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BÚSSOLA
NÃO GENERALIZE A TENDÊNCIA DE JULGAR O TODO PELA PARTE E QUERER QUE A REALIDADE DO MICRO DETERMINE O CONCEITO DO MACRO CAUSA GRANDE MAL À IGREJA
ERTON KÖHLER
ntes de pregar, gosto de contar A histórias sobre a igreja na América do Sul. Aproveito essas oportunidades para mostrar um pouco da beleza, diversidade e cultura de nossa região que muita gente nem imagina. A intenção é fortalecer o sentimento de que somos uma grande família, tratamos uns aos outros como irmãos, temos o mesmo Pai e buscamos a mesma pátria. Quando nos conhecemos melhor, aprofundamos o sentimento de unidade na diversidade. São tantas culturas, mas a mensagem, a missão e a esperança são as mesmas. Entender isso pode nos ajudar a não generalizar conceitos e opiniões.
Generalizar é a tendência de julgar o todo pela parte, imaginando que a igreja global seja como a igreja local. É comum aparecerem generalizações sobre a perda de membros, o fervor missionário, a dedicação pastoral, o envolvimento dos jovens, a secularização, a dissidência, o reavivamento, princípios e estilo de vida, entre outros aspectos. Mas esquecemos que, assim como esses desafios existem em alguns lugares, eles não são a realidade de todos. A debilidade de uns é a fortaleza de outros.
DIVULGAR CONCEITOS QUE ENFRAQUECEM A IGREJA NOS TORNA UM EXÉRCITO QUE, EM VEZ DE LUTAR CONTRA O INIMIGO, LUTA CONTRA SI MESMO
A força da internet e das redes sociais tem aumentado muito o risco dessa generalização. Se alguém divulga um vídeo com imagens de um programa que feriu nossos princípios, a foto de uma postura pastoral inadequada ou um comentário desequilibrado e sem fundamento bíblico, imediatamente aparecem os generalizadores. Por uma imagem, julgam toda a igreja. Por uma frase, generalizam toda a teologia. Por uma falha, condenam todo o ministério. Isso causa grande dano à igreja.
Ellen White foi severa ao tratar os que agem dessa forma. Segundo ela, embora se mostrem muito piedosos, os que “fazem consistir sua religião em procurar algum defeito de caráter ou erro de fé naqueles com quem não concordam” “são a mão direita de Satanás” (O Grande Conflito, p. 519). Que triste situação! Por isso, o apóstolo Paulo recomendou: “Nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1Co 4:5).
Precisamos lembrar que situações locais ou fatos específicos não representam a realidade geral. Cuidado ao generalizar, apavorar, alarmar, julgar ou condenar. Divulgar conceitos que nos desanimam e enfraquecem nos torna um exército que, em vez de lutar contra o inimigo, luta contra si mesmo. Precisamos reunir todas as energias “para elevar os olhos e não deixá-los pousar nas dificuldades” (Ellen White, Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 578).
Somos uma família formada por pessoas falhas, limitadas e que fazem parte da igreja remanescente. Isso nos indica o tamanho do desafio e o conflito em que estamos envolvidos. Se gastarmos nosso tempo generalizando, abrindo feridas e multiplicando opiniões críticas, tornaremos a vitória final muito mais difícil. Porém, se enfrentarmos nossos desafios com prudência, equilíbrio, amor e humildade, com a Bíblia na mão e os joelhos no chão, seremos um exército mais forte. Nossos maiores esforços precisam ser colocados em “preservar a unidade” (Ef 4:3). Onde Cristo está, ali há amor, e não crítica generalizada. ]
ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul