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VISÃO GLOBAL
VISÃO GLOBAL Continue avançando
A VERDADEIRA MEDIDA DO SUCESSO DA IGREJA É ENCONTRADA EM SUA DEVOÇÃO INABALÁVEL A CRISTO E NO SEU COMPROMISSO CORAJOSO COM A MISSÃO TED WILSON
omo povo remanesC cente de Deus nestes últimos dias da história da Terra, nunca foi tão importante trabalharmos jun tos. Quando vemos os sinais da vinda de Cristo se intensificarem, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de unidade entre nós.
Nunca devemos desistir de caminhar com Cristo, pois a Bíblia mostra que abandonar a Deus e Sua Palavra pode resultar em consequências desastrosas. Quando Eva se desviou da Palavra de Deus, tornou-se vulnerável aos enganos da serpente. Quando a esposa de Ló voltou-se para trás, uma única vez, para se despedir de seu antigo lar, ela perdeu a vida. Quando os filhos de Israel se recusaram a
entrar na terra prometida e voltar para o Egito, acabaram sendo enterrados no deserto.
Em contrapartida, devemos fazer como Paulo, que, esquecendo-se das coisas que para trás ficaram, avançou para as que diante dele estavam: “o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:13, 14). Essa foi também a direção escolhida por Abel, Enoque, Noé, Abraão e Sara, que morreram na fé, ainda que não tivessem obtido as promessas. Eles caminharam olhando para a frente e o alto, “confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra” (Hb 11:13).
Deus queria que Seu povo escolhido tivesse um compromisso inabalável com Ele e com a compreensão sincera de Sua Palavra (Dt 5:33). Enquanto Seus filhos foram irredutíveis na devoção ao Senhor e à Sua Palavra, o sucesso deles foi garantido. No entanto, repetidamente eles foram paralisados pelo medo, deixando de avançar pela fé (Nm 14:3, 4).
SÃ DOUTRINA OU DESEJOS PRÓPRIOS?
Séculos depois, Paulo orientou Timóteo a pregar a sã doutrina em vez de fábulas (2Tm 4:3, 4). É importante notar que tanto no Israel antigo como na história da igreja cristã o povo de Deus nunca teve problema em se submeter a uma liderança que cedesse à tentação de desobedecer aos mandamentos do Senhor e voltar para o mundo do qual fora liberto. Mas não pode ser assim. Nunca devemos nos desviar da direção para a qual o Senhor nos conduz.
À medida que a corrente moderna se apressa na direção da destruição, é preciso permanecer firme sobre a rocha sólida das Escrituras. Isso dará a percepção de que estamos nos afastando da sociedade. Porém, nossa prioridade deve sempre ser buscar a aprovação de Deus.
A fidelidade constante a Cristo e Sua Pala vra só é possível por meio do poder do Espírito Santo. O nível de vitalidade espiritual que somos chamados a experimentar não é algo que possa ser alcançado pelos esforços humanos. É a submissão ao Espírito que nos guiará “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13).
Aquele que nos chama individualmente é o mesmo Deus que estabeleceu a Igreja Adventista do Sétimo Dia como Seu povo remanescente com a missão de proclamar as três mensagens angélicas (Ap 14:6-12). Segundo Ellen White, pioneira da igreja, esse objetivo abrangente e aparentemente intransponível deve ser
realizado de maneira organizada, com a cooperação dos servidores da denominação e dos membros voluntários. Sem esse esforço integrado, a missão de Deus na Terra não será concluída (Serviço Cris tão, p. 68).
HORA DE TRABALHAR
Se queremos ver Jesus voltando em nossa geração, devemos conciliar os grandes ideais pelos quais ansiamos e os deveres práticos à nossa frente. Devemos concluir que o primeiro passo na terminação da missão é, na realidade, sair e trabalhar. Como também alertou Ellen White, Deus não tem preguiçosos entre Seus servos. Por isso, cada um deve reconhecer que sua atitude individual afeta a caminhada da igreja como um todo (Serviço Cristão, p. 10).
