você precisa ser líder
novembro/dezembro de 2013 – ano 2 – no 23 www.administradores.com R$ 12,50
seja excessivamente comunicativo
entrevista flávio augusto
Vista-se como um empreendedor de sucesso
tudo besteira! Está na hora de romper com as fantasias que ainda dominam o mundo corporativo
profissional perfeito
SuMÁRIO
rasGando o manual do profissional perfeito Consultorias, livros e revistas de negócios ajudaram a criar a ilusão do profissional que todos gostariam de ser. Está na hora dos administradores reverem esses conceitos e romperem com as fantasias organizacionais que dominaram nossa área.
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FEEdBAcK
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AMBIEnTE EXTERno
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onlInE
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20 | acadêmico 12 | entrevista Um papo aberto e franco com Flávio Augusto
administradores.com
noVEMBRo/dEZEMBRo 2013
Programa de intercâmbio de universidade norteamericana traz expertise e consultoria em projetos de alto impacto para empresas nacionais.
22 | troca de ideias
18 | insiGht
24 | carreira
Luis von Ahn: o empreendedor que está revolucionando o crowdsourcing
Quando a liderança é encoberta | por Henry Mintzberg
Conquistando novas metas pessoais. Seu plano de ação pode levar ao fracasso?
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PEI, BuF! Como ganhar um debate tendo (ou não) a razão?
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conTRAPonTo Você é a favor ou contra a utilização do WhatsApp?
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30 | infoGrÁfico 32 | estratéGia
34 | marKetinG
Por que um administrador precisa conhecer a teoria das cores?
Uma abordagem de operações mais humanista.
Conheça o poder dos virais no mundo dos negócios.
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Eiji Toyoda
o QuE dRucKER FARIA ARTIgo
AdMInISTRAdoRES do FuTuRo
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“Nós criamos felicidade”: a experiência de trabalhar na Disney.
Clientes irracionais por Seth Godin
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ARTIgo do lEIToR O aniversário do meu maior adversário por Fabrício Medeiros
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O Renascimento da Administração por Leandro Vieira
MEnTE ABERTA
Gonzo
AdMInISTRAdoRES nA HISTÓRIA
FoRA do QuAdRAdo
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EnTRETEnIMEnTo - Curiosidades e humor - Ações para um mundo melhor - Leitura: Sonho Grande - Cinema: Gigantes da Indústria
noVEMBRo/dEZEMBRo 2013
ponto final É hora de acreditar na individualidade por Eduardo Carmello administradores.com
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EDITORIAL
Expediente
Chega de balela, abaixo a cartilha da perfeição! Basta entrar em qualquer livraria para ser bombardeado por dezenas de títulos que prometem, ao aplicar uma receita básica, conduzi-lo a uma carreira de sucesso. Em palestras – diversas delas – um discurso simplista e a certeza de que, ao seguir uma cartilha, você será capaz de tudo. Na mídia: dicas, passos e regras sobre como você deve fazer para ser um profissional brilhante. Percebeu? Virou uma constância ininterrupta e até exagerada de informações que buscam impor um comportamento para todos ganharem um quadro de “funcionário do mês” permanente. Estamos na era da ditadura da perfeição na selva corporativa. E, para piorar, muito do que se fala é um emaranhado de fórmulas prontas e receitas de autoajuda que não possuem fundamento. Mas ai daqueles que não a seguirem. Afinal, “você não quer ser o profissional perfeito?”. Se o exagero parece reinar, a situação se agrava quando um grande veículo de comunicação na área de negócios publica dicas para se vestir como um empreendedor de sucesso. Aí é demais! Foi a gota d’água, o nosso estopim. Precisávamos nos posicionar sobre alguns excessos da autoajuda. Como se todos que seguissem essas orientações conseguissem o mesmo resultado. Como colocar uma calça jeans, uma blusa preta e um tênis surrado fosse transformar alguém em Steve Jobs. O mito do profissional perfeito deveria ser quebrado. E essa foi a missão da Administradores nesta edição. Na reportagem de capa vamos quebrar clichês que foram criados sobre o líder, o empreendedor e o profissional. Vale destacar que não estamos contra todos os livros, consultores e cursos oferecidos no mercado. Pelo contrário! Existe muita coisa boa sendo oferecida e que vale o investimento. No entanto, é preciso separar o joio do trigo, identificar os discursos mal embasados e perceber que esse negócio de “profissional perfeito” é tudo balela. 6
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A edição não para por aí. Está recheada de temas bastante interessantes. Entre eles, a realização de um desejo antigo que, graças à compatibilidade de agendas, foi consumado: um bate-papo aberto e bem franco com o GV nº 1, Flávio Augusto. Está imperdível! Já no Pei, buf!, a temática da vez foi bem polêmica, mas curiosa: “Como ganhar um debate tendo (ou não) a razão?”. E, falando em debate, um assunto que dividiu os nossos entrevistados e até a nossa equipe: a utilização do WhatsApp. Tem mais: Marketing, MIT, Logística, Estratégia, Disney, Toyotismo e Renascentismo são alguns dos outros temas explorados neste exemplar. A edição 23 consolida também algumas novidades e conquistas. A entrada de Lívia Pereira, Dandara Costa e Marcela Agra na equipe de reportagem (ótimos reforços). No final de setembro, Leandro Vieira, publisher e fundador do Administradores. com recebeu o Prêmio Empreendedor Ozires Silva, entregue a personalidades que são exemplos para as futuras gerações. Outra grande notícia é a nossa chegada em mais um canal: no Kindle! Basta procurar dentro do gadget pelo app “Banca Administradores” ou acessar o link adm.to/kindle_adm e acompanhar a edição. Claro, tudo de graça. Agora é com vocês. Boa leitura! Fábio Bandeira de Mello editor
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CONTATOS Assinaturas www.administradores.com.br/revista PUBLICIDADE comercial@administradores.com.br +55 (83) 3247 8441 correspondência Av. Nossa Senhora dos Navegantes, 415 / 304 - Tambaú - João Pessoa - Paraíba CEP 58039-110 redação revista@administradores.com.br Publisher Leandro Vieira leandro@ administradores.com.br Redação Editor Fábio Bandeira de Mello fabio@ administradores.com.br Repórteres Agatha Justino agatha@ administradores.com.br, Dandara Costa dandara@administradores.com.br, Eber Freitas eberfreitas@administradores.com. br, Fábio Bandeira de Mello, Lívia Pereira livia@administradores.com.br, Marcela Agra marcela@administradores.com.br, Mayara Chaves mayara@administradores. com.br e Simão Mairins simao@administradores.com.br Revisão Danielle Vieira COLABORADORES Alejandro Lago, Carlos Rodríguez Lluesma, Christian Barbosa, Diego Andreasi, Eduardo Carmello, Fabrício Medeiros, Philip Moscoso, Henry Mintzberg, Janaina Depiné, Marina Queiroga, Marco Mancesti, Raniere Rodrigues e Seth Godin. ARTE DIREçÃO Thiago Castor thiago@administradores.com.br Design e ilustração Niandson Leocádio niandson@administradores.com.br EDITOR DE vÍDEO Daslei Ribeiro daslei@administradores.com.br COMERCIAL Diretor Comercial Diogo Lins diogo@administradores.com.br FINANCEIRO Anna Vita Vieira annavitavieira@administradores.com.br Atendimento ao Leitor Anna Valéria Onofre annavaleria@administradores.com.br Impressão Gráfica Moura Ramos www.mouraramos.com.br
os políticos, mas ele ainda pode ser diferente se vocês, depois de formados, decidirem sentar no lugar deles”. Antônio Marco da Silva
EXIGÊNCIA DA FORMAÇÃO EM ADM PARA POLÍTICOS? 4
Aí vão aprender a mexer com a HP 12c e vão roubar dobrado! Juliano Souza de Liz
POR QUE UM DIRETOR DEVE SER HUMILDE?
REVISTA
COMO UTILIZAR O QR CODE NO CARTÃO 2
Essa edição está show! Assim como as outras, claro!
Já utilizava o QR em meu cartão. Gostei da matéria, é bem informativa e prática.
Priscilla Buriti
Luciano Oliveira
CAPA
EXIGÊNCIA DA FORMAÇÃO EM ADM PARA POLÍTICOS?
Realmente, a administração move o mundo... Bruno Jose Ely
CAPA 2
Administração são decisões. Decisões de como utilizar corretamente qualquer recurso. Esses podem ser interpretados de todos os aspectos, não só em nossa vida profissional, mas também na vida pessoal. Hélio Pedroso
CAPA 3
Minha mãe administra a casa muito melhor do que os políticos administram países do primeiro mundo. E ela nem tem esse tipo de formação. Lucas Oliveira
EXIGÊNCIA DA FORMAÇÃO EM ADM PARA POLÍTICOS? 2
COMO UTILIZAR O QR CODE NO CARTÃO
Muito bom. Acabei de refazer meu cartão com QR. Rodrigo Lorandi
Antônio Wagner Santana
[INFO] QUER GANHAR DINHEIRO FÁCIL?
Único lugar aonde dinheiro e sucesso vem antes do TRABALHO é no dicionário. Elmo Silva
[INFO] QUER GANHAR DINHEIRO FÁCIL? 2
Rouba um banco... Diego Ramos
Como pode pessoas que só têm o ensino fundamental administrarem o país e tomarem decisões por nós?! Administração já! João Luiz
Vencer o medo é o nosso maior desafio. Célia Rejane Maciel
Humildade é atributo indispensável a qualquer ser humano independente de seu cargo. Humildade que deriva da palavra em latim humilis ou humus (terra) que mostra de onde vem a energia que mantém o homem vivo. E, assim como a terra, devemos sempre estar abertos a receber adubo e ser humus. Viajei agora... Foi o saquê!
EXIGÊNCIA DA FORMAÇÃO EM ADM PARA POLÍTICOS? 3
Meu professor, na primeira aula da graduação, profetizou: “o Brasil seria um país muito diferente se no lugar dos senhores estivessem sentados
Mande também O seu recado para a Administradores através do revista@administradores.com.br
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AMBIENTE EXTERNO | RÁPIDAS
Divulgação
Prêmio Empreendedor Ozires Silva 2013 O fundador do Administradores, Leandro Vieira, foi um dos homenageados pelo Prêmio Empreendedor Ozires Silva. A honraria reconhece empreendedores e empresas do Brasil que têm contribuído para o desenvolvimento do país e são exemplos para as futuras gerações. Entre os homenageados estiveram Luiza Helena Trajano, Rosalina Cardoso Vilela, a Crescer Brasil e o Magazine Luiza. O prêmio leva o nome de um dos maiores empreendedores do Brasil. Ozires Silva é o fundador da Embraer, que se consolidou como uma das principais fabricantes de aeronaves do mundo.
FRASES
Natal mais cedo?
Administração no Enade
Em meio às incertezas de uma crise política e econômica, nada como o clima natalino para apaziguar os ânimos e renovar as esperanças. Pelo menos é o que pensa o governo da Venezuela, que resolveu antecipar as comemorações do período no país. Segundo o presidente, Nicolás Maduro, a ideia foi promover a felicidade entre o povo. E os venezuelanos andam mesmo precisando de motivos para tanto, em meio à inflação alta e crescente, à escassez de produtos básicos (como papel higiênico) e à instabilidade, fruto de um país dividido.
O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes 2012 (Enade) indicou um panorama atual dos 1.554 cursos de Administração no Brasil. Desse total, 672 (43,2%) obtiveram o conceito 3. O número é maior que a soma dos cursos nas faixas 4 e 5 (311) e também nas 2 e 1 (557). Outros 14 cursos não obtiveram conceito, por não terem atingido volume suficiente do comparecimento de alunos às provas. O Enade é um grande indicador da qualidade da educação superior no Brasil. A pontuação segue uma escala de 1 a 5, na qual 1 e 2 são conceitos insatisfatórios, 3 é satisfatório, 4 é bom e 5, ótimo.
A estratégia tem a ver com criar uma direção fundamental e única para a empresa, olhando o todo, e não apenas as partes individuais.
Michael Porter
Professor da Harvard Business School, em sua palestra na ExpoManagement 2013.
É como você comprar um boing e colocar um piloto de teco-teco para pilotar.
Alexander de Almeida
Shutterstock
49% dos empreendedores são negros Em meio à polêmica das cotas para negros nos concursos públicos, uma pesquisa do Sebrae revelou que quase metade das micro e pequenas empresas brasileiras são comandadas por empreendedores negros. O estudo aconteceu de 2001 a 2011, período em que a quantidade desses empresários cresceu em 29%. Além disso, a pesquisa comprovou que os empreendedores afrodescendentes apresentaram aumento de 47% em seu nível de escolaridade. “A desigualdade ainda existe, mas a melhora da escolaridade e do rendimento aponta para uma situação mais favorável no futuro para os negros que estão no empreendedorismo”, destaca Luiz Barretto, presidente do Sebrae.
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O empresário que virou o meme rei do camarote, ao falar sobre o que agrega valor ao camarote.
se, daqui a cinco anos, você estiver no mesmo ramo em que está hoje, seu negócio não existirá mais.
Philip Kotler
da Kellog School of Management, ao encerrar o ciclo de palestras da HSM ExpoManagement 2013
OnLInE | www.adMinistradores.CoM
ARTIGOS
ENQUETE
#FICADICA
Reprodução
voCê é a Favor ou Contra a exigênCia de ForMação eM adMinistração Para CheFes do Poder exeCutivo (PreFeitos, governadores e Presidente)? O prOTAgONiSTA É O CONSUmidOr, NãO AS mArCAS
aPP
xe CUrreNCY
É um app para cotações de moedas de todo o mundo; grátis para iPhone, Android, Windows Phone e BlackBerry.
lAmiNAr prO
Editor de imagem profissional com dezenas de recursos. Trabalha a imagem em layers, aplicação de máscaras, níveis de cor, entre outros.
93% A FAVOR
O professor Marcos Hiller destaca o verdadeiro astro dentro do marketing: o consumidor.
7% CONTRA
ENTREVISTA
niandson Leocádio
Shutterstock
adm.to/quem_manda
CASAiS empreeNdedOreS QUe derAm CerTO (NO AmOr e NOS NegÓCiOS)
redeS SOCiAiS: TermÔmeTrO pArA AS OrgANizAçÕeS Isabella Medeiros, analista do setor público da SAP, mostra como organizações devem, sim, ingressar ativamente nas redes. adm.to/termometro_admtalks
SAibA pOrQUe SUA empreSA preCiSA CONTAr hiSTÓriAS
g+
@admnews
adm.to/ orkutadm
adm.to/ facebookadm
adm.to/ linkedinadm
Para Bruno Scartozzoni, especialista e professor em storytelling, contar histórias pode ser a melhor forma de aproximar as empresas do seu público. adm.to/novas_historias
fOi deSTAQUe NA Web
reprodução
Divulgação
adm.to/amor_negocios
Thiago Castor
A consultora Sramana Mitra conta histórias de casais que empreenderam juntos e alcançaram muito sucesso.
vÍdeos
COmO AS mArCAS eSTãO AprOveiTANdO O meme “rei dO CAmArOTe”
liSTA ApONTA OS SeTe prOfiSSiONAiS mAiS deSeJAdOS pelAS empreSAS
“CTrl+AlT+del fOi Um errO”, diz bill gATeS
A reportagem da Veja sobre o “Rei do Camarote” deu o que falar na internet e ganhou até fanpage.
Conheça com detalhes os requisitos e características do perfi l dos profissionais mais procurados pelas companhias atualmente.
Cofundador da Microsoft admite que um dos comandos mais famosos do sistema foi criado por “acidente”.
adm.to/rei_camarote
adm.to/desejados
adm.to/del_erro
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Cobrança de Títulos BB. Cada vez mais vantagens para sua empresa e mais comodidade para seus clientes.
bompratodos.com.br Central de Atendimento BB 4004 0001 ou 0800 729 0001 2XYLGRULD %% 0800 729 5678 Serviço de Atendimento ao Consumidor - SAC 0800 729 0722 'H¿FLHQWH $XGLWLYR RX GH )DOD 0800 729 0088
Com boletos de cobrança do Banco do Brasil, seus clientes contam com a abrangência das agências e canais de atendimento do BB. E para sua empresa, mais pontualidade e segurança no crédito dos valores cobrados. É o Banco do Brasil, cada vez mais, bom pra todos.
ENTREVISTA | flávio augusto
comece pequeno, pense grande e expanda o seu sonho Ele não começou do zero, mas sim do negativo. Dezoito anos após a fundação da sua empresa, assinou a venda dela por quase um bilhão de reais. No discurso, uma convicção: “se eu consegui, qualquer pessoa consegue”. Veja um bate-papo aberto com Flávio Augusto da Silva. por simão mairins e leandro vieira
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imagens divulgação
C
onquistar uma vaga em uma universidade
Como ele mesmo se define, Flávio Augusto da Silva é um
federal é uma grande realização para qual-
construtor, não um síndico, embora seja difícil dissociar uma
quer um. Para um menino simples, da zona
coisa da outra. Por um lado, sua capacidade administrativa está
oeste do Rio de Janeiro, aluno de escola
estampada no sucesso de empreendimentos que iniciou do zero
pública, é, literalmente, excepcional. O jovem Flávio conseguiu.
(ou melhor, do negativo). Por outro, a habilidade para construir,
Mas, pouco tempo depois, chegou à conclusão de que a melhor
expandir e garantir valor (ótimos valores, diga-se de passagem)
decisão seria deixar o curso. Para a maioria das pessoas em sua
a seus negócios é, de fato, sua característica mais marcante.
volta, na época, uma decisão estúpida e insana. Mas ele estava
Em uma conversa franca com a Revista Administradores,
decidido. Queria ser vendedor. E foi assim que nasceu para os
Flávio Augusto fala sobre sua trajetória, compartilha sua visão
negócios um dos empresários mais bem sucedidos do Brasil.
de empreendedor e comenta seus novos planos no mercado.
O nível de habilidade para tomar decisões é uma das competências mais determinantes sobre o sucesso ou o fracasso de qualquer pessoa, seja ela empreendedora ou não. Você fez algumas escolhas bem difíceis, largou até a faculdade. Você pode nos contar um pouco dessas decisões que acompanharam a sua vida?
Para a maioria dos meus amigos, e até familiares, aquilo não era algo à altura da minha inteligência e por muitos eu era visto com certo olhar de desprezo por trabalhar em algo tão desqualificado, sem glamour e sem futuro. O que todos eles não sabiam é que aquela porta abriu uma nova perspectiva que mudaria a minha vida e a de milhares de pessoas nos próximos anos. Essa empresa foi o meio para eu descobrir o meu potencial, o meu poder de comunicação, afinal, eu era muito tímido e ali eu posso dizer que fiz o meu MBA em empreendedorismo.
Nasci numa família que, apesar de dificuldades naturais, sempre foi muito bem estruturada e sempre me senti muito prestigiado pelos meus pais. No entanto, pela origem simples, não tive acesso a referências mais relevantes de sucesso. Criado na zona oeste do Rio de Janeiro, uma das mais pobres da Cidade Maravilhosa, não posso dizer que comecei do zero, mas sim que comecei do negativo. Sempre estudei em escolas públicas, onde o meu networking era predominantemente formado por moradores das favelas do Sapo e Cavalo de Aço. Entrei para a faculdade de TI na Universidade Federal Fluminense, mas deixei de lado para me concentrar em meu primeiro emprego de vendedor num curso de inglês no Centro do Rio de Janeiro, onde para ir e voltar eu levava quase quatro horas todos os dias, em ônibus ou trens lotados. Resolvi arrumar um trabalho porque me apaixonei pela Luciana, com quem completo agora 21 anos de casado. Não era pouco comum que durante as longas viagens, apertado e amassado dentro dos transportes públicos, eu planejasse o que desejava para o meu futuro. Naquele emprego de vendedor, eu não tinha a carteira assinada, salário fixo, ajuda de custo e nem um escritório para trabalhar. Eu tinha que entrar em contato com uma listagem de potenciais clientes e convidá-los a estudar na escola. O meu primeiro “escritório” foi no Aeroporto Santos Dumont, precisamente nos telefones públicos ao lado do banheiro. Ali, eu passava entre quatro e cinco horas do dia preenchendo a minha agenda de visitas para fazer as apresentações do produto que eu vendia.
