Contato edição de janeiro de 2019: Ano Novo

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MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

IÇANDO AS VELAS

Vale o esforço!

A visão

Alcance suas metas

Sacolejando na proa de um barco bangka Uma aventura com Deus


Volume 20, Número 1

C O N TATO P E S S OA L

Feliz Aniversário, Contato!

Esta página tem sido usada tradicionalmente para introduzir o tema da edição, dar destaque a um artigo ou compartilhar reflexões pessoais. Em harmonia com o calendário, esta edição trata principalmente dos desafios e possibilidades do Ano Novo. Entretanto, eu também gostaria de dividir com você um marco importante: há exatos 20 anos, era lançada a revista Contato. Foram 220 edições desde a primeira, publicada em janeiro de 1999, milhares de artigos da Contato foram traduzidos em dezenas de idiomas e seus exemplares impressos ou digitais foram lidos por dezenas de milhões de pessoas. Por essa tremenda aventura que já dura duas décadas queremos agradecer a todos que participaram no processo de produção e que contribuíram com artigos. Acima de tudo, obrigado a você, leitora e leitor, de todas as idades, em especial aqueles que divulgam a palavra e compartilham os artigos com amigos, familiares ou em mídias sociais. Podemos não saber o que nos reserva o futuro, mas sabemos Quem o controla e que Ele está do nosso lado. Por isso, adentramos 2019 com grandes esperanças e expectativas, pois temos Suas promessas: “Só eu conheço os planos que tenho para vocês: prosperidade e não desgraça, e um futuro cheio de esperança”1

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.

www.activated.org/br revistacontato.mail@gmail.com EditorSamuel Keating

DesignGentian Suçi

© 2019 Activated. Todos os direitos reservados.

Que Deus o abençoe e que você possa ter um ano maravilhoso, repleto com Sua graça e bênçãos!

Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana. A menos que indicado o contrário, todas as

Mário Sant’Ana Editor

referências às Escrituras foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por

1. Jeremias 29:11 NTLH 2

Editora Vida.


Flores, projetos e sonhos para o novo ano Por Joyce Suttin

DESEJOS DE ANO NOVO O que lhe desejarei? Tesouros da Terra? As canções da primavera? Prazeres e felicidades? Flores no seu caminho? Céus sempre azuis? Será que isso lhe daria Um ano novo feliz?

Adoro cuidar do meu jardim, mas, às vezes, as flores

produzem em mim um efeito adverso. Sempre renovo meu canteiro de flores com a chegada da primavera e as desfruto nos longos dias de verão. Gosto de zelar por elas, regá-las e admirar sua beleza. Minha dificuldade está em me desapegar delas quando as vejo perder o viço, amarelar e morrer. Ver minhas plantas devastadas ao término da estação quase me dá vontade de não cultivar mais o jardim, mas cada primavera me surpreende e arrebata. Quando vejo os primeiros brotos que se elevam do solo, percebo que a vida ainda está lá. O germe da semente permanece. Tudo que preciso é ser paciente e confiar nas sementes. E tudo que elas precisam é que lhes seja permitido fazer o que sabem fazer: germinar em

uma nova e gloriosa planta. Assim são minhas ideias, sonhos e metas a cada ano novo: preciso abrir mão deles ou permitir que adormeçam por um tempo. Preciso confiar que, na hora certa, todos esses pensamentos novamente germinarão para dar forma a um projeto. Então devo nutri-lo e cuidadosamente zelar pelo projeto, para que ganhe vida e se concretize. Portanto, este ano não vou reclamar das plantas e projetos que morreram. Vou deixar que sigam seus ciclos e confiar que, no momento certo, quando o sol brilhar e as chuvas gentis voltarem a regar o solo, terei a bênção de ver surgir ou ressurgir a beleza. Joyce Suttin é professora aposentada e escritora em San Antonio, Texas. ■

O que lhe desejarei? O que poderia de alguma forma Fazer o sol brilhar Todos os dias do ano? Onde está o tesouro duradouro e precioso que lhe garantiria um ano novo feliz? Que sua fé cresça, que você ande à luz, que a esperança não falte, que você seja feliz, que o amor seja perfeito e expulse todo temor. Essas coisas lhe desejo para que tenha um ano novo feliz Paz no Salvador, descanso aos Seus pés, o sorriso do Seu rosto terno e radiante. A alegria da Sua presença Cristo sempre ao seu lado, Essas coisas lhe desejo, para que tenha um ano novo feliz! —Frances Ridley Havergal (1836–1879), adaptado ■ 3