Dessa maneira, falando de modo prático, você deve inspirar a Escola Sabatina de sua igreja comparecendo pontualmente à reunião, com sua Bíblia e guia de estudos preenchido, a fim de dialogar com seus irmãos sobre a Palavra de Deus. Que os membros mais antigos vejam os jovens nos cultos de oração intercedendo por outros diante do trono da graça de Deus. Sirvam aos menos privilegiados sendo voluntários no ministério de assistência social da igreja. Distribua literatura evangelística por onde quer que você vá. Peça que a direção de sua escola adventista destine ao treinamento para o evangelismo na comunidade o tempo, a energia e o dinheiro gastos por um ano com as competições esportivas. Tenha voz ativa na direção de sua igreja, compareça às comissões e, quando nomeado para alguma função, aceite-a com responsabilidade, seja a tarefa grande ou pequena.
Se a Igreja Adventista do Sétimo Dia está perseguindo o ideal do Senhor de ser Seu remanescente no tempo do fim, não apenas “nós” como denominação, mas você e eu, individualmente, devemos trabalhar para Cristo, servindo ao próximo. Isso ocorerrá se permitirmos que o Espírito nos transforme à semelhança de Jesus e, assim, o caráter de Cristo será visto no que fazemos, e não meramente no que não fazemos. De acordo com Ellen White, Cristo voltará quando Seu caráter for perfeitamente reproduzido em Seu povo. Quando os que professam o nome do Senhor produzirem frutos que O glorifiquem, o mundo será rapidamente semeado com o evangelho (Parábolas de Jesus, p. 69).
A chuva serôdia cairá em breve e capacitará aqueles que se submeterem completamente a Ele. Cristo em breve virá. Ele está chamando cada um de nós para que avancemos em fé e para que façamos o sacrifício pessoal que nos compete como igreja missionária que devemos ser. ]
TED WILSON é presidente mundial da Igreja Adventista. Você pode acompanhar o líder por meio das redes sociais: Twitter (@ pastortedwilson) e Facebook (fb.com.br/ pastortedwilson)
O ÚLTIMO PARALÍTICO DE JERUSALÉM
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QUAL ERA A LIGAÇÃO DELE COM OUTROS DOENTES A QUEM JESUS CUROU?
DANIEL BOSQUED
Alguma vez você já perdeu uma grande oportu- nidade? Teve a impressão de que várias coisas boas estavam acontecendo com as pessoas ao seu redor, menos com você? Já sentiu que Deus abençoou a todos, mas Se esqueceu de você?
Há uma história na Bíblia que pode nos ajudar a lidar com esses sentimentos. Sabemos que o homem paralítico de Atos 3 nasceu nessa condição e tinha mais de 40 anos de idade quando foi curado por Pedro e João, discípulos de Jesus (At 4:22). Sabemos também que todos os dias ele mendigava à porta Formosa do templo de Jerusalém. Ele pode ter sido uma das poucas pessoas na cidade que não foram alcançadas pelo toque curador de Jesus.
UMA POSSÍVEL CONEXÃO
Antes de revisarmos essa história, gostaria de relacioná-la com outros relatos sobre o ministério de Cristo registrados nos evangelhos. O homem curado por Jesus no tanque de Betesda, por exemplo, estava doente havia 38 anos quando se encontrou com o Mestre (Jo 5:2-9). Jesus Se aproximou dele e o curou após um breve diálogo. A cura veio com uma simples ordem do Mestre: “Levanta-te, toma o teu leito e anda” (v. 8).
Um detalhe importante dessa história é que foi Jesus quem abordou o enfermo. Normalmente, os que estavam doentes eram levados até Cristo ou alguém intercedia por eles junto ao Mestre. No entanto, nessa ocasião, de tantas pessoas doentes esperando encontrar a cura no tanque de Betesda (v. 3), Jesus o escolheu.
