#21 Sob o domínio do medo

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ACADÊMICO Conheça os cursos mais inusitados do mundo

NEGÓCIOS Como fazer um brainstorming produtivo?

EMPREENDEDORISMO Três lições que podemos aprender com o Chile

junho/julho de 2013 – ano 2 – no 21 www.administradores.com

infográfico

R$ 12,50

Os gastos da Copa do Mundo 2014

SOB O DOMÍNIO DO MEDO Parece título de filme de terror,

mas o medo é uma das mais

poderosas e eficientes estratégias no mundo dos negócios. Veja como é usado e que efeito, de fato, pode

provocar nas pessoas




EDITORIAL

Expediente

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CONTATOS Assinaturas www.administradores.com.br/revista PUBLICIDADE comercial@administradores.com.br +55 (83) 3247 8441 correspondência Av. Nossa Senhora dos Navegantes, 415 / 304 - Tambaú - João Pessoa - Paraíba CEP 58039-110 redação revista@administradores.com.br

Do outro lado Você está sozinho em casa e já é de madrugada. Desperta da cama com aquela sede incontrolável. O silêncio da noite é quebrado com a chuva que cai intensamente lá fora e com as fortes rajadas de vento que imitam um lobo uivando. Então, você ouve a porta da frente repentinamente batendo. Seu coração dispara. Sua respiração acelera. Seus músculos contraem. Logo depois, percebe que não tem ninguém tentando entrar em sua casa. Era apenas o vento. Os poucos segundos de pânico antes da constatação de ter somente o vento como companhia, geralmente, parecem uma eternidade. Sempre que sentimos uma emoção proveniente do “medo”, como o iminente perigo que se aproxima, o ser humano cria uma reação inconsciente que basicamente o coloca em duas situações: enfrentar ou fugir. Isso acontece com todos e define muitas das escolhas que tomamos, entre elas, a que envolve o ambiente profissional. Um funcionário que, com receio da opinião do chefe ou do grupo, não apresenta uma proposta diferente com medo de estar errado; uma empresa que lança um novo produto no mercado apenas pelo receio do concorrente ultrapassá-la; e por aí vai. O medo é também uma forte estratégia quando o assunto é vender e, certamente, ele já deve tê-lo convencido como consu-

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midor (até sem você ter percebido). Nesta edição nós resolvemos abordar esse tema e mostrar como o medo age em diversas vertentes da Administração. Vale a pena conferir como essa emoção está fortemente ligada às nossas decisões e comportamentos. Mas, claro, a edição 21 da Administradores foi redigida trazendo também outros assuntos interessantes e diversificados. Vamos mostrar o que podemos aprender sobre empreendedorismo com o nosso vizinho Chile. Descobrimos cursos universitários espalhados pelo mundo que falam sobre zumbis, games, ícones pops e outras diferentes linhas de pesquisa. Faltando menos de um ano para a Copa do Mundo e tanta polêmica a envolvendo, preparamos um infográfico com os gastos que a cercam. Quer fazer um brainstorming produtivo? Então, não pode perder o Pei,buf desta edição. Pode ler a revista à vontade e, claro, com a mesma alegria e satisfação que a fizemos. Boa leitura!

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Fábio Bandeira de Mello editor

Publisher Leandro Vieira leandro@ administradores.com.br Redação Editor Fábio Bandeira de Mello fabio@ administradores.com.br Repórteres Agatha Justino agatha@ administradores.com.br Eber Freitas eberfreitas@administradores.com.br, Fábio Bandeira de Mello, Mayara Chaves mayara@ administradores.com.br e Simão Mairins simao@administradores.com.br Revisão Danielle Vieira COLABORADORES Bettina Buechel, Elazier Barbosa, Fábio Zugman, Gabriel Carneiro Costa, Guilherme Azevedo, Henry Mintzberg, Jaume Llopis, Joan Enric Ricart, Patrícia Teixeira, Raniere Rodrigues, Roberto Cabariti, Rodolfo Araújo, Rodrigo Araújo, Seth Godin. ARTE DIREçÃO João Faissal | Imaginária Design design@ imaginaria.cc Design e ilustração Thiago Castor thiago@administradores. com.br EDITOR DE vÍDEO Daslei Ribeiro daslei@administradores. com.br COMERCIAL Diretor Comercial Diogo Lins diogo@administradores.com.br FINANCEIRO Anna Vita Vieira annavitavieira@administradores.com.br Atendimento ao Leitor Anna Valéria Onofre annavaleria@administradores.com.br Impressão Gráfica Moura Ramos www.mouraramos.com.br capa mobile (música) Psycho Prelude Orquestra Real Nacional Escocesa, conduzida por Joel McNeely. Música de Bernard Herrmann


índice

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feedback

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ambiente externo

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ONLINE

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entrevista

Lego: a brincadeira que virou um grande negócio

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Cultura pop e games invadem salas de aula e revolucionam ensino tradicional

Como fazer um brainstorming produtivo?

Os quatro caminhos de impacto da educação executiva

Promover (por que não?) iniciativas sociais, além de negócios e governos

ACADÊMICO

PEI, BUF!

ACADÊMICO

insight

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Quando não estar preparado e arriscar é a melhor opção

Você é a favor da isenção tributária para igrejas?

O que faz um bom diretor? 15 histórias de sucesso

Os gastos da Copa

ESTRATÉGIA

contraponto

CARREIRA

INFOGRÁFICO

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capa

Sob o domínio do medo

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Três coisas que podemos aprender com o Chile sobre empreendedorismo

- Olá, senhor. Vamos fazer o nosso cartão?

EMPREENDEDORISMO

jornalismo gonzo

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- Você tem olhado para seu futuro?| Leandro Vieira

Seu manifesto, sua cultura | Seth Godin

- As três marteladinhas mágicas| Elazier Barbosa

artigo

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ADMINISTRADOR DO FUTURO

MENTE ABERTA

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FORA DO QUADRADO

artigo do leitor

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o que drucker faria

As dúvidas dos leitores tiradas com os conceitos do pai da Administração

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ADMINISTRADORES NA HISTÓRIA

Margaret Thatcher: os erros e acertos da Dama de Ferro

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- Curiosidades e humor - Ações para um mundo melhor - Leitura: Antifragile - Cinema: O homem que mudou o jogo

Caiu na Rede. E agora? | Patrícia Teixeira

ENTRETENIMENTO

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ponto final

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INFOGRÁFICO 2

LEITURA

Acabei de ler a última edição da Revista Administradores e, como sempre, um conteúdo excelente com artigos muito importantes para os administradores. Parabéns pelo sucesso.

Faltou o Jon Snow. Acredito que ele também tem um perfil de liderança muito válido. Esqueceram dele só porque é um bastardo, mas não vou deixar impune. Snow é o nome dado a todos os bastardos que nascem no norte. Mas Jon, o bastardo de Eddard Stark, mostra que nunca teve pretensão à liderança. Entretanto, quando o momento chega, é para ele que todos olham em busca de uma solução e ele não foge à luta. Assume essa responsabilidade e conquista o respeito e a confiança dos seus liderados. Por acreditar nos desacreditados, ele os inspira e mostra que podem ir muito além de suas capacidades. Vanessa Lemos

Cícero Júnior

EDIÇÃO

Parabéns pela edição. Muito rica em conteúdo relevante para o cenário atual. A linguagem e a visualização digital ficaram perfeitas. Não posso economizar elogios. Sucesso! Thiago Vilaça

EDIÇÃO 2 PALESTRA

Tenho a assinatura da revista Administradores e a amo! Foi ela que usei como base para minha palestra no Rotaract Club de Cianorte, sobre Marketing sem Custos e Marketing de Guerrilha. Uma vez que é através desse tipo de marketing que divulgamos nossos projetos em prol da sociedade. Minha palestra foi um sucesso. Gostaria de agradecer muito a vocês pelas reportagens que incentivam tanto na minha área e me ajudam a pensar melhor minhas responsabilidades como administradora e pessoa. Priscila Moraes

Os temas abordados são altamente dinâmicos, atuais, inteligentes e despertam interesse em qualquer um que preze pelo mínimo de cultura. Rafael Dalla Rosa

AJUDINHA

#admnow

Nossa obrigada por postar uma matéria sobre storytelling. Era a cereja que faltava no meu trabalho para ficar bom.

Mateus Fassy | manifestação em belo horizonte

Gislene Carvalho

INFOGRÁFICO

Muito, mas muito legal esses textos relacionados ao Game of Thrones. Poderiam ensinar Administração no ensino fundamental dessa forma. Fabiano Alves

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Uma homenagem aos ADMs do Brasil!

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Mande também O seu recado para a Administradores através do revista@administradores.com.br


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Marcelo Camargo/ABr

AMBIENTE EXTERNO | RÁPIDAS

FRASES A prefeitura não entra em um jogo de tudo ou nada

Fernando Haddad

Prefeito de São Paulo, antes de revogar o aumento da tarifa de transporte coletivo.

Protestos tomam conta das Três cidades brasileiras ruas no Brasil têm ônibus de graça A onda de protestos no Brasil teve seu estopim no dia 6 de junho em uma manifestação contra o aumento das tarifas de ônibus, em São Paulo. Nesse dia, uma quinta-feira, houve excesso de reação por parte da polícia e depredação na cidade. O fato acabou gerando diversos protestos no país, que se transformaram em reivindicações sobre outras problemáticas, como saúde, educação e a Copa do Mundo. Quase todas as capitais e mais de 150 cidades brasileiras aderiram às manifestações. Além das passeatas, confrontos entre manifestantes e forças policiais e vandalismo também foram registrados em vários locais.

Em contraste aos diversos protestos espalhados pelo Brasil, pelo menos três cidades brasileiras não tiveram registros de manifestações. Tratam-se dos municípios de Porto Real, no Rio de Janeiro, Agudos, em São Paulo, e Ivaiporã, no Paraná. Todos eles possuem passe livre de transporte coletivo. Em Ivaiporã isso já acontece há 12 anos. A administração do município de 32 mil habitantes custeia integralmente a tarifa das linhas urbanas. São oito veículos que atendem a todas as linhas urbanas, ao custo anual de R$ 500 mil. De acordo com o prefeito, os gastos equivalem a 1% do orçamento do município, que é de R$ 50 milhões.

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

PEC 37 é derrubada Em acordo entre os líderes partidários da Câmara, a Proposta de Emenda Constitucional 37/11, que limitaria os poderes de investigação do Ministério Público, foi derrubada. A ideia é que seja discutido futuramente um substitutivo à PEC, com a proposta deve regulamentar as investigações criminais e buscar o entendimento entre o Ministério Público e as polícias Federal e Civil. 430 deputados (97,5%) votaram pelo arquivamento da proposta, e apenas 9 (2%) se posicionaram a favor; houve 2 abstenções. O veto à PEC 37 era uma das bandeiras dos manifestantes que tomaram as ruas do país em junho. 8

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nós vamos ter que cortar investimentos porque as empresas não suportam, não têm como arcar com essa diferença.

Geraldo Alckmin

Governador de São Paulo, ao anunciar em coletiva que anunciou a revogação do aumento das tarifas de ônibus, trens e metrôs

Vamos esquecer toda essa confusão e pensar que a seleção brasileira é o nosso país

Pelé

Ex-jogador de futebol e Embaixador do Mundial de 2014, em vídeo. Pelé foi duramente criticado, principalmente nas redes sociais.

Odeio balas de borracha, joga um Halls Cartaz de um dos manifestantes. Não faltaram dizeres criativos dentro das manifestações espalhadas pelo Brasil.

Quando seu filho ficar doente, leve ele ao estádio Cartaz comum entre os manifestantes em diversas cidades do Brasil.


ONLINE | www.administradores.com

ARTIGOS

ENQUETE

#FICADICA

Qual é o seu tema preferido na área de Administração? Disseram muitas coisas pra ele. Mas era tudo mentirinha

?

Flávio Augusto, fundador do Wise Up e Geração de Valor, destaca quais as mentiras que as pessoas costumam ouvir e acreditar

Wikibot

Navega na Wikipédia mesmo onde não existe uma conexão de internet. Assim, é possível aproveitar a enciclopédia em qualquer lugar.

Puzzle Alarm Clock 21,99% | Recursos Humanos 16.61% | Marketing 15,15% | Empreendedorismo 13,51% | Finanças

adm.to/flaviogv

Ótimo alarme para quem abusa do modo soneca. Ele “impõe” desafios para poder desativar o som.

ENTREVISTA O que você precisa saber sobre estratégia

10, 27% | Logística 6,52% | TI

O escritor e doutor em planejamento, Joel Souto-Maior, explica como o pensamento militar se encontrou com o empresarial

5,97% | Criatividade

Cresce o número de mestres em Administração. E a qualidade, como anda?

5,28% | Inovação

adm.to/estrategiaadm

4,7% | Outros

Eduque seu dinheiro Fonte: Administradores.com

TWITTER

Orkut

FACEBOOK

LINKEDIN

@admnews

adm.to/ orkutadm

adm.to/ facebookadm

adm.to/ linkedinadm

adm.to/financasadm

FOI DESTAQUE NA WEB

shutterstock

adm.to/mestreadm

Como cuidar do seu dinheiro para ter um futuro tranquilo? Gustavo Cerbasi ensina como e quando investir para ter uma boa qualidade de vida

shutterstock

Wagner Siqueira, presidente do CRA/RJ, mostra preocupação com a preparação dos novos mestres que surgem na área

APP

Como o Facebook revolucionou a vida do consumidor e da marca?

Que tal preparar sua própria Coca-Cola?

Estudante dá lição de moral à professora e vídeo é viralizado

A rede social está cada vez mais onipresente na vida do internauta. Veja a influência dela para as empresas e seus clientes:

Renato de Castro, do Executivo Global, encontrou uma máquina que pode revolucionar a maneira como você bebe produtos da Coca-Cola.

Oscilando entre a razão e a empáfia, Bliss acabou revelando - com a atitude, não com as palavras - que a Educação precisa sair do lugar.

adm.to/mktface

adm.to/cocasabores

adm.to/licaoacademico

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ENTREVISTA | ROBÉRIO ESTEVES

a brincadeira que virou um grande negócio Robério Esteves, principal executivo da marca no Brasil, conta detalhes de como a marca Lego virou sinônimo de uma categoria; qual é a grande magia para conquistar consumidores de todas as idades e como ela deixou de ser uma empresa familiar para se tornar a segunda maior companhia de brinquedos do mundo. por fábio bandeira de mello

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fotos divulgação

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T

udo começou quando um carpinteiro começou a fazer brinquedos de madeira na Dinamarca. Hoje são mais de 10 mil funcionários,

presença em 140 países e 400 milhões de crianças alcançadas. Os números da Lego realmente impres-

A primeira pergunta que temos é, provavelmente, uma curiosidade que muita gente também deve ter. O que significa Lego? A palavra Lego, na verdade, foi criada a partir de outras duas palavras dinamarquesas que são leg e godt, que significam “brincar bem”. A fusão acabou gerando o nome.

sionam e exemplificam a solidez de uma marca que ultrapassou 80 anos de história. Para nos contar um pouco dos segredos que fazem da Lego uma das líderes mundiais na categoria de brinquedos, conversamos com Robério Esteves, diretor de operações e principal executivo da marca no Brasil. Ele falou sobre as estratégias adotadas

A Lego surgiu na década de 30 como uma empresa familiar e hoje o grupo possui mais de 10 mil funcionários em cerca de 140 países. Sem dúvida, é um grande case no mundo dos negócios. Você pode nos contar um pouco dessa evolução?

no marketing, na inovação e na comunicação com os consumidores. Além disso, destacou que muitos pontos do sucesso da marca estão “ligados diretamente à administração do negócio”.

Nós estimamos que atualmente 400 milhões de crianças brinquem com Lego em todo o mundo

No início, a empresa produzia apenas brinquedos de madeira. O fundador, na época, era um carpinteiro. Foi apenas na década de 1940 que surgiu a ideia de confecção de uma peça plástica que tinha a forma de um tijolinho, mas a peça Lego como conhecemos hoje foi patenteada em 1958. Inicialmente eram apenas as peças básicas, que têm formas mais quadradas. A partir da década de 1960 começaram a surgir outros elementos, o que chamamos de “elementos especiais”, como os personagens, portas, janelas e outros tipos. Um dos motivos que impulsionaram a evolução da marca e fez o brinquedo se tornar tão famoso está nas infinitas possibilidades de construção que ele permite. Isso é um fato inerente ao ser humano: de montar e desmontar. Então, esse conceito, que possibilita a criança construir o que a imaginação mandar, fez com que o brinquedo Lego fosse difundido entre diversos mercados. Então, de lá pra cá, a empresa vem tendo um crescimento no número de consumidores, mesmo com todos os produtos tecnológicos. Nós estimamos que atualmente 400 milhões de crianças brinquem com Lego em todo o mundo.

Fizemos recentemente uma matéria na Administradores sobre storytelling, que é a arte de criar histórias para engajar e motivar. Você acredita que as mil e uma possibilidades de interação com os quebra-cabeças da Lego e de fazer e refazer diferentes histórias criam uma identificação das pessoas com a marca? Quando você diz “construir e reconstruir”, você diz nesse quesito de história também? Claro. No ato de construir e reconstruir você pode agregar histórias a isso. Nós proporcionamos a ferramenta e a matéria prima. A partir daí, vai da imaginação da criança. Claro que existe também a nossa sugestão de histórias já pré-formatadas para a brincadeira. Mas é interessante que existe a possibilidade de criar e montar outros temas diferentes com as mesmas peças. Ao todo já foram lançadas 22 mil linhas de produtos. junho/julho 2013

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ENTREVISTA | ROBÉRIO ESTEVES

Falamos de um bom motivo do sucesso da Lego, mas existem alguns outros atributos para isso?

Eu diria que isso se deve a muitos pontos que estão ligados diretamente à administração do negócio. Um deles é você oferecer ao consumidor sempre novidades o tempo todo. Então, todos os anos nós inovamos a linha de produtos em aproximadamente 80%. Isso é um índice bastante alto, talvez seja o mais alto, até para o mercado de brinquedos. Isso faz com que todos os meses nós tenhamos novidades nas prateleiras e nas lojas. O segundo fator importante está no brinquedo Lego ser colecionável, então existe essa oportunidade que atrai mais aqueles que já gostam dos produtos. Fora isso, a própria qualidade do brinquedo é um diferencial. Nós temos aqui um lema interno: “only the best is good enough”, ou seja, “somente o melhor é bom o suficiente”.

Você falou da constante inovação da linha de produtos da marca. Quantos produtos vocês devem colocar no mercado?

