Grantland Rice, um jornalista esportivo americano do início do século passado, escreveu: “O mais importante não é vencer ou perder, mas como se joga.” Esta edição da Contato remete a esse conceito, ao abordar o “Jogo da Vida”. Como nos esportes, há momentos em que estamos “em alta”, desfrutando de uma “sequência vitoriosa”, e outros momentos em que estamos “em uma má temporada”, estamos “passando por uma fase ruim”. Mas um dia olharemos para trás e veremos que nossas memórias mais preciosas não são das “vitórias fáceis”, mas das experiências que testaram nossa resistência e perseverança.
Apesar da grande ênfase dada a vencer no mundo ultracompetitivo de hoje, o grande indicador de sucesso é a forma como participamos do jogo da vida, especialmente como jogamos com nossos companheiros de equipe e com nossos rivais. Isso se aplica especialmente à maneira como os cristãos participam do jogo da vida, muito semelhante à forma como se praticam os esportes em equipe.
Raramente a vitória se deve a uma estrela solitária, mas ao esforço de um time. Tipicamente, os melhores jogadores incentivam seus companheiros de equipe, envolvem-nos em suas jogadas, dão assistência para que outro finalize a jogada e tratam seus adversários com consideração e respeito.
Enquanto escrevíamos este editorial, lemos os comentários sobre um político que falecera em um acidente trágico. Embora a lista de realizações desse homem fosse bastante impressionante, empalidecia quando comparada aos seus atributos pessoais enaltecidos por aqueles que lhe eram próximos. Destacaram seu otimismo, perseverança, dedicação, senso de serviço, humildade, convicções fortes e muito mais. Alguns dos comentários mais instigantes foram sobre a forma como ele lidava com contratempos e falhas, sua fé profundamente enraizada, confiança ao enfrentar desafios e sua generosidade para com seus adversários políticos. Isso é um bom lembrete de que nossa vida diz mais respeito a quem somos do que ao que fazemos.
Como devemos participar do jogo da vida? Nosso livro guia, a Bíblia, é uma fonte de inspiração divina, força e orientação que nos dará a fortaleza para viver cada estágio de nossa existência com dignidade, amor, graça e glória.
Gabriel e Sally García
Equipe Editorial da Contato
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“Chute! Chute!!” Lá estava ele, com a bola dominada e o gol vazio à sua frente. Sua equipe gritava para incentivá-lo enquanto a adversária se apressava para tentar uma defesa.
Era um chute certo e aquele gol teria colocado nosso time na liderança, mas, quando ele virou e passou a bola para outro companheiro de equipe, um suspiro de frustração tomou conta do restante da equipe.
Ele não tem jeito. É o melhor jogador, mas diminui o ritmo se a outra equipe estiver tendo dificuldades, ou passa a bola para outras pessoas quando tem a oportunidade de marcar, pensei.
Durante a conversa após o jogo, seu excesso de vontade de passar a bola veio à baila. Volta e meia brincávamos e ríamos de ele conseguir ser sempre o jogador menos agressivo em campo. Ele queria vencer, amava o futebol e provavelmente era o mais talentoso de todos nós, mas também a pessoa menos competitiva que conheci.
Quando um dos nossos irmãos mais novos queria jogar, ele sempre arrumava uma vaga, passava a bola para o menor e dava conselhos. Se a criança estivesse
na outra equipe, ele pegava leve e garantia que a outra equipe não a deixava em uma posição além da sua capacidade.
Deixar nosso irmão caçula jogar não nos incomodava, mas não gostávamos nem um pouco quando ele deixava de marcar um gol a nosso favor.
Entretanto, independentemente de quanto o provocávamos ou chiávamos, respeitávamos sua atitude. E até hoje, quando falamos sobre aqueles jogos, destacamos com respeito aquela maneira de jogar.
Quando lembro disso, sinto que ele não estava tão interessado na sua carreira como jogador de futebol amador nas ruas da África do Sul, mas em outra. Tinha clareza de como queria viver e quem queria ser, independentemente do que acontecia ao seu redor ou do que os demais consideravam importante. Aquele jovem sabia qual jogo na vida queria vencer.
