#24 O ano da sua startup

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+ ufos e quando não estivermos mais sós?

janeiro/fevereiro de 2014 – ano 3 – no 24 www.administradores.com R$ 12,50 issn 2179-698x

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s t Esqueça o mito do investidor com R$ 1 milhão pronto para ajudá-lo: apenas ideias inovadoras e que geram valor vão se destacar. Hora de descobrir como fazer isso.

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r t u p + pei, buf! como dez minutos podem melhorar sua produtidade?


75% dos brasileiros utilizam o idioma InglĂŞs no trabalho diariamente ou semanalmente

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sumário

2014: o ano da sua startup Esqueça o mito do anjo que está na esquina com um milhão de reais no bolso para injetar no primeiro projeto que aparecer: apenas ideias realmente inovadoras, escaláveis e que geram valor para todos vão se destacar. Veja como mergulhar nesse modelo de negócio.

7 | feedback

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8 | online 17 | pei, buf! Como dez minutos podem melhorar sua produtividade?

entrevista Robert Cooper fala sobre o que é preciso para fazer um produto inovador e que dê certo

14 | acadêmico

20 | carreira

Projeto social financia estudo de jovens talentos de baixa renda

Profissionais com dupla vocação

22 | carreira

24 | negócios

30 | infográfico

Ciúmes: como livrar sua empresa de uma tragédia shakesperiana

#ProjetoMercadoFitness

Dissecando o comportamento organizacional

10 18 | insight Uma carta ao Conselho há muito esperada | por Henry Mintzberg

27 | cases De motorista de ônibus a dono do próprio negócio

28 | contraponto Você é a favor de cotas para negros em concursos públicos? 4

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Automatize sua empresa com um custo muito baixo!

34 32 | estratégia As quatro categorias da tomada de decisões

estratégia UFOS: e quando não estivermos mais sós?

37 | O QUE DRUCKER FARIA As dúvidas dos leitores tiradas com os conceitos do pai da Administração

48 | ADM NA HISTÓRIA Ray Kroc: o homem que fez do McDonald’s a rede mais lucrativa do mundo

49 | geração de valor Os sete hábitos mais frequentes dos perdedores | por Flávio Augusto

50 | MENTE ABERTA

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44 | gonzo O que o Marketing e uma experiência no rali têm em comum?

Claro, mas ele é o nosso valentão! | por Seth Godin

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51 | ARTIGO DO LEITOR Nem todo empresário é empreendedor | por Otávio Augusto de Melo

uma licença de uso. Para uso em rede, conheça nossas licenças adicionais. * ValorOspara da NF-e, NFC-e e da NFS-e, devem ser adquiridos separadamente, e ** módulosprecisam da solução profissional do Hábil Empresarial.

52 | FORA DO QUADRADO 54 | ENTRETENIMENTO

58 | ponto final

- Curiosidades e humor - Ações para um mundo melhor - Leitura: Abundância: o futuro é melhor do que você imagina - Cinema: O Negócio

O papel do administrador no empreendedorismo | por Leandro Vieira

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R. Itapuã, 1258. 85.504-060 | Pato Branco-PR


EDITORIAL

Expediente

Hora de suar a camisa Empreendedorismo. Startup. Inovação. Essas são algumas palavrinhas que, nos últimos anos, vêm sendo constantemente repetidas e viraram expressões correntes nos papos sobre negócios. E isso é extremamente positivo. É um sinal de que nossa sociedade está despertando cada vez mais para a importância de se fomentar o espírito empreendedor. Antes visto como uma aventura, agora, empreender passou a ser uma opção de carreira. Mas ainda existem muitos tabus e dilemas que cercam essas três palavrinhas. Vendem o empreendedorismo como uma espécie de “sonho americano” brasileiro, onde basta você ter uma ideia diferente e pronto: da noite para o dia você pode conquistar um generoso investimento e passar a trabalhar em casa de pijama durante algumas poucas horas do dia. Ledo engano. As confusões começam já pela definição conceitual das palavras. Nem toda nova empresa é uma startup. E nem todo empresário é um empreendedor. Por trás do sucesso de 99% dos casos, pode apostar, houve um intenso trabalho, muita camisa suada e horas mal dormidas pensando no negócio. Afinal, tratando-se de startups, não existe um manual explicando como desenvolver determinada tecnologia ou serviço e muito menos por qual caminho seguir. Para facilitar a vida dos aspirantes a empreendedores, fizemos esta edição da Administradores especialmente para quem quer tornar realidade seu projeto de startup. Trouxemos um conteúdo robusto abordando diferentes óticas e contextos. Se você de-

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seja trilhar esse caminho, ou simplesmente possui curiosidade sobre o tema, vai curtir demais esta edição. Como inovar é palavra de ordem quando o assunto é empreender, vale destacar também algumas importantes novidades a partir deste número. A primeira é a entrada de um grande reforço para o time de colunistas da revista. Flávio Augusto da Silva, protagonista de um dos mais brilhantes cases de empreendedorismo do Brasil (veja entrevista exclusiva em nossa última edição), estreia a coluna Geração de Valor. O nosso publisher Leandro Vieira, por sua vez, assume o comando da coluna Ponto Final. E, por falar em cases, criamos uma editoria com esse nome. Iremos contar histórias de empreendedores que, de diferentes formas, conseguiram impulsionar seus negócios. Como ponto de partida, o ex-motorista de ônibus Moisés Dias Pena conta como surgiu sua inovadora sandália retangular. Esperamos que você goste desta edição bem especial, que registra o início de um novo ano da revista Administradores, que guarda ótimas surpresas.

Fábio Bandeira de Mello editor

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CONTATOS Assinaturas www.administradores.com.br/revista PUBLICIDADE comercial@administradores.com.br +55 (83) 3247 8441 correspondência Av. Nossa Senhora dos Navegantes, 415 / 304 - Tambaú - João Pessoa Paraíba – CEP 58039-110 redação revista@administradores.com.br

Publisher Leandro Vieira leandro@ administradores.com.br Redação Editor Fábio Bandeira de Mello fabio@ administradores.com.br Repórteres Agatha Justino agatha@ administradores.com.br, Dandara Costa dandara@administradores.com.br, Eber Freitas eberfreitas@administradores.com. br, Fábio Bandeira de Mello, Lívia Pereira livia@administradores.com.br, Marcela Agra marcela@administradores.com.br, Mayara Chaves mayara@administradores. com.br e Simão Mairins simao@administradores.com.br Revisão Danielle Vieira COLABORADORES Flávio Augusto da Silva, Guido Stein Martínez, Henry Mintzberg, Jerônimo Mendes, José Ramón Pin Arboledas, Marcelo Fernandes Magalhães, Otávio Augusto, Phil Rosenzweig, Raniere Rodrigues, Reinaldo da Silva Guimarães e Seth Godin. ARTE DIREçÃO Thiago Castor thiago@administradores.com.br Design e ilustração Niandson Leocádio niandson@administradores.com.br EDITOR DE vÍDEO Daslei Ribeiro daslei@administradores.com.br COMERCIAL Diretor Comercial Diogo Lins diogo@administradores.com.br FINANCEIRO Anna Vita Vieira annavitavieira@administradores.com.br Atendimento ao Leitor Anna Valéria Onofre annavaleria@administradores.com.br Impressão Gráfica Moura Ramos www.mouraramos.com.br


GONZO – NÓS CRIAMOS FELICIDADE 2

Maravilhoso. Vou usar alguns princípios em minha palestra de treinamento de pessoal. Eu também sou uma apaixonada pela Disney. Rosane Godoi

GONZO – NÓS CRIAMOS FELICIDADE 3

Aaaaaah Marcela, eu sempre quis conhecer a Disney. Agora, esse texto só alimentou ainda mais minha vontade. Coisa mais linda de se escrever. Perfeito! Kamila Katrine

GONZO – NÓS CRIAMOS FELICIDADE 4

novo leitor

ENTREVISTA FLÁVIO AUGUSTO 3

Parabéns, grandes matérias! Não sabia da existência da revista, mas me impressionei com a qualidade e os temas abordados. Achei superinteressante as matérias de como ganhar um debate, a trajetória de Toyoda e me interessei em assistir ao documentário Gigantes da Indústria. Vou virar um leitor contínuo.

Tenho muita admiração por esse guerreiro. Um exemplo para se colocar em prática, pela motivação e seus conselhos.

Daruan Russo

CAPA

Essa matéria me deixou perplexo e mudou para sempre meu ponto de vista sobre o “profissional perfeito”. Não existe cartilha mesmo e o pior é que muitos ainda caem nessa armadilha. Diego Ramos

Uma das melhores edições =] INFOgráfico – CORES

Vitória Garcia

Porque elas influenciam desde o humor das pessoas até a sugestão para compra ou venda de qualquer natureza de serviço ou produto. Andre Allan

INFOgráfico – CORES 2

A teoria das cores é importante, mas deve ser degustada com critério, afinal, ainda sofre muita influência do comportamentalismo psicanalítico, que é teoria já bastante ultrapassada. Fabricio Anselmo

Inspiração para mim e para uma Geração de Valor!

GONZO – NÓS CRIAMOS FELICIDADE

ENTREVISTA FLÁVIO AUGUSTO 2

Uma das melhores [entrevistas], senão, a melhor do ano. Prieto Junior

Fabio Castro

EDIÇÃO #23

Antonio Marcos

ENTREVISTA FLÁVIO AUGUSTO

Suelen Almeida

Simplesmente mágica, encantadora e potencialmente motivadora esta história. Parabéns à autora! Que sejamos constantes criadores de felicidade e que, também, nos mobilizemos em ser irradiadores de magia em função de todos os processos de gestão.

Nove vezes na Disney World e três na Disneyland. Não me canso e voltarei novamente. Há sempre algo novo e o Walt Disney conseguiu transmitir um encantamento, inspirando magicamente a todos que lá trabalham. Hernane Genu Filho

EDIÇÃO #23 2

Nesse exato momento o relógio marca 2h e estou lendo a última edição da revista pelo meu celular. Quero dizer que a Administradores é sensacional e me ajuda a ter uma visão mais ampla sobre o mercado, além de fornecer informações valiosíssimas sobre liderança, empreendedorismo, carreira, etc. Inclusive, questões pessoais, me impulsionando a tomar decisões em busca da realização de sonhos! Sempre ansiosa a cada edição! Carol Rosa

Mande também O seu recado para a Administradores através do revista@administradores.com.br

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ONLINE | www.administradores.com

ENQUETE

#FICADICA

Quais são as principais dificuldades para você empreender? Cancelei a minha conta no WhatsApp O editor da revista Administradores, Fábio Bandeira, faz um desabafo reflexivo sobre o app do momento. O artigo já obteve meio milhão de visualizações.

Shutterstock/ Maxhphoto

adm.to/whatsappadm

Como os poderosos planejam o dia (e o que você deve aprender com eles) A especialista americana Belle Cooper mostra a rotina dos chefes de Estado e dos grandes empresários.

MeuCarrinho

55,07%

Falta de dinheiro

12,48%

Rede de segurança (se eu quebrar vou morrer de fome e estragar minha carreira?)

10,27% 9,33%

Falta de pessoas qualificadas para ajudar/ integrar a equipe

5,61% 4,54% 2,70%

Cria listas de supermercado e compara preços. Permite ler o código de barras de um produto com a câmera e soma os preços para fazer uma estimativa do gasto.

Mailbox

O usuário ajuda a organizar as mensagens que chegam ao Gmail, permitindo apagá-las, arquivá-las ou adiar a leitura.

ENTREVISTA

Instabilidade política/ legal/tributária

Falta de informações sobre o mercado

Sidney Gusman, editor de planejamento do Maurício de Sousa Produções, conta detalhes sobre a empresa por trás do sucesso dos quadrinhos.

Falta de treinamentos e assessoria para o empreendedor

adm.to/arteadm

Crowdfunding: um modelo de negócio interessante para você?

Reconhecimento (dos pais, colegas, amigos)

TWITTER

g+

FACEBOOK

LINKEDIN

adm.to/ orkutadm

adm.to/ facebookadm

adm.to/ linkedinadm

Niandson Leocádio

Luiz Otávio Ribeiro, sócio-fundador do site Catarse, mostra os segredos desse novo modelo de negócio. adm.to/catarse_entrev

FOI DESTAQUE NA WEB

Niandson Leocádio

VÍDEOS

O negócio por trás da Turma da Mônica

@admnews

adm.to/planejardia

APP

Niandson Leocádio

Sam Azgor / Flickr / (CC BY 2.0)

ARTIGOS

Jovem de 17 anos constrói empresa de U$ 250 milhões

E se a II Guerra Mundial fosse relatada no Facebook?

Por que seu currículo já não vale mais nada?

Com o objetivo de juntar dinheiro para comprar um carro, uma adolescente criou uma empresa de bijuterias que tem faturamento milionário.

Através da linguagem informal e gírias dos seus alunos, professor simula momentos importantes que precederam e sucederam a guerra.

Com a capacidade que todos nós temos de gerar conteúdo relevante na web, cada vez mais o currículo, em seu formato tradicional, perderá espaço.

adm.to/jovem_rica

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adm.to/2guerrafacebook

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adm.to/sem_curri


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ENTREVISTA | robert cooper

Robert Cooper: da ideia ao lançamento Melhorar substancialmente a qualidade, a rapidez e o lucro de novos produtos ao mesmo tempo em que o risco de falência é reduzido. Esse é o foco da metodologia Stage-Gate: da ideia ao lançamento. A Administradores conversou com o precursor desse conceito. por dandara costa

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|

imagens divulgação


C

riador do sistema Stage-Gate, implantado

com novos produtos e o mais recente Produtos que dão certo,

em mais de 80% das companhias norte-

Cooper repassa, atualmente, seu conhecimento como consul-

-americanas, Robert Cooper é tido como um

tor, palestrante e professor emérito da McMaster University e

dos nomes mais influentes do pensamento

da Pennsylvania State University.

inovador no universo dos negócios. Ao longo de 35 anos, ele

Em entrevista para a Administradores, ele aponta o cami-

estudou as praticidades e as armadilhas de três mil projetos

nho a ser trilhado para quem deseja “apresentar novidades” e

sobre novos produtos em centenas de empresas. Com 13 livros

fala sobre os mitos da inovação, a atual sociedade de consumo

de sua autoria no currículo, incluindo o best-seller Vencendo

e parte de sua carreira.

Inovação parece ser uma preocupação universal na maioria das empresas. Mas qualquer um pode transformar boas ideias em resultados?

Sim e não. Teoricamente é possível para qualquer pessoa com uma boa ideia colocar um bom produto novo no mercado, mas o problema é que a maioria das pessoas falha e falha por cometer vários erros. Nossa pesquisa estudou empreendedores em pequenas e grandes empresas na medida em que eles tentam desenvolver ideias em novos produtos para o mercado e nós descobrimos que cerca de 30% são bem-sucedidos e 70% falham. Esse não é um bom resultado. Aqueles que se saem bem fazem as coisas de um modo bastante diferente. Nossa pesquisa é semelhante a assistir a um jogo de futebol, e quando você assiste a um time vencedor, sabe que não é toda partida que ele vence. Alguns times ganham apenas 30%, mas, ao acompanhar os vencedores, você percebe o que eles fazem de diferente, e foi isso que nossa pesquisa fez.

E o que os vencedores fazem de diferente?

Número um, eles se baseiam na “voz” do consumidor. Grande parte dos empreendedores, dos criadores e das pessoas com boas ideias, não fez pesquisa de mercado e não fala com clientes suficientes. Essa é a razão número um para um produto fracassar; porque eles não entendem as necessidades reais dos consumidores-clientes. Número dois é surgir com um produto que realmente satisfaça o consumidor – com uma proposta de valor convincente. Algo que faça o cliente dizer: “uau! Isso é fantástico”. E muitas pessoas surgem com um produto tecnicamente elegante – talvez um software muito bacana ou hardware

muito interessante – porém não instiga o cliente. Anima os técnicos, mas não o cliente. Esse é o número dois: fazer um produto único e superior, com uma proposta de valor convincente para o cliente. Número três é fazer logo o dever de casa. Em outras palavras, a maioria das pessoas tem uma boa ideia, quer entrar no processo de desenvolvimento e entrar no mercado de cara, contudo, não gosta de fazer o que os capitalistas de risco chamam de due diligence. Em outras palavras, elas não querem fazer o estudo de mercado, estudo técnico, estudo de negócios. Elas não querem o trabalho pesado. Recolher os dados para elaborar um plano de negócios é um trabalho bastante difícil. E por não fazer o dever de casa, elas cometem inúmeros erros. Ao invés de fatos, trabalham com suposições, e geralmente suposições estão erradas e ocasionam problemas – e colocam você em problemas. A quarta chave do sucesso é reconhecer que os consumidores não sabem o que querem até que vejam. E, com frequência, empresários acham que sabem o que os clientes querem, constroem o produto, gastam muito dinheiro, tentam lançá-lo, mas o cliente olha e diz: “humm, não é o que eu queria”, ou “isso está errado”, ou “não é animador o suficiente”. Então, nós acreditamos que é importante mostrar o produto ao consumidor quantas vezes forem necessárias durante o processo de desenvolvimento. Talvez a primeira versão seja um projeto virtual, a segunda seja um “protosept”, e a terceira um protótipo “quebrado”, e depois um modelo bruto em funcionamento. Mas essas séries de interações – construir algo, levar à frente do cliente, receber feedback e janeiro/fevereiro 2014

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ENTREVISTA | robert cooper

Uma das coisas que notamos foi que líderes de projetos bem sucedidos nas companhias desmembram o processo em estágios. Eles não iriam para o chefe para pedir US$ 1 milhão para tal projeto – não conseguiriam nada. O que eles fazem é desenvolver a primeira etapa do projeto sem grandes gastos; então mostram ao chefe, e de repente aos clientes. A partir daí eles conseguem alguma ajuda financeira e seguem para a próxima etapa. Cada fase vai se tornando maior, similar ao jogo de poker, onde você aumenta as apostas de acordo com o número de informações que recebe. Então, é um processo baseado em estágios, nos quais as pessoas realizam tarefas específicas.

revisar – é o que chamamos de desenvolvimento spiral. É uma série de “laços” ou interações onde você constrói algo, testa com o cliente, volta para o laboratório e repensa seu design. Eu penso que o último passo para o sucesso é trabalhar como um time, um grupo multifuncional. Não são seis engenheiros ou seis escritores de software sentados em uma sala; isso seria um desastre. São três técnicos, um marketeiro e um operador de produção; diferentes tipos de pessoas na equipe igualmente responsáveis pelo projeto. Sempre penso no desenvolvimento de produtos como um esporte. É basicamente um esporte em equipe com diferentes tipos de jogadores no time e um líder de projeto ou capitão bastante dedicado.

Apesar de parecer que há bastante inovação no planeta, a metade está decaindo. Em que consiste, basicamente, a metodologia Stage-Gate?

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Mencionei anteriormente que nossa pesquisa é como observar um time de futebol. Muitos times de futebol ganham muitos jogos e às vezes perdem muitos. Se você assistir às partidas de futebol de times vencedores o suficiente vai começar a entender porque vencedores ganham e perdedores perdem. Pense em você como um treinador. Repetidamente o treinador assiste aos vídeos passados e começa a ver coisas que deveriam ser feitas e coisas que não estão sendo feitas. E ele repassa isso para o seu plano operacional: “como vamos jogar?”. A metodologia Stage-Gate é o plano do jogo. Ela transforma as melhores jogadas práticas; todas as atividades desenvolvidas pelos times campeões em um sistema.

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Você já estudou as praticidades e as armadilhas de mais de três mil projetos de novos produtos. Qual foi o mais marcante?

Os produtos mais interessantes são aqueles “de empresa para empresa”, quando uma nova tecnologia é desenvolvida e revoluciona uma indústria. Uma das companhias com quem trabalhamos o Stage-Gate na Europa chama-se LEGO. Um dos projetos que os observamos fazendo foi quando começaram a introduzir tecnologia nos projetos LEGO. Eles desenvolveram Mindstorms e robótica. E essa foi uma mudança enorme nos padrões da LEGO, que costumava fazer blocos de construção de plástico – como a maioria das pessoas conhece –, mas agora tem produtos de alta tecnologia. Há também a Corning, que é a empresa do ramo de vidros mais inovadora do mundo. Foram eles que inventaram a fibra óptica; um dos projetos em que trabalharam, temos aqui em casa. Quando Steve Jobs queria lançar o iPad, ele não queria vidro de plástico nas telas, ele queria usar vidro de verdade, mas o vidro tinha que ser superforte e à prova de arranhões – às vezes quando o vidro é arranhado, ele fica branco –, então eles desenvolveram o “vidro Gorilla”. Um novo tipo de vidro permitiu Steve Jobs diferenciar seu produto de vários outros no mercado. A tela do iPad é fantástica, certo? E o que a faz ser tão boa é o “Gorilla Glass”, que foi desenvolvido em tempo recorde e nós estudamos esse projeto.


