Aeroespaço 64

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Notícias - Ano 13

n0 64

Voando com tecnologia no IU-50 – Legacy 500


Notícias - Ano 13

n 0 64

Reportagem

04

Meio ambiente integrado -

CINDACTA III rumo à sustentabilidade

Ações sociais aplicadas no CINDACTA III extrapolam seus muros e estreitam relações com parceiros, somando esforços para atingir sustentabilidade.

Artigo

10

04

Uma gestão mais eficiente do espaço aéreo

através do FUA

A utilização ideal, equilibrada e equitativa do espaço aéreo deve ser provida através da coordenação estratégica e da interação dinâmica entre os diferentes

usuários.

13

10

Seção Quem é? – Sargento Karla

Sargento especialista em eletrônica, professora de educação física, jogadora e árbitra assistente de futebol são as qualificações profissionais da entrevistada desta

21

Reportagem Especial

Voando com tecnologia no IU-50 - Legacy 500

21

edição.

Surpreenda-se com o novo Laboratório Voador do GEIV.

27

Reportagem

Balanço do tráfego aéreo na Rio 2016

destaca recorde de pontualidade

Cerca de 150 mil movimentos aéreos foram registrados

nos aeroportos brasileiros durante os eventos esportivos.

31

Seção

Conhecendo o DTCEA Recife - PE

Rumo a excelência – esse é o lema do DTCEA-RF, que tornou-se a primeira organização da FAB a receber o Prêmio da Qualidade e Gestão Pernambuco, na categoria

31

bronze.

Nossa capa

Expediente Na foto de Fábio Maciel, o novo laboratório voador do Grupo Especial de Inspeção em Voo - GEIV: IU-50 – Legacy 500.

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Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA Diretor-Geral: Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Vuyk de Aquino Assessor de Comunicação Social e Editor: Paullo Esteves - Coronel Aviador Reformado Adjunto da ASCOM 1º Tenente Jornalista Glória Galembeck (DRT/ PR 05549) Coordenação de pauta e edição: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Redação: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Denise Fontes (RJ 25254 JP) Daniel Marinho (MTB 25768 RJ)

Projeto Gráfico/Diagramação: Aline da Silva Prete Fotos: Luiz E. Perez (RJ 201930 RF) e Fábio Maciel (RJ 33110 RF) Contatos: Home page: www.decea.gov.br Intraer: www.decea.intraer Email: contato@decea.gov.br Endereço: Av. General Justo, 160 Centro - CEP 20021-130 Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2101-6942 Editada em Outubro - 2016


Editorial Tecnologia e Sustentabilidade

E

stamos destacando nesta edição dois temas:

vida de centena de jovens em situação de risco.

sustentabilidade e tecnologia.

Incluímos no texto sua dedicação ao esporte e o

O primeiro assunto é o que está movimen-

reconhecimento que teve pelo seu desempenho

tando o Terceiro Centro Integrado de Defesa

como campeã no Mundial de Futebol Feminino

Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA

Militar.

III), ações de educação ambiental formal e in-

No artigo desta edição, duas oficiais con-

formal com o objetivo de estimular o efetivo,

troladoras de tráfego aéreo revelam uma gestão

incentivando práticas de preservação ambien-

mais eficiente do espaço aéreo através do FUA

tal e do uso racional dos recursos ambientais.

- Flexive Use of Airspace - aplicado no Centro

Destacamos também na reportagem o plantio

de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA)

do “Bosque Pau-Brasil” - que materializou a par-

- órgão do DECEA responsável pela implementa-

ticipação dos integrantes do Programa Segundo

ção em âmbito nacional.

Tempo - Forças no Esporte (PROFESP) nas ações ambientais do CINDACTA III.

A seção "Conhecendo o DTCEA" foca o Destacamento de Recife, com sua história de pio-

O outro tema entra na edição com a chegada do Legacy 500 ao ambiente operacional

neirismo na qualidade dos serviços prestados. Outro assunto de destaque foi o balanço

do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV).

do tráfego aéreo e a atuação do DECEA nos Jo-

Voltamos a falar do avanço da tecnologia com

gos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 - quando

a transição de voos cada vez mais digitalizados

atingimos recorde de pontualidade, com cerca

e orientados por sistemas satelitais. A aeronave

de 150 mil movimentos aéreos registrados nos

IU-50 tem novos recursos de navegação, comu-

aeroportos brasileiros. Na reportagem, concluí-

nicação e vigilância aérea e proporcionará im-

mos que o resultado positivo foi fruto de plane-

portantes ganhos operacionais ao GEIV.

jamento, treinamento e coordenação entre os

Na seção "Quem é?" evidenciamos o tra-

órgãos envolvidos, além do trabalho colaborati-

balho da sargento Karla no CINDACTA III, com

vo entre as áreas de defesa aérea e controle de

sua atuação na inclusão social que desenvolve

tráfego aéreo, a infraestrutura aeroportuária e

no PROFESP, contribuindo para a qualidade de

as empresas aéreas.

Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Vuyk de Aquino Diretor - Geral do DECEA

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Reportagem

Meio ambiente integrado

CINDACTA III rumo à sustentabilidade Por Daisy Meireles (colaboração de Lizelda Mendonça e Mariléa Bezerra) Fotos de Luiz Eduardo Perez

Reciclagem, coleta seletiva, campanhas educativas, redução de consumo, capacitações, treinamentos, parcerias, termos de compromisso, sementeira, arborização, reflorestamento, compras sustentáveis, estudos acadêmicos e científicos, envolvimento do efetivo, da família e dos programas sociais – todas essas ações fazem parte do grande projeto de meio ambiente e sustentabilidade aplicado no Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III).

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A evolução das ações

do no IV Encontro Pernambucano e no II Con-

O CINDACTA III mostra a evolução de suas prá-

gresso Brasileiro de Resíduos Sólidos, promovidos

ticas de gestão ambiental, fazendo uma viagem

pela Universidade Federal Rural de Pernambuco

no tempo.

(UFRPE). O referido artigo trata, também, da

Tudo começou no comando do Coronel Aviador João Batista de Oliveira Xavier (2010/2011), quando as primeiras ações de responsabilidade socioambiental tiveram início. A meta era a implantação da Coleta Seletiva Solidária (baseada no Decreto nº 5.940/2006 do Governo Federal) com o desenvolvimento de atividades de sensibilização para o tema e a criação da primeira Comissão Interna para Coleta Seletiva Solidária. No comando do Coronel Aviador Guilherme Ruy Alves de Souza (2012/2013) foi formalizado o Termo de Compromisso de Nº 002/CINDACTA III/2012 com a Cooperativa de Catadores Profissionais do Recife (PRÓ-RECIFE), para operacionalização da Coleta Seletiva Solidária. No mesmo período foi realizada a I Semana de Conscientização Ambiental, focando os temas: “Gerenciamento de Resíduos Sólidos” e “Coleta Seletiva Solidária”. O objetivo foi sedimentar a filosofia da responsabilidade social, da inclusão social e da importância da participação de cada cidadão consciente do impacto de suas decisões na preservação do meio ambiente. No comando do Coronel Aviador Carlos Eduardo Albuquerque de Magella (2014/2015) foram realizadas as II e III Semanas de Conscientização Ambiental, destacando as temáticas: “CINDACTA III e a Sustentabilidade”, “A Importância do Verde para o Contexto Urbano”, “Recursos Hídricos”, “Água e Solo” e “Gestão Ambiental (Preservação da Água e Energia)”. Intensificou-se a inclusão de crianças e adolescentes do Programa Segundo

mitigação do perigo aviário, levando aos jovens o conhecimento do risco do descarte inadequado dos resíduos sólidos urbanos em áreas próximas aos aeródromos, para que sejam disseminadores desse conhecimento na família, na escola e na comunidade. Os autores do artigo são membros e colaboradores nas questões socioambientais do CINDACTA III: Suboficial Paulo Sérgio (mestre em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Pernambuco - IFP), Lizelda Mendonça (especialista em Perícia e Auditoria Ambiental pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão - IBPEX) e Mariléa Bezerra (assistente social). No atual comando do Coronel Aviador Eduardo Miguel Soares (2016), as ações ambientais foram continuadas como a realização da IV Semana de Conscientização Ambiental, envolvendo os setores internos, a Comissão de Coleta Seletiva Solidária, a Seção de Patrimônio (AEPt) e a Seção de Fatores Humanos (ARFH) – Serviço Social e setores externos à Unidade, como a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife (SMAS), Companhia Energética de Pernambuco (CELPE), Base Aérea do Recife (BARF) e Assessoria de Assistência Social do Recife (ASESO-RF). O foco temático foi a educação ambiental, apresentada de forma lúdica e interativa na encenação da peça teatral “Um Sonho de Cidade”, disponibilizada pela SMAS. Oficinas foram ministradas, enfocando a eficiência energética, por monitores da CELPE e “Produção de Mudas”, por monitores do CINDACTA III e da BARF.

Tempo – Forças no Esporte (PROFESP) às atividades de educação ambiental. Dedicou-se especial atenção ao trabalho de arborização e reflorestamento de áreas degradadas, com o plantio de cerca de 950 mudas de plantas nativas. Também durante o comando do Coronel Magella destacou-se a aprovação pela comunidade acadêmica do artigo cientifico “A Responsabilidade Socioambiental Militar: Uma abordagem do PROFESP”, aplicado no CINDACTA III, apresenta-

As ações socioambientais aplicadas no CINDACTA III extrapolam os seus muros e estreitam relações com os parceiros, somando esforços para atingir a sustentabilidade. 5


A legislação ambiental vigente Com base no Regulamento de Administração da Aeronáutica (RADA) – Regulamento do Comando da Aeronáutica (RCA 12-1/2014) que cria a gestão ambiental no âmbito do Comando da Aeronáutica (COMAER), a Divisão de Administração propôs mudanças no Regulamento Interno, instituindo a Seção de Patrimônio como responsável pelo Plano Básico de Gestão Ambiental do CINDACTA III e dos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEAs) subordinados. O plano inclui ações de educação ambiental formal e informal com o objetivo de estimular a consciência ambiental do efetivo, incentivar práticas de preservação ambiental e do uso racional A IV Semana Ambiental teve um diferencial

dos recursos ambientais, dentre outras.

com a participação dos familiares, integrantes do PROFESP e do programa Esquadrão Asa Branca, que contou, ainda, com exposição e venda de produtos artesanais e de alimentos produzidos pelo grupo de mulheres da “Feirinha de Talentos”, coordenada pela ASESO-RF, além de produtos orgânicos, cultivados por um militar da BARF. No encerramento do evento uma caminhada de 1.070 metros pela trilha da cigarra, programada pelo Sargento Garrido, teve início na restinga da mata atlântica da BARF e término na área do VOR do CINDACTA III. Acompanhados pelos monitores e pela equipe organizadora, os integrantes do PROFESP e do Asa Branca tiveram a oportunidade de receber aula de educação ambiental na própria mata.

