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Espaço de Lazer

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minsait lança proposta inovadora e ambiental para ligar o mundo físico e digital

Banco Santander concede 388 mil bolsas a estudantes, empresários e outros profissionais

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AMinsait, uma empresa da indra, anunciou o lançamento do Phygital, uma proposta inovadora de soluções end-to-end, com o objetivo de ligar o mundo físico e digital (Ot/ it) em cinco áreas prioritárias: operação de infraestruturas, gestão de ativos, fabrico e logística, cidades e territórios, e sustentabilidade e clientes. O seu objetivo é melhorar a eficiência, rentabilidade e flexibilidade das operações em todos os tipos de ativos, produtos ou infraestruturas físicas, transformar a interação das empresas com os seus clientes e contribuir para os objetivos de sustentabilidade nas suas múltiplas vertentes de redução da pegada de carbono, economia circular e impacto social. A proposta Phygital da Minsait baseia-se, também, nas principais práticas técnicas da empresa, tais como análise de dados e inteligência artificial, experiência do utilizador, arquiteturas e plataformas, internet das coisas (iot) e tecnologia geoespacial e mobilidade. “O Phygital é um vetor estratégico para o crescimento da Minsait, que surge para dar resposta à transformação acelerada da gestão do mundo físico através da digitalização com foco em três tendências: o desaparecimento das barreiras entre ti e Ot, o crescimento exponencial da conectividade e da capacidade de análise de dados através da iA e a transformação das cadeias de valor que têm cada vez mais peso na sustentabilidade”, refere leonardo Benítez, diretor de Phygital na Minsait. Graças à introdução de tecnologias digitais na gestão do mundo físico, a Minsait oferece sistemas avançados de controlo e monitorização em tempo real que permitem o funcionamento eficiente de infraestruturas críticas e impulsionam a transição energética para uma economia descarbonizada através da implementação de soluções inteligentes de contagem e gestão distribuída de recursos energéticos. Estes sistemas facilitam também a gestão de todos os tipos de bens (concentrados, lineares e distribuídos) com inteligência artificial e tecnologias gémeas digitais para reduzir incidentes e aumentar a sua vida útil. O Phygital engloba, também, outros âmbitos, tais como tecnologias de localização e rastreabilidade, para melhorar a eficiência das cadeias de abastecimento e a segurança das pessoas, soluções de gestão energética e melhoria do ciclo da água, para reduzir o impacto das operações no ambiente, e a implementação de plataformas que facilitem a gestão integrada e inteligente dos serviços públicos e atividades económicas como o turismo e a agricultura. 

OBanco Santander apoiou em 2021 mais de 162 mil estudantes, profissionais, projetos empresariais e PME através do Santander universidades, com um investimento de 106 milhões de euros. desta forma, o Banco Santander encerrou os últimos três anos com a atribuição de 388 mil bolsas e reforça a sua aposta na aprendizagem contínua (lifelong learning), privilegiando a excelência e a igualdade de oportunidades. isto representa um aumento de 94% em relação ao seu compromisso para este período, em que o banco tinha como meta ajudar 200 mil pessoas a progredir através dos seus programas de bolsas, estágios e empreendedorismo. Só em 2021, mais de 40.600 pessoas acederam a uma bolsa de estudo, investigação ou mobilidade académica; mais de 23.100 foram beneficiados por programas de empreendedorismo através da iniciativa global Santander X; e quase 98.500 por uma bolsa de estágios profissionais e programas de formação de reskilling e upskilling para promover a empregabilidade. um dos principais fatores que tem marcado os programas desenvolvidos em 2021 no novo cenário de emprego após a crise socioeconómica pós-covid tem sido a importância de promover a reciclagem profissional (reskilling) e a necessidade de adquirir novas competências (upskilling). E nesse sentido, o Santander tem feito um esforço significativo para aumentar a oferta de bolsas, incluindo programas abertos a todos os perfis e idades, oferecer roteiros de formação que promovam competências digitais, desenvolvimento das competências mais procuradas pelas empresas, acesso aos estudos universitários, excelência académica e igualdade de oportunidades. 