Fico impressionado com os possíveis elos que existem entre o relato de João 5 e Atos 3. Primeiramente, o tan- que de Betesda estava em Jerusalém, e o paralítico que ali foi curado estava doente havia 38 anos. Talvez ele tivesse a mesma idade do paralítico de Atos 3, pois é dito que a idade dele era de 40 anos pouco tempo depois da morte de Jesus (At 4:22). Talvez também o paralítico curado por Pedro e João houvesse estado em Betesda, entre a multidão de “enfermos, cegos, coxos e paralíticos" (Jo 5:3).
Quando Jesus andou por Betesda, antes de chegar ao paralítico que Ele curou, passou por outros doentes, cer- tamente por outros paralíticos também. Ele andou ao lado das camas dessas pessoas, ouviu o clamor delas, mas não as curou. Por quê? Ellen White, pioneira e profetisa adven- tista, comenta que naquele dia Jesus queria curar mais pes- soas. Na verdade, Ele queria ter curado todos, mas, pelo fato de ser sábado, Cristo entendeu que tamanha demonstra- ção de poder iria gerar preconceito e oposição dos judeus, a ponto de interromperem Seu ministério (O Desejado de Todas as Nações, p. 201 e 202).
Sabemos que as ações de Cristo não eram impensadas e que Ele não colocaria em risco o andamento de Seu minis- tério. Porém, por que Ele escolheu curar aquele paralítico e não outro? Novamente o qua- dro mais amplo apresentado por Ellen White pode nos ajudar. Ela comenta que o caso daquele pobre homem era desesperador, porque as contínuas frustrações dele em relação à cura “estavam-lhe con- sumindo rapidamente as restantes energias” (p. 202). Jesus conhecia todos os casos que escolhia.
Fico imaginando se os dois paralíticos em questão não se conheciam. Se eles tivessem se encontrado, posso imaginar a conversa. O paralítico de Atos 3 teria se surpreendido com a cura do homem de João 5 e desejado também a mesma bênção. Talvez tenha começado a perguntar por Jesus e procurado por Ele. Ao que parece, ele nunca se deparou com o Mestre.
Os evangelhos registram pelo menos duas circunstâncias em que Cristo curou várias pessoas de uma vez em Jerusalém. Ambas as curas ocorreram no templo: uma no início e outra no fim do Seu ministério (Jo 2 e Mt 21). Ellen White escreveu sobre a primeira ocasião. Depois de purificar o tem- plo, Jesus atendeu todos que foram a Ele, e cada pessoa que O procu- rou foi curada, não importava sua doença (p. 163). A escritora acres- centa que aqueles que voltaram ao pátio do templo naquele dia “fica- ram paralisados diante da mara- vilhosa cena. Viram os enfermos curados, os cegos restaurados à vista, os surdos ouvindo e os coxos saltando de prazer” (p. 592). Dessa vez, também, parece que o paralítico de Atos 3 não estava presente novamente. Talvez ele tivesse razões para pensar que nunca estava no lugar certo e na hora certa.
OUTRA CHANCE
Em algumas ocasiões, Jesus tomou a iniciativa de ir ao encontro de quem
necessitava Dele, como a mulher samaritana E ele prestou atenção, esperando receber alguma (Jo 4:4), a cananeia (Mt 15:21) e o endemonicoisa deles. Então Pedro disse que não tinha nhado de Gadara (Mc 5:1). Contudo, o paralíprata nem ouro (v. 5 e 6). Aquilo deve ter sido a tico de Atos 3 não se encaixa em nenhum dos “gota d’água”, uma piada de mau gosto para o grupos que foram curados por Jesus: (1) as pesparalítico. Porém, gosto de imaginar que Pedro soas que Ele procurou, (2) as que foram até Ele, também tenha dito: “Não tenho nada do que e (3) as que precisaram da intercessão e ajuda de você está esperando, porque sou um viajante do alguém para chegar próximo ao Mestre (Mc 2). tempo. Estou aqui para lembrá-lo do seu sonho.
