Revista Fitness & Performance

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Volume 08 - Número 05 - 2009 Volume 08 - Número 05 - 2009

Periodização no Kung Fu Órgão Oficial do Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

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Atividade Física e Hipertensão Universidade Federal no Paraná - UFPR

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SUMÁRIO Editorial .......................................................................................................................... 393 Normas de publicação ................................................................................................... 394

Artigos Originais VOL. 8 - Nº 6 - novembro/dezembro 2009

Relação entre tempo de reação e função específica em jogadores de voleibol Relation between reaction time and specific function in volleyball players ........................... 395 Ronaldo Nascimento Maciel / Anderson Pontes Morales / Jeancleber Lotério Barcelos / Walter Jacinto Nunes / Márcia Maria dos Anjos Azevedo / Vernon Furtado da Silva

Capa: istockphoto/stockxpert (foto), Zeppelini Editorial (fotomontagem)

Qualidades físicas de escolares de 13 anos submetidos à formação esportiva tradicional Physical qualities of 13-year-old scholars who went through traditional sportive formation ..... 400 João Luiz Bitencourt da Silva / Alam dos Reis Saraiva / Gerson da Cruz Monte Júnior / Maria de Nazaré Dias Portal / Jorge Roberto Perrout de Lima / Estélio Henrique Martin Dantas

Estudo comparativo de variáveis isocinéticas do joelho em atletas de taekwondo e kickboxing Comparative study of isokinetic variables of the knee in taekwondo and kickboxing athletes .. 407 Susane Moreira Machado / Renato Aparecido de Souza / Adriano Prado Simão / Diego Pereira Jerônimo / Newton Soares da Silva / Rodrigo Aléxis Lazo Osorio / Marcio Magini

Estudo comparativo da performance motora entre crianças praticantes e nãopraticantes de minivoleibol Comparative study of the performance of children who practice and children who do not practice mini-volleyball...................................................................................................... 412 Wagner Luis Ripka / Luis Paulo Gomes Mascarenhas / Daniel Vila Hreczuck / Thais Gretis Rodrigues da Luz / Carlos Alberto Afonso

Presidente - Estélio H. M. Dantas, Ph.D. presidencia@cobrase.org.br Vice-presidente - J. Angelino Lobato jangelino@cobrase.org.br Depto Editorial - Márcia Carvalho

Análise da frequência e do comprimento de braçada em provas de 50, 100 e 200m costas na natação Analysis of the frequency and backstroke length in 50, 100 and 200m tests in swimming ... 417 Victor José Polli / Gabriel Fernandes Jacomel / Thiago Gonsaga de Souza / Caroline Ruschel / Gustavo Ricardo Schütz / Luciana Gassenferth Araújo / Helio Roesler

Indicadores de obesidade e fatores associados ao risco cardiovascular em indivíduos inscritos em um programa universitário de atividade física Obesity indicators and factors associated with cardiovascular risk in subjects enrolled in a physical activity university program .................................................................................... 422

editorial@cobrase.org.br

Carlos Eduardo de Meireles Silva / Luciano Meireles de Pontes

Apoio ao Cliente - Wanderley Peçanha

Diferentes ordens de exercícios de flexibilidade passiva no ganho de flexibilidade em militares Different orders of passive flexibility exercises in elasticity gain among militaries................. 429

assinaturas@cobrase.org.br

Wellington Danilo Soares / Flávio José Camilo / Jeibson Moura Germano / Rodrigo Pereira Silva / Felipe José Aidar / Jeferson da Silva Novaes

Maiores Informações Tel (+55 21) 3257-6076 Fax (+55 21) 3257-6071

Correlação entre ultrassonografia e pontos reativos eletropermeáveis em portadores de sintomatologia dolorosa de membros superiores Correlation between ultrasonography and electrical permeable reactive points in patients with symptoms of pain in the upper limbs ................................................................................. 436 Thiago de Oliveira Assis / Cláudia Holanda Moreira / Thiago André Alves Fidelis

www.cobrase.org.br

O COBRASE tem como objetivos,

Capacidade cardiorrespiratória e índice de massa corpórea numa periodização do time de futsal feminino adulto da Universidade Norte do Paraná, Londrina Cardiorespiratory capacity and body mass index in a periodization of the adult female futsal team from Universidade Norte do Paraná - Londrina ......................................................... 441 Túlio Rangel de Camargo Pacheco / Antonio Carlos Gomes / Mario Carlos W. Balvedi / Rosangela Marques Busto /

nas áreas de conhecimento da

Vanda Cristina Sanchez / Abdallah Achour Junior

Atividade Física, da Saúde e do Es-

Efeitos do ciclismo indoor na composição corporal, resistência muscular, flexibilidade, equilíbrio e atividades cotidianas em idosos fisicamente ativos Effects of indoor cycling in body composition, muscular endurance, flexibility, balance and daily activities in physically active elders..................................................................................... 446

porte: produzir e difundir pesquisas científicas; atuar no desenvolvimento e na democratização

Rodrigo Vilarinho / Wanessa Ysis Garcez de Souza / Tatiana Cristina Rodrigues / Jenny Valentino Ahlin / Dilmar Pinto Guedes Junior / Fabrício Madureira Barbosa

do conhecimento tecnológico; realizar atividades de ensino e ex-

Seções

tensão; e universalizar o acesso à

Info .................................................................................................................................. 452

informação profissional, instituci-

Publicações ..................................................................................................................... 453

onal e acadêmica.

Mundo Ativo ................................................................................................................... 454

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EXPEDIENTE Conselho Editorial

Luis Miguel Ruiz Perez, Ph.D.

Ademir de Marco, Ph.D.

Universidad de Castilla La Mancha

Univ. Estadual de Campinas (Brasil)

Pepe Palacios, Ph.D.

Antônio José Rocha Martins da Silva, Ph.D.

Universidade da Coruña (Espanha)

Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (Portugal)

Randy Wilbert, Ph.D.

Antônio T. Marques, Ph.D.

United States Olympic Comitee (U.S.A.)

Univ. do Porto (Portugal)

Ricardo Jacó de Oliveira, Ph.D.

César Jaime Oliva Aravena, Ph.D.

Univ. Católica de Brasília (Brasil)

Univ. Playa Ancha (Chile)

Romuald Stupnicki, Ph.D.

Dartangnan Pinto Guedes, Ph.D.

University Education (Polônia)

Univ. Estadual de Londrina (Brasil)

Steven Fleck, Ph.D.

Edio Petrosky, Ph.D.

American College of Sports Medicine (U.S.A.)

Univ. Fed. de Santa Catarina (Brasil)

Tudor Bompa, Ph.D.

Eduardo Henrique De Rose, Ph.D.

York University (Canadá)

Academia Olímpica Brasileira (Brasil)

Valdir Barbanti, Ph.D.

Eduardo Kokubum, Ph.D.

Univ. de São Paulo (Brasil)

Univ. Est. Paulista - Rio Claro/SP (Brasil)

Victor Machado Reis, Ph.D.

Emerson Silami Garcia, Ph.D.

Univ. Trás-os-Montes e Alto Douro (Portugal)

Univ. Federal de Minas Gerais (Brasil)

Victor K. Matsudo, Ph.D.

Política Editorial: Como jornal de pesquisa,

Federico Schena, Ph. D.

CELAFISCS (Brasil)

o F&P J é destinado predominantemente à

Univ. di Trento (Itália)

publicação de relatórios de pesquisas originais

Jack Wasserman, Ph.D.

Jornalista Responsável

realizadas nas áreas biomédica e de ciências

Univ. of Tennessee (U.S.A.)

José Maurício Capinussú de Souza, Ph.D.

da saúde, notadamente as que envolvem o

João Carlos Bouzas Marins, Ph.D

Reg. nº 8.859

movimento humano. Incluirá pesquisas em

Universidade Federal de Viçosa (Brasil)

ciências básicas, casos clínicos (diagnósticos e

Jorge Proença, Ph.D.

Revisão, Tradução e Diagramação

técnicas terapêuticas) e estudos relacionados

Universidade Lusófona (Portugal)

Zeppelini Editorial

aos aspectos comportamentais, epidemiológicos

Jorgen Weineck, Ph.D.

e educacionais da medicina e do movimento

Univ. of Erlangen (Alemanha)

Projeto Gráfico

José Antonio Villegas García, Ph.D.

Luís Carbone

Circulação: 2ª quinzena de dezembro 2009 ISSN 1519-9088

10.3900

Missão: Disseminar internacionalmente o conhecimento

científico

multidisciplinar

e

específico das áreas de conhecimento que abrangem a saúde, a nutrição e as relações do movimento humano, como a performance, a saúde e a qualidade de vida, realizados no âmbito dos programas brasileiros e estrangeiros de Pós-graduação Stricto Sensu.

humano. Todos os originais sofrerão análise, realizada em sistema de duplo-cego (peer review), antes de aceitos para publicação.

Universidad Católica de Murcia José de Jesus Fernandes Rodrigues, Ph.D.

F&PJ online EISSN 1676-5133

Editor

Escola Superior de Desporto de Rio Maior

artigos na íntegra em português, inglês e espanhol.

José Fernandes Filho, Ph.D. EEFD/UFRJ (Brasil) editor@cobrase.org.br

(Portugal)

http://www.fpjournal.org.br

Juan Antonio Moreno, Ph.D.

Tiragem / Periodicidade

Editores Científicos

Univ. de Murcia (Espanha)

6.000 exemplares / bimestral

Carlos Alberto Sposito de Araujo, COPPE/UFRJ (Brasil) editor.cientifico@cobrase.org.br Samária AliCader, Ph.D. UCB (Brasil) editoracientifica@cobrase.org.br

Juarez Vieria do Nascimento, Ph.D.

Os artigos publicados são de inteira respon-

Univ. Fed. de Santa Catarina (Brasil)

sabilidade dos respectivos autores, não sendo

Luís Bettencourt Sardinha, Ph.D.

atribuível ao COBRASE nenhuma forma de

Univ. Técnica de Lisboa (Portugal)

competência legal sobre os mesmos.