Amy Joy Mizrany nasceu e vive na África do Sul, onde é missionária em tempo integral com organização Helping Hand e membro da Família Internacional. Em seu tempo livre, toca violino. ■
O JOGO
DA VIDA
A vida não é uma jornada que se percorre desacompanhado. Ao longo dela formamos redes com as pessoas das quais precisamos e que precisam de nós. Quando bebês, somos 100% dependentes de nossos pais ou cuidadores, capazes apenas de absorver as informações que inundam nossos sentidos nessa coisa nova e maravilhosa chamada “vida”. Em pouco tempo, aprendemos a andar e começamos a falar, desenvolvendo nossa personalidade e aprendendo com nossas experiências, para nos tornarmos a pessoa singular que Deus nos criou para ser.
Desde tenra idade, tendemos a buscar aceitação e aprovação de nossa família, professores e amigos. Descobrimos a alegria que ser aceito e apreciado traz, e o senso de pertencimento que podemos encontrar entre nossos parentes, na nossa tribo ou na comunidade em que vivemos. Com o tempo, a maturidade e as experiências podem nos levar a adotar uma versão mais
sutil da busca por aceitação e pertencimento que nos acompanha desde crianças, mas, a necessidade universal de apoio e ser valorizado permanece ao longo de nossa existência. O dia a dia nos cerca com aqueles com quem mantemos relações de interdependência.
A vida é um esporte de equipe, no qual todos temos influência sobre outras pessoas. Nossa família, amigos, colegas de trabalho, vizinhos e outros crentes são membros das comunidades às quais pertencemos. Passamos pela vida como um time e para desempenharmos o papel que Deus nos deu neste jogo, aprender a jogar bem em equipe é essencial. Seres humanos não conseguem prosperar sem essas interdependências—fomos criados por Deus para a vida em comunidade. Na nossa busca por aceitação e pertença, nós, cristãos, encontramos nosso verdadeiro lar quando descobrimos que somos filhos
de Deus por meio da fé em Jesus Cristo (1 João 3:2). A Bíblia nos diz que Deus “Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da Sua vontade” (Efésios 1:5). “Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus” (1 Pedro 2:10).
A atual tendência ao individualismo e ao “cada um por si” não faz parte do projeto original de Deus para os seres humanos. Ao criar a humanidade à Sua imagem, dotou-nos com a necessidade de integrar uma comunidade com interdependências. Na maior parte de nossas vidas, estamos cercados por uma miríade de influências capazes de nos afetar e as nossas decisões, assim como, em certa medida, influenciamos aqueles com quem interagimos no dia a dia.
Conforme envelhecemos, mais gente passa a integrar nossa equipe no jogo da vida e nossa esfera de influência tende a se expandir para incluir cônjuge, filhos, amigos
ou conhecidos. Nossas decisões muitas vezes passam a ter mais peso e maior potencial para impactar. Mais pessoas contam que tenhamos bom senso e são afetadas por nossas decisões. A vida é um esporte em equipe que se torna mais complexo e muitas vezes continua a crescer em complexidade ao longo da jornada da vida.
Vale lembrar, contudo, que neste esporte coletivo há uma arena na qual participamos como indivíduo: em nosso relacionamento pessoal com Deus. A fé e a interação com Deus não nos permitem passar a bola para outra pessoa para que ela faça a jogada, chute e marque o gol por nós.
Quando o tempo de jogo se esgotar e o apito final soar, a Bíblia nos diz que cada um de nós se apresentará na condição de indivíduo ao Deus do Céu, a quem deveremos prestar contas de nossas vidas, nossas escolhas e nossas ações (Romanos 14:10–12).
Então, haverá apenas Deus e cada um de nós. No fim de nossas vidas, cada um comparecerá sozinho diante do Senhor, e não como parte de uma família, igreja ou comunhão cristã.
É por isso que, apesar das tendências contemporâneas, os cristãos são chamados a fazer escolhas e agir de maneiras que honrem e agradem a Deus. Independentemente das decisões e ações dos outros, devemos viver de acordo com nossa fé e moral, amando a Deus, ao próximo e fazendo o que estiver ao nosso alcance para levar as pessoas ao conhecimento de Deus e a um relacionamento com Ele.
Somos chamados para refletir em nossas vidas cotidianas o amor de Deus para nossas famílias, aqueles que nos são caros, em nosso local de trabalho e comunidade (Mateus 5:14–16). Como parte de nosso testemunho, a Bíblia nos ensina a ser bons modelos para as pessoas dentro de nossas redes mais amplas, para que nossa influência seja uma bênção em suas vidas (Romanos 12:12–18; Filipenses 2:15).