Bpi e Fundação La caixa disponibilizam 1,4 milhões de euros para combate à pobreza e desigualdade

Efapel aposta no desenvolvimento de jovens talentos

OBPi e a Fundação la caixa acabam de lançar a terceira edição da iniciativa Social descentralizada (iSd 2022), que se destina a apoiar projetos de inclusão social de âmbito local promovidos por instituições privadas ou públicas sem fins lucrativos, que sejam clientes BPi, através das Redes comerciais do banco– particulares, empresas e institucionais. com uma dotação de 1,4 milhões de euros, a iSd 2022 é promovida pela Fundação la caixa e conta com a colaboração de cerca de 350 unidades comerciais do BPi – balcões, e centros de empresas– que, em todos os distritos e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, podem selecionar os melhores projetos sociais locais. Artur Santos Silva, presidente honorário do BPi e curador da Fundação la caixa em Portugal, salientou o “compromisso das duas instituições em apoiar respostas de proximidade aos grandes problemas sociais do país: combater a pobreza, mitigar situações de vulnerabilidade social agravadas pela crise da pandemia, e apoiar as pessoas mais velhas que estejam em situação de grande solidão. Para a concretização destes objetivos é fundamental o conhecimento dos colaboradores do BPi na identificação dos melhores projetos de intervenção social nas respetivas regiões, dando assim o seu contributo para construirmos uma sociedade menos desigual”. Os apoios da iSd 2022 destinam-se a projetos sociais que promovam a melhoria da qualidade de vida e a igualdade de oportunidades dos setores mais vulneráveis da sociedade: crianças, adolescentes e jovens em situação de pobreza; pessoas com mais de 65 anos, em especial as que vivem em situação de solidão; pessoas com deficiência; inserção laboral; saúde, doença ou incapacidade permanente; interculturalidade e coesão social. Em 2021, a edição da iniciativa Social descentralizada (iSd 2021) apoiou 188 projetos sociais de âmbito local, numa dotação total de 1,2 milhões de euros, que ajudaram mais de 42 mil beneficiários. A Fundação la caixa iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPi no caixaBank. Em 2022, destina 40 milhões de euros a projetos sociais, de investigação, educativos e de divulgação cultural e científica. A Fundação mantém o seu compromisso de alcançar um investimento de até 50 milhões de euros anuais nos próximos anos, quando todos os seus programas estiverem implementados e a funcionar em pleno. 

AEfapel, maior fabricante nacional de aparelhagem eléctrica de baixa tensão e líder de mercado em Portugal, assinou protocolos de parceria com o iSEc - instituto Superior de Engenharia de coimbra, a FEuc - Faculdade de Economia da universidade de coimbra e a APEuFEuc – Associação Para a Extensão universitária, com vista a desenvolver uma cultura de cooperação, aberta à partilha de conhecimento e aprendizagem num contexto empresarial. Ao aproximar-se das principais instituições de Ensino Superior da Região centro, a empresa pretende criar oportunidades de desenvolvimento de talentos num ambiente em que estejam aliados conhecimento teórico e prático. Essas parcerias incluem estágios curriculares e profissionais, projetos de investigação, palestras, seminários e laboratórios de investigação, com o objetivo de apoiar os futuros profissionais que atuarão no mercado de trabalho, existindo também a possibilidade de os mesmos poderem vir a tornar-se colaboradores da Efapel. constituída por uma equipa com mais de 450 colaboradores, distribuídas por cinco modernas áreas industriais, em Serpins e na lousã, a Efapel promove uma aposta contínua em tecnologia de ponta, no desenvolvimento de programas produtivos e num rigoroso controlo de qualidade. O fabricante exporta cerca de 30% da sua produção, para mais de 50 países de todo o mundo, desde a Europa, a África, até ao Médio Oriente e América latina. tem duas subsidiárias no exterior– uma em Espanha e outra em França. 

gran tema

Alimentação animal:

tempos difíceis e de muitos desafios

O agroalimentar, e nomeadamente o seu subsetor das rações, é um dos mais afetados pela atual situação de conflito na Europa Oriental, que impôs uma forte pressão sobre os preços das matérias-primas essenciais para esta indústria, como o milho, o trigo e as oleaginosas, mas também sobre custos associados à produção, como o do gás natural, cujos valores voltaram a disparar nas últimas semanas. Para as PME portuguesas, a situação está a ficar insustentável e é difícil cumprir as encomendas feitas pelos clientes.

