Contato Julho 2021: Doar

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MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

TESOURO Aqui ou lá?

Faça-me um bolo

Como a generosidade salvou três vidas

O doador alegre

Situação ganha-ganha


Volume 22, Número 7

Contato pessoal Um tipo diferente de saúde O primeiro bilionário foi o magnata dos negócios John D. Rockefeller (1839–1937). Conquistou seu primeiro milhão de dólares quando tinha apenas 23 anos e o primeiro bilhão aos 50. Estima-se que seu patrimônio líquido, tenha atingido, em valores de hoje, 418 bilhões em dólares, pelo que é considerado, de longe, o americano mais rico de todos os tempos e a pessoa mais abastada da história moderna. Porém, aos 53 anos, adoeceu. Sentia dores em todo o corpo e perdeu todos os pelos do corpo. Com recursos para comprar qualquer coisa que quisesse e estivesse à venda, tudo que conseguia comer era biscoitos e leite. Um amigo escreveu: “John não conseguia dormir, não sorria nem via nenhum sentido na vida”. Em determinado momento, os médicos previram que não viveria mais de um ano. Certa noite, sofrendo de insônia, pôs-se a pensar em sua vida, suas conquistas e a ponderar o fato de que não seria capaz de levar nenhum de seus sucessos consigo para o outro mundo. Sempre cultivara o hábito de doar parte de sua renda para boas causas, mas naquele momento decidiu que no pouco tempo que lhe restava doaria a maior parte de sua riqueza para hospitais, escolas e obras missionárias. Na área médica, esse trabalho acabou resultando em uma vacina para meningite cérebro-espinhal, a descoberta da penicilina e a cura para as cepas atuais de malária, tuberculose e difteria. Entretanto, talvez o mais surpreendente na história de Rockefeller é que sua condição de saúde mudou com sua generosidade. O homem que parecia que morreria aos 53 viveu até os 98. Sempre se destacou por estabelecer e alcançar metas, mas foi quando abraçou a bondade e a generosidade que encontrou a felicidade e sua verdadeira vocação. Apesar de não termos bilhões ou milhões para doar a causas nobres ou compartilhar com os necessitados, podemos aprender com a experiência de Rockefeller, encontrar paz e alegria ao fazermos nossa parte, sendo generosos com nossos recursos e com nosso tempo, para fazermos a diferença.

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos. Para obter informações sobre a Contato e outros produtos criados para a sua inspiração, visite nossa página na internet ou contate um dos distribuidores abaixo.

www.activated.org/pt revistacontato.mail@gmail.com Editor executivo: Ronan Keane Editor: Mário Sant'Ana Design: Gentian Suçi © 2021 Activated. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Hebe Rondon. A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras na Contato

Mário Sant’Ana Editor

foram extraídas da “Bíblia Sagrada”– Tradução de João Ferreira de Almeida– Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.

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NÃO ESPERE Por Sally García

Minha amiga Vanessa é uma pessoa ímpar — o exemplo

perfeito do Evangelho encadernado em um par de tênis. Quando começou a frequentar nosso estudo bíblico, era mãe solteira de três adolescentes e tinha a vida marcada por altos e baixos. Talvez por isso tinha algo especial, uma alegria contagiante, brilho nos olhos e ria com facilidade, especialmente com piadas sobre si mesma. Muitos entendem que poderão ser mais generosos quando estiverem com “a vida resolvida” e economicamente estáveis. Esperam ter em excesso para então contribuírem, mas quando isso acontece? Às vezes, gosto de imaginar as causas nobres que eu apoiaria se ganhasse na loteria, mas isso não vai passar de imaginação, porque nunca compro bilhetes de loteria! 1. Lucas 6:38

Então, observo Vanessa e aprendo com ela. Ela não espera por “algum dia”, pois cultiva um tipo de generosidade que coloca uma nota dobrada na mão de alguém e, na sequência, lhe dá um cordial tapinha nas costas. Tem um coração aberto para as necessidades dos outros e tenta ver onde pode ser uma bênção, seja doando dinheiro, comida, tempo, ajudando ou animando alguém que precisa. Muitas vezes, ela aparece com um presente ou uma guloseima especial. É seu jeito de dizer: “Você é importante para mim. Noto as coisas de que você gosta. Aqui está. Aproveite”. Há alguns anos, Vanessa começou a sonhar em se mudar para um lugar onde seus filhos tivessem mais oportunidades de estudar e ter uma vida melhor. Lembrome de seu primeiro apartamento minúsculo mobiliado com móveis doados e, embora ela estivesse trabalhando em prol dos objetivos