Às vezes, é difícil fazermos o que sabemos que é certo e sermos leais às nossas convicções quando isso é impopular ou de alguma forma pode nos prejudicar. Entretanto, é maravilhoso saber que quando cada um que escolhe se tornar filho de Deus entra para a equipe vencedora, da qual Jesus é o treinador (Colossenses 1:12). Mesmo quando erramos ou
perdemos a bola, podemos nos apoiar nEle para garantir que todas as situações que enfrentamos neste jogo da vida se traduza em benefícios para nós e isso se aplica aos aspectos bons e ruins, às nossas vitórias, às nossas derrotas, nossos fracassos e erros (Romanos 8:28)!
O Senhor observa todas as boas decisões que tomamos, como cada uma nos afeta e aqueles do nosso círculo de influência e como buscamos enriquecer a vida dos outros. Deus também vê nosso amor por Ele, nossa fé nEle, nosso desejo de Lhe agradar e obedecer, assim como nossa convicção de contar aos outros sobre Ele e mostrar amor e cuidado altruísta pelos outros.
A estratégia para vencer neste jogo é esforçar-se para fazer escolhas na vida que o tempo provará serem as certas, as quais começam com um bom relacionamento pessoal com Deus. Nessa partida, jogam apenas você e Ele, e as decisões que você tomar para ser fiel a Ele e à Sua Palavra serão recompensadas quando você for recebido em sua morada eterna no céu, quando receberá de a Sua aprovação, a maior que pode ser buscada (Mateus 25:21).
Na corrida da vida, devemos sempre pensar da linha de chegada, “tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hebreus 12:2).
Este artigo é uma adaptação de parte da série Roadmap de artigos de liderança cristã. ■
Se ainda não recebeu Jesus como seu treinador no jogo da vida, pode fazer isso por meio desta simples oração:
Querido Jesus, creio que Você morreu por mim. Obrigado! Por favor, entre no meu coração, perdoe meus pecados e me conceda a vida eterna. Encha-me com o Espírito Santo. Preciso que me conduza, oriente e treine neste jogo da vida, para que eu possa fazer as escolhas certas e entrar na próxima vida como um campeão. Ajude-me, por favor, a correr esta corrida com os olhos fitos em Você, meu grande e vitorioso treinador. Amém.
MANUTENÇÃO PREVENTIVA
Por Fátima Sara
Todos passamos por situações que deixam marcas profundas em nossos espíritos. Tive uma experiência assim há vários anos.
Enquanto orava, Jesus me disse: “Sua fé em breve será testada, mas não tema. Este será um tempo de readaptação.”
Dez dias depois, durante uma missão humanitária em uma área remota de Burkina Faso, África Ocidental, encontrei-me de cabeça para baixo em um Land Rover que havia saído da estrada e capotado em uma vala. Os próximos dias foram uma confusão de hospitais, telefonemas, relatos do acidente e agradecimentos a Deus por Sua proteção. Éramos cinco pessoas naquele acidente potencialmente fatal, mas a pior lesão sofrida foi uma clavícula quebrada.
Deus é capaz de trazer algo de bom de cada situação, e este acidente não foi exceção. Experimentamos a
hospitalidade e empatia típicas dos africanos; desde motoristas de táxi até médicos e embaixadores expressaram sincera preocupação com nosso bem-estar. Aprendi a valorizar ainda mais meus colegas de trabalho, que não deixaram suas escoriações, contusões ou clavícula quebrada os impedirem de levar ajuda a orfanatos e vilarejos remotos.
A impressão mais profunda em mim, contudo, ficou por conta de algo que Deus me ensinou sobre minha vida espiritual. Assim como o desalinhamento das rodas do Land Rover causara nosso acidente, meu espírito também precisa de manutenção. Se eu não verificar regularmente meu espírito, ele pode ficar desalinhado por pedras e buracos na estrada da vida —problemas, decepções, perdas, etc. E se esse desalinhamento espiritual não for corrigido, corro o risco de, em algum ponto particularmente crítico, perder o controle, sair da estrada e acabar de cabeça para baixo em uma vala.