Robert Cooper também é uma vítima da atual sociedade de consumo?

Não. Você só é uma vítima se quiser. Eu compro o que quero. Em algumas áreas, compro produtos bastante inovadores. Em outras, que não me impressionam, penso: “não tem benefício, não vou pagar o dinheiro; não preciso ter”. Tenho amigos que cada vez que sai um novo produto como um iPhone, iPad, ou um gadget eletrônico, eles precisam ter imediatamente. Não importa se é bom ou ruim, barato ou caro, eles precisam comprar. Acho que eles são as vítimas.

Atualmente o termo da moda é “inovar”. Tenho uma pergunta que é um capítulo do seu livro Produtos que dão certo: por que tanta inovação hoje em dia?

Apesar de parecer que há bastante inovação no planeta, a metade está decaindo. A maioria das empresas que gasta boa parte do orçamento em pesquisa e desenvolvimento não está inovando, como fazia 20 anos atrás. Este é um fato que muitas pessoas acham difícil de acreditar, porque quando vamos a uma loja, vemos o novo iPhone, o novo iPad e pensamos: “poxa! Inovação, inovação”. Exceto essas indústrias, não há muita inovação acontecendo na maioria das áreas. Quanta inovação existe na indústria de alimentos? Quanta inovação existe na indústria farmacêutica? Melhorias? Sim, mas nenhuma grande inovação e isso ocorre em inúmeras indústrias. Na verdade, o ritmo está caindo.

Mas por que a inovação cresce em determinadas indústrias e em outras não?

Nas indústrias onde a inovação está aumentando, obviamente há nova tecnologia e atualmente existem muito mais cientistas e engenheiros do que havia 20 anos atrás. Agora que a China e a Índia entraram no jogo, houve um dobramento no número de cientistas e engenheiros no mundo. E, lógico, há mais mercados e maiores demandas. Essas são algumas das razões porque a inovação se movimenta em alguns setores. Agora, por que as empresas de aeronaves não estão “evoluindo” tanto quanto costumavam fazer? A razão número um parece ser financeira. A maioria das grandes empresas trabalha com investimento da bolsa de valores e elas têm que ter resultado em curto prazo. Tudo é orientado pelo mercado de ações e o pessoal da bolsa de valores não gosta de projetos de longo prazo. Eles querem resultados imediatos e rápidos.

Isso mata a inovação, porque muitos projetos de inovação demoram bastante tempo. Em uma das companhias onde trabalho, o desempenho do diretor administrativo é avaliado a cada três meses. Desse modo, ele não se interessa por projetos que durem seis anos e projetos de inovação que levam tempo. O luxo que Steve Jobs teve foi que ele era o chefe e dono da empresa. Assim ele pôde bancar a perspectiva de longo prazo. Mas a maior parte das empresas prefere curto prazo e curto prazo mata inovação. Outra, e a terceira principal razão, é porque atualmente é muito mais difícil conseguir um avanço substancial do que era há 25 anos, particularmente nas indústrias tradicionais, como a farmacêutica, aeronáutica e automobilística.

A maior parte das empresas prefere curto prazo e curto prazo mata inovação. Você foi professor emérito da McMaster University e da Pennsylvania State University e hoje, além de escritor, faz consultas e palestras ao redor do mundo. Para encerrarmos essa entrevista, que outro ensinamento você não pode deixar de repassar?

A primeira mensagem que eu tento passar é que inovação é uma das coisas mais importantes que a sua empresa pode fazer, mas tem que ser feita corretamente. Muitas pessoas não compreendem a importância da inovação e também a fazem erroneamente, de modo que não conseguem bons resultados e perdem tempo em vários projetos triviais. Inovação é importante, mas você tem que fazer corretamente. O ponto aqui é que se você inovar e entregar valor para os consumidores, você vai fazer dinheiro e vai manter clientes mais felizes do que eles eram antes.

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acadêmico | oportunidade

Eles conquistaram a oportunidade por lívia pereira

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imagem shutterstock

Eles só precisam estudar – o resto é por conta do Ismart, projeto social que financia todo o estudo de jovens talentos de baixa renda em caros colégios particulares e faculdades de excelência do país.

A

paulista Stephani Caroline, aos 12 anos, foi pega de surpresa ao ser indicada por sua professora para concorrer a uma bolsa de estudos que mudaria

completamente a sua vida. Oriunda de Pirituba, bairro da zona noroeste de São Paulo, ela passou dois anos alternando sua rotina entre duas escolas: uma na rede pública e outra em um cursinho particular, pago pela bolsa de estudos adquirida. Antes mesmo de o sol nascer, a jovem já estava de pé para iniciar sua rotina diária de estudos que findava com o seu retorno apenas às oito da noite. A puxada preparação tinha um objetivo definido: passar no processo seletivo do ensino médio do Colégio Bandeirantes – uma das escolas particulares mais tradicionais da capital paulista, com mensalidades acima de R$ 2 mil 14

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e que, continuadamente, aparecia entre as de maior índice de aprovação nas universidades mais concorridas. O resultado positivo representaria um custeio integral da escola paga pelo projeto Ismart, uma iniciativa privada de apoio a jovens talentos acadêmicos oriundos de escolas públicas e de baixa renda. Hoje, aos 17 anos, Stephani relembra essa trajetória. “Meus pais completaram o Ensino Médio já adultos, mas sempre estiveram conscientes, mesmo que lhes tenham faltado oportunidades, de como são importantes os estudos. A conquista de ser apro-

vada depois de tanto esforço me isentou de continuar em duas escolas: eu era oficialmente aluna do Band”, conta com alívio. Para ela, a inserção em uma realidade social completamente diferente da que estava acostumada foi apenas mais um desafio que precisou enfrentar. Vinda de família de baixa renda, onde comprar roupas novas e ir ao mercado eram ações limitadas, a adolescente revela que nem sempre havia dinheiro para o material escolar ou uniforme. “Nossa vida era bem instável e quando um dos meus pais ficava desempregado a si-


tuação em casa era um caos ainda maior”, completa. Nada que tenha atrapalhado o seu desempenho nos estudos e seu convívio com os colegas. Stephani esteve na turma dos alunos com as notas mais altas, com destaque e reconhecimento do colégio, principalmente no quesito redação. No final de 2013, ela fez o vestibular para o curso de Direito e ninguém duvida de onde ela ainda pode chegar.

Administradora do presente

Maira Silva, hoje com 24 anos, possui uma história semelhante à Stephani, mas está em um estágio diferente. Também vinda de origem mais humilde, ela teve seus estudos do ensino médio financiados, passou na Universidade de São Paulo (USP) e se formou recentemente no curso de Administração. O sonho da universidade se concretizou quando, em 2007, cursando o último ano do colégio, Maira foi indicada para fazer a prova de seleção do Ismart. O processo, entretanto, era diferente do que atualmente é adotado pelo instituto: “alunos do colégio participavam do processo seletivo após serem admitidos na universidade”. Porém, por pouco Maira não perdeu a oportunidade. “Quase não participei, pois não sabia onde ficava o local e como chegar, mas consegui carona”, comenta. Após algumas etapas e aprovada no vestibular da USP, ela era a mais nova bolsista da instituição. Apesar de a universidade ser gratuita, a estudante recebia uma ajuda de custo que permitia se dedicar mais aos estudos e, segunda ela, o apoio financeiro foi um grande diferencial. “O Ismart me deu muita orientação,

troca de experiências com outros bolsistas, o que me ajudou a focar nos estudos e buscar a excelência sempre”, comenta e garante que sem esse apoio não teria conseguido fazer cursos de idiomas e intercâmbio. Quando Maira estava prestes a concluir o ensino superior, recebeu um e-mail informando que seria nomeada à melhor aluna de sua turma. Para a estudante, a emoção de receber

projeto Ismart já atendeu desde 1999, dando total suporte para crianças de baixa renda com talento para se dedicarem exclusivamente aos estudos. Vindos de uma experiência em distribuição de bolsas para faculdades no exterior, os mantenedores identificaram que jovens de baixa renda não apareciam nem mesmo para o processo seletivo. “Eles nem sabiam dessas oportunida-

Os resultados nem sempre vêm imediatamente, mas, quando vêm, a vitória é maior justamente porque exigiu força de vontade e persistência.

aquele reconhecimento de uma das faculdades mais prestigiadas do país foi imensurável. “Fiquei pensando no quanto essa conquista significava para alguém que considerava o fato de cursar uma faculdade já uma grande conquista”, diz. Hoje, a jovem administradora participa de um programa de trainee em uma grande multinacional e espera ter uma carreira executiva de sucesso.

Um olhar ao talento

A história de Stephanie e de Maira são apenas duas entre os mais de 1.300 alunos que o

des, pois não transpunham as barreiras dos vestibulares nas faculdades de excelência, principalmente porque vinham de uma educação básica com um ensino mais deficitário,” explica Inês França, gerente de projetos do Instituto, em São Paulo. Ao selecionar os alunos para suas bolsas de estudos, o Ismart acredita estar investindo no futuro do país, garantindo profissionais cada vez melhores e ajudando para que grandes talentos não se percam ante as dificuldades socioeconômicas. Inês afirma que os jovens bolsistas se inserem no mercado de trabalho em posições diferenjaneiro/fevereiro 2014

ciadas das que poderiam estar “como que predetermindadas para eles, por virem de baixa renda”. Carlos Lordelo, diretor de comunicação do Ismart, completa: “a gente tem depoimentos de empregadores dizendo que esse aluno traz um perfil interessante porque ele se supera, ele é movido a desafios. Ele dá conta porque agarra aquela oportunidade para ascender, para dar um salto na vida”. Ter a iniciativa privada envolvida com a educação e em busca de talentos que muitas vezes não aparecem por falta de oportunidade não é uma ação exclusiva do Ismart. Há uma preocupação de diversas instituições para, através do ensino, contribuir com a transformação social e o combate às desigualdades. A Fundação Bradesco é um grande exemplo nesse sentido. Desde 1956, ela oferece educação gratuita e atua como multiplicadora das melhores práticas pedagógico-educacionais junto à população menos favorecida em todos os estados do Brasil. Apenas em 2012, mais de 111 mil pessoas participaram dos programas oferecidos pela Fundação. Além das grandes instituições que apoiam a educação de jovens e adultos que não podem ter acesso à educação qualificada, é preciso destacar as iniciativas mais pontuais de empresas privadas. Dentro de suas comunidades, elas incentivam que seus funcionários voltem a estudar, como é o caso da FG Empreendimentos, construtora catarinense sediada em Balneário Camboriú, que está disposta a elevar a escolaridade de seus colaboradores. A empresa implantou uma política de incentivo à educação, propondo o pagamento de horas extras aos trabalhadores que registram 75% de administradores.com

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acadêmico | oportunidade

Maira Silva (esquerda) e Stephani Caroline (acima) são exemplos de estudantes que receberam incentivo e, através de seus talentos e esforços pessoais, estão conquistando os seus objetivos.

presença nas aulas. O objetivo da ação, realizada em conjunto com o SESI, é garantir que 80% da equipe tenha a escolaridade básica completa até 2015. As horas em sala de aula são consideradas como horas de trabalho. “Diante do crescimento da economia e da busca por inovação tecnológica, há uma demanda por força de trabalho mais qualificada. Exercemos a responsabilidade social oportunizando aos colaboradores e à comunidade o acesso ao programa de escolarização”, fala a gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da FG Empreendimentos, Daiane Gorges. O Grupo Cometa, rede de concessionárias que atua em cinco estados brasileiros, é outra organização que chama a atenção pelo comprometimento com a educação. Todos os 1.200 funcionários que leem um livro por mês – e entregam uma resenha – 16

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recebem o 14° e até o 15º salário no fim do ano. Há bibliotecas em todas as lojas e existem diversos projetos sociais do Grupo que vão desde a alfabetização de adultos, sessões de filmes para crianças moradoras de cidades em que o cinema mais próximo ultrapassa mil quilômetros a um projeto audacioso chamado de Universidade Cometa. “A ideia não é dar o peixe, mas, sim, ensinar a pescar. Esse é o nosso lema. Isso é uma maneira de incentivá-los para que leiam e estejam sempre se atualizando. É uma formação pessoal e profissional muito boa que tem dado ótimos resultados. Isso ajudou os nossos colaboradores a crescerem muito. Só para você ter uma ideia, 99% dos nossos gerentes começaram de baixo, são ‘prata da casa’, e foram desenvolvendo suas habilidades”, ressalta Francis Maris Cruz, presidente do Grupo. janeiro/fevereiro 2014

Dedicação e sonhos

Em 2003, quando Cristovam Buarque assumiu o cargo de Ministro da Educação no primeiro mandato do Governo Lula, ele baseou seu discurso na necessidade de se combater implacavelmente o analfabetismo. Com passos curtos diminuímos as estatísticas que assustadoramente ultrapassavam a casa dos 10%, mas deve-se reconhecer que nem todo o mérito está no trabalho dos nossos governantes. Ao que parece, a junção cada vez maior das palavras-chave “oportunidade”, dada pela iniciativa pública ou privada, e “dedicação”, empenhada por aqueles que desejam se desenvolver, pode ser o triunfo decisivo para um crescimento no Brasil. “Os resultados nem sempre vêm imediatamente, mas, quando vêm, a vitória é maior

justamente porque exigiu força de vontade e persistência”, destaca a estudante Stephani. O futuro de alunos como Maira e Stephani, que foram resgatados das armadilhas de uma sociedade comandada por dinheiro e poder, guarda ainda mais surpresas e empecilhos, porém, existem provas de que os sonhos dessas jovens não são os únicos: todos têm dentro de si a vontade de crescer. “Tenho consciência de que o futuro que imagino, embora seja maravilhoso na minha cabeça, não será na realidade. Haverá novos problemas, novos desafios, novos desesperos e sofrimentos… Mas eu continuo sonhando, porque é isso que me mantém de pé, com um motivo pelo qual continuar lutando”, conclui, sem sombra de dúvidas, a futura estudante do curso de Direito em alguma universidade de excelência.


Como dez minutos podem melhorar sua produtividade?

T

er uma produtividade extremamente elevada é o desejo de dez entre dez empresas. Contudo, para que a produção seja expressiva é preciso que os colaboradores, além de estarem motivados, integrem a “consciência coletiva” da corporação e trabalhem em harmonia. E para que esta sequência se desencadeie, os funcionários precisam estar bem consigo mesmos. Uma maneira de alcançar tal sensação, segundo o especialista em meditação Andy Puddicombe, é separar dez minutos do seu dia para não fazer nada. Isso inclui sem internet, TV, comida, leitura ou pensamentos sobre o futuro. Aos 20 anos de idade, Puddicombe largou a graduação para

1. Sem sentar no chão e sem incenso Apenas dez minutos diários para esvaziar a mente. A proposta de Andy não exige nada mais do que uma pausa na sua rotina. Não há um lugar certo para meditar, nem há necessidade de músicas relaxantes ou do cheiro de um incenso, ou ainda deitar no chão. A meditação pode ser praticada em qualquer momento, desde que você pare por dez minutos para descansar, em uma posição que lhe seja confortável.

2. Cuidado para não ficar ansioso tentando não ficar ansioso Às vezes isso acontece quando vamos dormir. Se tivermos em mente que precisamos descansar para um amanhã de trabalho, logo chega a insônia para nos fazer companhia. Essa armadilha também pode acontecer na meditação. Se em nossa consciência possuímos apenas dez minutos para esvaziar a mente, logo os pensamentos começam a se multiplicar em progressão geométrica.

| imagem shutterstock

viver em um mosteiro no Himalaia. Hoje, já casado e reintegrado à vida ocidental, ele indica que técnicas de meditação apresentam-se extremamente eficazes quando se trata de valorizar ou enfatizar o momento presente. Remoer fatos passados constitui, muitas vezes, um gasto de energia difícil de evitar; o mesmo ocorre quando se trata de preocupação excessiva com o futuro, impasses inerentes a qualquer administrador. De acordo com sua filosofia, a meditação não deve ser usada em momentos de estresse e dificuldades; ela deve ser praticada como um método preventivo. A Administradores separou alguns dos ensinamentos de Puddicombe sobre como aproveitar dez minutos diários para melhorar o seu desempenho.

3. Apenas fazer nada

Existe o não fazer nada acompanhado de preocupações e pensamentos impertinentes e há o fazer absolutamente nada, isto é, o ato de meditar, que não é tão fácil como parece. Devemos esquecer o passado e tomar cuidado de não planejar as nossas próximas atividades quando estivermos iniciando uma meditação, senão a tentativa de fazê-la, além de frustrante, só ocasionará estresse.

4. Céu azul

Um dia alegre pode ser representado pela imagem do céu azul. Uma maneira de não se deixar levar pelos pequenos – e muitas vezes colossais – “conflitos” do dia a dia de um administrador é visualizar referido símbolo, mesmo quando o dia amanheceu chuvoso e assim se prolongou. Acima da chuva e depois das nuvens acinzentadas existe o céu azul. Ou seja, não deixe que os problemas dominem os seus pensamentos.

janeiro/fevereiro 2014

5. Foco, calma e clareza

Eis o prêmio para aqueles que meditam. A meditação diária é um processo gradual, principalmente quando seu tempo está cronometrado em dez minutos. Ainda assim, sua prática revigora a mente e faz com que estejamos presentes no agora.

Reprodução/ TED

por dandara costa

Veja a apresentação de Andy Puddicombe no TED. adm.to/tedmeditacao

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INSIGHT recado

Uma carta ao Conselho há muito esperada por henry mintzberg

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ilustração shutterstock

Como posso incentivar o trabalho em equipe quando uma parte desproporcional dos benefícios vem para mim?

Henry Mintzberg é um dos autores mais produtivos da Administração na atualidade, com 16 livros publicados, quase todos considerados referências na área. Ele é professor na McGill University, cofundador do International Master’s Program in Practicing Management, usado por institutos de ensino em Administração no Canadá, Inglaterra, Índia, China e Brasil. Mintzberg também é responsável pelo desenvolvimento do curso CoachingOurselves, que em solos brasileiros é gerenciado pelo Grupo A. www.impm.org www.coachingourselves.com

| Texto extraído do livro: Management: não é o que você pensa

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C

aros Membros do Conselho,

escrevo aos senhores com uma proposta que pode lhes parecer radical. Na verdade, é uma proposta conservadora, na medida em que minha principal função como CEO desta corporação é garantir sua conservação como empreendimento saudável. Solicito-lhes a redução de meu salário pela metade e a reformulação de minha bonificação nos termos que exponho a seguir. De agora em diante, desejo receber aumento salarial (bem como redução) na mesma proporção que nossos empregados operacionais. Tenho falado insistentemente em trabalho em equipe durante meu exercício nesta função, que estamos todos juntos nisso, todo o nosso pessoal. E, no entanto, diferencio-me deles em virtude de minha compensação. Como posso incentivar um trabalho de equipe verdadeira quando uma parte desproporcional dos benefícios vem para mim? (Ultimamente, quanto mais pessoas têm tomado conhecimento de minha remuneração, mais tenho recebido correspondências carregadas

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de ódio. Isso é certamente desconcertante, mas o mais preocupante é que não tenho nenhuma resposta razoável a dar). Hoje parece haver uma crença de que o CEO é quem faz tudo numa organização. Certamente lidero, mas unicamente respeitando a contribuição dos demais. Meu trabalho consiste em desencadear o potencial que existe em cada pessoa. O que torna verdadeiro aquele velho adágio sobre liderança – de que as pessoas dirão “nós mesmos fizemos”. Os verdadeiros líderes sabem disso. CEOs que têm de consertar tudo sozinhos quase sempre são sucedidos por organizações que entram em colapso. Teremos sido bem-sucedidos se nossa organização for tão rentável após minha passagem quanto é agora. E isso me leva ao segundo ponto. Frequentemente, em nossas reuniões, discutimos sobre a saúde desta empresa a longo prazo. Por que, então, estou sendo recompensado por ganhos de curto prazo com generosas opções de compra de ações? E por que sempre aqueles números apertados? Sabemos todos que tenho mil maneiras de cortar os gastos à custa de nosso futuro. Se os senhores quiserem

janeiro/fevereiro 2014

recompensar-me com base naqueles números, então poupem – até cinco anos depois de minha aposentadoria. Aí vocês verão! Toda vez que começamos esse negócio de valor para o acionista, nossa cultura vai para o inferno. Nossos empregados da linha de frente me dizem que isso atrapalha seu atendimento aos clientes. Eles são obrigados a vê-los como cifrões, não como pessoas reais. E muitos desses funcionários já se importam com nada – “nós não contamos”, dizem, então por que devemos nos preocupar? Todos pagaremos caro por esses ganhos de curto prazo, asseguro-lhes. De fato, pergunto-me se essa onda de produtividade que estamos experimentando nos Estados Unidos não é nada mais do que os ganhos obtidos do corte dos custos de curto prazo – à custa da verdadeira produtividade. Afinal, não são necessários gênios para encerrar e cortar coisas. Difícil é construí-las; será que estamos fazendo isso de forma suficiente? Sempre me orgulhei de correr riscos. Essa é uma das razões pelas quais os senhores me coloraram neste cargo. Examinemos, então, meu esquema de compensação. Faturo alto quando as ações sobem, mas não perco nada quando caem. Não preciso devolver sequer um centavo do que ganhei no ano anterior se uma reviravolta derrubar o preço das ações neste ano. Que grande jogador! Querem saber a verdade? Estou cansado de ser hipócrita. E por que apenas eu? Por que não somos todos compensados de forma equivalente? Proponho que minhas bonificações, proporcionais a meu salário, não sejam superiores às das


demais pessoas desta empresa. Não raro nos autoproclamamos uma “rede” sofisticada de “trabalhadores do conhecimento”, marchando rumo ao terceiro milênio. Não está na hora de alinhar nossas práticas à nossa retórica? Agora me dou conta da linha que temos seguido o tempo inteiro: só estou sendo compensado para não ficar atrás de outros na minha posição. Ora, basta de cumplicidade com um comportamento que todos sabemos ser ultrajante. Francamente, não me importo se o salário de fulano é maior que o meu. Meu salário não deve ser uma espécie de troféu externo. É, acima de tudo, um sinal interno que serve para dizer a nosso pessoal o que realmente pensamos sobre este lugar. Paremos de fingir que os CEOs formam um tipo de clube de elite. É de liderança que estamos falando aqui, não de status. Para ser perfeitamente honesto, estou tão ocupado conduzindo esta empresa que mal tenho tempo para gastar todo o dinheiro que recebo, que dirá com uma conspicuidade que demonstre seu valor. Minha família e eu estaremos bem amparados, garanto aos senhores, mesmo com o nível salarial que proponho. Permitam-me concentrar os esforços em tentar administrar este lugar como deve ser administrado. Confio em que os senhores terão compreendido esta carta como um investimento em nosso futuro. Porque, se não há futuro para nossa empresa nestes termos, também não há para nossa sociedade.