Enviar cartas para: Rua André Rocha nº 3215, salas 205 e 207 Jacarepaguá CEP: 22.710-560 - Rio de Janeiro / RJ www.cobrase.org.br

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Fitness & Performance Journal. Vol. 8, n. 6 (novembro/dezembro 2009) Rio de Janeiro: COBRASE, 2009- v. Bimestral ISSN 1519-9088 1. Educação Física Periódicos. I. Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte CDD 796

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E D I TO R I A L

A BUSCA DA EXCELÊNCIA Você, que desde 2001 conhece o Fitness & Performance Journal (F&P Journal), está acostumado a ver os artigos publicados em português, inglês e espanhol (http://www.fpjournal.org.br.). Foram aproximadamente 400 artigos publicados, e em torno de 1.200 autores nesses oito anos de vida. Conversando com alguns colegas pesquisadores e alunos de cursos de graduação e pós-graduação, percebi o quanto o F&P Journal é lido, citado e preferido. Isso é motivador e nos traz responsabilidade. Gosto de lembrar sempre que a busca da excelência nunca acaba: é algo que temos de fazer todos os dias, com alegria, com espírito de servir e com paixão pelo trabalho que anima os nossos funcionários, colaboradores e diretores (Carlos Sposito, Ira Degani, Samária Ali Cader, Luis Carbone, Viviane Nogueira, Eduardo Lapagesse, Afrânio Antunes, Márcia Carvalho, Angelino Lobato, Estélio Dantas), que são a nossa essência. Vamos, assim, consolidando nosso conhecimento, nosso F&P Journal, que tem a sua razão de ser em nossos leitores e assinantes. A edição da F&P Journal que está em suas mãos, fechando 2009 com chave de ouro, vem apresentando ótimos trabalhos de pesquisa. Inicialmente foi publicado um estudo da Universidade Castelo Branco (UCB), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade Federal Fluminense (UFF), que avaliou a relação entre o tempo de reação e a função específica em jogadores de voleibol. Vindo da Universidade Castelo Branco (UCB), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), mostramos um trabalho que analisa as qualidades físicas de escolares de 13 anos submetidos à formação esportiva tradicional. Das Universidades Vale do Paraíba (UNIVAP), Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e Universidade Camilo Castelo Branco (Unicastelo), publicamos uma pesquisa que comparou as variáveis isocinéticas do joelho em atletas de taekwondo e kick boxing. Da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), publicamos um estudo que comparou a performance motora entre crianças praticantes e não praticantes de minivoleibol. Da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), trouxemos um estudo que objetivou analisar a frequência e o comprimento de braçada em provas de natação de 50, 100 e 200 metros costas. Da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) apresentamos um trabalho que se propôs a avaliar os indicadores de obesidade e fatores associados ao risco cardiovascular em indivíduos inscritos em um programa universitário de atividade física. Vindo das Universidades Trás-os-Montes e Alto Douro, Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Federal de Ouro Preto (UFOP), Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC) e Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE), publicamos um estudo que analisou as diferentes ordens de exercícios de flexibilidade passiva no ganho de flexibilidade em militares. Do nordeste, das Universidades Federal de Pernambuco (UFPE) e Estadual da Paraíba (UEPB), apresentamos um estudo que objetivou correlacionar a ultrassonografia e pontos reativos eletropermeáveis em portadores de sintomatologia dolorosa de membros superiores. Universidade Federal de São Paulo –(UNIFESP), trouxemos uma investigação que analisou os indicadores de obesidade e fatores associados ao risco cardiovascular em indivíduos inscritos em um programa universitário de atividade física. E, finalizando esta edição, vindo da Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES), Universidade Santa Cecília (UNISANTA), Universidade Paulista (UNIP) e Centro Universitário Monte Serrat (UNIMONTE), publicamos um estudo que avaliou os efeitos do ciclismo indoor na composição corporal, resistência muscular, flexibilidade, equilíbrio e atividades cotidianas, em idosos fisicamente ativos. Quero agradecer a todos que nos ajudam, desejando um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de paz e realizações. José Fernandes O Editor