Manter nossas vidas espirituais por meio da oração, boa alimentação espiritual e uma vida piedosa é tão importante para nossa felicidade e bem-estar quanto o cuidado de nossos veículos é para a segurança na estrada. Quando trabalhamos para manter nossos espíritos em boa forma e estamos cientes de nossas forças e limitações, podemos responder melhor a qualquer situação em que nos encontramos. Nossa fé no amor e no desvelo de Deus servem como amortecedores, para reduzir o impacto dos solavancos na estrada; o alinhamento adequado nos manterá no caminho certo; e nossas vidas nos levarão para onde Deus quiser que vamos.
Tenha uma viagem segura!
Fátima Sara é professora de idiomas e membro fundador da Sembrando Valores Granada e da Family Education Ghana. ■
impertubável
Por Marie Alvero
“Os que amam a tua lei desfrutam paz, e nada há que os faça tropeçar” (Salmo 119:165).
Certas coisas não me perturbam: meu filho pequeno ficar chateado comigo por colocá-lo na cadeirinha do carro; a roupa tenebrosa de uma celebridade no tapete vermelho; o resultado do Super Bowl ou da Copa do Mundo; alguém que não é meu amigo não gostar da minha casa.
Essas coisas não me abalam, seja porque sei o que estou fazendo (como quando coloco meu filho na cadeirinha do carro) ou porque não estou de forma alguma preocupada com os desdobramentos na minha relação com a outra pessoa ou com o que pensa.
No entanto, já me abalei pelas opiniões dos outros sobre como conduzo minha vida cristã, sobre minha inteligência, postura política, aparência, experiências, conhecimento, habilidades, relacionamentos e mais. Por quê? Porque essas coisas mexem com a maneira como me vejo, ou porque me importo com o assunto ou com as consequências. Muitas vezes, uma relação ficou azeda para mim porque me senti ofendida, ou ofendi a outra pessoa. Isso acontece facilmente quando minhas prioridades estão erradas. Nessas horas, importo-me mais com algo temporal e superficial do que com o que Deus disse e, antes que eu perceba, estou seguindo por um caminho que nunca quis.
É muito mais simples fundamentar-se na verdade e não se deixar abalar por qualquer tópico quente. Como
podemos fazer isso? Ouvindo a Palavra de Deus. A Bíblia nos diz o que é verdadeiro, mesmo que todos os outros estejam gritando algo contrário. Deus nos diz como Ele vê Seus filhos, mesmo que outras opiniões estejam vindo em sua direção.
Quando me apego ao que Deus diz na Bíblia, as outras coisas tornam-se menores, menos ofensivas e menos impactantes. Nem sempre consigo fazer isso bem. É difícil. Às vezes, as outras coisas têm para mim uma importância excessiva. Hoje de manhã mesmo, eu me deixei abalar sem a menor necessidade. Felizmente, ocorreu-me o versículo da Bíblia que citei no início deste artigo, lembrando-me do que realmente importa.
Na cultura moderna ficar ofendido é um motivo de orgulho e uma forma de autodefesa. Mas essa atitude está produzindo tipos de hostilidade e fragilidade que estão destruindo relacionamentos e prejudicando a saúde mental. Isso não significa que não existam coisas que valem a pena discutir e defender. Mas significa que, se algo se torna tão importante a ponto de ameaçar sua paz, provavelmente ganhou uma importância maior do que deveria.
Volte para a Palavra de Deus. Lembre-se do que é eterno, infalível e verdadeiro (Mateus 24:35). Encontre sua paz uma vez mais.
Marie Alvero foi missionária na África e no México. Atualmente, vive com o marido e filhos no Texas, EUA. ■
IMPEDINDO OS VASAMENTOS
Por Chris Mizrany
Na África do Sul, há alguns anos, por conta de uma prolongada estiagem quase não choveu mesmo na estação chuvosa. Esse fenômeno combinado com o crescimento da população urbana produziu sérios problemas no abastecimento de água.
Nessa época, levamos um susto quando nosso hidrômetro acusou que nosso consumo de água quase havia dobrado. A situação se tornou ainda mais estressante porque o município vinha aumentando as tarifas de água para desencorajar o desperdício e até prometera publicar uma lista identificando as residências com maior consumo de água. Todos nos determinamos a encontrar o problema. Banhos demorados desnecessários? Não. Brincadeiras com água no quintal? Também não. Não entendíamos o que estava causando o aumento no consumo de água.
Então alguém ouviu um som fraco vindo de um dos banheiros. Após investigação, descobrimos que o ponto de coleta do tubo extravasor estava mais baixo do que deveria, permitindo que um pequeno fluxo de água causasse o desperdício. A vazão era quase imperceptível, mas ao longo de um mês, teve um impacto enorme!
O defeito foi consertado e nossos batimentos cardíacos voltaram ao normal.
Foi um passo importante, mas não resolveu todo o problema. Para compensar o custo extra de nossa conta de água, precisamos ser extremamente econômicos no mês
seguinte. Isso significou não usar a máquina de lavar louça, lavar toda a roupa à mão, tomar banhos curtos e menos frequentes e reutilizar a água para a descarga de vasos sanitários e limpeza de pisos. Conseguimos superar, mas como teria sido mais fácil se o vazamento tivesse sido detectado desde o início!
Essa experiência me lembra de como uso meu tempo. Em quantidades imperceptíveis, deixo-o escapar ao longo do dia sem chances de recuperação. O mundo sofre com escassez de tempo e a ampulheta rapidamente se esvazia. No entanto, com muita frequência, deixo meu tempo fugir, desnecessariamente e sem nada para mostrar por isso. Então, de repente, sou confrontado com um prazo ou outro assunto, e “simplesmente não tenho tempo suficiente”! Então, sofro pelas meus desperdícios passados.
A Bíblia diz: “Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem…aproveitando ao máximo cada oportunidade” (Efésios 5:15–16). Vamos lá e vamos identificar os “vazamentos” em nossas vidas para que possamos viver plenamente e fazer a diferença em nossa parte do mundo.
Chris Mizrany é missionário em tempo integral com a Helping Hand na Cidade do Cabo, África do Sul. ■
TESOUROS DO CORAÇÃO
Por Curtis Peter van Gorder
Em minhas viagens por terras distantes, contemplando paisagens antigas, sou confrontado por um tema com o qual me identifico, um pressentimento sombrio de que os tesouros e prazeres deste mundo são passageiros. É como se as ruínas clamassem, dizendo: “Não confie em riquezas incertas; poder e fama são ilusões!” Ou como foi escrito sobre o túmulo de um nobre romano em uma mensagem críptica do além: “Assim como sou, você será”!
Não é uma realidade muito diferente da amarga experiência do autor de Eclesiastes. Ele disse: “Não me neguei nada que os meus olhos desejaram; não me recusei a dar prazer algum ao meu coração. Na verdade, eu me alegrei em todo o meu trabalho; essa
foi a recompensa de todo o meu esforço. Contudo, quando avaliei tudo o que as minhas mãos haviam feito e o trabalho que eu tanto me esforçara para realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento; não há nenhum proveito no que se faz debaixo do sol” (Eclesiastes 2:9–11).
Cada lugar que preserva a glória passada tem sua própria história única enterrada sob os escombros dos séculos. Em ocasiões, um pequeno pedaço dessa história se destaca sob a luz do sol e temos um vislumbre do que está por baixo. Foi o que aconteceu em nossa recente visita ao Forte Kangra, no norte da Índia, apelidado de “a pérola dos Himalaias” pelos governantes mongóis que cobiçavam seu controle sobre a região.
A história que ouvimos é que as pessoas das terras vizinhas regularmente levavam seus presentes aos templos daquele lugar. Quando os tesouros transbordavam, o excedente era armazenado em poços cavados para esse fim, o que, claro, chamava a atenção. Em 1009, Mahmud de Ghazni capturou a cidade e levou embora sete toneladas de moedas de ouro, oito toneladas de diamantes e pérolas e 28 toneladas de utensílios de prata e ouro!
Tentando consolar o antigo governante da cidade, cada súdito doou uma rúpia, para a compra de um colar de pérolas que lhe foi presenteado. A joia, que se tornou uma relíquia de família até ser entregue aos britânicos em troca de uma pequena área de terra, hoje é parte do tesouro da Coroa Britânica.
Como tantos edifícios de glória que viraram ruínas, o Forte Kangra foi gravemente danificado, em um terremoto que atingiu a área em 1905.
Toda essa transitoriedade me faz pensar: O que realmente importa? O que vai durar? Jesus nos diz que “a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” (Lucas 12:15). Então, do que consiste?
