Linda Cross

“Permaneçam em Mim, e Eu

permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em Mim. ... Se alguém permanecer em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto; pois sem Mim vocês não podem fazer coisa alguma.”1

1. João 15:4–5 NVI 2. 1 Samuel 16:7 NTLH 3. Ver 1 Coríntios 4:10. 10

Este versículo tem se confirmado em minha vida. Quando me esforço para colocar Jesus em primeiro lugar, as oportunidades caem do céu e as portas se abrem para eu compartilhar minha fé com os outros —muitas vezes, enquanto faço coisas triviais do dia a dia, como andar de ônibus. Quando me aproximava do terminal, notei dois homens que pareciam bêbados, um dos quais tinha uma sacola plástica cheia de latas de cerveja. Eles me pareceram bem barulhentos, desagradáveis e minha

reação inicial foi ficar longe deles para não me incomodar. Entretanto, senti que Deus queria que eu falasse com eles e notei que eu os havia julgado pela sua aparência e comportamento. A Bíblia diz, “O homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração.”2 Jesus não Se importava com a condição social nem com o rótulo que as pessoas tinham quando escolheu lhes dar amor e atenção. Ele até foi acusado de ser um bêbado e confraternizar com a turma errada. Ele escolheu


o amor acima da reputação ou do conforto. Fiquei desconfortável por alguns instantes enquanto me debatia com a ideia de seguir a orientação do Senhor. Mas resolvi dar uma chance. Dei dois folhetos com mensagens cristãs e lhes disse que esperava que aquilo mudasse o seu dia. O homem com a sacola com latas de cerveja disse ter tido experiências ruins com cristãos que falavam do amor de Jesus, mas não eram sinceras. “Não quero conversa com essa gente” — garantiu. Cada vez mais pessoas chegavam ao pequeno terminal e algumas ouviam com atenção a pouco comum conversa sobre salvação que eu estava tendo com aqueles homens. Por fim, o mais grosso dos dois fez uma careta e disse em alto e bom som: “Eu recebo Jesus se você transar comigo!” Era apenas uma tentativa de escandalizar e deixar sem graça uma crente, pois antes que eu tivesse uma chance de responder, ele acrescentou com um suspiro: “Ou se você me der algo para comer! “Quando você se alimentou pela última vez?” —perguntei. “Não faço uma refeição há dois dias” —respondeu. Houve um silêncio. Pedi a Deus que me mostrasse o que fazer, pois

sabia que era Sua oportunidade de alcançar aquele homem perdido e lhe mostrar que Ele realmente o ama. “Muito bem” —respondi. “Vou fazer espaguete hoje para minha família. Posso encontrar você aqui na hora do jantar.” Acertamos uma hora para o encontro e o homem, feliz com a proposta, mudou sua atitude e se mostrou respeitoso. Eu tinha pouco tempo, pois meu ônibus estava para chegar a qualquer minuto, então senti que Deus queria que eu me oferecesse para orar por ele. Em resposta, o outro homem, que até então tinha sido mais educado, reagiu furioso: “Como Jesus vai ajudá-lo?!” Mas foi repreendido pelo companheiro: “Respeite a oração, cara! Ela vai orar por mim!” Coloquei a mão no seu ombro e ambos baixamos a cabeça, diante da grande quantidade de pessoas que observava atenta eu orar pela salvação daquele homem, para que ele viesse a entender quanto Jesus o ama e para que se livrasse do alcoolismo. Emocionado e com a voz embargada, o homem confessou após a oração: “Senti uma sensação de calor no meu coração, enquanto você orava. Nunca havia sentido nada assim!” O ônibus chegou e, enquanto