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A coleta seletiva solidária O Decreto nº 5.940/2006 estabelece a separação adequada dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos da Administração Federal Direta e Indireta, desde a fonte geradora até a sua destinação a Associações e Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis. Resíduos recicláveis são todos os materiais passíveis de retorno ao ciclo produtivo, rejeitados por órgãos e entidades da administração pública federal direita e indireta. A Constituição Federal define a coleta seletiva solidária como medida de gestão pública socio-

Coleta seletiva de óleo de fritura e apresentação de palestra na IV Semana de Educação Ambiental


ambiental, em consonância com o direito de todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público a defesa e a preservação ambiental.

A interação com as cooperativas A equipe de trabalho do CINDACTA III interage regularmente com a cooperativa, monitorando a coleta, visitando o galpão de funcionamento, verificando em que condição o trabalho se desenvolve e se há exploração do trabalho infantil. Acompanha o perfil socioeconômico dos cooperativados e suas famílias e como se efetua a divisão da renda proveniente do trabalho na cooperativa. Para operacionalização da coleta foram realizados treinamentos com os funcionários da empresa de manutenção e limpeza Real para habilitá-los à tarefa de separação dos resíduos. Foram citados diversos tipos de materiais descartados na Organização que poderiam ser reapro-

Como contrapartida, a equipe de Segurança do Trabalho do CINDACTA III ministrou uma capacitação sobre a importância do uso de equipamentos de proteção individual (EPI) na rotina de trabalho dos catadores para representantes de cooperativas de catadores da região metropolitana do Recife.

veitados pela cadeia produtiva e como deveriam

“O foco social está fortemente presente na

ser separados nos setores de trabalho e coletados

relação de cooperação entre o CINDACTA III e a

pelos funcionários da empresa para serem depo-

cooperativa de catadores e nas demais ações im-

sitados nos big bags (armazenadores de mate-

plementadas” - afirma a assistente social Mariléa

riais) instalados na Central de Coleta Seletiva do

Bezerra.

CINDACTA III. José Cardoso, presidente da Pró-

Conforme determina o Decreto nº 5.940/2006,

Recife, ressaltou para os funcionários da Real a

que prevê a rotatividade de cooperativas para

relevância social deste ato para os catadores, que

destinação do material reciclável, foi firmado

tiram o sustento de suas famílias deste trabalho

este ano um novo Termo de Compromisso

ainda não reconhecido profissionalmente pela

Nº 001/CINDACTAIII/2016, desta vez com a

sociedade.

Cooperativa de Trabalho dos Catadores de

A troca de lâmpadas fluorescentes pelo modelo LED é um projeto em estudo. Mudas de pau-brasil plantadas no CINDACTA III

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Materiais Recicláveis Erick Soares (COOCARES),

garante que as próximas turmas possam con-

para o exercício de 2016/2017. A COOCARES vem

templar o crescimento da espécie.

dando respostas muito positivas em relação ao

A compostagem - reaproveitamento da poda

controle e a prestação de contas do material

das árvores, da coleta de folhas e outros rejeitos

recebido, fundamentais para alimentar o banco de

para a produção de adubo - já é uma realidade no

dados do Cadastrado do Sistema de Monitoramento

CINDACTA III, que adquiriu uma máquina tritu-

e Acompanhamento da Coleta Seletiva (SMACS) da

radora para esse fim.

Presidência da República, onde, semestralmente, o CINDACTA III registra o total de resíduos recicláveis repassados à Cooperativa, informando, também as práticas de Educação Ambiental aplicadas na Organização.

Arborização e reflorestamento de áreas degradadas Sob a coordenação e a dedicação do Capitão R1 Acídio Batista, extensa área do CINDACTA III foi arborizada e reflorestada com diversas espécies de plantas nativas da região. Algumas são oriundas da Estação Ecológica do Tapacurá – da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que trabalha pela preservação do Pau-Brasil, outras do Jardim Botânico do Recife e outras (cerca de duas mil) produzidas na própria sementeira da Unidade, fruto da parceria firmada com o Jardim Botânico, que disponibilizou duas vagas no seu Curso de Produção de Mudas, para dois alunos do CINDACTA III.

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Parcerias com a iniciativa pública e privada A coleta de óleo de frituras é outro projeto de sucesso no CINDACTA III, desenvolvido com a Asa Indústria e Comércio Ltda., por meio do programa “Mundo Limpo, Vida Melhor” - de responsabilidade socioambiental da empresa que destina parte dos recursos arrecadados com coleta e reciclagem do óleo de frituras para a Fundação Alice Figueira, de apoio ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP). Para quem não sabe, o descarte incorreto desse tipo de óleo nas tubulações domésticas adere como cola à rede coletora, provocando entupimento e refluxo de esgoto para dentro das residências, podendo, também, contaminar o solo e o lençol freático. O gerenciamento do óleo residual das manutenções das máquinas e dos equipamentos

O plantio do “Bosque Pau-Brasil” materializou a

também é uma preocupação do CINDACTA III,

participação dos integrantes do PROFESP nas ações

que tem buscado parcerias com empresas que

ambientais do CINDACTA III. O compromisso de

possuam licenciamento ambiental para traba-

cuidar e zelar pelo espaço, firmado com os jovens,

lharem com o reaproveitamento desse produto,

O plantio do “Bosque Pau-Brasil” materializou a participação dos integrantes do PROFESP nas ações ambientais do CINDACTA III


transformando-o em lubrificantes para ônibus. Esse é um projeto em andamento que, em tempo hábil, será replicado aos DTCEAs. Coletores de pilhas e baterias também são disponibi-

As parcerias e seus bons resultados A troca de experiência proporcionada pelas parcerias estabelecidas enriquece o trabalho. Busca-se conhecer e acompanhar o que há de novo no Estado de Pernambu-

lizados no CINDACTA III para que seja dada a destina-

co sobre ações ambientais, interagindo com órgãos es-

ção correta por meio de acordo firmado com o Sindi-

taduais, municipais, universidades, institutos federais,

cato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de

empresas privadas e organizações não governamentais

Recife (SINDVAREJISTA).

(ONG). “Podemos afirmar que a integração com esses

O Projeto “Vale Luz Celpe", que beneficia pessoas de

segmentos que trabalham o meio ambiente sob o pris-

baixa renda em Pernambuco, também está em pro-

ma público, científico, acadêmico, empresarial e social

cesso de formalização para extensão à Guarnição de

traz muitos resultados para as ações do CINDACTA III”

Aeronáutica de Recife. Militares que residam nas Vilas

– declara Mariléa.

Habitacionais poderão trocar material reciclável por descontos proporcionais na fatura de energia elétrica

“Vendo as alamedas de Pau-Brasil crescendo, acompanhando a saída do caminhão da coleta, observando as famílias envolvidas nos projetos, assim

A implantação de tecnologias sustentáveis Conforme definição apresentada na própria legislação (Lei 12.305/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos), a logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios desti-

como os jovens do PROFESP sendo disseminadores de informações importantes para a comunidade, podemos dizer que somos testemunhas de que a educação ambiental traz resultados” – conclui Lizelda.

A visão de futuro

nados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos

O CINDACTA III tem como visão de futuro “ser reco-

sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento,

nhecido pela sociedade como um centro de excelência

em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra

no segmento de controle e defesa do espaço aéreo

destinação final ambientalmente adequada.

brasileiro, contribuindo para o desenvolvimento da

“Ainda não mudamos os nossos contratos, mas estamos atentos à essa prática. No momento estamos

Nação” e tem avançado nas questões socioambientais com essa mesma visão.

armazenando as lâmpadas fluorescentes queimadas e trabalhamos para viabilizar contrato que promova o descarte adequado para esse produto poluente”, comenta Lizelda. A troca de lâmpadas fluorescentes pelo modelo LED é um projeto futuro e em estudo no CINDACTA III. A avaliação da viabilidade já foi efetuada para substituição de três mil lâmpadas fluorescentes por lâmpadas de LED no prédio técnico-operacional e postes com placas solares para estudo da viabilidade da iluminação externa. A experiência do Destacamento de Fernando de Noronha (DTCEA-FN) embasa a possibilidade de execução. Convênio assinado com a CELPE implantou painéis de geração de energia solar fotovoltáica, diretamente conectados à rede elétrica do Destacamento, fomentando o uso de energias renováveis. O sistema instalado está proporcionando reduções na conta de

A Equipe

Comissão para a Coleta Seletiva Solidária: Presidente: 1° Ten Eng Taís Lopes Pantoja Membros: SO R1 Carlos Mattos da Costa Soares, Djaci Dias Gomes, 1S Marcus Eduardo Vieira de Lima, 1S Ronney Amorim Castro, 3S Jamylle Macias Siqueira Equipe da AEPt: Chefia: 1° Ten Eng Taís Lopes Pantoja Encarregado: 1S Ronney Amorim Castro Auxiliares: Djaci Dias Gomes, Lizelda Maria de Mendonça Souto Integrante da ARFH-Serviço Social: Mariléa Bezerra Alves dos Prazeres Colaboradores: Capitão R1 Acídio Batista, 1º Ten Eng Bruno Pereira Fernandes de Castro, SO Paulo Sérgio de Souza Matos, 3S Robson Antônio Garrido Machado (BARF), S1 Alfredo Kleber Cordeiro Filho, equipe da REAL.

luz do DTCEA-FN. 9


Artigo

Uma gestão mais ef iciente do espaço aéreo através do FUA Por 2º Ten Esp CTA Andressa Vieira da Silva Menezes (2º/6º GAv)/ 2º Ten Esp CTA Rafaela Carvalho Tricote Santos Oliveira (ICA) Fotos de Fábio Maciel

A utilização ideal, equilibrada e equitativa do espaço aéreo deve ser provida através da coordenação estratégica e da interação dinâmica entre os diferentes usuários 10


A

o longo dos anos, o crescimen-

nos Emirados Árabes Unidos, onde

tos específicos para que haja o apro-

to do número de aeronaves

somente 40% do espaço aéreo é

veitamento de todo o espaço aéreo,

vem exigindo uma utilização mais

destinado ao uso da aviação civil.

com o objetivo de aumentar a sua

eficiente do espaço aéreo. Seguindo

Para solucionar os graves problemas

capacidade, melhorar a eficiência na

a premissa que o espaço aéreo é um

decorrentes do grande número de

operação de aeronaves e diminuir a

recurso finito e que seu uso deve ser

áreas segregadas para uso militar,

emissão de poluentes na atmosfera.

