PAZ EM MEIO À TEMPESTADE
Seguro nas mãos de Deus
É preciso treinar
Chaves para encontrar a paz
Sinais dos tempos
A segunda vinda de Cristo
O poder da terapia da alegria
O riso cura
MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.
Contato pessoal
É possível encontrar paz?
O famoso dramaturgo russo Anton Chekhov escreveu:
“Encontraremos a paz, ouviremos os anjos e veremos o céu cintilando com diamantes.” Essa ideia é magnífica, mas será que não passa de pensamento positivo? Com a agitação e conflito no mundo hoje, é provável que nos perguntemos se há alguma esperança de encontrarmos paz na sociedade e dentro de nós.
A resposta é sim, mesmo em meio ao caos. Mas a paz possível exige que nos alinhemos com a verdade e com a vontade de Deus. Ele promete que, quando fazemos nossa parte, recebemos a Sua paz. Como diz o ditado espanhol: “Por mais que custe, a paz nunca é cara”. Isso nos anima a buscar a paz, independentemente do custo. Vale a pena!
No artigo na página três, Marie Alvero nos mostra que, como quase tudo na vida, quem deseja a paz deve se preparar. Nesse caso, a preparação se dá pela oração, pela leitura da Palavra de Deus e por traduzir a fé em ações. É assim que encontramos a paz interior e com os outros.
Buscar a Deus nos permite vivenciar uma paz que transcende a compreensão (Filipenses 4:7) e não depende das circunstâncias externas. Na verdade, Deus pode fazer com que todas as coisas cooperem para o bem daqueles que O amam. (Ver Romanos 8:28). É onipotente e pode transformar até mesmo uma tragédia em triunfo.
Deus pode nos conceder a paz que tanto desejamos e que é parte de Sua essência. Ele pode irradiar Sua paz em nossos corações, capacitando-nos a refletir Sua luz para aqueles que buscam a tranquilidade. Mesmo que você não seja uma figura pública ou tenha meios influentes para promover a paz, todos nós podemos encontrar a paz de espírito por meio de Jesus, o Príncipe da Paz, e levá-la aos outros por meio de palavras gentis e ações amorosas.
É maravilhoso ver que a paz pode ser encontrada até mesmo em lugares onde desastres ocorreram. Não deixe de ler sobre a terapia alegre e divertida usada por John Patrick e sua equipe após o terremoto na Turquia, e sobre a inesperada fé e serenidade que Simon Bishop encontrou em algumas das vítimas de um tufão devastador nas Filipinas.
Que você também encontre a paz, mesmo em meio ao caos.
Gabriel e Sally García
Equipe Editorial da Contato
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Volume 25, Número 4
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É TREINAR
É sempre incrível quando alguém se mantém em paz em situações verdadeiramente difíceis. Acredito que o esporte oferece uma boa analogia de como isso pode acontecer, pois exige treino e preparação.
Não sou grande entusiasta dos esportes nem tenho muito interesse pelas Olimpíadas, mas gosto de assistir às competições de patinação e ginástica artística. Fico maravilhada com a força, a precisão e a graciosidade que as atletas exibem em cada movimento. Quando era jovem, fascinada com uma performance incrível à qual assistira, tentei reproduzir alguns dos movimentos. Como é fácil imaginar, tudo que consegui foi hematomas no meu corpo e as risadas das minhas irmãs.
Um dos meus filmes favoritos quando criança era a história de Nadia Comaneci, que, nas Olimpíadas de 1976, em Montreal, se tornou a primeira ginasta a receber uma pontuação perfeita. O filme mostra sua longa jornada, o trabalho e a disciplina necessários para fazer história naqueles poucos minutos nos aparelhos. Enquanto as outras crianças brincavam ou faziam outras coisas, ela treinava na academia. Enquanto as outras crianças comiam o que queriam, ela monitorava cuidadosamente o seu consumo de calorias. Tudo o que ela fazia era um esforço orientado para se tornar a melhor
PRECISO
Por Marie Alvero
ginasta do mundo. Nadia era atleta olímpica e ginasta todos os dias, não apenas quando competia.
Tudo isso para dizer que, seja o que você queira ser ou realizar, precisa se preparar para isso todos os dias. Filipenses 4:6–7 diz: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus”.
Para ter essa paz, entregue todas as suas preocupações a Jesus em oração, com ação de graças. Se cultivar esse hábito nas pequenas coisas do dia a dia, terá essa reação também nas situações mais desafiadoras e, consequentemente, vivenciará a paz de Deus. Por outro lado, se não desenvolver esse hábito em situações cotidianas, é improvável que tenha a tranquilidade necessária nas situações mais difíceis que você enfrentar.