de sua família, ainda ajudava generosamente os outros sempre que surgia uma oportunidade. Naquele momento, aquele “sonho” parecia fantasiosamente fora de alcance, mas cada um de seus filhos estudou e teve um bom começo na vida adulta. Quando me perguntava sobre Vanessa e buscava uma explicação lógica de como ela conseguia alcançar seus próprios objetivos pessoais e financeiros e, ao mesmo tempo, estar sempre pronta para apoiar os outros, encontrei uma fórmula bíblica: “Dai, e dar-se-vos-á. Boa medida, recalcada, sacudida e transbordante, generosamente vos darão. Pois com a mesma medida com que medirdes vos medirão também.”1 Sally García é educadora, missionária e membro da Família Internacional no Chile. ■ 3


TESOURO Por Peter Amsterdam

A segunda metade do capítulo 6 do Evangelho

segundo Mateus se concentra no nosso relacionamento com as coisas materiais. Jesus ensina as prioridades e atitudes certas com respeito aos bens materiais: Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o

seu tesouro, aí também estará o seu coração.1 Na Palestina nos tempos de Jesus, era comum as pessoas guardarem seus valores (bens ou dinheiro) em um depósito, ou em algum tipo de caixa reforçada em casa,2 ou enterrada sob o assoalho ou em outro

1. Mateus 6:19–21

8. Veja Eclesiastes 3:13; 1 Timóteo 4:4.

2. Veja Mateus 13:52.

9. Stott, The Message of the Sermon on

3. Veja Mateus 13:44.

the Mount, 155.

4. Provérbios 23:4–5

10. 1 Timóteo 6:10

5. Provérbios 27:24

11. Colossenses 3:1–2

6. Veja Provérbios 6:6–8.

12. 1 Timóteo 6:17–19

7. Veja 1 Timóteo 5:8.

13. Mateus 6:24

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lugar.3 Os ricos se vestiam bem, já que a vestimenta era uma forma de patrimônio. Os metais preciosos podiam ser roubados, os tecidos finos estavam sujeitos à ação de traças e os grãos armazenados em celeiros, aos ataques de roedores. Com esses exemplos, Jesus demonstrou quão temporários e efêmeros são os bens terrenos, incapazes de nos seguir para a próxima vida. Isso também foi ensinado no Antigo Testamento: Não te canses para enriqueceres; dá de mão à tua própria sabedoria. Fitarás os olhos naquilo que não é


nada? Porque certamente isso fará para si asas, e voará ao céu como a águia.4 As riquezas não duram para sempre.5 É importante entender o que Jesus está criticando ao dizer para não acumularmos tesouro na terra. Vamos começar por entender o que Ele não está reprovando. Ele não fala contra ter bens. As Escrituras não proíbem a propriedade privada. Economizar para um momento de dificuldades é uma boa prática. A Bíblia inclusive elogia as formigas por guardarem alimentos para o inverno,6 e censura os que não proveem para suas famílias.7 Também nos é dito para desfrutar as coisas que Deus criou.8 Portanto, Jesus não está ensinando contra a formação de um patrimônio, ter dinheiro, fazer

provisões para o futuro e desfrutar das dádivas que Deus nos deu. Então do que está falando? O escritor John Stott oferece a seguinte explicação: O que Jesus proíbe é que Seus seguidores sejam egoístas ao acumular bens. (Não acumulem para vocês tesouros na terra); vida extravagante e luxuosa; a insensibilidade que cega para as necessidades colossais dos destituídos; a fantasia de que a vida consiste na abundância de bens; e o materialismo que ancora nossos corações à Terra. Portanto, “acumular tesouros na terra” não significa ser previdente (fazendo as provisões razoáveis para o futuro), mas diz respeito a ser sovina, ganancioso (como os avarentos e materialistas que sempre querem mais). Essa é a verdadeira armadilha sobre a qual Jesus adverte.9 Jesus não está falando contra bens materiais, mas contra o amor por esses bens, tornando o acúmulo deles o centro de sua vida e a fonte da sua alegria. O dinheiro não é maligno, mas “o amor pelo dinheiro é raiz de todos os males”.10 Muitas coisas devemos procurar ter, mas se o fizermos pelo motivo errado, não estaremos alinhados com os ensinamentos de Jesus. Se nos afastarem dos valores do reino de Deus, são os tesouros errados. Por isso é importante que nosso tesouro seja celestial e que procuremos diligentemente alinhar nossos corações e mentes com os valores de Deus. Como George Müller certa vez disse: “Depositar os tesouros no céu certamente atrairá nossos corações para lá.”