dinâmico e contínuo, a existência

os líderes do Golfo estão tomando

Na Europa, o conceito FUA foi in-

de espaços aéreos condicionados

providências para alterar as estrutu-

troduzido em 1999, como tentativa

(EAC) permanentes dificulta a sua

ras do espaço aéreo e disponibilizar,

de melhorar a gestão dos serviços de

gestão eficiente. A ativação per-

assim, mais áreas para as rotas da

navegação aérea (ANS) e do tráfego

manente desses EAC destinados ao

aviação civil, promovendo uma

aéreo (ATM). Com o nome de “Céu

treinamento de aeronaves militares

cooperação internacional mediante

Único Europeu”, o projeto visa, até

ou voos de aeronaves específicas

assinatura de acordos de navegação.

a sua implementação por volta de

restringe a otimização dos voos da

Diante desse cenário, surge a ne-

2030, triplicar a capacidade do espa-

circulação aérea geral, causando

cessidade de implementação do con-

ço aéreo, aumentar a segurança ope-

redirecionamento de rotas, aumen-

ceito FUA, Flexive Use of Airspace.

racional em até dez vezes, mitigar

to no consumo de combustível das

Neste conceito, uma determinada

o impacto da emissão de poluentes

aeronaves e, consequentemente,

área geográfica não deve ser exclusi-

no meio ambiente e reduzir pela

maior emissão de CO2 na atmosfera.

vamente de uso civil ou militar, mas

metade os custos associados à ges-

deve ser vista como uma área que

tão do tráfego aéreo. Para esse fim, a

atenda às necessidades de ambos. A

maioria dos países europeus possui

função do FUA é criar procedimen-

uma Célula de Gestão do Espaço Aé-

Um bom exemplo desse cenário é a situação que vem ocorrendo

reo (AMC), que fica responsável por receber das autoridades militares as

O FUA cria procedimentos específicos para que haja o aproveitamento de todo o espaço aéreo 11


o FUA no Plano de Implementação

rovia UZ36 e os resultados aponta-

restritas para o dia seguinte. Essas

ATM Nacional (PIMP). O Departa-

ram que o desvio, para evitar tais

informações são repassadas ao

mento de Controle do Espaço Aéreo

EAC realizado pelas aeronaves que

EUROCONTROL (European Organi-

(DECEA), por meio do Centro de

utilizam a UZ36, causa um acrés-

zation for the Safety of Air Naviga-

Gerenciamento da Navegação Aérea

cimo de 15NM de distância voada,

tion), que se encarrega de gerenciar

(CGNA), é o órgão responsável pela

gerando um aumento de 165kg

a informação para que companhias

implementação em âmbito nacio-

no consumo de combustível por

aéreas, pilotos privados e escolas de

nal. Com essa nova política, o CGNA

aeronave (que corresponde a 520kg

aviação, dentre outros usuários, pos-

coordenará, em nível estratégico

de CO2 emitidos na atmosfera).

sam programar seus voos evitando

e tático, os interesses e necessida-

Identificou-se, também, através de

tais áreas. Dessa maneira, desvia-se

des dos usuários do espaço aéreo.

análise estatística de dados forne-

a ativação permanente de espaços

O objetivo é buscar uma melhoria

cidos pelo CGNA, a possibilidade de

aéreos destinados às operações

nos processos de coordenação entre

uma janela otimizada para o uso

militares e, consequentemente, a

usuários civis e militares para que

desses EAC, não sendo necessária a

necessidades de ocupação das áreas

sua ativação permanente, do ponto de vista dos usuários das áreas, que possibilitaria, assim, o uso da UZ36 pela circulação aérea geral em determinados horários. Cabe ressaltar que, no início de 2016, houve a publicação da Circular Normativa da Divisão de Tráfego Aéreo (CIRTRAF 100-71 - que atualizou a CIRTRAF 100-24). Nesse documento, pode-se identificar a preocupação das organizações envolvidas e do DECEA em adotar a política de flexibilização do espaço aéreo, através de mudanças signifiO CGNA coordenará os interesses e as necessidades dos usuários do espaço aéreo

cativas quanto à definição das respectivas áreas, horários de ativação e coordenações realizadas durante

fragmentação do espaço aéreo e o

os benefícios do FUA possam ser

impacto permanente na circulação

atingidos.

aérea geral. Com relação à América do Sul, o

Esse contexto nos mostra a importância do uso flexível do

por alunas da especialidade de

espaço aéreo e também desperta

Manual de Implementação do FUA,

Controle de Tráfego Aéreo do

a comunidade aeronáutica para

desenvolvido pela Organização de

Centro de Formação de Oficiais

a relevância de estudos sobre a

Aviação Civil Internacional (OACI),

Especialistas (CFOE), teve como

efetiva utilização dos EAC no ter-

prevê que a utilização ideal, equili-

um dos objetivos analisar áreas

ritório brasileiro. Com a análise de

brada e equitativa do espaço aéreo

restritas da região do Vale do Pa-

dados estatísticos, estudos cada vez

deve ser provida através da coorde-

raíba, conhecidas como Áreas Xa-

mais completos podem ser elabo-

nação estratégica e da interação di-

vantes, cuja ativação permanente

rados para atender aos interesses

nâmica entre os diferentes usuários.

impacta consideravelmente o

civis e militares de forma eficaz

uso de várias rotas nacionais e

e, consequentemente, implantar

te às recomendações e aos compro-

internacionais. A pesquisa aferiu

de fato o conceito de FUA nos céus

missos assumidos, o Brasil inseriu

o impacto causado no uso da ae-

brasileiros.

Sendo signatário da OACI, vigilan-

12

Um estudo, realizado em 2015

as fases estratégica e tática.


Seção

Quem é? Sargento Karla

Por Daisy Meireles Fotos: Luiz Eduardo Perez

Sargento especialista em eletrônica, professora de educação física, jogadora e árbitra assistente de futebol são as qualificações profissionais da entrevistada desta edição.

D

isciplinada, impetuosa, generosa e

O conteúdo da prova era exatamente o

muito persistente, conseguiu sucesso

que ela havia estudado na escola técnica

na carreira esportiva: foi campeã mundial

(de 1995-1998), daí achou que seria

de futebol feminino militar e hoje é

possível passar no Estágio de Adaptação

árbitra assistente da CBF. Sua satisfação

à Graduação de Sargento da Aeronáuti-

pessoal também vem do trabalho de

ca – EAGS. E assim aconteceu, prestou

inclusão social que realiza no Programa

o concurso em fevereiro de 1999 e em

Segundo Tempo - Forças no Esporte

março saiu o resultado de sua aprova-

(PROFESP) inserido no CINDACTA III,

ção. Foi para a Escola em julho e, em seis

contribuindo para a qualidade de vida de

meses, formou-se.

jovens em situação de risco.

Em 1º de janeiro de 2000 seguiu

A história da militar Karla Renata

para Manaus, onde se apresentou, no

Cavalcanti de Santana, de 36 anos, 1º

dia seguinte, no Serviço Regional de

Sargento Especialista em Eletrônica,

Proteção ao Voo de Manaus (SRPV-MN),

começa a ser contada quando fazia seu

atuando como mantenedora dos radares

último ano de escola técnica em eletrô-

PSR-MSSR (primário/secundário).

nica, na cidade do Recife, o equivalente ao ensino médio. Soube do concurso para sargento da

Iniciou sua missão no laboratório do radar, consertando os módulos do equipamento. Fez todos os cursos de

Aeronáutica pelo edital em 1998, através

equipamentos dos radares adquiridos

do noivo de uma prima – que era cabo.

para o projeto Sistema de Vigilância da 13


Dia Internacional da Mulher – Arena Pernambuco: três mulheres no comando de uma partida de futebol profissional

Amazônia (SIVAM): “Eu fazia uma

A bola como paixão

eram bem conceituados no meio es-

cirurgia robótica e fui preparada

A história da jogadora de futebol,

colar. Já no primeiro período entrou

do alfinete ao foguete - do micro ao

nascida e criada em Recife, começa

para os times de todos os esportes.

macro”.

aos nove anos de idade. Karla tem

Isso mesmo, gastava mais tempo

dois irmãos mais velhos e o mais

nas quadras do que na sala de aula.

so dizer que eu brincava de desco-

novo sonhava ser goleiro. Ela, então,

Se o tempo de educação física fosse

brir e resolver problemas. Era tudo

solidária, improvisava o “campo” na

o penúltimo, com certeza, Karla

computadorizado e o meu trabalho

garagem de casa, e chutava a bola

faltaria à última aula, já que ela per-

era muito motivador!”

para o irmão “incorporar” o goleiro.

manecia na quadra de esportes. No

Daí nasceu a paixão. Da garagem de

futebol de campo, de salão, basque-

jornada de treinamento e operação

casa foi para a rua num só drible.

te, corrida – em tudo ela competia.

assistida, quando então começou

Era só abrir o portão e correr para

Era muito vista por olheiros e

seu aprendizado na prática, fazendo

jogar com os meninos na rua. A mãe

um dia foi indicada para um teste,

manutenções preventivas e correti-

enlouquecia: “Isso é brincadeira de

quando foi treinar com a equipe de

vas nos radares dos Destacamentos

menino, Karla! Volta pra casa!”

futebol do curso de educação física

Era tudo de última geração: “Pos-

Durante três anos ficou nessa

de Proteção ao Voo (DPV). Passou a

Aos dez anos, Karla tinha aulas de

na Universidade Federal de Per-

ser comissionada e ficava um mês

educação física no colégio, quando,

nambuco (UFPE). Ainda não podia

em São Félix do Xingu (PA) e um

então, começou a aprender as técni-

competir nos jogos universitários

mês em Manaus (AM), ou dois meses

cas do futebol.

pernambucanos ou brasileiros, por-

em Vilhena (RO) e outros dois em

Na praça do bairro onde morava,

que não era aluna da UFPE, apenas

Manaus, além de outros Destaca-

um treinador montou um time de

treinava diariamente futebol de

mentos, como Santarém e Concei-

futsal feminino e ela se infiltrou

salão e só podia participar de com-

ção do Araguaia, ambos no Pará.

na equipe. Eles jogavam com times

petições não oficiais.

Naquela época, não se exigia

de outros bairros, mas não era nada

Num desses jogos, foi vista pelo

só conhecimento técnico, mas

oficial naquele tempo. Mas compe-

técnico da seleção pernambucana,

também muita força física, pois

tir já acelerava o coração da nossa

que a convidou a fazer parte do ju-

realizar manutenção nos radares

atleta.

venil, aos 16 anos. Era a sua primei-

requeria um bom condicionamen-

14

A prática de Karla no futsal contribuiu para o trabalho em equipe aplicada no PROFESP

Assim foi que, aos 15 anos, quando

ra convocação. Depois, aos 17 anos,

to físico – visto que ficavam em

entrou para a Escola Técnica Federal

passou para o curso de Educação

torres de, aproximadamente, 25m

de Pernambuco, ficou sabendo das

Física na UFPE, engrenando, assim

de altura.

competições entre colégios, que

sua participação em competições


Equipe brasileira campeã de futebol feminino militar

universitárias.

O maior reconhecimento por todo empenho e trabalho dedicados ao futebol feminino militar do Brasil

Karla já havia somado mais de 20

nheiro Matinha, que havia sido seu

medalhas, dentre as quais as mais

instrutor no Instituto de Proteção ao

para a Copa Norte/Nordeste, em

importantes são as do Campeonato

Voo (IPV), no curso básico de radar.

Aracaju (SE), voltou campeã regio-

Norte-Nordeste Juvenil (campeã)

Após um ano no CINDACTA III, foi

nal juvenil de futebol de salão pela

e adulto (campeã); jogos universi-

promovida a Segundo Sargento, isso

equipe pernambucana. Começou,

tários pernambucano (bicampeã e

em 2007 e, como já fazia serviços

nessa época, a treinar na Associa-

vice) e Copa SESC (campeã).

administrativos para a Subdivisão

Quando completou 18 anos, foi

de Radares, foi escalada como secre-

ção Atlética Banco do Brasil (AABB) e

De 2000 até 2006 – período em

participar de competições regionais.

que permaneceu em Manaus - não

tária da DT, o que veio ao encontro

Estudava de manhã na universida-

treinou mais futsal, só quando

de seus interesses, já que não queria

de, à tarde fazia estágio e à noite

retornou ao curso de Educação

participar da escala de serviço

cursava o último ano na Escola Téc-

Física e à equipe da UFPE. Até 2008,

naquele período, em virtude de sua

nica. Treinava das 22h à meia-noite

continuou com a vida anterior de

busca por aprimoramento no fute-

e, no dia seguinte, às 7h, já estava na

trabalho, estudo e futebol, mas este

bol. Estava ficando cada vez mais

sala de aula da UFPE.

último apenas como hobby.

difícil compatibilizar seu quadro

Até aos 18 anos continuou nessa

Em Manaus deu continuidade ao

horário na faculdade com a rotina

vida de estudos, treinamentos e

curso de Educação Física na Uni-

de serviços em horários variados no

jogos. Foi quando saiu a lista para a

versidade Federal do Amazonas

decorrer da semana.

seleção pernambucana, sendo con-

(UFAM), mas não dava conta, por

vidada para a Taça Brasil de Clubes

conta dos períodos de comissiona-

rente e nova, mas estava disposta

de Futsal, em Campos do Jordão, SP.

mento e viagens, só conseguiu fazer

a trabalhar em qualquer lugar e

12 disciplinas.

sabia que ia se adaptar. Em 2008, foi

Mas – ao mesmo tempo – saiu o

Para Karla, a atividade era dife-

resultado do concurso para a Aero-

Transferida para o CINDACTA

eleita graduada-padrão, resultado

náutica. Continuou o treinamento,

III, em 2006, mudou sua rotina no

da sua empatia e visibilidade por

mas com muito medo de se ma-

trabalho. Não tinha tantas viagens e

trabalhar na secretaria.

chucar, pois estava prestes a fazer

seu trabalho se resumia em super-

o teste físico para o concurso. No

visão e fiscalização dos radares,

Sargento Karla, o Tenente-Coronel

fundo, já havia se decidido pela Ae-

alimentando o sistema de controle

Matinha já tinha ideia de seu

ronáutica, abrindo vaga de jogadora

de inoperância dos equipamentos.

desempenho, seu comprometimento

na equipe, saindo da competição esportiva.

Ao começar a trabalhar com a

O chefe da Divisão Técnica (DT)

e sua dedicação como técnica da

era o, então, Tenente-Coronel Enge-

área de radares. “A inteligência,

15


direto para a sala do chefe” – conta

a resiliência e o foco da sargento

de procedimentos de manutenção

Karla estiveram constantemente à

preventiva - de avaliar o tempo

Karla. Mesmo tendo tomado conhe-

prova, o que não deixava dúvidas

necessário para o cumprimento de

cimento tardio da seletiva da FAB

sobre sua capacidade. Ainda assim,

todas as atividades, o que propiciou

para jogadoras de futebol, as quais

ou talvez exatamente por isso,

uma economia de recursos para as

poderiam vir a ser aproveitadas

me surpreendeu a facilidade e a

próximas manutenções daqueles

em equipe mista com o Exército e

vontade demonstradas por ela em

equipamentos.

a Marinha e, em outro processo de

assumir essa nova função”.

O Coronel Matinha passou a

seleção, vir a representar o Brasil

conhecer melhor a vocação de Karla

em competição internacional entre

com desenvoltura e ajudando a

para os esportes, à essa altura, já em

Forças Armadas, ela, muito confian-

manter o foco na atividade fim da

proveito da própria organização,

te, disse ao chefe que seria capaz de

Divisão, à medida que todo o restan-

seja na aplicação dos testes físicos,

ter um bom desempenho.

te das atividades necessárias, ainda

seja em sua participação em diver-

que acessórias, acabavam sendo

sas equipes esportivas quando da

manhã seguinte, liguei para a CDA -

filtradas e muitas vezes executadas

realização da Taça Eficiência.

onde, em coordenação com compa-

Em pouco tempo estava atuando

“Confiei em sua autocrítica e, na

por ela. Além disso, participava

Em 2007, Karla participava de

nheiro de minha turma do Curso de

esporadicamente das missões de

diversas modalidades esportivas,

Comando e Estado-Maior (CCEM), o

manutenção, denominadas campa-

destacando-se tanto nas indivi-

qual coordenava as indicações para

nhas, de modo a manter-se atuali-

duais quanto nas coletivas. Mas o

a seletiva - seu nome foi incluído na

zada tecnicamente e não se afastar

futuro ainda lhe reservava grandes

lista das atletas a serem avaliadas e

por completo do dia a dia dos seus

surpresas.

ela teria que se apresentar naquele

companheiros de equipe. O Coronel Matinha conta que essa

Em janeiro de 2009, a Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA)

fim de semana para os testes” – confidencia o coronel.

proximidade e confiança no seu

mandou um rádio difral, informan-

critério de julgamento permitiu que

do que a FAB realizaria uma seletiva

representante da FAB na modalida-

ele a incumbisse em uma dessas

para futebol.

de, como foi incluída na equipe das

missões - quando estavam participando da atualização dos manuais

“Quando ouvi aquele rádio, meu coração disparou. Saí dali e fui

Ela não só foi escolhida como

Forças Armadas Brasileiras, o que considerava muito difícil ocorrer, a equipe era praticamente toda formada por atletas de alto nível.

Sargento Karla – campeã mundial de futebol feminino militar

Após alguns treinos nos fins de semana, foi liberada do serviço para melhorar o desempenho, afinal, ela estava na equipe que iria representar o Brasil no campeonato entre Forças Armadas nos USA. Só, adiantando, Karla foi à competição e retornou com a medalha de ouro! Nos três meses seguintes, de fevereiro a abril, investiu em treinos físicos e técnicos, fazia avaliação física corporal, participava de jogos amistosos, treinava com monitoramento GPS e frequência cardíaca e, no final de abril, saiu a relação de quem iria para o Mundial de Futebol Feminino Militar.

16


Alunos do PROFESP no CINDACTA III

Mérito Desportivo do Ministério da

sentir desanimada e resolveu parar

a treinar efetivamente em futebol

Defesa por ter se destacado em uma

com o futebol, porque não tinha

de campo. Até então só praticava

competição internacional.

Foi a partir daí que ela começou

futebol de salão.

Em 2009, quando voltou dos EUA,

mais expectativa. Ficou muito desestimulada. Além de cumprir com

foi convidada para o Clube Náutico

as suas obrigações como militar,

da Aeronáutica e mais 15 da Ma-

Capibaribe e, posteriormente, para

tinha também que cuidar da parte

rinha. A equipe recebeu o prêmio,

a Associação Vitória de Futebol. Pela

física e da parte técnica.

uma conquista inédita: estreando e

primeira vez na vida esportiva ela

ganhando da Alemanha.

recebia uma ajuda de custo. Pas-

que fica no interior do Estado. Tudo

sou a receber uma bolsa-atleta do

isto era muito desgastante. Canali-

hoje na reserva, era o técnico da

governo do Estado de Pernambuco

zei todos os meus esforços em algo

Seleção Brasileira Militar de Futebol

– a única do futebol que recebia o

que não obtive retorno. Assim, sem

Feminino e tem o que falar de Karla:

auxílio, isso porque tinha consegui-

expectativa de retornar à equipe,

“Dentre as principais características

do resultado internacional pela FAB.

resolvi parar de treinar futebol” -

Foram selecionadas três militares

O Suboficial Alexandre Mathias,

da Sargento Karla, podemos desta-

Permaneceu treinando futebol

“Eu percorria 50km até o clube,

desabafa. Em setembro de 2010, ela se

car a disciplina, a determinação em

no Vitória, com o objetivo de se

busca da vitória e o comprometi-

manter em forma e não perder o

aventurou em participar do pentatlo

mento com a equipe, fator este mui-

ritmo de jogo. Acreditando que em

militar, disputado na Academia da

to favorável para o nosso sucesso.

2010 poderia ser convocada para

Força Aérea (AFA). Era um desafio.

Além de ter notória sua habilidade

o Campeonato Mundial na França,

Já que não foi convocada para o fu-

futebolística, Karla também se

pois chegou a receber um telefone-

tebol, queria mostrar que seria boa

destacou no desempenho das suas

ma do Ministério da Defesa para ir

em qualquer modalidade competin-

funções táticas. No aspecto pesso-

se preparando, pediu liberação ao

do como militar.

al, sempre foi uma pessoa alegre e

comandante do CINDACTA III, Coro-

amiga, querida por todos do nosso

nel Xavier, para treinar uma vez por

modalidades – a que tivesse menos

convívio”.

semana. Quem sabe uma próxima

pontuação – seria nota descartada.

Tão impetuosa, sabia que uma das

Ser campeã mundial de futebol

convocação?! – pensava ela. Porém,

Tiro, basquete, pentatlo aeronáutico,

feminino militar foi um sonho que

não aconteceu: a equipe brasileira

natação e corrida de orientação ela

se tornou realidade, o ápice da sua

foi formada só com militares da

sabia que poderia ter boa classifi-

carreira esportiva. Foi agraciada,

Marinha.

cação. Mas esgrima? Nunca tinha

em março de 2012, com a Medalha

Karla, decepcionada, começou a se

tentado. Foi então para o Youtube.

