Contato, edição de dezembro de 2018: Natal

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CONTATO PESSOAL PRESERVANDO O NATAL

0 Natal esta aporta e, se voce for coma a maioria, provavelmente esta tao ocupado com tudo que envolve a data que ainda nao parou para pensar na "razao da estac;:ao". Pois entao aqui esta sua chance! Esta edic;:ao da Contato e dedicada a devolver sentido e alegria ao Natal.

Para comec;:ar, incluo aqui partes de um texta escrita ha quase cem anos pelo poeta e te6logo americano Henry van Dyke (1852-1933), intitulado "Preservando o Natal". Sao perguntas instigantes que permanecem tao relevantes hoje quanta o eram entao:

Contamos com uma grande variedade de livros, alem de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar

Ha alga melhor do que observar o Natal: preservar o Natal; Voce esta disposta a esquecer o que tern feito pelos outros e lembrar-se do que os outros tern feita em seu beneficio? A esquecer o que o mundo lhe deve e pensar na sua divida para com o mundo? Ase curvar e considerar as necessidades e desejos das crianc;:as? Ase lembrar da fragilidade e solidao dos que envelhecem? ~i A parar de se perguntar quanta seus amigos gostam de voce e se perguntar se voce os ama o bastante? A sepultar os pensamentas feios e cultivar os mais bondosos? A crer que o amor e a maior forc;:a do mundo - mais forte que o 6dio e que a morte - e que a Vida abenc;:oada que comec;:ou em Belem ha tantas anos e a imagem e o brilho do amor eterno? Entao esta preservando o Natal.

seu espfrito, fortalecer seus lac;os familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informac;6es sabre a Contato e outros produtos criados para a sua inspirac;ao, visite nossa pagina na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.

www.activated.org/br revistacontato.mail@gmail.com EDITOR

Samuel Keating

DESIGN

Gentian Suc,:i

Š 2018 Activated. Todos os direitos reservados. lmpresso no Brasil. Tradu,ao: Mario Sant'Ana e Tiago Sant'Ana.

Em name de tados da Cantata, desejo a voce e aos seus um Natal muita feliz e cheio de fe.

A menos que indicado o contrario, todas as referencias as Escrituras foram extraidas da "Biblia Sagrada" - Tradu,ao de Joao Ferreira de Almeida

Mario Sant'Ana Editor 2

- Edi,ao Contemporanea, Copyright Š 1990, por Editora Vida.


PoR RosANE PEREIRA

OCAMINHO PARACASA ERA INVER NO e fazia pouco

tempo que eu chegara a Goa, excolonia portuguesa no litoral sudoeste da India. Li, muito longe do Brasil, minha terra natal, fiz amizade com um casal de cren<;:as diferentes entre si, pelo que o casamento fora rejeitado pelas duas familias: ele era cat6lico; ela, hindu. Os dois abriram um pequeno restaurante em uma praia frequentada por mochileiros e me deixaram passar a noite ali.

Dormi em frente apraia em um verdadeiro paraiso. A noite, a areia molhada era como um espelho refletindo o ceu estrelado. Era como se as estrelas estivessem sendo banhadas pelo mar. Dali era possivel ver o mesmo ceu austral que cobre o Brasil, inclusive a constelac;:ao Orion que me apresentaram na infancia como ''As Tres Marias". Em meus momentos de solidao, aquela visa.a da

ab6boda celeste me confortava e me fazia sentir mais perto de casa. Uma semana antes do Natal, fui a agencia dos correios e quando o atendente percebeu que eu era do Brasil, parou de falar em ingles para anunciar para todo mundo em portugues: "Pessoa!, tern uma garota do Brasil aqui, uma brasileira". Entao me levaram para a parte da agencia reservada para os funcionarios, me mostraram suas instalac;:6es e me desejaram Feliz Natal. Ouvi os empregados mais antigos resgatarem mem6rias de quando aprenderam portugues e de visitas que alguns fizeram a Portugal. Minha carta parecia ser um evento importante e alguns clientes que estavam na fila se envolveram na conversa tambem. Aqueles absolutos estranhos pararam tudo para desfrutar

a maravilha que e conhecer alguem de uma terra distante, com quern compartilhavam o mesmo idioma e cultural Naquele momenta, fiquei confusa demais para lhes agradecer, mas jamais esqueci como preencheram aquele Natal com calor humano e a sensac;:ao de estar novamente em casa! E essa lembranc;:a me remete a maneira como Jesus veio de um lugar tao distante para, em idioma humano, nos falar das maravilhas do Seu amor e da promessa de um lugar ao Seu lado, para sempre. E certamente nos mostrou o caminho de volta para casa! ROSANE PEREIRA

E PROFESSORA

DE INGLES E ESCRITORA NO RIO DE JANEIRO.