Atenciosamente, Chief Executive Officers. janeiro/fevereiro 2014

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carreira | diploma

Formação em mais de uma área vale a pena? por mayara chaves

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Veja o que falam profissionais que optaram por uma dupla formação e os impactos dessa decisão em suas carreiras.

A

falta daquela “certeza absoluta” em relação à área que se deve seguir não é uma questão que se resume à adolescência e

ao período do vestibular. Essa incerteza ainda assombra profissionais já inseridos no mercado, no início ou com uma carreira já consolidada. Existem aqueles que acreditam ter feito a escolha errada e os que, com aptidões para mais de uma área, optaram por apenas um curso, mas mantiveram o gostinho e um desejo guardado por outro caminho.

Ainda que existam fortes motivações para você ter escolhido essa carreira, imagine esquecê-las por um momento. Independente de sua idade, do dinheiro, prestígio, pressões familiares ou afins, qual outra profissão você, se pudesse, escolheria? Para aqueles que gostam dessa área e tem potencial, fica uma nova pergunta: por que não tentar enveredar também por esse outro rumo e aliar esses conhecimentos com a formação inicial? “Tempo perdido?” Para muitos profissionais foram essas perguntas que os fizeram ter iniciativa, realizar uma segunda graduação e abrir um leque de possibilidades antes não imagináveis. 20

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janeiro/fevereiro 2014

Administração + Jornalismo: é possível?

“Conhecimento nunca é demais; nunca se perde tempo adquirindo e agregando conhecimento”. Essa frase proferida pelo escritor Elias Awad, também administrador e jornalista, demonstra o que é, para ele, ter uma carreira construída de maneira multidisciplinar e com mudanças, a princípio, radicais. Adquirir essa trajetória, no entanto, não foi fácil. Para ele, a imaturidade é o grande problema na hora de optar por uma carreira. “Isso aconteceu comigo no passado. Eu me formei em Administração pela PUC e trabalhava no Grupo Votorantim. Mas depois de uns cinco anos deixei de estar feliz e larguei uma promissora carreira executiva para ir em busca de minha realiza-

ção profissional: o jornalismo esportivo. Graduei-me em Jornalismo. Fui repórter das principais emissoras de TV no Brasil e cobri os mais importantes eventos nacionais e mundiais, como Copas e Olimpíadas. Assim como ocorrera no passado, deixei de estar feliz novamente. Desta vez, não com o jornalismo, mas com o esporte. Foi quando escrevi e lancei há 10 anos a minha primeira biografia, do empresário Samuel Klein, fundador das Casas Bahia”, conta Elias. Partindo para o seu 18º livro, Elias conta como sua formação em áreas diferenciadas o ajudou a atingir seu objetivo. “Hoje, escrevendo biografias de empreendedores de sucesso, consigo aliar o que aprendi na carreira administrativa, na jornalística, na reportagem e em tudo o que aprendi, conheci e transformei na minha


vida. Busco ser um especialista em pessoas e em tirar delas as verdadeiras emoções que possuem, tornando-as aprendizados para os leitores e para aqueles que assistem às minhas palestras”, explica.

Administração ou Direito – Por que não os dois?

E, falando em lidar com pessoas, esse foi um dos grandes aprendizados que Arcênio Rodrigues, procurador da Fundação Faculdade de Medicina de São Paulo, teve na área de Administração. Para o profissional, o Direito e a Administração caminham juntos. “O bom senso é a base de tudo para ser um bom administrador. Você lida com pessoas e as lidera. E isso se enquadra com o Direito, em que é mais usada a razão, a interpretação de normas. Como gestor, eu tenho que tomar decisões sobre grandes investimentos na empresa e neste ano essa questão se acentua ainda mais, pois é um ano atípico por causa da Copa do Mundo. Isso vai exigir de mim como administrador, usando o bom senso nas tomadas de decisões”, explica. O conhecimento para o processo decisório também é fundamental para a área de consultoria, um dos segmentos em que atua o administrador Marcel Cordeiro, também advogado e sócio da PwC. O profissional explica que utiliza toda a gama de conhecimentos que obteve em Administração e Direito, seja para atender aos clientes internos, seja para atender aos clientes externos das empresas. “O curso de Administração ofereceu-me a base para gerir não apenas os clientes internos, como também minha própria equipe.

Quanto aos clientes externos, a área preparou-me para estruturar a melhor abordagem mercadológica, delinear uma boa gestão de projetos e a administrar uma atividade empresarial como um todo. O curso de Direito, por outro lado, deu-me conhecimento para atuar de forma técnica nos projetos dos quais participo, ajudando-me na apresentação de soluções adequadas para os mais diversos desafios”, relata Marcel.

gerenciais, dos procedimentos empresariais como um todo e o economista cuida dos números financeiros. Qualquer empresário pequeno, médio, grande ou empreendedor sabe que para as coisas darem certo ele precisa prestar atenção nos dois”, explica. Jamil, que é diretor da Escola de Executivos e Negócios Master Mind, explica que ter uma formação nas duas áreas lhe dá uma visão muito

Em um mundo cada vez mais dinâmico e multifuncional, o profissional que tem mais de uma graduação, dependendo da área, pode chamar mais atenção. Administração e Economia: áreas irmãs?

Se Administração e Direito são áreas que podem se interligar com perfeição, dando ao profissional um aporte gerencial e jurídico que o permite transitar em diversos âmbitos de sua carreira, a junção de Administração e Economia é simplesmente harmônica. Que o diga o administrador e economista Jamil Albuquerque, que afirma que a atuação nas duas áreas é de fácil conciliação. “O administrador cuida dos sistemas

mais ampliada no comando da empresa e segue a cartilha de que é preciso conhecer um pouco de cada coisa, e muito de uma única. A opinião também é compartilhada por boa parte dos recrutadores e profissionais que lidam com RH. Para a psicóloga e diretora executiva de Recursos Humanos, Gisele Meter, em um mundo cada vez mais dinâmico e multifuncional, o profissional que tem mais de uma graduação, dependendo da área, pode chamar mais atenção na hora da janeiro/fevereiro 2014

seleção. No entanto, a especialista faz uma ressalva. “É importante lembrar que apesar de um currículo desses chamar atenção para o momento da seleção, é na entrevista que ele deverá mostrar como as duas graduações podem ser complementares e, assim, contribuir para o desenvolvimento da empresa. Pois existem muitos profissionais com inúmeras titulações que não conseguem aplicar o conhecimento de forma prática e, em contrapartida, existem aqueles com um currículo acadêmico mais enxuto que conseguem transformar isso de forma a gerar bons resultados. É importante que o candidato demonstre como esses conhecimentos distintos podem ser estratégicos se utilizados em conjunto”, afirma Gisele. Essa declaração, inclusive, leva a várias reflexões. Uma delas é que pode até ser bom transitar em várias áreas e conhecimentos, mas é preciso ser realmente bom em algumas delas. No entanto, uma área de atuação muitas vezes pede habilidades que não se resumem ao aprendizado focado em apenas uma graduação, sendo necessárias habilidades complementares adquiridas, seja pela atuação ou por outros cursos. É aí que entram os profissionais com mais de uma graduação e, como estamos falando em negócios, especialmente aqueles que também são administradores. Diferente da ideia de “perda de tempo”, buscar mais de uma área foi uma boa sacada para muitos administradores. E você, já pensou em “perder” um pouco de tempo e dar um rumo diferente na sua carreira? administradores.com

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carreira | ciumentos

Ciúmes: como livrar sua empresa de uma tragédia shakesperiana por josé ramón pin arboledas e guido stein martínez

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Por incrível que pareça, o ciúme é um sentimento que pode atrasar e até comprometer o andamento de uma organização inteira.


“S

entem ciúmes por isso, por os sentir, tal monstro engendrado de si e por si próprio nascido”, escreveu William Shakespeare em sua obra Otelo. E

é assim porque o ciúme pode ser um sentimento tão pouco fundado como perigoso. No caso dessa tragédia shakesperiana, Otelo se deixa persuadir pelas falsas insinuações de um de seus suplentes em relação à infidelidade de sua amada, pelas quais, termina afogando a mesma e pondo fim à sua vida.

Sem chegar a este nível de dramatismo, na empresa, todo mundo foi testemunha, ou vítima, deste sentimento em algum momento, seja através do ciúme do chefe, dos colegas, dos clientes, dos fornecedores, dos acionistas ou dos subordinados. Nós analisamos este sentimento patológico no documento A síndrome do chefe Otelo na empresa e destacamos algumas recomendações de gerenciamento.

Distribuição de papéis

Em qualquer empresa pode existir diretores e empregados ciumentos por causa de seu afã de poder ou de sucesso profissional. É uma coisa frequente em pessoas imaturas ou sem a suficiente autoestima, cujos ciúmes condicionam, em muitas ocasiões, as suas decisões. Alguns dos comportamentos visíveis dos “chefes Otelo” podem ser: • Criticar excessivamente as atuações dos subordinados para diminuir seus méritos. • Evitar a presença dos subordinados em reuniões importantes. • Encarregar projetos difíceis aos subordinados com meios insuficientes, a fim de propiciar

erros de sua parte e minar sua competitividade. • Destituir os subordinados sem qualquer razão lógica aparente. O pior é que os “chefes Otelo” costumam gerar mais “chefes Otelo” ou “dinâmicas de comportamento Otelo” ao impregnar um clima de desconfiança na empresa. E isso é um fator mais evidente à medida que se ascende os níveis de responsabilidade. Nesse tipo de tragédia, não costuma faltar a figura do instigador. Na obra de Shakespeare, é Iago, um suplente de Otelo, quem o convence das infidelidades de sua esposa com o rival Cássio, a fim de se desfazer dele. Do mesmo modo, na empresa o “empregado Iago” conhece bem seu chefe e suas fraquezas, e o influencia ainda mais nesse sentido. Além disso, alguns diretores alimentam a figura de “Iago” como muralha para defender sua posição. Expostos os personagens, o argumento da obra no mundo empresarial costuma ser o seguinte: o chefe nomeia um subordinado para um trabalho e, quando este triunfar, o chefe teme que lhe arrebate seu sucesso. Basta que outro de seus colaboradores avive o conflito para desencadear o desastre.

Como atuar perante os ciúmes

Gerenciar os ciúmes é um autêntico desafio. O diretor deve ser capaz de perceber os sintomas no ambiente e de os neutralizar o mais rapidamente possível, além de evitar o aparecimento da síndrome na própria pessoa. Algumas recomendações práticas para enfrentar os ciúmes são: evitar situações que possam ser interpretadas como injustas, arbitrárias ou de favoritismo; manter-se alerta perante possíveis indícios de ciúmes e falar com a pessoa afetada assim que eles aparecerem, fazendo frente ao problema de forma profissional. A dinâmica dos ciúmes tem de ser parada precocemente a fim de evitar que o conflito interpessoal chegue a um ponto de não retorno. O melhor que o “Cássio” de cada caso pode fazer é reconhecer, perante os primeiros sinais da síndrome, as competências e os sucessos de seu chefe e o apoio recebido dele para assim eliminar suas suspicácias. O subordinado também deve realizar uma autoanálise para avaliar seu nível de responsabilidade nos ciúmes e poder tomar as medidas cabíveis no futuro. Um bom mentor ou coach pode ajudar, mas escalar o conflito costuma ser uma má solução. Se não conseguir corrigir a situação, às vezes não resta outra solução senão meter “terra no meio”, pedindo um cargo em outra localização ou indo embora da empresa.

Os melhores antídotos

A humildade e a generosidade são muito eficazes para evitar os ciúmes. A primeira destas virtudes, que exige autoconhecimento e consciência das próprias limitações, é cada vez mais relevante para janeiro/fevereiro 2014

a liderança em organizações complexas e globais. O diretor humilde é imune aos ciúmes e está orgulhoso dos sucessos de seus colaboradores, facilitando extraordinariamente o desenvolvimento do talento de seus subordinados. No entanto, a humildade não deve ser uma virtude exclusiva dos diretores: ela deve estar presente em todos os membros da empresa, já que proporciona realismo, algo fundamental para a tomada de decisões. Neste sentido, não basta que apenas a alta direção seja humilde, já que também é necessário desenvolver chefes que o sejam. A generosidade coloca as bases morais para o desenvolvimento dos colaboradores através do bom exemplo, que por sua vez provoca seu respeito e confiança. E é nesse aspecto que um líder pode fazer a diferença. A liderança não tem tanto a ver com a posição, e sim com a disposição.

José Ramón Pin Arboledas é professor de Gestão de Pessoas e Organizações e Ética Empresarial do IESE Business School. Ele também é diretor da Irco (The International Research Center on Organizations) e especialista no desenvolvimento de técnicas de gestão, habilidades e carreira. Guido Stein Martínez é professor do IESE Business School no Departamento de Gestão de Pessoas nas Organizações e membro da Academia Internacional de Administração e do Conselho Consultivo MCC Internacional (Budapest).

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negócios | corpo saudável

#ProjetoMer por agatha justino

| imagem shutterstock

Ser fitness está em alta. Milhares de brasileiros decidiram fazer deste, um verão mais saudável. Veja como os administradores estão aproveitando essa onda e investindo em um mercado que se encontra em plena expansão.

E

squeça as lágrimas e os lenços, o ditado agora é: enquanto uns suam, outros vendem esteiras. Se você, caro leitor, abrir o

Instagram ou Facebook neste momento, com certeza encontrará diversas imagens dos seus amigos e seus projetos para o verão. Eles estarão exibindo fórmulas de sucos verdes, suplementos, produtos para dietas, materiais esportivos e muitas fotos tiradas no espelho da academia. Os brasileiros decidiram apostar em uma rotina mais saudável, e esta escolha também tem ajudado a nossa economia. 24

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janeiro/fevereiro 2014

Em apenas dez anos de “malhação”, o mercado brasileiro pode se orgulhar e dizer que nunca esteve em tão boa forma. Se em 2006, o país somava apenas sete mil academias, em 2012 este número saltou para 22 mil espaços voltados para atividade física. Esse crescimento colocou o país em segundo lugar no ranking que mede a quantidade de academias pelo mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. De acordo com a Associação Brasileira de Academias (ACAD), este nicho atende mais de seis

milhões de pessoas e chega a movimentar US$ 2,3 bilhões no país. Um ranking divulgado pela instituição coloca o Brasil em 10º lugar entre os países que mais faturam neste segmento. “Alguns fatores contribuíram para que o mercado fitness chegasse à segunda posição do ranking mundial (em número de estabelecimentos) e ficasse entre os dez mais fortes, em termos de valores movimentados. Pode-se destacar a formação das redes de academias, que impulsionou o mercado, exigin-


rcadoFitness do que as pequenas e médias se profissionalizassem, aumentando a qualidade dos serviços e do atendimento. Há também uma nova leva de fornecedores de equipamentos e indumentárias voltados para quem pratica exercícios, que apostam no mercado brasileiro, tanto de empresas nacionais como as estrangeiras”, afirmou Kleber Pereira, presidente da ACAD. Diogo Salim, diretor administrativo do Grupo Unique Fitness percebeu o fenômeno e soube investir na área. Hoje, ele busca a nacionalização da marca e a expansão do conceito “clube”, que une a rotina dentro da academia a atividades feitas ao ar livre, preparadas para atender toda a família. “Percebi, no ano de 2008, que grandes redes nacionais estavam vindo para Brasília. Sabia que a atividade física orientada teria uma grande demanda, tendo em vista a conscientização, cada vez maior, dos brasilienses sobre a importância da prática de atividades físicas para todos. Hoje a busca por uma gestão profissionalizada é essencial para qualquer

empresa que deseja empreender em um mercado extremamente competitivo. Não podemos jamais deixar de aprimorar, estudar e ouvir”, afirmou o empresário.

Transpirar e inspirar

Impulsionado por um momento de culto ao corpo nas redes sociais, o setor vem ganhando novos adeptos a cada dia. A mineira Bella Falconi trabalhava em um banco quando decidiu usar suas páginas pessoais na internet para dividir com outros usuários sua rotina de dieta e exercícios. Hoje, ela é personal trainer, inaugurou sua rede de academias – nove lojas de suplementos –, e conta com aproximadamente 700 mil seguidores que a ajudam a entender melhor as necessidades das pessoas que querem levar um estilo de vida mais saudável. “Foi um processo bem rápido, mas totalmente orgânico. Eu nunca fui atrás de fama. As pessoas se inspiravam nos meus textos e no meu estilo de vida e a cada dia eu ganhava mais e mais se-

guidores. Por fim, acabei construindo um nome na indústria fitness”, afirma Bella. A empresária explica que as redes sociais se tornaram um canal de diálogo com os consumidores e uma forma de transmitir credibilidade. Em vez de promover dietas irresponsáveis, Bella estudou Nutrição e decidiu incentivar um estilo de vida saudável. “O conhecimento científico me deu uma credibilidade e acho que credibilidade é um dos principais aspectos que nos levam ao sucesso. As redes sociais são, hoje em dia, a vitrine para o mundo. As pessoas sabem que a Vitaflex é minha marca, mas procuro não ‘bombardear’ minha página com propagandas. Acho que as pessoas estão ali buscando inspiração mais do que anúncio”, explicou Bella. Atualmente, virou quase uma religião a busca por um “corpo em forma” e setores inteiros estão de olhos bem abertos para que suas receitas ganhem essa musculatura. É possível agregar serviços e produtos diferenciados,

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negócios | corpo saudável

TOP 10 | Faturamento (Us$) TOP 10 | nº de academias

TOP 10 | nº de alunos 51,4 mi

estados unidos

21 bi

estados unidos

29.900

estados unidos

reino unido

5,9 bi

brasil

22.200

alemanha

7,6 mi

alemanha

5,3 bi

alemanha

7.300

reino unido

7,3 mi

japão

5,1 bi

coréia do sul

6.800

brasil

6,7 mi

espanha

4,8 bi

canadá

6.200

espanha

5,6 mi

itália

3,3 bi

reino unido

5.800

canadá

5,6 mi

frança

3,1 bi

espanha

5.600

japão

4,7 mi

Coréia do sul

2,8 bi

japão

3.500

frança

4 mi

Canadá

2,5 bi

frança

2.900

coréia do sul

4 mi

Brasil

2,3 bi

itália

2.800

itália

2,6 mi

austrália

5,3 bi

austrália

2.800

austrália

2,6 mi Fonte: IHRSA Global Report

como suplementos, alimentos nutricionais, roupas, ginástica funcional, eventos esportivos, SPAS, entre outros. Esses setores, muitas vezes, acabam trabalhando em sinergia. Quanto maior agregada a variedade de possibilidades para o cliente, mais eficiente a fidelização para que ele continue buscando o bem-estar físico. Para Kleber Pereira, o sucesso neste segmento depende de uma série de questões gerenciais, assim como qualquer negócio. “Neste setor, especificamente sobre as academias, é fundamental observar o ponto onde o estabelecimento será montado, entender quem é o público do entorno e possível alvo do negócio. Uma academia não sobrevive sem que sua equipe esteja bem treinada e capacitada, incluindo professores, atendimento e vendas. Hoje, neste mercado, há inúmeras 26