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NORMAS

PA R A P U B L I C A Ç Ã O

Submissão de artigos: www.fpjournal.org.br O Fitness & Performance Journal, órgão oficial do Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte - COBRASE, destina-se à divulgação de produção científica e acadêmica nas áreas de Saúde, Atividade Física e Esporte, visando, predominantemente, fomentar a publicação de relatórios de pesquisas originais realizadas na área de Ciências da Saúde, notadamente as que envolvem o movimento humano. Ensaios e revisões bibliográficas só serão publicados através de convite do Editor. Seu escopo incluirá pesquisas em ciências básicas, casos clínicos, efetividade do diagnóstico e de técnicas terapêuticas, além de estudos relacionados aos aspectos comportamentais, epidemiológicos e educacionais da medicina e do movimento humano. É imprescindível que os trabalhos sejam inéditos e não tenham sido enviados simultaneamente para outros periódicos. Recomenda-se que, antes do preparo dos originais, os autores consultem os trabalhos “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing for Biomedical Publication” (www.icmje.org) e “International Committee of Medical Journal Editors Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Sample References” (www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html). 1. Para a análise, que será realizada em sistema de duplo-cego (peer review), o trabalho deverá ser submetido através do site www. fpjournal.org.br, acompanhado de carta do autor definindo o tipo de trabalho (original, ensaio, revisão, atualização, relato de caso, etc.), assumindo a responsabilidade pelo conteúdo do artigo, declarando ser o mesmo original e não estar sendo submetido a outro periódico. O artigo poderá ser enviado para avaliação em um dos três idiomas oficiais da revista: português, inglês ou espanhol. 2. Todo o conteúdo do artigo é de inteira responsabilidade dos autores. Entretanto, todo material publicado torna-se propriedade do COBRASE, que passa a reservar os direitos autorais. Portanto, o material publicado no Fitness & Performance Journal somente poderá ser reproduzido com a permissão por escrito do COBRASE. Todos os autores do artigo deverão assinar um Termo de Transferência de Direitos Autorais, disponível em www.fpjournal. org.br/pt_direitos_autorais.php, que entrará em vigor a partir da data de aceitação do trabalho. 3. Os artigos, após a triagem inicial realizada pelo Editor, serão remetidos para dois membros do Conselho Editorial, para análise. Em até 30 dias estes pareceristas apresentarão sua decisão, que pode ser: “aprovado”, “aprovado com correções” ou “recusado”. Se houver dissenso nos pareceres, o artigo será remetido para um terceiro parecerista. 4. A página-título do artigo deve conter: o título do trabalho, objetivo e conciso, porém, explicando adequadamente o tema; nome completo dos autores, com seus números de registro nos Conselhos Profissionais, seus endereços eletrônicos e seus telefones; identificação das instituições onde atuam; indicação de financiamentos relacionados ao trabalho ou bolsas concedidas aos autores; e indicação das precauções éticas tomadas no caso de trabalho empírico-experimental. 5. Em seguida, apresentam-se os Resumos nos três idiomas oficiais do periódico (português, inglês e espanhol, nesta ordem), com 1.000 a 1.200 caracteres cada um (contando espaços), em parágrafo único, contendo explicitamente as seções Introdução, Materiais e Métodos, Resultados e Discussão. Cada Resumo deve ser precedido pelo título no idioma correspondente. É necessária a identificação de três a cinco palavras-chave (descritores), reconhecidas obrigatoriamente no banco de dados do órgão Descritores em Ciências da Saúde (http://decs.bvs.br). 6. O artigo deve conter as mesmas seções do Resumo (Introdução, Materiais e Métodos, Resultados e Discussão), podendo ainda haver a seção Agradecimentos. Em seguida, deverá aparecer a seção Referências. A seção Materiais e Métodos deve ser iniciada com a declaração de aprovação do estudo pelo competente Comitê de Ética na Pesquisa, incluindo o número do processo. 7. Os artigos devem ser preparados em editor de texto Word for Windows (ou compatível), fonte Arial 12, observando-se espaço 1,5 entre as linhas e espaçamento 0, Antes e Depois. A formatação do papel deverá ser A4, com margens superior e inferior de 3 cm e margens laterais de 2 cm. Os originais devem conter, no máximo, 60.000 caracteres (contando espaços), incluindo figuras e referências e excluindo a página título e os resumos. Para contar os caracteres, consulte a opção “Contar palavras...” no item de menu “Ferramentas”. 8. As referências devem apresentar-se em ordem de aparecimento no texto, numeradas de acordo com as normas do Grupo Vancouver