O apóstolo Paulo escreveu algo similar: Portanto, se fostes ressuscitados com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra.11 Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir, que acumulem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna.12 Jesus então passou a falar sobre não servir a dois senhores. Ninguém pode servir a dois senhores. Ou há de odiar a um e amar o outro, ou se devotará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.13 A palavra grega traduzida para riquezas é mamōnas. Dependendo da versão da tradução da Bíblia, encontrase Mamom, dinheiro ou riquezas. Jesus ensina que os crentes não podem servir a Deus e às riquezas. Com isso, ensinou que nosso amor, lealdade e devoção a Deus devem ser superiores ao nosso interesse pelas coisas materiais. Devemos confiar em Deus, não nos recursos financeiros e bens materiais. Não há nada de errado com o dinheiro propriamente dito, mas é errado nos deixarmos submeter a ele. Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. Adaptado do artigo original. ■ 5


Por Amy Joy

O tipo de alegria de Jesus Numa manhã muito fria e sombria, acordei e descobri que

tinha dormido demais. Com um gemido de raiva, rolei para fora da cama e, ainda meio zonza, comecei a me vestir. Então me lembrei: Ah não! Tenho que ir a um projeto do Dia da Mulher esta manhã! Nosso grupo missionário tinha preparado algumas celebrações diferentes para as mulheres na África do Sul e naquele dia deveríamos ir a um centro que ajuda mães em dificuldades, para tomar um chá com elas e lhes dar umas coisinhas gostosas, dentre elas bolo de cenoura, pãezinhos suíços e entregar para cada uma, uma sacolinha artigos de beleza e de cuidado pessoal. Meus dedos se moviam com lentidão, congelados, enquanto 6

brigavam com o meu cabelo. O frio era tal que não dava nem para pensar em fazer qualquer penteado mais elaborado. Puxei o cabelo para cima, procurei um elástico para prendêlo, mas não encontrei nenhum. Olhando para o meu reflexo, me contentei com a única coisa elástica que estava por perto — uma faixa de cabelo enorme e de cores engraçadas. Com um sorriso amarelo e frustrada com a maneira como o dia começara, entrei na área principal da sede da missão e, para meu espanto, as coisas também estavam na maior confusão. Michaela tinha de esquentar algumas tortas que iríamos servir, mas o forno não estava esquentando rápido o suficiente. Stefanie já tinha colocado tudo no carro e ambas esperavam por mim,

o que serviu apenas para me lembrar ainda mais de que eu havia perdido a hora naquela manhã irritante. Todas no carro e estressadas, ficamos em um silêncio incômodo durante a maior parte do percurso, com a exceção de um ou dois comentários irritantes que fiz. Por causa da minha má atitude, comecei a pensar que não havia necessidade de eu ir e que Stefanie e Michaela poderiam cuidar de tudo sozinhas. Chegamos, começamos a arrumar a mesa, as senhoras entraram e se sentaram. Olhei para elas. Uma usava apenas uma camiseta e tinha um cobertor fino e pequeno sobre as pernas e ombros. “Ela deve estar com mais frio do que eu”, pensei. Michaela começou a fazer perguntas às senhoras, tentou


“A felicidade é igual geleia. É impossível espalhá-la por aí sem deixar cair, pelo menos um pouco, em cima de você mesmo.”

quebrar o gelo e deixá-las mais à vontade. Fiz uma piada e todas riram. Minhas parceiras olharam para mim aliviadas e surpresas, pois eu estava mal-humorada o trajeto todo. Enquanto conversávamos, esqueci quase completamente como aquele local estava terrivelmente frio e como estava cansada. Gostei de ver que o que eu estava fazendo levava alegria àquelas mulheres. Uma das garotas mais quietas começou a falar sobre futebol e as recentes notícias da transferência de um certo jogador. Como tenho um irmão muito ligado em futebol, sabia do que ela estava falando e ela ficou muito feliz em discutir o assunto, já que as outras que ali estavam não se interessam pelo esporte. A caminho de casa, estávamos sorridentes e com um espírito