E MEMBRO

DA FAMILIA

INTERNACIONAL. â–

3


PoR PETER

1. Lucas 2:8-11 NVI 2. Lucas 2:13-14 3. Isaias 9:6 4. Romanos 5:8, 10 4

exerciros celesriais, louvando a Deus, e dizendo: Gloria a Deus nas rnaiores alruras, paz na rerra entre os hornens, a quern ele quer bern."' 2 A ligac;:ao enrre o Salvadore a paz rarnbern aparece nas profecias do Antigo Tesrarnenro; no livro de Isaias, por exernplo, nose diro: "Porque urn rnenino nos nasceu, um filho se nos deu; o principado esd sobre os seus om bros, e o seu norne sed: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Erernidade, Principe da Paz." 3


Tanto no Antigo quanta no Novo Testamento, o Messias ----o Salvador- est:i ligado a paz. Contudo, no mundo atual, ou em qualquer outro momenta da hist6ria, a paz e muitas vezes o que mais falta. As guerras e as revoltas civis sao endemicas na humanidade. Infelizmente, nao h:i paz duradoura na hist6ria e certamente nao existe hoje. Entao por que Jesus e chamado Principe da Paz? Por que os anjos falaram de paz, quando louvavam a Deus no nascimento de Jesus? A palavra hebraica mais comumente usada para paz no Antigo Testamento e shalom. Apesar de muitas vezes encontrada nas Escrituras no sentido de ausencia de guerra, tern outros significados. Shalom se refere a bem-estar. Significa plenitude, saude, seguran<;:a, prosperidade, contentamento, tranquilidade, harmonia, paz de espirito, ausencia de ansiedade e de estresse. Tambem se refere a amizade entre individuos, assim como a paz e boa rela<;:ao entre individuos e Deus. A palavra grega mais frequentemente usada no Novo Testamento para se referir a paz, eirene e as vezes interpretada no sentido de tranquilidade nacional ou ausencia dos tumultos da guerra. Contudo, mais vezes, expressa seguran<;:a, prote<;:ao, harmonia e boa

vontade entre as pessoas, designando tambem a tranquilidade de uma alma na certeza da salva<;:ao por Cristo. Apesar de que chegar:i o dia em que o mundo viver:i a ausencia da guerra, ap6s a Segunda Vinda de Jesus, a paz tao falada na Palavra de Deus diz respeito ao bem-estar geral dos individuos, flsica e espiritualmente. As Escrituras repetidas vezes dedaram que bem-estar, tranquilidade e shalom resultam de um relacionamento correto com Deus, o qual e possivel pelo Salvador, anunciado pelos anjos aos pastores naquela noite, h:i mais de dois milenios. A vida, morte e ressurrei<;:ao de Jesus trouxe a reconcilia<;:ao entre Deus e o homem. Pela fe em Jesus, o Principe da Paz, podemos estar em paz com Deus. "Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nos, sendo nos ainda pecadores. Pois se nos, quando eramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando j:i reconciliados, seremos salvos pela sua vida." 4 Pelo Principe da Paz, e possivel se restaurarem a harmonia e o relacionamento entre Deus e todos os que aceitam Jesus como Salvador. Podemos possuir a plenitude de shalom: completude, bem-estar, satisfa<;:ao, contentamento, tranquilidade, harmonia e paz de espirito, fonte da paz interior em meio as tormentas e desafios da vida. Jesus, o Senhor da paz, nos traz paz alem do que qualquer coisa que possamos en tender. Ele nos d:i paz e, conforme fixamos o pensamento nEle e confiamos nEle, d:i-nos perfeita paz, ou, como diz o original em hebraico, shalom shalom. Repetir uma palavra em hebraico era a maneira de expressar um grau superior. Nesse caso, nao apenas paz, mas paz perfiita. Encontramos paz no Salvador, paz quando amamos a Palavra de Deus, paz quando nossos caminhos agradam o Senhor, paz pela presen<;:a do Espirito Santo, paz na fee paz quando Cristo governa nossos cora<;:6es. Os anjos louvando Deus na noite em que Jesus nasceu anunciaram a paz que Deus ofereceu pelo nascimento do Salvador. -A paz com Deus que vem pela salva<;:ao, a paz interior que vem da nossa liga<;:ao com Deus, a paz que apreendemos ao saber que Deus nos ama e criou uma maneira de estarmos com Ele para sempre. PETER AMSTERDAM E SUA ES POSA, MARIA FONTAINE, SAO DIRETORES DA FAMILIA INTERNACIONAL, UMA COMUNIDADE CRISTA. ESTE TEXTO

E UMA

ADAPTA<;:AO.

