#22 A Administração move o mundo

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INFOGRÁFICO Como funciona o esquema da pirâmide financeira

endobranding Uma nova forma de reforçar a marca

EXPERIÊNCIA Como é passar 11 meses sem celular setembro/outubro de 2013 – ano 2 – no 22 www.administradores.com R$ 12,50

˜ a administracao move o mundo

Entenda como a Administração está presente em todos os aspectos da vida, das carreiras, dos negócios e das sociedades de todo o mundo.




sumário

A Administração move o mundo Entenda como a Administração está presente em todos os aspectos da vida, das carreiras, dos negócios e das sociedades de todo o mundo.

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feedback

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ambiente externo

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online

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entrevista

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administradores.com

Henry Jenkins fala sobre o papel da cultura participativa nas mobilizações e na indústria

agosto/setembro 2013


16 acadêmico

20 | insight

26 | carreira

Entenda mais sobre a mobilidade acadêmica

Iniciativas sociais que fizeram (e fazem) a diferença por Henry Mintzberg

Por que um diretor deve ser humilde?

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contraponto Você é a favor da exigência da formação em Administração para chefes do poder executivo?

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pei, buf! Como utilizar o QR Code no cartão de visitas

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32 | infográfico 34 | marketing 46 | gonzo O esquema de Pirâmide: quer ganhar dinheiro fácil? Pergunte-me como

Endobranding: a nova tendência no marketing

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O QUE DRUCKER FARIA

ADMINISTRADORES NA HISTÓRIA

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Versão brasileira, Herbert Richers

artigo

ADMINISTRADORES DO FUTURO

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estratégia Como as empresas podem atrair e manter os funcionários do futuro?

A maldição da frequência por Seth Godin

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artigo do leitor Administração por vocação por Dayane Merellyn

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Hora marcada por ordem de chegada por Leandro Vieira

mente aberta

Como é passar quase um ano, na prática, sem celular?

FORA DO QUADRADO

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ENTRETENIMENTO - Curiosidades e humor - Ações para um mundo melhor - Leitura: Darwin vai às compras - Cinema: A Datilógrafa

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ponto final Converse com consumidores antes de construir qualquer coisa por Sramana Mitra administradores.com

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EDITORIAL

Expediente

48 anos para comemorar e refletir Administrar. Esse é um verbo extensivamente presente em nosso dia a dia, até mesmo daqueles que fingem ignorá-lo. Afinal, imagine qualquer empresa sem controlar suas atividades, nossa vida sem organização e planejamento ou uma nação sem os seus processos administrativos. Um caos, sem dúvida. Ainda não está levando muita fé no que estou falando? Então, ok. Faça o seguinte: dê uma rápida pausa na leitura desse texto e olhe ao seu redor. Imagine todo o processo que esses objetos e itens passaram até chegar à sua frente. Imagine cada empresa, desde o setor primário, de fabricação, de vendas, até o próprio transporte que fez com que eles estivessem aí. Imagine quantas formas de gerir e administrar estiveram envolvidas? Percebeu? Desde que o Portal Administradores foi fundado, isso ainda em 2004, e, posteriormente com a própria revista e TV Administradores, um mantra sempre perpetuou a nossa trajetória: a administração está presente em tudo e ela move o mundo à frente. Não é à toa que esse foi o tema principal para a reportagem de capa desta edição. Mostrar o quanto o verbo - administrar - é fundamental para o funcionamento e desenvolvimento de uma sociedade melhor. Por isso, colhemos depoimentos de administradores de diversas partes do Brasil e do mundo para nos mostrarem como, na essência, a Administração (ou a má utilização dela) interfere diretamente na vida das pessoas. A data, sem dúvida, não poderia ser melhor. No dia 9 de setembro comemora-se o dia do Administrador. Em 2013 são 48 anos da assinatura da Lei nº 4769, que criou a profissão de administrador. Carreira essa que é a que mais cresce no Brasil. Nunca houve tanta procura pelo curso de graduação na área. Nunca palavras como empreendedorismo, liderança e planejamento foram tão repetidas. Mas se o clima é de otimismo, cabe também uma reflexão e busca por melhorias.

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Muitos cursos ainda são estruturados de maneira rígida, com disciplinas que não acompanham a evolução do mercado. O resultado: aulas mal aproveitadas e oportunidades de aprendizado que passam batidas. Porém, o mais importante está na própria consciência de crescimento de cada um. É preciso que cada administrador entenda que a melhor forma para o seu desenvolvimento pessoal e profissional é ampliar a sua base de conhecimento. Ler, escutar, praticar, aprender, participar, não se restringir apenas ao que lhe é colocado, mas buscar sempre algo a mais. Em todas as edições da revista Administradores nos esforçamos ao máximo para proporcionar isso a você – queremos contribuir com a sua evolução. Neste exemplar não será diferente. Nas próximas páginas você encontrará desde conceitos novos no Brasil como universidade integrada e endobranding, além de reflexões sobre uma possível exigência de formação em Administração para chefes do poder executivo, até a cultura participativa, que move pessoas às ruas para se manifestarem. Há dicas para você melhorar desde o seu cartão de apresentação até virtudes que podem ser aperfeiçoadas, como a humildade. A Administração, sem dúvida, move o mundo, mas, antes de tudo, precisamos nos mover. Boa leitura! Fábio Bandeira de Mello editor

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CONTATOS Assinaturas www.administradores.com.br/revista PUBLICIDADE comercial@administradores.com.br +55 (83) 3247 8441 correspondência Av. Nossa Senhora dos Navegantes, 415 / 304 - Tambaú - João Pessoa - Paraíba CEP 58039-110 redação revista@administradores.com.br Publisher Leandro Vieira leandro@ administradores.com.br Redação Editor Fábio Bandeira de Mello fabio@ administradores.com.br Repórteres Agatha Justino agatha@ administradores.com.br Eber Freitas eberfreitas@administradores.com.br, Fábio Bandeira de Mello, Mayara Chaves mayara@ administradores.com.br e Simão Mairins simao@administradores.com.br Revisão Danielle Vieira COLABORADORES Adriano Gomes, Antonio Argandoña, Daslei Ribeiro, Dayane Merellyn, Guilherme Azevedo, Henry Mintzberg, ldemar Cassias, Kees van der Graaf, Raniere Rodrigues, Rique Nitzsche, Seth Godin, Sramana Mitra, Thomas Malnight, Tom Coelho, Tracey Keys. ARTE DIREçÃO Thiago Castor thiago@administradores.com.br Design e ilustração Niandson Leocádio EDITOR DE vÍDEO Daslei Ribeiro daslei@administradores.com.br COMERCIAL Diretor Comercial Diogo Lins diogo@administradores.com.br FINANCEIRO Anna Vita Vieira annavitavieira@administradores.com.br Atendimento ao Leitor Anna Valéria Onofre annavaleria@administradores.com.br Impressão Gráfica Moura Ramos www.mouraramos.com.br


EMPREENDEDORISMO: CHILE 3

Apesar dos inúmeros bons exemplos do Chile, é bom lembrar que ele ainda é um país tão desigual quanto o Brasil. Depende muito da extração dos recursos naturais e grande parte do dinheiro fica nas mãos de pouquíssimas pessoas. A educação superior é uma das mais caras do mundo. Temos sim vários bons exemplos do Chile a seguir, mas não acho que já é um país de primeiro mundo na América, está longe disso, apesar de também acreditar que é um dos países que estão caminhando mais rápido para isso. Paulo Athayde Vilela

EMPREENDEDORISMO: CHILE 4

CAPA

Medo excita, empolga... desafia! Sentir medo é um sinal de instinto de sobrevivência. Por isso é bom sentir medo e fazer a adrenalina subir. Lucélia Ustulin Garcia

do acadêmico praticar de alguma forma o que aprende na teoria e também uma maneira de tornar as aulas mais dinâmicas e proveitosas, indo além dos slides muitas vezes apenas lidos. Adriéle Falcão

CAPA 2

Que matéria assustadoramente genial!!! Parabéns.

O POP ATACA AS SALAS DE AULA 2

Dani Rachid Viana

Luciano Oliveira

CAPA 3

EMPREENDEDORISMO: CHILE

No Brasil, todos nós vivemos sob o domínio do medo, principalmente quem vive nas grandes cidades.

Está aí a diferença entre um país que tem liberdade econômica e um país onde o governo fica se metendo em tudo, até no tipo de tomada que usamos, e se podemos usar este ou aquele tipo de lâmpada. Em 2020, o Chile será país de primeiro mundo e o “braziu”, neste ritmo, nunca.

Wilma Adam

CAPA 4

Vencer o medo é o nosso maior desafio. Célia Rejane Maciel

Tendência anos 1990 com força total.

Emilio Sanchez

O POP ATACA AS SALAS DE AULA

Acredito que são válidas práticas inovadoras de transferência do conhecimento, de ensino, pois é uma maneira

EMPREENDEDORISMO: CHILE 2

Desejo muito que a Sra. Dilma leia isso.

Me lembrei do “Chi Chi Chi le le le.. los mineros de Chile!”, que os mineiros chilenos gritavam de alegria quando foram retirados das profundezas onde estavam presos... Povo guerreiro! Christine Hasse

APRENDIZADO

Sou leitor assíduo da revista, estou no 1º período, mas logo penso em ser um bom profissional na área de Administração. Leio porque sendo jovem possuo anseios, medos pelas quais passamos ao adentrar nas portas da faculdade. Desde já agradeço pela revista indiretamente sanar questionamentos, e peço que alcance mais jovens, pois em suas mãos estão o peso do futuro. Pedro Luiz Amaro

Mande também O seu recado para a Administradores através do revista@administradores.com.br

Bruno Alexandre Bonvini

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AMBIENTE EXTERNO | RÁPIDAS

FRASES PIRÂMIDE DESTRUÍDA

AFP

Em menos de uma semana, um monumento milenar foi transformado em cascalho. Uma empresa no Belize, país da América Central, utilizou escavadeiras para destruir uma pirâmide construída pelos maias há 2.300 anos e transformá-la em matéria-prima para a construção de estradas. A pirâmide fica em terras privadas, de controle de uma empresa de cana-de-açúcar, mas segundo o governo do país os artefatos arqueológicos são protegidos por lei e não poderiam ter sido destruídos.

Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e solidário!

Papa Francisco

Líder da Igreja Católica, em um de seus discursos na visita ao Brasil no final de julho.

Defendo o desenvolvimento sustentável, mas não gosto de nhenhenhém. Não gosto de quem coloca o dedo na sua cara

Oskar Metsavaht Fundador e diretor criativo da Osklen, ao ser indagado sobre sustentabilidade.

ADMINISTRAÇÃO EM FESTA O Dia Nacional do Administrador é comemorado no dia 9 de setembro. A data foi escolhida por ter sido o dia de assinatura da Lei nº 4769, que criou a profissão de administrador no Brasil. O cargo, apesar de fundamental, é relativamente novo e comemora 48 anos de existência, tendo sido regulamentado em 1965.

CONFLITOS NO EGITO Após o impacto da Primavera Árabe, em 2011, o Egito continua afundado em uma grande crise. Em uma onda de violência, em agosto morreram 750 pessoas em apenas três dias. Chanceleres de diversos países que integram a União Europeia já anunciaram a suspensão das licenças de exportação de equipamentos de segurança e de armas para o Egito. O governo do país anunciou que vai reformar as instituições e leis relacionadas aos direitos humanos para “completar a construção democrática”. 8

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ADOLESCENTE ACUSADO DE ASSASSINAR FAMÍLIA No dia 5 de agosto, cinco membros da família Pesseghini foram encontrados mortos em casa, na zona norte de São Paulo. Entre as vítimas, estavam dois policiais militares e o filho do casal, Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, de 13 anos. Uma das linhas de investigação se trata de uma vingança policial, no entanto, os investigadores acreditam na hipótese de tragédia familiar. Segundo essa teoria, o adolescente Marcelo teria atirado na família entre a noite do dia 4 e a madrugada do dia 5. Em seguida, foi para a escola com o carro da mãe, assistiu às aulas pela manhã e chegando em casa teria cometido suicídio. Até o fechamento desta edição o caso ainda não tinha sido concluído.

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Não dá para ter 100% de segurança, 100% de privacidade e zero de inconveniência

Barack Obama

Presidente dos EUA, ao defender a espionagem da NSA na internet.

O câmbio foi criado por Deus para humilhar os economistas. Nunca se sabe para onde ele vai

Edmar Bacha

Economista e um dos criadores do Plano Real, sobre a volatilidade do câmbio.


ONLINE | www.administradores.com

ARTIGOS

ENQUETE

#FICADICA

Empresa dos sonhos e líderes mais admirados pelos jovens brasileiros O que não te contam sobre Administração O consultor Fábio Zugman destaca o abismo entre a academia e a prática dentro da Administração. adm.to/naocontam

1º Eike Batista

1º Petrobrás

2º Roberto Justus

2º Google

3º Dilma Rousseff

ENTREVISTA

3º Itaú

4º Joaquim Barbosa

Educação 3.0: oito passos para a mudança

4º Vale 5º Santander 6º Nestlé

7º Jorge Paulo Lemann

O professor da Universidade de Nova York, James G. Lengel, explica como as escolas atuais ainda estão despreparadas e como elas podem se atualizar

7º Odebrecht

8º Bernardinho

8º Ambev

9º Graça Foster

9º PwC

10º Flávio Augusto da Silva

adm.to/educa3

10º Unilever

Como me tornei um milionário

Fonte: 12ª Edição da pesquisa Empresa dos Sonhos dos Jovens, da Cia de Talentos

TWITTER

g+

FACEBOOK

LINKEDIN

@admnews

adm.to/ orkutadm

adm.to/ facebookadm

adm.to/ linkedinadm

Super-Homem: a evolução moral e estética de uma marca O herói original tinha características morais bem distintas do personagem que conhecemos hoje nos filmes, desenhos e quadrinhos.

Carlos Wizard Martins, fundador da escola de idiomas Wizard e do grupo Multi Educação fala sobre o desafio de prosperar. adm.to/milionarios

FOI DESTAQUE NA WEB

reprodução

shutterstock

Andy Lidstone / shutterstock.com

adm.to/dezfilmes

adm.to/heroi_sm

Sincroniza os seus documentos do Google Drive. Compatível com Office, PDFs, fotos e vídeos.

EMPRESAS

6º Silvio Santos

Sebastião Luiz de Mello, presidente do CFA, elaborou uma lista com 10 filmes que todo profissional de Administração deve assistir

Shoeboxed

O app ajuda a organizar as contas da empresa. Basta fotografar o recibo e anotar onde e porque o gasto foi feito.

Memeo Connect Reader

LÍDERES BRASILEIROS

5º Lula

10 filmes que todo administrador deve assistir

APP

Saiba o que a Microsoft, Apple e o Google perguntam na entrevista de emprego Site americano selecionou as 20 perguntas mais complicadas feitas por empresas aos seus candidatos adm.to/entrev_dificil

Conheça o comercial infantil mais assustador da história Boneca lançada nos anos 70 soltava risadas bizarras, e a propaganda não ajudou em nada a amenizar esse traço. adm.to/boneca_susto

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ENTREVISTA | Henry Jenkins

O Admirável mundo novo da cultura participativa Autor do livro Cultura da Convergência, professor da Universidade do Sudeste da Califórnia (USC) e ex-diretor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Henry Jenkins falou sobre o papel da cultura participativa nas mobilizações e na indústria. por agatha justino

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fotos divulgação e pedro rufo shutterstock com

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urante a Copa das Confederações, os brasileiros foram protagonistas de mobilizações que tinham como objetivo melhorar os serviços pú-

blicos. Quem estava nas ruas fotografou e filmou os protestos e a ação da polícia, para divulgar na internet. Quem não pôde ir, compartilhou, criou memes e editou vídeos para difundir as ideias dos movimentos que estavam acontecendo. Esse estilo de ativismo se encaixa no que os pesquisadores chamam de cultura participativa. Velha conhecida da indústria, essa cultura corresponde ao anseio das pessoas de participarem, não apenas dos movimentos políticos, mas das obras que as empresas estão produzindo. Para falar sobre como os consumidores deixaram de lado o comportamento passivo para se tornarem agentes criativos, a revista Administradores entrevistou o americano Henry Jenkins, professor da Universidade do Sudeste da Califórnia (USC), ex-diretor do programa de estudos midiáticos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e autor do livro

Cultura da Convergência.

As preocupações sociais não começam on-line; os protestos não são conduzidos apenas on-line

Nos últimos meses, os brasileiros participaram de diversos movimentos sociais. Tudo começou quando alguns jovens decidiram protestar contra o aumento das tarifas de ônibus. Eles foram reprimidos pela polícia com violência e as imagens, vídeos e relatos desses momentos – que se espalharam pela internet – foram importantes para fazer com que a população fosse às ruas. Até onde a cultura participativa pode ir dentro dos movimentos sociais? Minha equipe de pesquisa na Universidade do Sudeste da Califórnia (USC) acompanhou esses eventos e, apesar da fragmentação das informações, nós podemos entender essas mobilizações criando um paralelo com o que vem acontecendo ao redor do mundo nos últimos anos. As preocupações sociais não começam on-line; os protestos não são conduzidos apenas on-line. Os movimentos populares estão utilizando qualquer canal de comunicação disponível para espalhar sua mensagem, para recrutar e mobilizar seus membros, e fazer as negociações em prol de mudanças políticas. Às vezes isso envolve as redes sociais, compartilhamento de vídeos, cartazes e quadrinhos; às vezes demonstrações ao vivo, batidas na porta das pessoas ou telefonemas para elas. A mídia digital simplesmente expandiu a variedade de mídias pelas quais nós conduzimos a política. Dito isso, globalmente, nós estamos vendo mais e mais protestos populares tomando forma. Esses movimentos também refletem um aumento da expectativa trazida pela expansão da capacidade de comunicação e promessas de participação nos processos de decisão que foram feitas mão a mão com o crescimento das novas mídias. Nós sabemos que, historicamente, protestos e revoltas acontecem não quando as condições são as piores de todas, mas quando as pessoas começam a imaginar a possibilidade de mudança. E, ao redor do mundo, as mudanças nos ambientes midiáticos e a retórica da participação resultaram no aumento da esperança por mudanças que agora estão sendo expressas pelas pessoas nas ruas – nos movimentos Occupy, na Primavera Árabe ou no que está acontecendo no Brasil.