Assim como não me tornei ginasta apenas assistindo a alguém se apresentar por alguns minutos, você não reduzirá os riscos da ansiedade se não se treinar todos os dias para agradecer a Deus, buscá-lO em oração e aceitar Sua paz sobrenatural.
Marie Alvero foi missionária na África e no México. Atualmente, vive com o marido e os filhos no Texas, EUA. ■
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SINAIS DOS TEMPOS
Por Peter Amsterdam
Os avanços da tecnologia, a migração em massa de pessoas e a globalização em muitas frentes se combinam em um contexto sem precedentes em muitos aspectos.
Diferentemente do que vivenciaram gerações anteriores, muitos hoje se sentem isolados, à deriva ou sem uma bússola moral clara.
Testemunhamos problemas relacionados ao racismo, à discriminação e ao preconceito; lidamos com questões
relacionadas à autoridade e à violência; são frequentes os escândalos de corrupção nos altos escalões; e lidamos com incertezas sobre a saúde futura e a sustentabilidade do planeta. Estes são tempos atribulados.
Cada geração teve de lidar com seu respectivo conjunto de desafios, dificuldades e dores de crescimento, um padrão observável ao longo da história que não surpreende os cristãos. Sabemos que vivemos em um mundo configurado a partir da queda do homem, no qual a humanidade deve enfrentar a realidade do pecado,
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manifesto nos males da pobreza, da opressão, da guerra e da desumanidade das diferentes épocas. Não é surpresa, porque conhecemos a causa dessas adversidades: o rompimento do relacionamento da humanidade com Deus e os efeitos dessa ruptura.
A esperança maior dos cristãos, contudo, não está neste mundo ou em seus sistemas políticos, pois sabemos que são transitórios. Consideramo-nos entre aqueles descritos em Hebreus que não têm uma cidade duradoura nesta terra, mas desejam algo além, “uma pátria melhor, isto
é, a pátria celestial” (Hebreus 11:16). Ansiamos pelo retorno de Jesus, quando todas as dores, sofrimentos, injustiças e males serão corrigidos e “a terra se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar” (Isaías 11:9).
Há quase 2.000 anos, João escreveu no fim do Livro de Apocalipse: “Amém. Vem, Senhor Jesus!”, e os crentes ecoaram esse sentimento de todo o coração desde então, e continuamos a fazê-lo hoje.
Muitos cristãos, tanto nos tempos recentes como no passado, têm procurado entender a relevância dos eventos e fenômenos culturais de seus tempos em relação ao cronograma do retorno de Jesus. As condições mundiais atuais, tais como a tecnologia moderna, a globalização, a ampla pregação do Evangelho, a transição para economias sem dinheiro em espécie e a expansão das moedas digitais em todo o mundo, são sinais de que estamos entrando nos sete anos finais que precederão a Segunda Vinda de Jesus Cristo? Como devemos interpretar os eventos atuais à luz de sua relevância para o que a Bíblia ensina sobre este momento importante da história mundial? Que conclusões podemos tirar?
As respostas para essas perguntas devem ser obtidas, em primeiro lugar, nas Escrituras e no que a Bíblia cumulativamente ensina sobre o período imediatamente anterior à Segunda Vinda de Jesus. Certamente, os detalhes exatos de como esses eventos se desenrolarão não são tão específicos quanto gostaríamos, mas a Bíblia descreve com clareza os elementos aos quais devemos estar atentos, coletivamente chamados “sinais dos tempos”. Vejamos alguns deles.
Sinais da Vinda de Jesus.
Quando os discípulos de Jesus Lhe perguntaram: “Qual será o sinal da Tua vinda e do fim dos tempos?” (Mateus 24:3), Jesus respondeu: “Vocês ouvirão falar de guerras e rumores de guerras, mas não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares. Tudo isso será o início das dores” (Mateus 24:6–8). A versão no Evangelho segundo Lucas inclui pestes nessa lista (Lucas 21:11).
A história mostra que o “início das dores” se deu quando começou o “fim dos tempos”, expressão bíblica para designar o período entre a primeira e a segunda
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vinda de Jesus (1 João 2:18). Sempre houve guerras e rumores de guerras, embora em alguns períodos da história, a prevalência foi muito maior do que se observa hoje. A história e a atualidade trazem muitos registros de períodos de grande escassez de alimentos, pestes e terremotos. Segundo Jesus, esses eventos são apenas o início das dores (Mateus 24:8).