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(ICMJE - International Committee of Medical Journal Editors - www. icmje.org). Os títulos dos periódicos devem ser grafados na forma abreviada oficial, de acordo com as listas de periódicos indexados Index Medicus (www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?db=journals) e Portal de Revistas Científicas em Ciências da Saúde (http:// portal.revistas.bvs.br). As referências aparecerão no texto apenas numeradas, sobrescritas, em negrito, após a última palavra a ser referenciada, sem espaço prévio. No caso de mais de uma referência no mesmo trecho do texto, elas serão escritas uma a uma, sem espaços entre elas, separadas por vírgulas, e nunca definindo intervalos de numeração separados por hífen. No caso específico da referência aparecer logo após um número grafado com algarismos, será colocado um espaço antes da referência. Tabelas, ilustrações, gráficos e quadros devem ser numerados com algarismos arábicos e posicionados ao final do artigo, após a seção Referências, na ordem em que aparecem no texto. Os gráficos deverão vir em formato “xls”, obrigatoriamente acompanhados da tabela com os dados que os geraram. As imagens devem estar salvas, obrigatoriamente, em formato “tif” ou “jpg”, com definição gráfica mínima de 300 dpi, não sendo aceitas fotografias. Independente do idioma utilizado, todas as imagens deverão ser enviadas nos três idiomas oficiais da revista. Após a aprovação final do original, os autores deverão enviar as versões do artigo nos outros dois idiomas do periódico. Apenas os artigos que satisfizerem esta exigência serão publicados. Os autores deverão preencher e enviar para o COBRASE, através de Sedex, o formulário de “Divulgação de Potencial Conflito de Interesses”, disponível em www.fpjournal.org.br/pt_conflito_de_interesses.php. Nele deverá ser explicitado qualquer potencial conflito de interesses relacionado ao artigo submetido, conforme determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC 102/2000) e do Conselho Federal de Medicina (Resolução 1595/2000), ou das leis do país onde ocorreu o estudo. Esta exigência visa informar aos editores, revisores e leitores as relações profissionais e/ou financeiras (como patrocínio ou participação societária) com agentes financeiros, relacionados aos produtos farmacêuticos ou equipamentos envolvidos no trabalho, os quais podem, teoricamente, influenciar as interpretações e conclusões do mesmo. A declaração de existência ou não de conflito de interesses também deverá aparecer no início da seção Materiais e Métodos. Os autores podem requerer o não-envio para um ou dois pareceristas do Conselho Editorial, caso ocorra conflito de interesses. A realização de experimentos envolvendo seres humanos deve, obrigatoriamente, seguir a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, disponível em http://conselho.saude.gov.br/ docs/resolucoes/reso196de96.doc, incluindo a assinatura de um termo de consentimento informado e a proteção da privacidade dos voluntários. O documento comprobatório da aprovação da pesquisa, pelo competente Comitê de Ética na Pesquisa, deve ser enviado ao COBRASE através de Sedex. A realização de experimentos envolvendo animais deve seguir as resoluções brasileiras específicas (Lei nº 6638 de 8 de maio de 1979 e Decreto nº 24645 de 10 de julho de 1934) ou as leis do país onde ocorreu o estudo. Ao autor principal do artigo publicado será enviado o artigo em formato “pdf” e a Carta de Aceitação.

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ISSN 1519-9088

RELAÇÃO

ENTRE TEMPO DE REAÇÃO E FUNÇÃO

ESPECÍFICA EM JOGADORES DE VOLEIBOL Ronaldo Nascimento Maciel1 rnmvolei@hotmail.com Anderson Pontes Morales1 andersonmrl@hotmail.com Jeancleber Lotério Barcelos1 jeanfrango@hotmail.com Walter Jacinto Nunes2 nunes.walter@ig.com.br Márcia Maria dos Anjos Azevedo3 mmazevedo@globo.com Vernon Furtado da Silva1 vernonfurtado2005@yahoo.com.br doi:10.3900/fpj.8.6.395.p Maciel RN, Morales AP, Barcelos JL, Nunes WJ, Azevedo MMA, Silva VF. Relação entre tempo de reação e função específica em jogadores de voleibol. Fit Perf J. 2009 nov-dez;8(6):395-9.

RESUMO Introdução: O objetivo deste estudo foi comparar os escores de reação simples de atletas de voleibol e estabelecer uma relação destes com as funções que o atleta desempenha na equipe. Materiais e Métodos: Foram avaliados 41 atletas de voleibol adulto masculino com idade entre 18 e 39 anos de quatro equipes, divididos por suas respectivas funções nas equipes, e que participaram da fase final dos Jogos Abertos do Interior (JAI), realizado na Cidade de Campos dos Goytacazes, RJ. Resultados: Após tratamento estatístico através da análise de variância (ANOVA) intergrupos, os resultados apresentaram diferenças significativas somente nas comparações: Ponteiros versus Opostos (p=0,00); Ponteiros versus Levantadores (p=0,04); Centrais versus Opostos (p=0,00); Centrais versus Levantadores (p=0,02). Discussão: Conclui-se que, no voleibol atual, os atletas que atuam como atacantes centrais parecem ser os atletas que maior velocidade de reação apresentam, seguido dos atacantes ponteiros, o que é coerente com as solicitações de movimento características dessas funções.

PALAVRAS-CHAVE Voleibol; Tempo de Reação; Funções. 1

Laboratório de Aprendizagem Neural e Performance Motora – LANPEM; Universidade Castelo Branco – UCB – RJ – Brasil Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ – Rio de Janeiro/RJ – Brasil 3 Universidade Federal Fluminense – UFF – Rio de Janeiro/RJ – Brasil 2

Copyright© 2009 por Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte Fit Perf J | Rio de Janeiro | 8 | 6 | 395-399 | nov/dez 2009

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M ACIEL , M ORALES , B ARCELOS , N UNES , A ZEVEDO , S ILVA

RELATION

BETWEEN REACTION TIME AND SPECIFIC FUNCTION IN VOLLEYBALL PLAYERS

ABSTRACT Introduction: The objective of this study was to compare the scores of volleyball athletes’ simple reaction and to establish a relationship between it and the functions that the athlete carries out in the team. Materials and Methods: We assessed 41 athletes of masculine adult volleyball from four teams, with age between 18 and 39 years, divided into groups according to their respective functions in the teams, and that participated in the final phase of the Games Open of the Interior (JAI), accomplished in the City of Campos of Goytacazes, RJ, Brazil. Results: After statistical treatment through the variance analysis (ANOVA) between groups, the results presented significant differences only in the comparisons: Pointers versus Opposed (p=0.00); Pointers versus Lifters (p=0.04); Central versus Opposed (p=0.00); Central versus Lifters (p=0.02). Discussion: We concluded that, in the current volleyball, the athletes that actions as central attackers, followed by the pointers attackers, seem to be the ones who present a greater velocity reaction, which is coherent with the requests of movement characteristics of those functions.