eu embarcava, ele disse: “Muito obrigado”. Naquela noite, preparamos uma quantidade maior de comida do que estamos acostumados, fizemos duas marmitas às quais juntamos talheres de plástico e guardanapos. Eu não tinha certeza se ele apareceria à hora marcada, mas, quando cheguei, ele já estava lá e sóbrio. Ficamos ali de pé, no terminal vazio e conversamos um pouco mais sobre o poder de cura de Jesus. Dei-lhe a comida e lhe expliquei que havia o bastante para duas pessoas. “Obrigado!” — disse. “Meu companheiro também está com fome. Tenho certeza que vai gostar!” “Ninguém jamais fez algo assim por mim!” —contou. Fiquei tão feliz por eu me pôr à disposição de Jesus quando me pediu para sair da minha zona de conforto para testemunhar e demonstrar Seu amor àquele homem, apesar do constrangimento de ser observada pelos outros. Fico com vontade de ousar ser louca por amor a Cristo3, por mais difícil que seja o que Ele me pedir para fazer. E o desafio persiste: “Eu sou uma louca por Cristo. Você é louco por quem?” Linda Cross é dona de casa e mãe de sete maravilhosas crianças na Suécia. ■ 11


Por Mara Hodler

A INTEGRIDADE DE JÔNATAS Sempre considerei o príncipe Jônatas, o filho

do primeiro rei de Israel, um exemplo impressionante de honra e integridade. Estava destinado a ser o próximo governante israelita, mas esse direito lhe foi subtraído quando Davi foi ungido pelo profeta Samuel como o sucessor de Saul, pai de Jônatas. Acho que eu teria me consumido de inveja e me sentido profundamente injustiçada, ou não daria a mínima para o reino dali em diante. A verdade é que já reagi assim por coisas muito menos impactantes do que deixar de ser a sucessora do trono. Eu me conheço e sei como é 1. Ver 1 Samuel 31:6. 2. Ver 1 Samuel 14:1–16. 3. 1 Samuel 20:2 NVI 4. www.just1thing.com

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fácil me esquecer dos meus “valores morais” quando sinto que saí perdendo. Mas qual foi a atitude de Jônatas? Foi o melhor príncipe possível, até o fim, e morreu lutando pelo seu país em uma batalha que estava fadada à derrota.1 E mesmo sendo príncipe, honrou, protegeu Davi e mostrou repetidas vezes sua solidariedade para com ele. Jônatas fez proezas pela sua nação e enfrentou milhares de filisteus com apenas a ajuda de seu escudeiro.2 Tinha um grande interesse pelo bem-estar de Israel e uma importante participação na administração do reino. Certa vez disse a Davi: “Meu pai não fará coisa alguma sem antes me avisar, seja importante ou não.”3 Não via a posição de monarca como uma oportunidade para seu próprio benefício. Não se importava

com quem era rei, contanto que o governante guiasse o país à maneira de Deus. Apoiava totalmente o ungido de Deus, simplesmente porque ele era ungido de Deus. Isso requer integridade —o tipo de integridade enraizada na alma, fruto de confiança total de que Deus está no controle. Saul, por outro lado, demonstrou falta de integridade em várias ocasiões. Faltou com sua palavra muitas vezes, desobedeceu ao profeta de Deus e estava mais interessado em preservar o reino do que em guiar Israel segundo as orientações de Deus. O medo que Saul tinha de perder seu reino o levou a tomar uma série de decisões erradas que eventualmente acabaram por lhe custar o reino e a própria vida. Agora vamos falar sobre mim. Há poucos anos, tive uma situação


dessas no meu trabalho. Tudo culminou quando alguém, que fazia menos pela empresa do que eu, foi promovido a uma posição que eu esperava já havia algum tempo. Eu vinha me dedicando muito e sentia, sinceramente, que merecia aquela promoção. Tentei aceitar a situação graciosamente, mas aquilo me frustrava sobremaneira. Foi como se tivessem jogado um balde de água fria no meu “espírito de equipe”. Detesto quando sinto que algo não é justo. Às vezes, permitome pensar que as atitudes ou ações injustas de outros “me dão permissão” para reagir mal à situação. Ou pior ainda, acho que o comportamento do outro justifica a minha péssima atitude. Lá estava eu, remoendo-me em autocomiseração havia mais de uma semana até que finalmente