No entanto, a Bíblia descreve alguns sinais claros que nos permitirão saber que o fim está próximo. “Ele está próximo, às portas” (Mateus 24:33). Estes são alguns sinais que antecederão a Segunda Vinda de Jesus:
• A maldade e a criminalidade aumentarão, e o amor de muitos esfriará (Mateus 24:12).
• O Evangelho será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações (Mateus 24:14).
• Haverá uma grande apostasia (ou rebelião) contra Deus (2 Tessalonicenses 2:3).
• O Anticristo e seu poderoso império surgirão (2 Tessalonicenses 2:3–9).
• A instituição da “marca da besta” do governo do Anticristo, sem a qual ninguém poderá comprar ou vender (Apocalipse 13:16–18).
• A grande tribulação e perseguição dos cristãos por três anos e meio (Mateus 24:21–22).
Ao tentar discernir se estamos presenciando o cumprimento dos sinais dos tempos é importante lembrar que eles são um conjunto de eventos e não um único acontecimento. Como Jesus explicou: “Assim também, quando virem todas estas coisas, saibam que ele está próximo, às portas” (Mateus 24:33).
Sempre preparados
Não há dúvida de que cada dia aproxima o mundo do retorno de Jesus. Por sermos cristãos, esperamos ansiosamente por esse evento triunfante e desejamos estar preparados para ele. Mas será que estaremos vivos quando ocorrer a Segunda Vinda? Não podemos saber até vermos
Não conheço nada que eu escolheria como cerne minha ambição na vida a não ser permanecer fiel ao meu Deus até a morte, continuar ganhando almas, ser um verdadeiro arauto da cruz e testemunhar o nome de Jesus até a última hora. — Charles Spurgeon o cumprimento dos sinais definitivos de que Jesus e outros nos deram na Bíblia.
Que tipo de preparação Seus seguidores devem fazer? Após descrever em Mateus 24 o que os crentes enfrentarão nos últimos dias, Jesus ensina: “Assim, vocês também precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam”. E então fala da importância de viver em constante prontidão:
“Quem é, pois, o servo fiel e sensato, a quem seu senhor encarrega dos de sua casa para lhes dar alimento no tempo devido? Feliz o servo que seu senhor encontrar fazendo assim quando voltar. Garanto-lhes que ele o encarregará de todos os seus bens” (Mateus 24:45–47).
Ao fazer referência ao servo fiel e prudente, a quem foi dada a responsabilidade na casa do mestre e desempenha seu trabalho diligentemente, Jesus ressalta a fidelidade como fator determinante. Mesmo sem saber quando seu mestre voltará, o servo da parábola não se deixa distrair, mas está determinado a fazer bem o seu trabalho. Quando o mestre retornar, esse servo será abençoado.
Independentemente de vivermos ou não para ver os últimos sete anos da história mundial, a maneira como vivemos durante o tempo que Deus nos concede na Terra é o que realmente importa. Os cristãos são chamados a amar a Deus, amar o próximo, compartilhar o evangelho e fazer o melhor ao seu alcance para praticar os ensinamentos de Jesus. Se diligentemente vivermos assim, certamente estaremos prontos para o que der e vier.
Sejamos fiéis em conduzir nossas vidas de acordo com a Palavra de Deus, seguindo-O de perto e compartilhando as boas novas da salvação pela fé em Jesus Cristo com o maior número de pessoas possível.
Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. Adaptado do artigo original. ■
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Paz em meio a tempestade
Por Amy Joy Mizrany
Ao fim de um dia de trabalho intenso, meu colega e eu tínhamos uma última parada. Carregamos nossa van com materiais educacionais para entregá-los em uma pequena biblioteca, localizada em uma área muito problemática. Apesar de ser apenas um contêiner com prateleiras improvisadas, oferece um ambiente seguro para que as crianças estudem. É um projeto incrível.
Um aspecto importante da biblioteca é que ela está localizada entre duas áreas controladas por gangues.
Isso significa que as crianças não são hostilizadas por entrarem no “território” de alguém enquanto vão estudar.
Após dirigirmos até lá, estacionamos à beira da estrada, onde conversamos e ouvimos música enquanto esperávamos o bibliotecário.
Depois de um tempo, notamos várias pessoas se juntando na rua, olhando na nossa direção com expressões confusas.