E como foi essa passagem de funcionário para empreendedor? Trabalhei lá por quatro anos. Nesse período, eu aprendi em primeiro lugar a me conhecer, lidar com as minhas limitações, lidar com os vários perfis de pessoas, cumprir metas e enfrentar, sem me acovardar, muitos desafios. Fui promovido seis vezes, passando por dois cargos gerenciais, um cargo de direção e, por fim, diretor regional. Como as promoções eram por meritocracia através de resultados alcançados, a minha pouca idade não impediu o meu rápido crescimento. Trabalhei nas cidades do Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Cuiabá, Salvador, Campinas e tive uma experiência internacional ao implantar uma filial na cidade de Valência, na Venezuela. Aos 20 anos me casei e aos 23 anos, ganhando cerca de sete mil dólares por mês, como diretor regional, pedi demissão para iniciar uma nova fase de minha vida. Em 1995 eu fundei a primeira unidade da rede de escolas de inglês da WiseUp. Apesar do alto salário, não tinha o capital necessário para iniciar a primeira escola. Por isso, o meu cheque especial e o de Luciana, no valor de 20 mil reais, com uma taxa de juros de 12%, foi o capital inicial da primeira escola. Por isso digo que não comecei do zero, mas sim do negativo. No entanto, tive ao meu favor entusiasmo, confiança e um know how de mais de quatro anos no setor. novembro/dezembro 2013
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ENTREVISTA | flávio augusto
Mais que um empresário de sucesso, você é uma referência para muita gente. Isso se deve, é claro, à sua história empreendedora, mas também ao tempo que você dedica a inspirar as pessoas. O projeto Geração de Valor é um exemplo claro disso. Mas por que você resolveu reservar parte do seu tempo e sua vida a essa iniciativa? Após 18 anos da abertura da primeira escola, ao assinar a venda da WiseUp para a Abril Educação no valor de quase um bilhão de reais, depois de expandir por cinco países, com mais de 10 mil funcionários e presente em mais de 400 endereços, sendo líder absoluto no ensino de inglês para adultos, tenho a convicção de que, se eu consegui, qualquer pessoa consegue. Basta percorrer o mesmo caminho em 18 anos de estrada. Com esta convicção, há dois anos tive a vontade de compartilhar tudo que aprendi e colaborar com jovens entre 13 e 80 anos de idade que desejam fazer acontecer, mas que muitas vezes não sabem o quê e como fazer. Nesse período, o resultado tem sido fantástico e isso me inspirou a investir pesado para iniciarmos a FASE 2 do GV.
Em um recente artigo no Administradores.com você fala que precisamos gerar mais empreendedores e menos funcionários públicos. Por quê? Já pensou se o Zuckerberg ou Steve Jobs, por serem muito inteligentes, resolvessem fazer concurso público? Ainda bem que eles não tiveram medo de arriscar, de largar grandes universidades para lutar por seus sonhos. A cultura do medo e da busca pela estabilidade é muito prejudicial para o país. Claro que precisamos de bons serviços públicos, mas o fato é que os concursos estão cada vez piores e recrutando jovens que lutam com a faca nos dentes para ocupar uma vaga em qualquer repartição pública, desde que garanta um salário. Isso é muito pouco, francamente. Eu penso que sempre haverá aqueles que vão buscar essa alternativa e acho que tem que ser assim mesmo, mas penso que está exagerado. Gente muito capaz e inteligente tem optado por esse caminho, o que é uma pena. O Brasil precisa de mais empreendedores, de gente que cria, inova, ousa, inspira e gera empregos e impostos. Porque, afinal, para pagar os altos custos da máquina pública, precisamos de mais empreendedores, pois são eles que pagam a maior parte dos impostos e geram empregos que geram mais impostos. O país precisa de suas melhores mentes empreendendo.
Pegando gancho nessa última pergunta, gostaria de saber outra coisa. Como você cita, consolidou-se no imaginário de muitos brasileiros um projeto de vida que tem como ponto central a estabilidade, o que para muitos é passar em um concurso e viver com aquela garantia até morrer. A princípio, se pensarmos que todo mundo vai querer seguir esse manual, o país está frito. Por outro lado, podemos pensar em um mundo em que todos resolvam empreender? 14
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Empreender é para 100% da população. Porque empreender não é necessariamente ser um empresário. Alguém pode empreender como executivo, funcionário do governo, como camelô, ou seja, em qualquer posição. Empreender é participar ativamente da construção de um projeto. Só em estar vivo, por exemplo, você já está empreendendo, porque nascemos sem garantias, vivemos e competimos pelo nosso espaço e tomamos decisões em nossa vida pessoal e familiar que mudam o curso de nossa existência. Logo, a vida é um empreendimento. Mas nos contaram desde cedo que o barato é arrumar um emprego, de preferência para um governo, que nem sempre admiramos ou até mesmo repudiamos, em troca de um salário garantido. Repito: isso é muito pouco.
Já pensou se o Zuckerberg ou Steve Jobs, por serem muito inteligentes, resolvessem fazer concurso público? Ainda bem que eles não tiveram medo de arriscar E o sujeito que não tem recursos, o que tem que fazer para colocar seus sonhos de pé? Empreender é meritocrático e democrático. Ou seja, se você tem apenas 500 reais, você pode empreender com 500 reais. O que vai mudar é o tamanho de seu estoque, os seus processos gerenciais, logística, marketing, vendas e como você vai gerenciar o seu fluxo de caixa. Mas uma coisa é certa, seja com 500 reais ou 500 milhões, a lógica é a mesma. Sempre digo: comece pequeno, pense grande e expanda o seu sonho. Esses 500 reais bem administrados podem se transformar ao longo do tempo e com muito trabalho em valores incalculáveis. No meu caso, eu comecei com -20mil a um custo de 12% ao mês e consegui multiplicar isso em algumas vezes...
Um de seus artigos mais populares versa justamente sobre uma série de “mentirinhas” às quais somos submetidos à vida toda e que podem moldar a nossa realidade. Que mentiras são essas e como podemos enxergar além dessas aparentes verdades? Nascemos numa sociedade que desde pequenos nos convenceu de muitas coisas. Corremos o risco de passar por este mundo sem questionar e simplesmente aceitar as coisas do jeitinho que nos contaram. A maioria faz assim e passa a vida seguindo a boiada, fazendo as mesmas coisas que todos fazem. Com isso, torna-se um novembro/dezembro 2013
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ENTREVISTA | flávio augusto
a mais numa multidão de gente descontente e muito mais preocupada em garantir o pouco do que conquistar os seus sonhos. No final da vida, terão uma grande chance de se lamentar por suas escolhas e alguns dirão que não tiveram sorte.
Corremos o risco de passarmos por este mundo sem questionar e simplesmente aceitar as coisas do jeitinho que nos contaram. A maioria faz assim e passa a vida seguindo a boiada, fazendo as mesmas coisas que todos fazem Recentemente você se despediu da empresa que criou, desenvolveu e consolidou. Disse publicamente que a tratava como uma filha. E fez isso em nome de um novo projeto, de um novo sonho. Empreender é, também, saber se desprender? A WiseUp foi a minha primeira empresa e tenho um verdadeiro amor por ela. Ali eu pude inovar e mudar para sempre o setor de ensino de idiomas, que apresentava apenas cursos arcaicos com sete anos de duração. A WiseUp quebrou paradigmas, emergiu num setor de grande concorrência e fez história. Eu também tive a oportunidade de conhecer gente muito especial, empreendedora e que sempre estará no meu coração. A minha saída foi dolorosa. Comparei a uma filha querida se casando e pronta para viver a sua vida feliz. No meu caso, sou um construtor e não um síndico. Construí a WiseUp do negativo até o um bilhão e estou pronto para construir outros projetos, pois é isso que desejo realizar em minha vida, impactando pessoas e revelando novos talentos. Quando o projeto estiver de pé, ele estará pronto para ser tocado para frente de forma profissional por grupos e executivos competentes. Assim é a vida. Criamos os nossos filhos para eles voarem e não ficarem debaixo de nossas asas.
Você resolveu apostar na viabilização de um time de futebol nos EUA e, com certeza, essa foi uma decisão muito bem calculada. Você pode nos contar mais detalhes sobre esse novo investimento? Morei nos EUA entre os anos de 2009 e 2012. Nesse período, acompanhei o meu filho em vários torneios de futebol. Nessas ocasiões, pude perceber o grande quantitativo de pessoas envolvidas direta e indiretamente com o esporte. Detectei uma oportunidade e resolvi pesquisar com mais profundidade. Fui 16
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surpreendido com o espaço que o futebol já alcançou na América, sendo o futebol o esporte mais praticado entre as idades de 5 e 17 anos, com mais de 24 milhões de praticantes. Os dados da MLS – Major League Soccer, a principal liga de futebol profissional nos EUA, também são impressionantes. Atualmente, a liga é a sétima maior do mundo em público nos estádios, atrás apenas da principal liga da Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, México e Argentina. Fica à frente de Brasil, França, Japão, Uruguai, etc. Ou seja, a MLS, em dez anos, deve ficar atrás apenas de Inglaterra e Espanha. Considerando que a liga da MLS, que hoje tem 20 times, tem um plano de expansão para chegar até 24 nos próximos cinco anos, resolvi investir na aquisição do Orlando City, na compra de cotas, e me tornar um dos sócios da MLS. Nesse investimento, previsto para U$ 160 milhões, vamos construir um novo estádio, vamos ficar com dois no total, sendo um com 60 mil lugares e outro com 25 mil, e criar uma ponte entre o Brasil e os EUA, já que Orlando é o destino internacional preferido dos brasileiros. Mais de 1,5 milhão de brazucas visitam a Flórida todos os anos, sendo responsáveis por 70% de tudo que se compra nos shoppings e outlets da cidade. O nosso plano é que em cinco anos o Orlando City seja um clube conhecido mundialmente e o segundo clube do coração de cada brasileiro.
Segundo time de cada brasileiro é uma meta ousada. Como vocês pretendem fazer isso? Para isso, planejamos estrear na MLS em 2015 com um craque brasileiro de expressão mundial para criar essa identificação com o torcedor brasileiro. Identificação essa que já começou. Em apenas dois meses alcançamos mais de 125 mil seguidores na página do Orlando City no Facebook, com conteúdo produzido em português. Além do clube e do estádio, vou expandir a academia de futebol de Orlando para todo o mundo. Hoje temos mais de duas mil crianças em nossa base, treinando em nosso CT em Lake Mary. Como expansão de redes de franquia é a minha especialidade, vamos expandir, inclusive no Brasil, um novo conceito em treinamento de futebol com duas finalidades: revelar talentos para o futebol profissional e alocação de estudantes brasileiros com bolsas nas faculdades americanas através do futebol. Estou bastante animado e creio que tudo isso será bem divertido.
você, agora, administra negócios em diferentes países totalmente à distância, o que evidencia que, além de um grande empreendedor, você é um administrador competente. Como você organiza essas atividades? Uma das características de um empreendedor maduro é cercar-se de grandes talentos. Tenho o privilégio de ter ao meu lado grandes executivos com quem trabalho há muito tempo e outros que estou agregando ao meu time direto no momento. Tenho uma agenda de reuniões através de videoconferência com cada integrante da equipe todas as semanas e viajo uma vez por mês para o Brasil e EUA. A tecnologia é uma grande aliada nesse contexto. noVEMBRo/dEZEMBRo 2013
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InSIGHT MAESTRO
QUANDO A LIDERANÇA É ENCOBERTA por henry mintzberg e guilherme azevedo
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ilustração niandson leocÁdio
A comparação entre líderes e maestros é muito comum no mundo corporativo. Mas até que grau essa liderança é exercida?
henry Mintzberg é um dos autores mais produtivos da Administração na atualidade, com 16 livros publicados, quase todos considerados referências na área. Ele é professor na McGill University, cofundador do International Master’s Program in Practicing Management, usado por institutos de ensino em Administração no Canadá, Inglaterra, Índia, China e Brasil. Mintzberg também é responsável pelo desenvolvimento do curso CoachingOurselves, que em solos brasileiros é gerenciado pelo Grupo A. www.impm.org www.coachingourselves.com
B
ramwell Tovey, diretor artístico e maestro da Orquestra Sinfônica de Winnipeg, talvez não pareça um típico gerente. Certamente, em comparação com, digamos, a comum caricatura nova-iorquina do executivo de unhas bem feitas, cercado por gráficos de desempenho, sentado em um escritório de esquina, a direção de uma orquestra pode parecer uma forma bastante peculiar de gestão. No entanto, com o aumento da importância do trabalho intelectual – e como o trabalho é cada vez mais feito por profissionais treinados e de confiança –, a maneira como Bramwell lidera sua orquestra ilustra bem o que é a administração dos dias atuais. Recentemente tenho estudado o trabalho de gestores dentro e fora da minha carreira, passando dias com uma variedade deles. Tendo em vista que a metáfora do líder da orquestra é sempre usada para representar o que “líderes” empresariais fazem, eu pensei que passar algum tempo com um maestro poderia ser esclarecedor. O dia
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com Bramwell foi direcionado para explorar e, porventura, explodir o mito do gerente como o grande maestro no pódio – o líder no controle completo. Quando você reflete sobre isso, a orquestra sinfônica funciona como várias outras organizações empresariais. Por exemplo: as firmas de consultoria ou hospitais – na medida em que estão estruturadas em torno do trabalho de indivíduos altamente treinados, que sabem o que devem fazer e apenas fazem. Profissionais como esses dificilmente precisam de procedimentos internos ou analistas de estudo de tempo para lhes dizerem como fazer seus trabalhos. Essa realidade funcional desafia diversos preconceitos que temos a respeito de administração e chefia (comando). Na verdade, em tais ambientes a liderança encoberta pode importar mais do que a liderança aberta ostensiva.
QUem CONTrOlA?
Quando o maestro fica em sua posição e levanta o bastão, os músicos respondem em unissonância. Outro movimento e todos eles param. É a imagem do controle absoluto – gestão capturada
noVEMBRo/dEZEMBRo 2013
perfeitamente na caricatura. E ainda é tudo um grande mito. O que Bramwell Tovey realmente controla? Quais escolhas ele realmente tem? Bramwell diz que seu trabalho consiste em selecionar a programação, determinar quais partes são tocadas, escolhendo artistas convidados, o pessoal da orquestra e gerenciando algumas relações externas (maestros aparentemente variam em suas propensões a se envolverem com trabalho externo. Bramwell gosta disso). O lado administrativo e financeiro da orquestra é tratado por um diretor executivo – na época, Max Trapper, que comandava a orquestra com Bramwell. Muito da literatura clássica em administração tem sido sobre a necessidade de controle, que é sobre o projeto de sistemas, criando estruturas e fazendo escolhas. Há uma abundância de sistemas nas orquestras sinfônicas, todas destinadas a controlar o trabalho. Mas são sistemas inerentes à profissão, não à administração. Bramwell herdou todos eles. O mesmo pode ser dito sobre estruturas; na verdade, até mais. Basta olhar como as pessoas sentam, em fileiras preestabelecidas, seguindo uma hierarquia extremamente rígida; como elas afinam seus instrumentos antes de tocar e batem os pés depois de um bom solo. Esses rituais implicam um elevado grau de estrutura e, ainda assim, todos eles vêm com o trabalho. A profissão em si, e não o gestor, fornece parte considerável da estrutura e co-
ordenação. Enquanto o trabalho de alguns especialistas ocorre em pequenas equipes e forças-tarefa com uma grande quantidade de comunicação informal, o trabalho profissional aqui consiste na aplicação de rotinas operacionais padrões: o compositor começa a trabalhar com uma folha de papel em branco, mas os músicos começam com a pontuação do compositor. O objetivo é tocar bem – interpretando, porém dificilmente inventando algo novo. De fato, o trabalho, os trabalhadores, suas ferramentas – quase tudo em uma sinfonia é altamente padronizado. Uma pessoa que conheci na minha visita à Orquestra Sinfônica de Winnipeg me falou a respeito de como ela havia conduzido uma orquestra universitária, onde os membros apareciam esporadicamente aos recitais. Ele disse que às vezes se viu conhecendo a orquestra completa pela primeira vez em uma performance. Em organizações onde são aplicadas rotinas operacionais padronizadas, os especialistas trabalham amplamente por conta própria, livres da necessidade de coordenar-se com seus colegas. Isso ocorre quase de forma automática. Um aluno meu de doutorado, por exemplo, uma vez participou de uma cirurgia de coração de cinco horas durante a qual o cirurgião e o anestesista mal trocavam uma palavra. Eles foram capazes de sincronizar seus esforços por causa da padronização de suas habilidades e porque eles foram treinados para esperar algo um do outro.
Tendo em vista que a metáfora do líder da orquestra é sempre usada para representar o que “líderes” empresariais fazem, eu pensei que passar algum tempo com um maestro poderia ser esclarecedor Simultaneamente, na orquestra, mesmo quando os músicos tocam juntos, todos e cada um deles toca sozinho. Cada um segue um placar e sabe precisamente o momento de contribuir. O instrumento não apenas identifica cada músico, mas também distingue ele ou ela dos outros. noVEMBRo/dEZEMBRo 2013
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acadêmico | MIT
empresas brasileiras aprendem com o mit por eber freitas
Programa de intercâmbio de universidade norte-americana traz expertise e consultoria em projetos de alto impacto para empresas nacionais.
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o ano 2000, sobre as cinzas das
dotcom pós-bolha, estudantes e professores do Instituto de Tecnologia de Massachussets
(MIT) deram início a um projeto para auxiliar startups em mercados promissores – entre eles o Brasil – a implementar soluções em diversas áreas. Nesse processo, estudantes da Sloan School of Management estabelecem contato com empresas e experimentam um período auxiliando na implantação e execução de projetos, durante um choque criativo de culturas que gera resultados, experiência, conhecimento e desperta a curiosidade em todos os envolvidos. 20
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O Global Entrepreneurship Lab (G-Lab) consiste em um projeto interdisciplinar que transforma o cotidiano das empresas de países da América Latina, Ásia, Oriente Médio e África em laboratório para os estudantes. “O curso mistura análises de macroeconomia regional e questões atuais de empreendedorismo com instruções funcionais e específicas para ajudar as equipes em direcionar o escopo dos projetos, como a entrada em novos mercados, estra-
tégia, marketing ou recursos humanos”, afirma Trond Arne Undheim, professor de economia global e gestão na MIT Sloan School of Management.
Como funciona
A empresa que irá sediar o projeto envia o perfil dos estudantes que precisa e em qual área eles devem atuar. Os jovens consultores atuam em questões específicas dentro da startup para encontrar soluções e implementá-las de forma concreta, rápida e eficiente.
Após a aprovação, empresas e estudantes interagem durante três meses por teleconferência, onde são detalhados os problemas e propostas metodologias e soluções. No quarto mês, os estudantes são enviados para a sede da startup, onde farão uma imersão não só profissional como também cultural. Mas a vantagem não é só a consultoria de qualidade: é uma porta que permanece aberta para projetos futuros. Para participar, as Host Companies (HCs) – empresas que irão receber o apoio – submetem questionários online que ficam disponíveis entre julho e setembro, nos quais irão descrever as dificuldades ao implementar soluções e como gostariam que a equipe do G-Lab trabalhe. Também é necessário descrever o potencial e as habilidades da empresa e sua expertise. Em outubro, os professores do G-Lab selecionam as companhias e escolhem as equipes mais adequadas para cada caso. Entre novembro e dezembro, tem início o projeto, com a finalização do escopo e pesquisas iniciais, entrevistas e análises.