alegre. O que mudou? Era o mesmo trajeto que fizéramos na ida, o frio não havia diminuído (talvez tenha até aumentado) e ainda por cima o sol batia nos nossos olhos. Mas estávamos felizes. Era uma alegria que não dava para conter. Havíamos saído de casa, feito aquelas pessoas se sentirem amadas, felizes e, no fim, fomos nós as mais abençoadas. Há um ditado que diz que “a felicidade é igual geleia. É impossível espalhá-la por aí sem deixar cair, pelo menos um pouco, em cima de você mesmo”. Penso que foi o que aconteceu naquele dia. Deixamos de lado como nos sentíamos e decidimos melhorar a vida de outras pessoas com um pouco de amor e alegria aos que tinham menos que nós. Era o que Jesus queria que fizéssemos e foi o

que o fizemos. Sinceramente, parece que fomos as maiores beneficiárias. A alegria de Jesus não é a que espalhamos quando temos vontade, mas quando vemos alguém que precisa, mesmo quando isso contraria nossa vontade. A alegria de Jesus é contagiante. Nesse contexto, dar e receber são praticamente sinônimos. A beleza de espalhar o tipo de alegria de Jesus é que podemos fazê-lo em qualquer lugar e para qualquer um. Na verdade, é nosso dever. Há uma frase em uma canção que diz: “Se você der amor, receberá amor e todos amor vão ter”. É assim que acontece com a alegria também. Se derramarmos alegria nos outros, Deus derramará em nós e é impossível dar mais do que Deus. Dê um pouco do tipo de alegria de Jesus hoje e veja como vai mudar seu mundo. Amy Joy Mizrany nasceu e mora na África do Sul. Ela é missionária em tempo integral na organização Helping Hands e membro da Família Internacional. ■

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Por Iris Richard

Willie e o favor de cinco minutos Estávamos terminando a distribuição de cinquenta cestas básicas como parte de um programa de auxílio humanitário para pessoas de baixa renda —a maioria viúvas ou

deficientes— em um salão que ficava nas proximidades de uma das maiores favelas do Leste da África. Feliz por ter concluído o projeto, virei-me para sair, quando minha colega Sally levantou o último pacote, dizendo: “Antes de fecharmos, vamos entregar este rapidinho para o Willie, no alto do morro. Ele não tem condições de descer até aqui”. Eu estava cansada, suada, e minhas costas doíam. “Subir o morro” não era difícil, mas como havia chovido, o caminho estava enlameado e tivemos que subir por pedras e lixo para chegar ao barraco dele. Minha vontade era deixar para outro dia, quando me lembrei da minha nova resolução de “favores de cinco minutos”, inspirada em algo que li on-line:

1. https://www.huffpost.com/entry/ five-minute-favor-adam-rifkin_n_3805090 2. Veja https://www.thecut.com/2015/08/just-take-5minutes-to-do-someone-a-favor.html. 3. Lucas 6:38 8

Quer tornar o mundo um lugar melhor? … Abrace o conceito de fazer um favor de cinco minutos, ou seja, dedique cinco minutos do seu dia para fazer algo que beneficiará outra pessoa. ... Não custa muito, mas pode fazer uma grande diferença na vida de alguém.1 Adam Grant, da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, outro apologista dos favores de cinco minutos, pratica uma abordagem agradável e revigorante, atípica para um professor


Nunca se preocupe com números. Ajude uma pessoa de cada vez e sempre comece com a pessoa mais próxima de você. — Madre Teresa (1910–1997) ♦ A maneira como você trata as pessoas que não estão em posição de ajudá-lo, promovê-lo ou beneficiá-lo, revela o verdadeiro estado do seu coração. — Mandy Hale ♦ A maioria das pessoas está tentando fazer a diferença. Faça mais: torne-se a diferença. — Ogwo David Emenike ♦ O propósito da vida não é ser feliz. É ser útil, honrado, compassivo, fazer com que sua vida faça alguma diferença. — Ralph Waldo Emerson (1803–1882) ♦ Ninguém será inútil neste mundo se aliviar o fardo de outra pessoa. — Charles Dickens (1812–1870)