Textos Clementina Fonseca cfonseca@ccile.org Fotos DR

Aatual conjuntura macroestratégica na Europa está a afetar as indústrias agroalimentares dependentes de cereais, e, deste modo, o subsetor das rações para animais é um dos mais prejudicados. Esta é uma das áreas do setor agroalimentar que está fortemente condicionada pela evolução da capacidade de abastecimento vinda do leste da Europa, onde atualmente se vive um confronto militar que ameaça restringir as importações de cereais, como o trigo, o milho e a cevada, bem como as oleaginosas, enquadra Jaime Piçarra (na foto), secretário-geral da Associação Portuguesa dos industriais de Alimentos compostos para Animais (iAcA).

O responsável frisa que os alimentos compostos para animais de criação têm como base os cereais, muitos deles provenientes da ucrânia, e que, com a atual situação naquela região, o seu abastecimento fica comprometido e têm de ser encontradas alternativas. "Para além dos animais de criação, temos ainda o setor da petfood (cães e gatos), que também são afetados pelos impactos dos preços das matérias-primas que se generalizaram para além dos cereais, combustíveis, embalagens, e da energia, em valores inimagináveis no final de 2021".

Este subsetor, que é o terceiro maior do setor agroalimentar, integra ainda segmentos como alimentos para aquacultura, pré-misturas (vitaminas, minerais e outros suplementos) e aditivos. O volume de negócios do subsetor rondou os 1.500 milhões de euros, representando, assim, 11% de todo o setor agroalimentar nacional, apenas estando atrás das produções de carne e de leite.

Este volume de negócios representou uma subida de 2% face a 2020, mas esta evolução deriva essencialmente "do aumento do preço das rações, que se situou entre os 20% a 30%, em função das espoécies" no espaço de um ano, e não tanto de um crescimento em volume, comenta Jaime Piçarra. Por outro lado, muitos dos produtores de rações nacionais são também criadores de gado, e a seca atual está a dificultar e a encarecer a alimentação dos animais através de pastagens. um "problema grave", que enfrenta também Espanha. O ano em curso "pode ser, segundo o iPMA, o segundo mais seco da história, se se mantiverem as atuais condições climatéricas", cita o

mesmo responsável. O trigo e a cevada produzidos na Península ibérica foram afetados pela falta de chuva no inverno, enquanto a cultura do milho, que vai agora arrancar, já beneficiará de mais humidade e alguma precipitação, equaciona a iAcA.

Subsetor fatura cerca de 1.500 milhões de euros, essencialmente no mercado interno, já que as exportações são ainda residuais

Produção nacional não assegura todas as necessidades desta indústria

A produção de alimentos compostos (misturas de milho, trigo, ou oleaginosas com vitaminas e outros nutrientes) para animais feita pela centena de empresas produtoras em Portugal é assegurada pelo recurso a matérias-primas importadas em cerca de 80%, dos quais a maioria são cereais. trata-se de um subsetor de atividade com pouca tendência de exportação, já que todas as 4,2 milhões de toneladas de alimentos compostos produzidos em Portugal são consumidas internamente. Mas a indústria reconhece que, "se houver oportunidade, querem apostar mais em Espanha e nos PAlOP". Para tal, necessitam ainda de algum apoio institucional para o fomento do comércio de animais e carne, que representa, normalmente, a principal atividade dos grupos detentores destas empresas, sublinha a iAcA.

É este também o caso da Racentro (ver caixa na pág. 34), uma das maiores empresas nacionais de produção de alimentos compostos, que apenas no ano passado começou a exportar. O mercado escolhido foi São tomé e Príncipe, "onde queremos crescer este ano", adianta a diretora-geral da empresa, teresa duarte.

Apenas no nicho da alimentação para animais de estimação é que as empresas têm maior capacidade exportadora, adianta a iAcA. Mas estas não são mais do que meia dúzia no mercado nacional, exportando para países como a Rússia e israel, PAlOP, Norte de África, mas sobretudo para Espanha. "Espanha é um grande cliente e um grande fornecedor", conclui Jaime Piçarra, que se mostrou, por isso, muito preocupado com as consequências da paralisação dos transportadores em Espanha e o impacto da greve na economia portuguesa.