Você poderia apontar ações de ativismo jovem que estão mudando nosso status quo? Eu participo de um grupo de pesquisa multidisciplinar, criado pela Fundação MacArthur, que busca entender melhor o que nós estamos chamando de política participativa. Nosso foco é a juventude, especialmente aqueles que estão entrando na vida política e cívica pela primeira vez. O que notamos é que as práticas podem utilizar formas variadas – desde o uso de imagens para a criação de memes até a edição de vídeos que podem ser compartilhados por meio do YouTube, de escrever um blog ou atualizar uma comunidade por meio do Facebook e Twitter. Isso pode envolver o “passe adiante” de conteúdo, como aconteceu quando o Invisible Children espalhou Kony 2012 para aproximadamente 100 milhões de pessoas agosto/setembro 2013

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em uma semana, simplesmente pedindo que as pessoas compartilhassem nas redes sociais com os amigos. Mas, isso também pode envolver a criação de um grafite embaixo da ponte. Eu quero dizer que esses jovens estão usando qualquer mídia disponível, não apenas focando seus esforços em uma plataforma única. O que isso tem em comum é que envolve jovens criando algo, fazendo algo que expressa diretamente como eles se sentem sobre algum assunto. Eles não são espectadores ou seguidores; eles são participantes. E isso significa que eles possuem uma relação diferente com as instituições de elite, com os editores e as pessoas que comandaram a política no Brasil.

Ainda sobre os movimentos no Brasil, eles são acusados de serem efêmeros e sem um foco específico. Como podemos sustentar uma revolução a partir da cultura participativa e inteligência coletiva? Esse é um dos desafios desses movimentos de política participativa. Os movimentos não são hierárquicos; eles não possuem líderes estabelecidos ou porta-vozes. Eles são moldados por diferentes pautas em vez de uma lista fixa de demandas. Geralmente, seus objetivos são discursivos: isto é, eles querem mudar o nosso pensamento, mais que aprovar leis específicas. Então, o movimento Occupy procurou focar no problema da iniquidade econômica, definida amplamente a partir do quadro do 1% - 99%. Nos Estados Unidos, nós vimos essas ideias sendo utilizadas por figuras políticas na última eleição presidencial: em diferentes maneiras, com base nisso, nós decidimos apoiar Obama em vez de Romney. E você pode antecipar esses efeitos difusos emergindo dos protestos brasileiros. Certamente, no seu caso, você está vendo governos – locais, estatais e nacionais – respondendo a preocupações específicas – as tarifas de ônibus – mas também em sentidos gerais – preocupações com a corrupção, o desejo de ver outras prioridades, a necessidade de novos mecanismos de envolvimento popular nas decisões. Mas ainda existem muitas coisas que não entendemos sobre as consequências desses movimentos: eles resultarão em instabilidade, que em seguida será preenchida por autoridades tradicionais, como aconteceu na Primavera Árabe? Quando nós visitamos esses movimentos, observamos a presença de muitos elementos da cultura pop. Nós vemos cartazes com a frase “o inverno está chegando”, em uma referência à série Game of Thrones, máscaras de V de Vingança e pessoas vestidas de zumbis e heróis a fim de batalhar por melhores serviços sociais. Como essa cultura pop está transformando nossa participação política? Esse é um fênomeno global. Nossa política está sendo conduzida a partir da linguagem da cultura pop. O que escutamos durante 12

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as entrevistas nos Estados Unidos é que os jovens acham a linguagem tradicional dos políticos exclusiva e repulsiva. O objetivo é criar uma nova linguagem para a política, informal, engajada, cotidiana e que é vantajosa porque utiliza quadros que as pessoas já entendem. Não é surpresa, então, que os jovens têm encontrado na cultura popular metáforas que atingem essas metas, nos seus exemplos, Game of Thrones, V de Vingança, The Walking Dead – e apontam preocupações sociais. Estes são apenas alguns casos de ativismos de fãs que identificamos: a Harry Potter Alliance, nos Estados Unidos, utiliza a obra para reunir preocupações sobre direitos humanos; Jogos Vorazes também tem sido utilizado para aumentar a conscientização acerca da pobreza e fome. Também é importante apontar que esses jovens aprenderam a produzir mídia filmando vídeos de skate, remixando seus filmes e séries preferidos, e estão levando esse conhecimento para o ativismo, geralmente começando com o material bruto. Em algumas partes do mundo, essas experiências de desafiar a autoridade começam na tentativa de contornar mecanismos de censura a fim de acessar música pop e games pela internet, por isso que a cultura popular está conectada com as identidades e práticas políticas.

Você diz que a convergência é um conceito antigo que tem ganhado novos significados. Como essa convergência funcionava no passado, com menos tecnologia? Se você quer entender como a convergência funcionou historicamente no Brasil, observe as favelas e as escolas de samba. Essas comunidades informais que colaboram com a produção de mídia popular – o espetáculo do Carnaval com sua música, fantasia e storytelling – tudo acontece em espaços sociais onde jovens e idosos, veteranos e novatos, aprendem uns com os outros, construindo algo a partir do compartilhamento de ideias e usando qualquer habilidade que tenham para criar e espalhar alegria. Vá à praia, onde você vê os artistas esculpindo representantes da cultura ao redor deles – da cultura popular, folk, política, história. Observe os grafites que eu vejo sempre que vou ao Rio: com estilos gráficos e conteúdos variados. Agora, imagine uma ideia viajando pelos diferentes lugares e práticas, uma ideia que por unir a diversidade do Brasil pode dialogar com todos os grupos na linguagem mais significativa. Esse é o potencial de convergência que vocês possuem no Brasil. Os fãs estão impactando a cultura tradicional. Eles já não são apenas consumidores, mas sim agentes criativos. Por que demorou tanto para que a indústria percebesse o poder desses grupos? Na cultura de fãs existe uma distinção entre formas “afirmativas”


Nossa polĂ­tica estĂĄ sendo conduzida a partir da linguagem da cultura pop

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e “transformativas”. A primeira é aquela que a indústria abraçou historicamente: fãs que consomem e celebram aquilo que a indústria cria, enquanto os transformativos são aqueles que eles temiam, pessoas que utilizam os produtos da indústria como materiais brutos para suas atividades de expressão. Acredito que estamos quebrando a linha entre as duas. Os empresários costumavam me dizer que queriam separar os fãs da pirataria, e eu argumentava que isso é impossível: os fãs são os piratas. Os fãs são aqueles que pegam o conteúdo e permitem que ele se espalhe pela cultura, criando novas vidas e significados a partir das suas contribuições criativas. Os fãs são aqueles que ajudaram a tornar mais visível nas Américas o que é produzido no Japão ou na Índia. Os fãs são aqueles que ajudaram a literatura infanto-juvenil, como Harry Potter, Crepúsculo ou Jogos Vorazes, encontrar leitores mais adultos. Os fãs ajudaram produtos considerados cult, como Lost ou The Walking Dead, encontrar um público maior e diverso. Eles não fizeram isso escrevendo cartas enormes, mas criando recursos on-line para discutir o que estão assistindo e consumindo, escrevendo fanfictions, editando vídeos de fãs, fazendo covers e muito mais. Eles estão ampliando as barreiras do que a indústria pode ou vai aceitar, os tornando mais abertos em relação ao gênero, raça e sexualidade.

E agora que eles percebem esse fenômeno, como as empresas estão utilizando as comunidades de fãs? Posso citar dois exemplos recentes de companhias que estão reconhecendo e tentando responder ao poder dos fãs. A primeira seria o Kickstarter, onde nós vimos os produtores de Veronica Mars arrecadarem em um dia uma enorme quantia para financiar um filme baseado na série televisiva, pedindo apenas aos seus fãs. Nós vemos mais e mais pessoas seguindo um caminho parecido para realizar seus projetos. Produtores procuram apoio na internet enquanto suas ideias ainda são conceituais. O segundo exemplo seria a Amazon, que lançou uma plataforma que permite autores de fanfictions, especializados em franquias específicas, publicarem seus trabalhos, comercializando e recebendo por isso. Essa iniciativa é a mais controversa entre os fãs e eu também tenho um pé atrás com ela. Por um lado, cria uma maneira de escritores amadores entrarem no meio profissional. Por outro lado, esses conteúdos oficiais impõem limites sobre o que pode ser feito com os personagens, especialmente sobre quais temas podem ser explorados. Mas, qualquer que seja o impacto em longo prazo, a decisão da Amazon representa um reconhecimento da indústria de que os fãs são mais que consumidores, são uma força criativa dentro da cultura contemporânea. Nós vemos que muitas marcas, obras e artistas conseguem criar uma áurea de fanatismo ao 14

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redor dos seus produtos. As pessoas se conectam com as histórias não apenas como indivíduos, mas como comunidades. O que é preciso para que uma marca conquiste a lealdade dos fãs? Nós abordamos esses temas no meu livro, Spreadable Media: Creating Meaning and Value in a Networked Culture (Mídia “espalhável”: criando significações e valores em uma cultura conectada – tradução livre), que está sendo traduzido para o português. Esse livro parte da premissa que “se não se espalhar, está morto”, e explora o que aconteceu desde que o público passou a desempenhar um papel mais ativo na circulação de mídia. Nós descobrimos, então, que o conteúdo ou produto que se espalha é aquele que permite que as pessoas conversem sobre o aspecto que eles consideram importante no produto, que as empresas entrem nas conversas existentes em vez de querer ser o centro das atenções. Em relação às comunidades tradicionais de fãs, nós descobrimos que as experiências que despertam maior fanatismo são aquelas que seguem um comportamento de amizade e comunidade: fãs consomem coletivamente e eles costumam falar sobre o que essas comunidades significam para eles. Para oferecer essa lealdade, os fãs precisam sentir que estão sendo levados a sério. O que o mundo dos negócios pode agregar da cultura participativa? O primeiro passo é reconhecer que aqueles que produzem e os consumidores querem coisas diferentes dessa relação. Muitas empresas partem da premissa de que podem construir uma comunidade de fãs ao redor da sua franquia ou comunidade de marca, acreditando que nós estamos simplesmente esperando para adorar o que eles produzirem, “se nós fizermos, eles vêm”. Mas você não pode criar essas comunidades. A maioria delas possui uma longa história, tradições e práticas, seus valores e normas. Se você quer atrair os fãs, você tem que respeitar as comunidades e entender o que eles querem dessas relações. Empresas de jogos se anteciparam nesse sentido e entenderam o que era necessário para trabalhar com as comunidades de fãs: elas passaram a atuar em um meio que abraçava a interatividade, mas também souberam valorizar seus consumidores, permitindo que eles participassem de seus jogos da maneira mais intensa, construindo novas identidades e performances. Elas deram ao universo do Warcraft as ferramentas para que os jogadores se encontrassem, comunicassem e coordenassem suas atividades. Elas permitiram que artistas de The Sims ou Little Big Planet trocassem suas criações. A partir de então, outros produtores de entretenimento começaram a entender como criar uma parceria com o público pode ser um bom negócio.



acadĂŞmico | mais cursos

Universidade integrada: o futuro do ensino superior? por eber freitas

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Cursos fragmentados e enrijecidos em planos curriculares aos poucos vão cedendo espaço para modelos que priorizam a mobilidade e integração. Instituições públicas e privadas já aderem.

Ú

ltimo ano de faculdade. O momento onde os alunos vislumbram o fim de anos de luta e o TCC é a única

divisória entre duas etapas da vida. Foi neste ponto que a curitibana Catarina Strapação decidiu abandonar o curso de Licenciatura em Letras na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “Eu odiava a sala de aula tradicional, não queria ser professora. Fui ficando desmotivada”, afirma. Participou de outro processo seletivo para ingressar no curso de Biblioteconomia na mesma instituição, começando do zero; está no quinto período. Rachel Madeira, engenheira civil, já sabia o que queria para seu futuro desde os 13 anos de idade, mas reclama do foco excessivo do curso de Engenharia nas disciplinas exatas. “Sinto falta de uma formação maior em gestão”, diz. “Ao menos na Engenharia, só estudar Física e Matemática nos dois anos iniciais, principalmente para quem nem sabe a diferença entre o engenheiro e o arquiteto, não significa nada, não dá paixão”, acredita. Interesse e paixão pela escolha do curso são essenciais para que o estudante obtenha um bom aproveitamento. Mas não é isso o que acontece com 20,9% dos alunos: esse é o percentual de evasão no ensino superior, segundo o último Censo da Educação Superior. A escolha precoce da carreira, a estrutura curricular dos cursos e o longo tempo para obter uma formação completa são alguns dos fatores apontados como desestimulantes. O cenário fica mais interessante quando pensadores como Edgar Morin engrossam o caldo: “Estou cada vez mais convencido de que os conceitos dos quais nós nos servimos para conceber a nossa sociedade – toda sociedade – são mutilados e resultam em ações inevitavelmente mutilantes”, acredita. Conceitos mutilados? Como o conceito de Educação? Sim. Ao menos como a Educação, especificamente superior, é praticada hoje: criada para formar

“especialistas” que, no fim das contas, não veem outra saída a não ser integrar o quadro de docentes e pesquisadores da universidade. “Precisamos de um conceito sistêmico que exprima ao mesmo tempo unidade, multiplicidade, totalidade, diversidade, organização e complexidade”, propõe Morin. No âmbito do ensino superior, é necessário reformular a arquitetura acadêmica. A lógica pela qual funcionam a academia e a produção científica se baseia no velho pensamento cartesiano, que propõe a quebra do conhecimento em vários pedaços pequenos, mensuráveis e altamente especializados. A universidade moderna, onde o ensino e a pesquisa estão atrelados, foi proposta por Humboldt e aplicada pela Universidade de Berlim no século XIX. Esse ainda é o modelo predominante nas instituições brasileiras de ensino superior que, além de inadequado para as necessidades atuais, foi fundado sobre uma série de distorções históricas – começando pela forma excludente de acesso.

Experiência europeia

Alguns anos após a fundação da União Europeia, o bloco promulgou a chamada Declaração de Bolonha – um documento contendo diretrizes para uma formação integrada não apenas no nível curricular, mas entre as universidades dos próprios países-membros. Por exemplo, um estudante pode iniciar seus estudos em Portugal e concluir na Bélgica sem perder nada. Apesar do caráter protecionista e relacionado à empregabilidade, uma alteração importante foi necessária para que o plano pudesse ser operacionalizado: a adoção dos princípios de aprendizagem ao

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longo da vida, o envolvimento dos estudantes na gestão das instituições e a promoção da atratividade do ensino superior. As medidas, adotadas ao longo dos anos, reduziram e simplificaram as nomenclaturas acadêmicas (divididas em ciclos) e tornaram acessível um modelo mais interdisciplinar, móvel e integrado. A formação superior passou a ser antecedida pela graduação com duração de três anos (primeiro ciclo) e, caso o aluno obtenha bom desempenho, ingressa na pós-graduação equivalente ao mestrado (segundo ciclo) por mais dois anos. Daí em diante, ele pode optar pelo terceiro ciclo (doutorado), caso queira se dedicar à pesquisa.

Experiência norte-americana

Nos Estados Unidos e Canadá foi implementado um modelo semelhante. Em instituições como o MIT, por exemplo, o estudante pode optar por diplomas minors ou majors. Nos primeiros anos, os estudantes iniciam sem declarar um curso major, equivalente a uma graduação com especialização. Durante esse período, ele pode participar de atividades acadêmicas que, agregadas, vão definir a sua formação (undergraduate). Após esse período, o aluno escolhe o curso major do seu interesse. Na prática, os minors são disciplinas que um aluno tem curiosidade de conhecer ou que podem melhorar o seu entendimento em determinada área, que não necessariamente definirá sua carreira. É como cursar Administração e ter aulas de programação e design. Em outros casos, um minor pode definir a profissão. Cursos como

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acadêmico | mais cursos

Jornalismo em algumas instituições não são admitidos como majors: é preciso cursar Filosofia, Direito ou Sociologia, por exemplo, e fazer Jornalismo como minor. Entretanto, uma realidade cruel cerca os universitários norte-americanos: como a maior parte das universidades é privada e o valor da mensalidade é alto, muitos passam anos a fio pagando empréstimos que fizeram para quitar os estudos.

A experiência brasileira

Anísio Teixeira conseguia enxergar longe. Ele sabia que a universidade brasileira precisava mudar; proclamava que a Educação não poderia ser um privilégio, e tinha ideias acerca da interdisciplinaridade da ciência. Idealizador da UnB, ele era um dos poucos pensadores nacionais que propunham uma reformulação coerente do ensino superior, conforme a realidade brasileira. Infelizmente viveu na época errada: passou os primeiros anos da Ditadura Militar (1964-1985) exilado, assistiu à implantação de um modelo militar de ensino universitário em 1968 – voltado para o fortalecimento da estrutura coercitiva do Estado –, e morreu sob circunstâncias suspeitas em 1971. Teixeira antecipou que a universidade tinha um papel dualista, oscilando entre a consolidação do conhecimento científico e a formação de profissionais para o mercado. 18

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Mas, certamente, considerava as instituições de ensino superior como as principais responsáveis por recriar continuamente a cultura, a partir de um olhar crítico do mundo ao redor, capaz de evitar a própria obsolescência.

vas modalidades de processo seletivo até a criação do bacharelado interdisciplinar. A promessa é superar diversos gargalos da educação superior: ausência de integração, desarticulação entre a graduação e a pós-gradu-

Uma formação que um estudante demoraria cerca de 12 anos para obter, ele pode conseguir em apenas cinco. Em 2008, a Universidade Federal da Bahia (UFBA), à parte da Reforma Universitária em curso, propôs um novo modelo de graduação em um programa nomeado como Universidade Nova. A ideia, basicamente, é adaptar experiências bem-sucedidas no exterior, para reformular o modelo de formação superior. Os objetivos são vários: desde a implantação de noagosto/setembro 2013

ação, arquitetura curricular complexa e pouco compatível com outras realidades, dentre outros. O projeto propõe o ingresso através do Enem (com adaptações), bacharelado interdisciplinar, integração entre cursos, instituições e níveis de graduação.

Outros casos

Em João Pessoa (PB), o Unipê é a primeira instituição

a adotar um modelo de graduação similar ao proposto pela UFBA. Serão implantadas escolas integradas, onde várias disciplinas e cursos poderão constituir uma formação de acordo com o interesse do estudante. A primeira experiência é a Business School, que abrange seis cursos superiores, 14 MBAs integrados e outros cursos de aperfeiçoamento. Segundo o professor George Washington Mello, assessor de planejamento da reitoria da instituição, uma formação que um estudante demoraria cerca de 12 anos para obter, ele pode conseguir em apenas cinco. “O programa obedece rigorosamente às diretrizes curriculares do MEC”, garante. Em breve, cursos da área de TI e Saúde passarão a funcionar sob o novo modelo, que requer planejamento e um longo tempo para efetivamente entrar em vigor. “Para implantar uma nova matriz curricular, são necessários pelo menos quatro anos”, diz. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) também pretende experimentar o novo modelo. Os novos campi do litoral, quando inaugurados, passarão a oferecer o bacharelado interdisciplinar. De acordo com Sérgio Franco, pró-reitor de Graduação, as mudanças também devem se estender à forma de acesso, substituindo aos poucos o vestibular pelo Sisu – no início, 30% das vagas.


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INSIGHT OUTRAS POSSIBILIDADES parte 2

Iniciativas sociais que fizeram (e fazem) a diferença por henry mintzberg e guilherme azevedo

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Conheça algumas iniciativas que causaram mudanças sociais significativas em suas regiões e acabaram se tornando casos inspiradores para outras localidades.

Henry Mintzberg é um dos autores mais produtivos da Administração na atualidade, com 16 livros publicados, quase todos considerados referências na área. Ele é professor na McGill University, cofundador do International Master’s Program in Practicing Management, usado por institutos de ensino em Administração no Canadá, Inglaterra, Índia, China e Brasil. Mintzberg também é responsável pelo desenvolvimento do curso CoachingOurselves, que em solos brasileiros é gerenciado pelo Grupo A. www.impm.org www.coachingourselves.com

Guilherme Azevedo é doutor em Estratégia e Organização pela Faculdade de Administração da Universidade McGill, em Montreal. Ele é professor visitante na MIT Sloan School of Management.

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N

a edição anterior, foi destacado que simplesmente deixar na mão de ações governamentais dos países ou da ação indireta de empresas a resolução dos problemas sociais existentes é restringir possibilidades para amenizar essa situação. O potencial de iniciativas sociais promovidas pelas comunidades formadas por pessoas engajadas, ligadas ao mundo, pode ser uma terceira opção ainda mais eficiente do que podemos imaginar. Conheça algumas dessas ações que vêm fazendo a diferença em suas localidades.

A iniciativa de microfinanciamento em Bangladesh

Vem do sudeste da Ásia a revolução do microfinanciamento iniciada por Muhammad Yunus. Durante os anos 1970, Bangladesh estava nas garras da fome e Yunus, o chefe do departamento de economia da Universidade de Chittagong, iniciou uma cruzada contra a pobreza. Ele percebeu que muitas famílias na linha da

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pobreza poderiam alcançar uma vida decente se tivessem acesso a um crédito razoável. Os bancos tradicionais não eram uma opção porque as pessoas não possuíam as qualificações mínimas (emprego fixo, histórico de crédito, etc.), e até os empréstimos eram baixos demais para esses bancos. Yunus se surpreendeu ao descobrir que, em muitos casos, uma linha de crédito pequena, porém fixa, faria uma grande diferença. Partindo de um empréstimo inicial de US$ 27, para um grupo de 42 mulheres, menos de um dólar por pessoa, ele criou o Grameen Bank (“o banco das vilas”, em Bengali), que ofereceu pequenos empréstimos, a maioria para mulheres, provendo seus membros com apoio e ensinando controle financeiro, para que elas fizessem um bom uso do dinheiro. Como uma iniciativa social, o Grameen Bank não apenas resolveu necessidades imediatas das famílias de Bangladesh; mudou sua estrutura social. A ideia se espalhou. Hoje, a Fundação Grameen (www.grameenfoundation.org) engloba

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mais de 200 instituições de microfinanciamentos, operando em 38 países.

A iniciativa da energia eólica sustentável na Dinamarca

Durante os últimos 30 anos, os dinamarqueses foram capazes de crescer em sua economia, ao passo que diminuíram a emissão de gases estufa e o uso de carbono. Em 1972, quando a crise do petróleo atingiu a Dinamarca, 90% da energia do país vinha do petróleo, maior parte importado. A reação à crise então teve uma reviravolta. Os dinamarqueses passaram a conservar energia, fazendo um esforço que não parou quando a crise já estava se contendo. O parlamento dinamarquês aumentou os impostos sobre a energia fóssil, aprovou leis que subsidiaram o desenvolvimento tecnológico e a produção de fontes alternativas, e criaram garantias em longo prazo de preços viáveis para energia eólica. Isso iniciou a “revolução dos ventos”: comunidades, famílias e indivíduos participaram comprando ações e criando cooperativas de turbinas eólicas. E não parou no vento. Na Dinamarca, o desenvolvimento das tecnologias verdes para casa, indústria e transporte se tornou o esporte nacional. As cidades do país surpreenderam o mundo com sua inovação e compromisso. O uso racional do vento, sol, biomassa, força das ondas e até fontes não convencionais permitiu que distritos, ilhas e pequenas cidades se tornassem exportadoras de energia limpa.


O cinturão verde no Quênia

A outra iniciativa vem da África, com um campeão que mobilizou o apoio dos setores sociais e ajudaram a transformar o país. Wangari Maathai, uma ambientalista e ativista política, foi a primeira mulher africana a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 2004, graças a sua coragem de defender a proteção ambiental, democracia e os direitos das mulheres. Maathai também foi a primeira mulher a receber um PhD e se tornar chefe de departamento em uma universidade no Quênia. Como líder do Conselho Nacional das Mulheres do Quênia, ela foi abordada por Wihelm Elsrud, o diretor executivo da Sociedade Florestal Norueguesa, que estava procurando uma parceira para iniciar o que se tornaria o Movimento do Cinturão Verde. Desde 1977, esse movimento plantou mais de 40 milhões de árvores em 20 países africanos e se tornou crucial para reverter a degradação e proteger o solo. Nas palavras de Maathai, embora o movimento tenha sido apresentado às autoridades como uma iniciativa para plantar árvores, na realidade se tratava de plantar ideias e oferecer às pessoas razões para lutar pela cidadania, meio ambiente e direitos das mulheres. Ela conseguiu convencer soldados a cuidar de três viveiros de plantas e árvores. Ela também iniciou os protestos contra a construção de um prédio de 60 andares no Parque Uhuru, em Nairobi, que levou à preservação do espaço, liberação de presos políticos e a uma transformação democrática no país. Essa iniciativa também levou ao Movimento do Cinturão Verde Internacional e inspirou outros programas, incluindo o programa da ONU “Billion Tree Campaign” (www.unep.org/billiontreecampaign), que resultou no plantio de 10 bilhões de árvores pelo mundo.

Iniciativas sociais no Brasil

À medida que viajamos pelo mundo das iniciativas sociais, existe um lugar particularmente fascinante, ao menos no quesito novidade: Brasil. Vamos falar de duas. Em 1990, o Brasil possuía o dobro de casos de HIV/AIDS em relação à África do Sul. O Banco Mundial previu que ao menos 1.200.000 brasileiros estariam infectados nos anos 2000. Estudiosos de agosto/setembro 2013

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insight | outras possibilidades parte 2

outros países recomendaram que os brasileiros focassem na prevenção e se preparassem para perder parte de sua população, porque o tratamento seria caro e ineficiente. Mas os brasileiros viram a situação de maneira diferente e decidiram que iriam tratar e prevenir. As previsões catastróficas estavam corretas para a África do Sul. No ano 2000, um quarto da população estava infectada. Mas não no Brasil: em dez anos, a infecção diminuiu para 0,6%, e no começo dos anos 2000, o país atingiu a cobertura universal do tratamento. Vários níveis do governo, indústria local, comunidade artística, mídia e movimentos comunitários perderam a identidade do líder, um general principal e um centro de coordenação. Em seu lugar, estava uma grande cooperação criativa. Na questão preventiva, o humor era enfatizado em vez do medo, ajudado pela cultura da sexualidade aberta. A mensagem para incentivar o uso da camisinha e da vida com HIV foi incluída no enredo das novelas populares e no discurso dos padres católicos (apesar da pressão contra do Vaticano). Uma vez que a opinião pública pressionou o governo para fazer do tratamento universal, os brasileiros tomaram ações corajosas. Incapazes de convencer as multinacionais farmacêuticas a reduzir os preços dos antiretrovirais, e enfrentando ameaças dos americanos de sanções econômicas e multas, o ministro da saúde conseguiu que os laboratórios federais desenvolvessem a tecnologia necessária e garantiu licenças compulsórias para produzir os medicamentos localmente. Nessa iniciativa, nós vemos uma forte relação entre as mais diversas camadas do governo; o público, a indús22

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tria e a infinidade de organizações dos setores sociais. A determinação, imaginação e forças cooperativas no país ajudaram a mudar o discurso e as práticas para combater o HIV/AIDS em muitos outros países no mundo.

A iniciativa do bioetanol

Nosso segundo exemplo no Brasil é diferente em alguns aspectos, pois envolve uma maior interação entre o gover-

Surpreendentemente, funcionou, e em menos de dez anos cerca de 95% dos novos carros do Brasil eram abastecidos com álcool. Na década de 1980, no entanto, o programa perdeu força graças a uma combinação de fatores: a economia nacional estava enfrentando uma hiperinflação, o preço do petróleo estava mais baixo no exterior e o preço do açúcar no mundo havia aumentado. Consumidores, enfrentando a escassez na bomba, pas-

Iniciativas sociais parecem ser essencialmente indígenas: elas funcionam de dentro pra fora, com pessoas engajadas coletivamente no e a classe empresária, ao menos na encarnação inicial. A mudança na energia começou após a crise do petróleo em 1972. O governo brasileiro estava preocupado com a dependência do petróleo externo. Em 1975, foi criado o programa Proálcool, que consistia na produção de etanol em larga-escala a partir da cana-de-açúcar, usado em carros com uma tecnologia que ainda não tinha sido estabelecida. agosto/setembro 2013

saram a trocar seus carros por modelos movidos à gasolina. No final dos anos 1990, o programa recuperou a força, dessa vez motivado por questões ecológicas e ajudado pela estabilidade econômica e pela inovação tecnológica, os motores “Flex”, que cabiam álcool, gasolina ou a mistura de ambos. Agora, mais de 90% dos carros vendidos no Brasil são Flex. Nesta segunda iniciativa no Brasil percebeu-se

que o governo estava iniciando um grande projeto, e ainda um eventual bloqueio devido às condições, como, talvez, a falta de engajamento da sociedade. E quando o projeto voltou, a comunidade e a indústria exerceram papéis essenciais.

Origem está na confiança, coragem e comunidade

As experiências brasileiras, e as outras, exigem uma confiança profunda para atacar assuntos complexos e coragem para romper com o status quo, geralmente iniciadas independentemente das forças estabelecidas pelo governo e indústria, outras vezes em oposição a ele. Esse foi o caso quando Yunus percebeu que o microfinanciamento poderia emancipar a pobre Bangladesh e Maathai descobriu que poderia plantar árvores e ideias ao mesmo tempo. Em outras palavras, a origem dessas iniciativas não é famosa, tanto que nossa colega Margaret Graham a chamou de “periferia ativa”. A iniciativa do bioetanol no Brasil parece ser uma exceção a isto, sendo iniciada pelo governo. Mas ela também aconteceu em um país que pode ser descrito como a periferia ativa. E o fato dessa iniciativa não ter se sustentado na primeira tentativa sugere nossa característica de iniciação, nomeada aquela iniciativa social que funciona melhor quando está em sintonia com a comunidade. Iniciativas sociais parecem ser essencialmente indígenas: elas funcionam de dentro pra fora, com pessoas engajadas coletivamente. Elas não estão resolvendo os problemas mundiais, nem seus próprios, mas em seguida descobriram que seus problemas são problemas do mundo.


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carreira | mudanças

Como as empresas podem atrair e manter os funcionários do futuro? ,

por thomas malnight tracey keys e kees van der graaf

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O mundo muda. As expectativas dos trabalhadores com o passar das gerações também. Por isso, as organizações devem repensar constantemente formas de “seduzir” aqueles que fazem parte do seu quadro. Caso contrário, o concorrente poderá achar uma boa maneira de fazer isso.

O

cenário em que as empresas atuam está mudando, assim como os participantes, suas funções e até mesmo o

próprio cenário. Líderes que continuam agindo como se apenas as velhas regras valessem vão se deparar com suas organizações marginalizadas ou deixadas para trás. Mentalidades antigas terão de ser abandonadas e substituídas por uma nova abordagem, baseada no que o mundo

Para isso, é preciso muito mais do que pensar fora dos padrões – é preciso abandonar os padrões por completo. As fronteiras – aquelas entre as indústrias e as empresas, e aquelas que diferenciam o colega do concorrente – estão em colapso. Relações que antes eram distantes estão dando lugar a ecossistemas conectados e complexos. É crucial compreender esse novo cenário para poder preparar a empresa para o futuro. Líderes devem considerar as cinco principais áreas a seguir:

guerra de mentalidades, que reflete diferentes modelos de negócios e sistemas econômicos. Consumidores. As empresas falam em empossar o consumidor, mas é o próprio consumidor que está ganhando força, influência e poder de escolha. Sociedade. As expectativas sociais das empresas estão mudando. As empresas têm de contribuir positivamente para a sociedade – se quiserem ter “permissão” para operar.

está se tornando, não no que costuma ser. O cenário em que as empresas atuam está mudando, assim como os participantes, suas funções e até mesmo o próprio cenário. Líderes que continuam agindo como se apenas as velhas regras valessem vão se deparar com suas organizações marginalizadas ou deixadas para trás. Mentalidades antigas terão de ser abandonadas e substituídas por uma nova abordagem, baseada no que o mundo está se tornando, não no que costuma ser. 24

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Concorrentes. A concorrência não se limita mais a empresas que parecem, agem e pensam como você. A batalha agora é travada em todos os setores. Mercados em crescimento. A luta por mercados geográficos em alto crescimento não é apenas entre as empresas. É também uma

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Talentos. Funcionários talentosos querem mais do que um salário e obedecer ao chefe por 40 anos. As velhas noções de que a lealdade é baseada no tempo de casa se tornaram irrelevantes. O que conta é o compromisso. Funcionários querem empregos empolgantes e significativos em organizações que se preocupam com coisas além do dinheiro.


O talento foi tema recorrente quando entrevistamos 156 diretores executivos e outros líderes empresariais de todo o mundo para o nosso novo livro. Quem são os funcionários do futuro, e o que as suas expectativas significam para os funcionários?

O cenário das gerações

Foram os baby boomers, nascidos no pós-guerra, entre 1946-1964, que fizeram com que as empresas pensassem no comportamento das diferentes gerações. Eles entraram em um ambiente de trabalho dominado pela geração “tradicionalista” (nascidos entre 1900-1945), que tinham mentalidades leais e patrióticas, preferiam decisões tomadas de cima para baixo e confiavam nas instituições. Em contrapartida, os boomers chegaram e passaram a questionar a autoridade, querendo colocar sua própria marca nas empresas. Depois veio a Geração X (nascidos entre 1965-1980), que são ainda mais céticos em relação a instituições, e mais autossuficientes do que seus antecessores. Atualmente, o foco é na Geração Y (1981-1994), que normalmente é descrita como globalmente interessada, informatizada e habilidosa diante da mídia. Este grupo quer realizar um trabalho significativo, prefere um estilo de liderança baseado na parceria e tem uma abordagem colaborativa frente à comunicação. Shelly Lazarus, presidente emérita da Ogilvy & Mather, disse: “o mais notável é a forma como a Geração Y lida com o equilíbrio. A geração anterior dos boomers viveu para trabalhar, os boomers trabalharam para viver e a Geração Y apenas vive”.

Segundo Feike Sijbesma, presidente e diretor executivo da DSM, uma empresa de ciências humanas, a Geração Y também pensa e trabalha de forma muito mais instintiva e colaborativa. “Eles têm maneiras completamente diferentes de usar informações e trabalhar. Teremos de organizar a estrutura da empresa para centrar mais em redes – diferente de como é hoje, com uma pessoa no topo”. Em breve veremos a geração mais digitalmente integrada de todas: a Geração Z (nascidos a partir de 1995). Indivíduos desta geração desconhecem um mundo em que não podem conversar com qualquer pessoa, em qualquer lugar e a qualquer momento. Para eles, fronteiras entre mundo físico e virtual simplesmente não existem. Mas essa geração não se trata apenas da tecnologia: ela cresceu na era da globalização, do terrorismo global e da pior crise financeira desde os anos 1930.

Mantenha-os interessados

As expectativas para se fazer negócios estão aumentando, seja de funcionários, da sociedade ou dos consumidores. Junto vem um maior desejo por envolvimento em relacionamentos. As empresas precisam mudar a mentalidade – necessitam focar na qualidade de suas interações nas relações, e não na quantidade de tempo que elas duram. Harish Manwani, diretor de operações da Unilever, disse o seguinte sobre os funcionários: “Primeiro você tem que entender que não há prêmio na lealdade, mas há um enorme prêmio no compromisso. Quando jovens que se juntam à organização me perguntam: há quanto tempo você está na empresa?,

eu digo: ‘trabalho aqui há mais de 30 anos, mas não espero ganhar uma medalha por isso’. A medalha que eu espero ganhar é por passar todos esses anos comprometido. Então eu digo: ‘minha expectativa sobre vocês, como jovens gerentes, não é a lealdade, mas o comprometimento. Quando você está trabalhando com a Unilever, você está 100% comprometido?’. Os funcionários podem se certificar de que há comprometimento desses funcionários das novas gerações ao oferecer maneiras para resolver problemas que vão além de suas capacidades, e sem restringi-los. “A Geração Y está sempre pensando no que vem a seguir. Seu tempo de casa médio é de 16 meses”, disse Lazarus. “Você tem que descobrir o que eles procuram quando mudam de emprego. Você consegue suprir isso dentro da sua organização? Você consegue acompanhar sua velocidade – e atribuir tarefas variadas – como se fosse igual trocar de empresa? Temos que deslocar as pessoas rapidamente para que estejam sempre desafiadas e aprendendo sempre – e para que não tenham tempo nem para começar a falar com pessoas sobre outros trabalhos”. Patrik Andersson, ex-CEO da Rieber & Son, uma empresa alimentícia, acrescentou que é importante também oferecer trabalhos que sejam mais do que um emprego. “A responsabilidade social corporativa e os valores da empresa vão se tornar muito mais importantes. As gerações mais jovens querem saber o que a sua empresa representa, o que ela faz e como ela se comporta. Isso será crucial para atraí-los”. As gerações mais jovens não são as únicas importantes. Uma vida ativa cada vez mais longa significa que em breve agosto/setembro 2013

as organizações terão funcionários pertencentes à maioria ou a todas essas gerações. Enquanto repensam seus cenários de atuação, líderes empresariais precisam adaptar suas estratégias para atrair e motivar mais talentos.

Thomas Malnight é professor de estratégia e gerenciamento no IMD. Tracey Keys é diretora da consultoria Strategy Dynamics Global SA. em Cingapura, de 17 a 22 de novembro de 2013. Kees van der Graaf é ex-executivo sênior da Unilever, e hoje pertence a muitas diretorias como um não-executivo. Thomas e Tracey também são autores e editores do www.globaltrends.com. | Este é um trecho editado de Ready: The 3Rs of Preparing Your Organization for the Future. Saiba mais sobre esse livro em www.3RsReady.com.

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CARREIRA | habilidade

Por que um diretor deve ser humilde? por antonio argandoña

| imagem shutterstock

Capacidade de liderar, planejar, alcançar metas... Muito se fala sobre as funções e atributos que compõem um bom diretor. Esquece-se, no entanto, uma das principais: a humildade.

A

dimensão moral da crise financeira aumentou o interesse pela ética dos diretores de empresa, dos governos e dos

organismos de regulação, de supervisão e de controle. De todas as virtudes que se espera de um diretor ético, há uma especialmente importante para aquelas pessoas que ocupam posições de governo ou de direção e que, no entanto, tem sido ignorada na ciência econômica: a humildade. 26

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Isto é provavelmente devido a uma visão incompleta ou mal abordada do que significa ser humilde, das razões pelas quais um bom diretor o deveria ser e da contribuição de uma atitude modesta ao sucesso e à reputação tanto da empresa como do diretor. Corrigir essa visão enviesada e proporcionar novos elementos de reflexão sobre esta vir-

tude é o objetivo do documento “Reputação e humildade na direção de empresas”.

O que significa ser humilde?

Há a tendência de pensar que a humildade é, ou pode ser, incompatível com a reputação que o líder merece e com a autoridade que ele necessita para realizar sua


tarefa. No entanto, é exatamente o contrário: o diretor humilde, se o for de verdade e conseguir que os demais assim o percebam, exerce maior autoridade que o líder arrogante. A autoridade moral está associada a uma reputação muito mais sólida, tanto de si próprio como da organização que representa. A primeira e mais importante das manifestações da humildade do ponto de vista intrapessoal é o autoconhecimento. O humilde nem superavalia suas virtudes nem se menospreza. E a autoestima não o torna pretensioso. Além disso, ele se autoavalia constantemente e é consciente de que pode se equivocar. Este autoconhecimento também inclui o fato de reconhecer o que deve aos demais: o humilde não atribui para si todo o mérito de suas fortalezas e resultados, mas sim avalia e agradece aquilo com que os demais contribuíram com ele. Outra das características associadas à humildade é o sentido de transcendência, manifestado na tendência a atuar de acordo com um ideal ambicioso. Por isso, ser humilde se caracteriza também por ser exigente consigo mesmo. É provável que a humildade esteja acompanhada de outras virtudes, como a objetividade, a simplicidade, o desejo de aprender ou a paciência para com os demais.

Como reconhecer a humildade em um diretor

O diretor humilde se dá a conhecer às pessoas que o rodeiam tal como é. Não alardeia seus pontos fortes, mas

também não os nega e nem os esconde. Da mesma maneira, também não oculta nem dissimula seus defeitos, carências e erros. Por conseguinte, não tenta que os demais o louvem, nem se sente ferido por suas críticas. E agradece que lhe façam saber como é que o veem, já que assim pode me-

quando o tiver de fazer, mas sempre buscando seus aspectos positivos. Esta atitude aberta com os demais faz com que apresente outras virtudes associadas à humildade, como a naturalidade, a generosidade, o respeito e o espírito de serviço. Nomeadamente,

O humilde nem superavalia suas virtudes nem se menospreza. E a autoestima não o torna pretensioso

terna de admitir críticas fazem com que, em geral, conheça bem seus limites e capacidades. – Suas relações interpessoais costumam ser mais genuínas e simples, já que sua atitude não é arrogante e não necessita que os demais o adulem. – Costuma ser sincero tanto em suas críticas como em seus elogios, salientando os aspectos positivos da conduta dos outros, mas sem omitir os negativos, podendo ajudar a melhorar. – Tem tendência a buscar colaboração, tanto para compensar suas próprias insuficiências como para aproveitar as excelências das outras pessoas de sua equipe. – É provável que preste mais atenção ao bem comum da organização do que ao seu próprio. – O reconhecimento de suas limitações provavelmente o leva à busca ativa da excelência.

lhorar seu autoconhecimento. Na avaliação sobre os demais, o humilde é consciente que provavelmente todos são melhores que ele em algum sentido e sua opinião sobre eles costuma ser menos rigorosa daquela que ele faz de si próprio, já que não conhece as fortalezas e as possibilidades dos demais da mesma maneira que as suas. Este tipo de líder também tem tendência a evitar as comparações entre seus méritos, qualidades, conhecimentos e resultados aos dos demais. E, se for obrigado a fazer tais comparações, tenta não se avaliar como superior a eles. Julga os demais

reconhecerá os méritos de seus colaboradores; pedirá, aceitará e reconhecerá suas ideias, sugestões e conselhos; e, evidentemente, recusará qualquer forma de inveja em relação aos sucessos e qualidades alheios.

Coloque um diretor humilde em sua empresa

A partir da análise das características que identificam o diretor humilde, podem ser extraídos bons argumentos para colocá-lo à frente de uma organização.

Antonio Argandoña é professor de Economia da IESE Business School. www.ieseinsight.com

– Tem tendência a cometer menos erros: sua disposição interna a se examinar e sua atitude exagosto/setembro 2013

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(Debate) contraponto | GESTÃO PÚBLICA

Você é a favor da exigência da formação em Administração para chefes do poder executivo? por roberto cabariti e rodrigo araújo

Com todas as manifestações que ocorreram nos últimos meses no Brasil e uma grande crítica à classe política, o debate dentro da Administração sobre a importância de nossos gestores públicos terem uma formação mais específica para administrar o Brasil voltou. A questão é que têm aqueles que defendem, por inúmeros fatores, que isso aconteça, e outros que discordam dessa necessidade, não vendo influência no resultado final. Veja a opinião de dois administradores sobre o mesmo tema.

SIM!

Ildemar Cassias é administrador e diretor de Desenvolvimento Institucional do Conselho Regional de Administração de Santa Catarina (CRA-SC). 28

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| imagens niandson leocádio

estão: 1- Ato de gerir. 2Administração, direção (Dicionário Michaelis). Nunca este termo foi tão falado e tão pouco conceituado. Sem muito esforço, o dicionário já nos diz: “Ato de gerir, administrar, dirigir”. Funções legais do Administrador, está dito! No Brasil, notadamente na Administração Pública, o descaso pela falta de profissionalismo causa danos financeiros e sociais de diversas ordens. Milhões de cidadãos ficam à mercê de políticos que, em sua maioria, ignoram suas funções e responsabilidades. Por falta total de conhecimento em gestão, esses políticos gastam, sem noção, bilhões de reais e outros bilhões deixam de ser investidos, pela simples falta de projetos que os utilizem. Por mais que a lei eleitoral não estabeleça requisitos mínimos de competência e conhecimento para quem se candidata a qualquer cargo ou mandato eletivo, isso deveria ser exigido pelo próprio eleitor e pela sociedade que os elege. No poder executivo, observamos nas esferas municipal, estadual e federal, mandatários que sequer possuem formação secundária. Como pode um mandatário, em situação de ignorância do que é a Administração, conduzir os destinos da coisa pública que está sob sua responsabilidade? Sabe ele o que é planejamento estratégico? O que é orçamento? Como fazer uma análise de investimento? Como compreender os resultados de uma pesquisa? Ele sabe que

Direito Administrativo e Direito Público são disciplinas de Administração? Sabe o mandatário o que pode ou não pode fazer? Enfim, se os mandatários fossem administradores, teriam estudado sobre estes e outros assuntos em mais de 3.600 horas de aula e mais de 35 disciplinas. Teriam elaborado cases de fracasso e de sucesso para saber quais são as diferenças. Saberiam que a gestão/Administração se desenvolveu ao longo de centenas de anos e se fundamentou em teorias que lhe dão sustentação e alicerce para bem gerir o patrimônio público, ontem e hoje. E, dessa forma, proporcionaria à sociedade o bem estar que ela requer, cumprindo assim o papel para o qual o “Estado” foi criado. Gestão responsável não é aquela que só cumpre a lei de responsabilidade fiscal, mas aquela que proporciona melhor qualidade de vida para o povo, melhor sistema de saúde, segurança, educação, entre outras necessidades. Não basta o político ser “líder”, ter bom discurso, “nomear parentes”, basear-se em pareceres de assessores, mas, sim, ter o dever de conhecer ele mesmo as ferramentas de gestão, que garantirão um bom governo. O político, além de ter formação profissional adequada para o cargo que deseja ocupar, deve ainda contar com uma equipe de governo habilitada, bem como, pugnar pela criação de um quadro de “Administrador Público de Carreira”, como forma de assegurar a continuidade dos projetos e a perenidade da gestão pública.

“Se os mandatários fossem administradores, teriam estudado sobre estes e outros assuntos em mais de 3.600 horas de aula e mais de 35 disciplinas” agosto/setembro 2013


) N

a qualidade de administrador, em primeiro lugar, professor universitário em uma das mais renomadas faculdades de Administração de Empresas, executivo em organizações e consultor há 16 anos no mercado, creio que eu tenha as credenciais mínimas necessárias para expressar minha opinião contrária à tese. Vou iniciar a construção dos argumentos pelo lado científico. Não há nenhum estudo, baseado em pesquisa científica (com metodologia, demonstração do percurso, construção de hipóteses e delimitação do contexto) que, no mínimo, sugira que um chefe do poder executivo deva ter formação em Administração. Seria curioso tal estudo, uma vez que para realizá-lo haveria a necessidade de estudar duas amostras bem definidas a saber: (A) amostra de chefes com formação em administração e (B) amostra de chefes sem formação em Administração. Em seguida, o pesquisador precisaria introduzir algum tipo de marcador para medir as atitudes, processo de decisão, estilo e tantos outros elementos que caracterizam o trabalho de um administrador, seja ele público ou privado. Observem que os resultados dentro da amostra A, aquela que segregou apenas os gestores com formação em Administração, já seria, por si só, muito complexa e os resultados obtidos pelos indivíduos não estariam necessariamente vinculados a sua formação, mas sim ao seu estilo de

administrar, capacidade de formar e trabalhar em equipe, liderança participativa e uma série de características que, estas sim, já foram objeto de estudo em diversos artigos científicos em Administração. Antecipo um contra-argumento inevitável: mas tais características não são estudadas em Administração? Logo, por que não submeter os gestores a uma formação na área? Resposta simples. Porque os elementos da amostra A já demonstram que a mera formação não é uma garantia de aprendizado e mudança atitudinal. O segundo argumento é de natureza lógica. Se a formação em Administração é uma condição sine qua non para o gestor, então todos, sem exceção, serão bem sucedidos. Trata-se de um sofisma de péssima qualidade. Quantos administradores com péssima formação estão no mercado realizando barbaridades em organizações de baixa complexidade? Quantos administradores levaram empresas à ruína ou mesmo à falência? Logo, a formação não é um passaporte para a boa gestão, tampouco um antídoto contra tomadas de decisões equivocadas. Por outro lado, creio que seria “recomendável” que os gestores públicos passassem por um programa mínimo de certificação para vida pública. Hoje, de modo geral, as pessoas buscam muito mais programas de certificação específica do que as tradicionais formações amplas. Talvez este pudesse ser um importante tema para discussão. Deixo aqui minha sugestão final.

NÃO! “Quantos administradores com péssima formação estão no mercado realizando barbaridades em organizações de baixa complexidade?”

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Adriano Gomes é professor do curso de Administração da ESPM (graduação e MBA). Atuou como executivo de empresas industriais, comerciais e intituição financeira, gerenciando carteiras de ativos de mais de US$ 100 milhões.

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Como utilizar o QR Code no cartão de visitas por eber freitas

N

os anos 1960, as empresas fornecedoras de tecnologia para o varejo começaram a implementar o código de barras para que os caixas pudessem identificar automaticamente

o preço dos produtos. Como o padrão unidimensional suportava uma quantidade limitada de caracteres, alguns japoneses pensaram: “bem que poderia existir um código que suportasse caracteres Kanji e Kana”. Daí brotou a ideia do QR (quick response) Code. Sem entrar em detalhes técnicos, o uso do QR Code pode ser uma solução tão útil quanto criativa em diversas situações. O código pode ser lido por qualquer aparelho celular ou tablet que disponha de uma câmera simples e um aplicativo específico, geralmente gratuito. Mas a parte legal da tecnologia é que seu uso vai além da técnica: ações de marketing, sobretudo que envolvem geolocalização, publicidade, recrutamento e até apresentação pessoal. Sim, um QR Code no cartão de visitas pega bem para o profissional. “As aplicações dos QR Codes são muito versáteis”, afirma Rodrigo Abreu, sócio-presidente da AlphaGraphics. “No mínimo, um QR Code estampado em um cartão profissional transmite uma impressão de que o profissional está antenado

Primeiro, o básico: como criar um QR Code? Dependendo do uso, existem softwares bem específicos disponíveis na internet, mas no geral sites que rodam aplicações para gerar os códigos no próprio browser já suprem essas necessidades. Um exemplo é o E-lemento, que disponibiliza inúmeras opções de personalização gratuitamente. Encurtadores de links, como o bit.ly também contam com um gerador de QR Code, mas apenas para URLs.

Para essas finalidades, existem três tipos básicos de QR Code 1. Os mais tradicionais, que trazem uma URL; 2. vCards, os mais indicados para cartões de visitas;

com relação às últimas tecnologias de crossmedia”, destaca. Entretanto, seu uso não é uma obrigação: “tudo depende de qual é o objetivo e quem o usuário quer atingir”.

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3. Os mais sofisticados, que permitem o networking por meio de redes sociais.

Cuidados essenciais A partir desse ponto, o processo já é autoexplicativo, então nenhum usuário vai ter dificuldade em criar seu próprio QR Code profissional. Mas antes de se empolgar, é bom lembrar alguns cuidados necessários para não transformar a experiência de seu contato profissional em algo desagradável. – Primeiro, tenha em mente que tudo deve ser pensado para tornar a experiência do usuário mais divertida e informativa; – Verifique a superfície onde será aplicado o código bidimensional. Papeis com muito brilho ou locais pouco visíveis dificultam a leitura; – Garanta que o conteúdo para onde o QR Code direciona o usuário é compatível com dispositivos móveis; – Teste o código em diferentes programas, plataformas e aparelhos celulares.



infogråfico | esquema de pirâmide

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marketing | interno

uma nova forma de reforçar a marca por fábio bandeira de mello

| imagem shutterstock

Você já ouviu falar do branding interno? Ainda não? O novo conceito pode ser exatamente o que faltava para impulsionar os seus negócios.

M

arcas, empresas, pessoas, ações, produtos, estratégias, criatividade, metas. Essas, sem dúvida, são palavras continuamente repetidas por todas as pessoas envolvidas com o marketing de uma organização. E, no fundo, os objetivos giram em torno de duas premissas básicas: despertar a atenção do público-alvo e fazer com que esse público lembre o que foi dito, mesmo inconscientemente. Afinal, ninguém quer dar um duro danado em planejar uma campanha para que ela seja completamente esquecida pelo receptor após dez segundos de vê-la. 34

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E quando se fala em público, pensar apenas nos consumidores fora da empresa pode ser um erro estratégico sem igual. Infelizmente, algumas empresas ainda investem muito em comunicação para o mercado, para conquistar clientes, mas nem sempre têm o mesmo cuidado em relação ao público interno. Afinal, aqueles que compõem o dia a dia de uma organização, além de colocarem em funcionamento o negócio, são a verdadeira imagem que a organização vai transmitir para as pessoas de fora. “Vale destacar que temos um mercado consumidor cada

vez mais exigente e mais informado. Um consumidor atento à postura e à atitude da marca. Um consumidor que não tolera um discurso dissonante da prática. Não há como esconder as incoerências estratégicas e os antagonismos existentes entre imagem e identidade. Uma empresa que fala em conexão e comunicação, por exemplo, e não abre espaço para o diálogo interno, certamente não sustentará a sua promessa”, indica Luciane Paim, sócia da agência Oito Endobranding. Por isso, dar a devida importância ao público interno, seja através de um mix de


ações, que podem ser desde o oferecimento de cursos, treinamentos, benefícios agregados e campanhas específicas se torna uma ferramenta para diminuir a rotatividade de pessoal e dar mais motivação, eficiência e qualidade de vida aos colaboradores. Um conceito que surge como novidade e tem se mostrado eficiente ao trabalhar em conjunto com outras estratégias para o público interno é o endobranding. A ideia é fortalecer uma identidade interna a ser compreendida e valorizada por funcionários de uma organização. “Endobranding é a forma da a instituição vender, humanizar e difundir uma mensagem, um determinado conceito ou uma ideia que a empresa acredite fortemente aos seus colaboradores. É trabalhar a mesma identidade visual e começar a ter uma estratégia de uniformização na marca para que ela tenha uma cara facilmente assimilada, memorizada e aceita pelo público interno”, indica Paulo Ricardo

Meira, doutor em Marketing pela UFGRS e professor do Instituto Legislativo Brasileiro. Na nova edição do livro Administração de Marketing, os renomados autores Philip Kotler e Kevin Keller já trazem esse conceito e destacam se tratar de “atividades e processos que ajudam a informar e inspirar os funcionários”. Sendo o endobranding, o gerenciamento da marca, por exemplo, em um programa motivacional para funcionários, nos eventos que forem planejados, no plano de carreira estabelecido, ou em alguma outra ação envolvendo a organização.

Conheça bem a empresa

Assim como o desenvolvimento e a fixação de qualquer marca, os resultados do endobranding não são automáticos, afinal, não dá pra construir uma marca respeitada, seja ela para o público interno ou externo, em apenas uma ação. Um estudo desenvolvido pela Universidade da Califórnia confirma essa premissa. Os pesquisadores realizaram

uma série de experimentos e constataram que frases repetidas, depois de um tempo, são absorvidas mais facilmente pelos ouvintes. Quem escuta, aos poucos, fica familiarizado com o argumento. Quem trabalha no dia a dia com essa estratégia sabe que uma boa fixação não nasce do dia para a noite. “Endobranding é um processo que demanda certo tempo e envolvimento. Em geral desenhamos um modelo de trabalho em conjunto e vamos adequando as rotas de acordo com as necessidades e de forma integrada com o cliente”, conta Luciane Paim sobre o trabalho desenvolvido pela agência Oito Endobranding. E para a implementação dessa estratégia, um passo se torna essencial. “A única etapa que é fundamental e não podemos abrir mão é iniciar todo e qualquer trabalho a partir de uma profunda imersão no contexto interno da empresa em questão através de entrevistas, grupos de discussão, observação participante,

discussões informais e pesquisas online”, indica Luciane. Uma das empresas que apostou nesse conceito foi a Empório Body Store. De acordo com Tobias Chanan, CEO da companhia, uma marca se constrói nos detalhes do dia a dia e o alinhamento da comunicação entre a equipe interna é fundamental para que a entrega seja a esperada pelos clientes. “O aprendizado que tivemos foi comprovar que o alinhamento entre quem somos e porque existimos será decisivo para atingir os objetivos da companhia”, destacou em seu depoimento ao Oito Endobranding. A ideia é que as marcas não sejam parte das estratégias de comunicação, mas sim parte estratégica da consolidação da proposta do negócio como um todo. A verdade da empresa deve estar imbuída na atitude e na certeza de seus funcionários que criam e transformam juntos o resultado final, materializando mais que um produto: uma identidade.

não confunda

na prática Um exemplo do branding interno é a ação “Senado Solidário”, feito pelo Senado Federal desde 2011. A imagem de uma flor buscou fazer uma associação positiva com cuidado e carinho e serviu de marca guarda-chuva para diferentes ações de solidariedade. O símbolo é então desdobrado em campanhas específicas, como a do Agasalho e Doação de Sangue. A identidade visual prosseguiu em 2013, na qual foi possível maior identificação do público-alvo com as campanhas.

endomarketing Um conjunto de ações utilizadas por uma empresa para vender a sua própria imagem a funcionários e familiares. É a utilização de modernas ferramentas de marketing, porém, dirigidas ao público interno das organizações.

endobranding Atividades e processos de administração de marca em programas internos e motivacionais que ajudam a informar e inspirar os funcionários. *Definição de Paulo Meira, professor e doutor em Marketing pela UFGRS setembro/outubro 2013

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DÚVIDAS | DRUCKER RESPONDE

DILEMA PROFISSIONAL

CARGO EXECUTIVO

Curso Administração e faço estágio há oito meses. Já obtive muito conhecimento prático, mas tenho “fome” de aprender e sinto que não posso progredir dentro dessa empresa (ela é pequena e cada um tem sua função). A bolsa é a mais alta da cidade e me dá condições de pagar a faculdade. O que faço: continuo aqui desmotivada, mas acomodada pelo salário, ou aproveito para já adquirir novas experiências?