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Virou quase uma religião a busca por um “corpo em forma” e setores inteiros estão de olhos bem abertos para que suas receitas ganhem essa musculatura. ferramentas de gestão financeira e processos que podem profissionalizar ainda mais a administração de uma academia”, indica. Ele destaca que, assim como em qualquer ramo, abrir uma empresa no Brasil pode custar caro. “Essa é uma realidade para qualquer setor econômico, não só o janeiro/fevereiro 2014

de fitness. No caso de uma academia, a contratação de mão de obra neste segmento é também muito cara, quando comparada a de outros países, o que pode ser explicado pelo fato de o Brasil ser o único país onde a profissão de Educação Física é reconhecida, exige graduação e tem um órgão fiscalizador que

a regulamenta. Também se pode observar a qualidade da maioria das academias brasileiras: bem acima da média mundial, em termos de limpeza, qualidade dos serviços e infraestrutura. Isso requer investimento”, sinaliza Kleber. Apesar disso, quem está participando do mercado fitness se mantém otimista sobre as perspectivas para o setor. “Esse mercado só tende a crescer, cada vez mais. Houve uma época onde usar drogas era legal. Hoje em dia ser fitness é legal. Essa é a tendência. Mas o diferencial de ser uma tendência é que os resultados são tão fascinantes e inspiradores que essa é uma tendência que não irá passar, nunca. Acredito que ainda virão muitas novidades e muitas coisas interessantes para motivar ainda mais as pessoas a mudarem do sedentarismo para uma vida mais ativa”, declara Bella Falconi.


cases | kuatro kantos

CASES

De motorista de ônibus a dono do próprio negócio por marcela agra

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ilustração thiago castor

Conheça Moisés, a Kuatro Kantos e seus inovadores chinelos retangulares. Moisés Dias Pena foi motorista de ônibus durante 18 anos, até receber uma notícia inesperada: seria demitido. Aos 53 anos teria que recomeçar a vida, buscar um rumo diferente, reinventar-se. Como encontrar espaço num mercado de trabalho que valoriza e prioriza a juventude? Uma ideia antiga, guardada “no papel e na memória”, nas palavras de Moisés, provou que para o empreendedorismo não há limite de idade: com o dinheiro da rescisão, ele resolveu investir no inovador, e criou a Kuatro Kantos, empresa que fabrica e comercializa chinelos retangulares. Os chinelos eram um projeto diferente, do qual ninguém ao seu redor tinha conhecimento, além do próprio autor, que registrou o conceito no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), assim que teve a ideia. A sandália quadrada, que o colocou no mundo dos negócios, surgiu num momento de inspiração, vindo de uma observação simples do cotidiano. “Não tenho formação acadêmica em design ou desenho industrial, simplesmente observei uma necessidade usual, pois parte de nossos dedos e o côncavo dos pés ficam expostos com o chinelo tradicional”, explica Moisés. O recomeço foi difícil e o caminho do empreendimento foi um rumo imposto a Moisés pelas circunstâncias da vida. Ele, porém, seguiu em frente, não se deixando abater pelos possíveis obstáculos que enfrentaria e enxergou um mercado inexplorado. “Pensei que se alongasse mais as extremidades (das sandálias) isso daria mais proteção aos pés, e depois de um tempo, com uso frequente, nós também descobrimos que jamais bateremos os dedos por descuido

Após ser demitido do emprego, Moisés resolveu acreditar em uma antiga ideia diferente para montar o seu próprio negócio: fabricação de chinelos retangulares. em obstáculos que possam estar em nossa frente”, diz ele, quanto aos benefícios do seu produto. Por ter como característica a inovação, desde sua gênese, a Kuatro Kantos valoriza este princípio de forma prioritária, bem como o aspecto criativo e a qualidade, que são objetivos da empresa. Moisés não tem formação em Administração, o que não o impediu de seguir seu tino natural para os negócios. Ele deixa claro, porém, que atribui extrema importância aos estudos acadêmicos, sem os quais acredita que sua empresa não teria chegado nem ao primeiro ano de vida. Sua esposa e filhos, que também fazem parte da

Kuatro Kantos, têm formação em Marketing e Administração. A história deste empreendedor é um exemplo de que às vezes mudar de rumo é o que está faltando para alcançar o sucesso. O que lhe impulsionou a investir na sua ideia foi justamente confiar em seu conceito, mesmo não sabendo se daria certo. Esse fator aliado ao planejamento, dedicação e à busca pela qualidade fizeram do ex-motorista de ônibus Moisés um empreendedor bem-sucedido, que sabe quem é, o que deseja alcançar e tem consciência do valor do seu produto. Ah, e o melhor, recebendo três vezes mais do que antes.

CASE

tempo de mercado

o que faz

público-alvo

Kuatro Kantos

Dois anos

Fabrica e comercializa sandálias retangulares

Todas as faixas etárias

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(Debate) contraponto | cotas

Você é a favor de cotas para negros em concursos públicos? .

por marcelo rernandes m da rocha e reinaldo da silva guimarães

Está sendo avaliado pelo Congresso Nacional o projeto de lei do Executivo que reserva 20% das vagas de concursos públicos para negros. Essas vagas deverão ser reservadas aos candidatos que se autodeclararem pretos ou pardos, conforme quesitos utilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados já aprovou em dezembro e a proposta continua em plenário. O projeto, no entanto, divide opiniões e foi o escolhido para ser debatido no Contraponto desta edição. Veja a opinião de dois especialistas sobre essa questão de cotas para negros em concursos públicos.

Marcelo Fernandes Magalhães da Rocha é sóciofundador da Gontijo & Magalhães da Rocha, graduou-se em Direito pela Faculdade de Direito Milton Campos, em 2009. É advogado e Mestre em Direito Privado pela Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MINAS).

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| ilustração shutterstock

não!

A

Constituição define que, dentre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, encontra-se “a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art. 3º, IV). Já o seu art. 5º. institui que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Logo, a Lei Maior da República Brasileira reconhece o princípio da igualdade como essencial, bem como busca uma sociedade justa e livre de preconceitos, buscando o bem da coletividade. Feitas estas considerações, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados aprovou em

A linha entre o branco e o pardo é tênue, configurando um empecilho à efetividade da norma em potencial.

janeiro/fevereiro 2014

dezembro de 2013 o Projeto de Lei nº. 6.738/13 (PL 6.738), que reserva 20% das vagas de concursos públicos para negros e pardos durante 10 anos. Lendo atentamente o PL 6.738, há dois pontos chaves a serem levantados: a definição da cor de pele e a finalidade do PL. Quanto à questão da cor de pele, o art. 2º do PL 6.738 afirma que são os candidatos que devem se autodeclarar “pretos ou pardos”, conforme quesitos do IBGE e, em caso de declaração falsa, sofrerão sanções, como a eliminação do concurso. Contudo, o critério para determinação da própria cor de pele do candidato pode ser subjetivo. A linha entre o branco e o pardo é tênue, configurando um empecilho à efetividade da norma em potencial. Quanto à finalidade do PL 6.738, podemos encontrar argumentos como ação afirmativa para reduzir as diferenças sociais entre a população branca e negra, a posição política, econômica e social que foi imposta historicamente aos segundos pelos primeiros, além da necessidade de superar a igualdade formal em prol da material, com atuação efetiva do Estado. Ora, se o desígnio do PL 6.738 é reduzir as diferenças sociais, por que somente entre a população de cor de pele branca e a negra ou parda? É indiscutível que os afrodescendentes foram subjugados pelos brancos e isso é abominável, mas tratá-los desigualmente é considerá-los desiguais, não obstante a evidente inexistência de desvalia em razão da cor de pele.


) sim!

P

osiciono-me a favor das políticas de ação afirmativa, seja através das cotas ou de outros instrumentos para o ingresso da população negra em todos os espaços em que está sub ou não representada, para os lugares onde sempre estiveram ausentes ou mesmo presentes em condições e funções subalternizadas, seja para as universidades públicas, privadas e para o serviço público. Ao me posicionar a favor desta medida trago como base para a minha argumentação um olhar diferenciado daquele que comumente se tem observado nas discussões sobre a implantação de políticas de ação afirmativa, em que se atribui muito mais importância para a questão da justiça ou da injustiça, do mérito ou do demérito, da ampliação ou não do racismo. Não fujo desta discussão,

A discussão a ser feita é sobre o potencial revolucionário que as ações afirmativas possuem para transformar as condições materiais de existência da população negra na sociedade brasileira.

mas a discuto sob a perspectiva da transformação histórica das condições sociais impostas à população negra no Brasil. Desse modo, sob o meu ponto de vista, a discussão a ser feita é sobre o potencial revolucionário que as ações afirmativas possuem para transformar as condições materiais de existência da população negra na sociedade brasileira, em suas dimensões sociais, econômicas, intelectuais e simbólicas. Isso significa, por este aspecto, ir levantando os muitos véus do silenciamento, da invisibilidade, da discriminação e do preconceito que ainda recobrem as relações sociais e raciais no Brasil. Vejo esta perspectiva como a mais fundamental e, por isso mesmo, ainda não considerada efetivamente e nem colocada em debate pelo segmento social detentor do poder, status e prestígio em nossa sociedade, que por não terem o interesse em transformar seu status quo, querem continuar mantendo as relações de poder e dominação, não admitindo que as cotas para o serviço público têm a mesma função de justiça social que as implementadas para o ingresso nas universidades: acabar com a desigualdade de oportunidades e estabelecer o equilíbrio nas relações de poder. Assim, podemos afirmar que a transformação das condições materiais, intelectuais e simbólicas da população negra, – o que tenho chamado de processo de afrocidadanização, em uma clara oposição ao que conhecemos por “democracia racial”, que nega a existência da desigualdade racial – significa também uma condição sine qua non para a construção de uma sociedade com mais equidade, mais justiça social e mais democrática racialmente. janeiro/fevereiro 2014

Reinaldo da Silva Guimarães é formado em Ciências Sociais pela PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, mestre em Sociologia pelo IUPERJ – Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro, e Doutor em Serviço Social pela PUC-Rio. Atualmente é professor do Centro Universitário Anhanguera de Niterói, do CCE – PUC-Rio e do UNIABEU. Reinaldo também é pesquisador do IPEAFRO - Instituto de Pesquisas e Estudos Afro Brasileiros. É autor do livro AFROCIDADANIZAÇÃO: ações afirmativas e trajetórias e vida no Rio de Janeiro, publicado em 2013.

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infográfico | organizações

imagens da organização por mayara chaves

V

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3 máquinas

ilustrações thiago castor

ocê já parou para observar como os mais diversos tipos de empresas têm comportamentos específicos, ambíguos e repletos de paradoxos? Isso foi objeto

de estudo do pesquisador Gareth Morgan, consagrado no livro Imagens da Organização, que analisou as

Acolhida do cliente com sorrisos • A sequência dos pedidos e as quantidades do produto são padronizadas • (Após o atendimento) funcionário agradece e demonstra vontade de rever o consumidor

organizações a partir de metáforas. Algumas dessas associações feitas por Morgan ajudam a lidar com essas complexibilidades e podem gerar benefícios ao encontrar novas maneiras de organizar, equacionar e resolver problemas nas empresas. Veja a seguir as oito metáforas organizacionais descritas pelo pesquisador.

1 prisões psíquicas

2 organismos vivos

São as formas em que as organizações e seus membros caem nas armadilhas da construção de uma realidade paralela que influenciam seu comportamento e suas ações na empresa. Morgan se baseou no Mito da caverna, de Platão, no qual é retratada a vida de uma pessoa dentro da caverna que mantém contato com o exterior apenas por meio de sombras e imagens. Essa projeção torna-se sua realidade sobre o mundo lá fora.

As organizações são vistas como organismos vivos: com ciclo de vida – culminando na sua “morte” –, mas também com possibilidades de adaptação em ambientes mutáveis. São vistas como sendo de diferentes espécies, podendo lidar, dependendo do ambiente que estão inseridas, de uma forma melhor ou pior. Além disso, “também é fomentada a consideração das relações entre as espécies e os padrões de evolução encontrados na ecologia interorganizacional”, afirma Morgan.

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As organizações são burocráticas, pensadas como máquinas, com partes que se ligam. Cada uma das partes executa uma função bem definida dentro do todo. Essa maneira pode ser eficaz ou até mesmo um desastre. Segundo Gareth Morgan, “um dos problemas mais básicos da administração moderna é que a forma mecânica de pensar está tão arraigada nas nossas concepções diárias de organização que é frequentemente muito difícil organizá-la de outra forma”.

Autorrealização: funcionários encorajados e totalmente comprometidos com o trabalho • Autoestima: desempenho reconhecido e trabalho/cargo que realizem e valorizem o profissional • Sociais: atividades, interação com outros funcionários e encontros sociais externos • Segurança: planos para assegurar saúde, carreira e aposentadoria • Fisiológicas: remuneração, benefícios, segurança, condições de trabalho favoráveis


Sistema virtual que integra as atividades • Espaço físico fixo não é necessário • Pessoas interagem por computadores e recursos multimídia • Máquinas executam as tarefas físicas

5 fluxo e transformação Indivíduos e organização têm possibilidades de escolher o tipo de autoimagem que irá guiar suas ações e delinear o seu futuro. A partir disto, se deve considerar que as organizações se transformam com o seu meio ambiente, levando a compreender que o padrão de organização se revela com o passar do tempo é evolutivo.

4 cérebros Enfatiza a “importância do processamento de informações, aprendizagem e inteligência” e o entendimento das organizações a partir dessas características. O cérebro é pensado metaforicamente como um computador, processador de dados ou um holograma. De acordo com Gareth Morgan, “essas imagens, especialmente a última (holograma), ressaltam princípios importantes de autoorganização para concepção de organizações nas quais um alto grau de flexibilidade e inovação é necessário”.

Elementos culturais guiam a vida da empresa, que é pensada e planejada por meio deles. Nas organizações “residem ideias, valores, normas, rituais e crenças” que as alicerçam “como realidades socialmente construídas”.

8 instrumentos de dominação

7 sistemas políticos As ações das empresas são influenciadas e sofrem adequação aos “interesses, conflitos e jogos de poder”. Empresas funcionando como sistemas de governo, obedecendo a regras e princípios.

6 culturas

Controle restrito a uma só pessoa ou grupo com poucos indivíduos • Maneira de governar absoluta apoiada por várias razões: tradição, carisma, direito de propriedade etc.

As empresas têm características que as fazem exploradoras e impositoras. De acordo com Morgan, elas “frequentemente usam seus empregados, as comunidades hospedeiras e o mundo econômico para atingirem seus fins”. Além disso, ele cita que essa imagem é “uma extensão da metáfora política”. janeiro/fevereiro 2014

Pessoas adotam comportamentos, ideais difundidos pela empresa • Ações ritualísticas e, em certos casos, ideais podem ser superficiais

Atuação destrutiva • Lucro acima de saúde, bem estar de funcionários, população e meio ambiente • Interesses individuais acima dos coletivos • Exploração de funcionários

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estratégia | escolha

As quatro categorias da tomada de decisões por phil rosenzweig

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ilustração shutterstock

Os líderes empresariais e a complexidade por trás de decisões estratégicas.

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ecisões fazem parte da vida e nos deparamos com inúmeras delas diariamente, com diferentes graus de complexidade. Mas como tomar decisões melhores que levem a resultados superiores? O número de pesquisas sobre o tema tem crescido constantemente e vem transformando a tomada de decisões em uma ciência que pode ajudar muito a orientar as pessoas. No entanto, embora seja útil em determinadas circunstâncias, a aplicação de tais pesquisas depende muito do tipo de decisões que estão sendo tomadas, especialmente no mundo dos negócios.

Há limites claros e, até o momento, a maioria das pesquisas se aplica a um único tipo de decisão – e não é o tipo que mais desafia os gestores. Suas decisões mais importantes e difíceis são as estratégicas, que acarretam consequências para o desempenho da empresa. Antes de o gestor receber conselhos sobre como tomar decisões, ele tem que entender como as decisões se diferem entre si. As decisões contêm duas dimensões: controle e desempenho. Controle diz respeito a quanto podemos influenciar os termos e o resultado da decisão. O desempenho aborda como 32

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medimos o sucesso. A combinação dessas dimensões cria quatro categorias de decisões: 1. Escolhas e julgamentos do dia a dia. Quando você vai às compras em um supermercado ou loja, normalmente você escolhe produtos ao seu alcance. Estes itens, talvez leite ou uma geleia, são o que são. Você não pode melhorá-los de forma alguma – o índice de controle é baixo. Além disso, você faz a escolha que melhor lhe convém: não importa o que os outros estão comprando. E o desempenho é absoluto. O mesmo vale para a maioria das decisões tomadas referentes a investimentos financeiros pessoais. Você pode decidir quais ações comprar, mas você não pode melhorar o desempenho da ação depois de comprá-la. Você espera um retorno elevado, mas não está tentando ganhar mais que os outros. O objetivo é ter um bom desem-

penho, não ficar em primeiro lugar em uma competição. 2. Influência nos resultados. Muitas decisões envolvem mais do que escolha e discernimento entre as opções que não podemos melhorar ou influenciar. Considere a tarefa de determinar o tempo necessário para a conclusão de um projeto. Esta é uma variante que podemos controlar; cabe a nós concluir o projeto. Desta forma, é importante pensar positivamente. Podemos melhorar nosso desempenho ao acreditar que podemos ser bem-sucedidos, ou mesmo demonstrar um nível de confiança que pode até ser visto como um pouco excessivo. 3. Apostas competitivas. A terceira categoria é competitiva. O sucesso não é mais uma questão de desempenho absoluto, mas depende de sua performance em relação aos outros. As melhores decisões devem anteci-


par os movimentos dos rivais. Esta é a essência do pensamento estratégico, que o professor da Universidade de Princeton, Avinash Dixit, e o professor da Yale, Barry Nalebuff, definem como “a arte de superar um adversário, sabendo que o adversário está tentando fazer o mesmo com você”. Investimentos em ações são tipicamente decisões da primeira categoria, mas se você está participando de um concurso onde o investidor com o maior retorno leva o prêmio, você está na terceira categoria. Você precisa tomar decisões de olho no que seus rivais irão fazer, antecipando seus movimentos para que você aumente suas chances de vencer. 4. Decisões estratégicas. Nesta quarta categoria, podemos influenciar ativamente os resultados, e o sucesso significa ter um desempenho melhor do que os rivais. Esta é a essência da gestão estratégica. Executivos não são como consumidores que escolhem um produto, ou investidores que optam por uma ação simplesmente fazendo escolhas que levam a um resultado ou outro. Pela forma como lideram e se comunicam, e por sua capa-

cidade de inspirar e incentivar pessoas, os executivos podem influenciar os resultados. Essa é a definição de “gerenciamento”. Além disso, comandam organizações que competem vigorosamente com outras: ser melhor do que os rivais é vital. É aí que entra a estratégia. As decisões de entrar em um novo mercado, lançar um produto ou adquirir uma empresa fazem parte da quarta categoria, mas podemos encontrar muitos exemplos além do mundo dos negócios. Nos esportes, o treinador molda o desempenho dos atletas, construindo uma equipe eficiente para superar seus adversários. Ou na política, onde uma campanha vitoriosa depende da avaliação inteligente dos rivais, e também da capacidade de mobilizar simpatizantes.

A limitação das pesquisas

Executivos enfrentam diariamente uma série de decisões, muitas vezes em cada uma das quatro categorias descritas aqui. Mas as pesquisas sobre tomadas de decisões não podem ser aplicadas universal-

mente. Ao usar seus conceitos para tomar melhores decisões, é fundamental compreender estas quatro categorias. Para decisões da primeira e segunda categoria, psicólogos cognitivos têm demonstrado que as pessoas tomam decisões de forma que não obedecem aos princípios da racionalidade econômica. Elas aplicam predisposições sistemáticas que os gerentes poderiam aproveitar para moldar decisões rotineiras. As decisões da terceira categoria são orientadas pela ‘teoria dos jogos’, proveniente de estudos econômicos de dinâmica competitiva. A teoria dos jogos pode ser aplicada em diversas áreas, desde a precificação à geopolítica, porém com uma limitação importante: os envolvidos não podem alterar os termos do jogo. Apesar de muita coisa ter sido feita para ensinar executivos a utilizarem a teoria dos jogos e a estarem cientes de predisposições comuns a fim de evitar seus efeitos nocivos, se aplicarmos apenas estas lições no mundo da gestão estratégica, sairemos perdendo. A quarta categoria da tomajaneiro/fevereiro 2014

da de decisões é complexa e de difícil mensuração e, por isso, não sabemos a melhor forma de tomá-la. Que tipo de mentalidade exige? Quando podemos influenciar os resultados, é útil empregar altos níveis de confiança. E quando precisamos superar nossos rivais, tais níveis elevados não são apenas úteis, mas essenciais. Somente aqueles capazes de reunir um grau de empenho e determinação, por vezes excessivo, estarão posicionados para vencer.