Para este ano temos programado o surgimento de mais de 299 itens. Deste total, 237 são lançamentos que vão sendo colocados no mercado até novembro.

Em relação ao marketing disso tudo, principalmente no Brasil, como vocês trabalham com tantos produtos e buscam reforçar a imagem da marca?

Bom, o primeiro caminho é mostrar a marca Lego sendo reconhecida como brinquedo de montar. Felizmente já temos esse posicionamento e viramos sinônimos de categoria, como já acontece com outras marcas como Gillette e Bombril. As pessoas chamam qualquer outra peça de montar de Lego. A partir daí, buscamos diferentes formas de nos comunicarmos com nosso público. Para isso, utilizamos a mídia eletrônica, a TV a cabo, algumas vezes a mídia impressa, mas, principalmente, ações no ponto de venda. Então, o merchandising no ponto de venda significa você sinalizar o espaço Lego dentro da loja. Ela pode ser uma sinalização aérea, de piso, da própria gôndola, decoração de uma vitrine ou até de uma oficina de criação ou campeonatos com criação dos produtos Lego.

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Vocês também têm uma proximidade incomum com seus consumidores, transformando-os em fãs devotos. Existe até o LUG (Grupo de Usuários de Lego) em que é buscada a aproximação direta. Você poderia contar um pouco como funciona o contato com esses grupos?

Surgiram naturalmente grupos de fãs adultos. Então, por conta disso, do surgimento desses fanáticos por Lego, a empresa resolveu conhecer essas pessoas e formou-se o LUG. Esses grupos estão em diferentes países. No Brasil também existem, e são pessoas muito respeitadas por toda a Lego, principalmente por representarem uma manifestação espontânea. Assim, ouvimos sugestões e dialogamos para melhorarmos ainda mais o que oferecemos.

O submarino Shinkai 6500 (criado e divulgado por fãs de Lego) é um exemplo dessa produção colaborativa? Você acredita que a tendência pode aumentar?

Bem lembrado. Esse submarino faz parte de um projeto onde os fãs têm que criar um brinquedo Lego e ele é colocado para uma avaliação popular. Se o produto sugerido pelo colecionador receber um número x de votos, existe a grande possibilidade de ele ser produzido em grande escala. Caso isso aconteça, o criador também recebe uma comissão pela criação do brinquedo.


A maior lição é você aprender a ouvir e entender qual é o momento do seu consumidor. Através disso, do que ouviu, você deve adaptar o seu produto Para os empreendedores que estão lendo essa entrevista, qual dica ou lição você, através da experiência da Lego, daria sobre “o que podemos aprender com os nossos consumidores”?

A Lego fechou parceria com diversas instituições de ensino no mundo, desde a pré-escola até a universidade. Você pode nos contar detalhes de como conseguem estar presentes no dia a dia de públicos tão distintos?

Eu diria que a maior lição é você aprender a ouvir e entender qual é o momento do seu consumidor. Através disso, do que ouviu, você deve adaptar o seu produto ou serviço para ele. Eu diria que isso é essencial para manter-se no mercado.

Nós temos uma divisão dentro do grupo que é a Lego Education. Ela busca proporcionar produtos ou kits específicos para as escolas, sendo que esses kits são acompanhados de todo um treinamento e informação didática voltados para o educador. O objetivo é proporcionar atividades dinâmicas, normalmente em grupo. Vou dar um exemplo prático: a sala é dividida em integrantes de quatro pessoas. Para eles é colocado um desafio como a falta de água em uma fazenda. Então, qual é a solução? Puxar água através de um poço. Para isso, é construída uma maquete e um poço com peças Lego. Então, existe todo um mecanismo para ser construído, até que chegue ao produto final. Cada criança tem uma função nesse desafio. Na aula seguinte, as crianças mudam de função. No caso, além de buscarem resolver um problema, existe um aproveitamento muito maior da aula pela interação e dinâmica que as peças permitem. Isso é colocado em diferentes estágios da educação - do ensino fundamental às universidades, com peças básicas até aulas de robótica mais sofisticadas.

As crianças estão cada vez mais antenadas em novas tecnologias, na internet, em tablets. Enfim, muitas estão preferindo brincar mais no mundo virtual do que no real. Como você vê este cenário?

Isso é fato, as tecnologias estão aí. As crianças, hoje, cada vez mais cedo têm acesso aos produtos da tecnologia. Claro que isso tem um lado muito positivo, de interação e diversidade, mas também desperta nos pais a preocupação para o meio não ser usado em excesso, até porque sabemos que a criança precisa se desenvolver de outras maneiras. Ela precisa desenvolver a coordenação motora, o raciocínio lógico e etc. Nesse sentido, principalmente a criança urbana, que não pode mais brincar na rua sozinha e não tem mais a chance de construir o seu próprio brinquedo, acaba tendo menos possibilidades. A questão é evitar o excesso.

A Lego possui também produtos no meio dos games. Em algum momento, isso criou um dilema à companhia por ter em seu negócio brinquedos mais voltados ao espaço virtual? Ou foi uma tendência natural de mercado e uma possibilidade de crescimento?

Não houve dilema, pois a empresa não está se voltando para esse lado, apenas agregando o que existe de tecnologia. O core business, negócio principal da empresa, continua sendo o de produzir brinquedos de montar. Agora, paralelamente, a partir do momento que a tecnologia está aí e as crianças também estão voltadas para esse meio virtual, encontrou-se mais uma maneira de se comunicar com elas. Então, as crianças podem brincar com todos os personagens nesse espaço, sendo sempre usado o conceito da construção.

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acadêmico | DISCIPLINAS DIFERENTES

O pop ataca as salas de aula por agatha justino

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imagens divulgação

As universidades estão sendo invadidas por zumbis, games, cantoras pop e desenhos animados. Calma, ainda não se trata de um apocalipse! Apenas uma revolução no meio acadêmico.

“N

ão existem fatos, apenas interpretações”. Se você não entendeu o que Nietzsche quis

dizer, talvez uma frase de Bart Simpson explique melhor: “eu não fiz. Ninguém me viu fazer. Então você não pode provar nada”. Explicar a filosofia por meio do episódio de um dos desenhos mais queridos do mundo foi a ideia da Universidade de Berkeley, na Califórnia, ao montar um curso chamado “Os Simpsons e a Filosofia”. E não é apenas a família de Homer que está presente no meio acadêmico. A cultura pop e os games estão invadindo as salas de aula e revolucionando o ensino tradicional. O objetivo é proporcionar um melhor entendimento sobre essa geração que vive bombardeada por informações e tecnologia. “Hoje possuímos com mais facilidade a internet, o YouTube, as redes sociais, blogs e as TVs por assinatura. Como negar todo esse cenário no processo educacional? O professor, hoje, deve ser midiático, estar em constante 16

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atualização e sempre que puder experimentar os mais variados ambientes virtuais, até porque, é neste universo que provavelmente seus alunos já estarão presentes há mais tempo”, explica Pablo Laranjeiras, especialista em Novas Tecnologias Educativas e Mestre em Comunicação e Culturas Midiáticas. Foi pensando nessas mudanças na mídia e entretenimento que a Universidade de Baltimore desenvolveu o curso “Gêneros Midiáticos: Zumbis”. O criador da matéria e entusiasta do universo dos mortos vivos, Arnold Blumberg, explicou ao Washington Post que se baseou na onda de zumbis para elaborar o programa das aulas. O curso analisa 16 filmes sobre o tema, desde o clássico de 1932 O Zumbi Branco até Zumbilândia, lançado em 2009. “Nós estudamos como evoluiu o personagem do zumbi com o passar dos anos e como isso reflete na nossa cultura”, afirma Blumberg. Ele ainda explica que antes de se tornarem conscien-

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tes e artísticos, os filmes que traziam os zumbis com personagens centrais retratavam os grandes medos da sociedade em cada época. E não são apenas as séries e os filmes que proporcionam o aprendizado. Os jogos também têm sido utilizados tanto no cotidiano das aulas, como em atividades extracurriculares. Segundo Pablo Laranjeiras, os jogos podem ser selecionados a partir do contexto e da temática da aula. Ele explica que o ato de jogar faz com que os estudantes desenvolvam um conhecimento prévio sobre o conteúdo histórico daquele game e abre espaço para que sejam inseridas diversas esferas do saber: Matemática, Geografia, Literatura, Sociologia, Filosofia e etc. “O jogo é uma maneira de emular situações reais ou fictícias, permitindo ao homem fazer descobertas, desenvolver sua criatividade, ir ao encontro do eu e do outro. Através dos jogos, o indivíduo aprende a agir, a questionar, desenvolve o raciocínio


séries em curso

Mitologia e

Como treinar

Jornada

ficção científica

Super-heróis

no estilo jedi

nas estrelas

O Centre College, no Estado do Kentucky, oferece aulas de “mitologia e ficção científica”, baseadas em filmes e livros como O Senhor dos Anéis e Matrix. A ideia é mostrar outras formas de se estudar mitologia sem necessariamente falar na Grécia ou na Roma Antiga.

O curso é de Física, mas o meio para o estudo são as histórias de super-heróis. Esse é uma das disciplinas oferecidas na Universidade da Califórnia Irvine, que mistura física e ciência com os personagens HomemAranha, Super-Homem e Mulher-Maravilha.

Na Irlanda do Norte, na Universidade de Belfast, é usada a psicologia do treinamento dos guerreiros Jedi, da série Guerra nas Estrelas, para melhorar a capacidade de comunicação e desenvolvimento pessoal dos alunos. O nome da disciplina é “Sinta a Força: Como Treinar no Estilo Jedi”.

A série Jornada nas Estrelas também tem uma disciplina específica e serve para estudar religião. Ela acontece no Muhlenberg College (EUA) e o foco é comparar as características das seitas alienígenas abordadas na série com as religiões do mundo atual.

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acadêmico | DISCIPLINAS DIFERENTES

lógico, cognição, concentração e a autoconfiança. Sempre utilizo jogos diferentes, dependendo do contexto e da temática da aula. Se quero focar em um jogo com conteúdo histórico, eu pesquiso e levo aos alunos um jogo com essas características”, explica o professor. Para Pablo, os games se diferenciam das outras formas de entretenimento como o cinema, o teatro, ou um livro, porque proporcionam um nível maior de imersão. O jogo é formado por regras, recompensas, delimitações de espaços e práticas que simulam comportamentos. Nele, o jogador deve tomar decisões que influenciam todo o desenvolvimento da narrativa. “Nos videogames, as linguagens computacionais permitem a criação segura dos ambientes e a simulação de comportamentos. Nesse contexto, os jogos digitais são uma forma de experiência fictícia que mais aproxima o usuário a uma experiência de saltar entre prédios, dirigir um veículo em alta velocidade, ou até mesmo salvar o mundo das ameaças do mal”, completa. Um exemplo de como esse conhecimento foi bem aplicado está na Universidade de Berkeley e na Universidade da Flórida, onde os alunos podem desvendar a arte da competitividade a partir de Starcraft. Os cursos são voltados para pessoas que administram negócios, fábricas e hospitais e precisam usar habilidades diferentes para lidar com os desafios da carreira. Os pré-requisitos para cursar a matéria incluem um conhecimento prévio do jogo, cálculo e equações diferenciais. Além disso, é exigida a leitura de A arte da guerra, de Sun Tzu. Segundo o programa dos cursos, os estudantes desenvolvem habi18

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lidades a partir da teoria do jogo, como pensamento crítico e decisões rápidas. “Ao sintetizar o game com um programa de MBA, o estudante ganha experiência na atividade que ele irá exercer”, afirma Nate Poling, responsável pela inclusão do curso na Universidade da Flórida.

ra Rihanna. Estranho? Nada disso. “O ponto de partida do meu projeto é mostrar que esse espaço de performance da Rihanna, onde ela ‘se mostra’ ao mundo, é um dos caminhos que os fãs buscam para ‘tocar’ seu ídolo. Esse sentimento de aproximação dos fãs, além

A cultura pop e os games estão invadindo as salas de aula e revolucionando o ensino tradicional

Rihanna no Instagram

Iniciativas como essas são bem-vindas pelos universitários, que passam a explorar objetos de estudo fora do padrão acadêmico. Hedilberto Pessoa, aluno de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba, escreveu um artigo analisando a conta do Instagram da cantojunho/julho 2013

de essencial para o sucesso da artista, é envolvido por uma série de subjetividades, onde as pessoas que estão do outro lado da tela acabam buscando inspiração e apropriações imaginárias na vida de seu objeto de culto”, explica o jovem. Hedilberto faz parte do Grupo de Pesquisa em Mídia, Entretenimento e

Cultura Pop (Grupop), da Universidade Federal da Paraíba. Para o estudante, as atividades desenvolvidas no grupo são o caminho para entender como a cultura contemporânea pode impactar as diversas esferas da sociedade. “Não apenas o universo pop que movimenta milhões pelo mundo, mas também as práticas culturais ‘invisíveis’, aquelas que são ricas e amplamente vividas nas sociedades periféricas, mas que a grande massa não tem aproximação. Mergulhar nesse universo é essencial para entender como funciona a lógica da cultura pop, que vai além da simples música saindo das caixas de som”, afirma o estudante. Coordenador do Grupop, o professor Thiago Soares acredita que o ensino tradicional deve caminhar junto a essas novas plataformas. “Séries, artistas e novelas falam sobre valores, nos ensinam a ser homens e mulheres bem sucedidos. É preciso enfrentar a pedagogia na mídia e os modelos de comportamento disseminados por ela”, indica. Durante muitos anos, as salas de aula mantiveram um padrão: professor, quadro e aluno. Mas a internet veio para obrigá-los a mudar. A informação está nas mãos do estudante, e as instituições precisam acompanhar esse ritmo. As universidades precisam formar profissionais que tenham um conhecimento diversificado, que saibam como aplicar essa cultura no cotidiano do mercado de trabalho. A tendência é transformar o meio acadêmico em um lugar atrativo e que estimule a criatividade.


Como fazer um brainstorming produtivo? por eber freitas

N

| imagem shutterstock

a economia, ela é uma concorrência rara de

brainstorming auxilia a diagnosticar como está a empresa ou os

fatores apontados pelo “profeta” Nouriel Roubini

resultados de uma área”, afirma Irina Bezzan, headhunter da CPIM

que pode ameaçar a estabilidade econômica

Morson International Group do Brasil.

global. Na natureza, foi um fenômeno climático

Enquanto isso, Fabiana Schaeffer, sócia-diretora da Netza,

secular que atingiu a costa leste dos Estados Unidos e do Canadá,

defende que o objetivo principal do brainstorming é “criar o maior

com furacões e ondas de 10 metros, deixando um prejuízo de US$

número de ideias acerca de um tema previamente selecionado, mas

200 milhões e cerca de 30 mortos. Mas nos negócios, essa tempes-

também para identificar problemas no questionamento de causas

tade pode trazer ótimos resultados para as empresas: chama-se

ou para se fazer a análise da relação causa-efeito”.

brainstorming.

A técnica, apesar de ser disseminada na atual dinâmica dos

Ao contrário das demais, ele não vem ao sabor dos ventos ou

negócios, já possui algumas décadas. O conceito foi elaborado

das circunstâncias. Em certa medida, pode ser provocada, cana-

em 1942 por Alex Faickney Osborn, executivo do segmento de

lizada e mensurada, servindo como um excelente instrumento

publicidade e propaganda, no livro How to Think Up. Mesmo assim,

de estímulo à criatividade, transformação, geração de ideias e de

o brainstorming encontra resistência nas organizações brasileiras

novas soluções para os problemas. “Sua importância é total, visto

e nos próprios profissionais, reticentes em apresentar ideias que

que além de apoiar no processo de surgimento de novas ideias, o

possam ser ridicularizadas.

O PROCESSO

Investigação do problema

Reunião da equipe e das informações

Definição do foco

Interação

Inspiração

Geração de ideias

Integração ou agrupamento

Implementação

Medidas para solucionar Evitar debates nas sessões de brainstorming o objetivo é a apresentação da maior quantidade possível de ideias diferentes e discussões que possam aguçar a inibição.

Não desprezar nenhuma ideia pelo mesmo motivo da medida anterior: se uma ideia for descartada logo de cara, os demais participantes naturalmente irão se sentir menos à vontade, e uma ótima ideia pode ser perdida.

Modificar ou recombinar ideias apresentadas

Igualdade de oportunidades

com a apresentação das ideias, outras novas podem surgir a partir das primeiras, a partir de uma junção. Essas ideias também devem ser apresentadas na dinâmica.

uma das tarefas essenciais da liderança é eliminar qualquer tipo de hierarquia em uma reunião de brainstorming, favorecendo todos os profissionais com a chance de apresentarem suas ideias, sem qualquer tipo de discriminação.

junho/julho 2013

Fugir das análises a apreciação crítica das ideias faz parte de uma etapa posterior, durante o seu teste de viabilidade. No brainstorming, o objetivo não é avaliar o conteúdo de forma crítica, mas buscar diferentes soluções para novos problemas.

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acadêmico | EDUCAÇÃO EXECUTIVA

Os quatro caminhos de impacto da educação executiva por bettina buechel

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Por meio da imersão na experiência educacional e com temas voltados à prática do mercado, esse modelo de ensino pode proporcionar transformações no conhecimento e comportamento de quem participa.

A

penas uma em cada dez empresas avalia o impacto de programas de educação executiva

no nível organizacional (Topping, 2005). No entanto, esse tipo de ensino permite que líderes empresariais foquem na identificação e definição de metas específicas, incentiva o autoconhecimento e o desenvolvimento da liderança, fornece uma plataforma que facilita o networking e a troca entre colegas, e estimula uma mudança nas referências. A educação executiva continua sendo um dos principais meios para realizar uma mudança transformadora. A fim de entender melhor o processo desse impacto, examinamos os importantes benefícios ao estudar como participantes do programa de educação executiva perceberam seu crescimento nessas áreas, bem como os processos que as organizações utilizam para medir esse impacto em longo prazo. Em nossas entrevistas com participantes e executivos de RH, descobrimos quatro caminhos de impacto.

Definição de metas

Diferentes tipos de metas afetam os resultados e 20

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geram impactos – dependendo do indivíduo, da equipe e da organização. Pedir que uma equipe complete um plano de negócios para um novo projeto de desenvolvimento comercial ou desenvolver individualmente um plano de ação para melhorar a competência da liderança são metas totalmente distintas. Se elas não forem explicitamente articuladas, como parte do programa de educação executiva, podem “cair no esquecimento” e, assim, não receber a atenção inicialmente prevista. Quanto mais específico for o levantamento das necessidades e o estabelecimento de resultados de aprendizagem, maior a probabilidade de que eles sejam alcançados. Visto da perspectiva individual do participante, o conhecimento é muitas vezes tratado como um objetivo de curto prazo, enquanto o desenvolvimento pessoal referente à autoliderança é frequentemente visto como o resultado mais importante de um programa de educação executiva. Quando o resultado do programa foi discutido, participantes que tinham metas específicas de aprendizagem acabaram focando suas atenções em tais metas.