Por Peter Amsterdam

IÇANDO as VELAS Qualquer coisa que quisermos fazer bem na vida demandará esforço. Isso se aplica também aos cristãos que buscam se

assemelhar mais a Cristo. É algo que demanda esforço consciente e intencional para desenvolver crenças, hábitos, atitudes, entendimentos e comportamentos alinhados com Seus ensinamentos. É preciso também se determinar a resistir e evitar crenças erradas, hábitos prejudiciais, atitudes ruins, pensamentos equivocados e comportamentos ruins. Em todo o Novo Testamento, lemos sobre o conceito de “despojamento” ou da eliminação de aspectos de nossas vidas — pensamentos, sentimentos e as ações exteriores que deles procedem — que lutam contra nossos esforços de sermos mais como Cristo. Enquanto isso, estamos nos “revestindo” ou adicionando às nossas vidas as coisas que nos aproximam da natureza de Cristo. Ambos os conceitos exigem que sejam tomadas decisões e que certas ações sejam adotadas. Despojamento Agora, porém, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois já vos despistes do velho homem com os seus feitos. — Colossenses 3:8–9 Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. — Efésios 4:31 NVI Deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia. — Hebreus 12:1

1. Zigarelli, Cultivating Christian Character 2. Ibid., 39 3. Ver Gálatas 5:22–23 4

Revestimento Revesti-vos de compaixão, de benignidade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor. — Colossenses 3:12–14 Vistamo-nos das armas da luz [e] revesti-vos do Senhor Jesus Cristo. — Romanos 13:12,14 Vistam-se com a nova natureza, criada por Deus — a qual é correta e dedicada a Ele. — Efésios 4:24 NTLH


Essas qualidades são frutos de uma vida transformada e revestida do poder, resultados da observância aos ensinamentos nas Escrituras e a aplicação da fé à vida. Esses atributos não se formam espontaneamente, mas para os que empreendem tempo e esforço nesse aprendizado, superar hábitos ruins, formar novos, “despojar-se” do que for negativo e “revestir-se” do positivo passa a ser mais natural. Com toda certeza, devemos nos valer da ajuda e da graça de Deus para desenvolvermos bons hábitos. É fato que Deus nos perdoa pelos nossos pecados, mas devemos evitá-los. Devemos abandonar as coisas que nos afastam de nossos esforços para nos tornarmos mais como Cristo, para nos revestirmos de um novo eu, para vivermos ao máximo a nova criatura que nos tornamos em Cristo. E isso produzirá em nós maior felicidade, um melhor relacionamento com Deus, fazendo crescer o senso de realização e multiplicando a alegria de viver. Li recentemente a análise de um estudo feito por Michael A. Zigarelli, um autor cristão, na qual comparava o que ele chamou de cristãos de virtudes pequenas, de virtudes médias e de virtudes elevadas.1 Constatou-se que a maioria dos cinco mil cristãos que participaram da pesquisa cultiva virtudes medianas. Para isso, classificou como de virtudes elevadas aqueles que faziam coisas específicas que resultavam no desenvolvimento do caráter cristão. O trabalho revelou também que ações específicas que os cultivadores de virtudes medianas poderiam adotar para passar para a classe de cima. Zigarelli destacou que cada cristão tem um papel vital e ativo a desempenhar no seu próprio crescimento pessoal: A conceptualização mais completa do processo de crescimento é que Deus tem Seu papel e nós, o nosso. A maneira como esses dois atores interagem pode ser comparada a velejar. Para levar um barco a vela de um ponto ao outro, dois elementos são cruciais: precisamos que o vento esteja soprando na direção em que estamos indo e que a vela esteja na posição certa para pegar o vento. Você provavelmente entende a analogia feita aqui. O Espírito Santo é o vento, tentando nos levar gradualmente a nos tornarmos semelhantes a Cristo. Somos os velejadores que precisam içar a vela e fazer o que for necessário para nos colocar na condição de capturarmos o Espírito de Deus, para que Ele nos leve ao destino desejado.2 Para termos maior semelhança à Cristo em nossas vidas, devemos “içar nossas velas”, fazendo as coisas que ajudam no desenvolvimento do caráter cristão. Em termos práticos, tornar-se semelhante a Cristo exige mudanças em alguns aspectos de nosso caráter, o que não é fácil, mas vale o custo. Nos Evangelhos, Jesus ensinou que o reino de Deus é futuro e presente. Viver nele hoje significa permitir que Deus nos governe e reine em nossas vidas. É buscar viver de maneira a Lhe dar honra e glória. Para se tornar mais semelhante a Cristo e para que nossas vidas sejam mais centradas no Seu reino, precisamos alinhar nossas vidas, decisões, ações e espírito com Deus e Sua Palavra. Para tanto, devemos nos “despojar” de alguns aspectos de nossas vidas e nos “revestir” daqueles que nos tornam mais semelhantes a Cristo, ou seja, amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.3 Conforme fizermos o que nos cabe para içarmos as velas, nos tornaremos mais semelhantes a Cristo. Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. Este texto é uma adaptação do artigo original. ■ 5