17


Começou a assistir competições da

satisfeito com o resultado que ela

modalidade e “pegar os macetes”.

tem em campo. Faz tudo muito bem

Usou equipamento emprestado de

feito” – elogia.

um amigo e começou a praticar so-

Hoje, Karla faz parte do quadro de

zinha. Só treinou com outro parcei-

árbitros assistentes (bandeirinha)

ro quando chegou a Pirassununga

da FPF, já tendo atuado em impor-

para o campeonato. E qual não foi

tantes competições no Estado e,

a surpresa?! Na esgrima ela conse-

desde fevereiro de 2012 faz parte do

guiu o primeiro lugar e foi classi-

quadro nacional da CBF.

ficada em terceiro no geral! Isso

No jogo Santa Cruz x Serra Ta-

mesmo: Esgrima – 1º; Basquete – 2º;

lhada, o 1º jogo para a TV aberta

Tiro - 3º; Pentatlo – 3º; Orientação –

em Recife foi histórico, pois o

4º. Na natação não pontuou, sendo

comentarista do programa, Wil-

nota descartada.

son Souza Mendonça, elogiou sua atuação: “Karla botou para lascar,

Um novo estímulo: a arbitragem

lances difíceis , várias vezes para

No Mundial dos EUA, Karla conhe-

tos no primeiro tempo e dois gols

ceu o árbitro Marcelo de Lima Hen-

validados corretamente”. E, pen-

rique, fuzileiro naval, que a incen-

se! - ele nunca elogiou ninguém

tivou a seguir a carreira esportiva

publicamente na TV.

como árbitro. Durante os jogos, ele

Colombo Uliana conta que, assim

liderança, força de militar, excelen-

que entrou para a FPF, foi apre-

te condicionamento físico e ótimo

sentada ao quadro de árbitros e

desempenho em equipe - carac-

entre eles estava a Karla. “Muitas

terísticas importantes para

pessoas falavam que eu iria tirar

carreira consolidada e de vitórias como jogadora,

o espaço dela e já me consideravam sua inimiga. Como somos mulheres, estaríamos disputan-

mas estava encerrando.

do. Essas pessoas erraram feio,

Por isso ele sugeriu

pois a amizade que desenvolve-

que ela fizesse o

mos foi muito além do futebol.

curso e a indicou

Formamos uma ponte de apoio

para a Federação

uma com a outra, treinamos,

Pernambucana

discutimos lances, vamos às

de Futebol (FPF).

reuniões e trabalhamos em vários

Assim, no período

jogos juntas, que são diversão

de 2010/2011, ela fez o curso e formou-se árbitra

18

A árbitra e amiga Fernanda

percebeu que Karla tinha espírito de

um árbitro. Karla tinha uma

“Quero participar dos Campeonatos Mundiais Militares de Futebol Feminino, agora, se possível, na condição de árbitra”

dividir. Marcou três impedimen-

garantida, desde a preparação até depois da partida”. Uma sintonia

assistente. “É uma carreira difícil,

que deu certo e que passou inclu-

mas ela tem tido grande sucesso. O

sive para fora de campo. Fernan-

mérito é todo dela” – conta Mar-

da foi apresentada ao Forças do

celo, que teve a oportunidade de

Esporte através de Karla e hoje

trabalhar com Karla como bandeira

pode acompanhar e participar

no jogo Central x Náutico: “Ela fez

como voluntária. “A Karlinha é

um excelente trabalho. Fico muito

competente, responsável, dedica-


da, engraçada, proativa, inteligente, resumindo: fantástica! Seja no trabalho ou na sua vida pessoal. Tenho muito orgulho de ser sua amiga pra sempre!"

Forças no Esporte O PROFESP contribui para a inclusão social de crianças, adolescentes e jovens, por meio da prática de atividades desportivas. No CINDACTA III teve início em 2010, na gestão do Coronel Xavier. Todo esse investimento contribui para melhoria das avaliações didáticas e diminuição da evasão escolar e, nesse contexto, Karla está totalmente envolvida. É aí que agora está o seu trabalho: oferecer um futuro promissor através do esporte e gerar bons frutos.

Karla também auxilia na distribuição dos lanches

Seu espírito de voluntarismo é citado pelo Coronel Xavier, que o destaca como uma das características profissionais da militar. “A dedicação que ela teve na implementação do Forças no Esporte foi importante, pois precisávamos de voluntários que fossem capazes de conceber o termo de convênio com o Ministério da Defesa, estabelecer as parcerias com os órgãos ligados à Educação na administração estadual, bem como definir o modus operandi da atuação do CINDACTA III junto aos jovens que passariam a viver parte de suas jornadas educativas dentro da Organização”. A Sargento Karla abraçou estas tarefas com determinação, eficiência e entrega. Hoje dedica seu tempo à tarefa de trazer a possibilidade de um mundo melhor e mais promissor à crianças que, antes de ingressarem no Projeto, não conseguiam imaginar um futuro além do dia seguinte em suas vidas. “Se o Forças no Esporte no CINDACTA III foi e

ainda é considerado um projeto de

PROFESF investisse naquele futuro

execução e de gestão, com certeza a

atleta.

dedicação e o trabalho inconteste da

Em 2013, dois irmãos, Deiziane e

Sargento Karla, ao longo dos últimos

Deivison, após serem treinados em

anos, foi fator determinante desse

atletismo por dois anos seguidos no

sucesso, graças aos seus inúmeros

programa, participaram de vários

atributos éticos e profissionais" –

festivais da modalidade, sendo iden-

declara o Coronel Xavier.

tificados como talentos esportivos,

A prática de Karla no futsal con-

de acordo com os índices de cada

tribuiu para o trabalho em equipe

um. Em agosto deste ano, eles parti-

aplicada no PROFESP. As crianças

ram para um intercâmbio esportivo

aprendem a ter um raciocínio lógico

no Canadá.

e rápido, usando a cooperação para

Em 2015, outro exemplo citado

desenvolver outras habilidades físi-

pela equipe do PROFESP foi o

cas e motoras.

ocorrido na V Copa Nordeste de

O PROFESP tem descoberto novos

Orientação e a II Copa de Inclusão

talentos que são encaminhados à

Social do Programa Forças

iniciação de alto rendimento do Es-

no Esporte (CISO), que reuniu

tado, como aconteceu em 2011, com

participantes do PROFESP de quase

Marcílio, na época com 14 anos. Ele

todo o Brasil, quando o CINDACTA

quebrou o recorde pernambucano

III enviou cinco jovens atletas

infantil dos 100m rasos ao parti-

estreantes com a supervisão e a

cipar da Olimpíada do Forças no

orientação técnica das sargentos

Esporte, onde, na ocasião, encontra-

Karla e Wilma. O resultado foi

va-se o técnico de atletismo do Sport

brilhante: Laiza Tavares de Melo,

Club do Recife, que pediu para que o

da Escola Roberto da Silveira, foi a 19


uma visão diferenciada, é comprometida e proativa. Destemida, Karla corre atrás do que precisamos aqui no projeto e está sempre engajada em qualquer necessidade das crianças, principalmente com a segurança. É muito bem articulada no meio e, se há problemas, vai lá e tenta resolvê-los. Ela se transforma para resolver as coisas” – declara Wilma. O Suboficial Wladimir Albuquerque Silva, coordenador-geral do PROFESP no CINDACTA III, declara que trabalhar com a sargento Karla lhe dá muito conforto: “Ela sempre traz novidade e me surpreende. Ela tem esse dom, de inovar todos os dias nas atividades com os alunos, trazendo melhorias para o trabalho com os jovens. É uma líder de equipe, dinâmica, sai da mesmice e consegue aproximar as

“Não pendurei as chuteiras, continuo atuando nos campos e estádios de futebol. Pendurei sim, as caneleiras. Deixei de estar dentro do campo como atleta para estar na lateral como árbitra”

pessoas, transformando o grupo em uma família. Temos um convívio excelente e nossas horas aqui parecem poucas, por ser um ambiente produtivo e não desgastante. Com uma equipe unida, o trabalho se torna prazeroso”. Sobre o resultado do PROFESP na vida desses jovens, Albuquerque conta: “Eles saem daqui querendo ser como Karla, como Wilma. É gratificante para nós, que temos como foco a socialização desses jovens. Karla é uma peça fundamental, vital para

primeira colocada. Outro aluno, Alisson Gustavo dos

a sobrevivência do nosso trabalho, assim como

Santos, alcançou a quarta colocação.

Wilma. Karla é uma criança e nada melhor do que

A sargento Wilma Barbosa é uma das coordenadoras do PROFESP e foi convidada por

colocar uma criança responsável para trabalhar com outras crianças”.

Karla a participar do programa por seu perfil de

20

educadora e pelas conquistas no esporte. É uma

Satisfação pessoal

atleta de renome na FAB na corrida de orientação

O PROFESF trouxe uma nova realidade, novos

– mas nunca havia sido indicada para receber

horizontes e um rumo diferente para esses jovens. A

a medalha mérito desportivo. Karla sempre se

estatística já mostra a diminuição da evasão escolar,

indignou com isso. Incomodada, um dia teve

a melhoria do rendimento do estudante e o despertar

a oportunidade de falar sobre o assunto com

do prazer pela prática de atividades físicas. Todo esse

o Brigadeiro Pinto Machado. Na época ele era

trabalho, do qual faz parte a sargento Karla, contribui

comandante do Comar II e iria para a presidência

para a melhoria da qualidade de vida desses estudan-

da CDA em seguida. Após contar o histórico

tes. Todos ganham, os alunos, a escola, a família, o

das vitórias e medalhas que Wilma conquistou

CINDACTA III e, principalmente, a sociedade em geral.

como atleta, o que ele reconhecia, a militar foi

“Poder encaminhar esses jovens para uma vida com

condecorada com a referida medalha, sendo –

propósitos e expectativas salutares de crescimento

finalmente, condecorada pelo seu esforço e sua

como cidadãos é gratificante, principalmente se você

dedicação à FAB.

é testemunha da mudança de comportamento que

“Desde o início percebi o quanto Karla é atenciosa

traz bons resultados. Melhor ainda é saber que você

com os jovens, sempre voltada para o desenvolvimen-

está inserido nesse processo, como ponte, ligando-as

to de cada um e muito focada nos resultados. Ela tem

à uma transformação de vida” – finaliza Karla.


Voando com tecnologia no IU-50 Legacy 500

Reportagem Especial

Surpreenda-se com o novo Laboratório Voador do GEIV Por Daniel Marinho Fotos de Fábio Maciel e Luiz Eduardo Perez

D

e fora, parece um avião qualquer. Mas, não é.

substituição dos Bandeirantes, já obsoletos para a

A 15ª aeronave da linha de produção da Em-

função. A nova aeronave oferece uma infinidade

braer cognome Legacy 500 (EMB550) é diferente.

de novos recursos e funcionalidades, tecnologia

Completamente adaptada pela FAB para uso do

de ponta, alta performance, design moderno,

Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV).

sistemas embarcados de última geração. A nova

Com um laboratório de grande porte embarcado

menina dos olhos do GEIV começará a mostrar

em seu interior, o avião foi remodelado e instru-

serviço imediatamente e promete dizer a que

mentalizado para, em voo, aferir todo e qualquer

veio.

um dos instrumentos de auxílio de voo e procedimentos de navegação aérea em operação no País. Verificar e, quando necessário, corrigir a precisão

Principais particularidades Mas afinal, o que essa belezura de traços firmes

dessas infraestruturas que viabilizam o voo por

e curvas longilíneas tem de tão especial? Como é

instrumento no território nacional.

o seu desempenho no ar? Qual é sua capacidade

A primeira das seis novas unidades do IU-50

operacional? Qual o ganho para a atividade de

que irão compor a nova frota do GEIV aterrissou

inspeção? Quais benefícios confere à tripulação?

no Santos Dumont no dia 23 de setembro, com

Quais os mais importantes predicados deste labo-

pompa e circunstância, iniciando o processo de

ratório voador, fabricado e montado no Brasil?