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Autoliderança

As pessoas precisam receber feedback adequado em relação ao seu desempenho para que possam entender seu próprio progresso, avaliar suas ações e atingir metas. O feedback bem construído permite ir além da autogestão, chegando à autoliderança – que é caracterizada pela motivação e orientação. Além disso, gerentes que dominam a autoliderança podem promover o seu desenvolvimento nos outros. Portanto, defendemos que a autoliderança – e seu feedback associado – fornece um bom caminho para melhorar o indivíduo, o que pode significar um impacto positivo em nível organizacional. Embora seja difícil estabelecer o impacto real das atividades que promovem o desenvolvimento da autoliderança, os participantes relataram que são definitivamente beneficiados por essas atividades. O aumento da conscientização sobre como se apresentar e negociar também foi mencionado como sendo algo impactante, além da oportunidade de receber feedback em um ambiente amigável. Sob uma perspectiva da empre-


sa, os ganhos da autoliderança foram especialmente importantes quando relativos às competências da liderança que a organização almeja atingir de forma coletiva, por exemplo: focar no cliente, focar nos resultados ou outras competências derivadas da estratégia.

Networking

O networking e a manutenção dos contatos estabelecidos nos programas são também um importante benefício percebido do ponto de vista do participante. Embora reconheçam que o networking não afeta diretamente a maneira como trabalham, muitos participantes apontaram que ele enriquece a compreensão do negócio e permite convocar outras pessoas para fornecer ajuda quando necessário. O networking também possibilita aos participantes o desenvolvimento de uma linguagem comum com os colegas da empresa. Portanto,

as atividades de networking parecem impactar a organização ao facilitar o compartilhamento de conhecimento e contatos para além do âmbito do programa.

Alteração nas referências

De forma individual, o aprendizado começa com referências que consistem em conceitos e relacionamentos (Weick, 1986), que permitem que os indivíduos compreendam seu ambiente e ajam dentro dele (Barr, 1992). A aprendizagem organizacional, no entanto, é mais do que a soma do conhecimento apresentado pelos indivíduos – é necessária uma alteração coletiva das referências. Esta alteração na referência ficou evidente nas descrições dos participantes de sua aprendizagem no curso. Eles descreveram, com bastantes detalhes, partes dos módulos e o que aprenderam neles, quão rele-

vante foi o curso para seu trabalho e a forma como conduziram suas equipes. As entrevistas dos participantes deixaram claro que a consciência e a percepção de que as coisas podem ser feitas de forma diferente foram muito benéficas para eles. Sendo assim, podemos notar duas alterações de referências. Primeiro, os participantes são expostos a novos modelos, o que lhes permitem resolver problemas empresariais, pois estão equipados com as ferramentas mais apropriadas. Segundo, descobre-se uma consciência coletiva entre os participantes de que as coisas podem ser feitas de forma diferente.

Conclusão

Muitos diretores executivos aspiram por uma mudança de desempenho, o que só pode ser realizado se os recursos da empresa forem reforçados para tal. A educação executijunho/julho 2013

va, com seus quatro caminhos – definição de metas, autoliderança, networking e alteração das referências –, é um dos principais meios para que estas aspirações de melhoria de desempenho possam ser concretizadas.

Bettina Buechel é professora de Organização e Estratégia do IMD, onde também é Codiretora do Orchestrating Winning Performance, um programa empresarial global para indivíduos e equipes, que será realizado em Lausanne, Suíça, entre os dias 23 e 28 de junho de 2013, e em Cingapura, de 17 a 22 de novembro de 2013.

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INSIGHT OUTRAS POSSIBILIDADES

Promover (por que não?) iniciativas sociais, além de negócios e governos por henry mintzberg e guilherme azevedo

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Esperar pela boa vontade das ações feitas pelos governos dos países ou, simplesmente, achar que uma economia com empresas fortes pode resolver todos os problemas sociais é extremamemente arriscado. Por que não pensar e praticar uma nova possibilidade? Henry Mintzberg é um dos autores mais produtivos da Administração na atualidade, com 16 livros publicados, quase todos considerados referências na área. Ele é professor na McGill University, co-fundador do International Master’s Program in Practicing Management, usado por institutos de ensino em Administração no Canadá, Inglaterra, Índia, China e Brasil. Mintzberg também é responsável pelo desenvolvimento do curso CoachingOurselves, que em solos brasileiros é gerenciado pelo Grupo A. www.impm.org www.coachingourselves.com

Guilherme Azevedo é doutor em Estratégia e Organização pela Faculdade de Administração da Universidade McGill, em Montreal. Ele é professor visitante na MIT Sloan School of Management.

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E

xistem muitos problemas nesse mundo e está claro que o aquecimento global, a pobreza, a fome e uma recessão são provavelmente mais sérios do que as pessoas se importam em admitir. O que nós não sabemos é como resolvê-los. É só nós começarmos desafiando as duas maneiras mais promovidas: primeiro, governos em geral agindo nobremente em nome de todos os outros. Segundo, a ação de negócios seja de forma indireta, na crença de que o crescimento econômico resulta em um desenvolvimento social, ou diretamente, por meio da chamada responsabilidade social. No lugar dessas duas possibilidades, podemos discutir o potencial de iniciativas sociais promovidas pelas comunidades formadas por pessoas engajadas, ligadas pelo mundo. Muitas delas estão rendendo uma grande transformação social, para dar um panorama de seu poder, variedade e penetração. Então consideramos iniciativas do país que se destacam nesse quesito, respondendo a pergun-

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ta “Por que Brasil?” com “Por que não brasileiros?”. As características desses esforços nos permitem especular sobre a origem, desenvolvimento e difusão de iniciativas sociais. Nós precisamos concluir que tais iniciativas podem ser requisitadas para lidar com problemas difíceis diante do mundo.

Impasse social no Governo

Em seu livro A Bolha da supremacia americana, o financista e filantropo George Soros (2004) criticou a administração de George W. Bush e afirmou que a única esperança para o mundo é que os Estados Unidos recuperem o senso de uma América nobre, ao invés da América indecente. “Para recuperar a identidade que gozava durante a Guerra Fria, os Estados Unidos precisam se tornar o líder de comunidades democráticas... Ainda seria necessário manter seu poderio militar, mas essa força serviria para proteger a ordem de um mundo justo”. Mas será que o governo americano, em particular, ou outros governos,

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serão aqueles capazes de lidar com os problemas mais urgentes do mundo? Desde a promulgação da Doutrina Monroe, os registros americanos sobre justiça têm sido confusos, e assim como o restante do mundo percorreu um caminho desde o Plano Marshall, os Estados Unidos, infelizmente, seguiram também. Quem, então, se não a América? Que outros países possuem a influência, a perspicácia e a inclinação para lidar com os problemas globais? O Reino Unido? França? Japão? Dificilmente. Os países emergentes, chamados de BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China)? A coragem de alguns deles de desafiar subsídios agrícolas e patentes farmacêuticas é inspiradora, mas podemos esperar deles uma movimentação, por exemplo, acerca do aquecimento global? Nós acreditamos que essa seja uma maneira de aproximação errada. Governos de todo lugar aparentam ser restritos graças a uma mudança no poder que influencia no status quo: corporações poderosas, lobby agressivo, propaganda política. Para bem ou mal, muitos governos reduziram sua margem de manobra se tornando apegados a acordos multilaterais, blocos econômicos e moedas comuns. Assim, quanto mais sério o problema, menos nós podemos esperar dos governantes. Além disso, com o poder dividido em tantos países entre direita e esquerda, eles enfrentam seus próprios impasses.


Negócios em prol dos negócios

Se não os governos, então quem ou o quê? Economistas possuem uma resposta pronta: negócios. Deixem os negócios desenvolverem economicamente e o resto da sociedade seguirá se desenvolvendo socialmente. Se isso é verdade, então, claro que não há necessidade de restringir o poder ascendente das corporações. E, então, mesmo em face das piores condições econômicas desde a Grande Depressão, causada principalmente pelo mau comportamento de várias empresas multinacionais, a globalização prossegue sem muitas restrições. Não há dúvidas de que temos que nos desenvolver economicamente, no entanto, exigir também um desenvolvimento econômico que não mine o social. Nesse sentido, nós percebemos no início que o aquecimento global, pobreza, fome e a recessão indiscutivelmente são consequências do desenvolvimento econômico. A ideia de que as forças do mercado vão corrigir esses problemas, na melhor das hipóteses, é fantasiosa. Thomas Friedman escreveu no New York Times, em 19 de dezembro de 2009, que “o único motor grande o suficiente para impactar a Mãe Natureza é o Pai Ambicioso: o mercado”. Em suas notas para a imprensa, as empresas aparentam ser bem responsáveis; nos jornais, lemos sobre derramamentos de petróleo, crise nas hipotecas e bônus

executivos. Todavia, existem muitas empresas responsáveis e nós precisamos de mais. Mas seus atos de decência não vão resolver os problemas criados pelas empresas irresponsáveis, ou simplesmente causados pela onipresença de “externalidades” legais - é difícil de acreditar. A agenda dos negócios é para servir a si, não ao mundo. Isso é como deveria ser; ao menos até que o mundo encontre suas formas de se proteger dessas atividades. Infelizmente, não encontrou: muitas corporações, assim como outras instituições, incluindo as não lucrativas e governamentais, se tornaram muito grandes, burocráticas, exploradoras e entrelaçadas demais para lidar com os nossos problemas sociais.

Um movimento de iniciativas sociais

Se tudo isso foram as más notícias, então as boas são que existe um esforço em andamento, com muito sucesso e um potencial ainda maior, de mudanças. Nós nos referimos às iniciativas pelo mundo, em muitos lugares inesperados, conduzidas por um número significante de pessoas incrivelmente engajadas. Considere, por exemplo, os Médicos sem fronteiras, fundado em 1971 por alguns médicos franceses, conhecido por oferecer uma resposta rápida a emergências ao redor do mundo. Multiplique esses exemplos por alguns outros: alcoólatras anônimos, junho/julho 2013

Greenpeace, software livre de vários tipos e muito mais. O que queremos dizer por iniciativas sociais? Estas são outras maneiras de lidar com os problemas sociais, geralmente como ações coletivas destinadas a melhorar as condições das pessoas, mesmo quando executadas nas esferas econômicas ou políticas (por exemplo, para aumentar o emprego ou limpar a corrupção política). Elas geralmente começam em uma única comunidade, defendida por um ou vários “empreendedores sociais”, que desafiam os seus membros. Às vezes, essas pessoas fazem isso de forma agressiva, mas talvez, mais comumente, elas trabalhem em formas benignas, colaborativas e, mesmo inicialmente, despercebidas. Com isso em mente, todos os tipos de iniciativas famosas podem se tornar aparentes: como o movimento de desobediência civil de Mahatma Gandhi’s, o despertar ecológico para salvar as baleias da extinção, com as mais recentes iniciativas eletrônicas de Wikipedia e suas diversas ramificações, bem como a utilização de várias formas de mídias sociais para catalisar e coordenar as manifestações pró-democráticas ao redor do globo. Descreveremos no próximo artigo algumas iniciativas sociais contemporâneas que têm prestado mudanças sociais significativas em seus próprios mundos, com um potencial para difundir além desses lugares. administradores.com

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estratégia | RISCOS

Enfrentando o desconhecido por mayara chaves

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Quer correr atrás de uma oportunidade, mas está inseguro para isso? Não tema, pois nem sempre é preciso estar tão preparado para enfrentar os desafios. Conheça histórias de pessoas que deram um tiro no escuro e não se arrependeram dessa escolha.

S

er formado em uma área e, de repente, optar por outra carreira. Ou ainda, ter vários anos dentro de uma empresa e depois sair para

investir em um negócio próprio. As duas situações podem não ser novidades nas idas e vindas de um profissional dinâmico. No entanto, nem todo mundo tem coragem para enfrentar o desconhecido ou enveredar por um segmento diferente daquele que se preparou por anos a fio. Alguns profissionais perdem grandes oportunidades por não se considerarem prontos para o desafio. Isso pode ser desde não ter cursado um segundo idioma, uma pós-graduação, não estar com um plano de negócios completamente definido ou por não ter adquirido uma determinada habilidade. Fatos como esses influenciam em uma tomada de decisão mais radical na carreira. “Quando falamos em profissionais empreendedores ou intraempreendedores, necessariamente estamos falando em correr riscos. Neste sentido, o profissional que estiver disposto, ainda que não completamente preparado, a se arriscar 24

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terá grandes chances de encontrar uma série de benefícios pelo caminho”, destaca Graziela Cristina Vital, coordenadora do curso de Administração da Universidade Cidade de São Paulo. De acordo com Graziela, fatores como satisfação pessoal e profissional por ter decidido realizar algo desafiador, possibilidade de criar algo diferente, ou simplesmente a chance de encarar uma importante oportunidade de aprimorar o autoconhecimento podem ser extremamente motivadores. Mergulhar de cabeça no sonho de mudança e não passar anos se preparando para isso foi uma das tônicas da empresária Naomi Rodrigues. Ela, após se formar em Psico-

logia e integrar uma entidade que auxilia no desenvolvimento das carreiras dos jovens, em Ribeirão Preto, descobriu alternativas diferentes das que a maioria das pessoas com sua profissão optaria. Naomi, então, abriu sua própria empresa no modelo coworking, a Ambiente CoNéctar Coworking, e a partir daí começou a colocar a mão na massa. “Desde o início, eu tinha que fazer tudo. Eu e meu sócio dividimos as funções. Ele ficava mais na área de finanças e eu na de atendimento, parcerias e eventos. Agora a gente está partindo para contratar mais pessoas e crescer, mas no começo a gente fazia tudo, desde limpar o chão até atender e fazer as vendas”, explica.


Trocando a estabilidade pelo desconhecido

Com 25 anos de uma carreira bem-sucedida e estruturada em uma grande empresa, você pensaria em deixar o emprego e investir suas economias num projeto pioneiro? Foi isso o que fez o administrador de empresas José Caetano Lacerda, ao sair da Odebrecht em meados dos anos 1990 e investir no Cadê?, primeiro site de buscas do Brasil. “A coisa começou a crescer e eu não tive opção. Não podia cuidar dos negócios da empresa que eu era executivo e cuidar dos meus negócios pessoais que vieram a crescer. E aí tive que optar. Levei um ano e meio pra sair da companhia, devido aos meus compromissos e minhas responsabilidades, mas tive que realmente sair justamente por conta desse crescimento nos investimentos”. Hoje,

José Caetano é presidente e CEO da holding de investimentos JCS Business Partners Ltda, onde investe em quatro segmentos. Sair de uma grande empresa já é um passo ousado. Mas, e quando se tem um cargo público e a “sonhada estabilidade” para toda a vida? Alessandra Brandão teve tudo isso. Ela foi assessora do Tribunal de Justiça, mas pediu exoneração e foi para a Austrália, onde foi tradutora juramentada e trabalhou em uma consultoria tributária da qual se tornou gerente em seis meses. Depois, ela voltou para o Brasil, onde ocupou o cargo de advogada do Grupo KPMG, do qual saiu para abrir seu próprio escritório e, por incrível que pareça, a sua primeira agência de intercâmbio, a 2be Study Group. Toda a sua experiência anterior a ajudou na mudança de área de atuação. “Fui advogada por muito tempo na área empresarial,

a qual me deu bagagem, e hoje uso em tudo, desde marcas e patentes, contratos, trabalhista, tributária e, principalmente, para lidar com o Código de Defesa do Consumidor, do qual sou especialista”, explica.

Risco calculado

Por outro lado, ainda que seja fundamental para empreendedores a disposição para correr riscos, planejar e se especializar na nova área ou carreira pretendida, sempre quando possível, ajuda e muito no sucesso do negócio. Ter formação, livros e o próprio conhecimento da área auxilia bastante a superação mais rápida de alguns obstáculos e confere a ousadia necessária a quem está em busca de novos desafios. Esse foi um dos cuidados da empresária Renata de Barbosa. Ela iniciou sua carreira na área de moda e estilismo na França e, depois de vir para o Brasil, comejunho/julho 2013

çou a trabalhar na área. As diferenças entre o trabalho de moda nos dois países, no entanto, fizeram com que ela perdesse o gosto pela área e deixasse tudo para trás. Sendo assim, em questão de semanas, ela abriu a Disk Manicure, empresa de serviços de cuidado com as unhas, que hoje está presente em vários locais do país. “Eu arrisco, mas sempre tomo um risco calculado. Tudo o que foi feito foi sempre baseado em muita, muita informação. Tanto no que toca o ofício mesmo, de manicure, quanto o fato de trabalhar com franquia”, ensina. A todos os empresários bem-sucedidos aqui apresentados, os temerosos chamariam de pessoas de sorte, acasos que deram certo. No entanto, todos eles buscaram o conhecimento, se arriscaram e, até mesmo quando tinham o cargo dos sonhos, mudaram. Será mesmo sorte? Para saber, só arriscando. Quer tentar? administradores.com

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(Debate) contraponto | ISENÇÃO

Você é a favor da isenção tributária para igrejas? por roberto cabariti e rodrigo araújo

A isenção de impostos para templos de qualquer culto no Brasil foi instituída na Constituição de 1946, devido à forte pressão da Igreja Católica, religião essa, a mais forte na época. A isenção também esteve contemplada na Constituição de 1969, de 1988 e é válida até hoje. No entanto, essa ausência tributária divide muitas opiniões. O fato voltou a ganhar destaque após o governo da Itália determinar que a Igreja Católica pagasse impostos a partir de 2013 sobre suas propriedades de cunho empresarial, como hotéis, restaurantes, hospitais, clínicas, escolas, centros esportivos e imóveis para alugar. Propriedades que tenham templo ou outra instalação de fins exclusivos às atividades religiosas permanecerão isentas de tributo. Conversamos com dois especialistas que destacam opiniões divergentes sobre esse tema.

Roberto Cabariti é presidente do Conselho Administrativo Ortodoxo da Cidade de São Paulo.