Qual a trajetória de um CEO de multinacional? Em que área ele trabalha, o que necessita ter de diferencial, e o que pode ajudar para alcançar a posição de diretor executivo (CEO)? darril paton

marcele cehh

Marcele, sua situação não é diferente de muitos profissionais. Pela natureza humana se quer sempre mais. Você fez sua avaliação, precisa mais do salário do que do trabalho e acho que tem uma meta hoje que é concluir o curso. Manter o estágio e aos poucos implementar os avanços do saber, sem esperar uma promoção nesse momento, poderá sim avançar, mas isso depende exclusivamente de você. O que realmente quer? Reformule suas expectativas, afinal o estágio é para você se experimentar. Claro que você pode tentar outras oportunidades, e buscar aquilo que lhe permita novas formas de aprender, mesmo sem uma remuneração alta. Para fazer a diferença e explorar seu potencial não precisa ocupar as posições mais empolgantes. Pense nisso!

O que Drucker faria? Tire suas dúvidas através da ótica considerado o pai da Administração

Qual o melhor período para um aluno que está no curso de Administração procurar um estágio, mas sem ter o inglês em seu currículo?

moderna. Basta enviar a sua pergunta, curiosidade ou questionamento para revista@administradores.com.br

thiago ribeiro

Uma coisa independe da outra. O inglês depende mais de você do que de fatores externos. Você deve treinar e reservar um tempo diariamente para estudar. Já o estágio depende de mais fatores: de você, que tem que procurar a oportunidade, e do mercado, em lhe recrutar e selecionar. Digo sempre aos meus alunos que o melhor momento para isso é a partir do quarto semestre, pois além de estar mais maduro, compreende bem algumas coisas, tem tempo suficiente para fazer um bom estágio até a finalização do curso. Mas não há uma regra específica para isso. Cabe a cada um lutar por sua oportunidade, analisar as vantagens e desvantagens e, se for o caso, “agarrar”. 36

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PRÁTICA E TEORIA

por raniere rodrigues

dos pensamentos de Peter Drucker, INGLÊS E ESTÁGIO

É necessário ter uma missão pessoal alinhada com a da organização. Toda trajetória deve vir recheada de desafios, por isso, se faz necessário ter constância de propósito e ser flexível, estar preparado para ganhar e perder, saber correr riscos. O executivo pode vir de qualquer área de formação, muitos inclusive tornam-se CEO’s ao passo que adquirem experiência. No entanto, na Administração encontra-se a formação que melhor prepara este perfil. Não há uma estratégia específica, existem inúmeras formas de se chegar ao topo, mas vejo no uso da honestidade e da ética, com um toque de inteligência e ousadia para agir, além de trabalhar muito, a opção mais correta.

setembro/outubro 2013

O responsável pelas respostas é o professor Raniere Rodrigues dos Santos, diretor geral da The Drucker Society of Brazil – Recife, professor de Administração da Universidade Federal de Pernambuco, Coordenador de Extensão na Faculdade dos Guararapes e um dos principais pesquisadores de Peter Drucker no Brasil.

Escolhi Administração porque quero montar um empreendimento. Trabalhei por seis anos em uma multinacional e percebi um grande lapso entre o conceito dado em sala de aula e a prática. Quais seriam as orientações para as faculdades de Administração que ainda não possuem na grade curricular matéria de empreendedorismo? rodrigo freitas

Um grande risco. Inconcebível, lamentável, um erro e etc. Os conceitos aplicados em sala devem orientar o profissional para que o mesmo encontre sozinho as competências e conhecimentos que se adequem ao que deseja ser ou se profissionalizar. Do conhecimento superior não devemos cobrar o aprendizado vivencial, porque não é sua responsabilidade; a missão da academia é fazer o individuo pensar, para que ele mesmo construa seu entendimento e desenvolva suas práticas. Mas, Rodrigo, não dá para admitir uma escola de negócios que não faz referência ao empreendedorismo. Drucker certamente diria “corra”, pois esta formação aí, nem percebe e também “não tem futuro”.


Remat

ANOS

SISTEMA

CFA/CRAs

Administrar é para Profissional de Administração Praticamente tudo que vivenciamos passa por algum tipo de organização: pública, privada ou social. E toda organização precisa de uma boa administração, pois o seu desempenho afeta direta ou indiretamente nossas vidas e até mesmo o desenvolvimento do país. Uma empresa bem administrada traz resultados melhores não só para os seus acionistas mas também para consumidores e colaboradores. E quanto melhor for a administração nos órgãos públicos, melhor também será a qualidade de vida de toda sociedade. Por isto, não há mais espaço para amadorismo e improvisos. Administração tem que ser profissional. 9 de setembro, Dia do Profissional de Administração

o

istr

reg tem

Saiba mais sobre a importância do Registro Profissional do CRA para Administradores e Tecnólogos. Acesse www.cfa.org.br

SISTEMA

CFA/CRAs

CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO CONSELHOS REGIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO


CAPA | a administração move o mundo

a administr move o mun por fábio bandeira de mello e mayara chaves

| fotos shutterstock e divulgação

Entenda como a Administração está presente em todos os aspectos da vida, das carreiras, dos negócios e das sociedades de todo o mundo.

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setembro/outubro 2013


˜ racao ndo

C

aos, desordem e tudo dando errado. Se existisse um único dia em que não usássemos a Administração, esse seria o resultado. Há quem pense que a presença dos conceitos

desta área na vida é exagero de quem é administrador e quer supervalorizar a área. Mas uma análise mais aprofundada nos mostra que, mesmo para quem não tem conhecimento e não lida com o assunto, não há como fugir: a Administração simplesmente está lá, em tudo, até nos detalhes do cotidiano. Se você somar todas as organizações que diretamente e indiretamente participam de um dia de sua vida, pode ter certeza, esse número chegará a centenas. Desde o momento em que acordamos até o simples ato de escovar os dentes, já existe a contribuição de dezenas delas. Ou você acha que apenas a loja de colchões e o supermercado estão envolvidos no processo de produção de uma cama e de uma escova? Empresas destinadas à extração do algodão, da madeira, de petróleo para fabricação do plástico, confecção dos tecidos, transporte, embalagem, marketing, vendas... Se continuássemos, talvez fosse preciso do restante das páginas desta edição para mostrar quem está inserido nesses ciclos. E se isso implica em apenas uma rotina diária, imagina se aumentarmos o nosso espectro de observação para as diferentes áreas e épocas que envolvem o planeta? Sim, os fundamentos da Administração marcam presença nos avanços da saúde, tecnologia, educação, política, em nosso dia a dia, na nossa carreira, na aquisição de conhecimento. O consagrado Henry Ford, amplamente estudado na Teoria Clássica da Administração, já identificava no início do século XX esse poder de influência do administrador: “Nem um só passo da atividade econômica existe – bom ou mau – que não tenha sido ensinado ao povo pelos homens de negócios. Daí eles terem mais influência na sociedade que os políticos, professores ou sacerdotes”, destacou em sua célebre obra Os princípios da prosperidade. Rosabeth Moss Kanter, professora da Harvard Business School, expressou no brilhante artigo Grandes empresas pensam diferente (Harvard Business Review Brasil, novembro de 2011) exatamente isso. Para a autora, uma grande empresa tem consciência que a atividade empresarial é parte intrínseca da sociedade. Assim como a família, o governo e a religião, o trabalho vem sendo um dos pilares da sociedade desde o despontar da era industrial. Enfim, antes de prosseguir com a leitura, tenha em mente: tudo o que acontece e as direções para aonde a humanidade caminha são resultados de como se administram situações favoráveis ou cenários problemáticos. As decisões de um administrador se estendem pela sociedade e afetam a vida das pessoas de forma positiva ou negativa. Essas consequências residem nas escolhas do indivíduo, da empresa, do governante. Em que pesem os interesses políticos ou de natureza ideológica que estão por trás, um simples acordo comercial entre duas nações e até o apertar do botão para iniciar uma guerra nada mais são do que decisões administrativas. setembro/outubro 2013

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CAPA | a administração move o mundo

O começo não é o começo

Os estudos da Administração como ciência só começaram no século XX. No entanto, conceitos administrativos como planejamento, organização e processos são utilizados, praticamente, desde o aparecimento do Homo sapiens sobre a terra. A Administração colocada em prática deu origem às grandes civilizações, dos sumérios aos romanos. O professor e consultor Stephen Kanitz já alegou, inclusive em um artigo publicado aqui na revista Administradores, que o primeiro grande administrador da história teria sido o egípcio Hemiunu (2570 a.C.), responsável pela construção da Grande Pirâmide de Gizé. “É curioso como nenhum livro de Administração, nenhum livro de história da Administração menciona esse homem. Foi alguém que administrou 20 mil funcionários há 4.600 anos, deixou um produto que dura até hoje, criou o primeiro sistema just in time e a primeira cadeia de logística em grande escala. E vale salientar que não eram escravos, mas sim trabalhadores pagos, que precisavam ser motivados e não chicoteados”, destacou Kanitz. Em 1792 a.C., na Mesopotâmia, outro exemplo. O Rei Hamurábi, conhecido pelo famoso código que leva o seu nome, ampliou e consolidou a hegemonia do império babilônico através de regras específicas de Administração. O general chinês Sun Tzu (544 - 496 a.C.) foi mais um que conseguiu eternizar seus ensinamentos. O tratado sobre estratégia militar A arte da Guerra, apontado como sua obra, acabou se tornando um dos mais influentes livros de negócios da atualidade, sendo facilmente aplicado na gestão de negócios. Na 40

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prática, se trocarmos o termo “inimigo” por “concorrente” e “a si mesmo” por “sua empresa”, veremos o quão atuais e reais são suas lições.

Uma nova preocupação mundial: administrar bem

Na década de 1970, o economista Milton Friedman, ganhador do Nobel de Economia em 1976, disse que “a única e real responsabilidade da empresa é ganhar dinheiro”. De acordo com essa tese, caso a empresa cumpra o critério, os benefícios irão fluir naturalmente para a sociedade. Ledo engano. Logicamente, o lucro é fundamental para a sobrevivência de qualquer empresa, mas pautar a existência de um negócio unicamente por esse fim, ao contrário de gerar benefícios para a sociedade, pode resultar justamente no contrário. A utilização de imigrantes ilegais na confecção de produtos em fornecedores terceirizados sob salários irrisórios, por exemplo, pode riscar a imagem de uma marca, mas provoca danos irreparáveis às vidas que foram exploradas para gerar maior margem de lucro. Outro elo nessa relação é a natureza, vitimada pelo avanço das indústrias e pela ação humana. À medida que a sustentabilidade passou a ser confundida com marketing verde, criou-se a noção de que qualquer dano ao meio ambiente poderia ser reparado em outra ponta do processo, geralmente a mídia, publicidade ou ponto de venda. Essa fórmula, no entanto, já está desgastada. Atualmente é necessário buscar novas alternativas, e cada vez mais se percebe que o retorno aos ideais éticos é o melhor caminho. Governos, empresas e cidadãos estão discutindo novas alternativas para setembro/outubro 2013

Os 10 princípios do Pacto Global da ONU Direitos Humanos

1. As empresas devem apoiar

e respeitar a proteção dos direitos humanos reconhecidos internacionalmente; e

2.certificar-se de que não

são cúmplices em abusos dos direitos humanos.

trabalho

3.

6.

a eliminação da discriminação no emprego e ocupação.

Meio Ambiente

7. As empresas devem apoiar

uma abordagem preventiva sobre os desafios ambientais;

8.

desenvolver iniciativas a fim de promover maior responsabilidade ambiental; e

As empresas devem defender a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva;

incentivar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente sustentáveis.

4. a eliminação de todas as

Combate à Corrupção

formas de trabalho forçado ou compulsório;

5. a erradicação efetiva do trabalho infantil; e

9.

10.

As empresas devem combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina.

Fonte: Pacto Global da ONU / http://www.unglobalcompact.org/

o desenvolvimento sustentável, como os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e o Pacto Global da Organização das Nações Unidas. Mesmo em um ritmo lento, diversas nações têm firmado compromissos para a redução da poluição do meio-ambiente, da pobreza, da fome, da desigualdade, entre outras questões. Os 189 países que firmaram o ODM, em setembro de 2000, se comprometeram a atingir esses objetivos até 2015. Em 2010, o acordo foi renovado com o intuito de tornar mais rápido o alcance das metas; ainda assim, nem todas poderão ser honradas no tempo estipulado. O Pacto Global, por sua vez, foi firmado oficialmente no mesmo ano, e seus princípios (veja no box acima) vêm

impulsionando as empresas signatárias a adotarem a cidadania empresarial como padrão para a gestão de seus negócios. O intuito desse acordo é que as empresas contribuam mais para as populações e economias de todo o mundo. O compromisso conta com a adesão de quase nove mil empresas em cerca de 140 países, o que o torna a maior iniciativa de responsabilidade corporativa voluntária do mundo. Na contramão do pensamento de Friedman, muito além do lucro, esse pacto coloca as empresas como protagonistas de um desenvolvimento econômico sustentável do planeta, aliando as capacidades das organizações de gerar conhecimento em forma de produtos e serviços ao po-


Os 8 Objetivos do Milenio 1. Redução da pobreza; 2. Atingir o ensino básico universal;

3.

Igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;

4.

Reduzir a mortalidade na infância;

5. Melhorar a saúde materna;

6.

Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças;

7.

Garantir a sustentabilidade ambiental;

8.

Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento; Fonte: PNUD

tencial da natureza de prover matérias-primas para o sustento da humanidade. A Administração tem um papel estratégico e de debate nesse processo, enquanto ciência e enquanto prática, para a real transição de um modelo fragmentado a um holístico e palpável. Vale ressaltar que essa visão sobre o verdadeiro papel que as empresas têm a desempenhar no mundo não nasceu a partir do Pacto. Isso faz parte do que chamamos zeitgeist, termo alemão que siginifica “espírito do tempo”, o tipo de consciência ou pensamento que caracteriza determinada época. A preocupação empresarial com essas questões é reflexo, antes de tudo, das aflições da

humanidade nos dias atuais – e é fundamental que os administradores estejam imbuídos desses propósitos e valores. Como frisou Kanter no artigo já citado: “em vez de enxergar processos organizacionais como um meio de extrair mais valor econômico, uma grande empresa cria modelos que empregam valores da sociedade e valores humanos como critérios de decisão”. Um dos mais influentes pensadores da Administração dos últimos tempos, o indiano C. K. Prahalad, já se antecipava a esse momento. Em 1995, o estudioso iniciou sua busca por soluções para a inclusão de classes menos favorecidas, passando longe de qualquer estratégia ou discurso socialista: a ideia é erradicar a pobreza através do lucro. No momento em que as próprias empresas voltam sua atenção para os mais pobres, elas possibilitam o seu ingresso no jogo do consumo. E isso é extremamente positivo. Trata-se de uma das mais eficazes estratégias para se combater a pobreza que assola diversos países do mundo. Em seu mais célebre livro, A riqueza na base da pirâmide, Prahalad cita vários casos com alternativas criadas por empresas como o da subsidiária da Unilever na Índia e seu sabonete Lifebuoy. A companhia, com o objetivo de ajudar a combater as mortes causadas por doenças contagiosas, mobilizou governo e pequenos empreendedores a levar a comercialização do seu produto e a conscientização sobre a importância da higiene para as camadas carentes da população, especialmente a rural.

Quando a má Administração acontece

Uma moeda sempre tem dois lados. E da mesma forma acontece com a Administração. Se

ela ajuda a prosperar, caso seja mal conduzida, pode prejudicar profundamente todo um sistema. E quando os erros permanecem, isso pode causar um “efeito dominó” sem precedentes. Problemas como crises econômicas, pobreza, baixa escolaridade, falência de empresas, aumento na violência e falta de segurança são reflexos de uma má administração. Consequências dessa ingerência podem ser manifestadas em grande escala, como na crise econômica internacional, que envolveu falências de instituições financeiras de todo o mundo. A Crise da Zona do Euro, por exemplo, tem feito com que países como Espanha, Portugal, Itália e Grécia sofram com a recessão econômica. Uma das ações tomadas é a adoção dos polêmicos programas de austeridade, que promovem a contenção de despesas inclusive em serviços públicos básicos. Na crise da Espanha, o professor José Ramón Pin, da IESE Business School, explica que uma teoria da Administração que pode ser aplicada é a da combinação dos três setores (público, privado e organizações sem fins lucrativos). “Sem um comportamento rigoroso dos três, o desenvolvimento é prejudicado. Esta combinação constitui a Comunidade Econômica em um território e melhora a competitividade em nível global. A hipertrofia de quaisquer dos três reduz a eficiência dos outros dois. Foi o que aconteceu na Espanha, com a administração pública durante a crise: hipertrofiou, e isso agravou a situação”, explicou o professor José Ramón. No entanto, a má gerência pode ter efeitos nefastos em setores bem específicos como, por exemplo, a saúde. Vítimas fatais por falta de atendimento setembro/outubro 2013

em hospitais públicos brasileiros e ação pouco efetiva das atitudes do corpo hospitalar se transformaram em situações bem repetitivas por todo o Brasil. Será falta de qualidade dos médicos ou má administração? Com certeza, sabemos a resposta dessa pergunta e uma declaração de Peter Drucker pode reiterar essa constatação: “dependemos da Administração para nosso sustento e para nossa capacidade para contribuir e realizar”. Neste ano, os problemas no Brasil provocaram uma onda de manifestações que abarcou todas as esferas da população e várias bandeiras. Inicialmente com o intuito de contestar o aumento no valor das passagens do transporte, os protestos ganharam todo o Brasil e, inclusive, despertaram manifestações em outros países. No fim das contas, os principais motivadores das mobilizações podem ser resumidos a um único fator: a má administração pública em diversos setores. As proporções a que chegaram os protestos fizeram com que os governos voltassem atrás em várias medidas. Isso prova o poder de mobilização dos brasileiros e mostra o nascimento, em grande escala, de um desejo de mudança. O desafio agora é partir do discurso para a aplicação. E se as pessoas, as empresas, os governos e a Administração estiverem envolvidos nesse processo, sem dúvida, será um bom caminho para os rumos de uma melhor sociedade. Nas próximas páginas, você poderá conhecer vários casos de como diferentes modelos de administração estão influenciando diretamente a vida de pessoas ou de comunidades no Brasil e em diversas partes do mundo. administradores.com

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CAPA | a administração move o mundo

A

austrália

Administração criando estilos de vida Na visão de David Robinson

ntes de criar uma marca, de gerar negócios, buscou-se criar um conceito de contato com a água, um estilo de vida, no qual a preocupação estava baseada no esporte e em uma vida mais saudável. E foi assim que a atual Speedo, empresa de roupas e acessórios para natação, transformou-se em uma marca mundialmente conhecida, tendo negócios em todo o mundo. “A Speedo é apaixonada por inspirar pessoas a nadar, seja para competir, pela saúde e fitness, ou apenas para se divertir. Colocamos o nadador no centro de tudo que fazemos e nos dedicamos a criar os melhores produtos e experiências para cada nadador”, descreve o presidente da Speedo, David Robinson.