21


Legacy taxia na pista do Santos Dumont pouco antes de chegar à solenidade de apresentação no GEIV

De brasileiro para brasileiro: o melhor Com o avanço da tecnologia, sobretudo a transição

pressurização e alcance superior que as demais. Alçado à vanguarda do que existe de mais atuali-

para um voo cada vez mais digitalizado e orientado

zado no mundo para a atividade, o GEIV projetará

por sistemas satelitais, novos recursos de navegação,

internacionalmente a inspeção em voo e a indústria

comunicação e vigilância aérea surgiram e foram

aeronáutica brasileira.

aprimorados ao longo dos últimos anos. Particularmente, os procedimentos de navegação aérea

Inspeção em voo Fly-by-Wire

(trajetórias de voo homologadas, com um objetivo de

O Legacy 500 é o primeiro modelo midsize com uso

voo específico) incorporaram modernas tecnologias

100% de tecnologia Fly by Wire: sistema eletrônico

que exigem equipamentos compatíveis a bordo das

que transmite os comandos do piloto – a partir do

aeronaves a fim de monitorar e indicar, com preci-

cockpit – aos flaps, leme e outras partes móveis do

são, desvios mínimos do avião em relação à trajetória

avião digitalmente. E não mais por meio de cabos,

de voo prevista.

roldanas e peças de transmissão mecânicas.

O Legacy 500 é uma aeronave executiva, midsize

22

Quando acionados pelo piloto, esses sistemas

(médio porte), com motorização turbofan Honeywell

inteligentes transmitem a informação a partir

HTF7500, bimotor com alcance intercontinental. Ao

de cálculos complexos, evitando, por exemplo,

optar pelo modelo da Embraer, a FAB equipou – con-

que comandos excedam os limites estruturais do

forme suas necessidades operacionais – um modelo

jato e proporcionam um substancial aumento da

que já fora concebido para romper paradigmas, ao

confiabilidade de voo. Sem cabos e roldanas de

destoar da concorrência na classe midsize, desde

transmissão, há também sobra de espaço e uma

suas primeiras entregas em 2014. É uma aeronave

diminuição no peso de decolagem. O controle da

maior, mais rápida, com mais autonomia, melhor

aeronave ganha em precisão, a manutenção fica


mais simples e, por extensão, a carga de trabalho

O Legacy IU-50 está apto a inspecionar os auxílios e

da tripulação é aliviada. A tecnologia, até então, só

procedimentos de navegação que se fizerem neces-

estava disponível em jatos comerciais de grande

sários.

porte ou jatos executivos maiores, de custo mais elevado. Por ora, a frota do GEIV será a única do

Mais inspeções em um só voo

mundo a dispor de aeronaves-laboratório fly-by-wire.

O IU-50 proporcionará importantes ganhos operacionais ao GEIV. Entre os seus concorrentes, o Legacy

Mais capacidade para a inspeção

500 é a aeronave que precisa de menos pista para

Embarcado no avião, o sistema de inspeção em voo

pouso e decolagem, bem como a que possui maior

UNIFIS 3000, da NSM – Norwegian Special Mission, será capaz de aferir todos os procedimentos de na-

autonomia de voo. Resultado: com um alcance de voo de 5.787 Km

vegação aérea em operação atualmente, em especial

(3.125 NM) e a necessidade de apenas 1.245 metros

os afinados ao conceito de Navegação Baseada em

(4.084 pés) de pista para decolagem, o Legacy 500

Performance (navegação aérea orientada por satéli-

consegue partir completamente abastecido do Rio de

tes, grosso modo).

Janeiro rumo a qualquer aeroporto da região norte

Neste caso, incluem-se os de alta precisão, como o

do País sem pouso intermediário para reabasteci-

RNP AR (Required Navigation Performance – Autho-

mento, o que não é possível com as aeronaves atuais

rization Required). Os procedimentos do gênero, até

do GEIV.

então publicados pelo DECEA, foram homologados

Naturalmente, quanto maior a autonomia de voo,

pelo GEIV com um piloto inspetor da unidade a bordo

maior o alcance da aeronave. Consequentemente,

de aeronaves de companhias aéreas, em função da

melhor o aproveitamento da missão, com mais ins-

indisponibilidade dessa capacidade na antiga frota.

peções em voo para cada decolagem realizada.

Cabine de comando do Legacy 500 - IU-50 23


À Primeira Vista Alcance de voo - nm 3.125 --------------------------------------------------------------------------------------------Assento 8-12 --------------------------------------------------------------------------------------------Capacidade de bagagem total - pés cúbicos 155 --------------------------------------------------------------------------------------------Comprimento da pista de decolagem - pés 4.084 --------------------------------------------------------------------------------------------Tração do motor - lbf 7.036 --------------------------------------------------------------------------------------------MMO - Mach 0,83 --------------------------------------------------------------------------------------------Altitude operacional máxima - pés 45.000 --------------------------------------------------------------------------------------------Suíte de aviônica Rockwell Collins Pro line Fusion

Aumento da Consciência Situacional

Sistema de Visão Sintética) proporciona ao piloto

Outro destaque é o aumento da consciência

uma melhor consciência da operação, sobretudo,

situacional da tripulação. As telas de 15 polegadas

em condições de baixa visibilidade e no sobrevoo

do painel de comando (as maiores entre os jatos

de territórios desconhecidos. O sistema integra um

da classe) permitem a visualização de cartas de

banco de dados de terrenos e relevos, visualizados

navegação georreferenciadas, grafismos de orien-

em tempo real, conforme a localidade da aeronave.

tações para voo por instrumento, imagens das

O SVS oferece ao piloto uma visão tridimensional

superfícies/relevo virtualizadas, além de outras

altamente detalhada do solo sob o seu avião, ainda

importantes informações ao longo do voo.

que em condições de voo por instrumento com

O SVS – Synthetic Vision System (em português,

24

Interface do Sistema de Inspeção em Voo UNIFIS 3000, instalado no interior do Legacy 500

visibilidade nula.

Imagem viabilizada pelo Synthetic Vision System


Piloto usa a tela touch screen para executar uma operação de voo (Rockwell Collins – divulgação)

Aeronaves disponíveis por mais tempo

Aviônicas entre as mais avançadas do mundo

Há um aspecto importante quanto à logística das

O sistema de aviônica do Legacy 500 é o Rockwell

operações das aeronaves do GEIV. Para efeito de com-

Collins ProLine Fusion, considerado um dos mais

paração, enquanto o jato Hawker HS800X e o Bandei-

avançados do mundo.

rante IC-95 (ambos da atual frota do GEIV) precisam

Altamente intuitivo, proporciona ampla consci-

ser inspecionados a partir de 200 e 150 horas de voo,

ência situacional ao piloto. É um sistema expan-

respectivamente, o Legacy 500 será inspecionado a

sível de modo a satisfazer as futuras exigências

cada 750 horas de voo. Essa diferença de tempo subs-

tecnológicas do setor aeroespacial. Inclui, entre

tancial irá impactar nas operações. Aumentando o in-

outras, as seguintes funcionalidades:

tervalo entre essas averiguações, aumenta-se em igual

• quatro telas LCD de 15 polegadas (alta resolução)

proporção a disponibilidade das aeronaves, que irão

com representação de visão sintética, resolução

operar por mais tempo. Caberá, ao Parque de Material

do terreno e de obstáculos;

de Aeronáutica do Galeão (PAMA-GL) o gerenciamento do Contrato de Suporte Logístico do IU-50.

• interface homem-máquina incluindo capacidade gráfica para planejamento de voo;

25


Batismo do FAB 3601 – IU-50

• sistemas integrados de informação de voo (IFIS)

taforma de inspeção em voo mais moderna do mundo”.

com boletins eletrônicos, mapas aperfeiçoados e

Ele ressaltou que a ideia é “fazer o uso intensivo dessa

leitor de documentos; • sistema de gerenciamento de voo (FMS) com

tecnologia, garantindo a segurança da navegação aérea no Brasil, que é o elemento inegociável e o bem maior

precisão expandida e aproximação vertical guiada

do SISCEAB, permitindo que, através de inspeções em

por localizador (WAAS/LPV), performance de

voo seguras e rápidas, tenhamos uma aviação com

navegação requerida (RNP);

a regularidade necessária para a condução da nossa

• sistema de vigilância de tráfego com capacidade

sociedade, que tanto espera e confia no nosso trabalho.

para vigilância dependente automática por radio-

Temos correspondido a essa expectativa através de

difusão (ADS-B);

resultados dos últimos eventos recentes que engrande-

• capacidade de rede, permitindo interoperabili-

ceram o SISCEAB com números indicadores reconhe-

dade para sincronização de sistemas da aeronave

cidos como padrão de excelência. Nossa missão agora

(e de solo) nas atualizações de banco de dados e

é manter e até superar esses bons resultados. Portanto,

manutenção.

vamos dar as boas-vindas ao GEIV 01 – FAB 3601 que, a partir de agora, segue para fazer inspeção com grandes

O Sistema de Aviônica Rockwell Collins ProLine Fusion já foi selecionado para 17 plataformas de

demandas”. O comandante do GEIV, Tenente-Coronel Aviador

aeronaves, entre elas o futuro avião de transporte/

Marcelo Lima Pinheiro, após o recebimento da nova

abastecimento da FAB, o KC-390, também fabricado

aeronave, afirmou que o momento materializava, para

pela Embraer.

cada integrante da inspeção em voo, a importância da contínua dedicação aos estudos com o objetivo perma-

26

O batismo do IU-50

nente de realizar a implantação do projeto dentro dos

Ao receber a nova aeronave, o Tenente-Brigadeiro

mais rigorosos padrões de segurança necessários. “O

do Ar Carlos Vuyk de Aquino, diretor-geral do DECEA,

GEIV ratifica ao DECEA o seu compromisso em manter

afirmou que o GEIV estava escrevendo um novo capítu-

a elevada qualidade no cumprimento de sua missão e

lo em sua história de inspeção em voo: “Voando com a

garantir o fortalecimento da soberania, da integração

tecnologia seria o título, pois estamos recebendo a pla-

nacional e do controle do espaço aéreo brasileiro”.