de administração. Ele defende que ser um “doador” —ou seja, oferecer ajuda aos seus colegas—lhe trará mais sucesso e respeito do que ser um “tomador”. Ele até escreveu um livro inteiro sobre o assunto. Sua pesquisa indicou que os vendedores de alto desempenho tendem a ter uma pontuação “extraordinariamente alta... no desejo de beneficiar os outros.” A generosidade no ambiente de trabalho é uma ideia muito boa, mas um problema que muitas pessoas têm com essa filosofia é: quem tem tempo para isso? Comece com o “favor de cinco minutos”, expressão que Grant cunhou para afirmar que nem todo ato de doação tem de consumir muito tempo.2 Pensando bem, percebi que, além de espalhar felicidade, ser generoso melhora nossa percepção de nós mesmos e da vida em geral. Alguns garantem que contribui para a longevidade. Como diz o antigo ensinamento: “Dai, e dar-se-vos-á. Boa medida, recalcada, sacudida e transbordante, generosamente vos darão. Pois com a mesma medida com que medirdes vos medirão também.”3 Voltando à história de Willie... Quando chegamos ao alto do morro e entramos no minúsculo barraco, ficou claro para mim que o esforço tinha valido a pena. Lá estava ele, sentado em uma cama frágil, a única mobília que sobrou depois que seus pertences foram arrastados por uma inundação recente do rio fétido que cruza a favela. Willie foi resgatado e levado para o alto do morro. Ele fora caddie em um clube de golfe até que, perdeu a perna em um acidente, a caminho do trabalho. O motorista que o atropelou fugiu sem prestar socorro e quando foi localizado, descobriu-se que não tinha seguro nem poderia compensar Willie pelo acidente. Devido à sua deficiência, Willie perdeu o emprego, não conse-

gue pagar o aluguel e corre o risco de ser despejado. Ele sonha em abrir um pequeno negócio na calçada em frente do seu barraco, para vender material de limpeza para pessoas da comunidade, mas não tem recursos para começar o negócio. Willie recebeu nossa doação com um grande sorriso. “Deus enviou vocês!” disse, enquanto uma lágrima escorria no seu rosto. Aquele favor levou um pouco mais de cinco minutos, mas fez uma grande diferença na vida daquele homem, pois não apenas atendeu a uma necessidade imediata, mas também abriu uma oportunidade para Willie. Como resultado dessa visita, pudemos entrar em contato com outras pessoas que ficaram interessadas em ajudá-lo. Até agora, captamos o suficiente para três meses de aluguel e doações mensais de alimentos estão sendo entregues em sua casa. “Encontrei esperança e sentido por causa de vocês”, disse Willie, quando recebeu a doação dos itens que precisava para começar seu negócio! Nunca se sabe os benefícios que podem advir de um favor de cinco minutos no decorrer de um dia normal, no local de trabalho ou em qualquer situação do nosso dia a dia. Iris Richard é conselheira no Quênia, onde atua ativamente na comunidade e no trabalho voluntário desde 1995. ■ 9


O ALEGRE DOADOR Por Mara Hodler

Era uma manhã típica em nossa casa. Estávamos todos

correndo para nos preparar para o dia, crianças se vestindo para a escola, café da manhã para fazer, lugares da casa para arrumar e eu tentando adiantar o jantar, fazer maquiagem e assim por diante. Minha caçula estava tentando pegar um copo de leite, mas não estava conseguindo, então pedi à sua irmã mais velha que a ajudasse. Por algum motivo, ajudar não foi fácil para ela naquela manhã. Ela revirou os olhos, pegou a xícara, despejou o leite apressadamente e largou-a com

1. 2 Coríntios 9: 7 2. Mateus 25:40 3. http://www.just1thing.com/ 4. Apocalipse 3:20 10


Alguns acreditam que apenas um grande poder é capaz de manter o mal sob controle. Mas não é isso que tenho visto. Descobri que são as pequenas ações cotidianas de pessoas comuns que mantêm a escuridão distante. Pequenos gestos de gentileza e amor. —Gandalf, em O Hobbit — A Batalha dos cinco exércitos, por J. R. R. Tolkien Ao vir à terra como ser humano, viver e morrer por nós, Jesus tornou possível que recebêssemos o maior tesouro de todos: a vida eterna. Ele

força. Isso desencadeou uma reação irritadiça da irmã mais nova, que evoluiu para uma discussão entre as duas. Nada agradável! Quase a perdi a calma (de novo), mas disse: “Querida. sabia que existe uma diferença entre dar e dar com alegria? Entre servir e servir com alegria?” O conceito era um tanto quanto novo para ela. A situação me lembrou da história de um homem rico e mesquinho. Ele não queria saber sobre os problemas financeiros do vilarejo onde morava e quando ajudava, era meramente por dever. Em um domingo de manhã na igreja, quando a cesta de ofertas passou, procurou a moeda de menor valor para doar. Então, para seu horror, percebeu que depositara por engano uma moeda de ouro na cestinha de ofertas. Rapidamente, tentou pegar a moeda de volta, mas o que coletava as doações cobriu a cestinha com a mão e disse, “Depois que entra, não sai mais!” O homem rico se consolou em voz alta: “Pelo menos vou receber crédito por isso no céu.”

