Intrigantes cidadãos - oficina poética nº 1

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intrigantes cidadãos oficina poética n° 1 Org. Rodrigo Barata

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Ficha Técnica: Organização : Rodrigo Barata Diagramação : Adan Costa Capa: Adan Costa Colaboradores : Caio Matheus, Carla Juliana Ribeiro, Carolina Barreiros, Gilberto Guimarães Filho, Guaracy Britto Jr, Juliana Sepêda, Keyla Sobral, Rodrigo Leão, Sara Vasconcelos, Thiago Kazu

Ano de Produção: Junho 2015

Apoio:

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intrigante apresentação

poetas, uns já o eram, outros também, mas nem haviam descoberto. o que importa é que, intrigantemente, foram surgindo versos aqui e ali e vejam só: fez-se a poesia. fez-se dos temas mais banais – palavras, canções preferidas – até dos temas mais eruditos – filmes e obras de arte – lemos rilke, williams, freire, césar, faustino, martins, horta, barthes, cortázar, quintana, meirelles, drummond, nos deliciamos com contistas poetas, pintores, músicos, com micronarrativas e com textos canônicos, ouvimos leituras e tudo foi levantando aquela poeira difícil dos versos. uma oficina, dez colaboradores; um desorientador, dez marinheiros a desbussolar essa rosa dos ventos, essa rota, desgovernando seus versos, pois versos não podem nadar a favor das correntezas, versos têm de nos desorientar até que cheguemos a nos perguntar: isso é poesia? e eu respondo: há poesia em tudo que foge da trilha, dos trilhos, do prumo, dos rumos, do lugar comum, por vezes até o lugar comum é motivo de poesia, e para esses aventureiros poetas, a poesia já estava neles, precisavam alguns – pois nessa viagem já possuíamos quem carregasse a poesia como profissão de fé – desengavetá-la e despudorá-la, despindo os versos e apresentando-os nus, como aqui o fazem, meus intrigantes cidadãos. Agradeço ao CCBEU pela oportunidade de eu realizar essa oficina de poesia, a Simei, a Lorena, ao Adan, ao Cirino e a todos que embarcaram nessa intrigante viagem sem destino... e aos poetas, sem eles, nossa trajetória seria árida e sem sons...

rodrigo barata

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INTRIGANTE POETAS:

. Caio Matheus

. Carla Juliana Ribeiro

. Carolina Barreiros

. Gilberto Guimarães Filho

. Guaracy Britto Jr.

. Juliana Sepêda

. Keyla Sobral

. Rodrigo Leão

. Sara Vasconcelos

. Thiago Kazu

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MĂŠnage a trois

Minha saudade deixava-me assim: de um lado o farmacĂŞutico me tirava do outro o malandro colocava.

Caio Matheus

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Natureza Morta

Carrego no corpo, o amarelo da banana e o vermelho da maçã, mas não pense eu que sou salada de frutas. Orgulho-me do título nobre que ostento: marquesa, porém isto nunca prejudicou a simplicidade de minha vida. Flor de botão, bochecha sardenta e arteira podem me chamar assim. Fui feita para ter dona e acabei ocupando um lugar independente, além das cercas ao redor da natureza que contemplo.

Carla Juliana Ribeiro

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Mudança

muda de vida a vida imunda nĂŁo muda a vida inunda nua a vida afunda vi da muda muito de vida dĂ­vida multa divide nunca puta, vida

Carolina Barreiros

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Paralelo à personagem

Estavas descalça, de preto e alongavas o corpo em uma manhã no sesc. Nunca havia te visto – nem nenhum daqueles teus alongamentos. O vento soprava tua franja e eu atentomirava o breu dos teus olhos. Nas linhas do teu texto li as linhas da tua face e os limites da ribalta se estendiam sob teus pés. Sempre eras uma vez e por alguns anos te vi muitas. Eu que sou um nunca - ousei invadir o teu palco. Te vi de tantas formas que nas tuas personas desvendei a que sempre és. Abriu-se um ato e logo me enredei. Tramei tudo.

Gilberto Guimarães Filho

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N達o soube a m達e na cadeira de embalo do sangue no ralo do rolo que deu ter um filho todo despassarado.