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SEM UM INIMIGO, NAO PODE HAVER GUERRA.

Recentemente assisti mais uma vez o fllme ]oyeux Noel (Christian Carion, 2005), que conta a hist6ria de um evento bem documentado ocorrido em um campo de batalha na Frans;a, na vespera do Natal de 1914. A trama gira em torno de um confronto na Primeira Guerra Mundial envolvendo tres mil soldados dos exercitos escoces, frances e alemao, na noire anterior ao Natal, o lado alemao comes;ou a cantar "Noire Feliz". Os escoceses reagiram com um acompanhamento de gaitas-de-foles e logo os soldados dos tres pai'ses cantavam a mesma cans;ao em unfssono de suas trincheiras, as quais nao distavam mais que uns cem metros umas das 1. Ver Mateus 5:44 2. http://e lixirmime.com 6

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outras. Imagine-os cantando, em tres idiomas, a partir das mesmas valas de onde, poucas horas antes matavam-se uns aos outros. Que contraste! Seduzidos paz pela benevolencia da cans;ao universalmente amada, os guerreiros aventuraram-se a deixar seus fossos e concordaram em uma tregua extraoflcial. Em alguns pontos da linha, as hostilidades permaneceram suspensas por dez dias. Os inimigos trocaram entre si fotos, enderes;os, chocolates, espumantes e outros pequenos presentes. Descobriram que tinham mais em comum do que percebiam, inclusive um gato que transitava livremente nos dois lados do conflito, considerado mascote por ambos. Os antigos adversarios faziam o maxi.mo esfors;o para se comunicarem entre si. 0 comandante alemao, Horstmayer, disse ao subtenente frances Audebert, "Quando tomarmos Paris e

a

tudo river terminado, voce podera me convidar para tomar um drink na sua casa na Rue Vavin!" "Nao sinta que tern de invadir Paris para beber comigo em minha casa'' - respondeu Audebert. A amizade que nasceu ali entre os lados rivais foi alem de meras cortesias superflciais. Na manha que sucedeu a tregua de Natal, cada lado advertiu o outro dos ataques que suas respectivas artilharias planejavam. 0 novo senso de camaradagem era tao forte que os soldados chegaram a abrigar em suas trincheiras aqueles do lado oposto, para os proteger. 0 que causou essa incdvel transformas;ao? Tudo comes;ou com uma cans;ao de Natal que todos amavam. Esse incidente nos lembra que existe cura para a guerra: devemos parar de demonizar nossos inimigos e aprender a ama-los, como Jesus nos instruiu 1 • Com certeza, muitos

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UMA ORA<;AO DE NATAL Atribu!do a Robe,t Lour, Steven,on (1850-1894)

Amado Deus, ajude-nos a lembrar do nascimento de Jesus para que possamos partilhar das canc;6es dos anjos, da alegria dos pastores e da adorac;ao dos reis magos. Feche a porta ao 6dio e abra a porta do amor no mundo .• inteiro. Que a bondade esteja presente em cada presente e em cada voto de felicidade. Livre-nos do mal pela benc;ao que Cristo traz. Que nossas mentes se preencham de gratidao e nossos corac;6es de perdao, par amor a Jesus. Amem .

argumentarao que falar desse conceito e muito mais facil que o praticar. E e verdade. Mas nao e uma realidade imposs{vel. Precisamos aprender a olhar alem das diferern;:as de ras;a, cor e religiao para uma necessidade real e comum a todos: o amor. Todos precisam amar e ser amados. Se fizermos um esfors;o para conhecer as pessoas com as quais aparentemente temos pouco em comum, descobriremos, como aqueles soldados, que somos muito mais parecidos do que imaginamos. Considerando que a Primeira Guerra Mundial durou ainda tres anos depois daquele Natal memoravel, ceifando quase 20 milh6es de vidas, e considerando as dezenas de guerras travadas desde entao, causando inumeras mortes, pode-se pensar que aquele gesto de amizade e boa vontade naquele Natal foi em vao.

Os soldados que participaram daquela experiencia foram duramente repreendidos. Seus superiores, com o prop6sito de garantir que tal incidente nao se repetisse, ordenaram que se intensificassem os ataques no Natal seguinte. Entretanto, se formos alem do exito OU fracasso dessas treguas, essa hist6ria de paz em meio guerra permanece viva e ainda derruba barreiras que costumam transformar potenciais amigos em inimigos. Em ultima analise, e um testemunho do poder do amor de Deus, a essencia de todos os Natais.

a

I

Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serao chamados filhos de Deus.