O GRANDE SALTO Por Iris Richard

Nevava quando colocamos os últimos itens no container que

pesar os prós, contras e orar fez para trás o porto de nossa terra natal, crescer em nós a confiança de em resposta ao chamado de Deus. que era Deus quem nos guiava Apesar de nossas apreensões iniciais, em breve seria embarcado. Era a a dar esse salto de fé. vivenciamos milagres incontáveis que última viagem que fazíamos com Lembrar desse dia e de fortaleceram nossa fé a cada passo nossos pertences e doações que tudo que aconteceu desde naquele novo mundo que se tornou seriam transportados para o outro que chegamos ao Quênia nosso lar e onde construímos uma obra lado do oceano, onde nos ajudariam há 24 anos, revela que que tem ajudado um sem número de a escrever mais um capítulo de a viagem não foi suave. famílias pobres e carentes. nossas vidas. Vendemos tudo que não Houve momentos em que podíamos levar, nos despedimos de os testes e desafios foram Iris Richard é conselheira no Quênia, onde tem amigos e familiares e estávamos prontos tremendos e abalaram nossa se mantido ativa para partir para o Quênia! fé. A tentação de desistir em trabalhos Não faltaram vozes que era uma presença constante em comunitários recomendavam cuidado nem as que nossas vidas, mas também eram as desde faziam votos de sucesso e ofereciam promessas da proteção e provisão 1995. ■ orações. Alguns viam como um ato de abundantes na Palavra de Deus coragem empreender uma mudança que fortaleciam nossa fé vez após tão grande com cinco filhos; vez. Os testemunhos dos heróis outros diziam ser uma loucura; da fé nos motivavam a e não faltaram os que nos seguir em frente e nos advertiam sobre os perigos davam a coragem para de doenças, da sujeira e continuar quando a do calor. Entretanto, o lida ficava difícil, o chamado de Deus para progresso era lento nos aventurarmos em e a oposição severa. nossa missão era forte As inúmeras lições em nossos corações de fé e perseverança e o processo de aprendidas nos ensinaram pesquisar, refletir, que foi bom deixar 6


Siga o fluxo Por Elsa Sichrovsky

Faz alguns anos, participei de uma organização que operava um restaurante popular para estudantes carentes. Por dois anos, ajudei a limpar a cozinha, a comprar alimentos e preparar a comida. Sentia-me orgulhosa de contribuir para fornecer refeições bem equilibradas, gostosas e econômicas. Minha diligência era reconhecida pelos líderes da organização e recebi a importante responsabilidade de gerir os recursos financeiros e planejar o menu. Contudo, no terceiro ano desde que eu começara a me envolver com aquele esforço, uma nova diretoria mudou o foco da organização, que passou a oferecer aulas de reforço de inglês e ciências para estudantes com baixo rendimento, moradores em bairros de periferia. Com isso, a equipe do restaurante popular foi muito reduzida e vários dos que ali trabalhavam, inclusive eu, foram remanejados para a nova operação para serem assistentes de professores. A maioria que trabalhava na cozinha gostou de deixar o trabalho invisível