CASES
Em 12 anos de funcionamento, o projeto já atendeu cerca de 300 startups de diversos setores – desde saúde até educação –, algumas delas no Brasil. É o caso da mineira SambaTech, empresa de logística online de vídeos – espécie de “YouTube para empresas”, como define Pedro Filizzola, gerente de marketing da companhia. A empresa, fundada em 2004, é a parceira mais antiga do programa, tendo iniciado o primeiro projeto há sete anos. “A nossa startup foi indi-
cada na época como uma das 40 no mundo inteiro para ser acompanhada pelo G-Lab”, conta Filizzola. “Todo ano, alunos do MBA e graduação nos ajudaram em alguma área, seja marketing, vendas, produtos ou recursos humanos”, explica. O último projeto, que envolve a consolidação da holding SambaGroup foi concluído este ano. O próximo já está em desenvolvimento, com as con-
níveis apenas em mandarim. “Um dos integrantes da equipe do projeto era uma estudante chinesa radicada nos Estados Unidos, que foi de grande contribuição para a realização dos estudos, sobretudo para a coleta de dados disponíveis apenas em mandarim”, destaca Marcelo Rolim, gerente de marketing, pesquisa e desenvolvimento da Kimberlit. Segundo ele, o trabalho junto à equipe do
Poucas universidades oferecem uma modalidade que permita ao estudante desenvolver pesquisa para uma instituição privada ferências e reuniões online, e deve ser concluído no início do próximo ano. Outra empresa nacional parceira do G-Lab é a Kimberlit, companhia do setor de agronegócios especializada em nutrição de plantas. O contato foi feito através da Endeavor; o projeto foi realizado entre o final de 2011 e início de 2012. Sua demanda era de expandir para o mercado chinês, que tem amplo potencial em consumo de fertilizantes, mas as dificuldades eram imensas – principalmente de informações sobre o mercado local, que eram pouco acessíveis e dispo-
MIT rendeu resultados acima do esperado, mas o melhor legado foram os benefícios colaterais. “Passamos a dar mais atenção aos processos de valuation [avaliação de viabilidade de projetos ou de negócios], que antes eram mais simples e superficiais. O choque de cultura no modelo mental de se realizar avaliações foi interessante. A abertura cultural que a vinda de um time de quatro pessoas de origens bem distintas gerou em uma empresa de uma cidade pequena do interior de São Paulo, a evolução de algumas práticas para se adequar e participar do próprio projeto”, elenca Rolim. noVEMBRo/dEZEMBRo 2013
“Esses ganhos não esperados foram, sem dúvida, um grande diferencial para essa parceria, e talvez tenha um benefício mais duradouro para a empresa”, diz.
pOr QUe NãO UmA brASileirA?
Embora o MIT seja uma universidade de ponta, que forma profissionais para trabalhar em empresas como Amazon e Google, existem outras razões para empresas brasileiras optarem por um programa de inovação e desenvolvimento com profissionais estrangeiros – além da oportunidade fácil. A primeira é que poucas universidades oferecem uma modalidade que permita ao estudante desenvolver pesquisa para uma instituição privada – boa fatia da produção científica brasileira se restringe às universidades públicas. “Parte do que foi buscado no projeto com o G-Lab poderia ser encontrado no Brasil”, reconhece Rolim. “Por exemplo, a aplicação de modelo técnico de valuation e o próprio choque de modelo de condução de estudos e negócios”, afirma. Mas a principal vantagem da parceria com uma instituição internacional é menos pragmática e mais potencial: os contatos. “O MIT tem uma rede excelente, que abriu muitas portas e acessos que foram diferenciais para a execução do estudo, inclusive aqui no Brasil e na China”, completa. “O contato com esses alunos é uma aula de MBA”, destaca Filizzola. No Brasil há diversas universidades que poderiam nos ajudar, mas os estudantes do MIT estão imersos em um cenário altamente focado em tecnologia e muitos já trabalharam em grandes empresas. Trazer esse conhecimento, aliar esse know how ao projeto é um dos principais diferenciais”, afirma. administradores.com
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TROCA DE IDEIAS | eMPreendedorisMo
o eMPreendedor que está revoluCionando o CrowdsourCing por agatha justino
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imagem kris krÜg
ocê provavelmente nunca ouviu falar de Luis von Ahn, mas com certeza está familiarizado com seu trabalho. Ele é o criador do Captcha, aquelas letrinhas que você detesta escrever sempre que precisa fazer um download. Professor de Ciências da Computação na Universidade de Carnegie Mellon, Luis von Ahn ainda é o responsável por melhorar o sistema de busca de imagens do Google e ajudar a digitalização de livros por meio do Captcha. Sempre buscando soluções a partir do crowdsourcing, o novo desafio de Ahn é traduzir toda a internet, ao mesmo tempo em que ensina às pessoas, de graça, um novo idioma.
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por que você decidiu traduzir a internet e como o duolingo está ajudando nessa empreitada? Existem aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas no mundo aprendendo uma língua hoje. A maioria dessas pessoas, cerca de 800 milhões, está aprendendo inglês e pertence a uma classe social mais baixa. Entretanto, aprender outro idioma exige bastante dinheiro, pois são cursos caros. Eu quis inventar uma forma de ensinar outras línguas às pessoas, de graça. E pensei: deve existir uma maneira de financiar isto. Mas se não vamos cobrar dos usuários, como vamos fazer? Foi quando nós percebemos que poderíamos traduzir a internet ao mesmo tempo em que ensinamos um novo idioma. A ideia do Duolingo é que, em vez de cobrar dos alunos com dinheiro, o que fazemos é inserir exercícios de tradução, que são páginas da internet. É um método bom para todos! O aluno exercita o que aprende e nós conseguimos lucrar a partir da venda dessas traduções. Então, se alguém, por exemplo, um jornal ou portal de notícias, deseja traduzir seu conteúdo do inglês para o português, nós podemos fazer o serviço para eles e cobramos por isso. Mas seriam os estudantes traduzindo, ao mesmo tempo em que aprendem. Então essa era a ideia inicial e o objetivo do Duolingo. A plataforma é capaz de substituir o ensino tradicional? O estudante aprende a escrever, a ler e a falar com fluência no duolingo? Nem tudo o que as pessoas fazem no Duolingo é tradução, apenas alguns exercícios são. A plataforma é completa e pode ensinar tudo. O sistema conversa com o aluno e consegue avaliar se o que ele diz está correto, assim como o estudante precisa entender o que ele diz. O método é semelhante ao de um jogo. existe um plano de expansão do duolingo? Sim, nós estamos focando bastante na América Latina, especialmente porque eu nasci na Guatemala. Outro projeto para os próximos dois meses é implementar provas e certificados de proficiência. Veja, exames como o TOEFL são extremamente caros e não existe motivo para isso, além do fato das empresas quererem lucrar. O custo de uma prova como essa é de cinco dólares por candidato e eles cobram 200 dólares, isso não é bom. Nós queremos fazer uma versão mais barata desses testes e aumentar o acesso das pessoas a provas como essas. Um dos seus projetos mais conhecidos é o Captcha. você poderia nos contar como ele se tornou o reCaptcha? O Captcha original, que ajudei a inventar, em 2000, era apenas um mecanismo de segurança para a internet. O sistema funciona porque as pessoas são capazes de ler esses caracteres, que computadores não conseguem. Então, por exemplo, no caso do Facebook, a razão pela qual você precisa digitar um Captcha quando cria uma conta é para garantir que uma pessoa esteja fazendo isto e não um programa de computador criado para obter dados de milhares de outras contas.
Esse é o Captcha original. Em um dado momento, percebi que 200 milhões de Captchas eram digitados todos os dias por pessoas ao redor do mundo. No princípio, fiquei muito orgulhoso do impacto que a minha pesquisa teve, porém me senti mal pelo desperdício de tempo que é. Cada pessoa leva 10 segundos para digitar um Captcha, se multiplicarmos por 200 milhões, chegamos a um desperdício de tempo de aproximadamente 500 mil horas por dia. Então, comecei a pensar em maneiras de reutilizar esse esforço. Seria possível fazer outro trabalho durante esses 10 segundos? E a resposta é sim. Com o ReCaptcha, quando você digita as palavras, você não está apenas provando que é uma pessoa, mas também está nos ajudando a digitalizar livros. e como o reCaptcha funciona? Bem, a ideia é transformar obras físicas em digitais, para disponibilizá-las na internet. Durante o processo, o livro é scaneado, página por página. Isto nos dá imagens de todas as palavras, que são encaminhadas para um leitor óptico (OCR) que deve decifrar o que está escrito ali. O problema é que quando o livro é um pouco antigo e a tinta está apagada, o computador não consegue entender algumas letras. Então, o que nós fazemos é pegar todas as palavras que o computador não consegue ler e as colocamos em Captchas, para que as pessoas resolvam. Então, os Captchas que você digita hoje são aqueles que o computador não conseguiu reconhecer e que vão ajudar a digitalizar um livro. você acredita que o crowdsourcing promoverá um impacto no modelo tradicional de negócios? Eu acredito que existem algumas formas de impacto. Nós estamos vendo diversos negócios sendo executados de maneira semelhante ao crowdsourcing. Por exemplo, existe o website 99designs. Se antes você precisava contratar um designer em algum lugar, hoje você só precisa escrever o que precisa e várias pessoas farão esse trabalho, para que você escolha o melhor. Existem milhares de exemplos de serviços como esse, onde o crowdsourcing está substituindo o processo natural dos negócios, o modelo tradicional. Não funciona para tudo, mas ajuda em algumas coisas. Eu usaria como exemplo a Wikipedia, que é simplesmente melhor que todas as enciclopédias, não existe mais competição. Eu acredito que a Britannica saiu do mundo dos negócios por causa da Wikipedia, que é alimentada por crowdsourcing. você tem vendido suas ideias para grandes empresas desde cedo e consegue atrair diversos investidores. Como você convence as pessoas a acreditarem no seu negócio? Eu acredito que o mais importante foi sempre ter um produto que funciona. Antes de tentar convencer qualquer pessoa, eu trabalhei no produto. Quando os outros viam meu trabalho, podiam atestar que realmente estava pronto e funcionava. Demonstrar é muito mais fácil do que falar. É o mesmo com o Duolingo, uma plataforma que é eficiente. Existe hoje sete milhões de usuários, então seu sucesso é inquestionável. A chave é fazer primeiro. noVEMBRo/dEZEMBRo 2013
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carreira | mudanças
Conquistando novas metas pessoais por marco mancesti
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Seu plano de ação pode levar ao fracasso? Veja a abordagem de seis ângulos.
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á momentos na vida em que fazemos grandes resoluções ou decidimos realizar nossos sonhos. Eles podem ocorrer na
virada do ano ou ao terminar um curso de liderança. Decidir é a parte fácil. O difícil é executar, com êxito, o seu plano de ação. A implementação de um projeto não é algo simples. Nas empresas, já vimos muitos projetos errarem o alvo; e pesquisas confirmam que o índice de fracasso é de cerca de 70%. Embora estudos recentes mostrem que essas taxas variam dependendo do tipo de projeto – e podem até ser amenizadas se fo24
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rem utilizadas novas formas de gestão de projetos –, está mais do que claro que ainda não encontramos a chave do sucesso constante. Apesar de investimentos, incentivos, processos aprimorados e ferramentas complexas, as empresas nem sempre conseguem atingir seus resultados. Portanto, é natural que o indivíduo tenha preocupações legítimas ao decidir lançar seu projeto pessoal para realizar seu sonho, seja ele profissional ou particular. Se técnicas complexas não ajudarem, resta esboçar um plano e colocar em prática. Porém, talvez esse
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não seja o melhor plano de ação.
Usando os diversos ângulos da nossa visão
Segue uma proposta que vai pelo caminho do meio – entre a complexidade desnecessária e o excesso de simplicidade. É uma lista com seis tarefas e ângulos para ser aplicada ao plano de ação, e é baseada nos diversos aspectos da nossa visão. 1. Defina claramente o objetivo. Nossos olhos podem focar em um ponto distante e, mesmo não enxergando todos os detalhes, podemos vê-lo claramente. Teremos sempre uma
representação nítida daquilo que aspiramos ou simplesmente aceitamos a aproximação? 2. Coloque em foco o olho da mente. O conceito do olho da mente, em termos de liderança, já foi bastante abordado nos livros do professor do IMD, George Kohlrieser, Refém na mesa de negociações e Care to dare. A seguinte descrição foi tirada de Care to dare: “o olho da sua mente é como uma lanterna, que ilumina onde quer que seja que você a direcione. Você escolhe onde focar sua lanterna – na decepção, dor, perda ou outros aspectos negativos da vida – ou sobre benefícios, ganhos ou outros aspectos positivos da vida”. O olho da mente determina o nosso estado emocional e é relacionado a algo maior do que as ditas metas. Se o objetivo for chegar ao topo de uma montanha, o olho da mente pergunta “por que” e também como será o sentimento ao finalmente chegar ao ápice. O “por que” nos traz paixão, e a paixão nos dá a energia para superar obstáculos. 3. Aproximação e distanciamento. Nossos olhos conseguem focar apenas em objetos muito próximos e, em seguida, voltar para o ponto distante. Será que nos esforçamos constantemente para aproximar e distanciar a visão entre o objetivo final e as diferentes etapas do plano, ou focamos tanto na execução que nem sequer olhamos mais para o distante? 4. Use a visão periférica. Nossos olhos percebem o que acontece além da linha de visão, algo bastante útil para antecipar momentos de perigo. Será que nos permitimos conectar com o ambiente ao
nosso redor e com a nossa própria intuição ou ficamos limitados somente ao que acontece na nossa frente? 5. Use um olhar revigorado. Nossos olhos enxergam instantaneamente – não há efeito de “memória cache”. Será que vemos o caminho à nossa frente com “olhos revigorados” cada vez que olhamos, ou será que estamos presos a um plano inicial e inflexível, como se nosso cérebro fosse um computador sempre carregando a mesma página de internet? 6. Quatro olhos são melhores que dois. A opinião dos outros sobre uma decisão ou um problema significa que as experiências acumuladas dessas pessoas podem ajudar a antecipar acontecimentos – basicamente, “ver o futuro”. No entanto, há uma questão a ser discutida em relação a tudo isso: deixamos de lembrar essas seis tarefas quando estamos profundamente focados em nosso objetivo? Quem sabe até os consideramos como perda de tempo? Vejamos um exemplo.
A SÍNdrOme dO TÚNel
João está planejando uma mudança de carreira, para integrar o departamento de marketing. Faz sentido: seu objetivo final é se tornar diretor executivo nos próximos dez anos e, embora ele seja sênior na empresa, a área de marketing é o único ponto fraco em seu CV. Assim, João acompanha de perto tudo o que acontece no setor. Portanto, assim que aparecer uma vaga para uma posição de marketing, ele estará pronto.
O excelente histórico de João ajuda muito no processo de contratação e está tudo muito bem definido para que haja uma transição tranquila ao novo cargo. Mesmo com boatos de que haveria uma reestruturação no departamento de marketing com a chegada de um novo chefe, João se mantém firme ao plano e finalmente consegue a posição no setor – afinal, é uma oportunidade muito rara para ser desperdiçada. “Trabalho encerrado”. Infelizmente, não é bem assim. O novo chefe de marketing tem fama de ser uma pessoa de sucesso, mas é difícil de trabalhar e também é demasiadamente egoísta. Ele aplicou a mesma regra que usou em outra ocasião de mudança de cargo na empresa: “último a entrar, primeiro a sair”, e assim João perdeu espaço na organização. Este exemplo é fictício, mas é válido para muitas situações. O que aconteceu, na verdade, foi que João ignorou os ângulos 4, 5 e 6 da lista. Ele se desconectou de seu ambiente, ficou preso ao seu plano inicial e não buscou a opinião de seus amigos sobre a situação. João teve a “síndrome do túnel”, um tipo de disfunção óptica – muitas vezes resultado de altos níveis de estresse e que reduz a percepção do ambiente ao redor da pessoa. E o mais importante: ele não se preparou. Quando se trata da gestão de partes interessadas, não basta ter visão periférica – precisamos também trabalhar para moldar um ambiente ideal, em que temos acesso a valiosos insights das partes interessadas. Se João tivesse se preocupado em desenvolver noVEMBRo/dEZEMBRo 2013
relacionamentos com seus colegas, com tempo para tomar aqueles cafezinhos, almoçar e ter convivências que geram confiança mútua e união, sua catástrofe pessoal provavelmente poderia ter sido evitada, pois alguém poderia ter avisado a tempo.
O plANO de AçãO pOde levAr AO frACASSO?
Thomas Edison disse: “uma estratégia sem plano é uma alucinação”. É verdade, e também precisamos ter a certeza de que nosso plano não é cego. Caso contrário, poderá levar ao fracasso. A cegueira pode ser superada se inserirmos nosso plano em um contexto totalmente interpretativo. Portanto, vamos lembrar sempre a maneira como nossos olhos devem enxergar as coisas: de longe e de perto, sempre revigorado e com frescor a cada momento e além da linha de visão. Vamos também nos permitir olhar além da meta e buscar opiniões e olhares externos para nos ajudar, quando necessário.
Marco Mancesti é diretor de p&D no IMD e aluno formado dos programas High performance Leadership (HpL) e Advanced High performance Leadership (AHpL).
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NegAçãO dA TeOriA NA prÁTiCA
COmO gANhAr Um debATe TeNdO (OU NãO) A rAzãO? por fabio bandeira de mello
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odos os dias somos bombardeados por argumentos e contra-argumentos sobre praticamente tudo. Na política, na religião, com as marcas que desejam nos convencer
que são as melhores, diante de opiniões divergentes em projetos no trabalho, nas discussões de relacionamentos entre casais. E é fato, saber se comunicar de forma eficaz e persuasiva sempre foi uma “arma” poderosa para que esses argumentos sejam tomados como verdade. Fatores como a escolha e a memorização dos conteúdos do discurso, a disposição de como é colocado aos outros e a elocução influenciam no poder de convencimento. Mas, não é só isso. Fomos buscar inspiração de dois filósofos para aprender outras técnicas de debate e persuasão: os conceitos da retórica de Aristóteles (384-322 a.C) e os estratagemas dialéticos de Arthur Schopenhauer (17881860). O intuito não é burlar regras e transformar você em um típico e “ensaboado” político experiente, mas, sim, despertar uma preocupação para quem não deseja se perder no labirinto das argumentações capciosas.
USAr A AUTOridAde O debate é mais fácil de ser encarado quando, entre os argumentos, estão as citações. Em vez de apenas seus fundamentos, utilize a fala de especialistas sobre determinado tema. Podem ser pesquisas, estudos, discursos de autoridades competentes sobre o assunto. As pessoas têm a tendência de ter profundo respeito por autoridades (principalmente por aquelas que elas não conhecem).
CriAr UmA AlTerNATivA fOrçAdA Para fazer com que a outra pessoa aceite a sua tese, uma estratégia é apresentar duas alternativas para que ela escolha. No entanto, uma das alternativas deve abordar algo mais insano, de modo que ela, se não quiser ser contraditória, tenha de decidir pela sua tese. “Por exemplo: desejamos que alguém admita que um homem tenha que fazer tudo o que seu pai lhe ordene. Para isso, perguntamos: ‘Deve-se obedecer ou desobedecer os pais em todas as coisas?’”, aponta Schopenhauer.
mUdAr O perCUrSO dO debATe Se notarmos que o adversário faz uso de uma boa argumentação e as chances de ele ganhar o debate são extremamente acentuadas, um caminho é desviar o foco do tema principal e buscar uma nova questão para ser abordada.
CriAr Um rÓTUlO Para tornar menos relevante ou tornar suspeita uma afirmação do adversário, uma opção é reduzir a tese em uma categoria geralmente detestada, ainda que a relação seja pouco rigorosa ou tenha vaga semelhança. Ou seja, criar um rótulo. Exemplo: “Isso é maniqueísmo”, ”É idealismo”, “É reacionário”, “É misticismo”, “É fascismo”. 26
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“Isso pode funcionar na teoria, mas na prática não”. A frase faz com que até se aceite os fundamentos da opinião do outro, mas coloque em cheque as suas consequências. “Essa afirmação expressa algo que é impossível: o que é certo na teoria tende sê-lo na prática. E, se não o é, há uma falha na teoria: algo foi ignorado e não foi avaliado; por conseguinte, é falso também na teoria”, destaca Schopenhauer.
ArrASTAr O diSCUrSO dO OUTrO AO exAgerO É possível provocar o adversário para contradizê-lo ao exagerar sobre a sua afirmação, mesmo que ela seja verdade em certo contexto. O ato de generalizar a tese para várias situações ou exagerar determinadas colocações para casos extremos pode desconfigurar a tese do adversário. Em contrapartida, caso isso seja feito pelo oponente é preciso detê-lo e reconduzi-lo aos limites da sua afirmação com: “eu disse isto e nada mais”.