No final de Eclesiastes, o autor resume dizendo: “Pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mau” (Eclesiastes 12:13–14).
Jesus nos diz que o mais importante é amarmos a Deus, ao próximo e que isso nos trará recompensas celestiais. De fato, não podemos levar nada conosco quando morremos, como descobriu o rico tolo na parábola de Jesus. Em vez de distribuir seus abundantes estoques de grãos, passou a última noite de sua vida planejando celeiros maiores para guardar o excedente de sua safra. (Veja Lucas 12:16–21.)
Nós viemos ao mundo e assim dele partiremos, mas tenho uma boa notícia: Jesus prometeu que o que fazemos
Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam.
Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.”
— Mateus 6:19–21
por amor a Deus e ao próximo permanecerá. Ele nos recompensará agora e no futuro.
Meu pai era advogado especializado em divórcio. Depois de uma vida lidando com partes briguentas, refletiu: “No final, tudo se resume a coisas. Quem ficaria com este sofá ou aquele carro? Que desperdício! A vida é muito mais do que coisas!”
O conselho de Paulo ao jovem Timóteo foi amar e confiar no Deus vivo. (Veja 1 Timóteo 6.) Devemos desfrutar do que temos e até ser gratos quando temos muito pouco. Devemos ser generosos, ajudar aqueles que estão em necessidade e manter as linhas de comunicação abertas para compartilhar nossa fé e encorajar outros.
Esses são bons princípios para viver! Esses são tesouros eternos que um terremoto não pode derrubar nem podem ser levados por adversários.
Curtis Peter van Gorder é escritor freelance e mímico. Dedicou 47 anos à realização de atividades missionárias em 10 países. Ele e sua esposa, Pauline, atualmente moram na Alemanha. ■
HUMILDADE — UMA HABILIDADE ESSENCIAL
Por G.L. Ellens
A revista Forbes publicou um artigo sobre a importância da humildade para o sucesso no mundo atual. Em uma sociedade que valoriza a autopromoção e o individualismo, a humildade muitas vezes não é priorizada dentre as características desejáveis. No entanto, as mudanças no ambiente de trabalho estão tornando a humildade cada vez mais importante. Considerando as transformações no mundo e os ensinamentos da Bíblia sobre humildade, desenvolver essa habilidade nos ajudará a sermos líderes e colaboradores melhores.
É uma necessidade que está se agravando conforme a tecnologia e a inovação reformulam a força de trabalho. O surgimento da inteligência artificial e da automação tem substituído o trabalho humano e os empregos que restam muitas vezes exigem um novo conjunto de competências. As habilidades interpessoais, como comunicação, adaptabilidade e colaboração, estão ganhando destaque. Aqueles que são humildes têm maiores chances de serem adaptáveis, abertos a novas ideias e dispostos a aprenderem com os outros, o que é essencial em uma indústria que requer colaboração e equipes multifuncionais. Os cristãos estão bem-preparados para o futuro porque reconhecemos a importância da humildade do ponto de vista de Deus. A Bíblia tem muito a dizer sobre sua importância e apresenta exemplos de líderes conhecidos por sua humildade. Jesus é o melhor exemplo de humildade. O Evangelho segundo Mateus descreve Sua entrada em Jerusalém: “Eis que o seu rei vem a você, humilde e montado num jumento, num
jumentinho, cria de jumenta” (Mateus 21:5). Paulo também diz a Timóteo, um jovem líder da igreja, “Ao servo do Senhor não convém brigar mas, sim, ser amável para com todos, apto para ensinar, paciente” ( 2 Timóteo 2:24 ).
A sociedade pode ver a humildade como um meio de ganhar respeito e influenciar os outros; no entanto, a Bíblia a enfatiza como uma maneira de servir e honrar a Deus. Os crentes podem combinar as duas perspectivas, se, pela humildade glorificarem o Criador e construírem relacionamentos sólidos com os outros.
Cultivar a humildade é um processo que se dá ao longo da vida, mas existem alguns passos práticos para desenvolvermos essa importante virtude. Uma maneira é praticar a escuta ativa, que envolve realmente ouvir e entender o que os outros estão dizendo. Outra é admitir nossos erros e assumir a responsabilidade por eles, em vez de culpar os outros. Finalmente, podemos cultivar humildade servindo aos outros e colocando suas necessidades acima das nossas.