nos bastidores para interagir mais diretamente com as crianças. Eu não estava nesse grupo. Os legumes e as panelas nunca discordavam de mim, mas nas salas de aula eu encontrava estudantes mal-humorados e imprevisíveis, além de um professor que tinha uma ideia muito bem definida de como eu o deveria assistir. As dinâmicas e incertezas da sala de aula, somadas à perda do meu cantinho na cozinha, onde eu me sentia realizada e no controle, deixava-me irritada. O resultado foi que, apesar de eu estar cumprindo minhas responsabilidades básicas, o meu entusiasmo e minha concentração em sala de aula não eram iguais a quando eu trabalhava na cozinha. Um dia, eu me queixava para outro ex-cozinheiro sobre a nova gestão. Ele pôde se identificar com minha desdita. “Também foi difícil para mim ver a organização pela qual eu havia dedicado tanto tempo se reformular.” Então, fez uma pausa e adicionou: “Mas mudança é parte da vida e às vezes vale a pena seguir o fluxo.”

“Mas não gosto da direção em que o fluxo está indo!” protestei. “Sintome como um peixe fora d’água.” “Lembra de quando a cozinha também era um lugar novo para você?” — lembrou-me. “Puxa! Parece que aconteceu há décadas!” — exclamei. “Exatamente. Você aprendeu muito sobre a cozinha e aprenderá muito sobre a arte de ensinar se estiver disposta a sair da sua zona de conforto.” Anos se passaram e continuo grata pelo conselho de meu amigo, cujas palavras ainda me ajudam quando as mudanças da vida se dão por processos dolorosos. Se eu me limitar às coisas das quais gosto e nas quais me destaco, estancarei o meu crescimento. Todavia, se eu seguir o fluxo da corrente de mudança e me permitir avançar com ela, aprenderei habilidades e desfrutarei de novas experiências. Elsa Sichrovsky é escritora freelance. Vive com sua família em Taiwan. ■ 7


Jonas

e

Por Scott McGregor

Uma das histórias mais conhecidas e mais estranhas na Bíblia se

encontra no livro de Jonas. Parece que quase todo o mundo já ouviu sobre Jonas e a baleia. É uma das histórias favoritas de escola dominical. Mas também é um daqueles contos desconcertantes que faz a gente pensar: “Por que, meu Deus, por quê?” Vamos ver um pouco do contexto. A primeira menção de Jonas1 dá conta de que Jonas viveu por volta de 800–750 a.C. e era de uma cidade chamada Gate-Héfer, em Israel, localizada a alguns quilômetros de Nazaré. Aparentemente já era conhecido como profeta quando Deus o chamou para profetizar contra Nínive, capital da Assíria. Dá para entender a relutância de Jonas. Nínive era uma cidade ímpia e a capital de um império cruel. Os assírios têm uma merecida reputação

1. Ver 2 Reis 14:25 2. Ver Mateus 12:38–41; Mateus 16:1–4 8

nos anais da história de serem maus e cruéis. Além disso, ser um profeta de destruição é uma tarefa arriscada. Jonas não vê muita esperança nessa incumbência e foge na direção oposta. Em vez de ir para o Leste, para Nínive, decide ir de barco para o Oeste, para Társis, supostamente o posto comercial mais distante dos mercadores fenícios, vizinhos de Israel. Pouco depois de a embarcação zarpar, começa uma tempestade de proporções épicas. Depois de lançarem ao mar toda a carga e fazerem tudo o que podiam para enfrentar a tempestade, a tripulação decide tirar a sorte para ver quem estava trazendo aquela maldição sobre todos. Apontado como culpado, Jonas confessa ser o problema e diz que para se salvarem, aqueles homens deviam atirá-lo ao mar. Apesar de a tripulação relutar e tentar de tudo para remar de volta

eu à terra, seus esforços foram em vão. Jonas então “andou na prancha”. Mas a história não termina, porque um misterioso “peixe grande” o engole. São muitas as teorias que tentam explicar o que aconteceu, mas o fato é que, todo o episódio é altamente improvável em circunstâncias puramente naturais. Foi necessária uma intervenção sobrenatural para Jonas sobreviver três dias sob condições como as descritas no livro de Jonas, sem falar em compor uma oração como a que lemos no capítulo dois do mesmo livro. E depois de três dias, o Senhor faz com que o grande peixe vomite Jonas na costa, aparentemente