Al guns [ ...] pensam: Ah, se eu

estivesse la! Eu rapidamente teria ajudado o Menino. Teria /avado seus cueiros. Com prazer iria com os pastores ver o Senhor deitado na manjedoura! Sim, farfamos tudo isso. E assim afirmamos por sabermos quao grandioso Cristo e, mas

CURTIS PETER VAN GORDER E ROTEIRISTA E MIMI CO 2 NA

se estivessemos la na ocasiao,

ALEMANHA. SEU AYO ESTAVA

que os habitantes de Belem.

nao terfamos agido melhor

PRESENTE NO EVENTO DESCRITO

... Por que nao o fazemos isso

NESTE ARTIGO. DEPOIS DA

agora? Cristo se faz presente

GUERRA, MIGROU PARA OS EUA E SE TORNOU UM PACIFISTA.

..

em nosso pr6ximo.

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For

NO MEU PRIMEIRO NATAL

EM TAIPEI, TAIWAN, que ouvi

pela primeira vez o d:issico de Natal "Noite Feliz" em chines. Fiquei muito impressionada e me lembro de pensar que precisava aprender a letra. 0 primeiro verso era f:icil, pois metade era o titulo da cans:ao, mas a partir dai ficou complicado. Apesar do meu conhecimento limitado do idioma mandarim, juntei-me a dois amigos que tambem nao queriam permitir que a falta de vocabulario nos impedisse de partilhar do espfrito de Natal. E quando nos demos conta, est:ivamos envolvidos em uma agenda de apresenta<;:6es natalinas beneficentes. 8

Nos dez dias que antecederam o Natal fomos a muitos lugares para can tare dans:ar musicas de Natal. Na mesma epoca do ano seguinte, nossas vozes eram ouvidas nos shoppings mais sofisticados da cidade, assim como nos corredores de um centro de detens:ao para rapazes. 0 reconhecimento que recebemos dos encarcerados foi emocionante. A gratidao estava estampada em seus rostos por estarmos compartilhando com eles o verdadeiro sentido do Natal. Os pacientes dos hospitais em que cantamos naquele ano tambem nos agradeceram por pensarmos neles. E, vestidos de palhas:os, fizemos sorrir todos os 6rfaos que visitamos.

Quando eu ajudava a distribuir os presentes que foram doados para crians:as necessitadas, ocorreu-me que Deus tern o presente de Natal perfeito para todos, pois sabe o que cada um est:i precisando. Lembrei-me dos lares para idosos, onde os abras:os das crians:as afagaram os coras:6es dos que ali vivem, machucados pela ausencia dos familiares. Em um abrigo para os pobres, um carregamento de presentes que induiam itens para bebes, doados em resposta as fervorosas oras:6es de uma jovem mae. No meu terceiro ano na capital taiwanesa, quando eu finalmente aprendi "Noite Feliz" em chines,


:' ."

acompanhei ao violio um grupo de crian<;:as e, por isso, assumi um papel secund:irio nas apresenta<;:6es. Mais uma vez, visitamos centros de assistencia a deficientes, hospitais e outras organiza<;:6es. Toda vez que eu tocava "Noite Feliz", lembrava daquela vozinha que me disse para aprender a letra em chines e me perguntava por que eu me havia dado tanto trabalho. Alguns dias antes do Natal, no saguao do Hospital Yang Ming, eu dedilhava o viola.a distraida. Nosso show havia terminado e alguns de meus colegas estavam visitando nas enfermarias aqueles que nio puderam assistir a nossa apresenta<;:io. Eu fiquei

com os equipamentos, algo inedito para mim. Foi entao que vi um senhor, provavelmente beirando os 80 anos de idade. Sorri para ele que, ao devolver a gentileza, convidoume para sentar com ele. Ao seu lado, repousei o viola.a no chao e come<;:amos a conversar. "Obrigado por estar aqui", disse devagar. Demorou-me um pouco para perceber que ele falava em ingles. Quando lhe perguntei se havia gostado do nosso show, ele rapidamente recorreu ao mandarim, revelando ter exaurido seu vocabul:irio em ingles. Disse estar triste por nio nos ter visto cantar, masque ouvira falar sobre o trabalho que fazemos nos hospitais e que achava maravilhoso que vieramos para seu pais para fazermos tudo isso. Ele fez um gesto para real<;:ar "tudo". Tentando manter a conversa viva, contei-lhe que eu havia ido aquele hospital no ano anterior. "Talvez voce venha no ano que vem", respondeu com um brilho nos olhos, "mas nio estarei aqui." Fiquei um tanto sem a<;:io quando percebi que ele nao estava falando de