Provérbios 22:4 diz: “A recompensa da humildade e do temor do Senhor são a riqueza, a honra e a vida”. Ao abraçar a humildade, honramos a Deus e podemos construir um mundo melhor.
G. L. Ellens foi missionária e professora em escolas do Sudeste Asiático por mais de 25 anos. Hoje aposentada, permanece ativa em trabalho voluntário, além de seguir seu interesse pela escrita. ■
OLHANDO PARA JESUS
Por Marie Knight
Quando comecei a correr por motivos de saúde, não estava muito otimista. Não achava que conseguiria fazer muito e quase abandonei a ideia. Mas relutantemente comecei definindo um pequeno objetivo: correr 10 minutos, caminhar cinco minutos e, na sequência, correr novamente.
Quando comecei, imediatamente me senti sem fôlego com o esforço desconhecido e, apenas cinco minutos após o início da corrida, minhas pernas doíam. Eu queria desistir e parar, mas só tinha percorrido metade do primeiro trecho do meu objetivo, então continuei. Não consigo dizer exatamente quando aconteceu, mas depois de superar as primeiras sensações de exaustão, o desconforto se tornou suportável. Passaram-se dez minutos, depois 15... até que alcancei meu objetivo de correr 30 minutos seguidos.
A Bíblia fala sobre o assunto em Hebreus 12:1-3 :
“Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. Pensem
bem naquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para que vocês não se cansem nem desanimem”.
Isso, é claro, não se refere a uma corrida de 30 minutos, mas é uma metáfora para a vidas. Correr com paciência significa continuar, não desistir. Isso não é uma corrida de velocidade de 100 metros, é uma maratona, uma prova de resistência, para a qual precisamos paciência e motivação até alcançarmos nosso objetivo.
O primeiro lugar onde desistimos é em nossas mentes. Se ficarmos desanimados e nos convencermos de que algo é muito difícil, geralmente será. E é frequentemente nesse momento que desviamos o olhar do objetivo e começamos a pensar em sentimentos e circunstâncias.
Por sermos cristãos, não há maior motivação do que continuar olhando para Jesus, que suportou grandes sofrimentos por nós com alegria porque sabia o que isso iria realizar e significar para nós. E se nos concentrarmos, coisas que pensávamos não poder fazer se tornam possíveis, e um dia diremos com o apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” ( 2 Timóteo 4:7 ).
Marie Knight é uma voluntária missionária em tempo integral nos Estados Unidos. ■
ABRAÇANDO A TRANSFORMAÇÃO
Por Iris Richard
Meu mundo
começou a virar de cabeça para baixo conforme muitas coisas com as quais eu estava acostumada ameaçavam mudar. Nosso contrato de moradia de longo prazo expirou e as pessoas da nossa equipe de projetos comunitários e de evangelização passaram, uma a uma, a seguir outros caminhos. Nossos filhos, agora jovens adultos, bateram asas e deixaram o ninho. Então lá estávamos, apenas meu marido e eu, em um desafiador campo missionário africano. Sentíamos que nos faltavam as competências e a coragem para lidar com o tumulto no qual se transformou nossa rotina habitual. Mesmo reconhecendo que Deus nunca deixara de nos ajudar em muitos testes e desafios e que Ele nunca falhara em nenhuma de Suas promessas de proteção,
apoio e segurança para nós (Mateus 7:7–8), o futuro não parecia muito positivo. A questão de como poderíamos lidar com o aumento da carga de trabalho parecia assustadora, e enquanto eu tentava descobrir como enfrentar a situação imediata, um vazio e preocupação com o futuro se instalaram em minha mente.
