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PREVENÇÃO
é o melhor remédio OS CUIDADOS PREVENTIVOS AJUDAM A EVITAR PROBLEMAS, PORÉM, ESPECIALISTAS ALERTAM PARA NÃO CAIR NO EXAGERO ADRIANA BRUMER LOURENCINI s cuidados com os animais domésticos têm sido cada vez maiores. Além da variedade de produtos desenvolvidos para cães, gatos e outras espécies, há uma profusão de clínicas e profissionais especializados em saúde animal. Há entre os serviços disponíveis desde veterinários, cuidadores, pessoas que levam os bichinhos para passear até tratamentos psicológicos para os mais estressados. Todavia, o que poucos se atentam é para a prevenção; especialmente em tempos de crise, não são todos que podem fazer checkouts frequentes em seu amiguinho de quatro patas. Apesar disso, há quem pense antecipadamente nos prováveis problemas que seu animalzinho possa apresentar. Simone Brandestini afirma estar na lista das tutoras prevenidas. Ela revela que tem em casa três cadelas, sendo uma com sete anos e outras duas, adotadas já idosas, estão na faixa entre 12 e 13 anos de vida. ‘‘Sou adepta da prevenção, então, ofereço sempre ração de qualidade (super premium), sem corantes. Uma delas, inclusive, é alérgica e só come ração hipo alergênica’’, cita. ‘‘Dou vermífugos a cada seis meses, vacinas anuais, escovação, banhos, limpeza de ouvidos, conforme recomendado pelo veterinário’’, continua Simone. ‘‘Remédio contra pulgas e carrapatos é imprescindível - no animal e no ambiente também. Existem muitas opções no mercado como sprays, pipetas e comprimidos, e os valores são variados, para todos os bolsos.’’ A tutora emenda salientando que é importante sempre observar o comportamento do animal, se está ativo, se alimentando bem, se as fezes são firmes e úmidas, e se a urina apresenta coloração normal. ‘‘O cão pode apresentar também sangramento nasal, urinário, vômitos, manchas avermelhadas na pele e dificuldades respiratórias. É importante estar sempre atento à saúde do animal, porque tudo o que é detectado logo,
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tem mais chances de ser tratado com sucesso’’, alerta Simone. Mayne Palma Bertaci, veterinária do Laboratório Alb. Narezzi, confirma as indicações da tutora, e acrescenta que, sobre a prevenção de doenças, é importante lembrar dos vermífugos. ‘‘Eles são eficazes contra a maioria dos vermes gastrointestinais e do coração de cães; além do mais, alguns desses parasitas podem ser transmissores de doenças zoonóticas (que acometem os seres humanos)’’, aponta. Em relação à administração dos vermífugos, Mayne explica que há vários protocolos a serem observados. ‘‘Em filhotes com 45 dias de vida já é importante realizar a administração, e, após, deve-se realizar as doses de reforço. Em adultos é recomendado a administração de vermífugos no mínimo duas vezes por ano. Porém, antes de fornecer qualquer medicamento é sempre recomendado passar pela avaliação de um veterinário’’, aconselha a profissional. VACINAÇÃO Além da vacinação contra a raiva, as indicadas para cães são as que protegem contra a cinomose canina (CDV), adenovírus canino (CAV; tipos 1 e 2), parvovírus canino tipo 2 (CPV-2), o vírus da parainfluenza, o coronavírus, leptospira, bordetella e a hepatite infecciosa. ‘‘O indicado no pós-vacinal é evitar mudanças no manejo do animal e não leva-lo para passeios até completar o esquema vacinal’’, comenta a veterinária Ursula Raquel da Silva. ‘‘A vacina utópica (V8), por exemplo, protege os cães de até oito doenças: cinomose, parvovirose, leptospirose, hepatite infeciosa, coronavírus, parainfluenza e adenovírus tipo 2. Para cães filhotes, a aplicação desta vacina é separada em três seções, com intervalos entre 21 a 30 dias entre cada uma. Para cães adultos já vacinados, recomenda-se a revacinação anual’’, complementa.
‘‘A vacina déctupla (V10) além de todas as doenças da V8, protege ainda para mais dois sorovares de leptospira (grippotyphosa e Pomona)’’, continua a veterinária. O esquema de vacinação é o mesmo que a V8. Algumas outras são indicadas para prevenção de demais doenças, como é o caso da vacina contra giárdia, gripe canina, dermatofitose e leishmaniose’’, conclui Ursula. FELINOS Os gatos também recebem carinho e cuidados preventivos de seus tutores. ‘‘Não é possível prever, mas é possível conhecer a quais doenças certas raças ou espécies felinas estão predispostas’’, argumenta Cleiton Moretto. ‘‘Por exemplo, os gatos podem ter problemas renais, então, em casa temos fonte de água para estimular o consumo, damos ração de boa qualidade e sem corante para os castrados e ficamos atentos ao comportamento deles, principalmente.’’ ‘‘Todo dono de felino precisa estar atendo aos mínimos detalhes comportamentais’’, prossegue Cleiton. ‘‘Se o seu gato está indo repetidas vezes por dia na caixinha de areia, é sinal de que ele deve estar com algum problema urinário. Se o pelo está mais opaco do que de costume, é sinal de que alguma coisa não vai bem. Se está coçando ou balançando a cabeça o tempo todo, é sinal de que há alguma coisa na orelha.’’ ‘‘Além da vacina antirrábica, utilizada para prevenção da raiva em gatos, a vacina tríplice (V3) é recomendada contra rinotraqueíte, calicivirose e panleucopenia. A quádrupla, além destas três citadas, protege ainda contra a clamidiose. Já a quíntupla, é contra todas as doenças da V4 e mais a leucemia felina, sendo recomendada para gatos com acesso à rua’’, aponta Ursula.
Superproteção Porém, os especialistas alertam para os cuidados excessivos, que podem ser prejudiciais. ‘‘O fenômeno de humanização dos pets muitas vezes ultrapassa os limites benéficos da prevenção. Por exemplo, os banhos que se repetem mais de uma vez na semana acabam interferindo na flora microbiológica da pele dos animais predispondo a dermatites importantes ou até mesmo lesões alérgicas por excesso de produtos químicos utilizados nos banhos’’, analisa a veterinária Juliana Dias Martins. ‘‘É importante garantir que o animal seja higienizado através de banhos periódicos (semanais, quinzenais ou mensais) e sempre que possível inspecionar o pelo dos cães na tentativa de encontrar possíveis pulgas e/ou carrapatos que são agentes transmissores de doenças conhecidas como hemoparasitoses’’, aconselha Juliana. ‘‘O tutor que for utilizar um pet shop precisa saber que o animal não estará livre de sofrer estresse’’, pondera Ursula. ‘‘Retira-lo de seu habitat já é motivo para causar um quadro de estresse, mesmo que seja mínimo. Os gatos, inclusive, são extremamente suscetíveis às alterações ambientais, que podem levar a alterações comportamentais e ao surgimento de sinais clínicos de sutis a graves. De uma maneira geral, os felinos não necessitam de banhos, sendo extremamente higiênicos, fato pela lambedura.’’ A veterinária destaca ainda o uso excessivo de perfumes nos animais. ‘‘Há até quem se queixe de que o cão está com ‘cheiro de cachorro’. Ter unhas e pelos pintados e colocar roupinhas também incomoda muitos animais, que muitos não se adaptam. Tais situações podem propiciar maior dependência em relação ao tutor, podendo até desenvolver problemas comportamentais. Só o veterinário pode explicar problemas dermatológicos, odores desagradáveis ou presença de ectoparasitos’’, finaliza Ursula.
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