Guaracy Britto Jr.

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o haicai perdido

formas. inspirações. vida. curvas. cores. detalhes do mundo caótico. nas minhas mãos tranformam-se em palavra...

Juliana Sepêda

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Recado inconsequente: - volta! Keyla Sobral

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Sempre que posso, te observo de cima É uma mania que tenho de querer me enganar, De fingir que sou tu, De me pôr no teu lugar. Rodrigo Leão

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Heaven

Na madrugada, deitada na cama,lembro dos momentos felizes Esses que passaram e talvez não voltem mais. Porém prefiro acreditar que não dissemos adeus, Mas que nos separamos para que o destino nos dê um reencontro feliz. Sendo boba, choro e rio incansavelmente O retrato do passado atormenta o corpo e a alma, A saudade traz as lembranças mais lindas tuas. Aceitar tua ausência é como aceitar um sertão sem água.

Sara Juliana

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de sangue nobre como todo vampiro mau tipo homem da capa preta, bandido da luz vermelha zé do caixão dono de um inferninho dentro da estrela. Mas sempre se aconchega o dia, jurado por um muleque de arte banditista encontraram-se e teve que ouvir desse um: - Há o pai, a mãe, aqui teu édipo, o amém e agora toma-te!

Thiago Kazu

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Da origem do silêncio

O rio, a cadeira e meu pai. Esse trio era o responsável pela felicidade das crianças da vila. Meu pai todos os dias antes do sol dar sua última olhada e adormecer, ia pra beira do rio onde já era esperado por uma pequena plateia. Sentado começava a contar as estórias que geravam universos na cabeça de cada um pequenino ali; só no fim toda a vila dormia. Durante uma manhã, papai já havia saído pra pescar, a chuva estava furiosa o que fez os pescadores voltarem um a um. O pai do Henrique, o da Juju, até o da Rosinha mas nem no horizonte do rio avistava o meu. A chuva passou e fiquei esperando, até o sol aguentou o máximo que pode o seu sono, no entanto mas lá na beira só estava o rio, a cadeira

Caio Matheus

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No ringue da minha cama

Por cima ou por baixo, Vale tudo: Chave de coxa e muito golpe baixo. Desde que o oponente seja vocĂŞ E o resultado um nocaute.

Carla Juliana Ribeiro

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Sem título

Isso nunca aconteceu comigo Não é você, sou eu Deixa pra lá Vamo tentar mais uma vez Continua, não para não Não continua, para, não! Vamos tentar era uma vez Deixa falar Você não, comigo isso nunca. Aconteceu.

Carolina Barreiros

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Seis vezes numa noite. Ele sempre ficava por cima. A memória é um amor à distância

Gilberto Guimarães Filho

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MALENA

Acorda em fuga do último sonho. Sol se pondo no termômetro em febre. Malena inquieta nos seios oceânicos. Prende os longos cabelos no que lembra: calma, ele não vai voltar. Sai do banheiro carregando tempestades. A toalha azul recobre relâmpagos. Senta na cama e o calor observa da parede. Malena abraça os ombros com as mãos do úmido. Desaba. Foi como se rogasse aos céus, e a carne de Eduardo existiu. Maná entre os lábios. O esperado cetro dos deuses seguro nas mãos. O sal na língua, o sol em Vênus. Breve morte tantas vezes possível desejar. A pele já não compreendendo nada. Revoada de horas passa na janela. Malena dorme nua. Sua, de ninguém. Não viu Eduardo ir. O viajante. Depois da tempestade na cama, roubou-lhe as chances de arco-íris: “Não nos veremos mais”. “Porquê?” “Para eu poder me lembrar de ti por toda a vida”. “Mentiroso, filho da puta,sai daqui!” Foi o sonho do qual escapou tão devastada. O sol, a noite tirou o chão.

Guaracy Britto Jr.

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Rafael...

homem... respeitoso... pai de famĂ­lia... bem sucedido... dedicado... duas caras... no sol... risca de giz... no luar ... Garganta Profunda...