Sem dar muita bola, apenas acenamos para quem fazia contato visual conosco e continuamos esperando. Então, aos poucos, aquele grupo se dispersou e o homem que esperávamos chegou.
Descarregávamos os livros, quando ele nos perguntou se tínhamos notado mais pessoas ao redor do que o normal. Quando respondemos que sim, ele nos disse: “As duas gangues estavam se preparando para um confronto, mas quando viram vocês, decidiram deixar para outra hora, em respeito pelo que fazem”.
Fiquei sem palavras, tentando entender quão próximos havíamos chegado de um grande perigo. A caminho para casa, ressaltei para meu parceiro como havíamos sentido tanta paz e não tínhamos sentido medo em nenhum momento. Enquanto ouvíamos música e conversávamos, sequer percebemos o perigo ao nosso redor.
Isso me lembrou de um pôster que eu tinha quando criança. Ele retratava uma família sentada em sua casa desfrutando de uma refeição enquanto lá fora uma tempestade assolava. Ao redor da casa, duas mãos enormes protegiam a família, dando-lhe paz no meio da tempestade.
Lemos nos Salmos: “Protege-me, ó Deus, pois em Ti me refugio” (Salmo 16:1).
Quando nos apropriamos dessa oração, podemos ter certeza de que Ele o fará.
Todos os dias Ele me guia e não tenho como saber dos perigos e angústias dos quais Ele me livra. Independentemente de eu ver a ameaça ou não, Ele pode me proporcionar segurança e paz de espírito onde quer que eu esteja.
Amy Joy Mizrany nasceu e vive na África do Sul, onde atua como missionária em tempo integral com a organização Helping Hand e é membro da Família Internacional. Em seu tempo livre, ela toca violino. ■
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poder da terapia da alegria
Por John Patrick
Indiscutivelmente, “a alegria do Senhor é a nossa força”, capaz de nos trazer a cura para as nossas tristezas pessoais e grandes benefícios para aqueles com quem interagimos. A alegria pode ser uma força poderosa para ajudar a transformar situações. Pode não ser um antídoto 100% eficaz contra a depressão de um adulto ou a tristeza de uma criança, mas pode ser o impulso de que precisam.
Passo muito tempo com crianças que têm câncer. Para manter uma atitude positiva apesar da morte e do sofrimento que frequentemente vejo, tento passar momentos agradáveis brincando com as crianças sob nossos cuidados. Isso beneficia tanto a mim quanto a elas. Esse é o poder de se divertir com os outros — nos faz sentir vivos e, para as crianças com câncer, realmente pode aliviar parte da dor que estão sofrendo.
Recentemente, conheci uma família que viera de Antáquia (antiga Antioquia). A mãe e seus três filhos
pequenos se mudaram para nossa cidade depois de perderem tudo no terremoto que deixou mais de um milhão e meio de pessoas desabrigadas, provocou a ruína econômica daquela família e de muitas outras.
Aquela família era originalmente da Síria, de onde, por causa da guerra civil e frequentes bombardeios, foram forçados a migrar várias vezes, até que se mudaram para a Turquia, onde alugaram um apartamento. Aos poucos, ao longo dos anos, as coisas começaram a melhorar. O pai conseguiu um emprego estável e a família estava feliz em seu pequeno apartamento em Antáquia. Eles não tinham muito economicamente, mas tinham um ao outro.
Então, em 6 de fevereiro de 2023, um terremoto com magnitude de 7,8 devastou a região em 80 segundos que pareceram uma eternidade. A família ficou presa entre os escombros do prédio de cinco andares, onde, por dois dias, passaram frio, sede e fome, à espera de resgate.
Mais aterrorizantes, contudo, eram os gemidos e gritos
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de centenas de pessoas daquele prédio e dos vizinhos, com partes dos corpos esmagadas pelos destroços.
No geral, aquela família teve sorte. A mãe e os três filhos sofreram apenas escoriações leves e o pai precisou ficar hospitalizado apenas por pouco tempo.
Pouco depois de ter alta, contudo, o homem sucumbiu aos efeitos cumulativos do estresse causado pela guerra e pelo terremoto. Por isso, sentindo-se incapaz de recomeçar mais uma vez, abandonou a esposa e os filhos.
Mãe e três filhos foram morar em um casebre em uma favela muito precária e populosa na nossa cidade. Os quatro dividiam uma pequena sala, um quarto, uma cozinha e um banheiro, prejudicados pelos vazamentos de água do apartamento de cima. O imóvel era mal iluminado, mofado e de piso cimentado. As crianças menores ficavam em um colchonete na entrada. O menino mais velho, de cinco anos, não dizia uma palavra havia quatro meses, desde o terremoto.