bem próximo de onde ele havia embarcado. E, como não podia deixar de ser, Deus o chama de novo para profetizar contra Nínive. Convencido de que aquela incumbência não era facultativa, Jonas se dirige para a grande e ímpia cidade. Lá chegando, passa três dias proclamando: “Nínive será destruída.” Mas, para surpresa de Jonas, os ninivitas reconhecem sua maldade e, por ordem do rei, todos se arrependem e jejuam vestidos de saco e cinzas, inclusive o gado. Enquanto isso, Jonas se abrigou em um lugar com uma vista privilegiada, fora de Nínive, para ver a destruição que Deus disse se

abateria contra a cidade. Quando Deus lhe diz que mudou de ideia e vai poupar Nínive, Jonas fica chocado e praticamente diz a Deus: “O quê?! Como assim?! Você me faz passar por toda esta provação e aí muda de ideia. Para que tudo isso então?” Dá para entender a situação de Jonas. Afinal ele passou por maus bocados e esperava alguma recompensa. Os assírios eram bandidos, pelo menos no tocante a fazer guerra contra seus vizinhos. E ele estava ansioso para vê-los punidos. Mas agora tinha de abrir mão daquilo, e não estava nada feliz. De que adiantou tudo aquilo? E por que sequer está registrado na Bíblia? Para mim, há várias coisas interessantes na história de Jonas. Em primeiro lugar, é uma história bastante fantástica, que Jesus usou como um prenúncio do que Ele ia passar.2 E acho que fez isso não só pela razão óbvia de que Ele iria morrer e ressuscitar em três dias, mas

também para dar a entender que se eles conseguiam acreditar na história de Jonas, por que não acreditar nEle e no que Ele estava dizendo? É também uma história extraordinária sobre fazer o que Deus pede e não o ignorar. A maior lição de tudo isso para mim tem a ver com não ficar zangado com Deus, caso as circunstâncias mudem e Ele não faça o que eu sinto que Ele indicou que faria. Houve situações em minha vida quando fiquei bastante decepcionado quando as coisas não aconteceram como eu pensei que deveriam. Apesar de eu tentar não ser egocêntrico, muitas vezes sou o centro do meu próprio universo e, por isso, tenho a tendência de julgar as coisas com base no que seria o melhor para mim. Mas a vida do cristão deve se orientar pelo que é melhor para Deus e para os outros. Se Deus está na história, qualquer coisa é possível. Scott McGregor é escritor e comentarista. Vive atualmente no Canadá. ■

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Meu ano novo começou com uma batida diferente.

Literalmente. Em 31 de dezembro, meu telefone como que saltou da minha mão em um ato que parecia um mergulho de depressão. Resgatei-o imediatamente, sem esperar que tivesse sofrido qualquer dano. Aterrissara sobre o carpete e várias outras vezes sofreu quedas sob condições bem menos favoráveis, sem que isso resultasse em qualquer prejuízo. Dessa vez foi diferente. Bastou virar a tela para cima para identificar um padrão digno de uma obra do Homem-Aranha marcando toda a tela. A sensação é terrível, ter um telefone que funciona, mas impossível de ser usado. Garantia? Há muito havia terminado. Mas eu não estou aqui para reclamar e obter sua compaixão. 1. Ver Mateus 28:20 2. Ver 1 Corinthians 13:12 10

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(Bem… talvez um pouquinho não faria mal.) Esse acidente me ensinou algo bem a tempo para o Ano Novo. Para começar, vi que não devo me apoiar excessivamente nos planos ou nas experiências do passado. As coisas podem mudar e o fato é que provavelmente mudarão. Precisamos estar atentos à música que está tocando para dançarmos no ritmo certo, abertos para seja o que for que Deus traga para nossas vidas, para não sermos pegos de surpresa ou despreparados. Aprendi também que na vida, as coisas acontecem. Vida é, por definição, movimento e mudança. Talvez nosso Pai permita essas coisas porque, em Sua sabedoria, sabe o que nos tornará melhores. Não devemos jamais desanimar quando as adversidades roubam a cena. Talvez as superaremos em uma vitória gloriosa que reafirme quão maravilhoso nosso Deus é. É possível, porém, que nos acertem em cheio e mal consigamos

nos levantar por acharmos que não lidamos devidamente com o problema. E, mesmo assim, veremos como Deus é maravilhoso! Nosso futuro está garantido e nossa ajuda é constante. Não sei pelo que você está passando. Pode ser um problema gigantesco ou talvez mil probleminhas, ou algo entre essas duas opções. Talvez você próprio se sinta um tanto “rachado”, como a tela do meu telefone. É aí que Jesus entra em cena. Ele sabe exatamente que reparos precisamos, domina a melhor técnica para executar o serviço e nos restaurará à condição que Ele sabe ser melhor. Sua garantia é eterna e está sempre conosco.”1 Portanto, mesmo que esteja com “a tela rachada” neste instante, tenho certeza que tudo ficará bem no final.2