que teria alta, masque nio esperava estar vivo no pr6ximo Natal. "Se quiser, posso cantar para voce" -ofereci-me, sem saber muito bem como reagir. 0 rosto enrugado sorriu generosamente e satisfeito. "Ha uma can<;:io que eu adoraria ouvir" respondeu. A ideia de um pedido espedfico me fez gelar, pois eu odiaria desapont:i-lo. Foi quando percebi em suas mios um folheto com a mensagem cristi que eu lhe dera assim que sentei, cuja capa estampava o titulo "Os presentes de Natal para Voce". Entendi entao que, por meio de todos os brinquedos e outros presentes, pelos risos, pelas l:igrimas e pelo animo que procuramos compartilhar com os que encontramos, Deus estava trazendo a cada cora<;:ao a d:idiva que eles mais precisavam. Eu tinha apenas de estar disposta a ser Suas mios, pes, olhos e boca. E naquele momenta, fui tomada por uma grande paz e lhe perguntei que can<;:io ele queria ouvu. "Por favor, cante 'Noite Feliz"' foi a resposta. â– 9


*

PoR

Lr LIA POTTERS

S@ZINHA NO NATAL? Ao LONGO DOS ANOS, o Natal ja teve diferentes significados para mim. Quando eu era crian<;:a, era um feriado que comemoravamos em familia, o que incluia a hist6ria do Natal contada na escola dominical, voltar para casa caminhando na neve, um saco de papel cheio com laranja, quebrar nozes e um novo livro para ler. Ap6s receber Jesus como Salvador, o Natal ganhou o sentido de compartilhar a mensagem do Seu nascimento. Tempos depois, quando casei e me tornei mae, passei a buscar formar as tradi<;:6es da familia, o que incluia enfeites, comprar e dar presentes, preparar e consumir ceias de Natal elaboradas em uma atmosfera domestica acolhedora. Todos esses Natais remetem a mem6rias queridas e, como Norman Vincent Peale tao bem disse, pensar neles e como mover uma vara de condao no meu mundo, tornando tudo mais suave e belo. Entretanto, quando a dinamica da minha familia mudou com um div6rcio e os filhos se mudaram, passei a viver em um ninho vazio. - E sozinha no Natal. Nao foi um ajuste facil. Na primeira manha de Natal, sozinha em um pequeno apartamento, acordei em uma casa toda enfeitada, mas silenciosa. Levantei-me cedo para preparar um prato secundario para a ceia oferecida pela familia de minha nora, com quern eu celebraria o Natal. Os presentes sob minha arvore tambem seriam levados para serem entregues. Era minha primeira vez como convidada e nao anfitria, cercada por filhos e netos, pelo que tive de lutar contra sentimentos de nostalgia e solidao que come<;:avam a me tomar. 0 tempo que compartilhamos mais tarde na celebra<;:ao foi maravilhoso e desfrutei da companhia dos meus filhos, meu neto e da familia de minha nora -ate que chegou a hora de voltar para o apartamento vazio. Dirigi para casa sentindo-me pessima e derramei algumas lagrimas de solidao. Sentada na minha sala silenciosa, peguei um livro-presente com tema natalino que estava sabre a mesa e me pus a folhea-lo enquanto refletia sabre como Jesus deixara Seu lar no ceu para trazer amor e paz ao mundo. Pensei que, com toda certeza, nao era a unica pessoa solitaria naquele Natale, ap6s secar as lagrimas, liguei para uma senhora ja idosa, de quern recentemente me 10

tornara amiga. Ela tambem estava em casa sozinha e que ficou muito grata pela nossa conversa. Tambem liguei para meus filhos com quern nao tinha falado naquele dia e alguns parentes no exterior. Descobri que tampouco haviam tido um Natal "perfeito", mas dar o passo de fazer essas liga<;:6es me fez bem e decidi que me lembraria disso nos pr6ximos Natais. Desde en tao, cada Natal tern sido diferente. Houve um ano em que participei de um trabalho voluntario para ajudar idosos a decorar suas arvores e seus lares, pois alguns nao conseguiriam faze-lo sozinhos. Tambem assei biscoitos com meus netos para distribuir para os vizinhos que nao recebem muita visita. E uma liga<;:ao por telefone ou uma conversa via internet sempre faz a