Phil Rosenzweig é professor de estratégia e desenvolvimento internacional no IMD. Este artigo é editado e extraído de ‘What Makes Strategic Decisions Different’, publicado no Harvard Business Review.

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estratégia | ufo

E quando não estivermos mais sós?

por simão mairins

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imagem alistair mcmillan (cc by sa 2.0)

Tema frequente na ficção, a existência de vida fora da Terra começa a ganhar relevância oficial após diversas entidades no mundo terem colocado em pauta – e publicamente – uma preocupação sobre o tema. 34

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quebra de paradigmas dominantes é, talvez, a característica mais intrínseca à evolução da humanidade. A História é, entre as inúmeras definições que lhe cabem, o processo de tornar absolutamente plausíveis hipóteses ora absurdas. Há pouco mais de 500 anos, na visão europeia hegemônica, a Terra era o centro do Universo, o continente americano um delírio e relógios mecânicos de bolso os gadgets do momento. Quando um homem disse que orbitávamos o Sol, disseram-lhe: “louco”. Quando outro quis navegar na direção do poente, repetiram: “louco”. E foi assim quando disseram que poderíamos falar ao telefone, voar e pisar na Lua. Quando enviamos um robô a Marte, ninguém já duvidava do que seríamos capazes. Talvez por esse motivo, quase ninguém se espante mais com a velocidade dos avanços tecnológicos. E, por tudo isso, sem dúvida, costumamos achar que somos especiais. Mais: únicos. Mas se há algo que podemos aprender com nós mesmos é que não há verdade que não possa ser desmentida. Nesse sentido, o meio termo entre a imensidão da tolice e o abismo do ceticismo cego é a incerteza, sustentada pela disposição de acreditarmos no improvável sem perdermos a capacidade de duvidar do óbvio. A discussão sobre a existência de vida inteligente fora da Terra – embora já tenha evoluído bastante e hoje já ocupe até mesmo foros oficiais – ainda é um tabu. Explorado exaustivamente pela ficção científica, o assunto foi cristalizado no imaginário popular muito mais

como “coisa de filme” do que na condição de assunto estratégico. Sim, estratégico. Pensar em planos de negócios com mercadores marcianos ainda soa surreal (e, de fato, é!). Mas estabelecer rotas pelo Atlântico Sul até a Idade Média também era. E quem apostou naquele absurdo acabou conquistando um continente inteiro. As últimas frases do parágrafo acima, talvez, tenham começado a deixar este texto muito lunático para alguns leitores. E o que você vai ler a seguir tem mesmo um quê estranho. Mas, relaxe. O ponto de discussão aqui não é a pesquisa de marketing ou a tática de vendas que vai nos garantir o domínio do mercado de Nibiru. Isso fica para uma próxima fase. O momento agora é de tentar encontrar respostas para uma questão: e se as autoridades globais confirmarem que existem civilizações tão ou mais avançadas que

a nossa fora da Terra, como reagiríamos? Quais seriam os impactos sobre as economias? Por que isso deveria interessar aos administradores? É verdade, essas perguntas beiram mesmo o ridículo. Mas temos alguns motivos para você começar a levá-las em conta.

O Fórum Econômico Mundial quer acreditar

Entre Alan Key e Peter Drucker havia um consenso: não existe futurologia melhor do que construir o futuro. O Fórum Econômico Mundial, organização internacional que congrega lideranças políticas e empresariais, se posiciona mais ou menos da mesma maneira. E quando esse porvir não pode ser materialmente construído, as tendências são antecipadas. Foi por isso que em um documento intitulado X Factors (sem piadinhas com o reality show, por gentileza!), divulgado no primeiro semestre de 2013, o organismo elencou cinco fatores cujas consequências são incertas e podem causar grandes reviravoltas. Entre coisas como mudanças climáticas e aumento da expectativa de vida, está também a descoberta de vida extraterrestre. “Dado o ritmo da exploração espacial, é cada vez mais concebível que possamos descobrir a existência de vida alienígena ou outros planetas capazes de sustentar vida humana. Quais seriam os efeitos sobre o progresso da ciência e a imagem que a humanidade tem de si?” Isso poderia ser parte do pronunciamento de um presidente americano no roteiro de um longa à la Independence Day. No entanto, é a abertura do tópico sobre vida extraterrestre no documento do Fórum Econômico Mundial. O texto ressalta ainda: “Só janeiro/fevereiro 2014

em 1995 foram encontradas evidências de que outras estrelas também têm planetas em órbita pela primeira vez. Agora, milhares de ‘exoplanetas’ que giram em torno de estrelas distantes foram detectados. A missão Kepler, da NASA, criada para identificar planetas do tamanho da Terra localizados na órbita de estrelas como o Sol atua há apenas três anos e já encontrou milhares de candidatos, incluindo um do tamanho da Terra. Isso, em tão pouco tempo, sugere que há inúmeros planetas como o nosso orbitando estrelas como o Sol em nossa galáxia. Em 10 anos, podemos ter evidências não só de que a Terra não é única, mas de que existe vida em vários outros lugares do Universo”. A coisa começa a ficar ainda mais tensa nos parágrafos seguintes do texto. O documento afirma que, de início, um anúncio desse tipo, feito de forma abrupta e surpreendente, como seria se ocorresse hoje, impactaria fortemente os mercados. As crenças e as visões filosóficas do mundo seriam abaladas. Por outro lado, a ciência e as companhias dariam um salto em busca de caminhos para explorar a descoberta, aprofundando os conhecimentos sobre o assunto e, obviamente, capitalizando novas possibilidades. Por fim, o documento aponta uma solução básica para reduzirmos os impactos do anúncio oficial de que há vida fora da Terra, tratado ali como praticamente inevitável: abramos nossas mentes. Segundo o Fórum, o assunto precisa entrar na pauta do dia a dia, ser discutido nas escolas e se tornar, inclusive, objeto de campanhas de conscientização, a fim de que sejam dirimidos os impactos de uma mudança tão profunda nos paradigmas que nos regem. administradores.com

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estratégia | ufo

O Congresso dos EUA quer acreditar

Há cerca de um mês foi o Congresso dos EUA que abriu suas portas para discutir o assunto. Boa parte da mídia norte-americana e dos cidadãos tratou o caso como desvio de foco de questões mais urgentes e pragmáticas, como o embate entre Obama e os republicanos em torno de questões orçamentárias e do “Obamacare”, o programa de saúde pública proposto pelo presidente. Mas para os parlamentares e pesquisadores que participaram da atividade, o assunto é sério, e de interesse global. Coordenado pelo presidente do Comitê de Ciência, Espaço e Tecnologia do Congresso, o republicano Lamar Smith, o evento contou com a participação de cientistas da NASA, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Biblioteca do Congresso, além de ufólogos independentes. Entre todos, um consenso: as discussões não devem mais tratar o assunto pela perspectiva do “se”, mas do “quando”. Dedicada a debater as tecnologias e pesquisas voltadas para a pesquisa de sinais de vida fora da Terra, a atividade teve como tema: “Astrobiologia: busca por bioassinaturas em nosso Sistema Solar e além”. A astrônoma Sara Seager, do MIT, destacou que vivemos uma era de grandes descobertas; ressaltou que as tecnologias disponíveis hoje já são capazes de detectar a existência de vida fora da Terra e afirmou ser uma questão de tempo isso ser comprovado. Em audiência pública realizada nos Estados Unidos no mês de maio, com a participa36

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ção de diversos senadores e membros da Câmara americana, Paul Hellyer, ex-ministro da Defesa do Canadá, foi ainda mais enfático. No discurso, ele afirmou que investigações apontam a existência de “pelo menos quatro espécies (extraterrestres) que têm visitado a Terra há milhares de anos”.

O vaticano quer acreditar

Instituição religiosa mais poderosa do mundo, a Igreja Católica também já se pronunciou sobre o assunto, que atinge as religiões em seu co-

limites à liberdade criadora de Deus”, disse na época.

A visão da ufologia

Um dos ufólogos mais respeitados do Brasil e referência no mundo, Ademar José Gevaerd, editor da revista UFO, acredita que um anúncio oficial sobre a existência de vida fora da Terra deve ter um impacto menor que o esperado. Ele acha, no entanto, que a humanidade ainda não consegue ter a real dimensão das mudanças que isso pode gerar. “Não acho que a humanida-

de ficção científica? O ufólogo é pragmático em sua resposta. “Isso já existe. O dólar e as multinacionais ligadas aos mesmos conglomerados, que têm por trás a ação dos governos de algumas superpotências e complexo bélico industrial, já controlam a economia mundial faz tempo. Em oposição a isso, o regime chinês quer emplacar sua própria forma de controlar o planeta”, afirma Gevaerd.

Por que administradores devem dar atenção ao assunto?

A movimentação no Congresso norte-americano e a iniciativa do Fórum Econômico Mundial dão indícios de que mudanças profundas no que sabemos sobre o universo podem estar próximas. Pode ser “simplesmente” a confirmação de que Marte ou a Lua podem ser habitados por humanos e que essas seriam alternativas viáveis para o dia em que a Terra já não suportar tanta gente. Mas pode ser qualquer outra coisa. E estarmos preparados para o incerto é estarmos preparados para tudo, até mesmo para os maiores absurdos. Quando os europeus descoração. Afinal, o Deus da Ter- de esteja despreparada e nem briram que depois do Oceano ra é o mesmo de todo o Uni- que esta situação causaria algum Atlântico havia um continente verso? Cada planeta teria seu impacto avassalador. Mas acho cheio de riquezas e decidiram Deus? Criaturas alienígenas que a humanidade não está na explorá-lo, a economia mundial são filhas do nosso mesmo fase de entender a seriedade das sofreu uma reviravolta. Cidades Deus? Em 2008, o então dire- mudanças que virão no caso do tor do observatório astronô- cenário descrito. Por exemplo, o que eram potências comerciais mico do Vaticano fez questão Brasil liberou milhares de pági- faliram, outras floresceram. Pade deixar claro que a possível nas de documentos ufológicos íses perderam prestígio, outros descoberta de vida fora da antes secretos, e a sociedade ganharam respeito (e muito diTerra não teria por que abalar nem se mexeu”, afirma Gevaerd. nheiro). O planeta ganhou novas E como seria uma “econo- linhas, novas fronteiras foram a fé cristã. mia universal”, com mercados a delineadas, novos caminhos se “Como existem diversas serem disputados não mais ape- abriram. O espaço, agora, pode criaturas na Terra, poderiam existir também outros seres nas na superfície da Terra, mas ser o nosso além-mar. As coninteligentes, criados por Deus. em um contexto interplanetário? sequências disso, ninguém sabe Isso não contradiz nossa fé, Veríamos uma corrida bélica ou exatamente. Mas não custa nada porque não podemos colocar econômica clássica dos filmes tentar se antecipar a elas.

Entre Alan Key e Peter Drucker havia um consenso: não existe futurologia melhor do que construir o futuro.

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DÚVIDAS | DRUCKER RESPONDE

DELEGAR

TRANSPORTE

Como manter a estrutura organizacional descentralizada, focada, com crescimento contínuo e sem perder o controle sobre ela?

O Brasil é um país logisticamente defasado e com poucas alternativas de transportes de carga. Como posicionar uma empresa num território tão amplo sem ter custos tão elevados com o transporte? Quais as possíveis alternativas?

jenny runge

Essa é a preocupação de todas as organizações que estão em forte crescimento ou que precisam se manter grandes. Elas devem perceber seu foco e envolver as pessoas nesse contexto, comprometidas com os interesses da organização. Na medida em que se confia, se transfere responsabilidade, e é nisso que se baseia o controle. Os resultados trarão evidências das competências das pessoas, mesmo considerando-se as questões que influenciam as variações dos sistemas. Com muito planejamento, profissionais qualificados, bem pagos e motivados, as empresas podem manter seu foco.

DECISÃO Nas rotinas sempre surgem momentos em que o administrador precisa se posicionar. Mas como se mostrar seguro? Caso esta decisão mais tarde seja vista como ineficaz, como agir? lucas ctba

Bem, Lucas, entendi que você quis perguntar o seguinte: “como não errar no processo de tomada de decisão? Como o processo de tomada de decisão exige do administrador uma perícia?” O líder deve sempre se aparelhar de informações técnicas relacionadas ao seu produto/serviço e ao comportamento do mercado em relação ao negócio, porém não precisa superestimar isso. Deve também recordar suas experiências passadas; vale a pena o bom senso nas decisões. Então chegamos nele, o risco é inevitável. Ao decidir, o líder deve saber que as condições de sua decisão podem ter dois caminhos, um de certeza e outro de incerteza. Se a decisão foi ineficaz, deve imediatamente assumir os erros, abortar os processos e realizar um novo planejamento, evitando assim a escalada de comprometimento.

luma bello

O que Drucker faria? por raniere rodrigues

Luma, o Brasil precisa explorar seu potencial de navegação fluvial, executar com rapidez a sua malha ferroviária. Existe até um projeto ousado do governo nesse sentido: Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT). Contudo, o Brasil precisa ainda se dedicar ao transporte marítimo como alternativa eficaz e mais barata em longo prazo. Os portos do Brasil sofrem problemas de gestão nos períodos de grande produção, havendo grandes filas no processo de escoamento da produção. Para conectar o norte e o sul, o Brasil precisa investir de todos os modos, sejam eles marítimo, rodoviário, dutoviário, aquaviário e aéreo, sem esquecer a receita da integração; as formas devem se complementar e funcionar de forma integrada.

Tire suas dúvidas através da ótica dos pensamentos de Peter Drucker, considerado o pai da Administração moderna. Basta enviar a sua pergunta, curiosidade ou questionamento para revista@administradores.com.br

O responsável pelas respostas é o professor Raniere Rodrigues dos Santos, diretor geral da The Drucker Society of Brazil – Recife, Coordenador de Extensão na Faculdade dos Guararapes e um dos principais pesquisadores de Peter Drucker no Brasil.

livro Gostaria de uma indicação de livro para me auxiliar no setor comercial de vendas externas, pois estou em minha primeira experiência nessa área. rafael macedo

Rafael, você deve fazer uma boa pesquisa nas bibliotecas universitárias e em sites especializados como o Administradores.com. Mas lhe trago algumas sugestões: As 7 descobertas para construir uma poderosa máquina de vendas, de Lopes e Tejon, traz uma visão geral para trabalhar com foco e encorajamento das ideias; Como chegar ao sim, de Roger Fisher, William L. Ury e Bruce Patto, com técnicas interessantes aplicadas às ideias de conciliação e mediação; e Gestão estratégica de vendas, uma coletânea de artigos de professores da Havard Business School. Boa Leitura!

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Com o mercado amadurecido, apenas as startups que provam seu valor prosperam. Esqueça o mito do anjo que está na esquina com um milhão de reais no bolso para injetar no primeiro projeto que aparecer: apenas ideias realmente inovadoras, escaláveis e que geram valor para todos vão se destacar. Veja, nas próximas páginas, como mergulhar nesse modelo de negócio.

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s u por eber freitas e fabio bandeira de mello

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imagens shutterstock e divulgação

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m 1450, um jovem alemão teve uma ideia brilhante e precisava de grana para tocar o negócio, seu maior projeto até o momento. Com sua aplicação já em pleno funcionamento, conseguiu um aporte de 800 moedas de ouro, o primeiro venture capital de um conhecido e rico investidor-anjo da região. Cinco anos depois, era impressa a Bíblia de Gutenberg, documento que hoje é considerado o gatilho da era do conhecimento e da razão.

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geekie

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educação

O período entre a idade média e o renascimento foi fértil para o surgimento de novas ideias com o resgate de valores clássicos. Foi também quando surgiram o que atualmente conhecemos como startups: negócios em estágio inicial com um produto promissor e um modelo de negócios escalável, porém de alto risco. O conceito pode ser resumido da seguinte maneira: ou você muda o mundo em algum aspecto ou sua empresa não tem futuro. Pouco mais de 500 anos depois, no início do novo milênio, houve uma rápida e inflada ascensão de pequenas empresas, conhecidas como “pontocom”, que prometiam alto potencial e rios de lucro para investidores. Essa correnteza teve como nascente o crescimento e popularização cada vez maior da internet, computadores pessoais e outras novas tecnologias. Mas o resultado foi uma bolha especulativa da qual poucas escaparam: desvalorizadas e sem um futuro de longo prazo, várias sumiram em processos de fusão e aquisição ou simplesmente faliram. Nesse cenário surgiram as modernas startups. Sempre que algum processo de ruptura está prestes a acontecer devido a uma concorrência bem particular de vários fatores, elas estão lá, movidas por empreendedores com sede de sucesso e lucro. Em 1450, a escalada social da burguesia, o aumento no número de universidades na Europa, o declínio do poder eclesiástico e o início do Renascimento Cultural contribuíram para uma alta demanda por informação e conhecimento. O cenário estava pronto para Johannes Gutenberg e seus famigerados tipos móveis de chumbo reutilizáveis – tecnologia que permitia a impressão de centenas de cópias de livros sem o auxílio de monges copistas. Em 2000, o padrão open source da World Wide Web provocou outro processo

Propor soluções para melhorar a educação do país. Cria ferramentas, adequando o ensino ao perfil de cada aluno para que ele possa aprender da forma mais adaptada às suas características.

Mais de dois milhões de pessoas já utilizaram sua ferramenta no Brasil. Foi escolhida como plataforma oficial do MEC para preparatório do ENEM.

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Eles tinham potencial para trabalhar em qualquer grande companhia do Brasil e no exterior. Mas abriram mão dessas carreiras – e de altos salários – para se engajarem em um projeto que pouco se discutia ainda: utilizar a tecnologia para a educação adaptativa. A motivação extra ainda vinha de casa: um deles, Eduardo Bomtempo, é filho de pais professores, e cresceu ouvindo a importância de valorizar a educação. E foi assim que ele e seu sócio Claudio Sassaki abandonaram cargos bem sucedidos em bancos de investimentos e criaram a Geekie, uma startup focada em aperfeiçoar o aprendizado do estudante e, ao mesmo tempo, permitir que professores e escolas acompanhem o desempenho de seus alunos, conhecendo os pontos fortes e fracos de cada um para direcionar um plano de estudo individual. ”Partimos da premissa de que

| desafio | o que faz | resultado

duas pessoas não aprendem da mesma forma. Tem pessoas que aprendem melhor por vídeo, outras por texto, por áudio. Então a ferramenta vai entender a melhor forma de aprender de cada um para começar a gerar conteúdo, dentro desse plano de estudo personalizado, no formato e na quantidade que seja melhor para cada um”, explica Eduardo Bomtempo. Uma parceria com a Globo fez com que uma de suas ferramentas, o Geekie Games, tivesse um alcance imaginável. Alunos de 90% dos municípios do país acessaram o conteúdo que auxilia o estudo para o ENEM, tendo o crivo de plataforma oficial do Ministério da Educação como preparatório para o exame. Leia a entrevista na íntegra | adm.to/geekie_startup

de ruptura com a possibilidade de criar plataformas online facilmente monetizáveis e com baixo custo de manutenção e distribuição. Foi uma maneira completamente nova de lidar com informação, que teve como background a extrema globalização e a formatação da sociedade do conhecimento. Menos de uma década depois, uma nova tendência começa a se desenhar: os computadores de mesa já não são mais interessantes como eram. Os celulares também não. Aparelhos móveis tornam-se dispositivos de acesso a sistemas de informação

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via internet, equipados com sistemas operacionais sofisticados, e os aplicativos ganham mais importância do que softwares de caixa. Estima-se que exista 1,8 milhão de apps em um mercado que deve movimentar US$ 38 bilhões até 2015, segundo a consultoria Gartner. Esse mercado atualmente é o alvo e o nascedouro de novos negócios empreendedores. Empresas como a Rovio, criadora do jogo Angry Birds, se tornaram bilionárias graças a esse novo modelo de negócios, que foi o berço do Instagram. Os governos já perceberam o potencial


financeiro dessas empresas e mantêm programas de estímulo ao desenvolvimento de novos negócios. O Startup Chile é o de maior expressão na América Latina, atraindo empresas de várias partes do mundo, inclusive brasileiras. Inspirado na experiência chilena, o Governo Federal criou o Startup Brasil e incluiu o programa no plano TI Maior, plano estratégico de software e serviços vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Em paralelo, estão sendo apreciados no Congresso projetos de lei para beneficiar startups, como o PL 6625/13, que prevê isenção de impostos federais. O panorama inclui outros personagens, como investidores-anjo, aceleradoras, incubadoras, coworkings, premiações, sessões de pitch (apresentação do projeto de uma startup) com investidores de risco e plataformas de crowdfunding. Oportunidades não faltam para empresas de base tecnológica de alto impacto. Você está pronto para ter sua startup?