Chris Mizrany é web designer, fotógrafa e missionária na organização Helping Hand na Cidade do Cabo, África do Sul. ■


A VISÃO Por Ester Mizrany

Recentemente subi a Montanha da Mesa,

aqui na África do Sul. É maravilhosa! O colosso de cume plano domina a paisagem da cidade e do seu topo é possível avistar dois oceanos. A face voltada para o Atlântico é chamada de Os Doze Apóstolos. Atingindo a altitude de quase 1100 metros, é ocupada por uma vegetação exuberante, pássaros e outros animais silvestres, rochas e penhascos, mas é a vista que me tira o fôlego! Começamos a subida logo cedo, pouco antes do amanhecer. O sol nasceu quando subíamos pela trilha e a cidade começava a despertar. Encontramos outras pessoas que também se dirigiam ao cume, igualmente determinadas a se beneficiar de começar a experiência logo cedo. No início, a subida era pesada. Tive de fazer algumas paradas para descansar e beber água. O restante do grupo seguiu em frente e senti que estava ficando para trás. Meu marido (veterano da Montanha da Mesa) ficou comigo, oferecendo motivação e confiança de que eu estava indo bem. Houve duas ocasiões que chegamos a alcançar o restante do grupo em uma parada para descanso, antes de eles retomarem a trilha. Com muitas dores, risos e boa companhia, nós, os retardatários, chegamos ao topo com duas horas de diferença dos demais. Mas lá estava ela: a vista! Lá do alto é possível ver toda a Cidade do Cabo, as montanhas ao seu redor, ambos os oceanos, campos,

planícies e muito mais, até o horizonte distante do qual se ergue outra cordilheira. Estar em meio à estonteante criação de Deus foi uma sensação arrebatadora, e fui tomada por um sentimento de realização. Então percebi que o cume era minha meta e para chegar lá foram precisos muito passos — mais de dez mil, segundo o pedômetro —, mas houve também passos psicológicos, tais como planejamento, superação de temores, da apatia e a perseverança da qual precisei quando a vontade de subir diminuía. Passos similares são necessários para se alcançar as metas pessoais: calcule, planeje, execute e continue avançando, mesmo quando a caminhada ficar difícil. Sempre haverá a tentação de desistir longo do caminho, mas com a meta em mente e a ajuda de parceiros de jornada, minhas metas se tornam realizáveis. A Montanha da Mesa não é a única elevação a ser escalada, pois muitas são as metas a serem atingidas e muitas paisagens esperando para serem contempladas. Vamos enfrentá-las uma de cada vez, ganhando experiência a cada passo do caminho. Com boa companhia e muito ânimo, dando um passo de cada vez e sem desistir, todos podemos atingir nossos “cumes” pessoais. Ester Mizrany é professora e missionária em tempo integral na organização Helping Hand na Cidade do Cabo, África do Sul. ■ 11


COMEÇAR DE NOVO Por Virginia Brandt Berg

A Terra do Recomeço Quem dera haver um lugar maravilhoso Algo do tipo ‘A Terra do Recomeço” Onde erros, mágoas e a triste ganância Pudessem ser virados do avesso Como uma meia velha descartada Que nunca mais queremos calçar E se, como um caçador encontra a pista perdida. Nós, sem querer, encontrássemos tal lugar Onde aquele que, cegos, Injustiçamos com rigor Estivesse à porta, como um velho amigo Para nos saudar com alegria e bom humor. —Louisa Fletcher Tarkington

1. 2 Pedro 1:4 2. Salmo 37:4 3. Mateus 11:28-30 4. 1 João 1:9 5. Provérbios 28:13 6. Romanos 8:32 NTLH 12