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A

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s Igrejas de qualquer natureza são imunes do recolhimento do imposto de renda, ou seja, elas não têm que pagar o imposto sobre valores obtidos com doações, mesmo que envolva imóveis e veículos. Essa isenção acontece porque os templos religiosos são considerados entidades isentas ou imunes. A Constituição Federal, em seu artigo 150, concede imunidade aos templos de qualquer culto, quanto aos impostos sobre o patrimônio, renda e serviços, quando relacionados com uma atividade fim da Igreja. O problema não está na natureza da instituição, nem na sua isenção dos impostos, pois a religião existe para beneficiar a comunidade, prestando assim um serviço de utilidade pública. O problema, quando existe, é de gestão, pois os recursos advindos de dízimos, ofertas, doações e outras entradas de numerários devem ser utilizados no propósito a que se destinam, tais como

SIM!

o sustento ministerial, instrução, propagação de fé e assistência à comunidade, entre outros fatores. E é exatamente nesse trabalho de gestão que são realizados todos os projetos para a comunidade nas áreas da educação, saúde, atendimento a crianças e adolescentes, evangelismo, assistência social, curso de noivos, projetos de reformas e manutenção dos templos religiosos. No Brasil existem cerca de 80 tributos entre impostos, taxas e contribuições e as Igrejas, para poderem usufruir de imunidade ou isenção de algumas dessas despesas, têm a necessidade de cumprir uma infinidade de requisitos legais. Cumpre salientar que a imunidade contemplada pelos templos é restrita tão somente a impostos, não incluindo assim outras espécies de tributos, como a cobrança de taxas e contribuições que são necessárias qualquer que seja a sua natureza. Portanto, “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

“A religião existe para beneficiar a comunidade, prestando assim um serviço de utilidade pública” junho/julho 2013


) NÃO!

G

ostaria de esclarecer antes de discorrer sobre o assunto que não sou ateu e muito menos um descrente religioso, uma vez que sou um frequentador assíduo de igreja, sem dizer que conheço outras religiões e acredito que as mesmas contribuem de forma positiva na sociedade. Pois bem, feita a introdução, entendo que o Estado não deveria dar qualquer privilégio às igrejas sem que estas prestem qualquer tipo de conta, até porque rege em nossa Constituição que somos um país laico, devendo a igreja ser tratada como uma instituição comum. Ultimamente, andando pelas ruas, tenho reparado o surgimento de todo tipo de igreja, com os mais diversos nomes, o que demonstra que no Brasil o melhor investimento que existe é abrir uma igreja. O processo burocrático para se abrir uma igreja demora em média cinco dias, ao passo que uma empresa demora 119 dias. Se o Brasil aplicasse os mesmos benefícios dados às igrejas para as empresas, o país seria uma potência econômica, afinal igrejas gozam de isenção de impostos e sua criação possui uma burocracia muito menor do que qualquer empresa “normal”. Igrejas hoje funcionam como verdadeiras empresas, pois pastores, músicos e outros funcionários muitas vezes recebem gordos salários para exercer seu ofício, sem dizer os diversos investimentos que as mesmas fazem, como fazenda, aviões e etc. A justificativa para a isenção de impostos para as igrejas seria o fato de que elas possuem um trabalho social que

por si só contribuiria para a sociedade. Não podemos discutir a importância social das igrejas, mas o que me incomoda é que igrejas não precisam prestar contas de seus gastos, afinal qualquer mal intencionado pode abrir uma e recolher as ofertas dos fiéis sem praticar qualquer tipo de trabalho social, pois não existe controle por parte do Governo. Esse sistema acaba sendo prejudicial até para as igrejas sérias, que vêm malfeitores recorrerem à religião para lucrar em cima dos privilégios que têm. Fazer o bem é obrigação de qualquer religião decente, até porque é seu objeto estatutário. Sendo assim, não há razão de premiá-las, caso contrário o governo teria que dar isenção para toda empresa que faz bem para a sociedade. Tal benefício gera um mal para as religiões sérias que acabam sofrendo preconceito e perdendo fiéis para religiões de aproveitadores cujo objetivo é ganhar dinheiro e ponto. As igrejas arrecadaram dos fiéis, em 2011, vendas e aplicações financeiras de R$ 20,6 bilhões, o que corresponde à metade do Orçamento de São Paulo - a cidade mais rica do país. O montante é superior à soma do orçamento de 15 ministérios e equivale a 90% dos recursos deste ano destinados ao Bolsa Família. O pior é que não sabemos se realmente essa fábula foi investida no social. Por

fim, sou totalmente favorável à tributação das igrejas, inclusive para separar as igrejas boas das ruins (até porque não valerá a pena abrir uma igreja-empresa).

“Se o Brasil aplicasse os mesmos benefícios dados às igrejas para as empresas, o país seria uma potência econômica”

junho/julho 2013

Rodrigo Araújo é advogado do escritório Hage e especialista em Direito Tributário.

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CARREIRA | história

O que faz um bom diretor? quinze histórias de sucesso por jaume llopis e joan enric ricart

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A função dos gestores e líderes das empresas passa por um processo que vai muito além de “dirigir” uma organização. Dois professores da IESE conversaram com grandes executivos de todo o mundo e identificaram quais são essas características e princípios.

M

uitos executivos se veem superados pelas urgências do dia a dia. Consequências disso? Questões-chave como “o que

nós propomos” ou “como queremos concorrer” passam para um segundo plano, minguando assim a capacidade de responder aos desafios da empresa. No entanto, há muitas maneiras de tornar compatíveis as tarefas diárias com a visão de futuro, a fim de levar a empresa a um bom porto, tantas como as experiências de sucesso que possamos conhecer. 28

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junho/julho 2013

No livro Qué hacen los Buenos directivos. El reto del siglo XXI (O que fazem os bons diretores. O desafio do século XXI), recolhemos os testemunhos de 15 executivos de primeira linha sobre a gestão de seu dia a dia. Suas histórias ilustram elementos comuns que identificamos a partir de uma amostra de mais de 200 diretores. Os entrevistados, que per-

tencem à Ikea, Vodafone, Ficosa, Merck, Microsoft, ING, Nestlé, Fnac, Unilever, Coca-Cola, La Fageda, Codorníu, Telefónica, ao grupo LVMH e ao grupo “la Caixa”, priorizam três questões como base de sua ação: o modelo de negócio, o futuro e as pessoas. A partir da análise de seus discursos, verificamos que os diretores já não são só estrategistas que buscam


concorrer e se apossar de valor à custa de fornecedores, clientes, sociedade ou mesmo empregados. Seu desempenho é muito mais amplo e, para isso, necessitam ter uma clara agenda de prioridades.

Imaginar o futuro e o tornar realidade

A alta direção deve ser capaz de preparar a empresa para o longo prazo, pelo que tem de encontrar tempo para conhecer o negócio a fundo e imaginar o futuro. Para isso, Kim Faura, da Telefónica, recomenda três táticas: ser consciente no custo do tempo, ser multitarefa e ter um bom planejamento (“apenas atendo telefone de 12h à 13h”). Os diretores coincidem que, para conhecer o negócio, deve-se buscar o cliente e perceber suas inquietações e necessidades, mas também determinar corretamente o âmbito competitivo. Há que buscar no competidor um espelho onde se pode ver, não para imitar, mas para se diferenciar. Buscar a diferença é fundamental para concorrer sem cair na guerra de preços. Este afã por se diferenciar deve quebrar a fronteira de um departamento para se instalar em todas as unidades da empresa, ligadas a processos e formação. As empresas necessitam de uma estratégia clara que lhes permita manter o foco, embora se devam reinventar constantemente e, como indica Laura González Molero, presidenta da Merck para a América Latina, não perder de vista que o mundo é muito incerto e pode dar lugar a várias contingências.

Gerenciar pessoas

Na era da informação, todos os diretores que aparecem no livro consideram que é preciso garantir um ambiente organizacional ótimo para desenvolver o capital humano: criar uma equipe potente, a formar, conservar e planejar as futuras necessidades do pessoal. Rosa García, ex-diretora da Microsoft e agora presidenta da Siemens Spain, tem claro que deve ser uma trei-

e ser exigente, mas avaliando adequadamente o rendimento. A obra evidencia que o bom líder deve delegar funções para outros, coisa pouco frequente no mundo corporativo. Isto envolve definir corretamente as responsabilidades, criar as equipes adequadas, gerenciar o talento necessário e deixar que as equipes ou pessoas atuem, cresçam, se desenvolvam profissionalmente, tomem suas decisões e cometam seus erros.

Os diretores já não são só estrategistas que buscam concorrer e se apossar de valor à custa de fornecedores, clientes, sociedade ou mesmo empregados. Seu desempenho é muito mais amplo nadora “capaz de identificar o melhor talento disponível, o colocar na posição adequada, lhe facultar a formação e lhe exigir resultados”. E, para definir e aplicar o plano da Ikea, Peter Betzel prefere uma equipe forte, embora seja mais conflituosa e difícil de liderar, já que seu resultado “é sempre melhor”. Os protagonistas do livro concordam que a alta direção deve criar desafios adequados para seus executivos, além de animá-los a se arriscar e ensiná-los a gerenciar o fracasso. Além disso, é necessário medir os resultados

Predicar com o exemplo é o melhor modo de transmitir os valores e os princípios da organização aos empregados. “A influência do máximo responsável de uma organização se propaga, em cascata, através dos gestores de nível médio”, afirma Bernard Meunier, da Nestlé. Para que qualquer política de pessoal tenha sucesso, é necessário que os diretores de primeiro nível dediquem tempo aos de segundo nível e deem exemplo do que se espera deles: formar, orientar e corrigir as pessoas. Os bons executivos constroem a organização tendo por base as pessoas, mais do que as políticas ou os planos estratégicos, buscando o contato pessoal, se envolvendo na solução de problemas e fazendo um contínuo acompanhamento das prioridades e dos objetivos da empresa.

Tem uma estratégia corporativa?

Identificamos ainda uma tarefa fundamental de integração que é exclusiva da alta direção: construir uma estratégia corporativa. O líder não irá conseguir o tipo de empresa que deseja sem estabelecer propósitos corporativos. Por exemplo, ser capaz de atrair talentos com alto potencial, estar em um contínuo processo de melhora, desenvolver uma mentalidade autocrítica ou que os empregados de todos os níveis hierárquicos compartilhem dos mesmos valores. junho/julho 2013

Jaume Llopis e Joan Enric Ricart são professores de gestão estratégica na IESE Business Shcoole, autores do livro Qué hacen los Buenos directivos. El reto del siglo XXI. A instituição está entre as dez melhores escolas de negócios do mundo e é pioneira em educação executiva na Europa desde sua fundação, em 1958, na Espanha. www.ieseinsight.com

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infográfico | copa do mundo

PREVISÕES DOS GASTOS (R$ BI)

OS GASTOS DA COPA

Em 2008, segundo cáculos preliminares da CBF

Em 2011, de acordo com a 1ª Matriz de Responsabilidade

O Brasil será novamente a sede da Copa do Mundo da FIFA – inquestionavelmente um dos maiores eventos esportivos do planeta e que mobiliza bilhões de pessoas. Desde que houve a definição do país, em 20 de outubro de 2007, iniciou-se um abrangente esforço nacional. Isso aconteceu desde a ratificação das 12 cidades-sede à concretização da Lei Geral da Copa e à Matriz de Responsabilidades, acordo que envolve todas as esferas do poder público e define as fontes de recursos para a execução dos projetos. No entanto, o desejo inicial de fazer com que a maior parte dos investimentos viesse da iniciativa privada deu errado. O pior: as recentes atualizações de gastos estão fazendo com que a Copa no Brasil se torne uma das mais caras da história da competição.

TEXTO FÁBIO BANDEIRA DE MELLO | DESIGN THIAGO CASTOR | FOTO SHUTTERSTOCK PESQUISA FÁBIO BANDEIRA DE MELLO E THIAGO CASTOR FONTES ORÇAMENTO COPA 2014, CBF, PORTAL DA COPA, FIFA.COM, PREFEITURA DE SÃO PAULO, MINISTÉRIO DA SAÚDE, COPA TRANSPARÊNCIA

Até junho de 2013

11bi 23,8 bi 26,5 bi

3 EM 82 | Apenas três das 82 obras que tiveram na Matriz de Responsabilidade da Copa em 2010 mantiveram gastos e cronograma.

12 VEZES | As obras de mobilidade para a Copa em Curitiba custarão ao município no mínimo 12 vezes mais que o previsto inicialmente.

INVESTIMENTOS EM ESTÁDIOS (R$ MI) Financiamento Federal

Investimento Federal

Investimento Governo Local

MINEIRÃO BELO HORIZONTE

MANÉ GARRINCHA BRASÍLIA

695 mi

1.015,6 mi 519,4 mi

42%

100%

ARENA PANTANAL CUIABÁ

36%

Investimento Iniciativa Privada

ARENA DA BAIXADA CURITIBA

CASTELÃO FORTALEZA

ARENA DA AMAZÔNIA MANAUS

234 mi

623 mi

515 mi

52,5% 41,5%

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junho/julho 2013

6%

36%

27%


PARA ONDE VAI O DINHEIRO (EM R$) MU

E

A

P

TC

S

T

MU MOBILIDADE URBANA

8,853,4 bi ESTÁDIOS

E

52,8% 38,5% 8,7%

7,031 bi AEROPORTOS

A

47,5% 52,5%

6,941 bi PORTOS

P

899 mi

100%

TELECOMUNICAÇÕES

TC

371,2 mi 2,192,2 bi Investimento Governo Local

Iniciativa Privada

8,652 bi

6,981 bi

6,597 bi

4,270 bi

212, 5 mi

Construção

Reforma

100%

TURISMO

T Investimento Federal

100%

SEGURANÇA

S

Financiamento Federal

55,75% 44% 0,25%

91% 9%

Reconstrução

ARENA DAS DUNAS NATAL

BEIRA RIO PORTO ALEGRE

ARENA PERNAMBUCO RECIFE

MARACANÃ RIO DE JANEIRO

ARENA FONTE NOVA SALVADOR

ARENA CORINTHIANS SÃO PAULO

350 mi

330 mi

529,5 mi

808,4 mi

591,7 mi

820 mi

28,5%

29%

25%

50,5%

junho/julho 2013

32%

51%

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negócios | EMPREENDEDORISMO

‘Por la razón o la fuerza’

Três Lições lições que podemos aprender com o Chile sobre empreendedorismo por eber freitas

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junho/julho 2013

| imagem shutterstock


Ao atrair gênios de todo o planeta, desenvolver esforços conjuntos para alavancar a economia e promover uma desburocratização radical dos processos, o Chile dá uma aula de estímulo de curto prazo ao empreendedorismo

“F

oi mal pela demora, a gente está todo perdido no horário aqui, que mudou esse fim de semana”, disse o empreendedor paraibano Vinícius Maracajá Coutinho, durante uma conversa por Skype. “Acabou de ter um terremoto aqui, velho. Acordei com um pulo de seis horas da manhã”, continuou. Desde 2011, a rotina de Vinícius oscila entre o Brasil e o Chile, onde alocou o seu negócio empreendedor, a Beagle Bioinformatics, através do programa Startup Chile.

O primeiro projeto da startup é o Nimbus Gene, que foi o carro-chefe da aplicação no programa Startup Chile. A ideia do produto, que tem previsão de lançamento para seis meses, é fornecer uma plataforma amigável para o gerenciamento em nuvem de pesquisas no campo da genética. Mas o serviço mais viável e previsto para entrar em operação em breve é o Dodo Genetics, primeira plataforma de crowdfunding destinado apenas ao financiamento coletivo de pesquisas em genética. A empresa tem um branch em São Paulo e outro em Santiago, e toda a equipe de desenvolvimento e design está em João Pessoa, Paraíba Vinícius, formado em Ciências Biológicas e PhD em Bioinformática pela USP, não é um exemplo raro de empreendedor que deixou a sua terra natal para tocar uma empresa na terra dos Andes. Desde 2010, startups de vários países protagonizam uma espécie de sionismo dos negócios com destino à capital chilena. E esse movimento, que ainda tem muito a agregar não só à economia do país como também a todos os envolvidos na cadeia produtiva das empresas, deve-se a uma conjuntura de fatores onde o Startup Chile é a cereja do bolo. “Antes de 2010 não existia um ecossistema empreendedor no Chile”, lembra Vinícius. “A ideia foi criar esse ambiente, esse ecossistema, trazendo membros do mundo inteiro para usar o Chile como pontapé inicial para sua startup, sua empresa, seu negócio. Eles trazem cerca de 300 equipes por ano e conseguem fazer com que muitas fiquem no país”, diz. Quais são os segredos por trás do sucesso em um programa macroempreendedor que pode alavancar a economia de um país latinoamericano?

1. Esforço conjunto

Sebastiàn Vidal, diretor-assistente do Startup Chile, também diz que as coisas não eram tão fáceis antes de 2010. Assim como no Brasil, existia muita burocracia, e era caro estabelecer uma empresa no país. “O Chile hoje tem uma presença onde nunca teve antes. E esse não era o caso há alguns anos atrás”, explica Vidal. Mas ele lembra que o mérito de tornar o Chile uma referência para novos negócios não se deve apenas a um programa de fomento. A coordenação de esforços entre governo e iniciativa privada também teve um papel fundamental. “O governo chileno prometeu criar novas oportunidades para empreendedores e deu vida a essa promessa com o Startup Chile e mais de 40 outros programas criados para ajudar os empreendedores – todos eles funcionam através do CORFO, agência de desenvolvimento que suporta o Startup Chile”, descreve Vidal. “Algumas legislações e processos burocráticos também mudaram, apenas para garantir que os empreendedores no Chile tenham mais espaço para converter suas ideias em negócios”. Isso indica que é do interesse geral da nação que o país se torne um dos mais promissores ecossistemas para novos negócios da América Latina e, quem sabe, do mundo. Não é possível mudar um panorama historicamente calcado em burocracias e taxas apenas com junho/julho 2013

boa vontade: é preciso uma atuação conjunta das três esferas de poder, da população e da iniciativa privada. “O país tem uma meta clara, que é de se tornar um país de primeiro mundo até 2022”, diz Vinícius.