USAr A “rAivA” dO OUTrO AO SeU fAvOr Caso o seu adversário, diante de um argumento, fique inesperadamente zangado, ou altere seu comportamento, devemos utilizar assiduamente esse argumento. A raiva pode afetar o raciocínio coerente e a razão do discurso do oponente, provocando até a perda de vantagem do debate (caso ele esteja indo melhor).
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(Debate) contraponto | whatsapp
Você é a favor ou contra a utilização do WhatsApp? por janaina depiné e marina queiroga
O WhatsApp virou uma verdadeira febre, principalmente entre os mais jovens. No entanto, esse aplicativo cria um paradigma da comunicação muito peculiar. Da mesma forma que existe o público que utiliza e o defende – pela facilidade de comunicação através do smartphone –, existem aqueles que são contra, entre os motivos, a alienação e o vício de checar as mensagens toda hora. Confira a seguir a opinião de duas profissionais que acabam lidando diretamente – ou indiretamente – com os efeitos do WhatsApp.
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om a popularização dos smartphones, o envio de mensagens de textos por tantos aplicativos virou uma das formas mais comuns de comunicação. É prático, ágil e simples. Mas será que enviar mensagem pelo WhatsApp é sempre elegante? A resposta é não! Como não existe um limite da quantidade que se pode enviar por dia, algumas pessoas excedem. Isso atrapalha diretamente a produtividade e a concentração. Pior ainda quando são criados grupos em que cada um entra num horário na conversa. Os “viciados” no app ficam frequentemente olhando o smartphone à espera de encontrar uma nova atualização. Se o som fica ligado, pronto, impossível trabalhar! Além
Conversar com alguém que olha para o celular de cinco em cinco minutos e fica respondendo o WhatsApp é
Janaina Depiné é consultora de etiqueta, ministra cursos e palestras e é autora do site elegantesempre.com.br
deprimente
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disso, é preciso lembrar que assuntos importantes ainda exigem uma ligação ou mesmo uma conversa pessoal. O tom de voz e a expressão contribuem para a comunicação eficiente. Como se não bastasse, os usuários do WhatsApp esquecem que, na essência, ele serve para conversas curtas. Se o assunto é longo, ligue ou envie um e-mail. Não se pode negar que a ferramenta é útil para avisar que já está na porta da casa de alguém, que está atrasado ou chegando, levando o pão... Enfim, recados. É o fim também quem usa o aplicativo em cinemas, reuniões, teatro... Ainda que seja para responder silenciosas mensagens de texto, o brilho do aparelho definitivamente atrapalha os outros. A possibilidade de envio de imagens e áudio também pode criar várias saias justas. Um desavisado pode abrir o WhatsApp no meio do trabalho e ouvir um recado engraçadinho com o chefe ao lado. Já as imagens ficam armazenadas no álbum do seu celular. O que uma foto fora de contexto pode gerar de confusão não está escrito! E ainda tem outro problema sério: quando se dá mais atenção ao aparelho do que às pessoas que estão com você. Conversar com alguém que olha para o celular de cinco em cinco minutos e fica respondendo o WhatsApp é deprimente, além de muito grosseiro. Por fim, o WhatsApp ainda cria a obrigatoriedade da resposta, já que mostra a hora em que a mensagem foi vista. Muitas vezes você leu a mensagem enquanto estava no elevador e entrou para uma reunião em seguida. A demora ou ausência de resposta já é o bastante para criar um mimimi daqueles!
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ou completamente a favor da utilização do WhatsApp, principalmente quando o assunto é trabalho. Eu realmente não consigo me imaginar um segundo sem o WhatsApp. Ao contrário do que muita gente pensa, acredito que essa evolução tecnológica é muito vantajosa. Primeiro ponto: é gratuito, você manda mensagens ilimitadas pra qualquer pessoa do mundo que tenha o aplicativo usando uma conexão de internet, ainda podendo mandar fotos e vídeos sem pagar pela mensagem enviada. Na minha vida pessoal foi um avanço maravilhoso e na profissional melhor ainda. Hoje coordeno uma Unidade de Vendas com mais de 50 pessoas que posso gerenciar individualmente em tempo real, ou com pequenos grupos, facilitando mais ainda o meu trabalho como diretora. Nas vendas diretas o aplicativo é o meu braço direito. Atualmente, muitas pessoas já não têm aquele tempo livre para ir ao shopping. Às vezes, há tempo, mas existe todo um desconforto de trânsito para chegar ao local, demora para encontrar uma vaga, pagar o estacionamento do estabelecimento etc. O uso do WhatsApp facilita essas e várias outras questões de comodidade para os consumidores. Tenho clientes que me pedem para encaminhar imagens dos produtos através do aplicativo para que eles possam escolher um presente, por exemplo. Elas escolhem de onde estiverem, combino pagamento antecipado, entrego no local combinado e pronto. Realizamos uma venda sem o cliente ter que sair de casa. Para nós, que trabalhamos com vendas e-commerce e vendas diretas, o WhatsApp é um diferencial invejável. As minhas clientes adoram; usamos muito a ferramenta e com muito sucesso.
Mas tudo tem seu lado bom e o lado ruim. Devemos tomar muito cuidado com os grupos e conversas pessoais, durante o horário de trabalho. Como é um aplicativo que interage com pessoas de todos os lugares do mundo, aquelas conversinhas paralelas com amigas, namorado(a), familiares etc., temos que deixar para o fim do dia.
Tenho clientes que me pedem para encaminhar imagens dos produtos através do aplicativo para que elas possam escolher Marina queiroga é diretora da Mary Kay Brasil.
um presente
A fAvOr! noVEMBRo/dEZEMBRo 2013
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InFOGRÁFICO | iMageM
COMO REAGEM OS CONSUMIDORES Escolher cores inadequadas implica diretamente em vendas fracas, sem choro nem vela. Anote isso para as reuniões e tomadas de decisão.
RECEPTORES | Cada indivíduo tem uma percepção distinta da mensagem e, portanto, das cores; não existe uma massa neutra. Não existe o "par perfeito" entre cor e mensagem.
Por que um administrador precisa conhecer a teoria das cores? Pelo mesmo motivo que ele precisa conhecer o seu produto e as diretrizes de sua empresa: cores são elementos intrínsecos à mensagem que se pretende comunicar e vender. Portanto, diferente dos artistas, o objetivo não é a apreciação, mas a comercialização; daí a importância de uma transmissão limpa e eficaz através das cores.
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
INTELIGÊNCIA COLETIVA
Sony Bravia HDTV: "Paint" (2006)
MÍDIAS SOCIAIS
TEXTO EBER FREITAS | DESIGN THIAGO CASTOR FONTES JUNE CAMPBELL – THE PSYCHOLOGY OF COLOR IN MARKETING; SHUN YIN LAM – THE EFFECTS OF STORE ENVIRONMENT ON SHOPPING BEHAVIORS: A CRITICAL REVIEW COLOR MARKETING GROUP – THE PROFIT OF COLOR
Esmaltes Colorama: "Deu Vontade" (2012)
REAÇÕES VARIADAS
RODA DE CORES Absolute Vodca:
Não é todo mundo que tem sensibilidade artística para equilibrar as cores de forma agradável e funcional. Mas, felizmente e graças a Isaac Newton, existe uma ciência para isso.
"Transform Today" (2013)
Em 1665, o britânico separou a luz em diferentes espectros – vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta – e organizou em um disco, de forma que as cores vizinhas sejam análogas e as mais distantes, complementares. Até hoje a ferramenta é utilizada.
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CORES PRIMÁRIAS Consideram-se como cores primárias o vermelho, amarelo e azul. Cada uma tem na outra sua harmonia perfeita. Todas as outras cores derivam das primárias.
CORES SECUNDÁRIAS O verde, laranja e violeta são consideradas secundárias; são criadas a partir da mistura das cores primárias e, ao mesmo tempo, criam um contraste ou oposição às cores básicas.
CORES TERCIÁRIAS Obtidas a partir da mistura de uma cor primária com uma ou duas secundárias.
CORES MELHORAM TUDO
EMOÇÕES QUE AS CORES DESPERTAM
Quando são bem exploradas, as cores podem fazer maravilhas pelas marcas. Elas influenciam diversos aspectos relacionados ao visual, à legibilidade das mensagens e às decisões de compra. Tudo é melhor comunicado quando as cores estão envolvidas.
80%
RECONHECIMENTO Aumento do reconhecimento da marca que utiliza cores.
ÂNIMO ABUNDÂNCIA CALMA CALOR CASTIDADE CIÊNCIA
40%
LEITURA Diferença na quantidade de leitores que têm contato visual com a marca.
CONFIANÇA CRESCIMENTO CRIATIVIDADE DIGNIDADE DOÇURA ELEGÂNCIA ESPIRITUALIDADE
LEGIBILIDADE Melhora na legibilidade dos anúncios com cores.
42%
EXCITAÇÃO EXCLUSIVIDADE FELICIDADE FORÇA FRESCOR FRIO JOVIALIDADE
73%
COMPREENSÃO Compreendem melhor as mensagens quando são coloridas.
LIMPEZA LUDICIDADE LUXO MISTÉRIO NATUREZA NUTRIÇÃO
80%
CONSUMO Peso das cores e do aspecto visual nas decisões de compra.
PAIXÃO PERIGO PERTENCIMENTO PRESTÍGIO PRODUTOS CAROS
Todas as cores são amigas de suas vizinhas e amantes de suas opostas. Marc Chagall
PUREZA REALEZA SEDUÇÃO SEGURANÇA SEXO SOFISTICAÇÃO SOL SUAVIDADE
CORES ANÁLOGAS Situam-se próximas no disco cromático. Sua combinação é mais sóbria e sutil, com menos contraste e paixão.
CORES COMPLEMENTARES São as cores exatamente opostas na roda. Quando unidas, criam um alto contraste, conferindo um senso de urgência e destaque à mensagem.
TRANQUILIDADE VELOCIDADE VIBRAÇÃO
Mas como combinar essas cores de modo a fazer sentido e ficar agradável visualmente? Para entender melhor, divirta-se nesse site http://colorschemedesigner.com/
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estratégia | MAIS HUMANO
Uma abordagem de operações mais humanista ,
por philip moscoso alejandro lago e carlos rodríguez lluesma
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ilustração thiago castor
Por mais automatizado que seja uma empresa, sempre há pessoas por trás dessa intervenção. Saber aliar todos os processos com o engajamento do Recursos Humanos pode fazer uma diferença tamanha para a melhora de qualidade de toda a organização. 32
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E
mbora as empresas conheçam suficientemente a importância do fator humano, predomina, na prática, uma visão centrada nos custos e na melhoria da produtividade a curto prazo. O problema é que o fato de poupar nos funcionários costuma resultar em menos e piores recursos, o que traz como consequência uma pior execução operativa, com a diminuição de vendas e de rentabilidade. Para quebrar este círculo vicioso, lançamos na nota técnica no IESE: “O fator humano e organizativo na direção de operações”, que propõe uma revisão exaustiva e crítica das políticas e práticas operativas habitualmente aplicadas nas empresas, incorporando o impacto do fator humano nas mesmas. O primeiro passo para entender melhor a dimensão humana e seu impacto na gestão de operações é ter claro três características distintivas das pessoas, as quais, embora possam parecer óbvias, constituem um desafio, especialmente na prática: (1) que sua produtividade depende de sua motivação; (2) que têm capacidade e desejo de aprender e se desenvolver ao longo do tempo; e (3) que têm aspectos que podem fazer com que cometam uma série de erros sistemáticos no processo de tomada de decisões.
desenhar tareFas mOtivadOras
De acordo com a psicologia cognitiva, as pessoas precisam cobrir três necessidades psicológicas: autonomia (serem agentes causais da própria vida), competência (saberem fazer alguma coisa cada vez melhor e poderem controlar de algum modo o
resultado das próprias atividades) e relação com outras pessoas (necessidade universal de interatuar, de estarem ligadas a outras pessoas). Por isso, apresentamos uma série de critérios de desenho operativo que melhoram a qualidade motivacional de um trabalho. Trata-se de medidas como evitar que as tarefas sejam muito monótonas e repetitivas, fazer com que sejam suficientemente flexíveis. Isso para que o indivíduo possa influenciar em seu modo e ritmo de execução ou tenha oportunidades de desenvolvimento pessoal e de aprendizagem mediante o feedback e a interação com outras pessoas dentro e fora da equipe de trabalho. Para extrapolar esses critérios ao desenho das unidades organizacionais agrupadas, sugerimos seguir a lógica da cadeia de valor e evitar divisões artificiais baseadas em fronteiras departamentais. Proporcionar algum grau de autonomia às unidades; conseguir um correto ajuste entre os requerimentos e as oportunidades de regulação e buscar a polivalência dos membros de cada unidade organizativa.
padrOniZaÇÃO VersUs prOcuraÇÃO
Uma abordagem mais humanista da direção de operações tem implicações além do próprio desenho das tarefas individuais ou departamentais. De fato, questiona princípios e práticas tão difundidas como a separação entre planejamento-controle e execução de uma atividade, ou a organização do trabalho baseada em funções claramente divididas para fomentar a especialização. Neste sentido, examinamos as duas filosofias fundamentais de trabalho que são tradicionalmente consideradas no momento de desenhar um sistema. Por um lado, a da padronização, em que a realização de tarefas é totalmente fixa a priori e o funcionário tem pouca capacidade para decidir e manobrar. E, por outro lado, a da procuração, em que o funcionário é considerado quase como uma franquia ou trabalhador autônomo que trabalha para a organização, mantendo total liberdade sobre como, onde e quando fazer seu trabalho, desde que cumpra os objetivos ou a missão encarregada. A questão é que qualquer atividade contém aspectos padronizáveis e de procuração e que, em função de cada caso, será conveniente priorizar uma ou outra filosofia. A padronização é especialmente indicada naqueles âmbitos que requerem pouca personalização dos produtos e em que a contribuição das pessoas está limitada por fatores exógenos. A procuração costuma estar associada a atividades onde o produto ou serviço resultante é considerado de alto valor acrescentado e que requerem um tipo de funcionário muito qualificado. Nestes casos, a padronização pura dos processos costuma ser difícil, quer porque o nível de especialização do resultado NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013
é muito alto, quer porque o trabalho tem associados componentes do tipo mais emocional (do ponto de vista do cliente), que devem ser geridos em tempo real. Esta nova abordagem mais humanista da direção de operações tem relação direta com aspectos da motivação e da produtividade dos indivíduos. Por exemplo, a tecnologia já não pode ser concebida apenas como um substituto das pessoas (desde que econômica e tecnicamente seja possível), mas sim como seu complemento, de forma a se reforçarem mutuamente tanto os pontos fracos como os pontos fortes. Essas implicações relativas ao processo de gestão de funcionários (seleção, formação e medição do rendimento) e ao estabelecimento de uma cultura de operações são capazes de afetar positivamente o rendimento global da organização a curto prazo e a competitividade da mesma a longo prazo.
Alejandro Lago é professor de Operações da iese Business school. philip Moscoso é professor associado do Departamento de Produção, tecnologia e gestão de Operações da iese Business school. Carlos Rodríguez Lluesma é professor de gestão de Pessoas na iese Business school e Universidade de navarra. www.ieseinsight.com
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marketing | VIRALIZAR
por mayara chaves
Conheça o poder dos virais no mundo dos negócios e veja companhias que se deram bem – ou nem tanto – com essas iniciativas.
É
fato. Quando entramos em nossas redes sociais diariamente nos deparamos com vídeos, imagens ou textos interessantes que estão “bombando” na internet ou que têm todo o potencial para estourar. Milhares de views, compartilhamentos, comentários e curtidas. Esse é o resultado de muitas interações feitas em tom inusitado, de brincadeiras e piadas, ou de apelo emocional.
E o uso de elementos do marketing para viralizar na internet – e também na vida fora do virtual – tem sido constante por diversas empresas. Vários empreendimentos não dormiram no ponto e realizam ações que buscam surpreender, envolver e atingir clientes. De acordo com Marcos Hiller, coordenador do MBA em Marketing, Consumo e Mídia Online da Trevisan Escola de Negócios, o 34
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ponto central para o funcionamento dessa estratégia está em “encontrar elementos comuns às motivações humanas e isso provocar um incentivo necessário para que os consumidores compartilhem ou repassem a mensagem adiante”. Para exemplificar os elementos que mais atraem nos virais, o estudo O poder do viral, realizado no Brasil pela E-consulting, comprova que uma série de fatores determina a atratividade de um post na web. E ele pode abordar temas que despertem prazer, promovam uma “fuga da dor” ou estejam ligados com pessoas públicas. “Sexo, piadas, tendências, Twitter de famosos, entre outros assuntos, criam uma comoção benéfica tanto
para quem lê como para quem recebe. Tópicos que evitam dor, de certa forma, como encontrar empregos, novos remédios, dicas para evitar pedágios e impostos, processos ligados à comodidade de serviços e atendimento eficaz a trocas e reclamações também despontam entre os mais lidos e repassados”, explica Daniel Domeneghetti, sócio-fundador da empresa que realizou a pesquisa. Muitas empresas, hoje, ficam verdadeiramente obcecadas para conseguir emplacar um viral e estar na boca do povo de forma positiva. Mas por trás desse boom que tomou conta da web, até que ponto criar ações para viralizar é vantajoso ou pode se tornar um problema para as empresas?
curti e cOmpartilhei
Um dos pontos positivos dos virais no mundo dos negócios é a sua capacidade de perpetuação e de vida própria, que foi ampliado com a internet, mas sempre existiu. Às vezes parece que todo mundo está falando sobre o mesmo tema. De acordo com Marcos Paulo Perfeito, general manager da franquia brasileira da WSI, especializada em Marketing de Internet, “o viral é o marketing que se replica sozinho, que é iniciado pela empresa e se desdobra na internet. Para as empresas é muito bom, pois como o viral se autorreplica, acaba tendo um custo muito menor”. Um exemplo desse poder positivo foi a campanha “Descubra a sua Coca-Cola Zero”, em que a empresa lançou edições de latinhas da sua linha dietética com os 150 nomes mais comuns de pessoas no Brasil, com o mote “Quanto mais (nome da pessoa), melhor”. A ação também foi voltada para consumidores que não tinham sido contemplados com o seu nome na latinha, pois eles puderam buscar votos no Facebook para que seus nomes estivessem entre os outros 50 que a empresa estampou posteriormente. A campanha ainda teve vários desdobramentos que incluíram iniciativas dos próprios consumidores e outras ações. “As formas como as pessoas se apropriaram dessa ação da Coca-Cola Zero foram as mais distintas: desde o comportamento clássico de pessoas publicarem no Facebook a foto da lata com seu próprio nome estampado, até aquelas que ocultavam determinada letra de nomes para ressignificá-la para outros nomes, ou até mesmo pessoas que compraram todas as latas para ostentá-las em prateleiras de residências”, afirma Hiller.