Tenho o prazer de anunciar que A Terra do Recomeço existe e está acessível, não importa onde você esteja ou qual seja a sua história. Você encontrará esse lugar nos seguintes versículos: “Deus é luz e nEle não há treva nenhuma... Se andarmos na

luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns cornos outros, e o sangue de Jesus Cristo Seu Filho nos purifica de todo pecado. Se confessarmos os nossos pecados— aqui você pode jogar fora ameia velha da sua antiga vida — Ele é fiel e justo para nos perdoar os


Se você ainda não vivenciou o amor e o perdão de Deus, pode conhecê-los agora mesmo por meio de uma simples oração, como a seguinte: Obrigado, Jesus, por pagar o preço pelos meus erros e pecados, para que eu possa ser perdoado e deixar o passado para trás. Obrigado por me limpar de todos os pecados. Peço-lhe agora, querido Jesus, para, por favor, entrar no meu coração, me perdoar e me conceder a dádiva da vida eterna. Amém.

pecados e nos purificar de toda injustiça.” . Essa passagem, como tantas outras na Bíblia, contém uma maravilhosa promessa do seu Pai Celestial para você, Seu filho a quem Ele tanto ama. Deus lhe fez “grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas você se torne participante da natureza divina”1. Deus cumprirá Suas promessas com todo Seu poder e habilidade, mas, para isso, existem certas condições que devemos cumprir — determinadas pelo próprio Deus. Quando as observamos, Ele nos abençoa de forma rica e abundante. A chave para os cofres do Céu é conhecer e atender às condições vinculadas a cada promessa. Deus não apenas quer, mas anseia que nossas necessidades sejam supridas e que os desejos mais profundos do nosso coração sejam atendidos. O rei Davi escreveu: Deleita-te no Senhor, e Ele te concederá os desejos do teu coração”2. Observe a condição: “Deleita-te no Senhor”. Deus lhe concederá os desejos do seu coração

— Ele prometeu e Sua palavra vale — mas os termos precisam ser respeitados. Primeiro você precisa se deleitar nEle amando-O acima de tudo e fazendo o máximo para Lhe agradar e, então Ele lhe concederá seus desejos. As condições de Deus não são duras. Jesus disse: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu juga e aprendei de Mim porque sou manso e humilde de coração”. E encontrareis descanso para as vossas almas. Pois o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve3. São tantas as maravilhas prometidas na Bíblia —perdão do pecado, alegria, paz, vida eterna—, que não seria possível relacionar todas! São promessas para você e podem mudar sua vida completamente. Mas as condições precisam ser cumpridas, e a primeira é que você venha a Deus e humildemente confesse que precisa da Sua ajuda e perdão4. Ele pode e lhe perdoará qualquer coisa, mas apenas se Lhe pedir.

A Palavra de Deus diz: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”5. Não seja como Emília, a empregada que, quando a patroa lhe perguntou se ela havia varrido debaixo do tapete, respondeu: “Sim, senhora. Eu varro tudo para debaixo do tapete.” As coisas que varremos para debaixo do tapete sempre voltam para nos assombrar. Não adianta fingir estar bem quando não está, mas se aceitar humildemente as condições para receber o perdão, você o receberá. “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas”6 —incluindo um novo começo.

Virginia Brandt Berg (1886–1968) foi uma evangelista e escritora americana. Leia mais sobre sua vida e obra em http:// virginiabrandtberg.org. Adaptação do artigo original. ■ 13


Por Curtis Peter van Gorder

SACOLEJANDO NA PROA DE UM BARCO BANGKA

Durante uma viagem que fiz pela ocasião do casamento do meu filho nas Filipinas, tive o prazer de

viajar a bordo de um bangka, um barco filipino de dois cascos, como um catamarã, o que lhe dá grande estabilidade. Seu design esguio e enxuto é usado há milhares de anos e continua sendo amplamente adotado. Sentar-se na proa é uma experiência fascinante, pois o barco levanta água e você fica molhado. Com os pés pendurados tocando as ondas, senti-me em um parque de diversões. Alguns do nosso grupo preferiram desfrutar o passeio sob a proteção da área coberta, enquanto os mais aven1. http://elixirmime.com 14