Reportagem

Balanço do tráfego aéreo na Rio 2016 destaca recorde de pontualidade

A

Força Aérea Brasileira (FAB) atuou em várias frentes para

garantir a segurança e a fluidez das operações aéreas dos mais de um milhão de pessoas, entre atletas, delegações e turistas, que se deslocaram pelos aeroportos brasileiros durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Uma delas foi a coordenação da Sala Master de Comando e Controle, no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), no Rio de Janeiro. Representantes do governo, companhias aéreas e aeroportos acompanharam o deslocamento de atletas, animais e equipamentos utilizados nas competições, além do monitoramento dos voos de chefes de Estado e autoridades governamentais. Experiência já testada com sucesso durante outros grandes eventos, como a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em 2012; a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude, ambas em 2013; a Copa do Mundo, em 2014. O número de instituições agregadas na Sala Master aumentou de 17 (durante o Mundial de Futebol de 2014) para 38 posições de trabalho nos Jogos Rio 2016, com a participação de 21 organizações, sete ministérios do Governo Federal e o trabalho de 124

Por Denise Fontes Fotos: Fábio Maciel

Cerca de 150 mil movimentos aéreos foram registrados nos aeroportos brasileiros durante os eventos esportivos

pessoas. Para o chefe do Subdepartamento de Operações do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (SDOP/ DECEA) e coordenador da Sala Master, Brigadeiro do Ar Luiz Ricardo de Souza Nascimento, essa integração facilitou as tomadas de decisões, minimizando os impactos de possíveis atrasos.

27


Esquema de Segurança

aeronaves de reconhecimento,

Para atender a demanda de fluxo de

patrulha marítima, radar,

da para os pilotos foi o envio de planos

voos e a complexidade imposta pelo

reabastecedores, busca e salvamento,

de voo pela internet, através do Siste-

acionamento das áreas de exclusão,

transporte aerologístico e aeronaves

ma Integrado de Gestão de Movimen-

um esquema especial de controle de

remotamente pilotadas (ARP), que

tos Aéreos (SIGMA).

tráfego foi ativado durante os Jogos

ficaram de prontidão na capital

Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.

fluminense e em outros pontos do País

no aeroporto Internacional Tom Jobim,

para acionamento.

durante os Jogos Olímpicos, a Torre de

A Área de Controle Terminal (TMA) Rio, a segunda maior do País, teve

A área de exclusão teve por objetivo

Outra funcionalidade disponibiliza-

Para atender o aumento de tráfego

Controle do Destacamento de Controle

sua configuração modificada por

garantir a defesa do espaço aéreo e

do Espaço Aéreo do Galeão (DTCEA-GL)

conta das restrições de segurança.

um fluxo de tráfego aéreo seguro e

teve suas posições duplicadas.

Foram ativadas zonas de exclusão

ordenado. Essas medidas também

para sobrevoo no Rio de Janeiro e nas

foram empregadas pelo Brasil na Copa

Atuação das Forças Armadas

cidades que realizaram partidas de

do Mundo de 2014.

Nos 58 dias de atividades de defesa

futebol – quando o espaço aéreo foi

A preparação do DECEA incluiu

para a área de segurança nos Jogos

dividido em três áreas, demarcadas

também o treinamento de mais de dois

Rio 2016, 23 mil militares da Marinha,

nas cores branca, amarela e vermelha,

mil controladores de tráfego aéreo,

Exército e Aeronáutica foram

com restrições distintas, onde só era

através do Programa de Simulação de

acionados.

permitido o sobrevoo de aeronaves

Movimentos Aéreos (PROSIMA), com

autorizadas pelo Comando de Defesa

a análise das lições aprendidas em

onde foram realizadas competições

Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA).

grandes eventos e os voos com novos

de futebol, 43 mil homens e

procedimentos de chegada e partida.

mulheres atuaram durante os

Para garantir o cumprimento dessas

Em todo Brasil, nas cinco cidades

normas e atuar, de forma geral, nas atividades de defesa aérea, foram diretamente empregados 80 meios aéreos, entre caças, helicópteros,

28

Militares e civis trabalharam juntos na Sala Master

Controladores de tráfego aéreo capacitados pelo PROSIMA para a Rio 2016


eventos esportivos. Na defesa

a cerimônia de encerramento da

5%, ficando abaixo da média nacional

aeroespacial, a FAB realizou 35

Olimpíada.

que é de 10%.

missões de interceptação, sendo

Segundo dados do CGNA, o Galeão

Com relação aos atrasos, para efeito

oito de interrogações e quatro com

teve 524 pousos e decolagens,

comparativo, na Copa do Mundo a

ocorrências de alteração de rota.

sendo 367 voos domésticos e 157

pontualidade foi de 91,2% e nos Jogos

internacionais. O pico de tráfego aéreo

Olímpicos e Paralímpicos de Londres,

monitoramento, vigilância e proteção

foi registrado entre 8h e 9h e 21h e

em 2012, foi de 90,77% e 89,98%,

de 139 estruturas estratégicas em

22h, com 33 pousos e decolagens por

respectivamente.

todo o País. Na cidade do Rio, as Forças

hora. Esse aumento foi decorrente

Armadas garantiram a segurança de

do regresso de chefes de Estado,

Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos

73 estruturas estratégicas.

delegações de atletas, família olímpica

Vuyk de Aquino, o resultado é fruto

e turistas aos seus países de origem.

de planejamento, treinamento

As operações contaram com

Tráfego aéreo

Para o diretor-geral do DECEA,

e coordenação entre os órgãos

Pontualidade

envolvidos. “O trabalho colaborativo

setembro, os aeroportos do Galeão

Apesar do aumento do fluxo

realizado entre as áreas de defesa

e Santos Dumont (RJ), Congonhas,

de passageiros, a pontualidade

aérea e controle de tráfego aéreo, a

Guarulhos e Viracopos (SP), Confins

dos nove principais aeroportos

infraestrutura aeroportuária e as

(MG), Salvador (BA), Manaus (AM) e

(Galeão, Santos Dumont, Guarulhos,

empresas aéreas contribuíram para os

Brasília (DF) registraram cerca de 150

Congonhas, Viracopos, Confins,

índices positivos”, avalia.

mil movimentos aéreos.

Brasília, Salvador e Manaus) foi

No período de 4 de agosto a 19 de

Já o Brigadeiro Luiz Ricardo atribuiu

em torno de 95% - bem acima da

o sucesso ao esforço de planejamento

movimentos aéreos e o Galeão, 19

excelência prevista no planejamento

antecipado para os Jogos, assim

mil. O dia de maior movimento aéreo

do setor de aviação civil para o

como a integração das organizações

foi em 22 de agosto, um dia após

período. O índice de atrasos foi de

governamentais com participação do

O Santos Dumont teve 14 mil

setor da aviação. “Tenho certeza que fomos medalha de ouro”, destacou o oficial-general sobre a atuação do DECEA nos Jogos Rio 2016.

Monitoramento dos voos na Sala Master 113 95 109 159 838 354 04

voos VIP voos dignatários com chefes de Estado voos dignatários acompanhados a partir da aviação regular deslocamentos da família olímpica e paralímpica voos de monitoramento para segurança voos da empresa de comunicação da Rio 2016 apresentações da Esquadrilha da Fumaça

29


Seção

Conhecendo o DTCEA Recife - PE

Por Daisy Meireles Fotos: Luiz Eduardo Perez

Rumo à excelência. Esse é o lema do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Recife, que foi certificado na ISO 9001:2008 em 2009 e continua mantendo sua excelência até hoje. Tornou-se a primeira organização da Força Aérea Brasileira (FAB) a ganhar o Prêmio da Qualidade e Gestão Pernambuco (PQGP), na categoria bronze do Rumo à Excelência.

Histórico

Recife (BARF) ficam a Estação Me-

Em 30 de outubro de 1979, através

teorológica de Superfície (EMS-1), a

da Portaria nº 1.351/GM3, foi cria-

Torre de Controle com sua Secreta-

do o Destacamento de Proteção ao

ria, a Subseção de Instrução e Atua-

Voo de Recife – DPV-RF, que teve a

lização Técnico Operacional e a As-

denominação alterada para DTCEA-

sessoria de Investigação e Prevenção

-RF - Destacamento de Controle do

de Acidentes e Incidentes do Contro-

Espaço Aéreo de Recife - em 27 de

le do Espaço Aéreo (ASSIPACEA-RF).

fevereiro de 2003, pela Portaria nº 183/GC3. Sua missão é prestar o serviço de

Dos militares três são oficiais: o

controle do espaço aéreo à aviação

Capitão Aviador José Pedro da Sil-

civil e militar na área de abran-

va Neto – comandante; o 1° Tenen-

gência do aeródromo de Recife, de

te Especialista em Meteorologia

forma a garantir a segurança, o or-

Marco Aurélio Stiirmer – chefe das

denamento e a fluidez do tráfego

Seções Administrativa, Técnica e

aéreo.

Operacional, Meteorologia e Infor-

O serviço prestado pelo DTCEA-RF compreende as atividades de controle de tráfego aéreo, informação de voo, alerta, informações aeronáuticas, meteorologia aeronáutica e telecomunicações aeronáuticas. Fisicamente, o DTCEA-RF está localizado no Aeroporto Internacional Guararapes/Gilberto Freyre – Recife. Lá ficam o Comando, as seções Administrativa, Técnica e Operacional onde estão inseridos o Centro de

30

O DTCEA-RF possui 76 integrantes, sendo 12 civis e 64 militares.

mações Aeronáuticas; o 1° Tenente Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Luiz Carlos Gomes Rodrigues - chefe da Torre de Controle (TWR SBRF), da ASSIPACEA-RF e da Seção da Qualidade. Há 55 graduados nas especialidades de controle de tráfego aéreo, informações aeronáuticas, meteorologia, administração, técnicos e comunicações, além de um cabo e cinco soldados.

Informação Aeronáutica de Recife

Dos civis, dez são controladores de

(C-AIS RE) e a Seção da Qualidade.

tráfego aéreo, um profissional AIS e

Em outro prédio, na Base Aérea de

um auxiliar operacional.


O comandante

Em 2014, foi designado para tra-

O Capitão Aviador José Pedro

balhar no Terceiro Centro Integrado

da Silva Neto é o comandante do

de Defesa Aérea e Controle de Tráfe-

DTCEA-RF. Nascido na cidade de

go Aéreo (CINDACTA III), assumin-

Natal - RN, tem 33 anos e é casado

do a chefia da Secretaria da Divisão

com Juliana Corrêa Bento, com

de Operações (OSEC) e do Centro de

quem tem dois filhos: Mateus e

Controle de Área de Recife (ACC-RE).

Milena. É formado em Ciências

Logo depois, assumiu o comando do

Aeronáuticas na Academia da Força

DTCEA-RF, em 14 de julho deste ano.