KEYWORDS Volleyball; Reaction Time; Functions.

LA

RELACIÓN ENTRE EL TIEMPO DE LA REACCIÓN LA FUNCIÓN ESPECÍFICA EN JUGADORES DEL VOLEIBOL

RESUMEN Introducción: El objetivo de este estudio era de comparar las cuentas de la reacción simple de atletas del voleibol y establecer una relación de esto con las funciones que el atleta lleva a cabo en el equipo. Materiales y Métodos: Fueron evaluados 41 atletas de voleibol del adulto masculino de cuatro equipos, con la edad entre 18 y 39 años, divididos por sus funciones respectivas en los equipos, los participantes de la fase final de los Juegos Abren del Interior (JAI), cumplido en la Ciudad de Campos de Goytacazes, RJ. Resultados: Después del tratamiento estadístico a través del análisis variante (ANOVA) entre los grupos, los resultados presentaron sólo las diferencias significantes en las comparaciones: Punteros versus Opuestos (p=0,00≤0,05); Punteros versus los Levantadores de (p=0,04≤0,05); Centrales versus Opuestos (p=0,00≤0,05); Centrales versus los Levantadores de (p=0,02≤0,05). Discusión: Se concluyó que, en el voleibol actual, los atletas que actúan como asaltadores centrales parecen ser los atletas con mayor velocidad de reacción, seguidos por los asaltadores punteros, lo que es coherente con las demandas de características de movimiento de esas funciones.

PALABRAS CLAVE Voleibol; Tiempo de Reacción; Funciones.

INTRODUÇÃO A crescente evolução do voleibol faz com que, nos dias atuais, a modalidade seja tema de diversos estudos que procuram elucidar questões relacionadas aos aspectos técnicos, táticos, físicos e psicológicos, auxiliando o desenvolvimento e contribuindo para que seja alcançado um melhor desempenho pelos atletas1,2. O voleibol pode ser definido como um desporto situacional por requerer grande capacidade de adaptação às variáveis que se modificam continuamente. De acordo com Stanganelli et al.3, trata-se de uma modalidade complexa que requer do praticante uma combinação de capacidades motoras, coordenativas e cognitivas, sendo que quanto mais alto for o nível do jogo, maior é a exigência de tais capacidades. Assim, o desempenho motor está diretamente relacionado às capacidades de se prever e responder às mudanças que ocorrem no ambiente4,5,6.

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A capacidade de responder prontamente a um estímulo é vital para o sucesso de um atleta em desportos com características como as do voleibol. Para preparar uma saída motora apropriada, o organismo tem que ser eficiente na codificação de estímulos relevantes7. Porém, para reagir, o atleta precisa detectar a ação do oponente para, então, tentar neutralizá-la. A velocidade com que o atleta identifica a intenção do seu adversário está diretamente relacionada a um possível sucesso na resposta efetuada8. Neste contexto, ressalta-se a importância do tempo de reação. O tempo de reação pode ser definido como a velocidade e eficácia referentes à tomada de decisão de um indivíduo, ou ainda como o lapso temporal entre a apresentação de um estímulo e o início de uma resposta motora9. O tempo de reação é considerado uma das habilidades determinantes para que sejam alcançados níveis ótimos de desempenho, principalmente nas

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T EMPO

modalidades que requerem respostas imediatas, como o voleibol10. O tempo de reação é resultado de três passos: primeiro, o indivíduo percebe o estímulo; em seguida, ele selecionará a resposta que julgar mais conveniente para aquela situação; finalmente, a resposta é efetuada11,12. Segundo Magill13, o tempo de reação é dividido em: TRS, quando apenas um estímulo ocorrerá e o indivíduo deverá responder prontamente a ele; tempo de reação de escolha, quando dois ou mais estímulos aparecerão e o indivíduo deverá identificá-los, e, por fim, selecionar a resposta mais adequada dentre as várias possíveis; tempo de reação de discriminação, que é o intervalo de tempo entre a aparição de um dos vários estímulos possíveis e o começo de uma resposta. No tempo de reação de escolha, observamos a famosa lei de Hick, que descreve uma relação estável entre o número de alternativas de estímulos e o tempo de reação, que tende a ser maior quanto maior for o número de estímulos12. A especificidade é um dos princípios que regem o treinamento desportivo, e está relacionada à semelhança dos parâmetros fisiológicos, mecânicos e de controle motor dos exercícios utilizados nos treinos com aqueles encontrados em situação real de jogo14,15. Dentro de um processo metodológico de treinamento, o nível de especificidade das atividades deve evoluir proporcionalmente à evolução dos atletas16. A especialização permite ao atleta se dedicar quase exclusivamente às ações que serão de sua responsabilidade na equipe17. A função do atleta dentro da equipe pode influenciar a sua velocidade de reação. De acordo com a especificidade relacionada à sua responsabilidade, durante o próprio treinamento técnico, o atleta é constantemente submetido a situações que podem ajudá-lo a obter respostas mais rapidamente do que aqueles que normalmente não passam por tais situações18. Ainda mais, o tempo de reação, juntamente com outras capacidades motoras, pode ser um indicativo que ajuda a detectar qual a função mais adequada para o atleta na equipe3. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi comparar os escores de reação simples de atletas de voleibol, estabelecendo uma relação deles com as funções que o atleta desempenha na equipe.