novos empreendedores interessados em serem protagonistas de grandes histórias de sucesso. Mas essa confiança em demasia gerou uma bolha empreendedora no país – não com a mesma repercussão da crise das dotcom no final dos anos 1990, mas com características bem semelhantes: uma rápida era de deslumbramento (pico das expectativas infladas), seguida de uma depressão que, agora, caminha para uma evolução sustentável. Vários empreendedores criaram empresas como quem monta uma banda e

corre atrás de gravadoras jurando que seu som é o melhor. No segundo caso, logo se descobre que é necessária uma prova dura de vários anos antes do primeiro contrato, e que pouquíssimos talentos alcançam o estrelato rapidamente. No primeiro, criaram-se eventos, pretensas rodadas de negócios com investidores inexperientes e muito dinheiro foi derramado. Logo, várias startups descobriram que não podiam dar conta do recado como esperavam. Em suma, foi promovida a propaganda de que empreender é fácil e que é uma

easy-taxi

Derrubando o mito da startup perfeita

O aumento no número de startups no Brasil segue uma tendência que já era observada em outros mercados, sobretudo o norte-americano. Exemplos bem-sucedidos que ocorreram por lá mostram que pequenas empresas que apostam na inovação disruptiva podem obter um rápido crescimento e, em poucos anos, se tornar líderes em seus setores. Foi o que aconteceu com o Google e o Facebook quando essa tendência ainda era incipiente, e com a Apple e Microsoft, quando o padrão de sucesso empreendedor era ser vendedor na IBM. A moda aportou por aqui em meados de 2010, quando a economia brasileira cresceu 7,5%, e logo atraiu a atenção da mídia, capital estrangeiro e

mobilidade urbana

Diminuir a circulação de carros particulares e, consequentemente, o tráfego intenso.

| desafio

Facilita a conexão entre passageiro e taxista, viabilizando a corrida com apenas alguns cliques.

| o que faz

Possui mais de quatro milhões de downloads e é o maior aplicativo de serviços mobile do mundo. Ganhou várias premiações concedidas a startups.

| resultado

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Depois de sofrer pela espera de um táxi em uma noite chuvosa no Rio de Janeiro, veio o insight necessário para enxergar um mercado ainda inexplorado. Foi então que o mineiro Tallis Gomes correu atrás, suou a camisa e lançou o Easy Taxi, um aplicativo pioneiro no serviço móvel de chamada de táxi. Hoje o app é usado em 23 países, sendo considerado o maior aplicativo mobile de serviços do mundo. A Easy Taxi já registrou mais de quatro milhões de downloads e recebeu investimentos que ultrapassam a casa de R$ 55 milhões, o que a torna a startup de mobile que mais recebeu investimentos na história do país. Mas longe de ter sido fácil. “No início tinha que convencer os taxistas e nesse processo enfrentamos uma série de problemas. Teve um modelo em que a gente tentou dar um celular para cada um. Eu vendi o carro, meu sócio foi pegar empréstimo, mas teve uma

hora que acabou o dinheiro e a única forma de fazer esse negócio acontecer era que o taxista comprasse o seu próprio celular”, destaca. Para resolver o problema, a solução foi entender e mudar a cultura dos próprios taxistas: “eu comecei a ir aos churrascos, jogar bola e ficar amigo dos taxistas. Nisso, a gente foi tentando repassar por que seria útil aderir ao Easy Taxi. No outro lado, tinha o desafio de conseguir que os passageiros passassem a usar a app para gerar corridas. Então, eu ia para a porta dos hotéis falar com os estrangeiros. Eu ficava o dia inteiro debaixo do sol quente, apresentando o aplicativo. Isso começou a dar certo e gerar bastante corrida e o boca a boca foi se espalhando”, destaca Tallis. Leia a entrevista na íntegra | adm.to/easy_startup

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CAPA | startup

alternativa tranquila ao emprego fixo. Isso gerou uma onda motivacional onde aspirantes a empreendedores pagavam para ouvir o que gostariam de ouvir. Afinal, basta ter uma boa ideia e conseguir o investimento, que os resultados virão, certo? Longe disso. “Empreender não é fácil. Criar uma startup não significa ter uma ideia, juntar um time, pagar R$ 15 mil por um MVP* feito em 10 dias, fazer um canvas** e procurar investimento. É provar a si mesmo com números, um dia de cada vez, que a estratégia de hoje está convertendo mais vendas que as anteriores, e os custos não

estão crescendo na mesma proporção”, afirmou, em 2012, Yuri Gitahy, presidente da Aceleradora e investidor. Hoje, ele diz que o cenário estava infestado de autointitulados empreendedores que nunca tiveram uma experiência real em empreender. “Entendo que a situação só mudou porque o foco da mídia diminuiu um pouco – as startups retratadas hoje já incluem empresas reais, inclusive muitas já existiam, e menos empresas-fumaça que antes. A mídia aprendeu a separar projetos bons”, relata. “Não sei se houve uma melhora na qualidade das startups de 2012 para cá, porque

o aumento do número de boas startups não acompanhou o número de novos empreendedores no mercado”, explica Yuri. “Sempre vai ter gente querendo uma forma mágica de empreender, mas o próprio mercado vai mostrar que não é assim que as coisas funcionam”, acredita Marcelo Toledo, empreendedor veterano, ex-CEO de cinco startups. Para ele, é comum a ideia original se mostrar inviável, enquanto outra derivada ter um potencial muito maior. “O empreendedor deve ter essa sensibilidade de modificar o modelo de negócios, porque se persistir numa ideia que o mercado não aceita é gastar dinheiro, perder tempo e quebrar”, diz.

dress&go vestidos de renomados estilistas por o que faz | Aluga uma fração do valor da peça na loja.

do negócio e recebimento de resultado | Consolidação aporte financeiro para atingir todo o Brasil.

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Lojas para aluguel de roupas não são nenhuma novidade. Quase toda cidade brasileira deve ter pelo menos uma. No entanto, as amigas administradoras Barbara Diniz (27) e Mariana Penazzo (26) identificaram um maneira inovadora para entrar neste mercado: oferecer vestidos de renomados estilistas. O estilo de negócio é inédito no país e a ideia surgiu como uma solução para atender a uma demanda de artigos de luxo ainda reprimida. Os aluguéis variam de R$200 a R$900. Para se ter uma ideia, uma peça que custa R$ 5.400 na loja, pode ser alugada por R$470. Para as sócias, que eram do mercado financeiro, isso ajuda a incentivar o consumo inteligente. “Às

vezes são muitas festas, casamentos e a mulher não gosta de repetir o look, então, em vez de ela comprar um vestido novo, com o mesmo valor, ela consegue alugar e usar muito mais vestidos”, indica Mariana. A Dress, em um ano, conta com 500 a 600 vestidos das mais badaladas marcas. “Os estilistas têm aderido muito bem ao modelo da Dress & Go, pois entendem que a experimentação prévia aumenta suas vendas futuras. A gente brinca que é o test drive da marca”, relata Mariana. O aluguel é todo online, há filtros que separam os vestidos por ocasiões, tamanhos e modelos. Além do site, a empresa possui um ateliê em São Paulo, onde as clientes podem experimentar as roupas. Em pouco tempo, o negócio já recebeu um capital de fundo que é focado no mercado de internet e a expectativa é que passe a atender a todo o Brasil. Leia a entrevista na íntegra | adm.to/dress_startup

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e-commerce e vestuário

desafio | Criar uma inovação em um mercado que já existia.

Investimento não é tudo – na verdade é só um detalhe

Um estudo da e.Bricks mostra que a maior chorumela dos empreendedores é pela falta de dinheiro: 45% acreditam que a falta de recursos é o fator que mais emperra o desenvolvimento das startups. Mas 33% disseram que, se tivessem o apoio de aceleradoras ou incubadoras, pediriam um financiamento para desenvolver o negócio, enquanto 28% prefeririam um contato maior com o mercado (networking). Isso mostra que ainda há mais foco em conseguir dinheiro do que em buscar verdadeiros parceiros. Para Guilherme Junqueira, diretor executivo da ABStartups (Associação Brasileira de Startups) a melhor forma de buscar capital é com o negócio rodando, com clientes. “Nossa principal recomendação é que primeiro o empreendedor faça. Que primeiro ele prove que acredita no negócio. Pois tem muito empreendedor que fala, que diz que tem uma ideia, mas ele só vai sair do emprego estável se alguém lá de fora, que nem o conhece direito, investir na ideia. Ou seja, se nem ele não acredita na ideia, por que um investidor irá acreditar?”, indica. Outra noção que os candi-


resultado |

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Quem nunca assistiu a um filme futurístico e se perguntou: “será que um dia isso será possível?”. Com todo o avanço tecnológico, a pergunta é natural. Volta e meia uma tecnologia chega para suprir uma necessidade. E a startup carioca Nearbytes é uma dessas empresas que segue esse caminho de inovações. A empresa desenvolveu uma tecnologia – que leva o mesmo nome da startup –, capaz de transferir dados de um dispositivo móvel sem conexão com internet ou uso de Bluetooth, apenas através do som. “A Nearbytes consegue ter quatro requistos que consideramos importantes: ser compatível com qualquer smartphone, ser uma solução que funciona offline, ser uma premissa

Tecnologia pronta para uso em diferentes aplicações. Sistema presente nos cinco continentes.

muito simples de usar (precisa apenas de microfone e alto-falante) e ter uma alta camada de segurança”, afirma Marcelo Ramos, diretor da Nearbytes. A startup tomou uma decisão arriscada, mas que permitiu atingir os cinco continentes: disponibilizar um pacote de dados para qualquer desenvolvedor. “A gente quer que essa tecnologia se torne um padrão mundial, mas ela depende de ser bem propagada e que o público adote”, complementa Marcelo. E a criação gera possibilidades de inovações em outros segmentos. Hoje, com apenas um toque no celular, já é possível abrir portas e acender luzes. “Isso pode mudar a forma como uma pessoa interage na catraca do metrô, pagando seu consumo numa boate ou nas compras do e-commerce. Você pode ter mil outras possibilidades apenas usando o som do celular”, conclui Vivian Russeau, CEO da Kinects, braço tecnológico da startup.

mais subestimadas é a comercial. “Muitas startups se preocupam só com o desenvolver do produto e os empreendedores esquecem da relação humana que existe”, diz Talita. “Se a empresa precisa de parceiros, é preciso pensar que tão importante quanto o produto que você está desenvolvendo é pensar como você vai conseguir atrair essas parcerias para que seu produto gire melhor”, completa. Portanto, iniciar uma empresa que promete alta escalabilidade requer muito mais do que uma apresentação impecável. É preciso inovar produtos e processos, ter tato para encontrar as pessoas necessárias, saber administrar e estar pronto para errar e quebrar a cara. Mais de uma vez.

Flexibilidade Ideias e projetos podem ser alterados no caminho. É importante estar flexível a mudanças.

Motivação verdadeira O objetivo inicial não deve ser o dinheiro, mas sim dar uma solução relevante para um problema real.

Um time forte Cercam-se de pessoas que ajudam em todo o percurso. Buscam um time excepcional, além de mentores e investidores.

Investidor-anjo Aposta em negócios inovadores. A injeção de recursos normalmente vem acompanhada de orientações como indicação de clientes, fornecedores e parceiros.

Capital próprio /Família Investir capital próprio e/ou contar com familiares e amigos é bastante comum e geralmente o primeiro passo da maioria dos novos empreendedores.

Financiamento Há alternativas de empréstimos com juros subsidiados, como o BNDES e a Finep.

Leia a entrevista na íntegra | adm.to/nearbytes_startup

datos a empreendedores devem ter é que um financiador não é apenas o cara do dinheiro, e sim um parceiro de negócios que pode prover muito mais. “É preciso apoio, uma visão mais experiente, networking. O investidor age como uma conexão, um aumento de relacionamento, troca de boas práticas, apresentar a outros grupos, dentre outras vantagens”, destaca Maria Rita, diretora executiva da Anjos do Brasil. No fim, startups são como outras empresas quaisquer: envolvem clientes, fornecedores, sócios, logística, marketing e produto, e esses elementos devem ser administrados de maneira sistêmica e estratégica. Talita Lombardi, gerente-geral da SaferTaxi, revela que uma das áreas

Capacidade de realização Sempre pronto a colocar a mão na massa e colocar o negócio em frente. Busca constantemente a evolução da startup.

Crowdfunding É um financiamento coletivo por meio de várias fontes, em geral pessoas físicas.

Venture capital e private equity São investimentos maiores para startups que já testaram os modelos de negócios. Geralmente são aportes que superam um milhão de reais.

*mvp “Produto minimamente viável“, em português. Coletar dados sobre clientes e criar situações práticas de negócio.

**canvas Ferramenta estratégica empresarial que auxilia o empreendedor.

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principais financiadores

um sistema de transferência o que faz | Desenvolveu de informação através do som.

tecnologia

a maneira como transferimos desafio | Revolucionar dados entre dispositivos móveis.

características do empreendedor

nearbytes

Resiliência Comum àqueles que conseguem se manter em equilíbrio e superar obstáculos, pressões, tensões e adversidades do novo negócio.


JORNALISMO GONZO | corrida

por fabio bandeira de mello

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ilustração thiago castor


Era para ser mais uma simples cobertura jornalística, mas o editor da Revista Administradores acabou disputando um rali em cima da hora e a aventura se transformou numa das mais eletrizantes experiências de sua vida.

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oração batendo a mil, mãos sem parar de suar, todos os sentidos em alerta esperando um simples sinal para poder dar uma resposta. Eu me senti assim em mais de quatro horas à frente de um carro 4x4, encarando dunas, trilhas fechadas, muitos buracos e desbravando lugares pouco explorados pela maioria. E tudo isso meio por acaso, um típico “gaiato que entrou no navio”, porém que não entrou pelo cano.

Mas o leitor não deve estar entendendo muita coisa, então, é melhor “começar do começo”. Escrevo também para um portal de esportes e sempre que possível faço a cobertura in loco dos campeonatos e eventos esportivos na região Nordeste. Pois bem, no final do ano recebi um convite bem especial para cobrir a última etapa do rali de regularidade da Mitsubishi Motorsports 2013, na cidade de Fortaleza. Como apaixonado por carro e barulho de motor, adoro acompanhar esse tipo de corrida e, antes de ser encarado como trabalho, é um prazer estar pertinho dessas máquinas que, por sinal, geram lindas imagens. Para ajudar na melhor captação, o também jornalista e editor de vídeo da Administradores, Daslei Ribeiro, foi comigo à capital cearense. E estava tudo no planejamento. Noite anterior ao evento: equipamento checado, pauta revisada e prontos para a cobertura. Porém, por volta das 22h, já no hotel, toca o telefone. Era Carolina Vasconcelos, assessora de imprensa da Mitsubishi, fazendo um convite bem diferente. Ela informa que surgiu uma vaga no rali com carro à disposição e pergunta se gostaríamos de correr a prova na categoria Turismo Light. Não demorou nem três segundos para confirmação. “Opa! É claro!”. Participar de um rali não é algo que acontece todo dia. Na minha vida e na de Daslei seria a primeira vez. Não poderíamos deixar passar essa oportunidade, mesmo sendo marinheiros de primeira viagem.

O carro 150

Dia seguinte e hora combinada, estávamos lá no evento, junto com mais de 200 duplas e familiares prontos para a corrida. Prontos? Acho que não. Não tínhamos a mínima ideia do que fazer, de como usar a planilha de navegação e nem de ligar o 4x4. Nada que Alex e Bento (da organização da Mitsubishi) não resolvessem em 10 minutos. Nesse intervalo de tempo, eles nos explicaram tudo na teoria de como operar. Já até me sentia um piloto profissional, seria mais fácil que videogame, íamos surpreender. Na prática, é claro, tudo foi bem diferente. Para quem nunca ouviu falar em um prova de rali de regularidade, vou explicar em poucas linhas: há o piloto (que fui eu) e o navegador (Daslei). O navegador recebe uma planilha que indica todo o percurso, tempo, velocidade média e distância percorrida. A cada cruzamento, curva, reta ou desvio, há a indicação e ele repassa para o piloto. Quem fizer a prova mais próxima do descrito na planilha e com menos pontos de erro nos vários trechos, ganha. Não é corrida de velocidade e, por isso, cada carro sai separadamente em ordem crescente de números. janeiro/fevereiro 2014

Nosso carro estava definido, um L200 Mitsubishi cabine 4x4 na cor vermelha e número 150. Quando soube do número, a primeira coisa que pensei era conhecer os carros 149 e 151. Afinal, se nos perdêssemos ou desse algo de errado seria com um dos dois que iríamos nos comunicar. E assim foi. O carro 149 era todo preto, insufilm bem escuro e quando bati no vidro (que já estava com o motor ligado) a janela se abriu e revelou três sujeitos com cara de mal e bem concentrados. Mas foi só contar a minissaga até ali para verificar que a cara de mau era apenas fachada. O empresário Alexandre, o advogado Gerlano e o engenheiro Rogério eram “boa praça” e riram bastante com meus pedidos de ajuda e de deixarem um rastro pelo caminho com migalhas de pão para segui-los. O carro 151, para minha surpresa, era também de uma dupla de jornalistas. Bruno Balacó e Leandro Costa, do Jornal O Povo, do próprio Ceará. Um deles me confidenciou que era a quarta vez que competia e, como veio das outras vezes para se divertir, queria ficar em primeiro lugar na categoria imprensa. Categoria Imprensa? Descobri que tinham vários carros administradores.com

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JORNALISMO GONZO | corrida

de jornalistas na prova e que teria uma premiação especial entre os três primeiros. Para o último lugar, o troféu Indiana Jones (pelo espírito esportivo). Confesso que achei bem bacana isso, mas nem me empolguei. Sendo a primeira vez nessa experiência, no máximo ficaríamos com o Indiana Jones.

A aventura começa

As emoções vivenciadas pelos integrantes do carro 150 proporcionaram uma experiência diferente e única com as marcas relacionadas ao Rali.

Diário de Bordo Assista em vídeo como foi essa experiência vivida pelo Fábio e Daslei em adm.to/raliadm

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Carro ligado, planilha na mão e tudo pronto: íamos começar. O fiscal de prova disse que sairíamos às 10h30. O tempo é algo fundamental. Tínhamos que ajustar o nosso cronômetro exatamente com o da prova para fazer o descrito na planilha. Mas a nossa aventura mostrava de cara que ela seria bem mais complexa do que imaginávamos. Na hora de marcarmos o tempo, o primeiro erro. Daslei trocou o botão de acionar o cronômetro na hora que o fiscal falou para acionar. Fui ajudar, também me atrapalhei e saímos para a prova com a marcação errada em alguns segundos. “Besteira, isso pode acontecer com qualquer carro”, falei para ele. Talvez não acontecesse com frequência outra coisa. Se perder com dois minutos de prova. Isso mesmo, nós nos perdemos com dois minutos. Ainda sem o domínio da planilha, uma rua não foi contada pelo navegador do carro 150 (pelo Daslei!). E só percebemos quando ele falou: agora vira no semáforo. “Mas que semáforo?”. Não tinha nada perto. Ele: “mas está aqui, olha”. E realmente tinha na planilha, porém, semáforo que é bom nada. Resolvi seguir um caminho por intuição (pessoal, nunca façam isso em um rali). É claro que estava errado. Voltamos para

um ponto e esperamos outro competidor passar para seguir (era nossa chance de não ficarmos mais perdidos). Mas para nosso desespero não vinha absolutamente ninguém, uma alma viva. Depois de alguns minutos esperando, frustrados pelo erro, a ideia foi voltar ao início de tudo, não tinha outra escolha. Uma hora iríamos ver outro carro da Mitsubishi. E vimos! Já era o carro 157. Colamos nele e seguimos até o próximo trecho, o primeiro foi comprometido.