Outro sucesso é o famoso Pinguim, que “comanda” as redes sociais do Ponto Frio. Só em 2012, o personagem ajudou a vender R$ 20 milhões em produtos somente pelo Twitter e Facebook. Esse é o resultado da proximidade que o Pinguim criou com os fãs/seguidores. Ele não apenas mostra ofertas da empresa, mas as contextualiza com os assuntos, memes e virais que estão “na boca” dos internautas. E o diferencial, dialoga de maneira inteligente e engraçada com o usuário. Inclusive, no início deste ano, o site Pon-
cessada após a descoberta de que o viral “Perdi meu amor na balada” era, na verdade, um vídeo publicitário da companhia. Outra empresa, que criou uma ação com repercussão negativa foi a TIM. Em maio, a operadora divulgou uma campanha protagonizada pelo cantor Latino. No vídeo, Latino cantava uma música e era interrompido por duas cabras, que “reproduziam” o famoso viral do grito da cabra, o screaming goat. No entanto, na mesma época o cantor ganhou grandes proporções por ter sido o pivô da demissão
“O viral é o marketing que se replica sozinho, que é iniciado pela empresa e se desdobra na internet” tofrio.com figurou no top 10 das marcas que mais respondem ao público por meio do Twitter.
sucessO, #sóQuenÃO
No entanto, nem sempre “bombar” ou “fazer barulho” na internet se converte em resultados positivos das empresas. O efeito viral pode não impactar ou influenciar, como também ter consequências devastadoras para a marca, gerando um buzz negativo que pode causar impopularidade da companhia, afetar seus negócios e sua credibilidade perante os clientes. A Nokia, por exemplo, no ano passado foi criticada e pro-
de dois pilotos da TAM, que foram punidos por deixá-lo entrar na cabine de um avião em movimento. Diante disso, os consumidores associaram o fato à campanha e isso causou uma chuva de críticas na internet. Diante desses possíveis efeitos, há especialistas na área que afirmam que os virais podem até nem ser boas estratégias. Um deles é Eric Santos, cofundador e CEO da Resultados Digitais, plataforma de Marketing Digital para médias e pequenas empresas. No caso das MPEs, ele destaca que a criação de virais como parte da estratégia de marketing pode não fazer o efeito que tanto se imagina. “É superdifícil NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013
arquitetar algo viral, as empresas acabam perdendo tempo e muitas gastam bastante tentando fabricá-lo. Mesmo que o viral aconteça, muitas vezes ele está dissociado com o que a empresa faz”, destaca Eric Santos. O que o especialista aconselha é que as empresas reúnam seu bom conteúdo e criem materiais educativos como, por exemplo, um infográfico. “Se a empresa faz um infográfico com o conteúdo dela, ele vai se espalhar na internet. Pode não ser um viral que aparece em um jornal, mas leva credibilidade. Esse viral (infográfico) ajuda a empresa a se posicionar melhor no Google, pois cada site que republica esse conteúdo conta para os algoritmos do Google. Diante disso, não é preciso fazer brincadeirinhas e piadas”, explica Eric, que também aponta exceções, como companhias com perfil que combinam com iniciativas virais ou uma empresa do tipo B2C, que vende produtos de massa. Apesar dos controversos resultados advindos dos virais, uma coisa é certa: para o bem ou para o mal da empresa, eles se alastram e alcançam pessoas de todo o planeta. Essas iniciativas podem marcar a companhia com melhorias nos resultados e crescimento para o âmbito mundial do reconhecimento de sua marca ou trazer prejuízos tanto financeiros como de imagem, em níveis devastadores.
Quer ver virais bem sucedidos e outros que deram errado? então, acesse adm.to/maisvirais
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CAPA | profissional perfeito
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Consultorias, livros e revistas de negócios ajudaram a criar a ilusão do profissional que todos gostariam de ser. Está na hora dos administradores reverem esses conceitos e romperem com as fantasias organizacionais que dominaram nossa área. por agatha justino
le tem um vocabulário solene, é prolixo e cospe jargões corporativos quando deseja manifestar uma ideia. No seu guarda-roupa, ternos alinhados, sapatos bem engraxados e uma gravata que adquiriu depois de ler alguma matéria sobre como se vestir como um empreendedor de sucesso. Na prateleira, centenas de livros que misturam gestão e autoajuda, explorando à exaustão palavras como “sonhos”, “sucesso” e “liderança”. Inclusive, nosso personagem já pode ser considerado um PhD nos “segredos de liderança” de figuras históricas, conhecendo todos os truques usados por Jesus Cristo, passando por Napoleão, chegando a Donald Trump e Madonna para “influenciar as multidões”.
No currículo, um MBA cursado porque ouviu alguém falar sobre como esse curso é essencial para crescer na carreira. Seu comportamento no trabalho é produto do que dizem os best-sellers de gestão, os gurus, as consultorias e as revistas de negócios. Antes de ir para o happy hour do escritório, ele lê dez dicas de como se comportar no bar com seu chefe. Ele gostaria de ser o nosso profissional perfeito, mas acabou se tornando apenas mais um na selva empresarial. Para crescer na carreira, profissionais mergulham nesse material que faz parte de um fenômeno chamado de “pop management”, por Thomaz Wood Jr., professor da Fundação Getúlio Vargas e autor do livro Abaixo o pop management. Wood explica que essa corrente surgiu na década de 1990, sendo o fruto do crescimento das empresas de consultoria, escolas de administração e da mídia de negócios. “Criou-se um nicho lucrativo para novas ideias gerenciais, quem nem sempre eram novas e nem sempre eram ideias. São receitas para ficar rico, para se vencer a competição e para se dar bem na carreira. Como afirmou um crítico desse tipo de literatura: “O sucesso de muitos livros se deve à afinidade entre a mediocridade das ideias do escritor e as do público. É triste”, afirmou Wood. Entre os problemas apontados pelo professor, que acarretaram na explosão do famigerado pop management, podemos considerar a lacuna da administração que existe hoje no Brasil. Segundo ele, as organizações no país, independentemente do porte, são extremamente mal geridas com serviços de má qualidade, baixa produtividade, desperdícios e pouca competitividade. Thomaz destaca que essas falhas criam uma razão objetiva para que as pessoas busquem alternativas para entender melhor suas carreiras, sejam elas livros de autoajuda ou gurus de gestão, que acabam se tornando referências na área, verdadeiras celebridades dos negócios. novembro/dezembro 2013
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CAPA | profissional perfeito
Vivemos em um momento em que os profissionais acreditam que seguindo determinadas cartilhas serão vencedores, invencíveis e perfeitos 38
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“O conhecimento em gestão (finanças, operações, marketing, recursos humanos e outras áreas) evoluiu consideravelmente nas últimas décadas. No entanto, curiosamente, o que muitos profissionais parecem buscar é o caminho da autoajuda. E, de fato, o mercado editorial oferece estantes e mais estantes de livros que fornecem a solução mágica: o modelo que vai garantir o sucesso do profissional. Este tipo de literatura, que pode ser encontrado nas livrarias de aeroporto, parece ter a função de reduzir a ansiedade dos profissionais, mas não tem grande efeito sobre a realidade”, explica o professor. “Melhorar a qualidade da gestão, para aumentar a eficiência e parar de trabalhar 12 horas por dia, exige esforço consistente e bem estruturado; não vem das seguidas modas gerenciais”. Silvia Generali, professora de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, concorda que a explosão desse mercado de livros de gestão e consultoria está relacionada ao aspecto comercial. Ela explica que as editoras, livrarias e a própria academia dependem dessas novidades. Para Generali, todas as novas ideias, mesmo as que não são interessantes, geram a impressão de que a Administração está se renovando. “O mercado editorial, consultores e professores ficam confortáveis ao assumir que está acontecendo uma evolução na área. Por outro lado, temos um ponto de vista baseado em pressupostos básicos: teorias do capital humano e de empregabilidade, onde cada um é responsável pelo próprio desenvolvimento. Aqui, cada pessoa gerencia seu próprio produto, que é ela mesma”, afirma Generali. Além disso, Silvia acredita que os jovens profissionais sofrem com uma pressão particular da nossa época. De acordo com a professora, as pessoas são pressionadas a atingir um modelo de perfeição e acreditam que esses manuais são capazes de ensiná-las isso. “Existe um aspecto que nós não podemos negar: o psicológico da nossa era. As pessoas se sentem desconfortáveis em aceitar seus problemas. Vivemos um momento em que os profissionais acreditam que se seguirem determinadas cartilhas serão vencedores, invencíveis e perfeitos. Eles consomem esse tipo de literatura e
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ao interpretar esse texto ao pé da letra se sentem mal porque se dão conta de que não é possível ser tudo aquilo descrito. Existe ainda uma proposta pior, daquelas pessoas que leem e começam a acreditar que, de fato, são tudo aquilo”, indica a professora. A obsessão por encontrar ou ser um profissional perfeito está levando empresas e pessoas a um quadro de frustração. “O que a gente fala no manual é que às vezes, para a pessoa fazer um bom trabalho, ela precisa burlar o manual. Algumas empresas já nascem sem manual, especialmente as que estão se formando hoje. Empresas pequenas, que preferem uma estrutura de rede, em vez de hierarquias formais. Há uma relação de parceria; as pessoas combinam as regras a partir das demandas e projetos. Em vez de manuais, essas empresas e funcionários possuem uma estrutura de valores e uma missão bastante clara”, afirma Generali. Para reverter essa situação, nós da Revista Administradores nos propomos a desmistificar os principais tópicos dessas cartilhas e a lenda do profissional perfeito. “O que a gente coloca é que não existe a pessoa perfeita. Existe uma pessoa mais ou menos adequada à determinada organização, determinada cultura, determinado momento. Ela pode ser boa em uma função e péssima em outra. É preciso identificar o que a empresa realmente precisa. Se a empresa reconhece uma característica indispensável naquele profissional, todo o resto pode se se desenvolver com o tempo”, ressalta Generali. Nós vamos rasgar os manuais de gestão em quatro passos simples, é claro.
Quem trabalha enriquece
“Nunca confie nos conselhos de uma pessoa cujo único negócio é oferecer conselhos”, afirma Cal Newport, professor da Universidade de Georgetown. O professor explica que consultores ganham dinheiro a partir do conselho mais simples, motivador e perigoso que existe: “siga as suas paixões”, sendo este o primeiro mito que os nossos profissionais absorvem. Em suas pesquisas, Newport mostrou como esse conselho criou uma geração de profissionais frustrados em suas carreiras. “Siga sua
paixão é um slogan que passou a chamar a atenção das pessoas ainda na década de 1980. Se espalhou com rapidez e por diversas partes do mundo. Hoje, muitos jovens acreditam que esse é o melhor conselho que existe, sem se questionar por quais motivos essa estratégia de carreira é boa ou se ela é realmente viável”, afirma Newport. Sua pesquisa intitulada “Resolvendo os problemas de paixão da Geração Y” mostrou que esse grupo cresceu durante um período em que o conselho “siga suas paixões” penetrou na sociedade. Ao contrário da geração anterior, que buscava estabilidade, quem cresceu nos anos 2000 foi incentivado a sonhar com o trabalho ideal. Mas qual é o problema com essa frase? Bem, de acordo com Newport, a expressão implica que as pessoas devem começar a construir a carreira identificando uma paixão para depois torná-la um trabalho. Ele explica que essa construção induz as pessoas a pensarem que a paixão deve vir antes do trabalho e que elas devem amar o que fazem a partir do primeiro dia de trabalho, e não é bem assim que acontece. “Quando pesquisei essa questão para o meu livro mais recente, descobri que o ‘siga suas paixões’, como uma estratégia de carreira, pode diminuir a probabilidade de você ser feliz no trabalho. Se você estudar pessoas que amam seu trabalho, você vai perceber que para chegarem até isso, elas percorreram um caminho particular, mais complexo e interessante”, diz o professor. Para Newport, é raro conhecer alguém que, de fato, ame sua carreira antes de se tornar muito bom nela. A experiência gera características envolventes, como respeito, impacto e autonomia, mas o processo de se tornar bom no que se faz pode levar anos e ser bastante difícil. “As pessoas que amam o que fazem construíram isso com
anos de trabalho e desenvolvendo suas habilidades na área. Quando elas passaram a controlar o que fazem, esse foi o momento em que elas passaram a sentir paixão pela carreira”, completou o professor.
Quem mexeu no meu líder?
Outra fantasia organizacional é aquela que coloca o líder como o grande herói da corporação. De acordo com Silvia Generali, a história sempre supervalorizou os líderes, nos apresentando essas figuras como pessoas incansáveis e invencíveis.
entre os jovens. Mas temos também os líderes ‘espetaculares’, muito hábeis em manipular o discurso e a imagem em proveito próprio. São as celebridades corporativas. Temos também muitos líderes impotentes, que ocupam formalmente uma posição de considerável status, mas têm pouca liberdade de ação. O próprio conceito de liderança talvez tenha perdido o sentido. Ainda funciona para vender livros e cursos, mas na prática as interações humanas e os processos decisórios trilham outros caminhos”, afirma o professor.
Nunca confie nos conselhos de uma pessoa cujo único negócio é oferecer conselhos Ela explica que esse perfil irreal de onipotência foi transmitido para as equipes. A professora afirma que os dias desses líderes que assumem essa posição e se colocam como celebridades estão contados. “A tendência é que a liderança, o poder e a decisão estejam mais pulverizados dentro da gestão. Então, o líder não é a grande estrela da firma. Seu trabalho é focado no desenvolvimento da equipe, para que cada um alcance o máximo do seu potencial. Ele é aquela figura que compartilha as decisões e o poder. Aliás, ele pode até ser comparado a uma estrela, mas cercado de várias outras e sua função é fazer com que todas brilhem”, conclui Generali. Thomaz Wood Jr. reforça a teoria de que o modelo de liderança baseado em hierarquias e estrelas corporativas deve sair de cena. A liderança hoje deve unir os perfis do empreendedor aos do gestor. “Estamos acompanhando uma mistura de tipos. Continuamos tendo alguns hiperburocratas e os empreendedores estão cada vez mais populares, especialmente
Essa estratégia de reinventar a liderança agregando as principais qualidades dos diversos estilos de liderança é uma maneira de escapar da teatralidade e do estrelismo de algumas organizações. “Vivemos, como afirmou há 40 anos um pensador francês, na sociedade do espetáculo. Não podemos ser inocentes: não há como escapar. Mas também não precisamos nos sujeitar ao teatro de má qualidade. Em muitas empresas, a distância entre imagem e substância, entre a foto e o fato, é tão grande que gera um estado permanente de cinismo na força de trabalho. O melhor é evitá-las, sob o risco de tornar-se um ator de tempo integral, incapaz de tirar a máscara, mesmo em casa”, finaliza Thomaz Wood Jr.
O consultor e o executivo
Boas consultorias são capazes de levantar empresas, organizar departamentos inteiros e podem melhorar o desempenho de muitas equipes. O sucesso desses profissionais, no entanto, fez com que
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CAPA | profissional perfeito
diversas pessoas acreditassem que virar um consultor era uma tarefa fácil e, com isso, houve uma verdadeira multiplicação desses profissionais – muitos vendendo ilusões e conselhos de bar. A popularidade dos consultores de “araque” pode ser atribuída, entre diversos fatores, às respostas fáceis que eles oferecem aos problemas enfrentados pelas empresas. Em um artigo publicado no site da Harvard Business Review, o psiquiatra Steven Berglas, à frente da Escola de Medicina de Harvard, constrói essa teoria acrescentando que a dependência dos executivos a esses métodos existe porque as pessoas, em geral, estão sempre buscando maneiras de evoluir, mas querem que isso aconteça de forma rápida e indolor. Essa necessidade é o ambiente ideal para que os manuais de autoajuda e as consultorias de “boteco”, onde o sucesso é atingido em 12 passos simples, se multipliquem.
Berglas explica que o excesso de soluções rápidas deixou a psicoterapia marginalizada. “Para atingir resultados rápidos, muitos executivos adotam modelos de intervenções usadas por esportistas, métodos que deixam de lado processos introspectivos que exigem tempo para serem aplicados. A ideia de que um coach pode melhorar o desempenho da equipe é ótima para os CEOs, mas pode intensificar conflitos internos dos funcionários. Em vez de ajudar, a ação desses consultores pode prejudicar a empresa em questão”, afirma o pesquisador. O estudo aponta que, com o aumento da complexidade dos ambientes corporativos, as empresas buscarão mais ajuda dentro das consultorias. Esses profissionais deveriam ser CEOs aposentados, professores universitários e governantes. Entretanto, o nosso quadro de consultores, hoje, é formado por gerentes e empreendedores medianos com conhecimentos
rasos em psicologia e recursos humanos. “Esse tipo de consultoria se popularizou nos últimos anos, já que as empresas enfrentaram uma escassez de talento e estavam preocupadas com a rotatividade entre os funcionários-chave. As empresas queriam um sinal de comprometimento para desenvolver seus executivos, então elas contrataram consultores”, afirma Berglas. Para Cal Newport essa falta de experiência, que nos leva a buscar consultorias, é o grande motivo da frustração no mercado de trabalho, em meio a tantos outros. “Nós vivemos nesse momento estranho e experimental, onde os profissionais não sabem lidar com a carreira. Aumentamos o número dos canais de comunicação, mas somos incapazes de tomar decisões sobre quais devemos implementar. Os profissionais captam a informação como roteadores humanos, mas ainda assim não geram um conhecimento útil para o seu trabalho de verdade”, destaca Berglas.
O profissional perfeito adora listas, de preferência aquelas com dez dicas para aumentar a produtividade. Nós, então, resolvemos criar uma especial, sobre os quatro mitos dos profissionais perfeitos: 1. Utilização de Jargões de Negócios
2. ser líder “desesperadamente”
3. ser excessivamente comunicativo
4. ser um workaholic
Toda área possui os seus jargões,
A história sempre endeusou os
Em uma sociedade obcecada por
Você conhece o Ritmo Ultradiano?
claro. Eles servem para designar
líderes e o universo corporativo
comunicação, não faltam indicações
Esse é um fenômeno também
operações e facilitar o trabalho
não poderia ser diferente. Foi
de que os extrovertidos vendem
conhecido como ciclo de descanso-
dos profissionais. Mas sempre
criada uma cultura que atribuía
melhor, transmitem mais segurança e
atividade básico. Segundo ele,
existem os que abusam. Os jargões
a essas figuras o sucesso ou
simpatia. Entretanto, esse parece ser
nosso cérebro consegue se
se tornaram um idioma à parte e
fracasso de uma empresa. Essa
apenas mais um mito do profissional
concentrar completamente em
quem está fora da área em questão
estrutura organizacional que
perfeito. Pesquisas, como as expostas
uma atividade durante 90 minutos.
só é entendido por aqueles que
coloca o líder como o centro das
por Susan Cain no recente livro O
Após esse período, ele se sente
pertencem ao mesmo habitat. Essas
decisões deverá desaparecer aos
Poder dos quietos, indicam o oposto:
sobrecarregado e não funciona na
pessoas adotam esses termos a fim
poucos. As decisões deverão ser
os tímidos se concentram com mais
mesma intensidade. O conselho dos
de mostrar mais conhecimento e
compartilhadas e o trabalho em
facilidade, são melhores ouvintes e
cientistas para ser mais produtivo é
deixam de lado a autenticidade na
equipe será a prioridade na gestão.
mais sensatos nos negócios. A falta
organizar o seu dia de trabalho com
de consenso leva à seguinte “fórmula
intervalos de 10 minutos a cada 90
secreta”: é melhor tirar proveito das
minutos de concentração.
forma de falar. Not cool.
suas características, seja você tímido ou comunicativo.