No caso das rações para gado e outros animais de criação, embora as exportações portuguesas sejam incipientes, a iAcA espera que os produtores tenham condições para assegurar a sustentabilidade da atividade.

Há ainda outro fator de peso que é o

Racentro inicia exportação pelos PALOP

A Racentro é "uma empresa de referência no mercado nacional, focada na produção e distribuição de alimentos compostos para animais", pertencente ao grupo Lusiaves. "A Racentro prima não só pela vasta gama de produtos, mas também pela modernização tecnológica das suas linhas de produção, sendo, a nível nacional, a unidade com maior capacidade produtiva instalada e uma das mais evoluídas do setor", destaca Teresa Duarte, diretora-geral da empresa. Para atingir esta performance, a empresa "tem investido, permanentemente, na inovação, implementando modernos sistemas de automação e recursos digitais, que permitem o rastreamento contínuo e total dos produtos". Em termos de mercados-alvo, a empresa produz essencialmente para clientes portugueses. Numa incursão fora de Portugal continental, o Arquipélago da Madeira é outro dos mercados onde a Racentro estima crescer. "Pretendemos também fornecer as nossas ilhas, processo já iniciado este ano, com o fornecimento de ração para o Funchal". "Estamos muito virados para o mercado nacional. No entanto, iniciámos no ano passado exportações para o mercado de São Tomé e Príncipe, onde queremos crescer este ano". Quanto à produção em concreto, "traçámos um objetivo de crescimento no mercado livre [lojas, revendedores e outros clientes além do grupo Lusiaves] e um alargamento da nossa gama de produtos" comercializados, adianta a mesma gestora. "Os próximos tempos serão bastante desafiantes para as empresas produtoras de alimentos compostos. Dos grandes desafios que se vislumbram no horizonte, podemos destacar as questões relacionadas com a disponibilidade de matérias-primas, a sustentabilidade ambiental, a eficiência energética e a digitalização de processos", enumera. "A disponibilidade de matérias-primas deixará de ser uma certeza. O impacto cada vez mais notório das alterações climáticas na produtividade das colheitas, juntamente com uma demanda crescente levará a uma maior pressão nas cadeias de fornecimento. Nesse sentido, será necessário apostar em estratégias que minimizem esta exposição, pela via de utilização de novas matérias-primas, pelo aumento da capacidade de aprovisionamento e por uma melhor digestibilidade do produto acabado", preconiza a responsável. Ao nível do desafio da sustentabilidade ambiental, Teresa Duarte considera que "o compromisso com a questão ambiental será um requisito incontornável. Teremos que ter em mente que será para fazer sempre mais e melhor. A quantificação da 'pegada' ecológica dos produtos finais, a garantia de que são utilizadas matérias-primas provenientes de zonas sem risco de desflorestação e respeitadoras de boas práticas produtivas, a redução dos recursos hídricos e de emissões gasosas serão desafios cada vez mais presentes no nosso dia a dia". Por outro lado, "face aos crescentes encargos com o fornecimento de energia, impõe-se nos próximos tempos uma constante procura por sistemas e equipamentos que promovam uma maior poupança e eficiência de energia", considera Teresa Duarte. Por último, o desafio tecnológico: a empresa continuará o seu "investimento na digitalização de processos, com o objetivo constante de maior produtividade na organização". Apesar das dificuldades que se avizinham para este subsetor, a gestora procura ser otimista quanto à capacidade de adaptação das empresas e relembra o passado recente. "Como se pôde comprovar durante a pandemia que atravessámos, o setor não só não parou, como mostrou uma extraordinária resiliência e um crescimento constante. Apesar de todas as dificuldades que encontrámos até agora e de novas que possam vir a surgir, podemos afirmar que este crescimento e esta capacidade de adaptação é o mindset a manter, não só nos próximos meses, mas também nos próximos anos", conclui ainda Teresa Duarte.