Entregamos a doação de alimentos para a mãe e nos comprometemos a buscar os recursos para que se mudassem para um lugar melhor. Durante a visita, um colega albanês fez espadas de balão para as crianças. Em questão de minutos, estávamos em outro mundo, “duelando” entre nós e com as crianças, inclusive o menino mais velho. Durante a brincadeira, notamos que um leve sorriso adornava brevemente seu rosto.
Naquela noite não consegui dormir, pensando naqueles três garotos. Senti que poderíamos ajudar o menino mais velho a falar novamente se passássemos mais tempo com ele. Ocorreu-me que brincar de faz-de-conta poderia ajudá-lo a lidar com a situação.
No dia seguinte, visitamos aquela família novamente, com a intenção de passar tempo de qualidade com as crianças, para as quais trouxemos alguns presentes. Voltamos a brincar com as espadas feitas de balões coloridos e cada vez que o menino mais velho nos acertava, caíamos dramaticamente, ou gritávamos como se ele nos tivesse machucado. Em poucos minutos, ele voltou a rir e menos de meia hora depois estava
Lamento dizer que ter mais alegria não nos livra da inevitabilidade de dificuldades e desilusões. Na verdade, é possível que passemos a chorar mais facilmente, mas também riremos com mais facilidade. Talvez estejamos simplesmente mais vivos. No entanto, à medida que descobrimos mais alegria, podemos enfrentar o sofrimento de uma maneira que nos enobreça em vez de nos amargurarmos. Passaremos por dificuldades sem ficarmos calejados. Vivenciaremos desilusões sem sermos destruídos. — Desmond Tutu
A maior fonte de alegria duradoura é conhecer Jesus Cristo como seu Salvador. Abra o coração para Ele por meio desta simples oração:
Querido Jesus, por favor, perdoe-me pelos meus pecados. Creio que Você morreu por mim. Convido-O a entrar na minha vida. Por favor, encha-me com o Seu amor e Espírito Santo. Ajude-me a amá-lO e amar aos outros, e viver pela verdade da Bíblia. Amém.
tagarelando com seu irmão neste mundo mágico de imaginação e diversão. A mãe estava radiante por ouvir o filho falar pela primeira vez em quatro meses!
Depois de mais alguns jogos e uma rodada do delicioso café local, chegou a hora de irmos. Saímos dali muito felizes por ver aquele menino de cinco anos ser resgatado pelos efeitos curativos da terapia da diversão e da alegria!
John Patrick é um trabalhador humanitário, professor e escritor que atua em países muçulmanos há mais de quatro décadas. Atualmente, presta assistência em programas de ajuda humanitária no Oriente Médio e na África. ■
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ADORAR SEM RESTRIÇOES
Por Ruth McKeague
Quando meu marido e eu começamos a frequentar a igreja que agora chamamos de “nossa casa”, não pude deixar de notar Jack, um homem na casa dos cinquenta anos, com um semblante sofrido. Tinha dificuldades para andar, falar e a postura ligeiramente curvada. No entanto, o que mais chamava a atenção em Jack não eram as marcas do seu sofrimento, mas a alegria pura que dele exalava.
Os membros de nossa igreja são canadenses típicos: agradáveis, educados e reservados durante os nossos cultos de domingo —exceto Jack. Sempre sentado em um dos
bancos da frente devido a problemas de audição, Jack adorava sem restrições. Com mãos estendidas e olhos erguidos, canta hinos e canções de adoração, emocionado com cada palavra.
Não fosse pelos “améns” que Jack grita durante o sermão, o silêncio na congregação seria total. Às vezes, após o culto, Jack compartilha algum versículo da Bíblia relacionado à mensagem.
Completamente presente, transbordando do Espírito Santo e totalmente alegre, Jack incorpora as palavras em Hebreus 13:15: “Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos
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continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome”.
Com o tempo, conhecemos a história de Jack.
Nas primeiras horas de 25 de dezembro de 1979, na época 20 anos, Jack estava a caminho de casa depois de uma festa. Como havia bebido, preferiu não dirigir, mas ir a pé. Um amigo dele, que também estava na mesma festa e que também havia bebido bastante, escolheu dirigir para casa. Então, para não parar no sinal amarelo, o motorista embriagado convergiu à esquerda em alta velocidade, perdeu o controle do veículo e, em uma coincidência trágica, atropelou Jack.