“O

espanha

Administração mudando o país

Na visão de José Ramón Pin 42

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setembro/outubro 2013

andamento da Reforma da Administração é vital para consolidar a recuperação”. Essa é a percepção central do espanhol José Ramón Pin, professor da IESE Business School, sobre o atual momento da Espanha. Entre os países da Zona do Euro, a nação foi uma das que mais sofreram com o estouro da bolha imobiliária desencadeada pela crise do subprime internacional. Para José Ramón, algumas ações administrativas equivocadas agravaram a crise. “As autoridades políticas e o governo do socialista Rodríguez Zapatero não reagiram a tempo de reduzir a despesa pública. Em vez disso, pensando que a crise era temporária, lançaram uma política keynesiana de investimentos rentáveis ​​que agravaram o déficit ainda mais”, afirmou. Em decorrência da medida,

Criada em 1914 sob o nome de “Fortitude”, a companhia foi fundada pelo escocês Alexander MacRae em New South Wales, Austrália. Em 1928, a companhia ganhou o nome que conhecemos hoje, ajudou o crescimento da cultura praiana no país e começou a ganhar maior notoriedade “vestindo” atletas em competições mundiais e olímpicas. Hoje, coordenada pelo Pentland Group, do Reino Unido, a marca patrocina times e organizações de natação da Austrália, Brasil, Canadá, Colômbia, Finlândia, Hong Kong, Islândia, Israel, Japão, México, Romênia, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos.

diminuiu a confiança da economia espanhola e o capital estrangeiro deixou o país. “Os bancos tiveram que fechar o crédito para pequenas e médias empresas e pessoas físicas. O consumo privado caiu e também aumentou o desemprego. O pouco crédito disponível foi absorvido pelo setor público e a economia privada entrou em colapso”, explicou. Apesar dos problemas, o cenário espanhol começa a se tornar mais promissor, já que o governo atual de Mariano Rajoy apostou numa reforma trabalhista que aumentou a competitividade das empresas. Além disso, “aumentaram as exportações e a economia timidamente está começando a decolar. No entanto, se o setor público mantiver o nível de tributação e continuar a absorver o crédito disponível, ele pode parar a recuperação econômica tímida anunciada neste verão”, finalizou.


A

pós conferir de perto a realidade da escravidão infantil na República Democrática de Gana, a portuguesa Alexandra Borges, com apoio do Grupo Media Capital, de Portugal, criou o projeto “Filhos do Coração”. As ações da iniciativa, de acordo com Alexandra, consistem no “resgate de crianças escravas no Gana para lhes devolver sua infância, permitindo a elas o acesso à educação, saúde, alimentação e segurança”. Montou-se um projeto de arrecadação de recursos e todo o montante é destinado aos cuidados das crianças.

O “Filhos do Coração”, que se tornou ONG em 2012, também vem denunciando a escravidão de crianças em Gana por meio de ações, como, por exemplo, a criação da “Petição Pública Contra a Escravatura do Século XXI e a Favor da Libertação de Todas as Crianças Escravas do Lago Volta, no Gana”, que já tem mais de 11 mil assinaturas. Também são realizados espetáculos teatrais e foi lançado outro livro, intitulado Resgate. Todos os ganhos com a venda da obra também serão revertidos para a divulgação da causa e educação das crianças.

gana

Administração promovendo responsabilidade social Na visão de Alexandra Borges

“E

u me formei na faculdade em 1993. Na época, os jovens que buscavam um futuro promissor na Índia nem sequer pensavam sobre o empreendedorismo como uma opção”, lembra a indiana Sramana Mitra, fundadora da iniciativa One Million by One Million (1M/1M). Segundo a empreendedora, foram necessários mais de dez anos para que o empreendedorismo se tornasse uma opção de carreira para os jovens indianos. “Hoje, 20 anos depois, vejo que campi universitários na Índia estão zumbindo com conversas de administração, empreendedorismo, planos de negócios, e muitos até têm incubadoras próprias”, contou. E, para a consultora, esse é um caminho que, uma vez definido, é difícil voltar atrás.

“A maior conquista da Índia tem sido o desencadeamento consistente do movimento empreendedor. A tolerância ao risco da população indiana aumentou”, afirma. Se antes o “Santo Graal” para cobiçar gordos salários eram as multinacionais, agora, o sonho de construir algo próprio seduz as pessoas na Índia, mesmo que isso implique um risco de fracasso. “Esta mudança sociocultural é irreversível. O futuro da Índia está na mão de milhares de empreendedores. Provavelmente, apenas poucos deles vão atrair investimentos. No entanto, muitos mais irão criar valor, criar empregos e manter a esperança”, afirmou.

índia

Administração inspirando empreendedores Na visão de Sramana Mitra setembro/outubro 2013

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CAPA | a administração move o mundo

Q banco pérola

Administração na comunidade

Na visão de Alessandra França

uando era coordenadora de cursos profissionalizantes, Alessandra França conheceu jovens que queriam ser empreendedores, mas não tinham o capital necessário. Diante disso e inspirada na iniciativa de Muhammad Yunus - que criou o primeiro banco de microcrédito do mundo, o Grameen Bank -, ela criou um projeto de um banco de microcrédito brasileiro, o Banco Pérola. A organização, que existe desde 2009, concede crédito a projetos de pessoas de renda baixa na área de empreendedorismo e presta consultoria sobre o uso do dinheiro. Os créditos variam de R$ 500 a R$ 5 mil e auxiliam pes-

“A

totvs

Administração na vida de um executivo Na visão de Ernesto Haberkorn 44

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setembro/outubro 2013

dministrar uma empresa exige muita estratégia, liderança, técnica, integridade, energia, disciplina, foco. É um jogo limpo, longo, cheio de ilusões e surpresas, independe da posição que você ocupa. Independe do tamanho da empresa. Não adianta ser malandro, desonesto, enganar. É preciso conquistar o cliente, cada vez mais exigente, com bons serviços, com delicadeza. Liderar é fazer os outros trabalharem corretamente, colocando cada vez mais tijolos no seu muro. Enfim, é uma emoção atrás da outra, boas e ruins”. O depoimento acima é de alguém que tem a Administração enraizada em sua rotina há muito tempo. Formado na área pela FGV, Ernesto Haberkorn foi o cofundador da Totvs, maior multinacional

soas que dificilmente conseguiriam o benefício em um banco convencional. A empreendedora, que busca parceiros para expandir o projeto, afirma que a Administração sempre esteve presente em sua trajetória. “Acredito que não basta a vontade do empreendedor para realizar seus sonhos. Ela precisa estar alinhada com estratégicas claras de gestão e administração de empresas. Os conceitos da área contribuíram e contribuem todo o tempo na construção de estratégias de marketing, gestão financeira e gestão de pessoas” explicou.

brasileira de software e que tem atuação em mais de 20 países. Com a abertura de capital, desde 2006, Haberkorn deixou a direção executiva da companhia e começou a se dedicar integralmente a TI Educacional, empresa focada em treinamentos de ERP e a soluções de tecnologia para pequenos empresários e ao Circuito NETAS – acrônimo de Natureza, Esporte, Trabalho, Amor e Saúde, um novo conceito em treinamento corporativo que ensina técnicas para administradores – e demais profissionais – de como ter uma vida saudável e melhor. “O circuito NETAS é um treinamento, as pessoas vão lá para trabalhar. Mas, também se divertem. Mesclamos palestras com atividades e dinâmicas que visam melhorar o desenvolvimento pessoal e profissional dos participantes”, explicou Ernesto.


i

magine o ganho que o Brasil teria se existisse um ciclo virtuoso entre governo, universidades e empresas privadas, no qual todo o conhecimento produzido fosse um potencial bem de consumo. São poucas iniciativas que unem essa cultura de inovação movida ao trabalho em conjunto. Uma dessas “agulhas no palheiro” está em Minas Gerais. A Ecovec, empresa que combate vetores como o mosquito da dengue, e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram um sistema que melhora a vida de milhares de pessoas, traz lucros e já foi utilizada em pelo menos 50 cidades brasileiras. Uma das tecnologias desenvolvida por pesquisadores da instituição chama-se MI

C

om o financiamento de grandes fundos de investimento como Valar Ventures, Monashees e Kaszek Ventures, a Oppa é uma empresa brasileira que vende móveis e decoração pela internet, além de fabricá-los. O CEO da companhia é o alemão Max Reichel, que teve a ideia ao perceber os altos valores e a baixa qualidade dos móveis no Brasil. “Estive no Brasil pela primeira vez em 2005 e me apaixonei pelo país. Vim outras vezes depois disso e, em 2010, enquanto trabalhava na consultoria McKinsey & Company, mudei-me para São Paulo. Nesse momento, enfrentei muitas dificuldades para encontrar móveis e decorar minha casa. Tudo que eu encontrava era muito caro e com qualidade discutível. A partir desta experiência, fui

Dengue e permite monitorar em tempo real a incidência de vetores da doença nos municípios, fornecendo ao gestor municipal informações cruciais para combatê-la. “A UFMG hoje é a principal parceira da Ecovec. Nós trabalhamos com quase 100% de interação, tanto que a sede da empresa se localiza dentro do parque tecnológico que pertence à Universidade”, afirmou Luís Felipe Barroso, diretor da Ecovec. Em geral, 2,5% do faturamento obtido com as vendas são revertidos para a Universidade em forma de royalties. Essa união já rendeu bons frutos. Em 2006, o MI Dengue recebeu o prêmio Tech Museum Awards na categoria de tecnologias voltadas para a área da saúde, e Bill Gates (fundador da Microsoft) visitou pessoalmente o stand durante o evento. investigar e percebi que havia um nicho de mercado. Então, durante seis meses, me dediquei em transformar a ideia em plano de negócio e, assim, surgiu a Oppa”. Para abrir e desenvolver os negócios da empresa, Reichel afirma que os conhecimentos em Administração foram e vêm sendo fundamentais. “Para investir em um projeto diferente e de alto crescimento como a Oppa, foi preciso pensar em uma complexa estrutura. O MBA em Administração em Harvard foi imprescindível nesse processo de consolidação e criação da Oppa. Para estruturar a ideia de que a compra on-line é uma excelente experiência para o consumidor, trabalhamos nossa marca e oferecemos diversos benefícios para que o consumidor sinta-se à vontade e ingresse nesse novo nicho de mercado”.

Ecovec

Administração para melhorar a saúde Na visão de Luís Felipe Barroso

oppa

Administração para criar nichos Na visão de Sramana Mitra Max Reichel setembro/outubro 2013

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JORNALISMO GONZO | dependência

A vida sem celular por tom coelho

| imagem shutterstock

Quase 11 meses sem celular, o educador Tom Coelho conta um pouco das lições que aprendeu sem a dependência da comunicação instantânea.

N

o dia 28 de outubro de 2012 meu celular foi furtado. Eu terminara de ministrar uma palestra em um evento aberto e atendia a alguns participantes, como de hábito, quando alguém sorrateiramente foi ao palco e subtraiu o aparelho que estava dentro do bolsão frontal de minha mala executiva. Mais ainda, o meliante, provavelmente com apoio de outra pessoa, também acessou minha carteira, retirou todo o dinheiro e recolocou-a intacta em relação aos documentos e cartões. 46

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setembro/outubro 2013

Fui dar conta do ocorrido cerca de uma hora depois. E, honestamente, gostaria de encontrar o protagonista para prestar-lhe toda a minha... gratidão!

Lição 1: Simplicidade

Após comunicar à operadora de telefonia celular e bloquear o aparelho, aproveitei que era um domingo e fui a um shopping para adquirir uma nova carteira. A minha não fora fur-

tada, mas poderia tê-lo sido. E, ao analisar seu conteúdo, desprovido de dinheiro, topei com diversos cartões bancários e de empresas, além de documentos de porte não obrigatório. Questionei-me: para que carregar tudo isso? Cheques não são mais utilizados, título de eleitor só tem serventia a cada dois anos, cartões de fidelidade podem ser acessados pelo CPF. Assim, era preciso esvaziar aquela carteira que, de tão ma-


gra, precisou ser substituída. Hoje carrego a habilitação (que dispensa a apresentação de CPF e RG), o cartão do convênio médico, um cartão de crédito e um de débito. Fim! E isso nos conduz a uma importante reflexão: precisamos resgatar a simplicidade. Exemplificando, dois ternos e dois pares de sapatos são suficientes para qualquer homem, aliados a cinco camisas sociais e, por vaidade, igual número de gravatas. Isso me faz lembrar uma cena do filme A mosca, na versão dirigida por David Cronenberg, quando Jeff Goldblum abre seu guarda-roupas evidenciando apenas ternos pretos e camisas brancas, ao que sentencia: “Não quero perder tempo pensando no que irei vestir pela manhã”.

Lição 2: Estupidez corporativa

No início da semana fui atrás de repor o aparelho. A tarefa parecia fácil, ao menos para mim, pois dentre os inúmeros modelos disponíveis, eu sabia exatamente o que desejava: o mais barato, disponível por uma nota de cem reais. Porém, no momento de fazer a habilitação, um problema: o serviço estava bloqueado. Ocorre que quando fiz o plano corporativo, adquiri também um modem para acessar a rede através do meu notebook. Entretanto, o aparelho não funcionava. Ao acionar a operadora, insistiam que eu deveria procurar o fabricante do modem! Após quase um ano sem solução e pagando por um serviço que não utilizava, cancelei-o. Contudo, a operadora insistiu na cobrança por mais dois meses,

gerando um débito indevido, despropositado e ilegal, que surgiu naquele instante como impeditivo para habilitar um novo aparelho. Dentro desse contexto, ou eu pagava por um débito injusto, ou não teria meu número de volta. Fiquei com a segunda opção, entrando para a restrita família dos “sem celular”. Registre-se, neste momento, a incompetência

Lição 3: Liberdade

Vamos deixar claro que adoro tecnologia. Quando jovem, era pioneiro em adquirir gadgets. Também aprecio demais a praticidade, a ponto de instalar uma fechadura digital só para não ter que portar chave para entrar em casa. Mas estamos nos tornando escravos cibernéticos, com uma dependência patológica da tecnologia.

Acho um despropósito ver como os smartphones tomaram conta do cotidiano, isolando as pessoas do mundo real, virtualizando as relações, minando o diálogo.

da empresa de telefonia. Primeiro, ao não reconhecer e buscar solucionar o problema com o tal modem. Segundo, por obstar a habilitação do novo aparelho, perdendo receita – e mais um cliente. Terceiro, por conquistar o direito a uma ação judicial. Não tem jeito: empresas continuam sendo péssimas amantes de seus clientes. Lutam para conquistá-los, mas não aprendem a mantê-los... “espertos” elas vão acreditar?

Há anos o computador é meu instrumento de trabalho, de modo que já passo tempo acima do aceitável diante dele. Por isso, acho um despropósito ver como os smartphones tomaram conta do cotidiano, isolando as pessoas do mundo real, virtualizando as relações, minando o diálogo. E você sabe disso, pois está cansando de ver – e talvez protagonizar – as corriqueiras cenas de pessoas em volta de uma mesa de bar sem conversar, apenas dedilhando em suas minúsculas telas. setembro/outubro 2013

Viver sem celular fortaleceu meu instinto de planejamento, pois agendo compromissos, organizo-me para comparecer, saio com antecedência ou comunico previamente um eventual atraso. Trouxe-me segurança e serenidade, pois não sou interrompido em reuniões ou quando estou no trânsito. Permitiu-me a liberdade de ser dono do meu próprio tempo e não refém das demandas de outrem. Ademais, proporcionou-me momentos de intimismo, quando fico imerso em meus próprios pensamentos, ao invés de “aproveitar aqueles intervalos para telefonar ou enviar mensagem a alguém”. Céticos de plantão e profissionais que notadamente dependem da comunicação instantânea e em tempo integral dirão que é balela. E eu lhes direi que, ainda assim, precisam aprender a desligar seus dispositivos móveis algumas horas por dia para partilharem da companhia de familiares e de amigos – além de si mesmos.

Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 países. É autor de Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento (Flor de Liz, 2011), Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional (Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. www.tomcoelho.com

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ARTIGO CONSULTÓRIO

Hora marcada por ordem de chegada

por leandro vieira

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ilustração niandson leocádio

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Leandro Vieira é publisher da revista Administradores e aprendeu a levar suas próprias revistas – ou um livro – toda vez que vai ao médico.