percebi que precisava orar sobre a situação. Advinha o que Deus me trouxe à lembrança? Isso mesmo: Jônatas. Deus me lembrou do amor de Jônatas por Davi e de como ele não questionara a escolha de Deus. Acredito que Jônatas teria sido um bom rei de Israel, mas Deus escolheu Davi, e Jônatas confiou na escolha dEle. Permanecer no lugar que Deus escolheu para você mesmo quando tal posição não lhe dá nenhum prestígio nem “benefícios” requer integridade e honra. Reconhecer o papel que Deus escolheu para você e desempenhá-lo sem olhar para os lados para ver se alguém mais ganhou algo melhor ou está fazendo um trabalho tão bom quanto o seu, requer verdadeira nobreza de alma. Como a minha pequena história mostra, eu ainda não havia chegado a esse patamar.

Deu um trabalhinho alinhar as minhas ações às minhas convicções. Isso passou a ser a minha definição pessoal de integridade e uma pergunta que posso me fazer quando quero saber se estou fazendo a escolha certa é: “As minhas ações refletem as minhas convicções?” Só quando consigo responder com a boca cheia um grande “sim” é que tenho certeza que a minha integridade é inquestionável. O final feliz desta história é que consegui fazer com que minhas ações e atitudes seguissem as minhas convicções. Aprendi o valor de fazer o que me cabe e meus superiores começaram a notar o meu desempenho. Este artigo foi adaptado de um podcast publicado em Just1Thing 4, um website cristão voltado à formação de caráter de jovens. ■ 13


Sr. Eternidade

Por Curtis Peter van Gorder

Certa vez, minha filha me perguntou se eu me arrependia

de ter devotado minha vida ao serviço cristão. “Nem um pouco! — respondi. Tenho trabalhado pensando na eternidade.” A palavra “eternidade” foi popularizada por um sujeito fantástico que morreu em 1967, chamado Arthur Stace, cuja biografia foi lembrada em um livro, uma ópera e um filme.1 Criado por uma família abusiva e alcoólatra, e envolvido em pequenos crimes até a idade de 45 anos, Arthur era um “bêbado largado que não servia para nada”, como o descreve seu biógrafo. Tudo isso mudou, contudo, quando ouviu um sermão sobre Isaías 57:15: “Pois o Altíssimo, o Santo Deus, o Deus que vive para sempre, diz: ‘Eu moro num lugar 1. Assista a um curto documentário sobre Arthur Stace em: https://www. youtube.com/watch?v=bF7X9aiRH7s. 2. NTLH 3. Ver Salmo 103:15; Tiago 4:14. 4. Ver aqui: https://www.youtube.com/ watch?v=86dsfBbZfWs. 5. http://elixirmime.com] 14

alto e sagrado, mas moro também com os humildes e os aflitos, para dar esperança aos humildes e aos aflitos, novas forças.’”2 Arthur conta: “De repente, comecei a chorar e senti uma vontade poderosa de escrever a palavra ‘Eternidade.’” Colocou as mãos nos bolsos e encontrou um pedaço de giz. Era analfabeto e mal conseguia escrever o próprio nome, mas “escrevi a palavra ‘Eternidade’ com a maior facilidade e com caligrafia bonita. Ainda não consigo explicar o que aconteceu naquele dia.” Pelos 28 anos subsequentes àquela experiência, ele saia de casa às cinco da manhã para escrever aquela palavra nos lugares públicos, para lembrar às pessoas o que era verdadeiramente importante na vida. Escrevia a palavra “Eternidade” usando giz ou lápis de cera pelo menos 50 vezes ao dia. No total, escreveu aquela palavra mágica e provocadora meio milhão de vezes por toda a cidade. Ele se denominava “missionário”. A história de Arthur nos inspira a usar tudo que temos, por mais insignificante que pareça —mesmo

que seja apenas um pedaço de giz— para de alguma forma contribuir para o bem do mundo. A Bíblia diz que nossa vida é como a erva do campo, como as flores ou como a neblina, e que não estaremos aqui por muito tempo.3 Quando eu era jovem, a vida parecia uma estrada longa, quase interminável, mas agora, aos 66 anos de idade, tenho um entendimento mais profundo. Em uma palestra, Francis Chan comparou a eternidade a uma corda muito longa, que trouxe para o palco.4 “Imagine que essa corda não tem fim e ilustra sua vida na eternidade.” Então apontou para um trecho de alguns centímetros da corda que ele pintara de vermelho. “Isto representa seu tempo na terra.” Algumas pessoas vivem somente para a parte terrena de sua existência, sem dar atenção ao resto, à vida eterna. Mas o que fazemos aqui e agora ecoará em toda a eternidade. E é isso que realmente importa. Curtis Peter van Gorder é roteirista e mímico5 na Alemanha. ■