“E então, BUM! Fui arremessado quase 20 metros no ar” — descreve Jack o que lhe acontecera antes de ele bater a cabeça no pavimento e ficar em coma por quatro meses. O primeiro médico que o atendeu achava que ele não sairia do coma, ou, pelo menos, não voltaria a andar e falar. “Mas veja você: como temos um Deus que realiza milagres ninguém consegue me desacelerar nem me calar!” Ao sair do coma em 8 de abril de 1980, Jack foi transferido para um centro de reabilitação, onde, ao longo de mais quatro meses, reaprendeu a andar, falar, vestir-se e se alimentar.
culto de domingo e, pela primeira vez em décadas, foi à igreja.
O pastor pregou uma mensagem sobre a salvação, baseada em 1 João capítulo 5. O versículo 12 mudou a vida de Jack.
“Quando o pastor pronunciou as palavras, “Quem tem o Filho, tem a vida”, foi como se um raio atingisse o meu coração” — contou Jack batendo no peito para ilustrar o impacto que sentira. “Eu sabia que estava mudado, que tinha nascido de novo e que Deus havia tocado minha vida!”
Quando finalmente voltou para casa, Jack não manifestou grandes mudanças no comportamento. “Retomei o mesmo estilo de vida: Festa! Festa! Festa!” — lembra. Sua experiência quase fatal lhe deu muitas histórias para compartilhar em bares e outros lugares onde o álcool fluía livremente. Em dezembro de 1992, depois de ouvir sobre o terrível acidente de Jack e sua incrível sobrevivência, uma bartender o convidou para uma reunião de grupo de jovens de sua igreja. Surpreso, Jack, então com 33 anos, aceitou o convite.
Na reunião, os jovens cantaram “Jesus Me Ama”, e Jack ficou surpreso ao descobrir que podia cantar com eles. “Eu não ouvia aquela música desde os meus oito anos”, ele diz, “mas ainda lembrava da letra”. Jack perguntou ao pastor de jovens quando seria o
Então, depois de uma pausa, o homem bateu novamente no peito, tentando expressar o que suas palavras não podiam. Seus olhos brilharam, e seu sorriso iluminouse, superando todas as evidências de dor, lesões e perdas, enquanto citava as palavras da música: “Porque Ele vive, posso encarar o amanhã. Porque Ele vive, todo medo se foi... e a vida vale a pena porque Ele vive.” Jack lida com dificuldades sérias, mas, sinceramente, tenho inveja dele. “Busquem com dedicação os melhores dons...”, disse o Apóstolo Paulo em 1 Coríntios 12:31, logo antes de escrever as famosas linhas sobre a natureza do amor em 1 Coríntios 13. Como disse o Apóstolo, o coração de Jack “se alegra com a verdade” (13:6) do amor de Deus por ele. Jack se alegra com a dádiva da salvação que recebeu e com a vida abundante que encontrou em Jesus. Certamente, a alegria de Jack está entre “os melhores dons”.
Não sou o único que é inspirado por Jack. Muitos outros valorizam sua sinceridade. Penso que, a exemplo do que acontece comigo, a maneira como Jack vive lhes proporcione uma dose de liberdade. Faz com que nos permitamos deixar de lado as limitações impostas pelas convenções dos bons modos para que nosso desejo por Deus se manifeste em adoração sem restrições.
Ruth McKeague é professora aposentada. Vive em Ottawa, Canadá. ■
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Jack
FE EM MEIO A TRAGEDIA
Por Simon Bishop
As Filipinas frequentemente são atingidas por desastres naturais, capazes de causar grandes estragos e muitas vítimas. Cerca de 12 anos atrás, um tufão atingiu uma cidade na Ilha de Mindanao, provocando uma enchente repentina que destruiu centenas de casas simples da população ribeirinha. Milhares de pessoas foram arrastadas pelas águas durante a noite quilômetros de distância e outras levadas pela correnteza a outra ilha distante. Mais de 1.000 vítimas perderam a vida.
Isso aconteceu perto do Natal e eu estava no meio de muitas atividades planejadas e agendadas para ajudar os necessitados. No entanto, alguns dias após o Ano Novo, busquei maneiras de ajudar, mas não sabia se valeria a pena viajar até aquela ilha, visto que dispunha de poucos recursos para doar.