As dunas e o menino sim/não

Ao chegar à segunda parte da prova, uma fila de carros dos competidores se formava, cada um esperando o seu horário para sair no novo trecho que era de dunas. Furamos a fila e fomos direto, afinal, já tínhamos perdido muitos minutos. Um fiscal nos orientou: “vocês têm que chegar naquela casa”. Sem costume de andar em areia fofa, uma preocupação se formou na minha cabeça: não queria atolar de jeito nenhum e a única coisa que pensei foi em acelerar... e muito. Percebi que o cinto de segurança não só protege de batidas. Se estivéssemos sem ele, com os saltos e derrapadas que o carro dava nesse terreno irregular, teríamos voado para fora do veículo. A adrenalina contagiava todo o corpo e no rosto apenas sorrisos de como se fôssemos crianças e estivéssemos em um parque de diversões. A vontade era de voltar e refazer esse trecho, mas ainda restavam mais três horas de prova e muitas emoções. Nos trechos seguintes, conseguimos melhorar a nossa comunicação e começávamos a fazer aquilo indicado


na planilha. O orgulho interno de acertar começou a tomar conta, até virar um pouco de arrogância e dar errado. Em um trecho aparentemente fácil, pedi para Daslei gravar algumas imagens do carro em movimento. Após a gravação: perdidos. Não achávamos o caminho na planilha. Daslei começou a revisar todo esse percurso e indicava ter uma entrada que aos nossos olhos não aparecia. Mas uma vez na intuição, resolvemos virar onde “aparentemente” o mapa apontava. Ao entrar na rua vimos um menino e, dessa vez, contrariando o estereótipo de que homens não perguntam quando estão perdidos, apelamos ao garoto. Ele tinha por volta dos seus sete anos, não sabemos o nome dele, mas apelidamos carinhosamente de “sim/não” após nosso estranho diálogo: “menino, passaram alguns carros de rali nessa rua?”. Ele confirmou com a cabeça que sim. “Passou?”, indaguei por mera confirmação. Ele negou com a cabeça. Refiz a pergunta: “Desses carros grandes, algum seguiu nessa direção reta?”. Ele novamente balançou a cabeça positivamente. “Então, passaram carros por esse pedaço?”. Ele olhou para mim e balançou a cabeça dizendo não. Ficamos nisso quase cinco minutos. Tinha hora que balançava primeiro negativamente, para logo em seguida balançar positivamente e vice-versa. Faltou apenas ele fazer movimentos circulares com a cabeça para apontar sim e não ao mesmo tempo. Depois da conversa, ou a falta dela, resolvemos seguir em frente (maldita intuição). A rua de terra era muito esquisita, abandonada e foi afunilando, tornando-se muito estreita e cheia de galhos tortos que mal deixavam passar pessoas, imagina veículos. Quando não

deu mais para seguir com o carro, nos convencemos que não poderia ser por ali. Como o caminho era muito curto, mal dava para manobrar o retorno. Daslei, então, virou o “flanelinha de plantão” e conseguimos tirar o carro daquele espaço. Na saída, nosso navegador viu bem longe o que parecia ser outro carro da Mitsubishi. Seguimos e voltamos para a prova, agora, com mais dez minutos preciosos perdidos.

“síndrome de maria-vai-com-as-outras” enorme. Ao ver um carro da Mitsubishi à sua frente, o instinto natural é segui-los, independente se o da frente está certo ou não. Mas nossa concentração na planilha era tão grande que ignoramos essa síndrome. Víamos muitos carros em nossa dianteira fazer um caminho e nós fazíamos o outro, como descrito em nosso roteiro de navegação. A largada foi se aproxi-

Ter uma experiência boa com uma marca contagia e fideliza todos os envolvidos. A recuperação e a surpresa

Já tínhamos passado de duas horas de prova e o “banho de água fria” com a rua errada parecia ter despertado todos os nossos sentidos. Não queríamos mais errar e não erramos. A sincronização das leituras na planilha feita pelo navegador, junto com a minha direção mais segura, fizeram com que conseguíssemos dominar bem os outros terrenos encarados. Vale uma observação: para quem é amador em uma prova de regularidade há uma

mando e completamos a prova dentro do prazo estabelecido, com um pouco mais de 4 horas e 10 minutos de corrida. Cansados, mas felizes por essa conquista particular. Um almoço e uma grande festa organizada pela Mitsubishi aos participantes do rali nos aguardavam. E, mais uma vez, tudo muito bem organizado. Na hora da premiação, uma grande surpresa: a dupla Fábio e Daslei conquistou a segunda colocação na Categoria Imprensa! Um título surpreendente que janeiro/fevereiro 2014

coroou toda essa minijornada extremamente encantadora e que nos deixou com gostinho de quero mais.

Mas o que isso tem a ver com ADM?

Alguns dos leitores que chegaram até esse ponto do texto podem estar se perguntando a relação dessa história com a Administração e a área de negócios. Ela, porém, é mais visível do que parece. A Mitsubishi é uma marca de automóveis e um evento desse porte busca fortalecer a percepção de seu público-alvo com os seus produtos. A experiência desde a chegada à competição (com toda a estrutura de envolvimento ao consumidor), em seguida com a própria corrida (que proporciona momentos fantásticos) e o pós-competição (com direito a shows, troféus, brindes, apresentação do carro, almoço e tudo mais) trazem um momento único para os participantes e seus familiares. Ter uma experiência boa com uma marca contagia e fideliza todos os envolvidos. É assim que a Apple consegue ter tantos fãs de seus produtos; é assim que a Disney encanta tanto aqueles que a frequentam; é assim que a Harley Davidson, Google, Cirque du Soleil, Starbucks, Sony e muitas outras conseguem ser tão admiradas em seus nichos de mercado. Elas proporcionam experiências agradáveis e diferenciadas. Talvez esse, em meio a tanta concorrência existente, seja o grande diferencial competitivo das empresas do século 21, inclusive para as pequenas empresas. Foi assim, pelo menos, utilizando desse artifício, que a Mitsubishi conseguiu me conquistar. administradores.com

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ADMINISTRADOR NA HISTÓRIA | Ray kroc

Ray Kroc

O homem que fez do McDonald’s a rede de franquias mais lucrativa do mundo por marcela agra

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foto bettmann corbis

LINHA DO TEMPO

Nasce em Oak Park, Illinois, nos EUA

Conhece os irmãos McDonald’s

1902

“Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós, juntos”, dizia Kroc frequentemente a seus franqueados e funcionários.

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uando criança, o pai o levou a um frenologista, “especialista” que diz prever o futuro das pessoas através do formato da cabeça. Por sorte ou

poderes videntes (não se sabe), o frenologista em questão revelou que Raymond Albert Kroc teria um futuro brilhante na indústria de serviços alimentícios. E a profecia se cumpriu. Ray Kroc, como era mais conhecido, se tornou o grande responsável pela expansão e sucesso do McDonald’s no mundo.

A inclinação para a área de negócios começou ainda na adolescência. Ray não teve paciência para continuar na escola, deixando os estudos para se tornar vendedor numa empresa de copos de papel. O talento para vendas era natural e Ray, jovem e ambicioso, logo conquistou o posto de vendedor nº 1. Ao conhecer o Multimixer, porém, uma batedeira inovadora, capaz de bater cinco shakes ao mesmo tempo, ele deixou a empresa e passou a viajar os EUA comercializando o novo produto. Fez isso por 17 anos. Em 1954, Ray foi surpreendido por um pedido de oito delas, feito por um restaurante em San Bernardino, Califórnia. Curioso, resolveu visitar o local e ali encontrou um pequeno, mas bem-sucedido estabelecimento, dirigido pelos irmãos Dick e Mac McDonald. Com cardápio conciso e uma espécie de linha de produção em que eram preparados os alimentos, a eficiência da operação usada chamou a atenção de Ray Kroc, que rapidamente calculou 48

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1954

1917 Vai a I Guerra Mundial como motorista de ambulâncias

1955 Funda a McDonald’s Corporation

as possibilidades financeiras de espalhar centenas de restaurantes como aquele pelo país. Os irmãos não tinham interesse em fazer isso, porém, venderam a Ray os direitos para que ele comercializasse o método McDonald’s. Em 1955, ele fundou a McDonald’s Corporation, tornando-se seu presidente. Cinco anos depois, o sucesso financeiro das franquias foi tanto, que Ray comprou os direitos exclusivos para o nome McDonald’s, adquirindo ainda a parte que pertencia aos irmãos Dick e Mac. No ano de 1958, a rede de restaurantes já havia vendido 100 milhões de hambúrgueres. Dez anos depois, esse número já passava de um bilhão. Automação, padronização e disciplina dos processos foram os diferenciais introduzidos pelo empreendedor. Ele queria construir um sistema de restaurantes que fosse famoso pela consistência na comida,

McDonald’s alcança a marca de 100 milhões de hambúrgueres vendidos

1958

Morre em San Diego, Califórnia, por insuficiência cardíaca

1984

1961 Kroc compra inteiramente a empresa

alta qualidade e métodos uniformes de preparação. Investiu em treinamentos para os franqueados, assegurando-se de que eles estavam dispostos a manter o padrão da empresa. Apesar das críticas ao conteúdo nutricional do que é servido no McDonald’s, o modelo de Kroc provou-se extremamente lucrativo. A rigidez dos padrões seguidos por todas as franquias fez com que o restaurante fosse o mesmo em qualquer lugar do mundo, o que o tornou sucesso global. Até quase sua morte, em 1984, Ray trabalhava diligentemente; deixou restaurantes em 31 países e uma empresa avaliada em US$ 8 bilhões. Da sua paixão por inovação e eficiência, sua incansável busca por qualidade, até a positiva agressividade nos negócios, o legado de Ray Kroc continua a ser parte integral e inspiradora para quem sonha alcançar sucesso como empreendedor.


geração de valor costumes

Os sete hábitos mais frequentes dos perdedores por flávio augusto da silva

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ilustração niandson leocádio

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Flávio Augusto da Silva é um dos principais ícones do empreendedorismo no Brasil. Em 2011, criou o projeto Geração de Valor, que utiliza as redes sociais para compartilhar sua experiência com os jovens e profissionais que desejam chegar mais longe na carreira.

ualquer um de nós pode desenvolver hábitos negativos, seja porque fomos influenciados por amigos que nos cercam, por nossa família ou por nossas próprias fraquezas. O problema é que, uma vez desenvolvidos, esses hábitos funcionam como uma espécie de vírus de computador, atuando silenciosamente no “sistema operacional” do nosso cérebro, influenciando nosso comportamento, decisões, ações e reações. Nessa hipótese, não será por acaso que teremos fracassos como consequência. Veja uma lista com os mais comuns. 1. Reclamam quando chega a segunda-feira e torcem para chegar a sexta

Os perdedores odeiam trabalhar. Tudo em suas vidas resume-se na busca de um novo par para uma aventura sexual num fim de semana. Por isso, a balada é sagrada e é assim, de noite em noite, que eles gastam as suas vidas. 2. Não gostam de assumir compromissos em nenhuma área da vida Os perdedores têm uma fixação pela, ainda que falsa, sensação de independência. Assumir compromissos, comprometer-se no trabalho e lutar por uma meta, sacrificando-se em prol de um objetivo maior, fazem com que eles se sintam escravizados. 3. O medo de perder influencia suas decisões mais do que sua vontade de ganhar Os perdedores, diante do medo natural que todos nós sentimos, ao invés de enfrentá-lo, se acovardam. Resultado: não se frustram de imediato, porém não conquistam nada. Ao longo prazo sentem-se vítimas do sistema ou que não tiveram oportunidades. 4. Desistem diante das primeiras dificuldades Os perdedores são especialistas em manipular a si mesmos, criando teses convincentes para desistirem dos seus objetivos. Tudo isso para fugir das dificuldades. Uma das teses preferidas é: “não me sinto feliz

fazendo isso”. Os desafios geram desconfortos. Diante do desconforto, os perdedores usam suas teses para correrem dos desafios. Resultado, não crescem. 5. Como não realizam nada, resta apenas o hábito da autoafirmação Perdedores são orgulhosos, falam e defendem suas convicções sem nenhuma autoridade e na hora “H”, fogem da raia. Não é pouco comum ver os perdedores se autoafirmando sobre suas grandes habilidades e competências que nunca colocam em prática. 6. São reféns dos seus sentimentos Nossos sentimentos, quando não gerenciados, tornam-se controladores em nossa vida. O desenvolvimento de uma inteligência emocional faz com que dominemos essas demandas de maneira a fazermos as melhores escolhas. Os perdedores são jogados de um lado para o outro por seus sentimentos. Uma das frases preferidas dos perdedores é: “por ser autêntico, eu não controlo o que está em meu coração”. 7. Acreditam que dependem da sorte para vencer Acreditar que a sorte é fundamental para vencer é uma das maiores anestesias para a consciência de um perdedor, pois sendo controlado por esses hábitos, por consequência lógica, os seus resultados jamais poderão ser os mesmos dos vencedores. Neste caso, sentir-se sem sorte ou azarado é o mais confortador para se acreditar, pois alivia a dor e desenvolve um sentimento de autopiedade. Quando ouvem de alguém que seus resultados são consequência de suas próprias escolhas, sua resposta preferida é: “não é bem assim”. A propósito, os perdedores são especialistas na relativização do absoluto ao mesmo tempo em que generalizam o relativo.

Previna-se! Coloque um preservativo em seu cérebro contra o vírus mortal da mediocridade e dos hábitos mais frequentes dos perdedores. Eles podem tirar a sua imunidade, matar seus sonhos e fazer você definhar até ficar apagado e sem forças para lutar.

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MENTE ABERTA BULLYING

Claro, mas ele é o nosso valentão!

por seth godin

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ilustração niandson leocádio

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Seth Godin escreveu 13 livros que foram traduzidos em mais de 30 línguas. Cada um tem sido best-seller. Ele escreve sobre a revolução pós-industrial, a forma como difundir ideias, marketing, parar de fumar, liderança e, acima de tudo, como mudar tudo.

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empre houve “valentões” entre nós, e vale a pena parar um momento e notar como a nossa cultura tem construído um papel para eles, que, convenientemente, é o de heróis úteis e necessários. Ensinados ou não, os valentões continuam aparecendo. Frequentemente os vemos como poderosos, corajosos ou importantes, pelo menos enquanto forem os nossos valentões. Richie Incognito, Chris Christie, Rob Ford, cada um deles tem uma lista longa de seguidores, pessoas que têm defendido certos valentões como homens apaixonados pelo povo, que estão fazendo seu trabalho, que são viscerais, antielite, e estão ganhando uma batalha na qual vale a pena lutar. Em algum nível, faz sentido ter alguém que faz bullying ao nosso lado. Se você está indo para a guerra, o pensamento é : “quem melhor pra me representar do que alguém que intenciona menosprezar e diminuir o outro lado”? Se formos nós contra eles, o “valentão” que nos representa é o nosso herói. Dados os milênios em que os primatas e outras espécies têm prosperado e usufruído da noção do bullying, qual o problema? Contanto que nosso bully (a pessoa que pratica o bullying) seja mais forte do que o deles, parece que estamos preparados… Mas o que acontece quando a economia muda (e a cultura juntamente com ela)? O jogo da dominação mundial, em que só se ganha o quanto é perdido por outro, parece recompensar justamente o egoísmo e a postura bélica que o valentão abraça e adota. Mas na economia da conexão, o mundo do nosso futuro, fica claro que não estamos em um jogo em que a vitória de uma parte é proporcional à derrota da outra, e que um comportamento que visa “ganhar a qualquer custo”, como é típico de quem pratica bullying é, na verdade, um alto custo e não uma vantagem. Rob Ford, o prefeito atrapalhado de Toronto, tem feito um show para o seu eleitorado, expondo

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pessoas de forma controversa e, ao longo do caminho, perdeu personalidades com quem precisava trabalhar. Ao invés de tramar um futuro baseado na produtividade e inovação, ele criou um entusiasmo momentâneo e que deverá ser seguido por muitas desvantagens conforme sua cidade trabalha para recuperar seu ímpeto em avançar. A gerência do Miami Dolphins, time de futebol americano, inicialmente encorajou Richie Icgonito, treinador da equipe, a “endurecer” um de seus jogadores, como se o bullying pudesse servir a um propósito produtivo dentro de uma organização. Como eles terminaram aprendendo, este método é ineficiente e até contraprodutivo. O praticante do bullying pode ser capaz de levantar e animar uma multidão com seu comportamento hormonal, mas essa emoção passa tão rápido quanto veio. A vítima do bullying, por sua vez, pode nunca mais contribuir tanto quanto era capaz de fazê-lo, depois de passar por essa experiência negativa. Na sua empresa, há, sem dúvida, valentões que conseguem ganhar discussões, aumentar seu poder e derrotar inimigos. Mas será que eles estão criando valor real para a organização como um todo? Numa economia baseada na confiança e nas conexões, como o inevitável desgaste causado pelo bullying pode levar a resultados positivos, em longo prazo? Eu não acho que nós podemos fazer o impulso para a prática bullying desaparecer. Mas fica claro que podemos criar organizações e empreendimentos que não tolerem tal prática, criando um ambiente onde o valentão jamais é o herói. Provavelmente, devemos ao menos tentar.


ARTIGO DO LEITOR perfil

Otávio Augusto é professor mestre do curso de Administração da Faculdade Cantareira, em São Paulo.

Confira a versão ampliada desse artigo em: adm.to/dif_empre

Queremos o seu texto publicado aqui na revista Cadastre-se em administradores.com e publique artigos em sua conta. Os textos mais interessantes serão selecionados e poderão estar na próxima edição da Administradores.

Nem todo empresário é empreendedor

por otávio augusto

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ilustração niandson leocádio

e modo geral, podemos analisar o termo empreendedorismo a partir de duas visões, que são distintas em aspectos importantes, mas não excludentes. A primeira referese ao sujeito que abre uma nova empresa. Neste caso, a iniciativa está associada muito mais às questões de desenvolvimento econômico nacional ou regional. Já a segunda, e talvez a que deva ser mais estimulada, é a visão empreendedora como atitude de qualquer indivíduo. Hoje, as faculdades e universidades, em especial os cursos de Administração, possuem um foco na visão empreendedora, que caracterizou o desenvolvimento econômico norte-americano, entre as décadas de 1960 e 1980. Em menor escala, este desenvolvimento também ocorreu na Europa e no Oriente, no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Trata-se do caráter de inovação como ponto fundamental para o empreendedorismo. Deste modo, evidenciamos o ato de empreender como qualquer iniciativa que resulta em inovação, seja no processo administrativo, de mercado, de produto ou serviço. Esta visão de que empreendedorismo e inovação caminham juntos foi a responsável por diferenciar qualquer lanchonete que fazia hambúrgueres do McDonald’s ou, ainda, qualquer bar ou cafeteria da Starbuck’s. Abrir um negócio próprio cria um novo empresário. No entanto, desenvolver uma concepção de serviço que apresente modos e formas de gestão, produção, distribuição e marketing diferenciados caracteriza um empreendedor. Um exemplo prático é uma pessoa que percebe a carência no serviço de panificação em uma dada região e, diante disso, investe na abertura do estabelecimento para atender a esta demanda. Se o investidor obedecer aos moldes tradicionais de serviços prestados pelas padarias em geral, então temos um empresário e não um empreendedor. Por outro lado, se esse mesmo investidor desenvolver uma concepção de serviço de

panificação que agregue valor comercial, mercadológico e crie uma nova demanda de clientes e consumidores ao setor, então temos um empreendedor. A iniciativa empresarial inovou o ramo de panificadoras, agregando valores novos e inusitados ao ramo de atividade. Portanto, há três pontos que promovem um empreendedor hoje: conhecimento da ciência administrativa em todos os seus aspectos; capacidade de inovação criativa no que diz respeito a todos os detalhes das relações de negócios (business) e, finalmente, uma boa dose de arrojo para promover seu empreendimento, buscar parcerias e conhecimentos necessários, além de desenvoltura para correr riscos, inerentes a todo processo inovador. As empresas, cada vez mais, buscam nos colaboradores os traços de empreendedorismo. Quanto mais uma área de negócio ou ramo de atividade torna-se competitivo, maior é a necessidade do gestor em motivar equipes e parceiros a criar processos e modos de relacionamento que promovam inovação e diferenciem-se no mercado. Ou seja, a equipe deve sentir-se disposta a reinventar tudo o tempo todo. Embora empreendedorismo, inovação e criatividade sejam temas muito discutidos, o desafio é reorganizar a postura frente à administração tradicional. Ainda hoje, profissionais e processos valorizam manter algo em detrimento da possibilidade do novo. Para incentivar uma gestão empreendedora é preciso inverter esta lógica. A alta cúpula deve estimular e valorizar as inovações responsáveis e viáveis, bem como os profissionais comprometidos com o conhecimento. Empresas como Walmart, Nike e Apple são alguns exemplos da capacidade de inovar e incentivar essa política. Nem toda inovação é garantia de sucesso. O risco é inerente à inovação. O empreendedorismo exige esta postura inquieta e curiosa em busca do novo e da melhoria de processos e resultados contínuos.