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posto que você já passou por isso. Você marca um horário para uma consulta médica, tipo umas 9h da manhã. Chega lá 8h50, para não atrasar. Sala de espera lotada; televisão de 20 polegadas ligada no programa da Ana Maria Braga; do seu lado, uma pilha de revista Caras do ano passado. O tempo passa... 9h30, 10h00, 10h30, e nada de você ser atendido. Para completar, ainda passa um representante de remédios na sua frente. De 10 em 10 minutos você consulta a secretária para perguntar se falta muito para a sua vez. “Apenas três pessoas”, responde ela. “Mas não era hora marcada?!”, indigna-se você. “Sim, hora marcada, mas por ordem de chegada”, retruca vitoriosa a eficiente secretária. “Hora marcada por ordem de chegada” foi uma das pérolas mais interessantes que ouvi nos últimos tempos. Um verdadeiro oxímoro - “figura de linguagem que harmoniza dois conceitos opostos numa só expressão” (Wikipédia). Esse exemplo, bastante comum, ilustra perfeitamente o descaso com a alma de qualquer negócio: a Administração (os publicitários que me desculpem, mas a administração é fundamental). “Mas, Leandro, estamos falando de um consultório médico e não de uma empresa”, você pode estar dizendo aí do outro lado. Porém, um consultório médico, no fim das contas, não é também um negócio como outro qualquer? Tem clientes, tem funcionários, contas a receber, contas a pagar, presta um determinado tipo de serviço... Pela lógica do cliente, essa tortura das salas de espera está muito, mas muito errada. E, como diz o ditado às avessas, quem espera sempre cansa. Organizar uma agenda de consultas não é algo tão difícil – e nem é necessário uma

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setembro/outubro 2013

graduação em Administração para tanto. Isso me faz lembrar uma passagem de algum livro de Drucker, onde ele ressaltava a responsabilidade social de todo e qualquer negócio. Nenhuma instituição existe por si só, nem é um fim em si mesma – toda e qualquer organização existe em função da sociedade. Drucker citava o exemplo dos hospitais: nenhum hospital existe em função dos médicos e enfermeiras, e sim em função dos pacientes, que só têm um único objetivo: sair do hospital o quanto antes para nunca mais voltar.



MENTE ABERTA CONTINUIDADE

A maldição da frequência

por seth godin

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ilustração niandson leocádio

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Seth Godin escreveu 13 livros que foram traduzidos em mais de 30 línguas. Cada um tem sido best-seller. Ele escreve sobre a revolução pós-industrial, a forma como difundir ideias, marketing, parar de fumar, liderança e, acima de tudo, como mudar tudo.

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verdade mais incontestável do marketing externo: frequência melhora o cumprimento. Se você promove algo duas vezes para 100 pessoas, você venderá mais do que se promover uma vez para 200 pessoas. Frequência galvaniza a atenção e melhora a confiança (ao menos um tipo de confiança). A maldição, claro, é que os melhores membros da sua audiência, aqueles que escutam melhor, ficam entediados/irritados com as mensagens mostradas após a ação. Algumas pessoas se empenham para comprar um livro no dia do lançamento. Essas pessoas não querem ouvir a mensagem novamente. Pior, a frequência cria uma cultura de menor engajamento. Desde que sabemos que quase todas as questões importantes, oportunidades ou avisos vão ser repetidos algumas vezes, nós não nos engajamos muito. Por que escutar, se eles vão repetir? Existe uma linha tênue entre frequência e irritação, de fato. Você acredita no que vende ou, claro, não o faria, não se dedicaria e naturalmente não venderia. Em certo ponto, a frequência da repetição deixa

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setembro/outubro 2013

de ser um entusiasmo útil e se torna um egoísmo. E não existe uma fórmula simples disponível. Jay Levindon gosta de dizer que você deveria mudar seu marketing não quando sua equipe, sua família ou agência sugerir, mas quando seu contador disser. Vou confessar que sou ruim nisto. Por mim tudo bem dizer “eu fiz isso”, mas não tão bem em dizer duas, três ou até 19 vezes. Eu gostaria de lhe dizer uma solução mágica para que você não fique se repetindo como um marqueteiro: respeitar o melhor e o mais brilhante da sua tribo e simplesmente sussurrar sobre seus novos projetos. Essa abordagem vai funcionar maravilhosamente bem se você estiver focado na criação de bens escassos (artistas populares refinados, estrelas do jazz e pequenos restaurantes não precisam ser lembrados a todo tempo que, em breve, eles estarão esgotados), mas na maior parte do tempo, como você está trabalhando para atingir “as bordas”, a frequência funciona. Maldição ou não, o fato permanece: frequência funciona. E nós estaremos condenados a ela por um tempo, infelizmente.


ARTIGO DO LEITOR escolha

Administração por vocação

por dayane merellyn

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ilustração niandson leocádio

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Dayane Merellyn é estudante de Administração da Instituição de Ensino Universidade Paulista (UNIP). Além da área de finanças, a leitura e a escrita são algumas de suas maiores paixões.

Este artigo pode ser conferido no Administradores adm.to/vocacao_

Queremos o seu texto publicado aqui na revista Cadastre-se em administradores.com e publique artigos em sua conta. Os textos mais interessantes serão selecionados e poderão estar na próxima edição da Administradores.

uando criança, mal descobrimos o mundo e já somos molestados com a seguinte pergunta: “o que você quer ser quando crescer?” Os pequeninos nem conhecem as profissões ou sabem qual será a sua vocação e acabam sendo influenciados pelos pais ou pela TV: “quando crescer, eu quero ser atriz!”, “quero ser bailarina!”, “quero ser médico!”, “quero ser jogador de futebol!”, “quero ser veterinária!”. Quantos, realmente, se tornaram o que disseram? Quando criança, eu não tinha a certeza do que queria ser e, sempre que me faziam essa pergunta, sentia-me forçada a responder o que muitos queriam ouvir. Aliás, nem sabia direito o que gostava e a situação foi se agravando ainda mais na adolescência. Por sempre gostar de bichos, cheguei a pensar em ser bióloga. Não queria trabalhar como uma veterinária, mas amava ver os animais selvagens em seu habitat natural. Achava fantástico observar aqueles biólogos entrarem naquela selva perigosa, ficar frente a frente com animais temíveis e filmarem tudo o que eles faziam. Essa paixão foi desmoronando com o passar do tempo e a família teve uma parcela de culpa. Fora descobrir o que um biólogo estudava e fazia, sempre escutava minha mãe e irmã dizerem que a profissão não dava dinheiro, e perguntavam se por acaso eu queria passar fome. Já reparou que os jovens são cobrados para saberem qual carreira desejam ingressar e o pior é que não existe programa de incentivo a eles, como conhecer de perto e ver o dia a dia de cada profissão. Cheguei a realizar um teste vocacional e mesmo assim me confundia mais ainda. Fazer esse teste é complicado para uma pessoa eclética, como fui na adolescência, gostando de desenhar, tocar instrumento, praticar esporte, estudar sobre outras culturas, estudar religião, falar em público, ensinar, falar sobre política. Só ajudava a agravar ainda mais a minha situação. Por sempre escutar a opinião da família e

amigos resolvi estudar Direito e fiz o curso por três anos. Percebi que nunca me imaginaria dentro de um escritório como advogada e muito menos numa audiência como juíza. Depois de ler o livro Pai Rico, Pai Pobre, lembreime de um sonho oculto que tinha quando era adolescente: querer montar uma empresa. O livro que abriu ainda mais a minha mente e fez com que me interessasse por liderança foi Criando Magia, de Lee Cockerell. Coloquei como meta que me tornaria uma profissional na área de liderança, estudaria sobre as organizações, aprenderia como funcionam as empresas e como trabalhar com as pessoas. Resolvi fazer uma pesquisa mais aprofundada sobre Administração. Se realizar uma pesquisa simples no Google, você verá que, depois de Medicina, Administração é a área que mais dá dinheiro, ganhando de Engenharia e Direito. Tive a oportunidade de conhecer profissionais que, após fazer esse curso, hoje estão no cargo de diretores de grandes companhias e ganham mais do que uma pessoa que passou em Magistrado. Posso dizer, com um grande privilégio, que estudo hoje Administração por vocação. Amo o que faço e não trocaria por nada. Vale a pena investir naquilo que se gosta. Não importa o que os outros digam, independente de em qual área queira entrar, pesquise, estude, converse com os profissionais da área e que estiveram na mesma situação que a sua, lute por aquilo que o faz bem. O resultado virá como consequência.

setembro/outubro 2013

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ADMINISTRADOR NA HISTÓRIA | herbert richers

Versão brasileira, Herbert Richers por simão mairins

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foto divulgação

LINHA DO TEMPO

Dificilmente haverá um brasileiro, entre os que cresceram vendo filmes e desenhos animados na TV até os anos 1990, que não tenha ouvido falar nele, que foi, antes de tudo, um empreendedor.

S

1946

1970

1950

Nasce Herbert Richers

e você é do time dos que odeiam filmes dublados, pode culpá-lo quando só encontra sessões dubladas na TV ou no cinema. Um vanguardista do

eternizou no imaginário popular pela assinatura dos seus trabalhos de dublagem para a TV: “Versão brasileira, Herbert Richers”. Pioneiro na arte de dar voz em português às produções estrangeiras, o paulista de Araraquara criou uma cultura que até hoje perdura no mercado audiovisual tupiniquim, movimentando fortunas.

Talvez, até hoje, muita gente não entenda exatamente como é a pronúncia correta do seu nome. Mesmo assim, dificilmente haverá um brasileiro, entre os que cresceram vendo filmes e desenhos animados na TV até os anos 1990, que não tenha ouvido falar nele. É provável, até mesmo, que sequer o telespectador saiba que aquela chamada na abertura de inúmeras produções faz menção a uma pessoa. Mas algo é certo: é uma marca que terá lugar para sempre na história. E tudo começou com a visão empreendedora do jovem Herbert, que deu seu passo para o sucesso quando trabalhou como cinegrafista em um documentário que Walt Disney gravou no Brasil, em 1946. Já naquele tempo, ele tinha um inglês fluente, que acabou abrindo caminho para uma aproximação com o magnata norte-americano. Logo os dois acabaram se aproximando e construindo uma ponte sólida entre Hollywood e o Brasil. administradores.com

Praticamente todos os filmes dublados no Brasil passam pelo estúdio Herbert Richers

1923

cinema brasileiro e amigo próximo de Walt Disney, se

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Conhece Walt Disney e a partir daí, além de amigo, vira parceiro nos negócios

setembro/outubro 2013

Funda a companhia que leva seu nome

Pouco tempo depois de conhecer Disney, Richers passou a produzir filmes e, mais tarde, com visitas cada vez mais frequentes aos EUA, começou a atuar como distribuidor de filmes. Com uma dica do amigo, ele resolveu implementar uma inovação: dublar os filmes estrangeiros em vez de utilizar o complicado mecanismo de legendas da época, que era de difícil leitura. Seguir a ideia de Walt Disney foi a cartada de mestre de Herbert Richers. Logo as dublagens se popularizaram e ele passou a dominar cerca de 80% do mercado. O sucesso foi tão grande que, nos anos 1970, os estúdios reunidos na empresa que levava seu nome já tinham mais artistas na folha de pagamento do que a Rede Globo. Os erros, no entanto, vieram. O sucesso, paradoxalmente, acabou se tornando seu algoz, graças à falta de percepção do problema que sua estrutura

2009 Morre no Rio de Janeiro, aos 86 anos

poderia gerar caso saísse do controle. E foi o que aconteceu. Outros estúdios foram aparecendo, oferecendo os mesmos serviços por custos menores e o monopólio de Richers foi acabando. Na transição do oceano azul para o vermelho, ele se afogou. Com as contas indo mal, os salários começaram a atrasar e os processos trabalhistas começaram a aparecer. A empresa também deixou de honrar seus compromissos tributários e, daí por diante, foi ladeira abaixo. No ano passado, cerca de três anos depois da morte de Richers, o que sobrou da empresa foi penhorado para pagar dívidas. E assim acabou a história de uma iniciativa que revolucionou uma era, ditou padrões, mas não conseguiu sobreviver. Fica para sempre o exemplo (do que fazer e do que não fazer) e a lembrança de um dos empreendedores mais importantes da história deste país.


Administrador

do futuro por fábio bandeira de mello

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imagem acervo pessoal

prolongadas, como um estágio numa empresa de equipamentos para a extração de petróleo na China. Na Dinamarca estudei marketing cultural. Estudo na República Checa e, atualmente, atuo em uma multinacional americana. Essas experiências diversas foram importantes para eu ter a noção do mundo dos negócios, do que gosto particularmente.

O português Diogo Ribeiro, de 24 anos, desenvolveu um projeto que ajuda pessoas de língua portuguesa

E

le é português, morou bastante tempo na China, conhece boa parte da Europa e da Ásia, estuda na República Checa e é administrador de um site que ajuda brasileiros quando estão fora do país. Estamos falando de Diogo Lino Batista Machado Moreira Ribeiro ou, simplesmente, Ribeiro, como os mais próximos costumam chamá-lo. Com bastante bagagem no currículo – isso inclui um curso de marketing cultural (na Dinamarca) e atuação em uma multinacional americana –, a pouca idade de Diogo, quando revelada, impressiona: 24 anos. Idade, no entanto, suficiente para tentar mudar a realidade do desemprego entre muitas pessoas de língua portuguesa. Entrevistamos Ribeiro, que mostrou as credenciais de ser escalado para essa seção.

Você rodou, literalmente, o mundo. Quando começou isso? Quando tinha três anos, meu pai foi convidado para ser adjunto do Alto Comissário contra a Corrupção em Macau (China). Então toda a família se mudou. Em Macau tive de frequentar escolas com alunos de várias nacionalidades. Acho que essa infância, com gente de muitas culturas, contribuiu para determinar o modo como vejo, sinto e ajo no mundo, não tendo preconceitos contra qualquer etnia ou cultura. Acabei fazendo muitas viagens por toda a Ásia e Europa. Tive algumas experiências mais

Como nasceu a ideia do site Emprego pelo Mundo? Por mero acaso teve relação com o Brasil. Meus pais compraram uma casa de férias em Búzios (RJ), local que adoramos. Porém, o condomínio ficou muito caro e resolvemos alugar a casa em alguns períodos. Coloquei o anúncio em sites da especialidade e fiz um blog que também promovia o destino. E é aqui que surge o surpreendente: eu não recebia pedidos de turistas, mas sim de pessoas que me pediam emprego pensando tratar-se de um resort. Acordei para a realidade que Portugal estava vivendo. Pessoas muito qualificadas pediam trabalho de forma, muitas vezes, desesperada. Então, comecei a mostrar oportunidades de emprego pelo mundo no próprio blog. Esse ato foi totalmente despretensioso. Queria apenas ajudar aqueles jovens e mostrar que o mundo não acabava em Portugal. Muitos outros países poderiam oferecer o que o nosso país não podia naquele momento. A partir daí comecei a desenhar o projeto do site.

setembro/outubro 2013

O site foi criado esse ano e possui quase dois milhões de pageviews. Como você analisa esse rápido sucesso e como caracteriza o site? Os resultados foram impressionantes! O site é destinado a todas as pessoas que falam a língua portuguesa e que procuram emprego no estrangeiro. Somos um portal de informação, orientação e ajuda. Queremos dar esperança aos jovens, impulsionar a sua coragem, incentivar a sua autonomia, levá-los a cultivar ideias positivas e mostrarlhes que em cada dia nascem também novas oportunidades.

Muitas vezes, quando falamos de emprego, lembramos logo do mercado competitivo. Como você vê essa relação? O ambiente de competitividade feroz que se estabeleceu na sociedade nos faz crer que é assim que conseguimos ser mais produtivos e, por isso, criar uma sociedade mais próspera. Mas isso faz com que, por vezes, esqueçamos que a cooperação e a colaboração entre os indivíduos podem conduzir aos mesmos resultados, ou até mais inovadores, criativos, e positivos. Devemos ter a capacidade de perceber que uma sociedade humana, mesmo num mundo global, se for baseada na inter-ajuda se torna mais harmoniosa e fraterna e os seus elementos mais felizes.

administradores.com

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FORA dO QUADRADO

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Um dos mercados que mais anseiam por novidades é aquele destinado a facilitar a vida de quem cuida da casa. Em julho aconteceu a 8ª edição da Eletrolar Show, a maior feira de bens duráveis da América Latina, que trouxe mais de 10 mil produtos com essa função. Separamos alguns que apresentaram em seu DNA algo diferente. por eber freitas e fábio bandeira de mello

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fotos divulgação

2 1 Relaxe os olhos Para quem passa horas na frente do computador, o Eye Massage, da Relaxmedic, é uma ótima opção para relaxar a região dos olhos. Ele atua rapidamente, exercitando a musculatura da área, estimulando os pontos de acupuntura das têmporas. A pressão do ar e o aquecimento tonificante atuam na região com base na teoria chinesa dos meridianos.

Receitas 5 direto no fogão TV a qual2 quer hora Assistir à televisão – seja aberta ou paga – em qualquer dispositivo móvel. Essa é a função do sistema Slingbox, que chega ao Brasil ainda em 2013. Fabricado pela Sling Media, o novo sistema foi o primeiro serviço a adotar a ideia de placeshifting, ou seja, poder assistir televisão em qualquer lugar. Para isto, o aparelho se conecta a uma fonte de vídeo, como uma TV, câmera de segurança, DVD ou Blu-Ray, e a um roteador.

3 Robô multiuso na cozinha A Thermomix é um aparelho que substitui 24 itens da cozinha com habilidade de bater, misturar, pulverizar, moer, ralar, cozinhar, envolver, cozinhar ao vapor e pesar os alimentos, entre outras. Sofisticado e prático, com design moderno, ele economiza o tempo de quem não quer uma quantidade imensa de louça para lavar. O apelido de robô de cozinha não é à toa.

4 O mais fino A fabricante brasileira Megaware apresentou o MegaNote Slim Black, considerado o notebook mais fino do país. O aparelho vem com Windows 8, processador Dual-Core das primeiras gerações, 2GB de RAM e tela de 13 polegadas. O modelo se parece muito com um ultrabook, mas não conta com SSD nem entrada USB 3.0. O aparelho chega com valor a partir de R$ 1 mil.

Sincronizar o fogão ao smartphone? Agora é possível. A Brastemp apresentou o primeiro modelo nacional que se conecta ao gadget. O fogão Brastemp Ative! Smart Cook pode ser conectado para o download de receitas e programado diretamente no forno elétrico. O consumidor só precisa colocar o prato no forno e ligar. O produto faz todo o resto – pré-aquecer, assar, gratinar e até mesmo desligar.

Tablet 6 brasileiríssimo Um novo tablet fabricado por uma empresa brasileira deve chegar em breve ao mercado. O Smart Tablet 3D Vision, desenvolvido pela mineira DL, conta com uma tecnologia semelhante à do Nintendo 3DS. O aparelho tem uma tela de oito polegadas com visualização em 3D, processador Cortex A9 de 1 GHz, sistema operacional Android 4.0 e três tipos de conectividade (bluetooth, USB e HDMI).

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10 8 9 Ferro que não queima 8 Roteador do Usain Bolt 7 Aspirador estiloso A Electrolux mais uma vez mostra seu potencial de inovação. O aspirador bagless SuperCyclonic Dust & Gone vem acompanhado de espanador autolimpante, facilitando a limpeza em lugares de difícil acesso, devido ao seu formato dobrável e telescópico. O pó é recolhido e mantido no espanador e sua limpeza feita automaticamente dentro do produto.