Senti Deus falando ao meu coração e pensei: Se eu tivesse acabado de perder entes queridos, do que eu mais precisaria? Provavelmente, mais do que suprimentos de ajuda ou comida, eu gostaria que alguém me confortasse,
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de ter alguém com quem pudesse conversar ou chorar. Meu parceiro de missão e eu seguimos em frente e planejamos viajar para a área atingida e, graças a muitas doações generosas de amigos, conseguimos distribuir muita comida e itens de socorro. No entanto, como eu havia pensado, as pessoas ficaram mais agradecidas pelo tempo que passamos com cada pessoa ou família que havia sofrido perdas.
No terceiro dia lá, fomos a um abrigo onde conhecemos um homem com deficiência. Seus pés eram deformados e ele tinha menos de um metro e meio de altura. Mudara-se para aquela ilha fazia anos, onde conheceu sua esposa, com quem teve dois filhos. Os três foram mortos pela enchente e ele ficou só. Sua história me fez chorar. O homem disse que provavelmente voltaria para sua cidade natal, já que não nada o prendia ali. Apesar das grandes perdas que sofrera, disse que se apegava à fé em Deus, que acreditava no céu e estava certo de que um dia reencontraria seus amados.
Vi esse tipo de fé em várias pessoas que conheci naquela viagem. Tive dificuldade de entender como aquela gente, que passara por perdas tão graves conseguia manifestar tanta confiança em Deus. Pensei muito sobre isso nos dias seguintes, comparando a fé da gente daquela comunidade com a minha, bem menos robusta.
Estas são algumas das minhas reflexões: As facilidades e os confortos da minha vida não produzem fé. Na verdade, a expectativa de que as coisas deveriam sempre ser bastante fáceis e abundantes me deixa muito frágil e propenso à ansiedade, a ponto de, às vezes, as dúvidas se tornarem mais fortes em minha mente do que a minha fé. Aqueles sobreviventes, porém, que enfrentam a pobreza e a adversidade diariamente, têm uma base mais sólida para sua fé. Depositam a confiança na soberania de Deus, em Quem Deus é. Sua fé não se baseia no que Deus fez ou deixou de fazer por eles, nem questionam Sua justiça. Vejo que eles têm um alicerce muito mais firme para construir a fé.
Desde essa experiência, tento e às vezes consigo ser mais forte na fé, lembrando que Deus quer o melhor para mim. Não me cabe julgá-lO ou avaliar se Ele está fazendo um bom trabalho. Devo apenas confiar nEle e cultivar minha fé passando tempo com Ele por meio da oração e da leitura da Sua Palavra, a Bíblia.
Espero que um dia eu possa dizer, como fizeram os três hebreus a quem o rei da Babilônia ameaçou lançar na fornalha ardente se recusassem a se curvar diante de seu ídolo de ouro: “Se formos atirados na fornalha em chamas, o Deus a Quem prestamos culto pode livrar-nos, e Ele nos livrará das tuas mãos, ó rei. Mas, se Ele não nos livrar, saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos teus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer” (Daniel 3:17–18). Em outras palavras, nossa fé está em Deus, independentemente de Ele fazer ou não o que esperamos que Ele faça. Sabemos que Ele é capaz e deixamos nosso destino em Suas mãos.
Simon Bishop se dedica em tempo integral a trabalhos missionários e humanitários nas Filipinas. ■
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Leitura que alimenta
CONTROLE DE CRISE
É possível não perder a esperança mesmo em meio a uma crise. Quanto mais lermos e absorvermos a Palavra de Deus, mais crescerá nossa fé e mais confiaremos que Ele cuidará de nós. (Veja Romanos 10:17; Salmo 18:30.)
Peça ajuda a Deus.
Os justos clamam, e o Senhor os ouve; livra-os de todas as suas angústias. — Salmo 34:17
No dia da minha angústia clamarei a Ti, pois me responderás. — Salmo 86:7
Cheguemo-nos, pois, com confiança ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno.
— Hebreus 4:16 (ACF)
Medite nas promessas de Deus.
Mas o amor leal do Senhor, o seu amor eterno, está com os que [...] guardam a Sua aliança. —Salmo 103:17–18
Tu és o meu abrigo e o meu escudo; e na Tua palavra coloquei minha esperança. — Salmo 119:114
Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança. — Romanos 15:4
Confie em Deus para resolver o problema.
Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em
todos os seus caminhos, e Ele endireitará as suas veredas.
— Provérbios 3:5–6
Os que conhecem o Teu nome confiam em Ti, pois Tu, Senhor, jamais abandonas os que Te buscam. — Salmo 9:10
Por isso, não abram mão da confiança que vocês têm; ela será ricamente recompensada. Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que Ele prometeu — Hebreus 10:35–36
Lembre-se da bondade e da fidelidade de Deus.