0 desvelo de um pai por alguem alem dos seus Uma mensagem do trono real O que parecia errado foi corrigido A canc;:ao angelica no meio da noite A visao do profeta que se cumpriu Um milagre que se deu porque Deus o quis Uma dadiva de um corac;:ao de amor 0 reencontro depois de tanto tempo 0 esforc;:o para entender Como um amigo querido se sente Uma alma que busca desde muito longe 0 son ho de seguir uma estrela Um noivo que resgate sua noiva Tudo isso e Natal.

diferenc;:a e traz sorrisos tanto para o meu rosto quanta para os de quern esta longe demais para nos vermos pessoalmente. A vida tern seus caminhos e e possfvel que voce tambem um dia se veja sozinho ou sozinha no Natal, porque os filhos se mudaram, por causa de uma separac;:ao ou de um luto. Entretanto, apesar de que as circunstancias podem ser diferentes, estar s6 no Natal nao tern de ser uma experiencia negativa, pois nunca estamos completamente sos, porque Jesus esta sempre conosco. E quando buscamos os outros e nos doamos para fazer os demais felizes, somos recompensados com felicidade e alegria.

-Ian Bach

0 Natal nao se torna especial pelos presentes, decorac;:oes e festas, mas pelo que damos a Jesus e aos outros, de corac;:ao. Dar de corac;:ao demonstra verdadeira gratidao e aprec;:o por tudo que Deus nos deu. -Alex Peterson Minha ideia de Natal -

nao sei se

antiquada ou moderna -

e muito

simples: amar os outros. Mas pensando bem, por que terfamos de esperar pelo

LILIA POTTERS EDITORA NOS

E ESCRITORA

EUA.

â–

E

Natal para isso? -

Bob Hope (1903-2003)

I

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CRESCI NA ROME.NIA COMUNISTA, onde o Estado

banira as religi6es, de maneira que "descobrir o Natal" nao foi f:icil. "Nao use a palavra 'Natal' na escola nem ao falar com estranhos" disseram-me quando cheguei idade escolar. Em casa fal:ivamos do Natal, pois alguns familiares j:i eram crescidos quando a adora<;:ao religiosa fora proibida e continuaram comemorando a data secretamente. Com os demais, a :irvore deveria ser chamada de ":irvore de Ano Novo" e a epoca de Natal era o "feriado de inverno". Se nos, as crian<;:as,

a

ganh:ivamos presentes, estes nao eram de forma alguma vinculados ao Natal. Eu era muito jovem quando montamos nossa primeira :irvore. Tinha velas de verdade nos ramos e cada dia, enquanto estivesse ali, eu podia, se tivesse me comportado bem, ve-las acesas por alguns minutos. Lembro de, alguns anos mais tarde, olhar por entre os galhos da

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:irvore para o unico icone ortodoxo na casa e me perguntar se havia alguma conexao entre aquela imagem e a :irvore. Quern ea pessoa na imagem? Por que temos o retrato de alguem que niio conhecemos? Lembro-me tambem do primeiro Natal que festejamos na zona rural com outros membros da minha familia. As pessoas ali gozavam de um pouco mais de liberdade e, por isso, assistimos a algumas pessoas cantar sobre o primeiro Natal. Foi lindo, mas nao fazia muito sentido para mim. Foi somente ap6s a queda do regime comunista que rive uma chance de aprender sobre o Natale outras verdades da Biblia. Quando me tornei mae, nosso apartamento se enchia de musica no Natale cada canto era decorado, mas meu rosto vivia marcado pelas l:igrimas. Eu estava feliz, mas, ao mesmo tempo, sentia tristeza ao pensar que Deus tivera que enviar Seu unico filho, Jesus, para nos salvar.

Desde que meu filho nascera, a ideia de sacrificar a vida do meu querido Emanuel por alguem era mais do que eu podia suportar. Eu poderia talvez dar a minha pr6pria vida por alguem, mas a do meu filho, jamais! S6 pensar que Deus teve de abrir mao do Seu unico filho, ciente do que Lhe sucederia, era demais para mim. Eu estava feliz e agradecida por Deus ter feito isso, mas pensar nisso me deixava triste. Ao lado da alegria sempre presente do Natal estava tambem a percepyao da magnitude do sacrificio que Deus fez por nos. Todo Natal ainda choro um pouco ao pensar na dor que existe por tr:is da nossa alegria. Mas a felicidade e muito superior tristeza. E e assim que deve ser. Foi o pre<;:o que Deus pagou, feliz, por amor a nos!