Juliana SepĂŞda

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Segredo

Sou boa em guardar segredos Tenho zilhões nos bolsos Top secret. Supersecret. Lotação máxima.

Keyla Sobral

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Me Encontre:

embaixo da mesa, dentro do armĂĄrio, na barra da saia, em cima do muro.

Rodrigo LeĂŁo

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Mommy

Mãe e filho. Laços desunidos. Agressividade exposta no lar. Voracidade diante das amarguras do passado. Ah, pare agora!!! Deixe-me em paz!!! Soa como música o desequilíbrio harmônico. Nada convém trazer-lhe quietude... Será? Quem sabe. Amanhã. A esperança volte a aparecer.

Sara Vasconcelos

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don’t Pope me

Papa smackdonald … esse bói tá frito e você engole

Thiago Kazu

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Vampiro

Negligenciado por ele resolveu matรก-lo. Tiro no espelho.

Caio Matheus

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Tedioso anonimato

Estabeleço parceria com a solidão.

Carla Juliana Ribeiro

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Dramรกtica

Se essa doenรงa for uma sentenรงa Te peรงo, realiza meus desejos Quantas vezes tenho que esfregar para ganhar um beijo Antes da morte ou do check-out

Gilberto Guimarรฃes Filho

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Mulher molhada

Na chuva, na rua, na mulher, na sombrinha, na sacola de compras, na roupa molhada, alada ferocidade da água. No momento preciso, na boca de lobo, some a moça. Do click velado à foto revelada: a mesma chuva e o instante antes do fato,noutras gotas. Na foto, ainda ela, dela, de mais ninguém. Ninguém demais.

Guaracy Britto Jr.

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Acredite

não existe todo tempo do mundo furacão destrói planos sonhos vidas quando se vai deixa apenas cacos da porra do mundo ideal

Juliana Sepêda

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Suga-me Sugar

Keyla Sobral

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De repente,

se acordou com a própria voz. vinha de fora. Já não era esta, deste lado da porta. Então desceu as escadas e descobriu o chão frio. Encontrou retratos de ruínas destruídas e decoradas à mão. Só então percebeu seu rosto em cada um.

Rodrigo Leão

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Mocinha plebeia que veio do campo Trouxeste em seu olhar a doçura de uma flor Ah, ó serva! Que bela tu és!! Tuas mãos lapidaram meus sapatos Teu jeito delicado equivocou-me Deixando traços de porcelana rara.

Sara Vasconcelos

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cabeça de fósforo porta corta fogo. risca de giz sobe o (de) jeans desce Pela escada de emergência. ‘me teme mas mete-me’

Thiago Kazu

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Da existĂŞncia do mĂ­mico

Passeamos a tarde inteira, no fim sorriu e tudo o que deixou foi uma flor. Talvez viesse de um mundo onde as pessoas se entendiam.

Caio Matheus

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(P.R.)a você A sina de uma mulher

Deixei escapar por entre os dedos, o paraíso. Não tive qualidades suficientes para fazê-lo ficar Um dia ele se foi, Desde então, vivo procurando em cada canto, sem sucesso. Posso dizer que um dia fui dele, mas nunca que ele foi meu. Se tivesse sido, jamais teria partido sem dizer adeus.

Carla Juliana

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Fêmina

o passado esqueceu de passar as roupas todas limpas na minha lápide fui a última a chorar a ditadura impôs a loucura lado a lado e disse jura que não vai mais sentir sentada, fique calada na calada da noite não consegui fugir quem mandou brincar com as palavras e trocar as letras e esquecer os mandamentos gravado nos monumentos desse estado armado amargo na minha boca que ninguem mais podia tocar os toques-tiques-taques não era hora de rua para moça da minha altura tive de abdicar desse abuso faz bom uso do meu papel deixa que no futuro eu juro, pro réu serei donzela

Carolina Barreiros

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Rato ferido em presas de amor

Mudo e distante nas sombras do parque Nos lábios excita um fumo e um grito A Disneylândia que brilha no centro da dor

Gilberto Guimarães Filho

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Rafael...

homem... respeitoso... pai de famĂ­lia... bem sucedido... dedicado... duas caras... no sol... risca de giz... no luar ... Garganta Profunda...