2. Preparar startups globais

Outro fator decisivo para o desenvolvimento empreendedor é a diversidade. Desde o início, o Startup Chile abriu espaço para aplicações de empreendedores estrangeiros, o que atraiu cabeças de todos os lugares imagináveis: Índia, China, Alemanha, Estados Unidos, Brasil, todos correndo atrás de um porto seguro para desenvolver e aplicar suas ideias de negócios. “Esse é um componente-chave para o Startup Chile: selecionamos boas ideias, não importa de onde venham. Nosso filtro é a excelência, e não passaportes”, garante Vidal. “Acreditamos que reunir pessoas de todo o mundo pode construir um ecossistema onde as ideias são discutidas a partir de diferentes pontos de vista. Isso também é bom para quem tenta construir produtos para uma audiência ampla: quanto mais feedback você tiver, melhor. Um mix cultural garante que ideias diferentes interajam na comunidade”, explica. O Startup Brasil – inspirado na experiência chilena – integra o projeto TI Maior, e neste ano está equilibrando a quantidade de ofertas para empresas nacionais e estrangeiras. Isso serve para arejar o administradores.com

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negócios | EMPREENDEDORISMO

A ideia foi criar esse ambiente, esse ecossistema, trazendo membros do mundo inteiro para usar o Chile como pontapé inicial para sua startup, sua empresa, seu negócio

ambiente, mas também mostra certa preocupação com a limitação da atuação das startups locais. Muitas têm aplicativos e websites apenas em português, por exemplo. O Brasil tem um amplo mercado, mas, em qualquer lógica, bilhões superam milhões. “Não aceitamos projetos com foco apenas no mercado chileno. Nós procuramos empreendedores que pensam globalmente”, afirma Vidal.

3. Desburocratização radical e isenção tributária Há alguns meses foi aprovada no Chile uma lei que permite que uma empresa seja criada em um dia, sem taxas e sem qualquer burocracia – apenas uma documentação mínima é necessária, tanto do fundador quanto do sócio, caso exista – e completamente on-line. O projeto foi publicado no Diário Oficial do país no dia 8 de fevereiro e já está em vigor. Não apenas a abertura, mas também a falência, divisão, fusão, dissolução das empresas e outras operações foram facilitadas com a lei. Para abrir a empresa, o empreendedor precisa de 34

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um documento eletrônico chamado Firma Electronica Avanzada (FEA), que pode ser facilmente obtido em provedores de serviço autorizados. A partir daí, já é possível acessar o sistema e atualizar os dados relativos ao empreendimento, ou seja, a empresa já existe legalmente. Outra lei importante é a Lei de Quebras que, dentre outros benefícios à empresa e aos colaboradores, prevê o pagamento de uma indenização ao trabalhador cuja empresa for à falência, em geral equivalente ao mesmo salário do último mês trabalhado. Isso pode variar de acordo com a situação, como, por exemplo, de trabalhadoras gestantes. O objetivo, segundo o ministro da Economia, Félix de Vicente, é garantir que as empresas possam se recuperar rapidamente em caso de falha de um projeto empresarial. A mudança alivia a pressão sobre as startups, que sempre arriscam novos negócios sem nenhuma garantia de sucesso. A atualização da Lei de Falências brasileira data de 2005 e trouxe algumas mejunho/julho 2013

lhorias significativas, como a prioridade da negociação entre credores e devedores, ao invés do envolvimento direto do Judiciário. Também passou a ser necessário ter uma dívida equivalente a 20 salários mínimos para que seja ajuizado um processo – antes até dívidas de mil reais iam parar na Justiça, o que aumentava a morosidade. Por outro lado, o Simples Nacional, em vigor desde 2006, permite um regime tributário diferenciado para pequenas empresas, e programas como o Microempreendedor Individual facilitam a formalização. Mas ainda não é fácil iniciar um novo negócio no Brasil, já que as taxas somam, em média, mais de 2 mil reais, cerca de 40 documentos e alguns meses de espera e paciência. Os estados brasileiros estão implementando medidas que preveem a abertura de novas empresas em um dia. São Paulo, por exemplo, já conta com um sistema de desburocratização, embora ainda engatinhando. Outros estados estão dando andamento a iniciativas semelhantes, alguns com previsão ainda para 2013.



CAPA | MEDO

dom por fábio bandeira de mello

| fotos shutterstock e divulgação

Parece título de filme de terror ou de história para assustar crianças em plena sexta-feira 13, mas o medo é uma das mais poderosas e eficientes estratégias no mundo dos negócios. Veja como é usado e que efeito, de fato, pode provocar nas pessoas.

1945.

Com a queda da Alemanha e do Japão, duas grandes potências começaram

a ditar os rumos do planeta. Dada a impossibilidade de uma guerra aberta e direta - que envolveria um confronto nuclear - Estados Unidos e União Soviética iniciaram uma corrida de influência econômica, ideológica e armamentista em todo o mundo.

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junho/julho 2013

Cada potência buscava apoiar o maior número de países com o receio que o outro conquistasse mais espaço. Porém, não bastava financiar ou mostrar os benefícios que essa aliança poderia provocar. A questão era reforçar o medo diante de uma eventual vitória do adversário e, principalmente, difundir o pavor caso os países não escolhes-

sem apoiar o seu lado. O desfecho desse fato, sem duvida, você já conhece bem, mas é interessante analisar certo aspecto presente nesse registro histórico que continuamente se repete ao longo dos séculos: o fator medo como trava ou motivador para desencadear diversos acontecimentos. O medo do domínio ma-


Sob o mínio do medo rítimo dos espanhóis, por exemplo, fez com que Cabral fosse financiado por Portugal e parasse no Brasil. O pavor também foi bastante explorado na campanha da reeleição de Bush que, com o intuito de “evitar a expansão do terrorismo”, o consagrou ainda no primeiro turno presidente dos Estados Unidos, em 2004. A verdade é que o medo é

um poderoso alicerce das decisões e está presente em praticamente todos os grandes acontecimentos da nossa história que visaram à conquista da hegemonia: do Império Romano ao envio do homem à lua. Da justificativa às Cruzadas às grandes revoluções. “O medo é o motor que move o mundo, que breca e acelera, que faz as pessoas agirem

e algumas vezes se imobilizarem”, destaca o consultor Walter Longo em sua análise Marketing do medo. E mesmo sendo individual ou coletivo, esse tipo de emoção está mais presente do que imaginamos em nosso dia a dia. Percebendo ou não, ele influencia muito do que consumimos, vestimos, o nosso comportamenjunho/julho 2013

to dentro do trabalho e até o lançamento de produtos pelas empresas. “Sem medo, ninguém iria usar cintos de segurança… você não vai usá-los porque eles são divertidos, você vai usá-los porque se preocupa com o que aconteceria se você se acidentasse sem eles”, destaca o marketeiro americano Seth Godin. administradores.com

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CAPA | MEDO

O medo empresarial

Dentro do ambiente das organizações e do universo da Administração é muito comum encontrarmos o medo representado em diversas roupagens. O dia a dia de executivos e empresas é permeado por esse sentimento que está muitas vezes associado ao pessimismo e à visão negativa, mas, por incrível que pareça, também conectado ao próprio avanço dos negócios. Ao longo dos anos, nota-se uma mudança no ambiente corporativo, que o torna mais competitivo, impiedoso e complexo. Esse campo de incerteza do futuro, o receio de perder espaço no mercado ou até de ser ultrapassado pelo concorrente, cria uma verdadeira corrida empresarial. E tudo isso pode culminar no ponto de partida para diversas mudanças, incluindo o lançamento de um produto, uma estratégia diferenciada ou um novo reposicionamento de uma marca. “Há o componente despertado pelo medo de lutar ou de fugir. Muitas vezes os gestores agem pelo simples receio que seu concorrente faça antes. Há também aqueles que ficam parados com medo de tomar uma decisão equivocada”, indica o pesquisador na área de Neurociência do Comportamento e médico Jô Furlan. Os exemplos são ainda mais evidentes no setor automobilístico e também no tecnológico. Dificilmente o lançamento de um produto ou de um carro por determinada companhia passa muito tempo sem que os seus maiores rivais anunciem também um modelo. É assim constantemente no lançamento das versões dos dois videogames mais desejados no mundo. Em fevereiro de 2013, a 38

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Sony anunciou a chegada do PS4, mas o console ficou sem cara e sem preço até junho. Foi apenas na conferência pré-E3 que a empresa japonesa mostrou o design de seu console e confirmou o preço da versão mais simples para US$ 399. Já o Xbox One fez menos mistério. Apresentou seu console em maio, mas deixou para anunciar o preço no mesmo evento, por US$ 499. “Ninguém quer ficar de fora e perder espaço. Até por-

ainda é, outro tabu temeroso entre as corporações. Quando a onda de perfis corporativos começou, muitas organizações foram reticentes em abrir contas com medo de que a estratégia acabasse sendo um tiro no pé. Por outro lado, o temor de outras, por verem seus concorrentes já presentes, incentivou muitas a fazerem os seus perfis nas redes mais populares. “É interessante que há o medo da exposição e o medo da não exposição. E ambas são decisões

“A verdade é que o medo é um poderoso alicerce de decisões e está presente em praticamente todos os grandes acontecimentos no mundo” que videogame não é algo que você compra toda hora. Então é evidente que tanto a Sony, quanto a Microsoft, têm medo de perder seus clientes para a outra. Por isso é comum os lançamentos dos dois produtos serem tão próximos”, afirma o programador e especialista em games João Cleyton do Nascimento, que ainda destaca o setor de smartphone como uma categoria que segue o mesmo modelo. Entrar e se comunicar nas redes sociais também foi, e junho/julho 2013

baseadas na ótica e sensação do medo. Isso está muitas vezes ligado ao receio de perder status, seja ele pela liberdade do usuário em se manifestar negativamente ou do fato da marca acabar sendo esquecida pelo consumidor”, destaca Sueli Brusco, diretora executiva da agência de marketing de incentivo SimGroup. Mas da mesma forma que o medo impulsiona ações, também pode ocultar variáveis incontroláveis e estratégias que resultem no fracasso. A falta

de planejamento e o excesso de rapidez, apenas para não ver concorrentes à frente, podem levar a falhas na avaliação mercadológica, decisões equivocadas e irracionais. A bolha da internet vivida no final da década de 1990 aconteceu principalmente pela maioria entrar na web ou investir nas empresas “ponto com” por medo de ficar para trás. “A pressa e o impulso podem ser grandes vilões. Isso acontece porque você, como executivo, se sente atrasado na maior parte do tempo; acha que a cada dia sabe menos e, consequentemente, as decisões são mais apertadas e a taxa de erro aumenta”, destaca a diretora da SimGroup.

O vendedor

Da mesma forma que o medo pode ser o motivador para a criação de um novo produto, também pode ser a estratégia para as pessoas o consumirem. E a realidade é que o medo vende, e muito bem. Essa afirmação, à primeira vista, pode causar até certo repulso em muitos, mas está longe de ser uma novidade quando o assunto é convencer e estimular consumidores. Para isso, é possível explorar medos já existentes ou até criar alguns. Quando paramos para pensar nisso pela primeira vez, alguns exemplos simples ficam bem nítidos: as pessoas compram seguros em busca de garantias, compram alarmes porque têm medo de serem assaltadas. E é assim a lógica do mercado baseada nessa estratégia: fazer com que seu medo aflore, para que adquira determinado produto ou serviço. No Distrito Federal, por exemplo, a crescente sensação de insegurança da população faz com que o mercado de carros blindados tenha


um aumento entre 10% e 15% por ano, principalmente com consumidores da classe média. De acordo com a doutora em marketing e professora do programa de pós-graduação em Administração da UFPB, Rita de Cássia, isso acontece pela vulnerabilidade que determinado indivíduo ou grupo de indivíduos se encontra no momento. Um grau emocional diferente, seja ele através da preocupação ou até da euforia intensa, provoca um estado de impotência ou aceitação do consumidor com muito mais facilidade. “Nós realizamos um estudo na indústria de casamentos e vimos que os agentes de mercado impõem determinados padrões de consumo, às vezes amedrontando as noivas de que o casamento possa cair no ridículo, que determinada peça ou lugar não será bem visto, e fazem com que, em alguns casos, o consumo seja duas ou três vezes mais onerosos do que o planejado. As noivas, com medo de seus casamentos não saírem bons o suficiente, acabam seguindo à risca as indicações de alfaiate, decorador, cerimonialista, entre outros”, indica a professora. Essa questão também é encontrada na própria sensação de pertencer a um grupo, característica muito intrínseca do ser humano e mais evidente em crianças e adolescentes. “Quando você pega um indivíduo que ainda tem um caráter muito dependente do grupo de referência - como o infanto-juvenil - esse indivíduo acaba tentando consumir determinados produtos com receio de ficar fora do grupo. Se você não consome a mochila ou o tênis da moda, muitas vezes cria-se uma pressão psicológica por não ser aceito pelos colegas. E a indústria, sabendo disso,

aproveita essa estratégia”, destaca Rita de Cássia.

Marketing do medo

Um dos maiores neurocientistas do mundo, o dinamarquês Mark Lindstron, acredita que ao incutir o medo em todas as mensagens, somos dez vezes mais capazes de escolher qualquer oferta. “O medo de envelhecermos, engordarmos, ficarmos sozinhos, sermos impopulares, termos filhos fracassados. A culpa é um vírus em crescimento, principalmente entre as mulheres. Como forma de remover alguma dessas culpas, as marcas oferecem ‘soluções’ – muitas vezes que não resolvem nada. A culpa pode ser desde ‘não sou uma boa mãe’, a ter ‘problemas com o meu corpo’, ou ‘não sou uma boa mulher’. E a ideia é: compre a marca X e vai ser feliz”, destaca o neurocientista em seu livro A lógica do consumo. E nessa hora, a publicidade que impacta e que choca acaba atraindo e vendendo mais. O sucesso da marca americana de antisséptico para mãos Purell é um exemplo claro disso. Em sua embalagem e publicidade podem ser vistas mensagens que apelam diretamente ao medo e à culpa dos pais em relação aos cuidados com os filhos. “Bastam 15 minutos para apanhar um vírus”, “80% das infecções mais comuns são disseminadas diretamente pelas mãos”. A estratégia também acontece em boa parte dos anúncios das pastas de dentes que fomentam a divulgação de novas pesquisas sobre as gravidades das doenças periodontais caso os dentes não sejam escovados com determinada marca. Entender o medo dos

Propaganda da Alemanha Nazista. Judeus sendo equiparados com ratos e caricaturados como avarentos, roubando o dinheiro dos trabalhadores alemães.

“Você está derramando os quilos? Não beba sua própria gordura.” junho/julho 2013

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CAPA | MEDO

“Cada vez que você dorme com alguém, você também dorme com o seu passado.”

consumidores por uma instabilidade econômica pode também ser aproveitado como a chave para uma bem sucedida campanha. Em 2009, a Hyundai aproveitou bem essa estratégia após a queda de 14% em seu mercado no ano anterior e com uma recessão americana em voga. O plano oferecido pela montadora permitia o consumidor devolver o veículo, caso sofresse uma perda involuntária de renda no prazo de 12 meses, como uma demissão. Ao perceber que o medo de investir na aquisição de um carro era o principal inibidor ao consumo dos americanos, a marca eliminou essa incerteza, fazendo a campanha ser um sucesso de vendas. “En40

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tendemos o temor dos consumidores de comprometer-se a grandes compras no ambiente econômico de hoje”, disse na época John Krafcik, presidente interino e CEO da Hyundai Motor América.

Manda quem pode, obedece quem tem juízo?

Quando o assunto é o mundo corporativo, o medo está longe de ser relacionado apenas às estratégias de venda. Ele, em boa parte, está associado a algo interno. O receio de falar em público e dar errado, o projeto a ser entregue que pode levar críticas, o de tentar uma mudança de carreira e não ser a melhor escolha. Geralmente, ir ao encontro do junho/julho 2013

desconhecido cria barreiras e afirmações comuns como “eu não consigo” ou “eu não estou pronto” e, pode ser um alento para que as pessoas não busquem avançar. Para o psicólogo americano Michael Hall, autor do livro Games for mastering fear (em tradução livre: Jogos para obter maestria sobre o medo), “o medo se torna inútil quando uma pessoa ‘vive nele’. Aí então ele se torna distorcido, apresentando ansiedade, apreensão, timidez, temerosidade, paranóia e assim por diante. No ambiente profissional – a maior parte do medo é psicológico – não há perigo ou ameaça real, mas há uma ameaça percebida a outros valores como reputação, autovalor, dinheiro, opinião dos outros, medos imaginários, etc. Nessa situação, uma pessoa tem que limpar as distorções dos mapas mentais”, afirma Michael Hall. E, por incrível que pareça, a presença do medo é uma arma de alguns gestores para aumentar a produtividade. O pesquisador Jacques Christophe Dejours foi um dos precursores da evolução da psicopatologia do trabalho, estudo que analisa a saúde mental através de pesquisas sobre o trabalhador e as relações trabalhistas. Baseada em suas análises, uma das conclusões é que nesse último século o medo serviu muito à produtividade e, por incrível que pareça, “ainda é utilizado em larga escala pela Administração das empresas”. Baseada na busca pelos lucros e no aumento da produtividade, as práticas da intimidação, ameaças e punições foram atitudes encontradas por muitos gerentes para obter mais resultados, descritas no folclore corporativo: “manda quem pode, obedece

quem tem juízo”. No entanto, essa fórmula, segundo muitos psicólogos organizacionais, funciona apenas em um curto espaço de tempo, com data de validade para desmoronar. “Uma chefia baseada na arrogância, na geração do medo, pode gerar transtornos e traumas em alguns funcionários. Ao invés de estimular, pode travar a capacidade de produção. O ideal é estabelecer as relações na base da troca, com sentimentos autênticos de parceria entre todos. Não é a toa que há profissionais que adoecem ao trabalhar com pessoas que geram o sentimento de medo”, destaca Ana Luzia Correa, psicóloga da Neurofocus Psicoterapias, do Rio de Janeiro. Quem já passou por essa situação concorda. A atendente comercial Érika Morais viveu algo assim. “Essa chefe vivia nos ameaçando de demissão. Teve um momento que chegou a nos dizer que ia ser como um pitbull em cima da gente. Fazia meu trabalho do mesmo jeito, mas frustrada pela falta de reconhecimento”, conta. Já o administrador de empresas Victor Lins não teve apenas uma experiência desagradável, mas sim duas. “Um dos chefes passava os serviços de responsabilidade dele como se fossem minhas obrigações. Uma vez até quis que eu assinasse um documento que nem sabia do que se tratava. Já o outro era o estilo ignorante. Era comum gritar com todo mundo e fazer com que os próprios funcionários tivessem medo dele. Várias colegas de trabalho choravam no banheiro por causa de sua ignorância”, aponta. Tanto Érika, quanto Victor, têm mais um fator em comum: ambos pediram demissão e saíram dos empregos.