MATERIAIS E MÉTODOS A coleta de dados foi precedida da solicitação de autorização pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Castelo Branco (RJ), sob o protocolo de número 0177/2008. Os voluntá-

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rios foram orientados quanto aos procedimentos da pesquisa, sendo que todos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, de acordo a resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde19. Foram avaliados 41 atletas de voleibol adulto masculino de quatro equipes, com idade entre 18 e 39 anos (24±5 anos), divididos por suas respectivas funções nas equipes: Ponteiros (n=15; 24 anos); Centrais (n=10; 23 anos); Opostos (n=8; 25 anos); Levantadores (n=8; 25 anos). Todos eram participantes da fase final dos Jogos Abertos do Interior (JAI), realizado na Cidade de Campos dos Goytacazes (RJ). Todos os participantes do estudo foram testados antes de os jogos começarem, mantendo-se somente um atleta e o avaliador na sala de coleta dos dados (departamento de voleibol), com o objetivo de evitar qualquer tipo de perturbação. Após chegarem ao local dos testes, foram instruídos sobre as tarefas a serem cumpridas em cada um deles. Avaliaram-se os escores de reação motora, mediante as instruções padronizadas, por meio de um roteiro de explicações, sendo apresentados oralmente aos atletas. O teste foi iniciado somente quando não havia mais dúvidas a respeito do procedimento. Não foi realizada uma sessão de familiarização dos testes. O atleta permaneceu sentado em frente ao instrumento de teste de reação motora. Para responderem com precisão ao teste, os atletas mantiveram o dedo indicador da mão de preferência, aquela utilizada para escrever, levemente apoiado sobre uma tecla de resposta (espaço)1. Os resultados obtidos no Teste de Reação Motora (TRM) de cada atleta corresponderam à média dos 50 estímulos, apresentados no centro da tela do laptop. O Tempo de Reação Simples (TRS) foi constituído por 50 aparições aleatórias de figuras circulares (alvos verdadeiros no centro da tela), com tempo de até dois segundos entre cada uma determinado pelo próprio software, solicitando-se ao atleta que reagisse o mais rápido possível1,2. Para a coleta dos escores de reação motora, utilizouse um Software MATLAB 5.3 (The MathWorks, Inc.) instalado em dois laptops (Acer® processador Intel Celeron®, composto por uma tela de 14.1”). Os dados oriundos dos procedimentos descritos anteriormente foram analisados no programa SPSS® Statistics 17.0 for Windows, no qual se utilizaram as ferramentas descritivas: média, desvio padrão, mínimo e máximo. Para a estatística inferencial, utilizou-se o instrumento paramétrico ANOVA (one-way) para comparação intergrupos. O nível de significância adotado foi de p≤0,05. Como teste complementar, adotou-se o post-hoc deTukey.

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M ACIEL , M ORALES , B ARCELOS , N UNES , A ZEVEDO , S ILVA

RESULTADOS A Tabela 1 apresenta os valores médios e desvio padrão (DP) da performance do TRS apresentados em um bloco de 50 estímulos, por cada função específica. Comparando-se os valores encontrados para cada função, foram encontradas diferenças significativas (p≤0,05) entre ponteiros e opostos, ponteiros e levantadores, centrais e opostos, centrais e levantadores, mas não foram encontradas diferenças significativas entre ponteiros e centrais e entre opostos e levantadores, como pode ser observado na Tabela 2.

DISCUSSÃO A discussão sobre o TRS faz com que obrigatoriamente a relacionemos com os mecanismos de elaboração de respostas, pois está muito mais ligado a eles do que a procedimentos cognitivos. O TRS, devido à alta influência genética, está menos sujeito a melhorias do que o tempo de reação de escolha, que tende a apresentar maior evolução com o treinamento20. O tempo de reação representa o tempo que é necessário para que o atleta tome decisões e inicie ações, sendo um parâmetro indicativo da velocidade de processamento de informação do indivíduo, o que possibilita fazer inferências sobre os mecanismos subjacentes envolvidos na tarefa13. Estruturas centrais superiores fazem a transformação de informações sensórias em respostas motoras ao longo de uma série de processos orgânicos. Os resultados encontrados neste estudo indicam uma tendência dos atletas que desempenham funções que exigem maior velocidade de resposta, ou que têm a possibilidade de participar de ações diferentes do jogo no mesmo rally, a Tabela 1 - Valores médios e dp por função específica

Funções Ponteiros Centrais Opostos Levantadores Total

Número de atletas 15 10 8 8 41

Média (m) 271,19 269,06 285,48 281,42 275,45

dp 55 54,76 82,36 67,97 64,03

dp: desvio padrão. Tabela 2 - Comparação entre funções específicas e o nível de significância, admitindo-se como estatisticamente significativo p≤0,05

Funções Ponteiros versus Centrais Ponteiros versus Opostos Ponteiros versus Levantadores Centrais versus Opostos Centrais versus Levantadores Opostos versus Levantadores * Valores significativos p≤0,05.