Juliana SepĂŞda

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He and he

Ele ri Eu choro!

Keyla Sobral

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Vergonha no Colégio (Colour me in)

Os pulmões na mala Sunsonyte atraem colegas como moscas. O riso instala nos ouvidos palavras empurradas por um espirro. Meu nome, ao meu corpo, o escarro verdegruda nos segundos que não passam. A vergonha não me redime ao crime da maleta maculada. Vergonha que enxugo com um lenço no qual, se pudesse,assoariado início ao fim a minha vida.

Guaracy Britto Jr.

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ação biológica de algo inesperado susto... medo...e... BU!

Juliana Sepêda

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Depois de meses em silĂŞncio, sonhei contigo. Foi um grito. Rodrigo LeĂŁo

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Abençoadas são as mãos lapidadas Aquelas capazes de aprimorar a excelência dos mistérios da arte Rio... Brasília... Ah quem dirá aquele que nunca viu uma das belezas mais aclamadas em Niterói E também àquelas obras férteis da capital do Brasil. Hoje.Um encanto. Amanhã. Uma história.

Sara Vasconcelos

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Phato’s, psicobrothers

I Pato ilógico mandapsica e abocanha atémurder (Quack!)

II Pato lógico o melhor é oferecer escuta. ou cicuta. (Quick!)

Thiago Kazu

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Intimidade verbal

Por que almejaria tanto aqueles lรกbios inferiores se contigo possuo esses carnudos superiores? - Da palavra segredo-

Caio Matheus

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(P.R.)oibido espalhar

Ela debutante, Ele 29. Final do baile, Uma valsa sem som.

Carla Juliana Ribeiro

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...

Sabia que não devia ter recusado a carona. Odeio dar trabalho para os outros ou ter o trabalho de bater papo imagina logo eu que fecho a janela dos chats tendo que encarar as pessoas da festa e fingir que tenho muitas histórias da vida, aí eu começo a inventar coisas e as pessoas vão achar que eu sou louca e não vão mais me oferecer carona É por isso que eu sempre vou de táxí e só saio uma vez na semana porque a grana tá curta a casa é longe e o táxí demora para chegar o problema é a rádio o telefonista desacordado sempre me esquece e manda aqueles tipos malucos de gente que quando passa do nosso lado na rua a mãe diz para a gente desviar o olhar mãezinha do céu ela estaria tão decepcionada se visse que eu ainda não pedi para o moço parar mas que culpa eu tenho deve ter tido um dia difícil andar nesse carro com um monte de gente suja que acha que o ar não vai para o banco da frente e tentando puxar papo saber da vida por que o senhor tá gritando comigo? o porquê do senhor ter uma latinha de antártica quente no porta copos mas ninguém usa porta copos nesses carros 1.0 que têm cara de acabados até porque sempre tem um lixeirinho na marcha e esse pelo jeito tá lotado das latas de pinga meu pai dizia no bar só mais essa latinha saideira é agora, poxa dessa vez ele parou no sinal vermelho esse bairro não é tão feio ainda podia sair inteiro mas que preguiça de tentar me salvar vai que isso muda o meu destino e eu entro pra história é só ficar caladinha que dessa vez vai dar certo e eu não vou viver na morte com a culpa esperando todo dia acordar com os puxões de orelha da minha mãe no céu mas ela sabe que eu sei que tem carro vindo pela direita mas não vou alertar poxa esse cara trabalha nisso até parece que ele não viu que tá tudo meio embaçado tantos anos da faculdade de direito eu espero que eu consiga argumentar lá em baixo que isso não se enquadra em suicídio culposo.

Carolina Barreiros

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L’homme à côté

Mesmo do outro lado [Do muro ou da Europa] Os corpos se avizinham Lembram que o sexo é sempre adeus Mas o desejo é presença Espectral Como um drone sobre a casa branca.

Gilberto Guimarães Filho

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(2 poemas)

Uma pedra mitomaníaca a estátua

Mitômano Tem mania de mentir que não mente. Na verdade, somente.

Guaracy Britto Jr.