Petmaxi aposta em várias gamas de rações para animais de companhia

A petMaxi é uma empresa de pet food, ligada ao grupo Rações Zêzere, e produz alimentos secos de várias gamas para cães e gatos. Nascida há sete anos, numa altura em que "50% da ração para animais de estimação consumida em Portugal era importada, maioritariamente de Espanha". Assume-se como um "projeto pioneiro em Portugal, no fabrico de rações premium e super premium" e com o objetivo de liderar este mercado. Em entrevista à "Actualidad€", Luís Guilherme, administrador e CEO da petMaxi, frisa que esta é uma "fábrica moderna e certificada para a produção de alimentos secos para cães e gatos, com capacidade de produção de alimentos sem cereais e com introdução de ingredientes frescos". "Iniciámos a atividade no mercado em 2015 e, desde então, temos vindo a crescer de forma sustentada em todos os segmentos. Quer as marcas económicas, como o Campeão, Rufia, EnergyPet e Domus; a marca happyOne, e as marcas premium e super premium – happyOne Premium e happyOne Mediterraneum, disponíveis no canal profissional e especializado, todas têm vindo a crescer ao longo destes sete anos". A empresa sedeada em Ferreira do Zêzere exporta, atualmente, "para mais de 30 países, incluindo para Espanha, onde ainda existe espaço para crescer nos vários segmentos de mercado". A petMaxi está, ainda, atenta à possível entrada em novos mercados. "Este ano, vamos voltar a marcar presença na Interzoo [na Alemanha], a maior feira mundial do setor pet, para disponibilizar o fornecimento das nossas marcas para os mercados que demonstrarem interesse", adianta o mesmo administrador. A empresa fechou o ano de "2021 com uma faturação perto dos 30 milhões de euros". Mas o futuro próximo apresenta diversas "nuvens" a pairar sobre esta atividade. "Como qualquer outro setor, numa fase de incerteza mundial, não conseguimos fazer qualquer previsão de evolução. Sabemos apenas que continuamos ao lado dos nossos clientes e tudo faremos para manter a sua satisfação", afirma Luís Guilherme. "Temos a vantagem de ter várias marcas, desde as mais económicas até ao super premium, o que nos permite ter várias soluções para os nossos clientes", destaca. "Ao longo destes sete anos, conseguimos a reputação de marcas com garantia de qualidade e serviço de parceria e proximidade, o que tem sido valorizado pelos nossos parceiros, e que pretendemos continuar a manter", frisa ainda Luís Guilherme. A empresa integra o universo da Rações Zêzere, grupo com 40 anos, que produz e comercializa desde cereais, a misturas e alimentos compostos para animais de criação, mas também derivados de ovos. Dentro das rações, tem aínda uma área de produtos biológicos. Entre as suas participadas mais conhecidas, estão ainda a Derovo e a Zêzerovo.

"facto da alimentação representar 70 a 80% dos custos de uma produção agropecuária", o que significa que esta é uma componente muito importante e que as oscilações de preço das matérias-primas influenciam muito o custo produtivo. Jaime Piçarra sublinha a escalada nos preços dos cereais como o trigo, a cevada ou o milho "em apenas uma semana [terceira semana de março], devido à ucrânia". A ucrânia fornece cerca de 20% do milho consumido a nível mundial e, no caso da indústria nacional, 30 a 40% do aprovisionamento de milho feito pelos produtores de alimentos para animais de criação. Mercados alternativos de fornecimento podem vir do continente americano

Ainda de acordo com a iAcA, "isto é um estrangulamento enorme. temos de arranjar alternativas, dentro da Europa e América do Sul e do Norte. Esperamos que estes países não fechem

Ovargado exporta para outros mercados da Europa, e ainda para África e Médio Oriente