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FORA dO QUADRADO

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Uma seleção de produtos para quem é eclético: tem opção para músicos, nerds e até para quem está envolvido em um #projetoverão do Instagram, querendo emagrecer, mas sem tempo para ir à academia. Confira! por lívia pereira

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fotos divulgação

1 Banho 3 musical

Jantar 2 para dois (ou quatro) 1 Mouse invisível Depois que aderimos quase que completamente à tecnologia touch, fica difícil pensar em gadgets com superfícies que não respondam a gestos, como a “pinça” que fazemos com os dedos para dar zoom nas telas de tablets e smartphones. O evoMouse é um dispositivo capaz de tornar qualquer superfície em uma tela sensível ao toque. O dispositivo se conecta ao computador através de um cabo USB. Você pode clicar, arrastar e deslizar os dedos pela superfície, como um mouse de verdade – exceto porque não tem um mouse a vista. $79.99, na Think Geek. adm.to/mouse_invi 52

Essa é para quem curte ouvir música em qualquer lugar e a qualquer momento – até mesmo na hora do banho. Se você é do tipo que leva o celular (ou mais antigamente, o microsystem) para o banheiro, pode ficar tranquilo sobre danificar os equipamentos com água. Com o alto-falante Sound Splash você poderá ouvir música sem se preocupar, basta conectar o seu celular ou outro gadget de sua preferência, através do Bluetooth. $49.99, na Think Geek. adm.to/banho_ musical

Às vezes nossas mesas de cozinha são pequenas demais quando chamamos amigos para tomar um café, mas no dia a dia não precisamos de uma grande. Para esse tipo de ocasião, onde é impossível decidir se deve ou não comprar uma mesa que caiba mais pessoas, o artista Bernard Vaurnesson desenhou um modelo com placas deslizantes que permitem adaptar o formato e as cores da mesa, de acordo com suas necessidades. $1,800.00, na Moma Store. adm.to/mesa_variada

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De frente com os pássaros

Hoje em dia todo mundo parece ser fotógrafo, com seus smartphones sempre prontos para capturar uma foto do cachorro ou da família. Entretanto, ainda é difícil conseguir uma foto frontal de um pássaro… Com o Bird Photo Booth os pássaros não vão se assustar, porque eles vão estar lá, comendo pacificamente no seu jardim, enquanto você, de dentro de casa, controla a câmera do celular remotamente. $149.99, na Think Geek. adm.to/bird_photo

Passatempo 4 para nerds Quem nunca comprou uma revistinha com os famosos passatempos numéricos estilo Sudoku ou passou horas tentando montar um daqueles cubos mágicos coloridos? Você acha esses passatempos difíceis? Agora, imagine um cubo de Sudoku. Pensar em algo assim já faz o cérebro começar a doer, mas pode ser um presente perfeito para os nerds de plantão. $5.13, na Amazon. adm.to/cubo_sudoku

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6 Desenhos em 3D A tecnologia 3D vem dominando diversas áreas - do cinema à televisão e até nos bloquinhos. Isso mesmo, nos bloquinhos! Trata-se do 3D Drawing Pad. Tudo que é escrito e desenhado no bloco torna-se criações em três dimensões - se você estiver usando os óculos certos, é claro. $6.99, na Think Geek. adm.to/desenho3d

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Para gastar 7 menos com os filhos Bebês crescem rapidamente e, dessa forma, os pais precisam estar sempre comprando carrinhos, andadores, triciclos… Não seria muito mais fácil (e barato!) se existisse um carrinho que pudesse ser transformado à medida que os filhos crescem? O Piv-o é o conceito de Luis Pereira Twist para o carrinho de bebê que pode virar um andador e um triciclo, especialmente para crianças entre 0 e 5 anos. Quando seu filho for mais velho, você só vai precisar comprar a bicicleta. Entenda o projeto no vídeo. adm.to/piv-o

Smartphone 8 quase de Lego Estamos inseridos em uma cultura de descartáveis e isso inclui nossos gadgets. Quando o celular ou tablet quebra, geralmente é só uma pecinha, mas precisamos comprar um aparelho novo, em vez de ter uma forma de consertar aquele pequeno problema. Pensando nessa lógica, Dave Hakkens desenvolveu um conceito de telefone em blocos, onde cada parte se encaixa em uma base e pode ser removida ou trocada sempre que necessário – como em um jogo de LEGO. Por enquanto, tudo não passa de uma ideia, mas o projeto está recebendo doações para tornar-se real. adm.to/cel_lego

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Chega de interromper o cochilo

Todos sabem como é bom dormir, mas sempre tem quem goste de interromper o sono alheio. Para isso é sempre útil ter algo que cubra seus olhos, caso algum engraçadinho resolva ligar as luzes do quarto no meio daquele cochilo depois do almoço. O The HoodiePillow Case é um travesseiro com um capuz que você pode usar para evitar perturbações ou apenas se manter aquecido. Além do travesseiro convencional, há o formato de viagem, perfeito para não deixar o pescoço doendo em longas viagens. $19.99 (um modelo) ou $29.99 (o conjunto), na Think Geek. adm.to/sono_ completo

10 Controle a energia Extensões de tomadas podem ser úteis, mas seria ainda melhor se elas pudessem ser programadas para desligar em um determinado horário ou quando estamos fora de casa, por exemplo. A Wink Enabled Power Supply é uma extensão com quatro tomadas que podem ser controladas por um simples aplicativo de smartphone. Você pode controlar de onde estiver e até agendar um horário específico para que seja interrompido o fornecimento de energia do grupo de tomadas específico. $79.99, na Think Geek. adm.to/tomada_int

Carregue o 11 notebook pedalando Já imaginou trabalhar e, enquanto isso, queimar umas calorias a mais? Além de tudo, sem precisar usar energia elétrica! Essa é a proposta do Pedal Power, um conceito de mesa de trabalho com bicicleta, que carrega o seu notebook com a energia gerada enquanto você pedala. Há uma campanha de crowdfunding para financiar a ideia e você pode assistir a um vídeo sobre o projeto neste link adm.to/note_pedala.

Guitarra 12 desafinada nunca mais Se você é guitarrista ou aspirante a músico, entende o drama que é subir no palco e, quando começa a tocar, perceber que não afinou o instrumento. Há alguns anos a Tronical lançou um sistema de afinação motorizado – que já vinha em alguns modelos de guitarra Gibson – e deixava toda a guitarra afinada em poucos segundos. Entretanto, qualquer simples guitarra poderá se beneficiar do sistema. $299.00, na Tronical. adm.to/afinador_ rapido

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divulgação

ENTRETENIMENTO | curiosidades, humor e sustentabilidade

MKT de guerrilha

Mascar chiclete o deixa mais inteligente?

Carros que andam sozinhos Uma cidade inglesa tornará realidade o que antes só existia em filmes de ficção: carros sem motoristas. Em 2015, a cidade de Milton Keynes receberá 100 automóveis do tipo, totalmente elétricos, que integrarão seu sistema de transporte público ao custo de duas libras. A tecnologia usada para a navegação dos veículos, ou seja, para evitar acidentes, é um misto de GPS, sensores e câmeras de alta definição. De início, na fase de testes, os passageiros terão uma espécie de joystick para controlar o automóvel quando necessário. 54

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Não exatamente, mas uma pesquisa liderada por cientistas da Cardiff University, no Reino Unido, constatou que pessoas que mascam chiclete constantemente têm níveis de alerta mais altos, em comparação a pessoas que não o fazem. Os pesquisadores encontraram evidências que a prática também pode, em alguns casos, melhorar o estresse crônico, mas alertam na publicação que os resultados foram mistos e não conclusivos cientificamente.

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Niandson Leocádio

aroma do café feito na hora. Em Los Angeles havia um picolé de sete metros de comprimento no chão. Além do produto, uma placa compunha o cenário na rua: “esse é um pequeno trabalho para o Big Spills”.

Niandson Leocádio

Niandson Leocádio

A intervenção urbana é uma das “modalidades” mais usadas no Marketing de Guerrilha. O motivo é simples: é uma das que mais impressiona o receptor. E foi exatamente esse artifício que a Procter & Gamble usou para promover a sua linha de papel toalha Big Spills. A empresa derramou produtos de tamanho gigante pela rua. Em Nova York foi colocado um copo de café de seis metros de altura derrubado e derramando sobre a calçada – com vapor e

Todos os livros de graça na Noruega Digitalizar e disponibilizar. Assim foi definido na Noruega. Por lei, a Biblioteca Nacional do país deve ter uma cópia de todos os livros – assim como todos os conteúdos midiáticos – publicados no local. E como a instituição pretende digitalizar todo seu acervo, até 2020 todos os livros em norueguês deverão ter versões eletrônicas. Toda essa propriedade intelectual, incluindo obras protegidas por copyright, será disponibilizada gratuitamente para aqueles que acessarem o sistema da biblioteca dentro do país. Ah, se essa moda pega.


AçÕES para um mundo melhor

DES COM Como seria viver PLI numa casa de CAN garrafas PET? DO por

GRÁFICO DE PARETO Análise dos temas relacionados por ordem de frequência. É uma forma especial de gráfico de barras verticais que nos permite determinar quais problemas resolver e qual a prioridade.

MENTORING Profissional mais velho, com experiência e habilidade de relacionamento, que acompanha e passa para o mais novo suas ideias sobre o trabalho e a carreira.

OMBUDSMAN Palavra de origem sueca que significa “o homem que representa os interesses”, ouvidor, profissional que tem como missão intermediar a comunicação entre o público e a empresa.

eber freitas

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ilustração

niandson leocádio

Projeto avalia conforto térmico de construções feitas com material reciclado e constrói casas de baixo custo. De acordo com o IPEA, o déficit habitacional no Brasil caiu entre 2007 e 2013 de 10% para 8,53% dos domicílios – o equivalente a 5,24 milhões de residências. São pessoas que vivem em moradias precárias, pagam aluguel alto demais para a própria renda ou convivem com outras famílias em um mesmo local. Por outro lado, produzimos 61 milhões de toneladas de lixo por ano, e boa parte é formada por materiais que poderiam ser reutilizados ou reciclados – sem mencionar a destinação inadequada dos resíduos. Uma alternativa que poderia ser bem estudada para amenizar ambos os quadros é a utilização de lixo reciclável para construir moradias dignas, confortáveis e de baixo custo. Essa é a missão de um projeto encabeçado por estudantes e professores da Fatec

Presidente Prudente (SP). O projeto, que teve como objetivo avaliar o conforto térmico em residências construídas com materiais recicláveis, foi vencedor do prêmio Instituto 3M para estudantes universitários em 2013 e ganhou R$ 30 mil para reverter a ideia em benefícios para a comunidade. A expectativa é que as primeiras construções fiquem prontas em maio deste ano, segundo uma das orientadoras do projeto, a professora Camila Cremasco. Ela afirma que o custo de construção do imóvel gira em torno de R$ 8 mil: “estamos usando tudo reciclado e o

mínimo de material possível. Consideramos tanto o lado econômico quanto o ambiental. Uma comunidade de baixa renda teria condições de construir um ambiente assim, com o auxílio de uma pessoa responsável”, afirma. As casas são construídas com garrafas de dois litros preenchidas com barro, material que deve ser substituído futuramente por um mais adequado. Cremasco diz que todos os aspectos – acústica, conforto térmico, qualidade visual, dentre outros – são trabalhados nas construções, que por enquanto estão acontecendo apenas nos terrenos da Fatec.

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ENTRETENIMENTO | Leitura e cinema

LEITURA Os autores documentam como o progresso nas áreas de inteligência artificial, robótica, biologia sintética e de outras tecnologias permitirão que todo ser humano disponha, nas próximas duas décadas, de ganhos na qualidade de vida maiores que os obtidos nos últimos dois séculos. Em mais de 400 páginas enriquecidas por depoimentos, pesquisas e dados difíceis de questionar, os autores exploram como quatro forças emergentes – tecnologias exponenciais, inovadores que seguem a filosofia faça-você-mesmo, tecnofilantropos e o bilhão ascendente – conspiram para resolver os maiores dilemas da humanidade. Um dos principais exemplos citados vem da cidade planejada de Masdar, nos Emirados Árabes Unidos, que está sendo construída pela Abu Dhabi Future Energy Company. Localizada na periferia de Abu Dhabi, Masdar foi projetada para abrigar 50 mil moradores. Nesse caso, nenhum carro será permitido na cidade, e nenhum combustível fóssil será consumido dentro do seu território, apesar de Abu Dhabi ser considerado o quarto maior produtor de petróleo da OPEP. A cidade inteira está sendo construída para um futuro pós-petróleo, ameaçado pela falta dessa matéria-prima fóssil. Como? A quantidade de energia solar que atinge a atmosfera foi calculada em 174 petawatts. Desse fluxo solar total, cerca de metade atinge a superfície da Terra. Como a humanidade consome atualmente

aproximadamente 16 terawatts anuais (2008), existe, portanto, mais de cinco mil vezes energia solar atingindo a superfície do planeta do que consumimos num ano. Com base nesse e em outros exemplos citados, Diamandis e Kotler são enfáticos: o problema não é de escassez, mas de acessibilidade. Isso não é diferente com a água, considerando que Masdar fica no Golfo Pérsico, um grande corpo aquoso, entretanto, salgado demais para o consumo ou para a produção agrícola. Mas, e se uma nova tecnologia conseguisse dessalinizar uma pequena fração dos oceanos para resolver o problema da água, não apenas do Golfo Pérsico, mas de outros países também? Diamandis e Kotler têm até uma explicação para o lado cético das pessoas: fomos programados para ver o mundo como um lugar ameaçador, inóspito, competitivo, portanto, nosso pessimismo é natural e não nos deixa perceber as revoluções silenciosas das quais fazemos parte. Com escassez ou abundância, construir um mundo melhor é o maior desafio da humanidade. Abundância é uma palavra mais otimista do que escassez e devemos torcer para que uma combinação adequada de tecnologia, de pessoas sensatas e de capital seja capaz de superar qualquer obstáculo.

A arte de falar em público

Minha mãe é um negócio

A Bíblia do empreendedor

por stephen lucas

por patricia travassos e ana claudia konichi

por melinda emerson

A obra apresenta, além de teorias clássicas e contemporâneas da retórica, ferramentas essenciais para o desenvolvimento de habilidades práticas da oratória.

O livro traz histórias reais de mulheres que, após a maternidade, seguiram uma tendência mundial de comportamento: o empreendedorismo materno.

A autora propõe um cronograma de 12 meses para se começar um plano de negócios eficaz, reduzindo drasticamente os inevitáveis erros dos iniciantes.

McGraw-Hill /Bookman, 424p. R$ 62,00

Editora Saraiva, 152p. R$ 29,90

Editora Gente, 248p. R$ 29,90

Abundância: o futuro é melhor do que você imagina por jerônimo mendes

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imagem divulgação

O livro de Peter Diamandis, empreendedor que se tornou um inovador pioneiro no Vale do Silício, e Steven Kotler, premiado jornalista, dá um nó na cabeça de quem acredita que o mundo está prestes a enfrentar um colapso por escassez de recursos. Segundo os autores, a humanidade vai entrar numa era de superabundância, onde as tecnologias tornarão produtos e serviços essenciais tão baratos que todos os habitantes do planeta terão acesso àquilo que, até há pouco tempo era privilégio dos mais abastados.

Ed. HSM Management, 424p. R$ 69,90 Jerônimo Mendes é administrador, empreendedor, escritor e palestrante. Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE.

ESTANTE

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CINEMA

O Negócio por

A série conta a história de Karin, Luna e Magali, três mulheres lindas e inteligentes que se unem com o objetivo de revolucionar a profissão mais antiga do mundo.

daslei ribeiro

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divulgação

Sexo vende, já diz o ditado, e essa é a premissa do seriado nacional O Negócio, produzido e transmitido pela HBO Latin America. Só não se engane, mesmo tendo um conteúdo sexual explícito, esse seriado é sobre marketing e administração de empresas. A série poderia ser resumida à saga de uma funcionária assalariada que resolve largar o emprego para abrir sua própria empresa, mesmo não tendo noção alguma de empreendedorismo ou mesmo de administração, sendo que o ramo que tal personagem atua é a prostituição. Karin (Rafaela Mandelli), nos seus 31 anos, é uma acompanhante de luxo já em fim de carreira, ou é assim que Ariel (Guilherme Weber), seu booker (o nome chique para cafetão), a vê e por essa razão começa a substituí-la por uma garota mais nova, tirando aos poucos seus clientes e o seu sustento. Não suportando mais essa situação, ela decide largar tudo e declarar independência, abrindo uma empresa de acompanhantes onde elas próprias mandariam e não seriam enganadas por bookers ou qualquer outro tipo de intermediário. Assim, um business plan foi traçado. O plano é interessante e de certa forma inovador, mas ela esbarra na sua falta de conhecimento do mercado em que participa. Nesse momento entra em cena Luna (Juliana Schalch), outra garota de programa e melhor amiga de Karin, que estuda Administração, mesmo que apenas por segundas intenções - a de arranjar um marido rico. Juntas as duas começam a pôr o plano em movimento. Mesmo sem preparação acadêmica, Karin já tinha certa noção de naïf, de empreendedorismo, como fidelização e necessidade de uma experiência exclusiva. No entanto, não é porque você compartilha da mesma cama com seu cliente que quer dizer que real-

mente entende seu público-alvo. Aos poucos ela vai aprendendo as regras do jogo, na base de tentativa e do erro. Só que não se restringe à ação, ela busca o conhecimento técnico através da leitura dos livros de Administração e Marketing emprestados por Luna, além de ir a palestras e encontros de negócios. Cada episódio funciona como uma pequena aula introdutória de marketing, tanto que os títulos de cada um remetem a conceitos da área, como reposicionamento, venda casada, share of heart, share of wallet, entre outros. Karin aprende sobre os conceitos e tenta aplicá-los em sua empresa. Por vezes, ela tenta explicar para Luna, que se perfaz de olhos e ouvidos de espectador. É claro que não é nada aprofundado, mas introduz bem o assunto, como no primeiro episódio, quando Karin propõe ao dono de uma boate aplicar um conceito de marketing. A ideia é uma promoção entre os operadores da bolsa de valores, na qual, a porcentagem que a Bolsa de Valores cair é a porcentagem de desconto que os clientes ganharão, com suporte no mecanismo do circuit breaker, que não permite o limite da baixa ultrapassar 20%. “Não é porque é a profissão mais antiga do mundo, que precisa ser a mais atrasada também”, dispara a personagem. O seriado em si não é um mercado inexplorado; já tiveram outros que exploraram essa junção de administração e marketing no dia a dia, até mesmo na própria HBO. É o caso de Preamar, onde um executivo descobre o potencial financeiro nas praias do Rio de Janeiro. O que difere O negócio dos outros seriados e explica o seu sucesso é que sexo vende e esse é o verdadeiro “oceano azul” deles. Daslei Ribeiro é video maker, viciado em seriados de TV, mas nunca quis abrir um negócio desse nível.

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PONTO FINAL EMPREENDER

O papel do administrador no empreendedorismo por leandro vieira

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ilustração niandson leocádio

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Leandro Vieira é publisher da revista Administradores e acredita que a Administração é o elemento-chave para o sucesso de qualquer negócio.

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s profetas do empreendedorismo estavam certos: para uma economia funcionar, é necessário empreender. O empreendedorismo conduz ao desenvolvimento econômico, gera e distribui riquezas e benefícios para a sociedade. Os empreendedores são realmente os grandes propulsores da economia. Tenho especial admiração pelo esforço que diversas instituições como o Sebrae, o IEL, a Endeavor, a Anprotec, além de universidades, incubadoras e empresas juniores, têm dedicado à disseminação da cultura empreendedora. Porém, é importante nos questionarmos: apenas empreender é o suficiente? Tenho calafrios sempre que visito a página do Sebrae. Na última atualização do seu estudo sobre a sobrevivência empresarial no Brasil, que analisou o período entre 2007 e 2010, constatou-se que a cada 100 novas empresas criadas, 24 não conseguem completar dois anos de atividade. Logicamente, é no sentido de atenuar esse quadro que a disseminação do espírito empreendedor encontra a sua principal razão. Por outro lado, parece-me que temos empreendedores de mais e (bons) administradores de menos. A situação é a seguinte: aproximadamente 93% das empresas criadas a cada ano são compostas por apenas quatro pessoas. Também existe uma forte relação entre o porte do empreendimento e as suas condições de sucesso: quanto menores as empresas, maior a taxa de mortalidade. As entidades citadas no início do artigo concentram-se em dotar os empreendedores com as ferramentas básicas da gestão empresarial. O que podemos

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perceber é que tais conhecimentos não têm sido o suficiente para garantir-lhes um lugar ao sol. Os empreendedores acabam se deparando com situações não previstas em seu plano de negócios e aí entra uma nova variável não incluída no estudo do Sebrae: quanto menor for o conhecimento do empreendedor em Administração de Empresas, maior a possibilidade de fracasso do seu empreendimento. Deve-se acabar com a ilusão de que apenas empreender é o suficiente. É preciso que se entenda que uma empresa se constrói no dia a dia, através de um fluxo contínuo de resolução de problemas, gerenciamento de conflitos e de jogos de interesse, tomada de decisões, relacionamento com clientes e fornecedores, gestão de pessoas e de recursos – um processo intenso de planejamento, organização, direção e controle, para relembrar as funções clássicas delineadas por Fayol. Em resumo: os empreendimentos precisam ser administrados para que possam gerar resultados satisfatórios e progredir. Peter Drucker já afirmava que tentar dissociar a Administração de Empresas do Empreendedorismo seria o mesmo que dizer que “a mão do violinista que dedilha as cordas e a mão que comanda o arco são ‘adversárias’ ou ‘mutuamente exclusivas’”. O empreendedor deve saber administrar, assim como também deve ser dotado de forte espírito empreendedor. Somente assim construiremos empresas duradouras e bem sucedidas. E então: o espírito empreendedor é necessário? Sim. É fundamental. Mas esse espírito precisa encontrar um corpo capaz de administrar negócios, senão de nada adianta...


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