a

PRIS C ILA LIP C IU C FOI MISSIONARIA NO LESTE DA EUROPA POR MAIS DE

20

ANOS. â–


PENSANDO NA MINHA M.AE no dia do seu aniversario, percebi algo muito especial que marcou minha infancia: o tempo que nossa familia passava reunida. Pensei especificamente nos natais da minha infancia. 0 que se destaca nessas mem6rias n:io era a qualidade ou a quantidade dos brinquedos que ganh:ivamos, ou as festas das quais participavamos, mas coisas relativamente simples. A primeira que me ocorreu foi que era nessa epoca que mais nos empenh:ivamos para fazer as coisas juntos, como quando montamos um presepio usando uma t:ibua velha e colocando sobre ela uns pinheiros e pe<;:as em miniatura que nos mesmos confeccionamos. Houve um ano em que est:ivamos morando em uma casa pequena sem aquecimento, mas que se tornou acolhedora com as can<;:6es de Natal que ouvimos no nosso toca-fitas (a primeira vez que fizemos isso) e da alegria de encontrar laranjas, castanhas e passas 1. Ga latas 5:22-23

embrulhadas em papel aluminio nas botinhas que haviamos pendurado. Foi nesse ano tambem que colocamos na arvore de Natal os enfeites que fizemos simbolizando os dons do Espirito Santo: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansid:io, dominio pr6prio 1• Lembro de um Natal quando eu era menor ainda, e fizemos um cordao de pipoca e colocamos na :irvore. As pipocas n:io duraram ate o fim de dezembro, pois um camundongozinho bem disfar<;:ado de garotinha de tres anos com marias-chiquinhas foi comendo uma a uma sempre que pensava que ninguem estava olhando. Nao posso deixar de contar da manha de Natal quando eu e minhas cinco irmas tivemos uma surpresa quando acordamos e encontramos seis caixas brancas de sapato alinhadas, com o nome de cada uma de nos, contendo uma coisinha especial que precis:ivamos ou que pudessemos usar para brincar. Eram coisas simples como, cordas de pular, tres-marias,

uma escova de cabelo ou prendedores de cabelo, umas pecinhas de roupa, mas que, para nos, filhas de volunt:irios em tempo integral, eram especiais! Relembrar essas ocasi6es tao queridas despertou em mim a vontade de dar aos meus filhos esse mesmo amor e lhes proporcionar esse excitamento e emo<;:6es no Natal. Quero que tenham lembran<;:as felizes. Foi entao que percebi o que tornara aqueles momentos tao especiais: o amor de meus pais, o qual demonstravam dedicando-nos tempo. Foi tambem a fe que tinham em Jesus e na Palavra de Deus que nos transmitiram o que precis:ivamos - Seu amor, a salva<;:ao e um prop6sito na vida -, alem de nos ensinarem a alcan<;:ar e conquistar os demais com a verdade de Deus. Nao posswamos muito materialmente, mas tinhamos o Senhor e uns aos outros, e era isso que tornava nossos natais tao felizes e especiais CARI HARROP

E MAE

VIVE NO TEXAS, NOS

DE ~ATRO E

EUA.

â–

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Um dia tern 1.440 minutos. lsso significa que, todos os dias, temos 1440 oportun idades de fazer um impacto positivo. -

Les Brown (n. 1945)

-----~·e-------~

As VEZES, Eu ME SENTIA PARALISADA pelo sofrimento que

via no mundo. Simplesmente nao ha uma solw;:ao simples que possa fazer uma diferens:a perceptive! no estado de fome, doen<;:a, pobreza, depressio, opressio, solidao e morte. Quando se olha para esse quadro como um todo, ve-se apenas desolas:ao. Contudo, aprendi como esse ponto de vista e uma forma de me isentar da responsabilidade, e um modelo mental bem egoista. Alguem me desafiou a "fazer por uma pessoa" o que eu nio era capaz de fazer por muitas. Com essa mentalidade, ha sempre algo para fazer.

Foi impossivel nio ouvir os lamentos de uma mie solteira no trabalho. 0 Natal estava se aproximando e o {mico dinheiro que ela tinha para comprar presentes era o que recebera de seus av6s. 0 sal:irio que recebia simplesmente nao lhe permitia fazer gastos extras. Aquila partiu meu cora<;:io. Coloquei os 40 d6lares que tinha na carteira em um envelope com um bilhete escrito as pressas e lhe dei, desejando-lhe "Feliz Natal". Tudo isso fiz rapidamente, antes de me convencer de que nio seria uma boa ideia, que aquilo a constrangeria, que era pouco dinheiro e que outras