A Ovargado é uma das maiores empresas em Portugal no subsetor da produção e comercialização de alimentos para animais. Com duas fábricas em Ovar– uma de produção de alimentos para espécies zootécnicas que entram na cadeia de alimentação humana (aves, bovinos, coelhos, ovinos, caprinos, suínos e equinos) e onde também se produzem extrusados vegetais, e uma segunda unidade dedicada ao fabrico de rações para animais de companhia (cães, gatos, aves ornamentais, roedores e peixes)–, a Ovargado não tem participadas de criação de animais. "Todos os alimentos que produzimos são vendidos a distribuidores, revendedores e cadeias de distribuição tanto para Portugal como para outros países. Exportamos para o mercado Europeu, Africa e Médio Oriente", revela Lígia Pode Coelho, CEO da Ovargado. Quanto à expansão para novas regiões, afirma que "considerando a atual conjuntura internacional, não estamos focados em prospetar novos mercados. Estamos focados no crescimento dos mercados onde já temos parceiros". Esta empresa industrial comercializa várias marcas próprias, sendo a mais conhecida a InterNutri, e também produz sob "marca de cliente– alias, 30% da nossa capacidade de produção está alocada ao private label", enquadra a gestora. Quanto ao futuro próximo, reina a incerteza. "Vivemos um período de 'ses' e 'mas', o que dificulta a tomada de decisões estratégicas a médio e longo prazo para empresas da nossa dimensão. Penso que o grande desafio para os próximos tempos é chegarmos lá, ao mesmo patamar em que estamos hoje! O desafio imediato é assegurar o integral funcionamento das fábricas e o abastecimento dos clientes!", comenta a gestora. Gerir todos estes constrangimentos que se arrastam nas últimas semanas não tem sido tarefa fácil. Lígia Pode Coelho sublinha que para estas empresas os desafios ainda se irão avolumar, referindo nomeadamente o facto de terem que "lidar com as dificuldades de tesouraria provocadas pelo impacto da subida dos custos, e que não foi ainda totalmente repercutido nos preços de venda; a greve dos transportadores espanhóis, que está a pôr em causa o abastecimento do nossos setor; garantir a continuidade no abastecimento de matérias-primas, material de embalagem, materiais de reposição e manutenção, que se faz a um ritmo completamente diferente do período pré-pandemia e pré-guerra". Questionada sobre perspetivas de crescimento, afirma: "como poderemos crescer neste contexto económico, financeiro e social? Acredito que, mediante a evolução da guerra na Ucrânia, 2022 será um ano de manutenção e não de crescimento".

as suas exportações, o que obrigaria a limitar a alimentação animal", a qual é condicionada face às necessidades alimentares das populações.

A ucrânia e o Brasil são os principais fornecedores destas matérias-primas, estando também agora a crescer o mercado norte-americano, devido ao levantamento de algumas taxas às importações de milho que exitiram entre a união Europeia e os EuA no mandato de donald trump. "Portugal e Espanha, em termos proporcionais dada a dimensão de cada um dos dois mercados, são os países que mais usam milho na Europa", realça Jaime Piçarra. Outro dos constrangimentos que o subsetor enfrenta advém dos custos do gás natural para o processo produtivo e dos preços dos combustíveis para o transporte das mercadorias. O responsável sublinha que no último ano os custos do gás natural mais do que quadruplicaram, o que, considera ser "incomportável".

Pet food a crescer As rações pet registaram um grande crescimento com a pandemia, pois muitos portugueses adotaram ani-

mais para companhia. Neste caso, a produção interna garante metade do consumo de rações realizado por estes pequenos animais (cães, gatos e outros). A alimentação pet representa um mercado global (indústria e comércio) de mais de 500 milhões de euros. No entanto, uma das principais empresas deste nicho de mercado considera que a pesada fiscalidade também trava o seu crescimento. "A taxa de iVA aplicada – 23%–, ao lado de Espanha, onde se aplica a taxa mínima – 10%–, é um constrangimento para o qual temos alertado desde a nossa implementação no mercado", salienta luís Guilherme, administrador e cEO da petMaxi (ver caixa na pág. 35). O gestor aponta, ainda, como grande constrangimento ao crescimento para os próximos meses "a disponibilidade e preço da matéria-prima, bem como a previsível diminuição do poder de compra dos tutores de animais", depois de terem sido tantos os portugueses que adotaram animais durante a pandemia. também teresa duarte alerta para algumas das dificuldades com que estas empresas se deparam. "Neste momento, atendendo à situação que se vive, um dos maiores constrangimentos está relacionado com a escalada de preços, quer da energia quer das próprias matérias-primas". A Ovargado (ver caixa na pág. 36) vai mais longe na análise às origens das atuais dificuldades destas empresas: "sem qualquer sombra de dúvidas, o grande constrangimento do nosso setor é a dependência no fornecimento de matérias-primas. Portugal, à semelhança de outros países europeus, nunca foi autossuficiente na produção de cereais, importando grande parte dos cereais e oleaginosas utilizados na produção de alimentos compostos para animais. dados divulgados recentemente, referem níveis de aprovisionamento em Portugal na ordem dos 10%. Em 2018, o nível estava nos 20%. caminhámos, nos últimos anos, no sentido oposto. A pandemia e a seca serão certamente os principais motivos apontados para esta situação, no entanto, penso que este problema tem uma origem muito anterior, nomeadamente na Política Agrícola comum, que, acredito eu, tanto por razões políticas como socio-culturais, determinaram a sentença da agricultura, pecuária e pescas do nosso pais", afirma lígia Pode coelho, cEO da Ovargado. "Esta dependência não fragiliza somente o nosso setor. Fragiliza o país, pois

