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Abílio Azevedo Cabeçudos e Gigantones
Portefólio Cabeçudos e Gigantones da tradição à criação
Artesão Francisco Cruz
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Concelho Viana do Castelo
Grupo 08 – Artes e ofícios ligados ao papel e artes gráficas
Atividade 08 – 02 – Arte de trabalhar papel
Registo fotográfico Início: 05/05/2019 Fim: 21/05/2019
Abílio Azevedo Menção Honrosa CPF
A paixão pela imagem de Abílio Azevedo despertou na adolescência e o vídeo apresentou-se, por mero acaso, como o meio possível de a concretizar. A fotografia, documental e recreativa, só mais tarde, como autodidata, a começa a praticar. O sentido crítico e o desejo de aprofundar conhecimentos levou-o a frequentar dois cursos de formação, um no IEFP de Viana do Castelo e o segundo no Estúdio 151, no Porto, no quadro dos quais participou em duas exposições coletivas.
A dimensão estética e a fruição pessoal da fotografia são, todavia, as razões que motivam Abílio Azevedo. A partilha do seu trabalho não tem passado para além dos amigos e da família e a participação no concurso “Fotografia FNA”, o prrimeiro em que se inscreveu, deve-se ao desafio lançado pelo artesão Francisco Cruz, do qual surge o portefolio “Cabeçudos e Gigantones”.
Cabeçudos e Gigantones da tradição à criação
A tradição dos “Cabeçudos e Gigantones” em Viana do Castelo remonta aos finais do século XIX, quando desfilaram pela primeira vez na Romaria da Senhora d’Agonia.
Consta que terá sido um administrador do Concelho que viu essas figuras gigantes em Santiago de Compostela, dançando em frente à Catedral, ao som de um grupo de tamborileiros, em homenagem ao Apóstolo. Terá tido , então, a iniciativa de as trazer para a cidade de Viana.
Apesar da origem destas figuras não ser local, a sua persistência ao longo dos anos pode encontrar uma explicação na relação com a nossa cultura. Nomeadamente com a existência de bonecos grotescos ou de grandes dimensões em procissões de antigamente. Mas, também, em tradições muito vividas hoje no Alto Minho, como a “Queima do Judas”, a “Serração da Velha” ou a “Coca” de Monção.
De entre os artesãos e “empresários” dos Cabeçudos e Gigantones ao longo dos tempos, destacam-se as três gerações dos “Taipeiros”, da vila de Darque. “Empresários” porque, para além de serem os seus criadores, alugavam, vestiam, restauravam e acompanhavam essas grandes figuras.
Maria Arminda Ribeiro Maciel (1909 - 1985) foi a mais recente e talvez a mais emblemática “empresária” destas lides. Tal como seu pai, D. Maria Arminda – de alcunha a “Taipeira” – animava todo o grupo de Gigantones e Cabeçudos com uma chibata na mão, pronta a cair em cima daquele que não obedecesse às suas ordens.
Trajava habitualmente uma camisa floreada, saia preta e avental, e com a chibata numa das mãos, impunha a disciplina necessária ao grupo que orientava, e todos bailavam ao som dos Zés P’reiras.
Homenageando – Maria Taipeira – o artesão Francisco Cruz deu o seu nome ao trabalho realizado para este portefólio fotográfico, inspirando-se numa fotografia da, então, conhecida empresária dos Cabeçudos e Gigantones.
Atualmente os Cabeçudos e Gigantones são pertença da Comissão “Viana Festas”, da Câmara Municipal, e o empenho na manutenção desta tradição é cada vez maior. Não pode haver Romaria, digna do seu nome, sem Cabeçudos e Gigantones. São eles, a par dos fogueteiros e dos Zés P’reiras que, com pompa e circunstância, anunciam a Festa e dão os primeiros acordes de alegria.
A sua presença ganhou peso no contexto das tradições e identidade do concelho. E o quadro vivo “Revista de Gigantones e Cabeçudos” que anualmente se realiza, na emblemática Praça da República, não só é uma manifestação que os vianenses acarinham como se tornou uma atração de elevado valor turístico.
Francisco Cruz é um dos atuais artesãos de Cabeçudos de Viana do Castelo e executa-os utilizando as técnicas tradicionais, nomeadamente com a realização da estrutura sem recurso a moldes. O revestimento da estrutura é feito com materiais reaproveitados (jornais, sacos de farinha e cartões), pasta de papel e colas, sendo o acabamento efetuado com tinta e verniz.
Abílio Azevedo e Francisco Cruz