Se estiver passando por um momento difícil, ou conhecer alguém que esteja, Jesus pode ajudar. Com esta oração, é possível aceitar Jesus: Querido Jesus, sinto que você bate à porta de meu coração e lhe peço para entrar e me conceder a dádiva gratuita da vida eterna. Ajude-me a fazer o que posso para demonstrar Seu amor e interesse pelos outros, para que eles também possam vir a conhecer você. Amém.

A música de sua vida

Por Chris Mizrany

Meus amigos me consideram um fanático por música. Não lhes dou ouvidos e penso ser apenas

um entusiasta. Há algo inexplicável sobre a música que move nossos corações e agita nossas almas. Certas letras têm o poder de nos animar e mudar nosso dia para melhor e sou muito grato a alguns compositores pelos momentos felizes que me proporcionam. Certas peças sequer precisam de letra. Sua melodia, harmonia e arranjo falam por si. Quando ouço música clássica, minhas emoções acompanham as notas. Frases graves, movimentos felizes e cheios de vida, tempestades assustadoras e crepúsculos fascinantes. Sem fazer força, a música me enleva, envolve minha alma e, sem uma palavra, se comunica comigo perfeitamente. Isso tem sido uma constante em minha vida. Sou abençoado por amizades sólidas com pessoas cheias de fé que me ajudam quando me deixo levar por emoções negativas. Costumam me fazer lembrar de uma boa canção, de um testemunho, uma citação ou até de uma história engraçada.

Como a letra de uma boa canção, suas palavras trazem esperança e positividade e sou grato pelo apoio que me oferecem. Às vezes, entretanto, não dizem uma palavra. Possivelmente sequer sabem de meus conflitos interiores. Apenas tocam suas vidas, com seus altos e baixos, mas produzem uma música que ressona com a minha. Sinto as tempestades, os céus límpidos, os momentos de felicidade e as horas de angústia. E por tudo isso, mantêm o compromisso de confiar em Jesus. Sinceramente, essa é uma canção que ecoa mais alto que quaisquer palavras de sabedoria ou frase eloquente. Há uma hora para cada coisa. Existem os momentos para dar uma resposta às almas cansadas que buscam repouso. Mas mesmo quando as palavras são poucas, a música de nossa vida —a maneira como vivemos e quanto amamos— sempre é ouvida. Chris Mizrany é web designer, fotógrafo e missionário na organização Helping Hand na Cidade do Cabo, África do Sul. ■ 15


Com amor, Jesus

GENTE FELIZ Adoraria ver o mundo repleto de sons alegres e celestiais, do riso contagiante, festivo e saudável, do tipo que transmite alegria ao mundo! “Feliz é o povo cujo Deus é o Senhor!”1 Adoro ouvir o Meu povo cheio de alegria e a manifestando com risos. Eles chegam até Mim como se fossem louvor. Assemelha-se bastante ao louvor e muitas vezes se mistura a ele. É alegria ao mundo e uma alegria para Mim. Estou Me referindo ao riso que anima e transcende os limites físicos, enchendo os átrios do céu com feliz comemoração! O riso pode animar o espírito da humanidade e todos vocês sabem com que desespero as pessoas precisam disso. Então vão pelos caminhos e valados e as tragam para o Meu Reino para que não caibam em si de contentes! Vão aos lugares onde existem pessoas sozinhas e disseminem ali alegria e satisfação. Vão e façam as pessoas rirem, e muito Me alegrarão! Que a terra se encha de riso! 1. Salmo 144:15


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