“Não vai não”, respondeu o outro. “Você só receberá crédito pelo que pretendia dar!” A Bíblia diz “Deus ama ao que dá com alegria.”1 Acho que Ele reconhece quando ajudamos uns aos outros com amor e boa vontade, porque é assim que Ele nos trata. Mas por que ficaríamos felizes em dar algo ou servir a alguém? Doar é difícil. Até mesmo colocar leite no copo da irmã tem um custo. O que levaria alguém a dar com alegria? Jesus explicou quando disse: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”2 Ao servir aos outros, estamos sendo canais para o amor que Deus não pode dar pessoalmente. É como se estivéssemos fazendo boas obras ao próprio Jesus. Nem sempre é fácil lembrar disso no dia a dia. Às vezes nem quero me lembrar disso! Não gosto de ser interrompida quando estou ocupada. Acho que minha filha também não gostou de ser interrompida para servir leite para

a oferece gratuitamente a todos que O convidarem para ser parte de suas vidas. Ele diz: “Eis que estou à porta, e bato. Se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.”4 Você pode recebê-lO agora mesmo por meio da seguinte oração: Querido Jesus, obrigado por dar a vida por mim. Por favor, perdoe-me pelas coisas erradas que fiz, entre em meu coração e me conceda a dádiva da vida eterna. Ensine-me mais sobre o Seu amor e encha-me com Sua alegria e o Seu Espírito Santo. Amém.

a irmã mais nova. Mas já que serviu, por que não o fazer com alegria? Dessa forma, além de abençoar os outros, também será abençoada. Conforme tentamos reagir com alegria às necessidades dos outros, podemos começar a notar uma mudança em nós mesmos. É possível que deixemos de ficar tão incomodados quando precisamos parar o que estamos fazendo para ajudar outra pessoa e que passemos a gostar dessa versão mais alegre e generosa de nós mesmos. Minha vida é melhor quando sou generosa. Meus filhos se comportam melhor comigo e uns com os outros. Meus amigos ficam mais felizes em nos visitar. É mais divertido estar com meu marido. A alegria torna tudo melhor. Mara Hodler é escritora freelance. Este artigo foi adaptado de um podcast no Just1Thing 3, um site cristão para a formação de caráter do público jovem. ■ 11


FACA-ME UM 1 BOLO

Nossa história se passa em Israel, por volta de 850 a.C. Era

uma época triste e difícil para aquela nação que estava sofrendo com o pior rei que já tivera. O Rei Acabe adotou o deus pagão de sua esposa Jezabel, Baal, e sob seu governo, os profetas do Deus verdadeiro foram sistematicamente executados. Deus enviou Seu profeta Elias ao monarca com uma mensagem sombria: “Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos senão segundo a minha palavra.” Depois de dar essa advertência, Elias fugiu para o ermo. Deus o conduziu a um desfiladeiro isolado, onde havia um pequeno riacho com 1. Uma nova versão de 1 Reis 17 12

água potável e ordenou que os corvos trouxessem pedaços de pão e carne para ele todos os dias. E assim como Elias havia profetizado, nem uma gota de chuva caiu. Conforme os meses sufocantes passavam lentamente, o sol escaldante cobrou seu tributo na terra seca de Israel. A safra foi perdida, o abastecimento de água acabou e a fome se espalhou. Por fim, a fonte que abastecia Elias, o ribeiro Querite, também secou completamente. Mas Deus foi fiel e no mesmo dia disse a Elias: “Levanta-te, vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e habita ali. Ordenei a uma viúva ali que o sustente.” Sarepta ficava a mais de 160 quilômetros ao Norte do ribeiro de Querite e Elias teve que fazer essa viagem perigosa a pé. Após dias de caminhada por desertos áridos, encostas

rochosas e trilhas íngremes, finalmente chegou a Sarepta, uma cidade costeira no atual território libanês. Cansado, com calor e coberto de poeira, Elias avistou uma mulher recolhendo gravetos perto do portão da cidade. “Água!” gritou para ela. “Por favor, traga-me um pouco de água!” Com pena do estranho cansado, a mulher levantou-se para lhe trazer um pouco de água, quando ele a chamou novamente: “E, por favor, traga-me algo para comer também!” Virando-se para ele, ela exclamou: “Tão certo como vive o Senhor teu Deus, não tenho nem um bolo, senão somente um punhado de farinha numa panela, e um pouco de azeite numa botija. Peguei esses gravetos para fazer um pão para mim e para o meu filho, nossa última refeição.”