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enxergava com olhos míopes estrábicos daltônicos mundo turvo borrado luzes brilhos formas movimentos cores enchiam meus olhos ... não era como antes velhice chegou de míope só tinha lembranças

Juliana Sepêda

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Pop porn

em cena Billy the Kid banguela e sua boca genital Mascando o esférico fálico chicletebubble cum usa cordas esporas como roldanas “Tigre, dê grito de bengala!” E bate. Cavalga o tal tigre longe do chão -Me teme e mete-meÉ o seu pensamento Tãowestern que oriente.

Thiago Kazu

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Xeque?

Te revelei meu Ăşnico segredo Cavalo ingrato Se fosse homem Talvez te comesse.

Caio Matheus

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(Will fuck for shoes)

até boquete eu pago em prestação quantas vezes passa no cartão tô te devendo uma deixa que eu pago na próxima ou nunca salário do mês que vem tá todo comprometido desde que eu me meti naquela liquidação contei e ficou sem reação faz de cortesia a passagem contanto que eu fizesse um agrado é de bom grado vira de lado é tudo culpa da inflação meus sapatos onde estão? se eu mostrar tem desconto fiz as contas tô fodida.

Carolina Barreiros

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Pra você

Ele até pega O garfo, a faca A pá Muitos modus (um gentleman) Todos operandi

Thiago Kazu

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Estrada

No corpo, o tempo não é mais rápido que nós. Segue a seta, e é tudo. Da paisagem móvel, futuro e ultrapassado conversam nos espelhos retrovisores. A voz do vidro é veloz. Feroz, ferragem e conforto. A ego-trip das tripas. Ossos do paradoxo: Seguir é corpo da espera. A estrada, tapete diabólico, que nos carregue

Guaracy Britto Jr.

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Há uma tenda

com os seus cantos amarrados em estrelas Dentro dela os pensamentos tristes tornam-se mais jovens, antes da memória Antes da psicanálise estragar tudo como a voz do jovem Chet (que já era da idade do mundo) Então um circo pode surgir reunindo todos os seres do horóscopo e dos zodíacos orientais para uma apresentação de fábulas incompreensíveis de tão futuras (porém seu signo não aparece. Por quê?) e você se vê num carrossel Cobrindo a distância certa até lá. Indo até lá. Que mais se pode fazer?

Thiago Kazu

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O Demônio da Lente.

Jean-luc Godard. João, olha Godard.Olha a banda do Roling Stones, o ensaio, os dentes de Mick Jagger. Na baia dos porcos, Bettie Page está nua perto da janela atômica do som. Bum! Sombra da pele na carne: massa de modelar. Dela. ToyArt para crianças de Marte. Ficção científica: soldadinhos de plástico verde-vietnan se suicidam nas caixas de brinquedos. Presta atenção João. Larga essa revista João, escuta Mick Jagger, o canto dele é cheio de lábios. Os acordes, batuques e coros no ensaio cru. Céu nem inferno, algo melhor. João, larga essas revistas: Nus, o Rei nem o Papa. A calça aperta os culhões de Keith Richard. Andy Wharol e Janis Joplin, juntos numa mesa de bar. Apaga isso aí, João. João, o ensaio se orquestra. Godard passeia a câmera, paciente, escuta. Nas igrejas, badalam calças boca-de-sino. O bico do peito do padre preto é preto sob a teta cúpula da igrejabranca. Sabes rezar, João? Larga. Sex, Malcom X, Castro, Mao, Gumex, Patricia Hearst, Mentex, Playboy, Penthouse, Jontex. João, vamos embora. Os Stones tocaram o que tinham de Godard. Não esquece: Nada no mundo se parece com Mick Jagger. Jean Look Likes Godard. One Plus One: The movie. O pão inamassado do diabo. Perguntas com resposta dentro. Quadrinhos de bom comportamento. O rosnado das pichações diz. Torres careadas do sagrado são dentes com gosto de meninos. Papam a história ocidental. Quem ri por último, é o mais simpático. Guaracy Britto Jr.

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[Boxing]

Encaixoto Socos. Pandora em guarda. - W.O. man

Thiago Kazu

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