o que está em causa é a capacidade de alimentar diariamente os milhões de animais que temos em Portugal, e, consequentemente, a população. Este é um assunto que deve estar no topo da agenda política", salienta ainda. "Outro grande constrangimento sentido no nosso setor, é o peso da energia e dos combustíveis. Apesar de os preços terem começado a subir no ano passado, desde o início do conflito entre a Rússia e a ucrânia a evolução dos preços da energia e dos combustíveis está a tornar-se completamente insustentável. Geralmente, o peso destes fatores no custo dos produtos rondava os 10-13%, atualmente já ultrapassa os 20%. Particularmente, o aumento dos combustíveis afeta duplamente o nosso custo, tanto no aprovisionamento de matérias, como na entrega dos produtos".

Por outro lado, "outro constrangimento que começa a ter cada vez mais importância é a falta de mão de obra disponível para trabalhar" neste subsetor, acrescenta a gestora da Ovargado. todas as três empresas entrevistadas são fabricantes de referência, em Portugal, nos respetivos segmentos onde atuam.

Entretanto, outras empresas contactadas, mas que não quiseram dar entrevistas em on, revelaram que a escassez de alguns cereais, sobretudo o milho, está a ser dramática para a sua atividade, tendo já suspendido várias encomendas. Além dos cereais, faltam ainda oleaginosas e mesmo suplementos importantes para estes compostos alimentares.

Os 60 sócios da iAcA, com as suas 70 fábricas, representam cerca de 80% da produção de ração do mercado nacional. Quanto à origem das empresas, são maioritariamente de capitais portugueses, existindo ainda algumas empresas espanholas e mais duas ou três de outras nacionalidades. Já no nicho do fabrico de aditivos, são sobretudo multinacionais químicas.

Esta associação é uma das principais representantes dos interesses do subsetor junto do Governo ou da comissão Europeia, através da Federação Europeia de Fabricantes de Alimentos compostos para Animais (FEFAc). Segundo sublinha Jaime Piçarra, existem alterações legislativas e desafios para este mercado, sobretudo ao nível da sustentabilidade, mas a indústria portuguesa tem sabido adaptar-se. Enquanto coordenador dos assuntos de Política Agrícola da FEFAc e seu representante em Grupos de diálogo civil da dG AGRi (comissão Europeia), Jaime Piçarra tem intervindo, nomeadamente, nos dossiês da sustentabilidade, onde se inclui o guia sobre a importação de soja "responsável", ou seja, obedecendo a critérios ambientais rigorosos e certificados. Neste âmbito, está a ser desenvolvido um projeto de soja responsável no estado brasileiro de Mato Grosso.

No entanto, segundo Jaime Piçarra, muitas empresas nacionais necessitam de mais tempo para se adaptar às novas regras de importar apenas soja de origem responsável.

A iAcA tem uma colaboração com o Feedinov, laboratório colaborativo com empresas, universidades e entidades públicas ligadas à investigação e inovação, para responder a estes novos desafios, que incluem ainda o bem-estar animal e a redução de antibióticos, para além da inovação nos aditivos, entre outros, centrando-se na economia circular e na alimentação de precisão.

Nas negociações comunitárias, existe ainda uma convergência de posições entre Portugal, Espanha, França e itália, já que os países do Sul, por exemplo, "são mais dependentes de cereais do que o resto da Europa".

Jaime Piçarra, que é, igualmente, vice-presidente do comité Alimentos compostos da FEFAc, sublinha ainda que "há uma proximidade muito grande da iAcA com a congénere espanhola, a cESFAc", com as duas associações a articular os seus interesses junto das instâncias comunitárias e europeias. das várias empresas contactadas para abordar este tema, algumas recusaram conceder a entrevista "por causa da guerra" na ucrânia. 

O segmento da pet food é o que tem maior capacidade exportadora, sendo Espanha o principal destino

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