Os maiores medos dos profissionais

Aumento abusivo de sua carga de trabalho

Ameaças e punições

Concorrência desleal

Incapacidade de cumprir tarefas Ambientes de trabalho instáveis e de trabalho inseguros

Afinal, como lidar com o medo

Se você quer eliminar o medo da sua vida, aí vai uma grande dica: desista dessa ideia. Querendo ou não, em algum momento você vai senti-lo. “Eu tenho uma frase que sistematicamente gosto de usar: ‘só o tolo não tem medo’. A verdade é que toda atividade gera um grau de receio, ele é instintivo. O medo acende um alerta para o ser humano”, destaca o médico e neurocientista, Jô Furlan. Para ele, o que realmente pode variar é como cada um, dependendo da sua perso-

nalidade, vai lidar com esse sentimento. “Temos a opção de usá-lo como grande aliado ou grande inimigo. Aliado é quando a pessoa, com receio do que pode acontecer, antecipa o problema, sendo o ponto de partida para uma estratégia de resultado. Por outro lado, têm pessoas que necessitam de um grande grau de certezas e o medo tende a congelar sem que ela busque se expor a novos fatores, ficando em sua zona de conforto”, indica Jô Furlan. Uma das formas de lidar com esse sentimento, segundo o especialista, é dar nomes. Questionar o que efe-

tivamente provoca o medo e desenvolver um entendimento sobre ele ajuda bastante a diminuí-lo. “Quando você vai pragmaticamente desmistificando o medo, você vê que o bicho não era tão feio. A questão não é superar, é administrá-lo. É de como conseguir lidar com as situações que são postas para você”, salienta o neurocientista. O medo corriqueiro também pode virar uma patologia maior e, atualmente, nunca se teve tantos casos de depressão e pânico no ambiente profissional. Em situações em que esse sentimento vira um problema mais sério, ter o junho/julho 2013

Desemprego

acompanhamento de um profissional preparado, tratamentos terapêuticos, ações imediatas e realizar atividades que o satisfaçam são alguns métodos que permitem o comportamento um pouco mais equilibrado com mais segurança interior. Praticar é outra perspectiva interessante. Criar familiaridade com o receio o torna mais fácil de controlar e o deixa menos assustador, indica a psicóloga Ana Luzia Correa. “Vale ressaltar que o medo é um produto da mente. A mente pode criar fantasias ou pode se programar para viver uma vida segura e estável – e isto depende de cada um”, conclui. administradores.com

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CAPA | MEDO

Você tem medo de quê? por rodolfo araújo

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| imagem shutterstock

altavam poucos minutos para terminar o meu prazo. Em breve eu teria que me deparar com a dura realidade de ter falhado. Possivelmente o único dentre os meus

colegas. Durante todo o dia a ansiedade por aquele momento prejudicou minha concentração e meu rendimento.

Mas quando eu disse à professora que havia esquecido o meu diário, ela simplesmente pediu que eu o trouxesse no dia seguinte – e nada de mais grave aconteceu. Pela primeira vez entendi que, às vezes, nosso medo é desproporcional às consequências que suas origens podem causar. Quaisquer que sejam elas. Eu tinha, então, seis anos, mas jamais me esqueci da sensação de alívio em perceber que minha angústia fora exagerada. Embora eu não tenha tomado nenhuma decisão precipitada naquele dia – ou pelo menos é assim que me lembro – parte do meu comportamento foi influenciado pela sensação de que algo ruim me aconteceria. Porque assim como outros traços do nosso temperamento, o medo interfere em nossa maneira de ver o mundo e, em última instância, em todas as nossas decisões.

A perda

Para nossos antepassados, supervalorizar o medo pode ter desempenhado um papel crucial na sobrevivência da espécie. Na dúvida, se um ruído ou uma sombra era um tigre dente de sabre ou um coelho, o humano que foge sobrevive mais do que o curioso ou o indiferente. Mas ele também come menos coelhos. Esta reação aparentemente desproporcional frente às

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possíveis fontes geradoras de perigo originou, também, um importante conceito da Economia Comportamental, conhecido como Aversão à Perda. Desenvolvida por Amos Tversky e Daniel Kahneman, a ideia central sugere que somos muito mais sensíveis a perdas do que a ganhos. Como parte da Teoria da Prospecção, que valeu a Kahneman o Nobel de Economia em 2002, a Aversão à Perda explica resultados surpreendentes em experimentos controlados. Quando pesquisadores oferecem a voluntários um jogo de cara ou coroa, no qual eles têm chances iguais de perder $100 ou ganhar $150, a proposta normalmente é recusada. Habitualmente, o jogo só é aceito quando as chances de perder $100 são contrabalanceadas pela possibilidade de ganhar $200, sugerindo que, em condições normais, só aceitamos um risco de perder quando temos o dobro de chances de ganhar. O grande problema desta assimetria é que nem todas as oportunidades de ganho que a vida nos oferece seguem uma divisão de probabilidades tão favorável. Frequentemente preferimos um ganho bem menor associado a um risco igualmente pequeno, em vez de o contrário. Ao avaliar as principais características de iconoclastas – aquelas pessoas que fazem o que os outros diziam não ser possível – o neurocientista americano Gregory Berns destacou, além da percepção e habilidades sociais diferenciadas,

a forma como eles lidam com o medo (O iconoclasta, Ed. Record, 2009). Segundo Berns, para levar adiante ideias, projetos e criações totalmente originais é preciso sair da zona de conforto e vencer preconceitos, quebrar barreiras e encarar rejeições de todos os tipos. E é exatamente neste aspecto que o medo pode nos travar, pois temores associados ao fracasso, à ridicularização e à vergonha podem transformar o medo de errar em medo de tentar.

O medo e a coragem

De acordo com o psiquiatra Diogo Lara, o medo atua como


um inibidor do comportamento, em oposição à raiva, que seria o ativador. Em O modelo de medo e raiva (Revolução de Ideias, 2006), Lara destaca que indivíduos com baixo medo tendem a ser otimistas, extrovertidos, audaciosos e impulsivos. Já aqueles com alto medo podem se revelar tímidos, cuidadosos, dependentes e obedientes. De modo geral, sensações e comportamentos provocados pelos mecanismos do medo têm finalidades de segurança e preservação. As reações fisiológicas associadas procuram deixar nosso corpo em estado de alerta. As pupilas se dilatam para que enxerguemos melhor,

enquanto a respiração e os batimentos cardíacos ficam mais acelerados, para que os músculos recebam mais oxigênio e nutrientes, prontos para reações extremas, como fuga ou luta. Estas condições, no entanto, não são as ideais para o funcionamento do nosso organismo e, quando ocorrem com muita frequência, ou prolongam-se mais do que o necessário, tornam-se prejudiciais. Se o medo persiste por muito tempo, transforma-se em ansiedade e, em casos extremos, pode evoluir para doenças, como a síndrome do pânico. Para contornar este problema, buscamos antecipar e

evitar os agentes causadores do medo, adotando, frequentemente, posturas exageradamente cautelosas. Mas esta sensação ilusória de segurança – já que é impossível prever absolutamente todas as fontes de risco – pode ter efeito exatamente contrário. Como explica Nassim Taleb em Antifragile (Random House, 2012; ainda sem tradução no Brasil), a falta de agentes externos causadores de estresse atrofia a nossa capacidade de lidar com o imprevisível. Uma boa dose de aleatoriedade no dia a dia, enfrentando pequenos problemas, ajuda-nos a criar anticorpos para o dia em que nos depararmos com

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grandes problemas – que, definitivamente, virão. Costuma-se dizer na medicina que a diferença entre o remédio e o veneno está na dose. O medo funciona de modo parecido: em excesso pode levar a pessoa à paralisia; em falta pode acarretar riscos perigosos e desnecessários. Assim como muitos outros componentes do nosso comportamento, o medo age através de mecanismos pouco conhecidos e, de modo geral, sem que saibamos o que realmente está acontecendo. Algumas vezes, são condições e sensações que fogem ao nosso controle. Ter mais ou menos medo não é, necessariamente, uma questão de personalidade, caráter ou índole. Muitas vezes é mais uma questão de percepção e adaptação e, assim, o simples fato de reconhecermos estas diferenças já ajuda a prevenir erros mais grosseiros de julgamento. O importante é não ter medo de ter medo. E ter coragem de ter coragem.

Rodolfo Araújo é publicitário, sóciodiretor da PharmaCoaching Treinamento Corporativo e morre de medo que não gostem dos seus textos.

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JORNALISMO GONZO | cartão

- Olá, senhor. Vamos fazer o nosso cartão? por simão mairins

| imagem shutterstock

Aquele cartãozinho sem anuidade que permite parcelar até uma balinha em dez vezes parece gentil. Mas não se engane. Nada vem de graça.

J

á há algum tempo as grandes redes de varejo (pelo menos as que atuam no Brasil) descobriram que receber clientes oferecendo-lhes um cartão de crédito é melhor do que os cumprimentando com “bom dia”,

“boa tarde” ou “boa noite”. Para quem não resiste a um parcelamento a perder de vista (e essa é uma fatia grande dos consumidores brasileiros), não há nada mais simpático: um cartão sem anuidade, que sai na hora e lhe permite dividir até um pãozinho em dez vezes ali, naquela loja. 44

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Mas nada vem de graça. Por isso, nós resolvemos ir a campo, para ler as letras miúdas escondidas por trás do sorriso largo dos vendedores de felicidade. Fomos identificar também os erros que os próprios consumidores acabam cometendo ao aderir a esse tipo de “facilidade”, não analisando a real necessidade daquele cartão e sua própria capacidade financeira para utilizá-lo.


O que ninguém sabe

A primeira parada foi numa famosa rede de roupas, onde, antes mesmo de eu chegar à porta, um simpático vendedor se aproximou: “olá, senhor. Vamos fazer o nosso cartão? Não tem anuidade, só paga quando comprar e você ainda pode utilizá-lo no McDonald’s”. Respondi, também simpaticamente: “opa, que legal. E o que eu preciso fazer?” O rapaz falou que bastava apresentar CPF, RG e comprovante de residência. Quando perguntei a taxa de juros do cartão, ele me olhou espantado, com uma cara de “ninguém nunca me fez essa pergunta” e disse que não sabia. Agradeci e parti para a próxima. Repeti o mesmo modus operandi em outras três lojas, e em todas a resposta foi a mesma. Nenhum vendedor tinha conhecimento sobre algo que o comprador deveria ser informado. Tudo bem. Essa informação deveria constar mesmo no contrato, que consumidor nenhum poderia assinar sem ler. Fiz o teste, então, em uma agência de uma empresa que é

especializada na comercialização de cartões e empréstimos, onde os vendedores “catam” interessados na rua. Sentei e resolvi dar entrada em um cartão. Fácil demais, como em todos os casos com os quais me deparei até ali. Só precisaria apresentar uns poucos documentos e aguardar 30 minutos, que o cartão, com crédito para compras e limite para saques, estaria em minhas mãos. Foi nessa agência que ouvi as respostas mais interessantes. No meio da transação, com a vendedora já animada por estar fechando uma venda, resolvi perguntar pela tal taxa de juros, assim meio que só por querer saber, não dando sinais de que aquilo poderia me fazer desistir. Ela, bem descontraída, disse que não sabia, mas que perguntaria a alguém ao lado. Foi quando ouvi um descarado “depende”. E aí não me contive e perguntei de que dependia. “Da sua renda, senhor, do valor, do tempo de atraso. Mas não se preocupe, que só paga juros se atrasar”. Bem, mas a conversa não acabou por aí. Perguntei também por esse tal de crédito que eu

A título de informação 70,54% a.a

teria para sacar. E aí a inocente vendedora me garantiu: “ah, o senhor terá um valor que poderá sacar sempre que quiser e não paga nada por isso”. Agradeci a caridade e, logo em seguida, lembrei que havia esquecido todos os documentos em casa. Dei tchau e disse que voltaria, para desespero geral da nação, que viu sair para escanteio a bola que estava em cima da linha do gol.

O que todo mundo sabe

Ninguém há de negar: os cartões são fantásticos para as empresas, porque fidelizam consumidores e, de quebra, ainda conseguem faturar em cima dos juros cobrados dos que atrasam ou “parcelam o parcelamento”. E é nessa brincadeira que muita gente adquire para si dívidas que nunca acabam. Com pouca (ou quase nenhuma) burocracia, o nicho atrai multidões. Parece irreal, mas conheci há alguns anos uma consumidora compulsiva que tinha tantos cartões de crédito que, a uma determinada altura da vida, não sabia mais quantas faturas devia. Com um cartão

Na única loja onde encontrei, em local de fácil visualização, informações sobre o chamado Custo Efetivo Total (CET) dos parcelamentos, empréstimos e afins, descobri o seguinte*:

352% a.a

487% a.a

são os juros, para compras em

são os juros, Para o

são os juros, Para o crédito

sete ou oito vezes

parcelamento da fatura

rotativo (aquele dinheirinho que a moça disse que eu poderia

*A.A: ao ano

sacar sem pagar nada)

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para praticamente cada loja em que consumia, ela tinha, por baixo, uns 20. Para tentar evitar um colapso financeiro pessoal, resolveu dizer-lhes um tchau. Sim, mas sem precisar ser um adeus. Trancou todos em uma mala e entregou as chaves a um amigo. Olhando de fora, você pode dizer a mesma coisa que ouvi de muitos vendedores de cartão quando questionei sobre os juros cobrados serem muito altos: só paga juros quem não paga em dia e só faz dívidas quem quer. O grande lance, no entanto, é que os alvos preferenciais nesses casos são consumidores com pouca instrução, muitos dos quais acreditam cegamente que “pagamento mínimo” é um carinhoso afago. Planejamento financeiro, então, é, na melhor das hipóteses, um “ouvi falar”. De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad), do IBGE, de 2011, um em cada cinco brasileiros é analfabeto funcional. Ou seja, 30,5 milhões de pessoas no país leem, mas não entendem. O que essas pessoas farão com um contrato? Quantas contas elas vão colocar no papel? Em quantas conversas de vendedores “espertos” elas vão acreditar?

O que muita gente não quer saber

Em uma loja, resolvi trocar uma ideia com uma senhora que estava fazendo um cartão. Perguntei por que ela estava fazendo aquilo e emendei dizendo que poderia ser uma cilada. O que ouvi: “mas, meu filho, você quer me dizer que não é negócio poder comprar sem ter dinheiro?”. Aí fica difícil. administradores.com

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DÚVIDAS | DRUCKER RESPONDE

O DEPOIS

EMPREENDER

Qual é a área mais garantida após a graduação?

Você pode esclarecer melhor o significado de empreendedorismo?

débora magalhães

Débora, o mercado gera oportunidades de acordo com as demandas de trabalho. Acredito que a melhor área está relacionada com aquela em que a pessoa consegue exercer a sua própria inteligência. Os institutos de pesquisa, quando apontam para temas como a empregabilidade, evidenciam as áreas técnicas como as engenharias e a saúde como líderes em relação às demais, ou seja, de forma ranqueada. No Brasil, temos carência de profissionais especializados em todas as áreas. Neste caso, devemos analisar as oportunidades que o mercado oferece, a nossa afinidade com o que está sendo oferecido e, em seguida, investir em aprendizado focado na prática de conteúdo. É preciso ter conhecimento, mas, além disso, dominar as práticas operacionais, como um chacal. Isso é o que garante qualquer atuação no trabalho.

PLANEJAMENTO Qual é a grande vantagem do uso do Balanced Scorecard? Existe alguma metodologia nova capaz de superá-lo? júlio juncioni

Júlio Juncioni, quando tratamos do Balanced Scorecard, devemos saber que fazemos referência a um dos mais difundidos modelos de planejamento estratégico para as organizações modernas. Ele serve de base para a orientação de diretrizes e metas, ajudando o delineamento e formulação de decisões importantes para as empresas, principalmente no que tange ao planejamento financeiro e operacional. Sim, existem inúmeros modelos de desenvolvimento estratégico, principalmente plataformas tecnológicas com a perspectiva de integrar informações gerenciais. Existem inúmeros artigos científicos, resultados de pesquisas de mestrado e doutorado que evidenciam avanços metodológicos e que podem servir de base para uma apreciação crítica neste sentido. 46

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roberto barbieri

O que Drucker faria? por raniere rodrigues

O empreendedorismo tem a ver com o poder de realização do homem. Está relacionado à capacidade das pessoas fazerem suas ideias acontecerem na prática. Drucker nos falou muito sobre inovação e o efeito do espírito empreendedor, que hoje tratamos como uma das mais importantes disciplinas na área de Administração. O empreendedorismo é o conjunto desse perfil que trata das qualidades da pessoa empreendedora. Em seu aspecto semântico, se traduz na capacidade do empreendedor, por iniciativa própria, dinamizar uma atividade produtiva seja para a produção de bens ou de serviços, e ainda desenvolvê-la, implementando uma gestão que permita ao empreendimento avançar. O empreendedorismo é a arte de criar negócios, de gerar empregos, de praticar a Administração.

Tire suas dúvidas através da ótica dos pensamentos de Peter Drucker,

NA GRADUAÇÃO

considerado o pai da Administração moderna. Basta enviar a sua pergunta, curiosidade ou questionamento para revista@administradores.com.br O responsável pelas respostas é o professor Raniere Rodrigues dos Santos, diretor geral da The Drucker Society of Brazil – Recife, professor de Administração da Universidade Federal de Pernambuco, Coordenador de Extensão na Faculdade dos Guararapes e um dos principais pesquisadores de Peter Drucker no Brasil.

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O que tenho que fazer para ter uma boa graduação de Administração, de forma que eu tenha total aproveitamento do meu curso? leticia

Letícia, você tem que se dedicar de corpo e alma. Peter Drucker certamente diria que você precisaria se envolver com a missão que abraçou, ou seja, se o estudo do curso e suas práticas fazem parte de sua missão pessoal, você irá empreender seus esforços na realização disso e obterá os resultados planejados. Procure seus professores, converse com eles, pois poderão lhe ajudar a encontrar o caminho da eficiência, da disciplina e do uso de metodologias que a apoiem em seu aprendizado. Busque a cooperação e o trabalho em grupo – isso a fortalecerá. Aprender em grupo também é ensinar. Quando fazemos isso conquistamos credibilidade.


ARTIGO visão

Você tem olhado para o futuro?

por leandro vieira

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ilustração shutterstock

Existem três tipos de pessoas: as que sonham, as que matam seus sonhos e as que vivem insanamente suas vidas para realizá-los.

Leandro Vieira é publisher da revista Administradores e já fez a sua escolha: viver insanamente para realizar seu sonho de mudar o mundo.