tureiros ficaram na proa, para sentir no rosto a brisa e a água do mar. Ao chegarmos ao nosso destino, um santuário de vida marinha, alguns quiseram apenas se banhar ao sol e ler um bom livro. Outros mergulharam em outra dimensão e, equipados com snorkle, desfrutaram a vida marinha que habita o coral. Estrelas-do-mar azuis no fundo da areia branca e cardumes de pequenos peixes fluorescentes vinham se alimentar em nossas mãos. Um peixepalhaço mordiscou meu pé, como se brincasse comigo. Uma quantidade absurda de peixes nadava de um lado para o outro tornando aquele local vibrante. E tudo aquilo fazia a viagem para o outro lado do mundo uma experiência mais do que feliz. Talvez você seja como os que gostam da segurança da cabine,

ou dos que preferem as emoções da proa, mas a vida é sempre uma aventura quando Deus é seu capitão. Os que nEle creem têm com Ele um vínculo especial de camaradagem. Compartilhamos o mesmo barco e vamos para o mesmo porto. Deus também tem muitos prazeres reservados para nós, se mergulharmos nas águas da Sua Palavra, onde não faltam maravilhas com as quais as mais belas cenas da natureza subaquáticas não podem ser comparar. Quando nos aventuramos em Seu território e seguimos o caminho que Ele indicou na Sua Palavra, não ficamos decepcionados. Curtis Peter van Gorder é um roteirista e mímico1 na Alemanha. ■


Abraçando a mudança Por Marie Alvero

Sempre me fascinam as histórias de gente que simplesmente engaja em mudanças. O cirurgião de

sucesso que se torna panificador; o mendigo que vira magnata de Wall Street; a mãe e dona de casa que decide mochilar pelas montanhas; o casal de empresários de renome que optam pelo minimalismo e viajam o mundo com apenas uma mala. Gosto de acreditar que, se for necessário, também sou capaz de mudanças assim. Recentemente, nossa família decidiu por uma mudança, a qual sempre dissemos que jamais faríamos: deixamos nossa casa na zona rural para morar em um bairro na cidade, cercada de muitas outras casas com jardins minúsculos. Foram vários 1. Atribuída ao teólogo americano Reinhold Niebuhr (1892–1971).

os motivos que nos levaram a essa decisão. Alguns tinham a ver com a razão e outros com a emoção. Mas a maior das surpresas tem sido a própria experiência de mudar. Abrir a janela em um ambiente escuro, úmido e empoeirado faz com que a luz entre e revele teias de aranha. A mudança traz nova energia e mostra as áreas em sua vida que estavam deteriorando por falta de movimento. Percebi meu medo de perder controle e como mantenho minha vida pequena para poder garantir um resultado específico. Aprendi muito sobre confiar em Deus nessa aventura que chamamos de vida. Quando perdemos a ilusão de estar no controle de tudo, lembramos como precisamos de Deus. E toda essa mudança me fez jurar a mim mesma continuar mudando, agitando a vida regularmente. Não quero mudar de casa de novo por

um bom tempo, mas muitas coisas precisam de revisão. Tenho um novo amor pela seguinte oração: “Deus, conceda-me serenidade para aceitar o que não posso mudar; coragem para mudar o que posso mudar; e sabedoria para saber a diferença.”1

Marie Alvero foi missionária na África e no México. Atualmente vive com o marido e os filhos na Região Central do Texas, nos EUA. ■ A mudança é uma inevitabilidade da vida. Ao resistir a mudanças você corre o risco de ser atropelado por ela, ou então pode cooperar com ela, adaptar-se e aprender como se beneficiar dela. Quando abraçamos a mudança, passamos a entendê-la como uma oportunidade para crescer. — Jack Canfield (n.1944) 15


Com amor, Jesus

DÊ O PRIMEIRO PASSO Não forço ninguém a passar pelas portas que indico, porque quero que Meus filhos façam suas próprias escolhas. Mas a porta está lá e se você passar por ela encontrará uma grande luz, pois sou o caminho a verdade e a vida.1 Por isso não tema empurrar a porta e passar. Dê o primeiro passo, e lhe darei a fé para o próximo, mesmo se você não conseguir ver o caminho adiante. Se estiver andando pela estrada que tenho para você não encontrará um chamado mais elevado nem maior realização. Não tiro os olhos de você desde o dia que nasceu. Sempre cuidei de você, fiz planos para você e o amei a cada momento, do início ao fim dos tempos. Não tema Me perguntar sobre Meus planos para o seu futuro. 1. Ver João 14:6


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