Ele poderia ser apenas mais um roteador qualquer, se não fosse o mais rápido do mundo. O Cloud Router DIR-868L, fabricado pela D-Link, entrega uma velocidade até quatro vezes mais rápida que os modelos atuais. Além disso, ainda há a possibilidade de controlar a rede de qualquer lugar que tenha acesso à internet, permitindo bloquear usuários e ver os sites navegados, a partir de qualquer computador ou pelo aplicativo móvel com celulares e tablets com sistema iOS ou Android.

A promessa do Philips Walita Perfect Care é modificar a forma como os consumidores cuidam das roupas. De diferencial, o ferro garante roupas sem marcas de queimado, mesmo se o usuário esquecer o aparelho ligado sobre o tecido. Ele possui um potente sistema de vaporização, duas vezes mais eficiente que os ferros a vapor tradicionais. Outra novidade é a possibilidade de utilizá-lo na vertical, para finalizar peças que já foram passadas, mas que necessitam ser desamarrotadas.

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Joystick 10 para smartphones Jogar em uma tela touch em alguns casos é uma experiência interessante e imersiva, em outros é extremamente incômoda. Um joystick (nomezinho bem suspeito esse, não?), apesar de meio antiquado e mais adequado a consoles, pode conferir uma boa jogabilidade a games destinados a smartphones. Essa é a proposta do Joypad Universal Bluetooth: basta acoplar o aparelho no dock e começar a jogar, como um console portátil. O produto já está à venda por R$ 139.

11 A nova Polaroid Para os saudosistas de plantão, a Polaroid está de volta, agora com bem mais modernidade. A marca fez o lançamento da câmera iM1836, que traz 18 megapixels de resolução, sistema Android e um importante diferencial: as lentes intercambiáveis. No Brasil, o modelo será comercializado com uma lente zoom de 10-30 mm e abertura entre F3.0-5.6. A tela é de 3,5 polegadas, sensível ao toque e a conexão com os aplicativos é Wi-Fi. Seu valor sugerido é de R$ 1.799.

12 Cozinha compacta Cozinhar é uma competência que está sendo esquecida. Falta tempo, disposição e habilidade para muitas pessoas que trabalham fora de casa. Para isso, um processador como o My Cook pode ser uma alternativa interessante: o aparelho cozinha, mói, tritura, amassa, refoga, rala, engrossa cremes, dentre outras funções automatizadas. Ele também conta com alguns acessórios, como uma balança integrada, coador e espátula.

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ENTRETENIMENTO | curiosidades, humor e sustentabilidade

MKT de guerrilha

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Psicologia explica o vício do Candy Crush

Quais profissões deixam você mais gordo? Lanches fora da hora, passar boa parte do dia sentado, almoçar e trabalhar ao mesmo tempo. Ganhar uns quilinhos por causa do trabalho é algo muito comum, mas algumas profissões são piores. A Career Builder entrevistou mais de 3,6 mil pessoas e desvendou as profissões que mais ajudam a engordar. O assistente administrativo ficou em primeiro. Ao todo, 69% dos entrevistados que ocupam esse cargo engordaram. Logo após aparece o engenheiro (56%). Professor, enfermeiro, gerente de TI e administrador de redes ficaram empatados em seguida (51%). 58

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Jogado mais de 600 milhões de vezes por dia por 50 milhões de usuários, o Candy Crush Saga é um sucesso mundial. De acordo com o professor de Psicologia Tom Stafford, da Universidade de Sheffield, o vício pelo game está relacionado ao efeito Zeigarnik. Esse fenômeno nos atormenta sempre que uma tarefa incompleta fica fixada na memória. Quando as vidas do jogo acabam, é preciso esperar 30 minutos para jogar novamente. Nesse intervalo, o cérebro sente urgência para resolver o “problema”. Essa lógica cria a sensação de que se deve jogar todos os dias.

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Niandson Leocádio

sive uma caprichada sobre o Rio de Janeiro (adm.to/dumb_rj). E a campanha conseguiu seu objetivo: contribuiu para uma redução de mais de 30% dos acidentes. A responsável pela ação foi a agência McCann Melbourne. Assista em adm.to/dumbdie

Niandson Leocádio

Niandson Leocádio

Como transmitir uma informação de forma efetiva com outras tantas milhares de mensagens que aparecem? A receita foi bem encontrada em “Dumb Ways To Die”, uma campanha para promover a segurança em trens e metrôs na Austrália. Ao invés de alertar para os quesitos de segurança, a ideia foi mostrar maneiras estúpidas de morrer na malha ferroviária. O alcance conquistado pelo vídeo nas mídias sociais superou qualquer expectativa. Só no Youtube foram mais de 55 milhões visualizações e diversas versões feitas por pessoas de todo o mundo, inclu-

água vira combustível Cientistas da Universidade do Colorado desenvolveram um processo que pode revolucionar a indústria automobilística. Eles usaram a luz solar para separar as moléculas que compõem a água, o que pode ser o primeiro passo para o uso de hidrogênio como combustível limpo. O sistema usa espelhos para concentrar a luz solar até que se atinja 1.350 ºC. O calor é direcionado a um reator com substâncias óxidos metálicas. Apesar da descoberta, o processo ainda é mais caro que o gás natural e inviabiliza a produção em larga escala. Por enquanto.


AçÕES para um mundo melhor

DES COM Tecnologia contra PLI os problemas CAN urbanos DO por

ABC (ACTIVITY BASED COST) Custo Baseado em Atividade. É um sistema de determinação de custo que toma por base as atividades específicas da empresa, isoladamente ou em conjunto.

DIAGRAMA DE ESPINHA DE PEIXE Instrumento gráfico que permite identificar as causas e os efeitos em um processo (também conhecido como Diagrama Causa e Efeito ou de Ishikawa).

GRÁFICO DE PARETO Análise dos temas relacionados por ordem de frequência. É uma forma especial de gráfico de barras verticais que nos permite determinar quais problemas resolver e qual é a prioridade.

eber freitas

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Você sabe para onde ligar quando vê um buraco imenso na rua? De quem deve ser cobrada aquela solução? Uma cratera em via pública pode ter inúmeras origens, e cada uma delas remete a um ente público específico — companhia de águas do estado, prefeitura, empresa de energia elétrica ou até de implantação de fibras óticas. Não é novidade a falta de interesse em criar uma plataforma única para receber reclamações dos cidadãos (e clientes do serviço público). Mas sabe como dizem: onde há um problema, há uma oportunidade empreendedora. Duas empresas, a WBF Mobile, especializada em desenvolvimento de apps, e a Mustaxe.mx, focada em conteúdo, criaram, em parceria, o aplicativo Cidade Legal. Funciona assim: você vê o problema, denuncia a ocorrência em uma das 44 categorias que o app oferece e o GPS do dispositivo marca o local da ocorrência — também é possível enviar fotos e divulgar nas redes sociais. “Com três toques na tela, você já consegue marcar o problema”, afirma Alessandro Straccia, sócio da Mustaxe.mx. A ideia surgiu da própria experiência dos criadores ao se depararem com problemas

pontuais na cidade. “Buracos nas ruas devem ser reportados a quem? E poda de árvores? E lixo sem recolhimento? Essas situações fazem parte do cotidiano, e é muito maçante ir atrás de cada órgão da prefeitura para solicitar o reparo ou correção de um problema desse tipo”, explica Alessandro. Modelo de negócios e financiamento Até o momento foram investidos cerca de R$ 100 mil no aplicativo — incluindo horas de trabalho, viagens para apresentação do sistema, marketing e outras despesas. Tudo financiado pelo capital das próprias empresas, sem o aporte de investidores ou programas de suporte a empreendedores. Alessandro garante que o aplicativo sempre será gratuito para o usuário final: “é um serviço de utilidade pública

que desejamos oferecer aos cidadãos”, afirma. O modelo de negócios prevê a geração de lucro a partir de licenciamento ou patrocínio e disponibilização do módulo gerencial para entidades do terceiro setor. “Infelizmente, em nosso país é muito rara a utilização da tecnologia integrada com a gestão pública para melhoria dos serviços, otimização dos gastos públicos, planejamento urbano, entre outras melhorias”, lamenta Alessandro. “Queremos utilizar nossa experiência no mercado corporativo para promover esse novo paradigma nos serviços oferecidos pelos governos”, diz Atualmente, sete prefeituras do Sul, Sudeste e Nordeste estão em fase de negociação para usar o Cidade Legal como ponto de interação com o cidadão — pelo menos uma delas está em processo de homologação de software.

humor

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ENTRETENIMENTO | Leitura e cinema

LEITURA procuram nos impactar com pensamentos esquemáticos, inéditos e chamativos. Geoffrey é um cientista peculiar que escreve com fluência casual, envolvente e irônica. A capa já mostra um cro-magnon empurrando um carrinho de supermercado. É essa a finalidade do livro: fazer uma ligação daqueles ancestrais com a nossa atitude de compras. Geoffrey acredita que os “marketeiros conseguem vender o chiado da fritura, e não o bife”, mas ainda não conseguem entender quais méritos ou virtudes os consumidores estão mostrando através das suas decisões de consumo. O autor mostrou dois objetivos: descrever a cultura aos olhos da biologia e sugerir algumas formas para misturar as características sociais pré-históricas com as tecnologias modernas. Geoffrey indica que utilizamos nossas habilidades evolutivas para tomar as decisões de compras que nos ajudam a escolher nossos amigos e amores. Relacionar produtos premium com status dos consumidores é subestimar outros aspectos hereditários mais sutis como até o caráter moral. Geoffrey sugere seis variáveis da personalidade que podem servir de traços para sinalizar aos outros que tipo de consumidores podemos ser: inteligência, abertura mental, consciência, amabilidade, estabilidade e extroversão. Na sua percepção, os profissionais de marketing estão

pesquisando vagos indicadores de comportamento sem prestar atenção aos índices de aptidão biológica que possuímos. Entendi do seu livro que usamos uma linguagem natural, evolutiva e não verbal para a sobrevivência da espécie. Se consciência é um “sentimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos de seu mundo interior”, começamos a construir a nossa antes mesmo de tentar produzir palavras. É essa consciência ancestral que Geoffrey traz à tona para analisar o consumismo fugaz que pode nos deixar vazios, superficiais ou promíscuos. O livro é uma surpresa pela abordagem nova e milenar para a análise do comportamento humano. Os critérios oferecidos não são fáceis de ser absorvidos instantaneamente. Como uma nova linguagem, eles precisam ser bem praticados para serem eficientes. Talvez valha a pena esse mergulho, já que nas suas palavras “marketing está na base de tudo que envolve a cultura humana, da mesma forma que a evolução está na base de tudo que envolve a natureza humana”.

A arte da não conformidade

Educação digital

Liderança para leigos

por chris guillebeau

por luiza ribeiro do valle maria josé viana marinho de

Darwin vai às compras por rique nitzsche

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O que um psicólogo evolucionista pode pensar do marketing? “Marketing não é apenas uma das ideias mais importantes no mundo dos negócios. Tornou-se a força mais dominante na cultura humana... Como os peixes que não percebem a presença da água, não nos damos conta de que vivemos na Era do Marketing”. Essa é a ideia de Geoffrey Miller, autor de Darwin vai às compras, que tem pensamentos inesperados a respeito da mistura entre ciência e negócios. Os escritores da ciência geralmente buscam uma autoridade coerente, cumulativa e intimidadora e os de negócios

Ed. Best Seller Ltda, 458p. R$ 49,90 Rique Nitzsche é um cara que gosta de transformar as coisas em outras melhores. Depois de centenas de desafios capciosos resolvidos, ele começou a transformar as pessoas através do design thinking. www.dthink.com.br

ESTANTE

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por john marrin

mattos e josé wilson da costa

O livro põe em xeque premissas comuns sobre a vida e o trabalho ao mesmo tempo em que mune o leitor de ferramentas para viver a vida em sua plenitude.

Profissionais de diferentes áreas reuniram uma série de análises e exemplos de aplicações práticas sobre como ter melhores resultados em sala de aula.

O livro abrange desde o conceito e aspectos de liderança, indicando como e por onde começar, até como exercer a posição de líder em diversos contextos.

Saraiva, 208p. R$ 34,90

Penso Editora, 296p. R$ 59,90

Alta Books, 348p. R$ 59,90

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CINEMA

A Datilógrafa por

trailer

Aos 21 anos, Rose Pamphule resolve sair de sua cidade e tentar um emprego de secretária. Ela descobre um grande talento como datilógrafa e, com a ajuda de Louis Echard, torna-se uma competidora profissional.

daslei ribeiro

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Rose Pamphyle é uma jovem sonhadora. Ela sonha em sair de sua pequena vila na Baixa Normandia, na França, se tornar uma secretária para viajar o mundo e conseguir sua independência. Para fugir do destino traçado pelo pai – de casar com o filho do melhor amigo dele e se tornar uma dona de casa – Rose possui apenas uma chance: aprender datilografia. Afinal, em 1958, toda boa secretária antes de tudo é uma boa datilógrafa. Ela treina toda noite escondida do seu pai na loja da família e se torna a datilógrafa mais rápida de sua vila, o que lhe dá a iniciativa de tentar uma vaga em uma pequena seguradora na cidade de Lisieux. O filme A Datilógrafa (Populaire) até parece uma comédia romântica açucarada qualquer, com uma protagonista sonhadora, mas o longa possui algo mais, muito relacionado a características de empreendedores e líderes: acreditar em seu próprio potencial e também no do próximo. Tomemos como exemplo a entrevista de emprego que Rose participa: uma das candidatas, que não são poucas, comenta que “a marca de uma boa secretária é a discrição, precisa ser essencial sem se impor”. Só que nossa protagonista não se enquadra nos moldes da “boa secretária”. Na verdade, por ser muito estabanada, ela está longe de ser eficiente com as atividades do secretariado. Com isso, acaba sendo dispensada de imediato. Se seguisse os exemplos de suas concorrentes, Rose seria subserviente e iria embora com seu sonho natimorto debaixo do braço, mas ela teve autonomia de puxar uma maquina de escrever e datilografar um texto. Não poderia sair de lá sem mostrar seu potencial, mesmo que fosse sem a permissão do contratante, Louis

Echard, que ficou fascinado com a velocidade que ela consegue digitar, mesmo usando apenas os indicadores para teclar. É algo que não passa despercebido pelo olhar de Echard, um dom a ser explorado, e acaba sendo contratada não apenas como secretária (afinal ela não deixa de ser desajeitada e distraída), como também uma datilógrafa competidora profissional. Ela acreditava em seu potencial, mas sozinha não sabia como vencer, era preciso que outro acreditasse nela, que a orientasse. E assim aconteceu. Quando ela esteve triste, por ter perdido a primeira competição e achar que por ser mulher nada mais daria certo, o senhor Echard encontrou alguma forma de motivá-la: “você tem um dom, e ter um dom já é o suficiente para dar certo.” A partir daí Echard se tornou seu técnico e investiu seu tempo para tornar Rose Pamphyle a melhor datilógrafa, não só de sua região, como de toda a França e talvez do mundo. A estafa mental e física se torna o preço a ser pago por sua própria realização, mas é algo que ela tem que encarar de frente, não se deixar abater, pois agora não está só, ela faz parte de uma equipe. O filme, em suas entrelinhas, deixa uma importante mensagem: temos que descobrir no que realmente somos bons, o nosso dom e acreditarmos nele, se não o fizermos nunca conseguiremos fazer outros crerem em nosso potencial. Mas, é claro, só o dom não é tudo, temos que nos aprimorar sempre, deixar de teclar apenas com os indicadores e usar os dez dedos para sermos mais rápidos e melhores.

Daslei Ribeiro é jornalista e videomaker que não revela a idade, escondendo o diploma do curso de datilografia.

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PONTO FINAL escutar

Converse com consumidores antes de tudo por sramana mitra

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imagem niandson leocádio

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Sramana Mitra é a fundadora da iniciativa One Million by One Million (1M/1M), uma incubadora virtual que tem como objetivo ajudar um milhão de empreendedores globalmente a alcançar US$ 1 milhão ou mais em receitas. Ela é empreendedora do Vale do Silício e consultora em estratégia. Entre 2008 e 2010, Mitra foi colunista da Forbes. Como uma executiva empreendedora, ela dirige três companhias: DAIS, Intarka e Uuma.

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u sempre aconselho empreendedores a conversarem com os consumidores antes de construir qualquer coisa. Primeiro, faça o máximo de pesquisa que puder. Escute algumas, outras não. Gülin Yilmaz escutou. Ela é um exemplo clássico daqueles que pagam para conversar com os consumidores e pagam por pesquisas. Quando ela e seu sócio iniciaram um projeto, não começaram pelos testes de produtos, mas por um teste das águas - apresentando a ideia do produto por meio de discussões com um número de potenciais consumidores para medir as reações ao futuro negócio. O que eles encontraram como resposta foi uma necessidade, mas não aquela que o negócio planejado buscava preencher. Então, eles rasgaram a ideia original e, em vez dela, a OpsVisibility nasceu. Localizada em Palo Alto, a OpsVisibility foi criada para ajudar setores de TI de empresas de médio porte a administrar a sua infraestrutura em nuvem. O objetivo era diminuir o desperdício de tempo e energia em operações de TI

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nos departamentos. Ao permitir a automação, a OpsVisibility agilizava processos manuais pesados e garantia retornos sobre o investimento. Gülin entendeu a importância de reunir informações e percebeu que no mundo dos negócios elas podem ser extraídas dos usuários do produto. Por meio de sua pesquisa, Gülin não apenas isolou a tendência visando à automação dentro da indústria, mas também criou uma demanda por desenvolver um produto capaz de eliminar interrupções devido ao erro humano, permitindo um aceleramento das companhias de tecnologia. Seu trabalho foi bem sucedido, pois validou o modelo de negócio e precificou o serviço. Como resultado, a OpsVisibility pôde criar uma base confiável de consumidores quando lançarou a primeira versão do produto. Gülin e sua equipe encararam o desafio de construir um negócio que alinha as necessidades do consumidor com seus recursos limitados. O plano de negócios foi estruturado a partir das pesquisas e a empresa foi criada com recursos próprios até que a receita alcance U$ 1 milhão, por isso o orçamento é fixo. E, graças ao feedback dos consumidores, há um novo projeto de design encaminhado para uma nova versão do produto. Os competidores mais próximos a OpsVisibility são construídos em casa, dentro das empresas a que servem. Gülin espera que os clientes superem o ceticismo inicial associado a um produto de fora, especialmente porque ele já foi validado por mais de 100 pessoas em 62 empresas localizadas no Vale do Silício. O objetivo da empresa é garantir 10 novos clientes no segundo semestre de 2013. Com um trabalho considerável feito no início do projeto, Gülin conseguiu construir um negócio desde o conceito até a aprovação do consumidor em apenas três meses. Em longo prazo, ela e sua equipe perceberam que o produto se tornaria uma plataforma na qual a inteligência em nuvem se construiria.




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