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Nível de significância 0,93 0,00* 0,04* 0,00* 0,02* 0,80

serem mais eficientes na decodificação dos estímulos, o que lhes propicia um melhor tempo de reação. Segundo Kandel et al.21, essas estruturas centrais codificam as informações sensórias em respostas motoras por meio de uma série de retransmissores. Isso se dá ao longo de várias vias paralelas de receptores periféricos até o córtex sensório primário, córtex de associação unimodal e córtex de associação multimodal, onde a informação sensória, representante de diversas modalidades, converge em áreas do córtex que integram a informação em um evento polissensorial para a efetivação das ações motoras planejadas pelas áreas de associação frontal. Portanto, sugere-se que tais estruturas se relacionam com os mecanismos de processamento de estímulo e reposta, tradicionalmente estudados sob forma de três estágios de processamento mental, denominados percepção, seleção e programação de respostas1. De acordo com os resultados encontrados, os jogadores centrais foram aqueles que apresentaram a melhor média no tempo de reação, seguidos dos ponteiros, dos levantadores e, por último, dos opostos. Uma das possíveis explicações para esse melhor desempenho dos centrais se deve às características de sua função. Os atacantes centrais devem se preocupar principalmente com a marcação do bloqueio em todos os setores da rede, havendo a necessidade de se fazer uma “leitura” rápida da intenção de ataque do seu oponente para que ele possa, então, tentar neutralizá-la22. A sua participação no ataque também se dá por meio das bolas mais velozes, outro fator que pode levá-lo a uma velocidade de reação maior14,23. Já os atacantes ponteiros têm, normalmente, a possibilidade de participarem de duas ações na mesma jogada, já que são responsáveis pela recepção, além de serem uma das opções de ataque. Acredita-se que esta dupla função possa estimular o desenvolvimento de uma maior velocidade de resposta, o que justificaria o fato de não haver diferença significativa desta função em relação à dos centrais (p≥0,05), embora estes últimos tenham sido mais rápidos17,22. Por outro lado, o pior desempenho dos opostos também pode ser explicado pelas características técnicas e físicas da função. O oposto, atualmente, é caracterizado por ser o atacante de segurança da equipe. Assim, normalmente são atletas mais altos e que atuam em um setor mais restrito da quadra, não sendo considerada imprescindível para essa função uma velocidade de resposta tão alta24,25. Também não houve diferença significativa entre opostos e levantadores (p≥0,05). Afonso e Pereira26 afirmam que os levantadores parecem ter uma preocupação maior em estabelecerem um plano de jogo, bem como planos de ação mais específicos, para que possam obter o máximo rendimento do ataque. Acredita-se

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T EMPO

que tal processo não seja simples, e exige uma correta seleção e elaboração de informação, observando-se a presença de outras virtudes, como visão periférica e percepção do momento psicológico dos atacantes em um curto espaço de tempo. O tempo de reação é um dos indicadores do desempenho mais utilizados como instrumento de mensuração de habilidades motoras necessárias para a prática esportiva. Devido às características do voleibol, é interessante ter os mecanismos neurais o mais aperfeiçoado possível. Os resultados encontrados nesta pesquisa apontam uma relação direta entre o tempo de reação e a função exercida pelo atleta na equipe. As funções que exigem que o atleta trabalhe com um maior número de alternativas diante das situações apresentadas no jogo parecem propiciar respostas mais rápidas. Este fato, provavelmente, está relacionado à especificidade de as funções proporcionarem exigências diferentes no treinamento diário do atleta, fazendo com que as valências físicas se desenvolvam de forma diferenciada. Bem anteriormente, autores como Hascelik et al.27 identificaram, em jogadores de voleibol, após o período de treinamento, escores de reação menores do que antes dos treinos. Quanto mais alto for o nível do atleta, maior será a sua vivência de treinamento, havendo uma tendência à automatização dos gestos mais requisitados pela sua função. Sendo assim, no voleibol atual, os atletas que atuam como atacantes centrais e ponteiros parecem ser os atletas que apresentam maior velocidade de reação, o que é coerente com as solicitações de movimento características dessas funções. Porém, vale ressaltar que mais estudos devem ser realizados acerca deste tema, já que há poucos casos citados na literatura, o que dificulta o embasamento da pesquisa. Também seria interessante a aplicação de outros tipos de teste de reação, como o teste de reação de escolha, por exemplo, além da realização de testes com amostras de perfil diferenciado, como atletas de categorias de base, o que poderia fornecer dados que podem contribuir para a planificação de treinamentos, escolha de funções, entre outros.

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