pessoas precisavam mais ... desculpas sobre desculpas. Tao logo abriu o envelope, minha colega se pos a chorar. Alguem havia ido ao seu encontro na hora da dor, mesmo que s6 por um momenta. Fiquei feliz deter dado aquele passo, mas o que me impressionou mais foi o impacto que qualquer um de n6s pode ter em apenas uma pessoa. • Alguem que voce convide para tomar cafe • Uma crian<;:a que voce decide apadrinhar • Um amigo solit:irio que voce convida para celebrar • Um brinquedo que voce doa em uma campanha de Natal • Um cartio que voce envia para um amigo distante • Uma bandeja de biscoitos que assa para os vizinhos • 0 filho do vizinho do qual voce cuidou • Os reparos que voce faz na casa de um casal de idosos • Uma visita a um amigo doente Voce tern muito poder e recursos para interceder por "apenas uma pessoa''. Imagine o impacto que poderfamos ter se cada um de n6s cuidasse de apenas uma pessoa que esta a sua volta. MARIE ALVERO FOI MISSIONARIA NA A.FRI CA ENO MEXICO. ATUALMENTE, VIVE COM SEU MARIDO E FILHOS NO TEXAS, EUA. ■

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0

* •

-xOnde Jesus Vive PoR AALIYAH WILLIAMS

"~EM MORA EM UM ESTABULO?"

"Jesus mora no estabulo!" Minha primeira rea<;:io foi rir da resposta que minha irmi de quatro anos deu durante minha explica<;:io improvisada sobre animais e seus habitats. Mas sua resposta continuava voltando minha mente. Jesus mora no estdbulo. Seria aquele o {mico lugar no qual, no entendimento dela, Jesus Se manifestava para mim? Rapidamente tratei de afastar aquele pensamento. Ela jd me viu orar tantas vezes e faz pouco tempo eu li uma hist6ria da Biblia para ela. Repassando as cenas do meu dia a dia ocupado pelos estudos, trabalho e outras atividades, tentei pensar nas vezes em que eu tivesse de fato explicado Jesus para ela. Sem duvida lhe falei do Seu nascimento, dos milagres que realizou, de Sua vida e ministerio. Mas sera que lhe falei que Ele era meu melhor amigo?

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Sera que eu s6 falava dEle por meio das decora<;:6es de Natal? Sera que o guardava na Biblia ilustrada ao fim de alguma hist6ria? Ou eu celebrava Sua vida diariamente de forma que minha irmi ca<;:ula soubesse que Jesus estava vivo hoje e que nio morava em um estabulo, mas nos nossos cora<;:6es? Ela viu quando 0 busquei nas dificuldades e nas horas de dor, quando as for<;:as me faltavam? Sera que eu havia mostrado minha irmi como Jesus pode ser seu melhor amigo tambem e que se ela tao somente Lhe entregasse o cora<;:io, receberia um amor sem par no mundo? Cada vez que o Natal se aproxima e come<;:am as festividades, algo nio me sai da cabe<;:a: este ano, - e nio apenas no Natal- celebrarei o sentido de Sua vida na minha. Tirarei Jesus do estabulo e o convidarei para ser parte do meu dia a dia, de tudo que fa<;:o. Entio poderei dizer: "Jesus

nasceu em um estabulo, mas vive no meu cora<;:io e na minha casa." AALIYAH WILLIAMS

E EDITORA

E

DESENVOLVEDORA DE CONTEUDO. ■

Voce tambem pode convidar Jesus para sua vida agora: Obrigado, Jesus, par vir ao nosso

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mundo e par viver coma um de n6s, par sofrer todas as coisas que

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j

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vivenciamos para que pudessemos

i I

conhecero amorde meu Pai

¼ Celeste. Obrigado par morrer par

¼

mim, para que eu pudesse me reconci/iar com Deus e ter a vida eterna no ceu. Par favor, perdoe-me pe/os meus erros. Ajude-me a conhecer ea mar Voce de uma forma profunda e pessoa/. Amem.

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COM AMOR,]ESUS

I

A DADIVA OSEU EMPO 0 Natal esempre uma correria. Voce faz mais do que costuma no resto do ano. A lista de afazeres parece nao ter fim e o dia da a impressao de ser mais curto que o e. E isso se comp6e para gerar uma pressao fora do normal. Ao separar um tempo para descansar em Mim, para comungar Comigo em orac;:ao cada dia, voce se forcalecera e renovara. Ao tirar a mente de seu trabalho e do estresse do dia a dia para, em quietude, se conectar Comigo, vera que suas forc;:as se renovam. Quer voce fac;:a isso por um periodo mais longo ou em varios intervalos ao longo do dia, afastar-se do corre-corre para refletir em Mim, estara me dando um presence valioso. Neste Natal, pec;:o que me conceda a dadiva do seu tempo, em doce comunhao Comigo.


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