Com o auxílio de Ellen White, temos informaVim para lhe dar o que sempre procurou. Trouxe ções adicionais sobre esse personagem bíblico. algo de Jesus de Nazaré para você.” “Esse infeliz havia durante muito tempo deseEllen White acrescentou que o semblante do jado ver Jesus para ser curado, mas encontrava-se coxo descaiu ao ouvir a primeira parte da resquase ao desamparo, e estava muito afastado posta de Pedro, mas logo seu rosto tornou-se do cenário dos labores do grande radiante quando Pedro ordenou Médico” (Atos dos Apóstolos, que, em nome de Jesus, ele se p. 57). O caso dele era desesperalevantasse e andasse (Atos dos dor. Jesus não o havia procuraApóstolos, p. 58). O quê? Em do, ele não havia encontrado Jesus e ninguém o tinha levado até o Mestre. O PARALÍTICO NÃO nome de Jesus? Cristo estava vivo? “E de um salto pôs-se em pé e começou a andar. Depois De acordo com Ellen White, o último esforço dele para enconPEDIU UM MILAGRE, entrou com eles no pátio do templo, andando, saltando e loutrar o Mestre foi implorar aos vando a Deus” (At 3:7-9). Que seus amigos que o levassem à porta do templo. Porém, quando APENAS ESMOLAS. história maravilhosa! ali chegou, soube que Jesus havia CURA PARA TODOS sido morto cruelmente (p. 57 e 58). Imagine como ele se sentiu. ELE QUERIA Não sei como nem quanto você se identifica com essa história. Posso imaginá-lo gritando: “Por que, Senhor? Todos foram curados, menos eu!” SOBREVIVER Talvez tenha sido curado imediatamente há muito tempo em Betesda. Ou quem sabe alguém
Quarenta anos sem poder o levou até Jesus ou ainda seus andar. Quarenta anos de sonhos verdadeiros amigos pediram a quebrados. Quarenta anos tenEle que o curasse. Talvez você tando ser curado. Ele sempre esteja como o paralítico de Atos esteve no lugar errado. E, quando finalmente 3, sentado à porta do templo, com seus sonhos achou que poderia chegar perto de Jesus, desdesmoronados e o sentimento inegável de que cobriu que sua chance de voltar a andar havia Deus passou você por alto. sido crucificada junto com o Nazareno. Depois Se você se sente como o último paralítico de lamentar por um bom tempo, talvez tenha de Jerusalém, sua história ainda não termiaceitado com resignação que nunca seria curado. nou. Os caminhos de Deus são inescrutáveis, Enxugando as lágrimas, talvez tenha decidido inatingíveis e incompreensíveis. Pois, quando não ser um fardo para ninguém. Viveria se manmenos esperarmos, um mensageiro de Deus tendo de esmolas para o resto da vida. pode cruzar nosso caminho e falar conosco
“Por favor, levem-me ao templo”, provaem nome de Jesus de Nazaré. velmente tenha pedido aos amigos. Quando Por outro lado, nós também passamos diarialemos a história dessa maneira, tudo faz senmente por pessoas que se sentem como aquele tido. O homem era levado todos os dias à porta paralítico. Pessoas que já não pedem mais do templo e, por isso, quando ele viu Pedro e um milagre, porque se sentem esquecidas por João, pediu-lhes esmolas (At 3:3). Veja, ele não Deus. Nossa missão, como a de Pedro e João, pediu um milagre, apenas esmolas. Ele queria é lembrá-los, em nome de Jesus, da promessa sobreviver. de que um dia todos poderão caminhar, pular
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ALGO MELHOR
No entanto, quando os discípulos se aproximaram, Pedro disse ao homem: “Olhe para nós”. e louvar a Deus. ]
DANIEL BOSQUED, PhD, é professor de Novo Testamento na Universidade Adventista del Plata, na Argentina