Dependíamos das muitas habilidades que nossos colegas de trabalho traziam para a equipe. Sempre tivemos pessoas talentosas com quem colaborar. Por isso, nunca me dei ao trabalho de aprender a dirigir, pois isso incluiria aprender também a navegar pelo assustador e descontrolado tráfego congestionado em nossa cidade africana, o que eu alegremente sempre deixara para um colega de equipe. Da mesma forma, nunca tive de criar as peças de comunicações sobre nossos projetos e falar em público não era algo em que eu me destacava. Até
então, contava com colegas talentosos para lidar com essas tarefas, enquanto eu desfrutava das vantagens de fazer o que estava dentro do alcance de meus dons e treinamento. Agora, diante de tantas mudanças drásticas, minha mente protestava: “Oh Deus, o que aconteceu com minha vida ordenada e programada, e quando a proverbial vaca decidiu se mudar de vez para o brejo?” Eu estava preocupada durante meu tempo matinal de leitura e oração, quando me veio o seguinte versículo da Bíblia: Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá” (Salmo 37:5). Isso foi seguido por outra breve mensagem: “Tenha coragem, Deus está no controle”! Minhas reclamações turvaram minha visão das novas coisas que Deus queria fazer em minha vida. O tempo que passei lamentando as portas fechadas do passado obscureceu minha visão, a ponto de eu sequer notar as janelas abertas que haviam surgido bem perto de mim. Tenho percebido, especialmente à medida que envelheço, que minha tendência natural é primeiro me concentrar no negativo, ponderando sobre oportunidades perdidas, antes de atentar aos benefícios trazidos pela mudança. Quando finalmente me concentrei no lado positivo das portas fechadas, senti a fragrância fresca que soprou pelas janelas recém-abertas, para as quais Deus estava tentando chamar minha atenção. Lembrei-me do que um amigo me disse recentemente: “As bênçãos vêm em diferentes formas e tamanhos; na verdade, nem sempre as reconhecemos.”
Então, pulei de cabeça. Inscrevi-me em um curso de seis meses de terapia de aconselhamento e recebi minha certificação; estudei um tutorial para aprender a elaborar brochuras e tirei minha carteira de motorista.
Essas habilidades recém-adquiridas têm sido uma grande bênção e contribuído para nosso trabalho comunitário.
O que parecia uma derrota na verdade se revelou uma escadaria inteira de degraus emocionantes para cima e para frente, e o processo de aprendizado “forçado” me ajudou a me tornar uma pessoa mais completa e uma melhor faz-tudo, o que tem sido útil para algumas das novas atribuições que a vida me trouxe. O melhor de tudo é que vivenciei o que C.S. Lewis escreveu: “Quando perdemos uma bênção, é comum que nos seja concedida outra, da forma mais inesperada”.
Olhando para trás, ao longo dos 29 anos que tenho dedicado ao continente africano, com toda a sua insegurança, pobreza e imprevistos, minha fé na Palavra de Deus tem sido meu escudo. Isso me deu coragem, adaptabilidade e resistência para continuar durante os momentos desafiadores, quando a energia diminui e a resolução se desgasta. (Veja Romanos 4:20–21.)
Além disso, tenho visto um incrível plano para minha vida se desdobrar, que só pode ser creditado à orientação de Deus, e isso é uma prova para mim de que Ele realmente está no controle, e podemos deixá-lO direcionar nossos caminhos.
“Quer você se volte para a direita quer para a esquerda, uma voz nas suas costas dirá a você: ‘Este é o caminho; siga-o’” (Isaías 30:21).
Iris Richard é conselheira no Quênia, onde tem sido ativa em trabalho comunitário e voluntário desde 1995. ■
Ele fez tudo apropriado ao seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim ele não consegue compreender inteiramente o que Deus fez. — Eclesiastes 3:11
Com amor, Jesus
AS ESCOLHAS DO DIA A DIA QUE FAZEM A DIFERENÇA
Você pode sentir que sua vida não é muito importante ou que o que você faz não significa muito no grande esquema das coisas. Mas cada jogador em Meu time é importante, preciso que você faça sua parte para ser Meu sal e luz no mundo, quer pareça grande ou pequena para você (Mateus 5:13–16). O importante é que você coloque todo o seu coração em tudo o que faz e dê o seu melhor (Eclesiastes 9:10).
Em muitos esportes, os times são grandes e nem todos os jogadores têm muito tempo de jogo, e alguns papéis podem parecer menos importantes do que outros. Eu disse aos Meus primeiros seguidores que “os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos” (Mateus 20:16). Muita gente se surpreenderá ao descobrir a grande importância de seus aparentemente pequenos atos cotidianos de amor e compaixão no avanço do Meu reino.
Tudo o que acontece em sua vida tem um propósito e é uma oportunidade de fazer escolhas que importam. Escolhas feitas com amor por Mim e pelos outros durarão até a eternidade, incluindo as escolhas cotidianas não vistas de amar, mostrar compaixão, dar generosamente e cuidar daqueles ao seu redor.