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mba ricO, mba pObre
Com a ambição de se tornarem grandes executivos antes dos 30, as pessoas naturalmente investem em seus currículos. Visando conquistar as empresas, os jovens embarcam em boas faculdades, cursos de idiomas, empresas júnior e outras atividades. Apesar do esforço, eles sentem que para atingir a perfeição, o currículo ainda precisa de algo: o MBA. Na busca pelo MBA ideal, os estudantes podem encontrar cursos enriquecedores, capazes de aperfeiçoar profissionais e impulsionar sua base de conhecimentos e competências. Mas com uma oferta de cursos cada vez maior e heterogênea, esses mesmos estudantes também podem encontrar MBAs que não representam mais que uma sigla no papel ou um status – às vezes, nem isso. É sobre esses programas de má qualidade que nós, administradores, precisamos conversar. O professor Thomaz Wood Jr. ressalta que os MBAs constituem um fenômeno mundial. Surgiram há mais de um século nos Estados Unidos, mas se espalharam globalmente, especialmente a partir da década de 1990. Ele explica que no Brasil a sigla foi adotada de forma muito livre, de maneira que todo tipo de curso, sendo qualificado em termos de mercado, seja considerado um MBA. “Existem duas críticas principais ao modelo: a primeira é de que o impacto sobre a carreira dos alunos está diminuindo. A segunda é que esses programas formam profissionais excessivamente focados na maximização de resultados de curto prazo das empresas, mas insensíveis às questões sociais e cegos em longo prazo. Naturalmente, há MBAs e MBAs: a qualidade dos programas é muito heterogênea”, completa Wood. Antes de se matricular, o estudante precisa avaliar a instituição que pode fornecer o nível de conhecimento que ele procura. Isso pode ser medido por meio do quadro de professores, dos critérios de seleção e se a faculdade está conectada com o mercado. Um dos maiores críticos dos MBAs, o canadense Henry Mintzberg (colunista da Revista Administradores), aponta outra deficiência dos cursos. Segundo o profes-
sor da McGill Univerity, esses programas criam a ilusão de que é possível formar gestores em sala de aula. “Colocar jovens numa escola e fingir que está transformando-os em gestores é perigoso porque eles pensam que, ao saírem dos MBAs, serão capazes de gerir organizações. No entanto, o que eles aprendem é, unicamente, a analisar funções administrativas, como marketing e finanças. Assim, MBAs são excelentes para ensinar exatamente isso – o que, porém, não é gestão. Ele se vale dessas ferramentas, mas é muito, mas muito mais do que análise de funções administrativas”, explica Mintzberg. De acordo com Mintzberg, o desenvolvimento gerencial legítimo deve ser focado em gestores de verdade. Além disso, deve concentrar na utilização da experiência sobre a gestão para reflexão pessoal e em grupo. Dessa forma, o profissional aprenderá a partir de sua própria vivência, pensando sobre ela, e compartilhando-a com os colegas. É aprender uns com os outros em grande parte, não apenas com os professores. Em vez de apostar em teorias instantâneas e soluções que parecem práticas como uma receita de Miojo, as empresas deveriam manter o foco em criar um ambiente de trabalho saudável, capaz de desenvolver as habilidades dos profissionais e reter esses talentos. O mito do profissional perfeito não é um perigo apenas para os jovens, mas também para as empresas que se empenham em formar a “equipe perfeita”. Após recrutarem bons profissionais, percebem que não possuem o espaço ideal para as aspirações dessas pessoas e terminam perdendo o que conseguiram durante os processos seletivos. Outras organizações acreditam que contratando qualquer consultoria serão capazes de ligar as turbinas da produtividade, motivar a equipe, aumentar o faturamento e trazer o amor perdido em três dias. Mas não é bem assim. Administradores são incentivados a partir dos valores que adquirem dentro das empresas, quando assumem uma missão profissional e decidem não ter um emprego, mas construir uma carreira sólida.
colocar jovens numa escola e fingir que está transformandoos em gestores é perigoso, porque eles pensam que, ao saírem dos mbas, serão capazes de gerir organizações
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JORNALISMO GONZO | disney
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Nós criamos
Felicidade por marcela agra
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ilustração thiago castor
A repórter da Administradores conta como foi a experiência de trabalhar na Disney e os bastidores da companhia que busca encantar todos aqueles que visitam o seu mundo.
R
ecebi a notícia de que escreveria essa matéria com um sorriso de felicidade no rosto. Por dentro eu estava como que soltando fogos de artifício. Uma dica: não me peça para falar sobre a Disney a não ser que realmente queira ouvir. Quem me conhece sabe que se eu começo é difícil parar. Minha relação com essa “fábrica de sonhos” começou na infância, quando assistia avidamente aos seus musicais no aparelho VHS. Naquela época eu não poderia imaginar que trabalharia quase 100 dias no Walt Disney World Resort. Minha história com esta empresa virou um romance, um conto de fadas; em se tratando de Disney não poderia ser diferente.
Mas vamos começar do começo, no melhor estilo storyteller. Uma amiga me ligou numa noite qualquer, e perguntou se eu estaria disposta a faltar aula no dia seguinte para acompanhá-la numa palestra. “É sobre aquele negócio da Disney, pra trabalhar lá”. Eu não entendi direito, mas resolvi que iria. Chegando ao local da palestra, nos juntamos aos cerca de 500 jovens universitários que esperavam o que seria dito. A música temática, o vídeo projetado na tela, tudo contribuía para o clima de magia e antecipação, resgatando sentimentos de admiração cultivados na infância. A “experiência Disney” começava ali. E, para minha alegria, foi logo ampliada, pois fui selecionada para esse intercâmbio.
Cast Members e seu poder de contar histórias
Chegar ao condomínio em que eu moraria e ser recebida com
cookies quentinhos, depois de quase um dia inteiro de viagem, é um detalhe que eu não vou esquecer. Mais tarde aprendi que a experiência Disney se faz justamente nos detalhes, nos momentos simples, porém mágicos, e não somente em grandes e elaboradas atrações. Talvez essa seja uma das grandes justificativas da marca ser tão admirada no mundo dos negócios e, de volta e meia, aparecerem livros sobre suas práticas encantadoras para empresas que buscam a satisfação de seus consumidores. Lá não há clientes, há “convidados”, não há funcionários, há “membros do elenco”. Isto porque convidados costumam voltar sempre que chamados outra vez. Membros do elenco costumam desejar nunca deixar de sê-lo. O primeiro dia de treinamento para se tornar um cast member da Disney se chama Traditions (tradições). Ali os futuros funcionários aprendem sobre os princípios e filosofia que regem todos os setores da organização. O storytelling se reproduz desde esse momento, quando a história da Disney, a qual se confunde com novembro/dezembro 2013
a de seu idealizador, Walt, é narrada de forma poética aos que estão sendo treinados. Desde a criação do primeiro personagem até o surgimento do mais querido ratinho do mundo, Mickey Mouse, Walt Disney é retratado como um visionário, um contador de histórias, e isso inspira cada novo cast member a continuar de forma digna o seu legado. Lembro claramente de cada funcionário que me acompanhou durante o meu treinamento e a marca de todos eles era ser um storyteller. A forma convicta e apaixonada com que esses treinadores repassam o que é a Disney faz com que algo improvável aconteça no final do dia: você se percebe encantado pela história de um rato.
Por trás do Mickey Mouse há um grande homem
Neste momento preciso abrir parênteses especiais para Walt Disney: um cara excêntrico, cheio de ideias inovadoras, e de quem muita gente duvidou. Sua esposa e familiares, porém, acreditavam na sua habilidade de narrar, que era uma arma poderosa administradores.com
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JOrnaLismO gOnZO | dISNey
de persuasão. Walt costumava ir a parques de diversões em sua cidade, onde observava as crianças e seus pais. O que ele notou foi que as crianças se divertiam imensamente, mas os pais se tornavam espectadores, pois as atrações do local eram destinadas ao público infantil e não à família como um todo. Este insight gerou no nosso storyteller o desejo de criar mundos que atraíssem pessoas de qualquer idade, de qualquer lugar do planeta. Walt não queria um parque de diversões simplesmente, daqueles itinerantes que você encontra em estacionamentos de grandes supermercados em sua cidade. A ideia era construir um mundo fantástico, desligado da realidade, e que proporcionasse uma experiência única, incomparável. Como diz Tom Peters em seu livro Reimagine, “O valor agregado para qualquer empresa, pequena ou enorme, vem da qualidade da experiência fornecida”. Walt Disney tinha essa visão desde a década de 1960, e sua liderança nesse sentido foi tão forte, que mesmo passados muitos anos de sua morte, cada pessoa que trabalha em sua empresa continua sendo guiada por essa ideia. O que este homem enxergou foi que para promover a experiência seria preciso encantar primeiramente aqueles que serviriam de canal para que a vivência da fantasia se tornasse realidade. Assim, a estratégia para criar este encantamento se inicia com a conquista do próprio cast member, que a começar pelo nome, “membro do elenco”, se sente parte importante da construção desse mundo maravilhoso.
magia se FaZ cOm pessOas 44
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Uma empresa com mais de 55 mil colaboradores, como é a Disney, enfrenta os problemas mais comuns e cotidianos que você possa imaginar. Como se manter como uma das maiores instituições mundiais, depois de tanto tempo de fundação? O segredo está nas pessoas. E no atendimento que elas são ensinadas a oferecer. Durante o meu treinamento, aprendi lições marcantes, e que tenho carregado comigo desde então. Princípios simples, mas que somados fazem a diferença; são os pilares da experiência Disney.
personagem e represento meu papel”; “Eu vou acima e além”. Cada um desses quatro fundamentos tem várias implicações. Projetar imagem e energia positivas quer dizer, por exemplo, sorrir, se mostrar interessado e acessível, buscando interação genuína com os guests. O segundo princípio prega a cordialidade, a educação, o respeito, de forma que cada pessoa que você tiver a oportunidade de atender se sinta importante e bem cuidada, inclusive as crianças, que devem ser olha-
Lá não há clientes, há “convidados”, não há funcionários, há “membros do elenco” “We create hapiness” (Em tradução, nós criamos felicidade). A noção de que cada cast member carrega em si o poder de criar felicidade é poderoso, e se traduz em um atendimento dedicado a fazer com que momentos mágicos aconteçam para cada convidado que visita qualquer local Disney. Essa máxima do serviço é dividida em quatro ideias principais, consideradas princípios básicos que devem nortear cada colaborador. “Eu projeto imagem e energia positivas”; “Eu sou cortês e respeitoso para com todos os convidados, inclusive crianças”; “Eu permaneço no NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013
das nos olhos, e tratadas de igual para igual. Permanecer no personagem pode parecer estranho para quem trabalha servindo comida num restaurante de um dos parques; mas não se engane, há um elemento de show em cada setor da Disney! Preservar a magia dos bastidores, manter a fantasia, e fazer com que as pessoas se esqueçam do mundo lá fora são noções essenciais para criar momentos mágicos.
tHe MaGICaL MOMeNt
Imagine a cena: uma família com um casal de filhos peque-
nos e chorosos tenta acalmá-los, sem sucesso; uma funcionária da Disney percebe a situação e resolve ajudar. Ela chama a atenção das crianças com uma história (que acabou de inventar), dizendo que o Mickey falou com ela mais cedo e lhe entregou uns adesivos especiais, e que quem tivesse esses adesivos – que estampavam o rosto do ratinho simpático – se tornaria amigo dele. Funciona como mágica. As crianças trocam o choro pelo sorriso e recebem os adesivos com os olhos brilhando. Os pais ficam extremamente tocados e agradecidos. Isto é ir acima e além. Criar um momento mágico não é fazer malabarismos ou grandes apresentações. É transformar, através da simplicidade do contato humano, uma experiência mediana numa memorável. Muitas pessoas visitam a Disney várias vezes na vida, mas é fato que outras planejam e economizam para fazer esta viagem apenas uma vez. Enquanto funcionários, quem somos nós para diminuir este prazer pelo qual o guest tanto esperou? Aprendi que a minha função ali era fazer com que cada pessoa que eu atendesse tivesse os melhores momentos da sua vida. E se eu disser que a funcionária da história dos adesivos sou eu? Ao criar aquele momento eu tive uma recompensa maior do que podia imaginar, pois percebi que eu, recém-chegada, estudante, estrangeira, tinha de fato o poder de criar felicidade. E esse desejo foi despertado em mim porque eu queria fazer minha parte em proporcionar a experiência mágica Disney. O resultado é que hoje o desejo de criar felicidade prevalece em tudo o que faço.
DÚViDas | dRUCKeR ReSpONde
AUtORItÁRIO
ApReNdIZAdOS
Por que muitos administradores ainda hoje administram como se estivessem no passado? Ex: “Eu falo e você obedece!” ou “Eu falo, faça assim e não questione!”. Não seria melhor compartilhar o problema e resolver com todos pensando?
Onde errou Eike Batista? eVertoN SANtANA
CAIO CESAR NASCIMENTO
Com certeza, Caio! Isso é uma questão de competência. Muitas de nossas empresas talvez ainda estejam no passado. A ausência de eficiência e a má gestão do tempo são fatores que recaem sobre as práticas da liderança coercitiva. Quando Drucker fala sobre esse assunto, ele recomenda que se faça um exercício de prioridades e naturalmente da disciplina com os compromissos. O trabalho em equipe é uma questão diferenciadora, mas é preciso ter ética e confiança. Profissionais bem qualificados poderão exercer um impacto positivo na gestão de um gestor que não seja vaidoso e nem centralizador. É preciso confiar nas pessoas e estimular a absorção de responsabilidade por parte delas, com isso, conquista-se respeito e governança. deMItIdO Você diria “está demitido!” para um dos perdedores do reality show “O Aprendiz” na pele de Roberto Justus? Essa forma indiferente de falar é a mais compatível para a “selva corporativa”? HerMeS SiLVA
De maneira alguma, não se constrói com grosseria. Para ser sincero não é preciso ser mal educado. Alguns acadêmicos até dizem para que a pessoa produza melhor, e vá além de seus limites, é preciso pressioná-la ao máximo a ponto dela ter reações de enfrentamento e, por meio disso, resolva seus desafios sozinha. Drucker jamais seria grosseiro, ou mal educado, ele seria sincero o suficiente ao descrever para a pessoa como ela deveria desenvolver melhorias em suas competências, estimulando nela os instintos mais saudáveis e não os mais primitivos. As pessoas precisam de orientação mesmo quando elas são resistentes, no reality também há bons exemplos ao explorarem comportamentos éticos, mas nesse caso específico entendo que seja uma agressão desnecessária, um estimulo à covardia e ao desrespeito. Não é bom, não edifica.
O QUE DRUCKER FARIA? por raniere rodrigues
tire suas dúvidas através da ótica dos pensamentos de Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna. Basta enviar a sua pergunta, curiosidade ou questionamento para revista@administradores.com.br
O responsável pelas respostas é o professor raniere rodrigues dos santos, diretor geral da the Drucker society of Brazil – recife, Coordenador de extensão na Faculdade dos guararapes e um dos principais pesquisadores de Peter Drucker no Brasil.
Eike Batista é um empreendedor hereditário, seu pai – Eliezer Batista – foi um dos notáveis presidentes da Vale do Rio Doce. Merece nossa credibilidade e respeito. Eike se tornou uma expressão do crescimento do Brasil como país emergente nessas primeiras décadas do século XXI. É isso mesmo, ficou para a história e pode continuar nela se for mais prudente. Os economistas relatam que ele errou porque superestimou sua capacidade de investir, fez propaganda exagerada sobre valores e produção, criou mais empresas do que deveria (uma sob o sucesso da outra), não aguardou a maturação de seus projetos. A questão é que Eike cresceu de forma insustentável e o capital recuou lhe gerando prejuízos. Ele errou porque não se resguardou, ousou além da conta. É preciso testar os investimentos, alimentar de forma crescente os negócios, que eles cresçam considerando-se os lucros e o retorno do investimento. Eike Batista é um empreendedor e errou porque não foi prudente. Talvez ele deva recuar para acertar agora. peRfeIÇÃO Nos tempos modernos fala-se muito em buscar a excelência. Mas o que seria a excelência na Administração? dANieLLe LoPeS
Querida Danielle, excelência é fazer o que é certo e bom. Mas na administração devemos ter bastante atenção a isso. A excelência está relacionada à execução de atividades de acordo com o padrão preestabelecido pela empresa, ou seja, atividades planejadas, roteirizadas, pensadas, padronizadas. Especializamo-nos para executar melhor nossas funções, criamos expertise. Drucker certamente interpolaria dizendo que a excelência é um reflexo da gestão do conhecimento, do exercício pleno do capital intelectual. Em outras palavras, do profissionalismo e foco no exercício de suas tarefas. “Administração é prática” ele falou, hoje temos que exercer, praticar com total afinco aquilo que aprendemos. Precisamos ir muito além.
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artigO REFERÊNCIA
O renasCiMentO da adMinistraÇÃO
por leandro vieira
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imagens leonardo da vinci
Os gênios da Renascença deixaram um legado sem precedentes nas ciências e nas artes. A redescoberta e a revalorização de referências desse período podem nortear mudanças significativas na Administração.
Leandro Vieira é publisher da revista Administradores e acredita que o passado esconde pistas para o futuro.
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E
m nenhuma outra época da humanidade houve um fluxo tão grande e tão intenso de produção artística e de surgimento de gênios quanto o período conhecido como Renascença, que teve na pequena Florença o seu epicentro. O que explica o desencadeamento de um potencial criativo praticamente infinito que, mesmo séculos mais tarde, ainda não fomos capazes de reproduzir ou muito menos superar? Quais os métodos adotados pelos mestres renascentistas em seus processos criativos e no desenvolvimento de suas habilidades? E o melhor: o que isso tem a ver com Administração? Em 1997, David Banks, estatístico da Universidade Carnegie Mellon, escreveu um breve artigo intitulado The problem of excess genius (O problema do excesso de genialidade). Banks observou que os gênios não se distribuem uniformemente no tempo e no espaço. A história da humanidade está marcada, justamente, pela concentração de gênios em determinados períodos e localidades especiais: Atenas, entre 440 a 380 a.C., Florença, de 1440 a 1490 e Londres entre 1570 a 1640, sendo o período florentino o mais produtivo – e o mais intrigante. Daniel Coyle resgata essa questão no brilhante livro O código do talento, e elenca as razões normalmente utilizadas para explicar como uma cidade com menos de 50 mil habitantes (algo como Campos do Jordão dos dias de hoje) conseguiu, em apenas meio século, fazer surgir dezenas de gênios: prosperidade, paz, liberdade, mobilidade social e paradigma cultural. Apesar de plausíveis, é difícil acreditar que apenas a convergência desses fatores justifique o sucesso renascentista. Inclusive, vários desses pontos são desmentidos pelos registros históricos, o que ainda nos deixa sem resposta. Escreve o autor: “a Florença quatrocentista não era excepcionalmente próspera,
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nem pacífica, tampouco oferecia mais liberdade que outros lugares”. Pronto para desvendar o mistério? a criaÇÃO da genialidade O boom artístico florentino se explica por uma poderosa invenção social: as guildas. Talvez você não se recorde muito bem de suas aulas de História do colégio, por isso vou explicar. Guildas eram associações de artistas (tecelões, pintores, ourives, artesãos, entre outros), que se organizavam para regular a concorrência e controlar a qualidade de suas produções. Verdadeiras empresas, essas organizações contavam com uma administração, taxas e regras bem estabelecidas sobre quem poderia exercer determinado ofício. A razão de seu sucesso era um sistema de formação de aprendizes. Meninos por volta dos sete anos de idade passavam a morar com os seus mestres por períodos de cinco ou dez anos. Uma verdadeira estufa de treinamento profundo. Todos os gênios renascentistas tiveram seus mestres. Leonardo da Vinci foi discípulo de Andrea Verrocchio, Verrocchio estudou sob a supervisão de Donatello (não, não é a tartaruga ninja), Donatello sob a de Ghiberti, e assim por diante. Por milhares de horas, esses aprendizes estudavam o ofício por completo, na prática, da mistura de tintas e preparo das telas à execução de verdadeiras obras-primas, um sistema calcado na produção sistemática de excelência. Coyle compara essa experiência à de um estagiário de 12 anos de idade que passasse uma década sob a supervisão de Steven Spielberg - “o fato de esse estagiário um dia virar um grande diretor de cinema não seria nenhuma surpresa, mas algo quase inevitável”. Beleza, você pode computar o talento singular de um Da Vinci a alguma bênção divina - ou, como sugere um famoso programa do History Chanel, à influência de extraterrestres. O cara era realmente excepcional. Mas teria o jovem Leonardo despertado a sua genialidade caso não tivesse a oportunidade
de ter sido aprendiz de Verrochio, outro gênio (porém não tão famoso)? E, se houvesse nascido em nosso tempo, teria o potencial único de Da Vinci sobrevivido ao nosso sistema educacional, à rotina estressante e banal imposta pelos pais de hoje, aos valores de nossa sociedade, às mensagens do WhatsApp e à frivolidade do Facebook? Tenho minhas dúvidas. Michael Gellb, autor de How to think like Leonardo da Vinci, coloca uma questão mais pragmática e pertinente: os fundamentos renascentistas de aprendizagem e cultivo da inteligência podem ser aplicados para nos inspirar e guiar à realização de todo o nosso potencial? A resposta é sim. Tais princípios podem ser estudados, emulados e, perfeitamente, aplicados. Podem não nos tornar gênios, mas com certeza nos conduzirão em uma jornada que nos tornará melhores do que já somos. administradOres renascentistas Tomemos o exemplo da Administração, maior carreira universitária do país. A Administração é um curso superior levado a cabo entre quatro a cinco anos nos bancos universitários. Algumas instituições são reconhecidas pela qualidade ímpar de seu ensino, mas a maior parte delas navega na média, e um número inaceitável fica abaixo da crítica. Para se ter uma ideia precisa desse panorama, no último ENADE, pouco mais de 6% dos cursos obtiveram a nota máxima (5); 13,8% obtiveram nota 4; 43,2% registraram nota 3 (que é o mínimo para o curso ser considerado como “satisfatório”), e o restante, pas-
mem, conseguiu tirar nota 2 ou 1, representando praticamente 36% das nossas faculdades. Independente da qualidade da instituição de ensino, o tempo em que o futuro administrador passa em seu processo de formação é subaproveitado. Apenas escutar o professor em sala de aula e ler suas apostilas em véspera de prova não é o suficiente para formar um administrador. Meus caros, isso é enganação. Tal qual a formação de
ao mesmo tempo, desenvolver alguma espécie de trabalho voluntário em uma organização do terceiro setor. Isso é algo que pode ser facilmente articulado entre a instituição de ensino e ONGs sérias. O mesmo pode ser feito com empresas. Tragam as empresas para dentro do ambiente acadêmico. O Brasil conta atualmente com quase 13 milhões de empreendimentos. Permitam que os alunos se aproximem desse
uma busca jamais satisfeita pela excelência. Nada menos que isso importa. Estou seguro de que esse modelo impulsionará os nossos jovens a irem muito além do que eles mesmos pensam que são capazes. Esse é o caminho para que libertem todo o seu potencial criativo e desenvolvam com maestria a sua capacidade de levar nossas organizações adiante. Esse é o caminho para o Renascimento da Administração.