C

om tantas empresas nos mais diversos segmentos, modelos de negócios diferentes, produtos inovadores e de alta tecnologia, parece não haver espaço para novas invenções e novos empreendimentos. Em um mundo onde tudo parece já ter sido inventado, muitos empreendedores potenciais desistem de seus sonhos e ideias por darem ouvidos à censura alheia (e de si mesmos!): “isso não tem como dar certo”, “é inviável”, “em time que está ganhando não se mexe”, “você está louco”, “deixe de sonhar e vá trabalhar”. E assim o cemitério dos sonhos vai ficando cada vez mais cheio. Não aborte seus sonhos. Muitas inovações e projetos demoram anos para se concretizar. George Lucas, por exemplo, esperou mais de 20 anos para poder realizar os três primeiros episódios da saga Star Wars, pois não contava com os recursos tecnológicos necessários na década de 1970 para dar vida à sua visão. Leonardo da Vinci, o gênio renascentista, não apenas “imaginou” o avião, mas projetou, de fato, máquinas voadoras em pleno século XV. Não viveu o suficiente para ver suas ideias materializadas, mas pode ter certeza que seus projetos serviram de inspiração para inventores como Santos Dumont e os irmãos Wright, séculos mais tarde. O primeiro computador pessoal, inventado por Steve Wozniak, foi montado em uma simples caixa de madeira. Graças à visão de futuro do outro Steve, o Jobs, estou digitando este artigo em meu próprio computador e não em minha antiga máquina de escrever Remington 33 L. Você pode ter uma ideia aparentemente inviável, taxada por muitos como maluca, pode ser chamado de iludido, sonhador, mas pode ter certeza: ter uma visão de futuro é fundamental para se pavimentar a estrada que nos leva até lá.

Visualizar o futuro é essencial para administradores e empreendedores. Essa é a matéria-prima dos visionários, e o mundo precisa de líderes com essa capacidade. Quando nos concentramos apenas no presente, nossas ações – e seus efeitos – tornam-se limitados. Resolve-se o problema do agora, mas se esquece da questão principal: para onde estamos indo mesmo? Se você consegue enxergar o futuro, saberá responder essa pergunta com clareza e convicção. O resto é trabalho duro. Costumo dizer que existem três tipos de pessoas: as que sonham, as que matam seus sonhos e as que vivem insanamente suas vidas para realizá-los. Saber qual o seu tipo é muito fácil: basta fazer uma escolha, uma decisão sobre o que fazer com os seus sonhos. O que você escolhe?

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MENTE ABERTA ARGUMENTO

Seu manifesto, sua cultura por seth godin

Seth Godin escreveu 13 livros que foram traduzidos em mais de 30 línguas. Cada um tem sido best-seller. Ele escreve sobre a revolução pós-industrial, a forma como difundir ideias, marketing, parar de fumar, liderança e, acima de tudo, como mudar tudo.

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ilustração shutterstock

É

tão fácil unir diversas banalidades e chamá-las de missão. Mas o que acontece quando você tem de fato uma missão específica, uma cultura em mente ou um manifesto por suas ações? A escolha essencial é essa: você precisa descrever (e viver) essas escolhas. Você precisa descobrir quem você decepcionará ou ofenderá. E principalmente, você precisa ser claro sobre o que é importante e o que pode ou não fazer. Aqui tem uma missão publicada essa semana, por meus amigos em Acumen: Começa ao ficar do lado dos pobres, ouvindo aqueles que nunca tiveram voz e reconhecer potencial onde outros vem desespero. Exige investimento como um meio, não como um fim, desafiando a ir aonde os mercados falharam e a ajuda foi insuficiente. Isso faz o capital trabalhar para nós, não nos controlar. Ela vive na imaginação e na moral: a humildade para ver o mundo como ele é de fato e audácia para imaginá-lo como poderia ser. É ter ambição para aprender ao máximo, sabedoria para admitir falhas e coragem para começar de novo. Exige paciência e generosidade, resiliência e determinação: esperança em duros gumes. É a liderança que rejeita complacência, rompe com a burocracia e desafia a corrupção. Fazer o que é certo, não o que é fácil. Acumen: é a ideia radical de criar esperança em um mundo cínico. Mudar a maneira que o mundo aborda a pobreza e construir algo que se baseia em dignidade. Começos, demandas, prosperidade e exigências: quatro palavras que não estão no vocabulário de muitas empresas. Começa em, “aqui é onde nós estamos, onde poucos outros estão”. Muitos políticos e empresas não conseguem se imaginar com os pobres. Longe deles, com certeza. Mas com eles? Demandas? Demanda significa fazer escolhas

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difíceis sobre quem será seu concorrente e sobre quais bandeiras você está disposto a levantar e segurar. Prosperidade, por que sua organização só valerá a pena se chegar a um ponto onde ela prospera, onde você estará fazendo a diferença, e não apenas lutando ou assumindo uma postura. E exigências, por que nada disso vem fácil. David Stack ressalta um documento bem diferente (mas com similaridades) do HubSpot. A mesma dinâmica no trabalho: sem banalidades, apenas a dificuldade de seguir o compasso para ir em frente. Ambos exigem a arrogância de cuidar, de pensar alto e está sujeito a falhar se isso for necessário para se alcançar o que é certo. É fácil escrever algo assim (até a TSA tem um), mas é incrivelmente difícil viver um, por exigir escolhas difíceis e disposição para assumir as consequências das suas ações. Se você vai permitir lacunas, espaço para manobras e negação, nem se importe em fazer um.


ARTIGO DO LEITOR habilidade

Elazier Barbosa é CEO da New Way Excel.

Este artigo pode ser conferido no Administradores adm.to/martelo

Queremos o seu texto publicado aqui na revista Cadastre-se em administradores.com e publique artigos em sua conta. Os textos mais interessantes serão selecionados e poderão estar na próxima edição da Administradores.

As três marteladinhas mágicas

por elazier barbosa

E

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ilustração shutterstock

u era jovem e trabalhava em uma fábrica em Campinas. Numa manhã, o nosso gerente estava bem preocupado – havia perdido a senha do cofre. Ele nunca conseguia gravar de cabeça onde guardava e sempre tinha problema para achá-la. Mas dessa vez a senha sumiu mesmo. O cofre era do tamanho de um armário, pesava uns 300 quilos, e dentro estavam os talões de cheques e as “receitas técnicas” da fábrica. Ele iniciou a “operação diabo”: tentou, tentou, mas o gigante de aço não resolveu escancarar a boca. Então, um colega do escritório lembrou que conhecia alguém que poderia resolver o problema. Essa pessoa fazia trabalho para a polícia e era especialista em abrir cofres. Achamos até engraçado alguém ter essa profissão. Pensamos sempre que só ladrão tem essa especialidade no currículo. Ele era ex-funcionário de uma empresa que fabricava e consertava cofres. Depois de contatos desesperados, o expert apareceu na fábrica, entrou no escritório e perguntou: “cadê o bichão teimoso”. A alegria dele contrastava com a cara emburrada e desconsolada do nosso gerente. O expert olhou o cofre bem de perto e disse: “esse não vai dar. É muito antigo, nem se fabrica mais. Faz anos que não mexo nesse bichão”. Nosso gerente quase teve um piripaque. Depois entendemos que era só teatrinho, mas na hora foi uma decepção geral. Então ele continuou: “vamos ver o que se pode fazer, já que estou aqui”. Ele colocou sua maleta de ferramenta em cima da minha mesa sem muita cerimônia e começou a tirar os instrumentos de trabalho com uma calma exasperante. O cara sabia criar clima de suspense. Pelo jeito, adorava essa situação, acreditava sempre no seu grand finale. Pegou um aparelho que parecia um estetoscópio de médico, encostou no cofre e girou o botão de segredo. Depois de uns minutos que pareciam uma eternidade e com a plateia toda prestando atenção, foi até a maleta pegar um martelinho e disse: “esse martelinho é mágico”. Nós só assistíamos, em um

silêncio sepulcral. Foi novamente ao cofre e fez uma rima que não lembro direito, mas era algo como: “martelinho, martelinho meu, abra esse cofre devagarzinho para o seu mestre com carinho”. Em seguida, deu três marteladinhas e puxou a porta do cofre (que ele já tinha destravado, obviamente) e disse todo orgulhoso: “tá aberto o bichão”, olhando para todos como se estivesse esperando receber uma salva de palmas. Nosso gerente todo efusivo foi direto pegar os cheques no cofre. Mas, o expert bloqueou com o corpo o acesso do gerente e falou: “espera um pouco, isso vai custar tanto”. O gerente, em função de todo o nervosismo, só querendo ter o cofre aberto, nem tinha perguntado antes o custo do serviço e após ver aberto falou: “tudo isso por três marteladinhas? É muito caro!”. O expert retrucou: “não tem problema”. Rapidamente trancou novamente o cofre. Aí o desespero foi geral e nosso gerente quase teve um piripaque de novo. O especialista então explicou de maneira bem calma: “estou cobrando os segundos para dar as três marteladinhas mais os anos de experiência que usei para abrir. O senhor não está pagando pelo tempo que usei para abrir esse bichão (ele gostava dessa palavra), está pagando por 40 anos de estudos, leitura de manuais e noites em claro. Esse é o meu trabalho, sei o que tem que ser feito, faço rápido e cobro o que vale”. No final ele recebeu o que pediu. Toda essa situação real traz uma grande lição. O estudo e o conhecimento têm um alto valor e que pode ser a grande solução num momento de crise. A empresa sempre espera bons resultados do seu funcionário, mas deve entender que esses resultados não foram conseguidos por sorte. Muitos esforços anteriores, horas de lazer foram investidas e merecem ser consideradas na hora de valorizar o trabalho. Isso dignifica o funcionário e o estimula a continuar na sua empreitada de adquirir novos conhecimentos e aceitar novos desafios. Se o seu chefe não enxergar isso, então, arranje um martelinho mágico e, de preferência, use-o em outra empresa.

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ADMINISTRADOR NA HISTÓRIA | Margaret Thatcher

Margaret Thatcher

Os erros e acertos da Dama de Ferro por agatha justino

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foto white house photo office

LINHA DO TEMPO Conclui o curso de Química pela Universidade Forma-se de Oxford em Direito

1947

Margaret Thatcher foi a primeira mulher a liderar o mundo ocidental. Com um estilo de administrar implacável, ajudou a derrubar o comunismo e transformar o mundo.

E

1925

Nasce em Grantham, Lincolnshire

m 1948, uma jovem formada em Química estava à procura de um emprego na ICI, empresa britânica de química industrial. Porém,

o trabalho lhe foi negado porque o Departamento de Recursos Humanos a considerou como “uma mulher teimosa, obstinada e perigosamente opinativa”. No mesmo ano, depois desse episódio, Margaret Hilda Roberts se filiou ao Partido Conservador do Reino Unido.

Interessada em política, Margaret concorreu pela primeira vez a um cargo público em 1950 pelo distrito de Dartford. Não ganhou, mas atraiu a atenção da mídia pelo seu discurso pertinente e por ser a mais jovem e única mulher a participar. Lá, conheceu o empresário Dennis Thatcher, com quem se casou no ano seguinte. Em 1959, foi eleita para o parlamento pelo distrito de Finchley e iniciou uma longa carreira na política. Vinte anos depois, após uma campanha destinada à classe média, Maggie se tornou a Primeira-Ministra do país, seguindo assim por 11 anos. Seu governo foi repleto de controvérsias, Thatcher era uma mulher que polarizava as opiniões da mídia e despertava sensações de amor e ódio entre a população, mas ninguém era indiferente às suas medidas. A Dama de Ferro, como foi apelidada pela imprensa soviética, não se importava em tomar decisões que a tornariam impopular. Em uma delas, cortou as verbas destinadas aos pro50

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Torna-se primeiraministra britânica

1954

Morre em Londres, vítima de um acidente vascular cerebral

2013

1979

1951

1959

1992

Casa-se com o empresário Denis Thatcher

É eleita para a Câmara dos Comuns pelo distrito de Finchley

Deixa o cargo e entra para a Câmara dos Lordes com o título de baronesa

gramas sociais com o objetivo de colocar em prática a cartilha do capitalismo. “As coisas pioram antes de melhorarem”, costumava dizer aos que reclamavam. Com seu estilo de administrar controlador e implacável, difundiu o Thatcherismo como doutrina pelo mundo. Foi a era dos governos neoliberais e privatizadores que, junto ao governo americano de Ronald Reagan, acabaram com a Guerra Fria e a ideia do comunismo como um sistema de governo bem-sucedido. Durante sua passagem por Downing Street, a baronesa Thatcher operou uma série de privatizações que reduziram o poder do Estado. Enfrentou uma greve contra os mineiros e uma guerra contra a Argentina pelo arquipélago das Malvinas (Falklands), que gerou uma onda de nacionalismo pela Inglaterra e aumentou sua popularidade.

Uma ironia para a mulher que citou São Francisco de Assis quando foi eleita. Entre seus acertos está o “no, no, no” dito à adoção do Euro. A ex-primeira-ministra previu os problemas que a moeda iria causar, “nós estamos em níveis diferentes de desenvolvimento. Algumas economias simplesmente não vão acompanhar a moeda única”, afirmou. No dia 8 de abril deste ano, Margaret Thatcher deixou o mundo que ajudou a criar. Para o funeral que planejou em vida, escolheu uma trilha sonora clássica e os poemas que foram lidos. Tiros de canhão cortaram o silêncio deixado pelo Big Bang. Do lado de fora, britânicos se manifestavam contra o pagamento das despesas pelo Estado. Natural, as contradições entre protestos e honras que seguiram Thatcher em vida não se separariam dela na morte.


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do futuro por mayara chaves

Bernardo Rabêlo foi escolhido como um dos embaixadores do Movimento Empresa Júnior na Europa

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imagem acervo pessoal

Foi na área de estratégia que atuei na empresa júnior desde o início e me identifiquei. É uma área que estou me aprofundando e, quando deixar de integrar o MEJ, é onde também desejo continuar.” Que tipo de ações você vai realizar enquanto embaixador da MEJ na Europa?

A

Administração está presente em praticamente todas as tarefas que executamos. Seja em nossa casa, dentro de uma empresa, em uma pequena comunidade, na nossa cidade e assim por diante. A Administração move o mundo, em pequenos ou grandes passos. Um exemplo disso é Bernardo Rabêlo, um jovem baiano de 21 anos. Ele, que é estudante do 6º período do curso de Administração e vice-presidente da Federação das Empresas Juniores do Estado da Bahia (UNIJr-BA), é o primeiro nordestino a ser escolhido como embaixador do Movimento Empresa Júnior do Brasil (MEJ) na Bélgica. Ele e outros dois estudantes selecionados farão parte da Coordenadoria Internacional da Brasil Júnior, que tem o intuito de fortalecer o conceito “empresa júnior” na Europa. Sempre em busca de seus objetivos, Bernardo vem mostrando durante sua trajetória que é um estrategista nato. E esse foi um dos motivos para ele ser o escolhido desta edição.

Somos os responsáveis por estar em contato com grandes organizações. Por exemplo, agora estamos em negociação com a Unesco, o Banco Mundial e a OECT. Também somos os líderes da estratégia de expansão do movimento no mundo. Então, o papel do embaixador é fazer o conceito empresa júnior chegar também às outras partes do mundo. Por exemplo, neste último semestre nós ajudamos a abrir a empresa juniores nos Estados Unidos, Canadá, Argentina e Chile.

Você já atuou em algum outro projeto durante ou até mesmo antes de entrar para o Movimento Júnior? Já participei do Junior Achievement, que é uma organização voluntária em que dei aulas sobre temas como empreendedorismo para estudantes do ensino fundamental. No entanto, comecei a realizar trabalho voluntário aos 14 anos, na minha escola municipal, trabalhando com a diretora. Depois, em setembro de 2009, entrei na empresa júnior ADM UFBA, em seguida integrei o Núcleo de Empresas Juniores da UFBA (NEj UFBA), junho/julho 2013

onde fui coordenador geral. Após isso, passei para vice-presidente da Federação da Bahia. Antes de ser embaixador, trabalhei na Brasil Júnior no âmbito nacional, e agora vou para o âmbito internacional. Foi tudo passo a passo.

Você desenvolveu algum projeto de impacto quando estava na empresa júnior da UFBA? Sim. Eu fiz o Projeto Qualidade na empresa, em 2011. Revisamos o processo de planejamento estratégico, mudamos o plano de carreira, entre outras modificações. Foi um projeto que durou cerca de um ano para fazermos grandes modificações na empresa e ainda representou bastante impacto posterior.

E quais são os seus projetos futuros? A minha visão é ser um grande estrategista em âmbito mundial. Foi na área de estratégia que atuei na empresa júnior desde o início e me identifiquei. É uma área que estou me aprofundando e, quando deixar de integrar o MEJ, é onde também desejo continuar.

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FORA dO QUADRADO O Fora do Quadrado desta edição vai especialmente para aqueles que se consideram nerds (ou que pelo menos curtem alguns produtos diferentes). Selecionamos 12 acessórios e gadgets que podem fazer parte do escritório ou do dia a dia de um administrador nerd. por eber freitas e fábio bandeira de mello

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fotos divulgação

Despertador 6 ou robô

Não esqueça 1 o prato Se você gosta de zumbis, monstros e caveiras, possivelmente vai simpatizar com esse abajur para o seu escritório. Trata-se de um crânio, no qual, coloca-se uma vela para iluminar. Mas não é um crânio qualquer. Enquanto ele queima, uma cera vermelha brilhante vai escorrer de seus olhos para baixo de seu rosto. Quanto mais tempo iluminar, mais ele sangra e mais assustadora fica. Sim, uma grande dica: coloque um prato resistente ao calor embaixo. Veja como funciona em adm.to/ cranio_nerd

A volta do 2 disquete

5 Menos fios e cabos 3

Se você tem uma queda por objetos e tecnologias antigas que já deixaram de ser fabricados, um acessório pode voltar a fazer parte da sua mesa. Ele não é nem tão velho assim, mas sumiu do mapa no mercado e de nossas vidas: o querido disquete. Porém, agora, ele vem com uma nova funcionalidade: ser um porta-copo. O produto está disponível no site do ThinkGeek e permite personalizar os rótulos para cada pessoa do seu grupo.

3 Carimbo social Reza a lenda que antigamente era possível curtir coisas off-line. Qual tal fazer isso com relatórios e documentos de escritório? O carimbo Like/Dislike é uma ferramenta bem legal para quebrar a formalidade dos documentos corporativos e pareceres. Seria ainda mais interessante se pudesse ser conectado ao Facebook e com um aplicativo para compartilhar automaticamente a curtida. #roubeessaideia ;)

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Régua 4 musical Um pequeno exercício de lógica: música é precisa; réguas são precisas; logo, réguas são músicas. O pessoal do ThinkGeek levou a cabo o argumento e criou uma régua que emite sons quando é apoiada em um suporte e vibrada - na escala de dó maior natural. O Musical Ruler with Songbook vem com um livro de instruções.