Embora os montes sejam sacudidos e as colinas sejam removidas, ainda assim a minha fidelidade para com você não será abalada. — Isaías 54:10
Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus. — Romanos 8:28 (AA)
Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.
— Filipenses 1:6
Agradeça-Lhe por atender às suas orações. Deem graças ao Senhor porque Ele é bom; o Seu amor dura para sempre. — Salmo 107:1
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus; E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus. — Filipenses 4:6–7 ■
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AJUDA NOS DIAS DIFÍCEIS
Por Joyce Suttin
Andei muito irritada ultimamente. Coisas que tipicamente não me chateariam pairavam sobre mim como uma nuvem sombria prenunciando tempestade. Minha vontade era ficar sozinha no quarto para lamentar a infinidade de mágoas que me assolavam. Ao mesmo tempo em que eu me escondia, sentia solidão e queria que alguém visse através da minha fachada de cordialidade. Esperava que alguém me escutasse expor o que estava represado dentro de mim.
Então as coisas chegaram a um ponto em que explodi com alguém inocente. Não foi com minha neta de dois anos, com quem sempre tenho muita paciência. Tampouco foi com a pessoa mal-humorada que me ofendeu. Infelizmente, um bem-intencionado recebeu minha crítica injusta quando perguntou o que estava me incomodando.
No fim do dia, antes de dormir, saí para caminhar e orar. Pedi ao Senhor que me perdoasse e me ajudasse a superar esse período difícil. Na manhã seguinte, enquanto lia algumas reflexões espirituais, as primeiras linhas tocaram meu coração e me impactaram de uma maneira transformadora.
“Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver dúvida, que eu leve a fé; onde houver desespero, que eu leve a esperança; onde houver trevas, que eu leve a luz; onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Ó Divino Mestre, fazei com que eu procure mais consolar do que ser consolado; compreender do que ser compreendido; amar do que ser amado. Pois é dando que se recebe; é perdoando que se é perdoado; e é morrendo que se ressuscita para a vida eterna.” — Atribuído a São Francisco de Assis
Essas palavras magníficas confortaram meu coração atribulado, curaram-me e desafiaram-me a ser melhor, a fazer melhor, a transformar essas ofensas em compaixão por todos que sofriam como eu e estavam passando por dias difíceis. Eu própria precisava de perdão. Julgara quem me criticou quando eu estava tentando ajudar, mas, por minha vez, magoei alguém que estava tentando me animar.
Naquele dia, minha cordialidade deixou de ser apenas aparente para emanar de um coração corrigido e a gentileza em minhas palavras se tornou genuína. Acima de tudo, fazer a “Oração de São Francisco” me trouxe a profunda paz que vem de saber que o Senhor me ajudará mesmo nos dias mais difíceis.
Joyce Suttin é professora aposentada e escritora. Vive em San Antonio, no Texas. Confira o blog dela em joy4dailydevotionals. blogspot.com. ■
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Com amor, Jesus
De eternidade a eternidade
Meu Amor por você é de eternidade a eternidade (Salmo 103:17)! Coloquei Meu amor e Meu Espírito no fundo de seu coração para você encontrar as forças, a fé e a esperança que precisa para sua jornada.
Quando você se sentir sozinho ou passar por tempos difíceis, venha a Mim e encontrará paz em Minha presença. Quando desanimado, olhe para o Meu rosto e veja-Me sorrir para você com Meu amor incondicional (Hebreus 13:5). Quando se sentir preocupado ou ansioso em relação ao estado do mundo e a aparente presença do caos, traga todas as suas preocupações para Mim. Entregue todos os problemas e todas as preocupações da vida a Mim, e encontrará descanso para a sua alma (Mateus 11:28–29).
Quando você se sentir fraco, serei a sua força. Quando a confusão reinar ao seu redor, darei a você a Minha paz que transcende todo entendimento (Filipenses 4:7). Quando você se sentir com medo, Eu confortarei o seu coração. Quando sentir pressão, Eu trarei alívio.
Quando tudo ao seu redor parecer escuro e tempestuoso, Minha Palavra será uma lâmpada para guiar você e uma luz para o seu caminho (Salmo 119:105). Quando se sentir perdido, estou com você para lembrar que você já foi encontrado e está seguro para toda a eternidade. Você é Meu para sempre e nada jamais poderá separá-lo do Meu amor (Romanos 8:38–39).