a história da humanidade está marcada pela concentração de gênios em determinados períodos e localidades especiais um artista renascentista, o nosso aprendizado deve ser também essencialmente prático. O gap entre a teoria e a prática não deve ser suprido apenas após a formatura. No momento em que se coloca os pés em sala de aula, do primeiro ao último período da faculdade, deve ser proporcionada ao estudante de Administração a chance de praticar o objeto de seu estudo. A experiência é a fonte da sabedoria. A exigência do estágio, por exemplo, dá-se comumente nos últimos períodos do curso. Por quê? É um absurdo subestimar a capacidade dos estudantes mais novos. Imaginem se todo calouro de Administração tivesse a oportunidade de ingressar na faculdade e,
universo e contribuam com o seu avanço. Ganha o aluno, ganha a organização, a instituição de ensino e, o mais importante, ganha a sociedade. Não é esse o sentido maior de tudo isso? Os cursos de Administração devem ser as guildas dos futuros administradores, um ambiente de treinamento profundo, onde não apenas a teoria faz parte da formação, mas, sobretudo a prática incessante supervisionada por mestres talentosos, rigorosos e exigentes. Condescendência e excelência não combinam. À frente de uma sala de aula, o professor deve inspirar seus alunos a darem o seu melhor, mas deve ser exigente na mesma medida. Deve propor desafios por
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mente aBerta ATENDIMENTO
CLientes irraCiOnais
por seth godin
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ilustração niandson leocÁdio
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Seth Godin escreveu 13 livros que foram traduzidos em mais de 30 línguas. Cada um tem sido best-seller. Ele escreve sobre a revolução pós-industrial, a forma como difundir ideias, marketing, parar de fumar, liderança e, acima de tudo, como mudar tudo.
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uem recebe o seu melhor trabalho? Se você reserva seu maior esforço para o chefe irritante, o cliente que nunca se satisfaz e para um consumidor abusivo, então, você entrou no sistema que recompensa justamente as pessoas que estão te deixando louco. Não é surpresa que você tenha clientes assim – e não é surpresa que eles exijam mais do seu tempo e o melhor do seu trabalho. Por outro lado, quando você fizer a promessa (e cumprir) de que o seu melhor trabalho vai para aqueles que são respeitosos e pacientes, você se tornará um especialista em ter clientes assim. Um dos maiores momentos de mudança na minha carreira foi demitir um cliente que representava um terço do meu trabalho na companhia. Nós estávamos nos tornando muito bons em tolerar o estresse que vinha desse relacionamento, e se tornou
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claro para mim que nós estávamos nos inscrevendo em uma vida inteira de clientes daquela forma. Após a “demissão” ficamos livres para trabalhar para aqueles que nós acreditávamos merecer nosso melhor trabalho. Nós substituímos o negócio perdido em menos de seis meses. Anos atrás, eu ouvi a história de uma grande empresa varejista de serviços financeiros que fez as contas e descobriu que menos de 5% de seus consumidores eram responsáveis por mais de 80% de suas chamadas de atendimento ao cliente e menos de 1% de seus lucros. Eles, então, enviaram a esses clientes uma nota simpática, deixando-os saber que eles não seriam mais capazes de atendê-los adequadamente a partir daquele momento e oferecendo ajuda para transferir suas contas para uma concorrente. Com mais tempo disponível, eles poderiam fazer o pessoal do atendimento ao cliente dobrar a relação com aqueles que realmente importavam para eles. Não, você nem sempre pode demitir aqueles que são arrogantes ou intimidadores. Mas sim, você pode pensar em como melhorar para aqueles que não são. Isso significa que você não vai tirar proveito de sua boa índole, ou se acomodar dando para eles apenas o que aceitarão. Em vez disso, você vai tratar as pessoas boas com mais esforço, cuidado e gentileza do que você já tratou os seus tiranos. A palavra se espalhará. [A outra opção é ótima, se você estiver disposto... Especialize-se nos piores tipos de clientes e chefes, nas tarefas menos gratificantes. Você se destacará em uma área pouco habitada! O erro é pensar que você está fazendo ambos e, na verdade, acabar não realizando nada por fazer os dois].
artigO DO LeitOr COMPETIÇÃO
O aniVersÁriO dO MeU MaiOr adVersÁriO
por fabrício medeiros
H
fabrício Medeiros. Já estava na hora do mundo corporativo ganhar o seu justiceiro. Muito prazer, eu sou o QUEBRE A BANCA. Ex-aluno de Harvard, professor da FGV e especialista em Negociação. #QB #FacaNaCaveira
confira a versão ampliada desse artigo em: adm.to/niver_adv
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ilustração niandson leocÁdio
oje é aniversario do meu maior adversário. Seu nome é Álamo Costa e, não por coincidência, seu nome foi inspirado em uma guerra lendária. Em 1836, os mexicanos passaram duas semanas para conseguir tomar o forte Álamo. A bravura de seus defensores impulsionou os texanos anos depois, que aos gritos de Remember the Alamo! (Lembre o Alamo!), conseguiram retomar o forte dos mexicanos, declarando assim a independência do Texas. Respeito a bravura dos texanos, mas meu martírio foi muito pior, tive que disputar esse mesmo FORTE (Ambev), durante meia década com o Álamo do século XXI – um profissional arrojado que gostava de ganhar tudo, extremamente competitivo e que levava qualquer adversário ao limite. Há um ditado japonês que versa sobre a necessidade de se ter um tubarão em um tanque cheio de peixes para que esses se movimentem o tempo todo e consigam sobreviver, do contrário, eles ficariam acomodados e morreriam. Sábios esses japoneses. Álamo foi o tubarão do meu aquário. Toda empresa tem sua cultura, e não vou dizer aqui qual é a melhor, pois podemos chegar à vitória de várias maneiras. Gosto de falar apenas do que vivi, pois experiências pessoais são mais críveis do que qualquer manual de bolso dessas livrarias de aeroporto. Algumas empresas incentivam a competição interna. Se você já é competitivo e gosta disso, seja bemvindo ao parque de diversões. Você pensa o contrário, não gosta de competição exacerbada? Diversos foram os embates entre adversários históricos. A gana pela vitória proporcionou aos envolvidos a superação de vários recordes e a criação de maravilhas. Muhammad ali versus George Foreman, Senna versus Prost, Steve Jobs versus Bill Gates, não importa, o surgimento de tantos ícones, dentre outros fatores, só foi possível porque havia um adversário, um “inimigo” querendo tomar um forte, alguém que tirava nossas noites
de sono. Com o Álamo também era assim. Na Ambev, os prêmios mensais e anuais eram o objetivo de todos. Além do reconhecimento, os prêmios vinham carregados de bônus pomposos. Apesar da grana boa, o que mais me interessava era “tomar café com o presidente”. Isso mesmo, a cerimônia de entrega dos prêmios sempre era feita em um café com as principais lideranças da empresa. Em grandes corporações criar esse tipo de intimidade com o presidente é fundamental para catapultar seu nome quando surgirem oportunidades. Eu sabia disso e, para minha infelicidade, Álamo também. Quando éramos vendedores, cada um ganhava o prêmio da sua sala e tudo estava indo muito bem, meus adversários eram medianos e eu conseguia fácil. Álamo era esforçado, talentoso, também conseguia superar com maestria os seus adversários. A admiração era mútua, mas tudo mudou quando fomos promovidos a supervisores e começamos a disputar diretamente os prêmios de melhor supervisor. O bicho pegou. O pau comeu. O acompanhamento dos números era ferrenho. Quando a tendência de vendas parecia melhor para um, o outro corria atrás do prejuízo. Era um mês intenso, não havia descanso, e confesso: isso sempre foi desgastante, não me sentia bem trabalhando 14 horas por dia, faltando faculdade. Chegava a comemorar o final de semana apenas para dormir. Nós nos odiávamos, mas no fundo nos respeitávamos. Eu queria fazer apenas o feijão com arroz melhorado, eu estava querendo empurrar com a barriga, mas aquele desgraçado não descansava um só segundo, ele queria meu fígado em uma bandeja de prata, queria o meu lugar, o meu reino, e isso eu jamais permitiria. E, no fim, quem ganhou esse duelo de titãs? Ganhei muitas, perdi muitas, foram meses de altíssima performance dos dois lados. Mas quem mais ganhou foi a empresa, que teve seu forte protegido por dois guerreiros. Álamo e eu somos amigos hoje em dia, não competimos mais, quer dizer, por enquanto... Feliz aniversário meu amigo, meu melhor adversário.
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aDministraDOr na HistÓria | eIJI tOyOdA
eiJi tOYOda: O PreCUrsOr dO tOYOtisMO por dandara costa
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foto divulgação
LinHa dO teMPO forma-se em engenharia Mecânica pela Universidade do Japão
1936
grande difusor do sistema toyota de Produção e peça chave do sucesso da marca, eiji toyoda morre cinco dias após completar 100 anos de idade.
E
1913
Motor Company, mérito do seu primo mais velho, Kiichiro, Eiji Toyoda foi o responsável por colocar a empresa
da família no top três das principais fabricantes de automóveis do planeta.
O mercado automobilístico japonês, que até o fim dos anos 1920 era dominado por montadoras estrangeiras, começou a ceder espaço para os fabricantes domésticos. O primo Kiichiro, diante da oportunidade, fundou o embrião da maior montadora de automóveis, então uma mera subsidiária da fábrica têxtil de seu pai. Assim, em 1937, nascia a Toyota Motors, palco da atuação do espírito inovador de Eiji Toyoda. Toyoda já manifestava interesse por máquinas desde o tempo em que trabalhava no ramo têxtil. Formou-se em Engenharia Mecânica em 1936 e, no ano seguinte, ao ser fundada a Toyota Motors, foi levado por seu primo para supervisionar a produção da nova fábrica. Assumiu a presidência da companhia após a morte de Kiichiro e no ano de 1982 atuou como presidente do conselho de administração e como consultor. Eiji Toyoda, cuja atuação foi marcante no desenvolvimento de produtos e no relacionamento com os fornecedores, liderou o período mais importante de crescimento da montadora e 50
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Morre por insuficiência cardíaca
1952
1937
Nasce eiji toyoda, em 12 de setembro
mbora não tenha fundado a Toyota
Assume a presidência da toyota Motors
Começa a trabalhar na fábrica de tecidos do tio
teve um papel central na seleção e na colocação de líderes que criaram o sistema de gestão e o de vendas e marketing da empresa, destacando-se o conhecido Sistema Toyota de Produção. No ano de 1950, ele realizou um tour pela fábrica da Ford, com o intuito de observar o modelo de produção da concorrência. Nessa ocasião, ao mesmo tempo em que reconheceu as qualidades dos “ensinamentos de Ford”, consolidou a concepção de que ainda havia algo para ser melhorado, visto no conceito do “kaizen”, que é traduzido como aperfeiçoamento contínuo. Daí passou a adotar na empresa os métodos de produção que hoje podem ser minuciosamente descritos nos compêndios da Administração
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1989 Cria a marca Lexus
sob o nome de “toyotismo”. O grande legado da Toyota é seu método enxuto de produção, o just in time, que surgiu da falta de recursos e é baseado no mínimo de estoque possível. Para concorrer com rivais como as alemãs Mercedez-Benz e BMW, Toyoda investiu no desenvolvimento de modelos de luxo, culminando na criação da marca Lexus, em 1989. Cinco anos mais tarde, ele entrou no Hall da Fama Automotivo de Dearborn, em Michigan, sendo o segundo japonês a receber essa honra, depois de Soichiro Honda, fundador da Honda Motor. Viúvo e pai de três filhos e uma filha, Eiji faleceu cinco dias depois de seu aniversário de 100 anos, no Hospital Memorial Toyota, no Japão, por insuficiência cardíaca.
ADMINISTRADOR
dO FuturO por mayara chaves
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imagem acervo pessoal
desejado. sendo assim, com base no sistema de filtros do site Cinemark, desenvolvemos o plano de negócios do Pclick. O trabalho foi entregue ao professor e depois de uma excelente nota, ninguém mais falou sobre o assunto.
Mas como e quando seu negócio se concretizou? Maggy Tawil criou uma plataforma que permite o agendamento de aulas particulares de forma mais dinâmica.
À
s vésperas de concluir o curso de Administração na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Maggy Tawil, de 22 anos, não está nem um pouco perdida em relação à carreira e emprego. Desde o início da faculdade ela sabia o que queria: empreender. E tudo começou nas aulas com o professor de empreendedorismo Roberto Loureiro, que plantou “uma sementinha”, como a própria Maggy diz, de “não se acostumar com as coisas do jeito que são e ser capaz de criar algo inovador que agregue valor ao que já existe”. E foi com esse pensamento que a jovem de fato inovou com a criação da startup Professor Click (Pclick), uma plataforma online gratuita de agendamento de aulas particulares que aproxima e facilita o contato entre aluno e professor. Conversamos com Maggy, que, ao contar sua trajetória empreendedora, mostrou porque é a administradora do futuro desta edição.
Como surgiu a ideia do Pclick? O Pclick surgiu durante uma aula de empreendedorismo na FaaP, quando o professor propôs aos grupos da minha sala a criação de um plano de negócios a respeito de um serviço/produto inovador. na época tivemos várias ideias diferentes, mas nada nos agradou. Foi quando pensamos em uma necessidade real que nós mesmos tínhamos, de encontrar um professor ideal que se adequasse às exigências possíveis. Partimos do pressuposto que hoje em dia é muito difícil conseguir marcar uma aula particular no preço, localização, horário e com o profissional
em 2012 tive a vontade de retomar o Pclick como um negócio e chamei uma amiga. Foi difícil convencer nossos pais e amigos que tínhamos algo de valor e precisávamos provar até para nós mesmas se o Pclick tinha algum futuro. sendo assim, começamos com um site básico, somente para testar o mercado, e o resultado foi estimulante: em quatro meses obtivemos 1.200 cadastros. a partir disso, percebemos que tínhamos algo interessante nas mãos e só faltava fazer funcionar. neste momento tomamos uma decisão muito importante: queremos seguir o caminho incerto do empreendedorismo? Ou quem sabe estagiar em uma grande empresa ou suceder nos negócios da família? na idade que me encontro é comum ver amigos da faculdade tomando esta decisão. O empreendedorismo é incerto e desafiador, mas preferi pensar que a recompensa é bem maior. Decidi aceitar o desafio enquanto minha amiga optou por um caminho mais certo e claro. enfim, nos separamos e eu me juntei a Paula sandtfoss, Jessica reitzfeld e gabriel Fontenelle – formamos uma ótima equipe multidisciplinar. NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013
Como seu negócio contribui com o aprendizado e ensino para alunos e professores? O Pclick vem para criar novas metodologias de ensino com uma ferramenta fácil e prática, mostrando como pode ser simples marcar aulas e tirar dúvidas, tanto presencialmente como online. O objetivo é tornar a tecnologia aliada da educação e não uma concorrente. Hoje em dia é muito difícil o professor competir com a informação em tempo real que os alunos têm na palma da mão enquanto ouvem a aula. O Pclick oferece o agendamento para todos os tipos de aulas, desde matemática, inglês, geografia, até culinária, personal e dança. sendo assim, lançaremos em breve o Fórum para alunos e professores interagirem e tirarem possíveis dúvidas, além de jogos interativos e troca de livros e apostilas.