Percebendo que aquela era a viúva que Deus havia prometido que cuidaria dele, Elias ousadamente lhe disse: “Não tenha medo. Vá e faça o que você disse, mas faça primeiro um pequeno bolo para mim; e o restante use para você e seu filho.” E profetizou: “Assim diz o Senhor Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará, até o dia em que o Senhor dê chuva sobre a terra.’” Quão intrigada a mulher deve ter ficado com aquela proclamação extraordinária! Deve ter pensado: Eu disse a ele como sou pobre e como estou juntando lenha para cozinhar a última refeição para mim e meu filho–mas ele está me pedindo para alimentá-lo primeiro! Mas como Elias falou em nome do Senhor, ela entendeu que se tratava de

um homem de Deus e teve fé. Correu para casa, juntou o último punhado de farinha do fundo do jarro de barro onde estava guardado e, na sequência, pegou o jarro de óleo, virou-o e drenou as últimas gotas de óleo que nele havia. Quando o pão ficou pronto, levou-o para Elias. Imagine a viúva arrumando as coisas, e quando vai guardar o jarro de óleo, percebe que está muito mais pesado do que um momento atrás. Então, inclinando um pouco a vasilha, mal pode acreditar quando vê o óleo fresco transbordar. Está cheio! Colocando a jarra na mesa, corre para ver a outra vasilha, onde guardava a farinha, e se emociona com o que vê ao levantar a tampa. O recipiente não estava mais vazio e empoeirada como alguns

minutos antes, mas cheia até a borda com farinha fresca. Um milagre aconteceu! Seu coração transborda de gratidão a Deus por uma manifestação tão maravilhosa de Sua bênção. E assim como Elias profetizou, a jarra de farinha não se acabou e a jarra de azeite não secou durante a estiagem. Ela deu o que podia e Deus retribuiu além de suas maiores expectativas! Deus é assim: nunca permitirá que você dê mais do que Ele! Sempre retribuirá muitas vezes mais. Quanto mais você der, mais receberá. A maioria pensa: Quando eu tiver mais do que preciso, quando for rico, então talvez eu comece a dar aos outros, ajudar os pobres e apoiar a obra de Deus. Mas Deus diz: “Comece a dar o que você tem agora e confie que Lhe darei mais.” ■ 13


Por Curtis Peter van Gorder

ATENDENDO A UMA NECESSIDADE Em 1931, o jovem casal Ted e Dorothy comprou a drogaria Wall Drug, em

uma pequena cidade no Oeste dos Estados Unidos. Naquela época, uma drogaria era como uma loja de conveniência e vendia uma grande variedade de bebidas e produtos. Infelizmente, a cidade tinha apenas 326 habitantes, todos pobres. Os negócios não iam bem e eles mal ganhavam o suficiente para se manter no azul. Mas acreditavam que tinham um chamado: faziam amizades, atendiam aos doentes e sentiam que estavam se tornando parte da vida da comunidade. Decidiram que esperariam cinco anos e, se a loja não desse certo até lá, tentariam outra coisa. Finalmente, uma tarde perto do fim do prazo estabelecido, Dorothy tentava fazer sua filha tirar uma soneca, o que era quase impossível com todo o tráfego barulhento que passava perto da casa. 14

Foi nesse momento que ela teve a ideia: O que os viajantes precisam? Devem estar com calor e com sede, então por que não colocamos algumas placas e oferecemos água gelada grátis? Puseram a ideia em prática e para sua surpresa, funcionou! As pessoas vinham buscar água gelada, mas também compravam o que precisavam na loja. Ted comentou: “Desde então, nunca nos faltaram clientes. No verão seguinte, tivemos de contratar oito atendentes para nos ajudar e, alguns anos depois, recebemos 20 mil clientes em um único dia quente de verão.” De suas origens humildes, o negócio cresceu e se tornou uma atração turística, com um hotel, capela para viajantes, galeria de arte, apresentações ao vivo, um dinossauro de 24 metros e muito mais. Nos últimos anos, a Wall Drug faturou mais de US$ 10 milhões e atraiu cerca de dois milhões de visitantes a

uma cidade remota cuja população nunca ultrapassou 800 pessoas. O governador do estado fez o seguinte comentário sobre o sucesso de Ted: “Ele é um cara que descobriu que água gelada de graça poderia se transformar em um sucesso fenomenal em um deserto semiárido, no meio do nada.” Hoje, o filho administra a empresa. Ao longo dos anos, os muitos desafios foram enfrentados com o mesmo espírito de criatividade e hospitalidade que os tornou um sucesso. E, sim, eles ainda dão água gelada de graça, porque as pessoas ainda ficam com sede. Curtis Peter van Gorder é um roteirista e mímico. Passou 47 anos realizando atividades missionárias em 10 países. Ele e sua esposa Pauline moram atualmente na Alemanha. ■