A mesa de trabalho de um nerd frequentemente conta com montes de cabos USB, HDMI, lightning para USB, lightning para 30 pinos… enfim, uma bagunça cheia de nós. Esse organizador pode ajudar a manter a ordem na mesa, separando os cabos que estão ligados no computador, mas não são utilizados. Dá até a impressão de que tem menos.

Os livros e filmes de ficção adoram indicar que as “leis dos robôs” impedem que eles façam algum mal ao ser humano. O Roboclock também segue a mesma linha (claro, se você não se esquecer de colocar a pilha). Ele sabe que a sua inércia fará com que se atrase ao trabalho, o que fará com que seja demitido e caia na ruína financeira. Por isso, é só “combinar” a hora certa com o Roboclock e ele soará freneticamente na hora desejada.

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7 Quero caféééé Economize algum tempo entre se levantar da sua mesa de trabalho e ir até a cafeteira. Essa caneca elétrica vintage mantém o café quente, além de armazenar uma considerável quantidade da bebida… suficiente, digamos, para manter um rinoceronte acordado ou para transformar sua gastrite em úlcera. O que importa é que o café está quente na hora que você precisa. A caneca também é indicada para viagens.

O visual da 12 capinha de celular

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8 Inseparável cerveja O que é fundamental quando você vai fazer uma viagem ou passar muitas horas longe de casa? Desodorante, escova e pasta de dente e... cerveja. Essa é pelo menos uma brincadeira que se pode tirar com a Nécessaire Cerveja. Em tecido dublado, lavável e com estampa imitando uma lata de cerveja, você pode fazer quase tudo com ela, menos colocar cerveja ou qualquer outro líquido dentro.

11 Ação e reação 9 Calculadora inútil Blaise Pascal tinha uma ideia simples em mente quando criou a primeira calculadora em 1642: uma máquina que realize operações matemáticas pelo indivíduo. O criador da Crazy Calculator foi bem menos funcional: criou um aparelho que só dá respostas inúteis. Pior, malcriadas. Imagine solicitar a raiz quadrada de 1764 e receber um “who cares” (“quem se importa?”) ou um “you tell me” (diga-me você) como resposta.

Relógio 10 de água Uma das primeiras maneiras criadas pelo homem para marcar a passagem do tempo foi um relógio de água chamado clepsidra. Hoje não é mais necessário um sistema tão complexo; mas a água ainda pode ser aliada. O Hydro Powered Clock é digital, mas sua energia vem de uma reação química gerada pela água. Sustentável, barato e charmoso.

“A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: ou as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos”. Sempre é bom lembrar-se da terceira lei fundamental da física. Quando pensar em fazer alguma tolice – como xingar o chefe –, olhe para o pêndulo de Sir Isaac Newton.

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Se você morre de medo de ser assaltada quando está falando ao telefone ou já desejou mudar o estilo e faltou coragem, vai gostar dessas capinhas para iPhone. A imagem do acessório, quando colocado no ouvido, reproduz um novo visual e que, dependendo do ângulo, aparenta que você não está com o celular no ouvido. Agora, você pode se sentir como uma punk, uma elfa ou até ter um corte diferente no cabelo, tudo isso apenas inserindo um case de iPhone.

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ENTRETENIMENTO | curiosidades, humor e sustentabilidade

MKT de guerrilha

Confira o vídeo da ação

Fonte da juventude descoberta Já imaginou parar de envelhecer? Utopia? Parece que não, pelo menos para os ratos. Cobaias de um estudo da Universidade de Harvard, os bichinhos tiveram o envelhecimento retardado a partir da reposição da proteína GDF-11. Os resultados da aplicação foram o revigoramento das atividades cardíacas e dos tecidos. Mas a experiência deverá ser feita em humanos só daqui a cerca de quatro anos. Por enquanto, os aficionados em juventude devem se contentar em praticar exercícios, se alimentar bem e não esquecer do creminho antirrugas. 54

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Serviço de aluguel de cachorro Tem gente que adora animal, mas por questão de tempo, acaba desistindo de ter um. Essa realidade está mudando, pelo menos na Coreia do Sul. Pensando em transformar trabalhadores solitários em clientes, um grupo de pet shops lançou um novo serviço: o aluguel de cachorros. O cliente escolhe se vai alugar o cão por semana, por dia ou mesmo por horas. Grupos de defesa dos animais, no entanto, são contra essa iniciativa, por defenderem que mudar de dono em poucos dias afeta os animais, que são fiéis por natureza. Será que no Brasil daria certo? junho/julho 2013

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marca utilizou o Roti para transmitir a sua mensagem, em vez dos espaços de mídia tradicional. A marca estampou mais de 2,5 milhões de Rotis com a frase “Já lavou as mãos com Lifebuoy?”

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Na Índia, a marca de sabonetes Lifebuoy encontrou uma maneira bem diferente de impactar milhares de pessoas a lavarem as mãos. A cada três anos acontece o Kumbh Mela, o maior encontro religioso do país, reunindo quase 100 milhões de pessoas. Comer com as mãos um pão indiano, chamado Roti, está entre as tradições da cerimônia. Para incentivar o ato de lavar as mãos (a Índia sofre um dos mais altos índices de infecções como a diarreia), a

Viver com três reais ao dia Um projeto intitulado Live Below the Line (Viva abaixo da linha) está desafiando pessoas a se alimentarem com U$ 1,50 por dia durante cinco dias. O objetivo é alertar para o estado de extrema pobreza que vive parte da população mundial. A iniciativa teve a adesão de celebridades americanas como Ben Affleck, Hugh Jackman e Sophia Bush. A campanha aconteceu nos meses de abril e maio, mas nunca é tarde para aderir. Você conseguiria passar por esse desafio? Assista ao vídeo em que Hugh Jack convida as pessoas a aderirem: adm.to/sem_comida


AçÕES para um mundo melhor

DES COM O que fazer PLI CAN com madeira de demolição? DO por

INTRAPRENEUR Empreendedor interno. Pessoa que dirige uma unidade do negócio como se ela fosse uma empresa independente.

MODELO DISRUPTIVo Empresas menores (entrantes) que conseguem entrar no mercado através da apresentação de uma tecnologia ou serviço de ruptura e fazer sucesso.

PDCA (PLAN, DO, CHEK AND ACT) Planejar, Desenvolver, Controlar e Agir corretamente. Ferramenta que implica na melhoria de todos os processos de fabricação ou de negócios.

eber freitas

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O desmatamento predatório e irregular, infelizmente, é a principal fonte de fornecimento de material para a construção civil no Brasil. Embora a atividade venha apresentando uma redução sensível – o governo estima que houve uma diminuição de 28% entre setembro de 2011 e outubro de 2012 –, o setor ainda é um dos maiores consumidores dessa matéria prima. E o pior: parte da madeira é utilizada para sustentar andaimes e outros usos menos nobres, sendo descartada após o término de uma obra. Mas um fato é certo: o material jogado fora ainda pode ser perfeitamente utilizado. Um exemplo disso é a empresa Madeira de Demolição, parte do Grupo São Gabriel, que resolveu investir nesse segmento para criar móveis e itens de decoração. Este material, – que seria descartado, gerando resíduos e um passivo ambiental – está sendo reutilizado de forma a gerar uma nova cadeia produtiva. É um ensaio de uma nova lógica sustentável. O grupo cria móveis e itens de decoração a partir da reutilização de madeira – conferindo um ar rústico e elegante ao lar, e aliviando um pouco mais a pegada ambiental da construção civil. O portfólio

de produtos abrange móveis, pergolados, mesas, portas e dormentes de madeira, dentre outros. A iniciativa surgiu em 2009, quando a empresa percebeu a alta demanda do mercado por esse tipo de produto. “Como temos muita ligação com a região norte do PR, onde as madeiras têm sua origem, desenvolvemos um trabalho na internet para atrair demanda, gerando um link entre a origem do produto e o mercado, principalmente o paulistano”, afirma Vinícius Zanutto, diretor da empresa Madeira de Demolição. Sobre a origem da matéria-prima para a fabricação de novos itens, ele explica: “nossa madeira não é proveniente de obras comuns, e sim casas em madeira superantigas, geralmente do Paraná, que são substituídas por alvenaria. Alguns parceiros fazem a demolição e negociamos diretamente com eles”. O modelo de negócios abrange tanto o B2B, ou seja, a venda para outras empresas da cadeia logística, quanto a venda direta para os consumidores de material com valor agregado – como os móveis e itens de decoração rústicos.

humor

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ENTRETENIMENTO | Leitura e cinema

LEITURA baia às próprias ideias. Além disso, o livro Antifragile é muito bem pesquisado. A parte ruim: uma crítica comum ao autor é que ao longo dos anos ele se tornou um tanto prepotente. A tendência de falar de si mesmo e diminuir seus críticos acompanha toda a sua obra. Isso pode incomodar alguns leitores. Eu também diria que o livro agrada aqueles mais dispostos a uma aventura intelectual, lendo com calma e pensando sobre o que está ali. Não é para ser uma leitura “leve”. Podemos resumir o livro em três palavras: frágil, robusto e antifrágil. Muitos sistemas modernos, de sistemas financeiros a governos centrais, são frágeis. Como um copo de vidro, eles possuem uma estrutura. Derrube o copo no chão e ele se quebra. O sistema bancário de um país pode existir por anos sem sinais de problema. Um impacto significativo pode deixar ele em pedaços. A solução usual é tentar deixar os sistemas mais robustos, ou seja, resistentes a impactos. E assim se fala na robustez da economia, da estratégia empresarial e até de um tratamento médico. O problema, segundo Taleb, é que “robusto” não resolve o problema e não é o oposto de frágil. Algo robusto é só algo difícil de quebrar. Uma vez quebrado, o efeito é o mesmo. O oposto de frágil é antifrágil – coisas que “gostam” do caos. Um governo central é frágil, deixa suas

políticas expostas a um golpe. Modelo centralizado no estilo de Brasília é frágil. Dívidas a tornam mais frágil, pois qualquer impacto negativo a pode colocar em maus lençóis. Medicina tradicional baseada em medicamentos? Também é frágil. Governo descentralizado, com pequenas partes evoluindo e se adaptando, é antifrágil. Esportes sem estrutura, religião, empreendedores, uma boa estratégia de investimentos, desenvolvimento intelectual... Antifrágeis! É um conceito que precisa ser digerido. Já li muito sobre como tornar as coisas mais robustas, resilientes e resistentes. No fundo, toda essa literatura trata a mudança como algo ruim. O caos deve ser evitado e resistido. O imprevisível deve ser combatido. Uma coisa é resistir às imperfeições do mundo real, outra é abraçar as imperfeições do mundo real e pensar em como nossas vidas, projetos e empresas podem se beneficiar delas. É no mundo real, imperfeito e bagunçado, que vivemos. Como alguém que trabalha com empreendedorismo e inovação, eu não poderia aprender uma palavra melhor.

Mestres das vendas

Negociação Total

por ivan misner e don morgan

por josé augusto wanderley

Mais do que uma obra sobre a vida de Washington Olivettto, Renha faz um estudo sobre a retórica do publicitário para descobrir se existe uma fórmula publicitária para o sucesso.

Os autores entrevistaram mais de 80 profissionais bem-sucedidos que apresentaram suas técnicas, estratégias e abordagens na hora das vendas.

O livro detalha todos os aspectos envolvidos em uma negociação. Analisa o comportamento do negociador e as várias etapas do processo que envolve o fechamento de um negócio.

Leya, 384p. R$ 39,90

Sextante, 272p. R$ 29,90

Gente, 264p. R$ 39,90

Antifragile por fábio zugman

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Antifragile (Antifrágil). Não é todo dia que aprendemos uma palavra nova. Ainda mais uma que faça sentido. Primeiro, a parte boa: Taleb é o exemplo raro de escritor que pratica o que diz. O autor não só falou sobre a crise que iria atingir o mundo em 2008, como apostou dinheiro do próprio bolso e lucrou quando ela aconteceu. Se ele fala sobre saúde, pode ter certeza que testou os conselhos no próprio corpo antes de colocar no papel. Apesar de alguns consellhos do autor parecerem um tanto diferentes, é tranquilizador saber que ele serve de co-

Ed. Random House, 544p. R$ 50,20 Fábio Zugman já perdeu uns quatro amigos, mas nunca perdeu a piada. Ele acredita que um bom caminho para manter o equilíbrio entre a genialidade e o insano é escrevendo livros.

ESTANTE A propaganda brasileira depois de Washington Olivetto por joão renha

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CINEMA

O homem que mudou o jogo por

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Brad Pitt vive Billy Beane, gerente geral do Oakland Athletics, time de beisebol que usou uma forma diferente de gestão para transformar um elenco desacreditado em um time extremamente badalado.

gabriel carneiro costa

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Gostaria de propor uma reflexão sobre o filme O homem que mudou o jogo (em inglês, Moneyball). Gostei já da primeira frase dita por Mickey Mantle* na abertura: “é inacreditável o quanto você não sabe sobre o jogo que jogou a sua vida toda!”. Isto me fez lembrar a teoria sobre os jogos que vivemos na vida, quando o foco é vencer todos aqueles internos que nos deparamos. Os jogos externos são aqueles que estão para serem vistos por todos, mas os internos são jogados apenas por nós mesmos. Nem todos que vencem os jogos internos se tornam vitoriosos na vida, mas todos os grandes vitoriosos são, anteriormente, vencedores desses jogos internos. Durante o trabalho que executo, muitas vezes percebo pessoas vivendo distante daquilo que, autenticamente, trazem um grau maior de satisfação. Passam anos jogando jogos que não são os seus e isso não está diretamente associado a vencer ou perder. Sempre existirão dias de vitória e dias de derrota. No filme em questão, o ator principal (Brad Pitt) faz o papel do técnico Billy Beane, que provoca a entrega verdadeira em campo de cada um de seus atletas e consegue resultados surpreendentes contra adversários muito mais estruturados. Isso é interessante, pois podemos associar as experiências de vitória ou derrota com o cotidiano de todos nós. Vencer um grande oponente no campo é como uma super promoção para um executivo, uma venda histórica, a superação de um recorde ou o simples fato de realizar um sonho pouco provável. Quando isso acontece, a energia da vitória verdadeiramente toma conta do nosso corpo. Busco entender o que move as pessoas a conquistarem aquilo que sonham, indejunho/julho 2013

pendente do tamanho, do tempo e das dificuldades. Onde está o gatilho que desperta para essa ação? Penso em três palavras-chave: acredite, faça e comemore. Antes de tudo, é preciso acreditar que sonhos são possíveis de serem realizados. Não me refiro aos sonhos materiais, mas sim ao sonho de ter uma vida mais feliz. Assim como Brad Pitt no filme: “se não acreditarmos que é possível, jamais será”. A vida somente se transforma na ação. Vejo muita gente planejando, tendo consciência do que precisa ser feito, mas diante do medo e da preguiça fica paralisado. Só há uma forma de vencer outros times maiores: treinando e jogando contra eles. Percebo pessoas que ainda não entenderam que nós somos os únicos agentes de mudança em nossas vidas e que jamais conquistaremos algo se não fizermos a nossa parte. É isto que me encanta no filme: a capacidade de fazer algo diferente. E, por fim, acredito na importância da celebração. Fico feliz ao ver clientes acreditarem no seu futuro e colocarem energia na ação. Temos a tendência de deixar toda a grande comemoração para o fim, para o grande dia. É justamente ao desenvolver a capacidade de reconhecer e comemorar qualquer tipo de conquista que temos a energia da vitória. É na celebração que validamos a crença inicial de que algo é possível. E você, vence os seus jogos internos? *Renomado jogador americano de beisebol que pertence ao salão da fama do beisebol desde 1974. Gabriel Carneiro Costa desenvolve um trabalho de conexão entre vida pessoal e profissional, trabalhando com o equilíbrio da felicidade no planejamento de vida. É formado em Comunicação Social e especialista em Personal Coach. É autor do livro O encantador de pessoas (Integrare Editora). administradores.com

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PONTO FINAL confiança

Caiu na Rede. E agora? por patrícia teixeira

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Mapeie os riscos do seu negócio e aja rápido. Sua empresa pode ser o próximo alvo das redes sociais

Patrícia Teixeira é mestre em Comunicação Organizacional, professora de Pós-Graduação nas universidades Anhembi-Morumbi e FMU e autora do livro Caiu na Rede. E agora?, da Editora Évora. Ela também é palestrante de comunicação e novas mídias.

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alvez poucos empresários estejam amadurecidos para os riscos do seu negócio. Qualquer empresa, independente do seu tamanho (micro, pequena, média ou grande), está suscetível a riscos que podem afetar a produtividade, o clima organizacional, a fábrica, o balanço financeiro da empresa e o maior bem de uma organização: a confiança. Por que se preocupar tanto com confiança? Hoje não vendemos mais produtos de qualidade e profissionais gabaritados, pois estes fatores já se tornaram fundamentais para a sobrevivência de qualquer negócio. Uma marca deve conquistar credibilidade diante dos seus diferentes públicos. Tal confiança se conquista com o tempo e por meio de um planejamento estratégico de comunicação que assegure uma relação transparente. Para que sua empresa não arranhe este bem tão valioso, se faz necessário um olhar amadurecido por todos da gestão. Esta tarefa deve ser crítica, leva tempo de pesquisa e deve envolver os departamentos. Para levantar os riscos, pesquise as ameaças do setor, o que já aconteceu com o seu concorrente e que também pode afetar você e, claro, analise seu processo internamente. Após esta tarefa árdua de mapeamento das vulnerabilidades, divida em três categorias: o que pode ser prevenido, minimizado e evitado. Esta ação é ótima para analisar quantos errinhos são cometidos no dia a dia por falhas humanas que podem gerar crises de imagem. Tente evitá-las. O plano de comunicação nas redes sociais contemplando cada risco será importante para entender o que deve ser feito dentro da empresa quando uma

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reclamação acontece, ou quando outro risco vem à tona e a crise ganha a web. Saiba o que fazer, quem comunicar, as primeiras ações e atitudes. Deixar o público sem resposta gera uma crise muito maior. Conhecer seus riscos, agir antes e saber o que comunicar são ações que preservam a marca e não afetam a reputação da empresa. Planejar antes evita que sua empresa seja afetada financeiramente. Assuma que seu negócio possui riscos e aja rápido.




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