O que é fundamental para os administradores? Você usa esses atributos? Penso que um administrador deve ser capaz de quebrar paradigmas e estar disposto a inovar todo dia trazendo novas soluções e experiências para seu público-alvo. além disso, deve convencer todos a sua volta de que uma parede é uma janela, ou seja, acreditar na ideia e ter foco para fazer acontecer. sendo assim, posso considerar que uso desses atributos por encarar este desafio e fazer com que minha família, amigos e sócios enxerguem o Pclick com o mesmo valor que eu enxergo. administradores.com
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FORA dO QUADRADO As empresas estão sempre em busca de novos consumidores e, com clientes cada vez mais exigentes, apresentar o produto com algum diferencial se torna imprescindível. Listamos alguns produtos para serem utilizados na hora de preparar as refeições, com o intuito de tornar a cozinha mais prática e divertida. por lívia pereira
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2 FORNO 1 A LENHA, SEM LENHA As melhores pizzas são as assadas nos velhos fornos de alvenaria e lenha, mas não é nada fácil reproduzir isso em casa. A Food & Fun comercializa o forno Pizzajolo que, com design rústico de tijolinhos e cúpula de cerâmica, remete aos tradicionais fornos, mas sem todo o trabalho necessário para acender a lenha já que o aquecimento se dá por meio de espiriteiras, utilizando álcool em gel. Você pode colocar em cima da mesa e “tirar uma onda” de pizzaiolo. R$99,90, na Loop Day. adm.to/forno_pratico
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OVO NO 2 PALITO E SEM BAGUNÇA Em apenas três simples passos você pode fritar ovos – mas não da maneira convencional. Em formato cilíndrico. Isso mesmo, cilíndrico. Com o Rollie EggMaster, você só precisa quebrar o ovo, colocar dentro da máquina e em alguns minutos puxá-lo com um palitinho de silicone que vem junto. Sem utilizar óleos e sem bagunça, você frita ovos e ainda pode incrementar com bacon e outros recheios. $30, na Amazon.com. adm.to/ovo_palito
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6 MARCADOR DE CARNE
5 3 CHEGA DE ESFORÇO Surpreendemente – ou não – há uma quantidade considerável de pessoas que não sabe utilizar um abridor de latas convencional. E há quem apenas não suporta ter que fazer uma forcinha extra na cozinha. A Kitchen CC, pensando em facilitar a vida de quem gosta de cozinhar, mas não suporta abrir uma lata com os antigos abridores de metal, lançou o abridor de latas One Touch. A proposta é acoplar o gadget à lata e com apenas um clique ele fazer todo o trabalho sozinho. $20, na Amazon.com. adm.to/kitchencc
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IPAD NA COZINHA
Para quem usa o iPad para procurar novas receitas, mas precisa ficar desviando a atenção do fogão para relembrar o passo a passo e ingredientes, a Cutting Board with iPad é a solução definitiva: uma tábua de cortar com suporte para o seu tablet, permitindo que você acompanhe as receitas enquanto as executa. A tábua tem ranhuras que impedem líquidos de escorrer e sujar seu gadget e o balcão e funciona para todos as gerações do iPad, exceto a primeira. $70, na Orange Chef. adm.to/ipad_cozinha
TUDO AO MESMO TEMPO
Objetos que facilitam nossas vidas são preferíveis comparados aos longos manuais de instruções e mil funções que nunca serão utilizados no dia a dia. A Nostalgia Electrics fabrica a Pop-Up Hot Dog Toaster, que basicamente é uma torradeira para assar o pão e a salsicha do seu cachorro-quente. Nada mais prático do que ter o seu jantar de sexta-feira feito facilmente, como uma torrada. $20, na Amazon.com. adm.to/torradeira_hotdog
Depois que o pedaço de picanha perfeito está pronto, tem sempre uma briguinha para saber quem vai ficar com ele no prato. Isso, é claro, pode facilmente ser resolvido se o “dono” da carne ficar esperando ela assar... Ou se ele gravar seu nome nela! Com a ajuda do marcador de ferro Branding Iron For Personalized Grilling, da Decor Craft, você pode fazer isso. Acompanha todas as letras do alfabeto e você pode personalizar o texto a ser marcado. $18, na Amazon.com. adm.to/marcador_ carne
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7 8 MAL PASSADA OU AO PONTO? 7 SEM SUJEIRA Tirar o caroço da azeitona ou cereja facilmente é o que o Cherry Chomper Cherry Pitter, fabricado pela Talisman Designs, promete ao consumidor. Com um design engraçadinho em forma de boneco e facilmente manuseável, basta colocar a cereja ou azeitona na “boca” e empurrar a cabeça do boneco para baixo, fazendo com que o caroço seja depositado no recipiente coletor logo abaixo. Prático e sem sujeiras na hora de preparar os petiscos do happy hour. $11, na Amazon.com. adm.to/semsujeira
Com o verão chegando, pensamos logo em longos dias no deck da piscina, bebidas refrescantes e churrasco. Ser a pessoa que vai comandar a churrasqueira na festa é como uma arte: requer habilidade para deixar cada pedaço de picanha do jeito que o amigo pediu. Para ajudar o chef nessa tarefa, a Charcoal Companion criou o termômetro reutilizável Poultry Button. Basta espetar o pino na carne e esperar a indicação de qual estado de cozimento ela se encontra. $13 (kit com quatro pinos), na Amazon.com. adm.to/churras_facil
ROSQUINHAS EM CASA
Poder fazer rosquinhas perfeitas e crocantes na sua própria casa... Parece um sonho, mas é realidade se você possui a Automatic Mini Donut Factory. A proposta é não apenas assar as rosquinhas, mas também misturar a massa, enformar e, por fim, cozinhar, tudo em apenas alguns minutos. Todo o processo pode ser acompanhado visualmente através do plástico transparente que faz parte da máquina e deixa visível uma esteira automática onde tudo acontece. $120, na Amazon.com. adm.to/mini_donout
10 MÃOS DE TESOURA
BEBIDAS 11 PROTEGIDAS
Rapidez e praticidade são as promessas da tesoura para cortar temperos, fabricada pela empresa Brinox. O diferencial está nas cinco lâminas, que são usadas simultaneamente. Com uma descrição que nos remete ao Edward - Mãos de Tesoura, o acessório tem tudo para agradar diferentes consumidores – quem quer facilidade na cozinha e quem pretende se fantasiar do famoso personagem. R$49,90, no Magazine Luiza. adm.to/mao_tesoura
Se você cansou de ter seu bar invadido por amigos e familiares e encontrar as garrafas de suas melhores bebidas vazias, o Tantalus Liquor Bottle Lock foi feito especialmente para você. A fechadura se encaixa na maioria das garrafas e mantém pessoas “não autorizadas”, ou seja, quem não tem a chave, longe de suas bebidas. $30, na Amazon.com. adm.to/beber_codigo
PRECISÃO 12 NA MÃO Não há nada mais irritante para quem está em busca de um prato diferenciado do que encontrar a receita perfeita, mas ver todas as medidas em gramas. Para isso é bom ter sempre em mãos – literalmente – um medidor. A Baurer colocou no mercado a colher medidora KS15 que aguenta até 300g de produto, o que a torna ideal para medir especiarias, ervas e temperos. R$99,90, na Conforto Online. adm.to/colher_mede
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entretenimentO | CURIOSIdAdeS, HUMOR e SUSteNtABILIdAde
mkt de guerrilha
estudO apOnta O maiOr deseJO das pessOas: ser FeliZ
escOla sem paredes Na Suécia, uma rede de escolas pretende por abaixo o histórico modelo do ensino em salas. Na verdade, a proposta é não só derrubar as paredes físicas, mas também extinguir o conceito de aula. O colégio (se assim podemos chamar!) Telefonplan é o principal expoente dessa nova linha proposta. A escola, inaugurada em agosto de 2012, parece mais um centro do Google do que uma instituição de ensino. Com arquitetura futurista, ela aposta no uso intensivo de tecnologias, educação bilíngue e um processo de ensino/aprendizagem baseado no cotidiano dos alunos. 54
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Divulgação/raytheon
com sons em um caminhão de matadouro. Em outro, colocou o Ronald McDonald gigante tendo seu sapato engraxado por uma pessoa de verdade em frente às lojas da rede. Há também um jardim itinerante que ronda a cidade. Veja mais em www.banksy.co.uk
niandson Leocádio
kim Wendt
Impressionar e chamar a atenção com uma verba limitada: essa é a marca registrada do Marketing de Guerrilha. No entanto, outro segmento utiliza desses mesmos princípios e pode dar boas lições para os marqueteiros de plantão: o streetart ou “arte de rua”. Uma das referências mundiais desse movimento é o artista britânico Banksy, que combina arte, humor negro e denúncias sociais e políticas. Recentemente, ele instalou-se por um mês em Nova York, desvelando cada dia uma obra ou instalação original. Em uma delas fez um protesto contra os maus tratos aos animais através de bichos de pelúcia
Encontrar a felicidade é uma preocupação cada vez mais importante na era moderna. A busca por esse bom sintoma se transformou em uma verdadeira epidemia mundial, comprovada até por pesquisa. Em um estudo com mais de 10 mil participantes de 48 países, psicólogos da Universidade de Illinois e da Universidade de Virginia, ambos dos EUA, descobriram que pessoas de todos os cantos do mundo consideram a felicidade mais importante do que outras realizações pessoais altamente desejáveis, tais como ter um objetivo na vida, ser rico ou ir para o céu.
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“rOupa” dO hOmem de FerrO vira traJe militar Já pensou na armadura do Homem de Ferro de verdade? O Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos sim. Ele se uniu a universidades e cientistas para criar um traje militar inspirado na roupa dos quadrinhos. Os pesquisadores usaram nanotecnologia para desenvolver o material, que será maleável, mas se comportará de forma resistente quando atingido. Entre as funções, a armadura permitirá visão de 360º e noturna, além de monitorar atividades corporais dos soldados, como frequência cardíaca. O protótipo deve ficar pronto em três anos.
aÇÕes para um mundO melhOr
des COM PLi tecidO Can sustentável dO por
HeaDCOUNt Número de pessoas que trabalham em determinada equipe ou empresa.
kaiZen Conceito de administração japonesa que significa aprimoramento contínuo, envolvendo todos os funcionários de uma organização.
pcpm Planejamento e Controle da Produção e de Materiais.
pdca Plan, Do, Check e Act, ou Planejar, Executar, Verificar e Agir, ferramenta que implica na melhoria de todos os processos de fabricação ou de negócios.
eber freitas
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ilustração
niandson leocÁdio
Na edição 20 da Revista Administradores mostramos como a indústria têxtil pode ser prejudicial ao meio ambiente: tinturarias na Índia descartavam há décadas resíduos de produtos utilizados no branqueamento dos tecidos em um dos maiores rios do país – o Rio Noyyal. Se, após o estrago, o tratamento dessas águas requer bastante tempo e gastos exorbitantes, o problema poderia nem ter existido se uma ideia sustentável, genuinamente brasileira e lucrativa, tivesse sido adotada nesse ramo têxtil. A capixaba Personal Print passou a utilizar tecidos produzidos a partir de garrafas PET recicladas, criando uma linha de produtos ecofriendly. “Usamos o tecido de garrafa PET para fazer ecobags mais elaboradas, jogo americano, aventais e outros. Já estamos usando também para criar papel de parede e banners”, afirma Amélia Rosa, diretora administrativa da Personal Print. Ela explica que o tecido é criado por cooperativas locais, e a empresa sublima (purifica) o material e confecciona
as peças. Rosa destaca que nenhum material é desperdiçado no processo: a tinta é produzida à base de água e não gera resíduo; o excedente é doado para os catadores. “A única coisa que vai para o lixo são resíduos do banheiro e da cozinha”, diz. O tempo de decomposição das garrafas feitas de polietileno tereftalato (PET) na natureza é estimado em 200 anos e um alto volume desses recipientes é comercializado diariamente no Brasil. Por ano são destinados à reciclagem um total de 294 mil toneladas de embalagens desse tipo. Além de favorecer a retirada de lixo das ruas e da natureza, a coleta desse tipo de embalagens gera lucro para as cooperativas e para os catadores (que executam a seleção e prensagem). O preço
do quilo - aproximadamente 20 garrafas de 2 litros - em alguns lugares é de R$ 0,30, mas pode chegar a R$ 1,20. A indústria de refrigerantes passou a substituir gradativamente as garrafas de vidro pelas embalagens PET, bem mais baratas, desde a década de 1980. Desde então, a demanda pelo material só tem aumentado, inclusive contando com as benesses dos governos: no início de agosto, o governo do Rio de Janeiro reduziu o ICMS sobre o produto de 6% para 4% na venda dos produtos plásticos e de 19% para 12% na venda da resina no atacado. A meta é estimular a cadeia produtiva através do programa Nova Fronteira do Plástico. Atualmente, cerca de 68% dos refrigerantes produzidos no Brasil são embalados em garrafas PET.
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entretenimentO | LeItURA e CINeMA
leitura
sOnhO grande por diego andreasi
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Sem sombra de dúvidas, esse é um dos mais brilhantes livros de gestão da literatura brasileira. Em Sonho Grande, a jornalista Cristiane Correa mostra como os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira (os atuais 1º, 4º e 8º homens mais ricos do Brasil), aplicaram o seu estilo de administração em diversas organizações que presidiram ao longo de suas vidas. Para se ter uma ideia, esse pessoal comprou a cervejaria Brahma totalmente debilitada, repleta de problemas internos, e a transformaram, depois da compra da Budweiser, na maior cervejaria do mundo. Caso parecido ocorreu com a Lojas Americanas, que após sua aquisição pelo trio,
passou de uma organização desacreditada para uma das maiores empresas varejistas do Brasil. Eles também dobraram o faturamento do Burger King em apenas três anos de gestão, sem contar ainda a recente compra da HEINZ, no que foi a maior transação da história do setor de alimentos. Ou seja, ao longo de suas carreiras, eles arremataram três ícones da cultura americana! Duas palavras mereceram destaque ao longo do livro: meritocracia e corte de custos. Resumindo, aqueles funcionários que conseguiam bater as metas estipuladas pela empresa, eram generosamente recompensados com volumosas remunerações variáveis, além de possuírem a rápida possibilidade de se tornarem diretores ou sócios da empresa. Era o resultado que importava, e não o tempo de casa ou qualquer outra variável fútil. Já para os funcionários que estavam acostumados ao salário fixo no final do mês, estabilidade na carreira, ou outras comodidades, sobravam duas opções: ou se adaptavam ou rua. A produtividade era constantemente medida a fim de não cometer injustiças, o que permitia premiar quem realmente merecia. Há de se dizer que os empresários só se tornaram bilionários porque enriqueceram dezenas de pessoas pelo caminho. Mordomias empresarias eram terminantemente proibidas. Nada de carros importados, hotéis de primeira classe, ou
qualquer outra excentricidade por conta da empresa. Não existia sequer vaga reservada no estacionamento para os diretores, pasmem, as melhores vagas eram destinadas a quem chegasse primeiro ao trabalho! Havia um típico específico de profissional que agradava o trio, esses eram chamados de PSD (em inglês), que significava pobre, esperto e com grande desejo de enriquecer. Era justamente a meritocracia, somada ao princípio de profissionais PSD, que possibilitavam que um office boy pudesse chegar ao concorrido cargo de sócio com pouco tempo de casa. Todos sonhavam com o topo prometido e faziam quase de tudo para chegar lá. Constranger um colega na frente de outras pessoas durante as avaliações semestrais era comum. Como a hierarquia tinha pouca importância ali, passar por cima do chefe e falar diretamente com o superior dele também fazia parte das práticas corriqueiras. Era uma disputa em que apenas os melhores sobreviviam. Lições a serem aprendidas? Muitas! Esse é um livro que todos os administradores deveriam ler!
O ninJa cOrpOrativO
O JeitO Zuckerberg de FaZer negóciOs
Ed. Primeira Pessoa, 264p. R$ 39,90 diego Andreasi é um jovem do interior que gosta de ler livros de qualquer assunto, desde que sejam de Administração. São Paulino, fã da meritocracia e, acima de tudo, um crítico de natureza. www.jovemadministrador.com.br
estante dOnO – um caminhO revOluciOnáriO para O sucessO da sua empresa
por gary shapiro
por ekaterina Walter
por marcelo toledo
O autor mostra todas as etapas da idealização, viabilização e gerenciamento de uma nova empresa. Tudo isso pensando na realidade das vantagens e limitações brasileiras.
O autor traz análises de empresas que atingiram o sucesso em virtude de sua determinação para vencer, como Apple, Amazon, Google, Microsoft, entre outras.
O autor analisa cinco áreas de foco que organizações bem-sucedidas possuem em comum, assim como Mark Zuckerberg conseguiu criar com o Facebook.
Alta Books, 348p. R$ 59,90
Saraiva, 216p. R$ 34,90
Editora Saraiva, 216p. R$ 34,90
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CINEMA
Gigantes da Indústria por
A série mostra em oito episódios a história de homens como Rockefeller, Vanderbilt, Carnegie, Ford e Morgan e sobre como desenvolveram uma visão ousada e criaram grandes indústrias que foram base para o progresso no mundo.
christian barbosa
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Um dos melhores investimentos que você pode fazer é ter uma boa TV, um Blu-ray e uma boa conexão com a internet para assistir a filmes, séries e documentários que possam te inspirar. Para escrever essa matéria eu escolhi uma série chamada Os Gigantes da Indústria, que fiquei fascinado. Na verdade, acho que essa série ensina mais que muita escola e curso de gestão por aí. Lançada pelo History Channel, ela fala sobre a criação da indústria americana e todo o processo de empreendedorismo dos séculos XIX e XX. Entre as histórias contadas estão: a do Henry Ford, fundador da indústria automobilística; Andrew Carnegie, criador da indústria do aço; J.P. Morgan, responsável por desenvolver o mercado financeiro e ainda investiu em nomes como Thomas Edson, fundando a General Eletric; Cornelius Vanderbilt, empreendedor que desenvolveu a indústria ferroviária nos EUA; e John D. Rockfeller, que contarei brevemente sua história. Rockfeller foi criado em uma casa pobre de Cleveland, mas desde jovem sempre foi empreendedor, vendendo doces para crianças. O pai o deixou logo cedo, e por isso teve de procurar um emprego para sustentar a casa. Porém, o emprego não tinha futuro e ele pensava todos os dias, incansavelmente, em algo para fazer. Um dia ele estava na igreja. Ao sair viu um poço de petróleo e achou que ali poderia estar seu futuro. Só que ele não queria apenas o risco da perfuração, queria aplicar um método para transformar o petróleo em algo mais lucrativo, por isso, desenvolveu um processo de refinamento do petróleo. Aos 24 anos ele investiu cerca de quatro mil dólares na construção da sua primeira refinaria. Para colocar no mercado, ele fez
uma parceria com Vanderbuilt, o homem mais poderoso dos EUA naquele momento. Vanderbuilt é outro grande empreendedor que a série cita; ele era o dono da maior rede de trens da época. A parceria permitiu que Rockfeller distribuísse seu produto em diversos pontos do país e deu origem a seu crescimento. Ele criou a Standard Oil, um nome ambicioso para a época, e tentava vender um “óleo padrão”, com alto índice de qualidade. Ganhou mercado e atraiu investidor atrás de investidor. Rockfeller era um cara ambicioso, visionário, sabia correr riscos, era um vendedor nato. Aliás, um dia na minha vida eu disse que não era vendedor, mas foi um grande engano, todo mundo vende. Todos na empresa são responsáveis por vender, principalmente o presidente. Todos esses empreendedores retratados na série vieram do nada, em um mundo sem recursos, sem tecnologia, sem agilidade e também sem muitas leis. Tudo era muito difícil naquela época e mesmo assim eles foram lá e criaram impérios. É aquele velho ditado: tem gente que chora e tem gente que vende lenço. Em qual papel você quer colocar a sua carreira? Procure essa série, e não apenas assista aos episódios, mas faça anotações, analise o comportamento, veja como alguns exemplos nessas histórias podem ser replicados para sua realidade. O sonho não é apenas americano, como eles mostram na série, o sonho é daquele que tem a coragem de acreditar que pode tornar aquilo a sua realidade. Sonhe, planeje e faça! Use seu tempo com sabedoria. Christian Barbosa é empreendedor e um dos maiores especialistas em gerenciamento do tempo e produtividade pessoal do país. Acredita que muitos filmes podem dar ideia, motivação e ajudar a superar problemas.
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POntO fINAL INDIVIDUAL
É HOra de aCreditar na indiVidUaLidade por eduardo carmello
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ilustração niandson leocÁdio
R
eduardo Carmello é palestrante, consultor e diretor da Entheusiasmos, uma consultoria em talentos humanos. Carmello é autor de vários livros, entre eles o Gestão da Singularidade (Editora Gente), que trata da gestão da individualidade nas empresas visando ampliar a lucratividade.
O livro traz iniciativas para promover mudanças na organização, orientar os objetivos estratégicos à equipe e engajá-la para o cumprimento desses objetivos.
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ené Descartes, filósofo, físico e matemático francês, que morreu em 1650, espantava-se com o que as pessoas de sua época consideravam “banal”. Na era dos descobrimentos, com embarcações europeias percorrendo todo o mundo, Descartes acreditava que não era nada banal descobrir tantos povos diferentes, com modos de pensar e falar distintos, mas que mesmo assim eram considerados “humanos e inteligentes”. Inconformado com a banalização dessas espantosas diferenças, Descartes praticamente previu o que se seguiria até o nosso tempo: a crença equivocada de que as pessoas são iguais. Quando trazemos essas ideias para o mundo corporativo, o pensamento de que todos são iguais simplesmente beira a irresponsabilidade, pois coloca o ser humano, esse ser tão diverso, em pé de igualdade com as máquinas. As pessoas são profundamente diferentes, nascem em ambientes diferentes, se desenvolvem em meio a experiências particulares, estudam (ou não) de modo diverso, têm gostos e vivenciam amizades e relacionamentos diversos e até mesmo quando fazem a mesma faculdade e assistem à mesma aula, experimentam essa realidade de modo particular e exclusivo. Logo, quando passam a atuar em uma empresa, é evidente que terão desempenhos e práticas relacionadas diretamente ao modo como enxergam o mundo e a realidade. Essa prática, tão em voga no Brasil, pode levar uma empresa à ruína simplesmente porque afasta os mais competentes e preserva justamente aqueles que acreditam que o mundo é como é e nunca poderá ser diferente. Isto acontece todos os dias em praticamente todas as empresas que conhecemos. No entanto, algumas poucas começam a perceber que reconhecer a individualidade dos empregados,
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valorizar e estimular os mais aptos, investir naqueles que querem evoluir e dispensar os que não revelam ambição nenhuma será, cada vez mais, fator decisivo para o sucesso. Passados 363 anos da morte de René Descartes, precisamos retomar seu espanto com a diversidade da humanidade e compreender que é essa diversidade o motor da criatividade, da inovação e da perpetuação dos negócios, como tão bem ilustram empresas como Apple, Google e Amazon. Tratar os empregados da mesma forma, como se todos tivessem o mesmo desempenho e a mesma ambição é uma ideia que já fracassou no caldeirão de experiências da humanidade, embora ainda resista em alguns poucos países, mais pela miopia de seus líderes do que pelo desejo de seus povos. Ainda assim, em milhares e milhões de empresas, essa parece ser uma realidade cotidiana, que termina por explicar, por exemplo, por que mais da metade dos trainees abandona as grandes empresas antes de completar dois anos de casa ou por que profissionais talentosos estão fugindo das grandes corporações, pesadas, burocráticas, envelhecidas e despreparadas para o futuro.