Por Marie Alvero

A OFERTA DA VIÚVA Jesus e Seus discípulos observavam as pessoas depositando suas ofertas no templo. Um homem rico se

aproximou do gazofilácio chamando o máximo de atenção que podia para o fato de que estava dando uma boa soma. Atrás dele, na fila, estava uma viúva que, apressadamente, depositou duas moedas de menor valor que existia. Os discípulos comentavam entre si sobre a baixa quantia ofertada pela mulher, mas para surpresa deles, Jesus afirmou que ela havia dado mais do que qualquer outra pessoa, pois doara tudo o que tinha.1 Penso que a viúva não se sentia tão orgulhosa de sua oferta. Sabia o que aquela quantia podia (ou não) comprar, mas não se deixou persuadir de que era pouco demais para fazer a diferença. A Bíblia não nos diz mais nada sobre essa viúva, mas meu palpite é que, se ela tivesse mais dinheiro, seria igualmente generosa. 1. Veja Lucas 21:1–4.

Os generosos sempre se perguntam: “O que posso dar ou compartilhar? O que tenho que alguém à minha volta precisa?” Quando olho ao redor, vejo necessidades enormes. Há tanta gente, instituições e causas que precisam urgentemente de ajuda e dinheiro para realizar suas missões. Como posso saber quem é digno, honesto e fará bom uso do recurso? Sinceramente, às vezes, a pressão é tanta que a tentação é ignorar todos e não ajudar ninguém. Em vez de inventar desculpas para mim mesma, gosto de ter um plano para garantir que estamos doando regularmente. Aqui está o que fazemos: • Automação: Elegemos algumas instituições às quais destinamos doações mensais. Agendamos as transferências, para que não tenhamos de tomar uma decisão a cada vez que doamos; • Doar tempo: na forma de trabalho voluntário para um

projeto, escola ou igreja, mas também fazer algo como oferecer um jantar, marcar um café com um amigo, ajudar alguém a fazer sua declaração de imposto de renda ou comprar seus remédios, ou qualquer coisa que se traduza em estender a mão para os outros. • Oportunidades espontâneas: se você está acostumado a doar regularmente, será capaz de identificar as oportunidades quando se apresentarem. Às vezes, é bom se esforçar, mesmo quando é um pouco inconveniente ou impraticável, como era para a viúva. Na abundância ou na escassez, sempre é possível dar algo. Vai fazer bem para você e para os outros. Marie Alvero foi missionária na África e no México. Atualmente, vive com o marido e os filhos no centro do Texas. ■ 15


Com amor, Jesus

DANDO AOS OUTROS

Aproveite as oportunidades para doar. Tente encontrar algo para oferecer todos os dias: um sorriso, um elogio, seu tempo, um ombro amigo, uma boa refeição, algo de que você não precise ou uma palavra amável. Sempre há alguma coisa que você pode compartilhar com os outros. Nunca se contente com o que você deu de coração ontem. Imagine cada dia como uma nova oportunidade de dar o máximo que puder. Até mesmo atos simples de bondade e cuidado ajudarão muito a levar o Meu amor e bênçãos à vida de outras pessoas. Estenda a mão e coloque um pouco de brilho na vida das pessoas com quem você tem contato hoje. O amor dado não é desperdiçado nem passa despercebido. Cada pequena ação de bondade e gentileza faz a diferença. Por isso, deixe-Me trabalhar por seu intermédio para levar Meu amor aos necessitados. Derrame o Meu amor. Compartilhe-o liberalmente e com aqueles ao seu redor, na forma de uma palavra animadora, um elogio ou um ato de generosidade. Seja o Meu amor para os outros. Pegue a mão de alguém hoje e diga o quanto você aprecia essa pessoa. Diga-lhe como é especial. Todos são especiais para Mim e você pode ajudá-los a sentir o Meu amor.


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