Aérea (AFA) e tem especialização em Gestão Pública e Emprego da Força Aérea pela Universidade da Força Aérea (UNIFA). Sua carreira militar teve início em 1999, na Escola

Preparatória

de

Cadetes

do Ar (EPCAR), como aluno, onde permaneceu por dois anos. Em 2001, seguiu para a AFA, con-

As facilidades Devido à proximidade física do Destacamento com o CINDACTA III, há facilidade na manutenção dos equipamentos, que são providos pela Divisão Técnica, pois o DTCEA-RF tem uma equipe reduzida de

cluindo o curso de formação de ofi-

técnicos para serviços de pe-

cial aviador em 2004, sendo clas-

queno porte e emergenciais.

sificado no Primeiro Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (2º/5º GAv).

Parte das tarefas administrativas são auxiliadas pela Divisão Administrativa do CINDACTA III,

Em 2006, foi transferido para o

como por exemplo o fornecimento

Primeiro Esquadrão do Sexto Grupo

de itens de almoxarifado e compra

de Aviação (1º/6º GAv), onde perma-

de materiais.

neceu por nove anos e foi homologado instrutor de Reconhecimento Aéreo nas aeronaves R-95A (Bandeirante), R-35A/AM (Learjet-35A) e líder de esquadrilha da aviação de Reconhecimento.

Sistema de Gestão da Qualidade Desde 1998, ainda como DPVRF, buscava ser uma instituição reconhecida nacionalmente pela

31


e Coordenação Industrial (IFI) para receber o Certificado do Sistema de Gestão da Qualidade. Em março de 2003, já com nova denominação, o DTCEA-RF migra para a NBR ISO 9001:2000, com êxito na auditoria para adequação de requisitos da nova norma. Assim, prosseguiu com os trabalhos de ajuste de documentação, visando à inclusão da Torre de Controle de Recife (TWR-RF) no Sistema de Gestão da Qualidade. Em setembro do mesmo ano, recebeu os técnicos para a realização de auditoria externa de certificação da TWR-RF. Capitão Pedro – comandante do DTCEA-RF

Com os resultados positivos que obteve, foi recomendado a fazer parte do rol das empresas certificadas e passa a

aviação civil e militar como modelo de excelência na prestação dos serviços de controle do espaço aéreo no SISCEAB. O DPV-RF iniciou em 1999 a implantação do Sistema de Gestão da Qualidade na Sala AIS, aplicando o Programa 5S, dando o passo inicial para ajuste e adequação de documentos, treinando o pessoal no Sistema de Gestão da Qualidade. Com a sequência desses trabalhos, no mês de junho de 2000, o DPV-RF recebeu os técnicos para a auditoria de certificação na Norma NBR ISO 9002:1994, sendo o primeiro órgão do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) a ter o reconhecimento de Sistema de Gestão da Qualidade. Em virtude dos trabalhos realizados e por estar adequado com os requisitos da Norma, o então DPV-RF foi recomendado pelo Instituto de Fomento

32

Seção de Meteorologia do DTCEA-RF

ser o primeiro órgão de tráfego aéreo no Brasil a receber certificação do Sistema de Gestão da Qualidade da Norma NBR ISO 9001:2000. Em 2009 houve o aumento do escopo e todo o destacamento foi certificado na ISO 9001:2008. Recebeu, em 2010, o reconhecimento do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), por intermédio de um certificado conferido pelo diretor-geral, por ter completado dez anos consecutivos de manutenção da certificação conferida pelo IFI. Neste mesmo ano, tornou-se a primeira organização da Força Aérea Brasileira (FAB) a ganhar o Prêmio da Qualidade e Gestão Pernambuco (PQGP), na categoria bronze do Rumo a Excelência. O PQGP é o maior reconhecimento público estadual concedido às organizações públicas e privadas que investem e se destacam na adoção de práticas de gestão, alinhadas aos Critérios do Modelo de Excelência e Gestão (MEG).

Seção Administrativa do DTCEA-RF


Vila Habitacional em Boa Viagem - Recife

Hospital de Aeronáutica de Recife

O DTCEA-RF recebeu os relatórios finais das auditorias

te da sala AIS-RF) o C-AIS RE, que consiste em prestar

pelas quais foi submetido nos meses de setembro e outu-

serviços de informações aeronáuticas, receber planos

bro de 2015 e continua mantendo sua excelência.

de voo (completos ou simplificados) e suas mensagens

Com relação ao Sistema de Gestão da Qualidade,

de atualização, para voos que se originarem no territó-

auditado pelo IFI, o DTCEA-RF obteve a recertificação,

rio brasileiro, militares ou civis, bem como as mensagens

conforme os requisitos da norma NBR ISO 9001:2008.

CONFAC (Controle e Fiscalização da Aviação Civil), pre-

Segundo o Relatório de Avaliação da Eficácia dos Pro-

sencialmente, pela internet, por telefone ou fax-símile. A

cessos (RAEP), o Destacamento atingiu o Nível de Efi-

exceção será a apresentação de mensagens de plano de

cácia 4, onde os processos são implementados e os

voo repetitivos, onde somente veicularão por esta central

resultados planejados são atingidos, não sendo cons-

as mensagens de atualização: DLA (mensagem de atra-

tatada nenhuma não conformidade.

so), CHG (mensagem de modificação), CNL (mensagem

O RAEP destaca, ainda, como pontos fortes e boas prá-

de cancelamento de plano de voo).

ticas, "a transparência, a receptividade e o envolvimento

Cabe ressaltar, ainda, que o DTCEA-RF, através da Sub-

dos auditados; a organização do ambiente de trabalho

seção de Garantia da Qualidade (SSQ-RF), aplicou uma

e o quadro utilizado pela secretaria da TWR SBRF para

Pesquisa de Satisfação do Usuário em 2015, obtendo os

identificar a situação do servidor/militar (férias, licença,

seguintes resultados de satisfação setorial:

escala, validade da Carteira de Habilitação Técnica, ins-

 TWR SBRF - 98,97%

peção de saúde etc.) e a implementação do Sistema Inte-

 Informação Meteorológica - 98,53%

grado de Gerenciamento de Movimentos Aéreos (SIGMA). No início de julho de 2016, foi implantado (no ambien-

TWR SBRF

 Informação Aeronáutica - 93,01%  Satisfação geral – 97,28%

C-AIS – RE

33


O DTCEA-RF também recebeu o “Prê-

vado o exímio esforço dos integrantes

bas geridas pela associação de morado-

mio ASOCEA”, referente à segurança

da ASSIPACEA-RF que se mostraram

res das respectivas vilas. Todos os mili-

operacional, por duas vezes, em 2010 e

excepcionalmente comprometidos com

tares residentes nas vilas e respectivas

2012, que é outorgado aos provedores

o desenvolvimento de uma Cultura de

famílias têm o direito de frequentar os

que atingem expressivos graus de con-

Segurança Operacional na rotina dos

ambientes. Os não residentes podem se

formidade com as normas do DECEA,

PSNA do DTCEA-RF".

associar e usufruir das áreas de lazer.

no que tange ao alcance e à manutenção do nível aceitável de segurança operacional na prestação de serviços de navegação aérea no SISCEAB.

O DTCEA-RF conta com a estrutura habitacional disponibilizada para a

Referente à Avaliação do Desempe-

Guarnição de Aeronáutica de Recife, e

nho da Segurança Operacional do Sis-

não há militares na fila de espera para

tema de Gerenciamento da Segurança

serem atendidos com Próprio Nacional

Operacional (SGSO) 2015, realizado

Residencial (PNR).

pela Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes e Incidentes do Controle do Espaço Aéreo (SIPACEA3) - com o objetivo de verificar o cumprimento dos procedimentos preconizados pelo Manual de Gerenciamento da Segurança Operacional (MGSO) do CINDACTA III - os Provedores de Serviço de Navegação Aérea (PSNA) do DTCEA-RF apresentaram satisfação plena de 100% no cumprimento das atividades regulares. Dos 30 itens verificáveis do Protocolo de Avaliação do Desempenho da Segurança Operacional, sendo 29 aplicáveis, todos atenderam integralmente aos requisitos exigidos pelo SGSO. Conforme

34

Vila Habitacional

A distância entre o DTCEA-RF e as vilas são de poucos quilômetros, cerca de dez minutos de carro. Há opção de transportes coletivos. Há cerca de 2.800 ônibus, que transportam diariamente dois milhões de pessoas. Já o metrô transporta 400 mil passageiros e o BRT (transporte rápido por ônibus) pouco mais 335 mil pessoas diariamente. Localizadas na praia de Boa Viagem, as vilas proporcionam qualidade de vida para as famílias dos militares. Em Recife existem dois hotéis de trânsito da aeronáutica: do CINDACTA III e da BARF.

o Relatório, o DTCEA-RF demonstrou

Anexos aos conjuntos habitacionais

que "a Segurança Operacional é prá-

existem duas áreas de lazer completas

tica de alta prioridade nos provedores

com salão de festas, churrasqueiras,

de serviços subordinados, sendo obser-

piscinas, quadras de futebol e bar, am-

Centro de Artesanato de Pernambuco em Recife

Cerâmica de Francisco Brennand na Base Aérea de Recife

Assistência médica e odontológica Como acontece com os hotéis de trânsito e vilas residenciais, o DTCEA-RF também se favorece da proximidade do Hospital de Aeronáutica de Recife (HARF) e da Odontoclínica de Aeronáutica de Recife (OARF). O HARF atende o efetivo da Guarnição de Aeronáutica de Recife com as mais diferentes especialidades médicas e a OARF com profissionais da mais diferentes áreas da odontologia, propiciando saúde e bem-estar às famílias.

A cidade O nome Recife veio da muralha natural de pedras de coral e arenito. Os arrecifes que circulam em todo o litoral da cidade diferenciam o Recife das demais capitais brasileiras por ser rodeada de águas. A cidade tem o terceiro maior polo gastronômico do País e abriga vários museus e centros culturais. Destacamos duas atrações imperdíveis na cidade: a Oficina Cerâmica Francisco Bren-

Repentistas cantam a cultura pernambucana em Olinda


nand, que é um complexo monumental

do litoral leste nordestino, com tem-

com 15 km² de área construída com

peraturas médias sempre superiores a

mais de duas mil peças entre esculturas

18°C.

e pinturas; o Instituto Brennand, que é um complexo arquitetônico em estilo medieval cercado por um parque e é composto por museu castelo, pinacoteca e galeria (que abriga um dos maiores acervos de armas brancas do mundo). Recife tem 3.743.854 habitantes e uma área territorial de aproximadamente 218 km². Formado por uma planície aluvial, tem ilhas, penínsulas e manguezais como principais características geográficas.

A maior parte da Praia de Boa Viagem, onde ficam as vilas, é protegida por uma barreira de recifes naturais, mas o banho não é recomendado além deles, para evitar ataques de tubarões. Recife atrai turistas de todo o mundo, pois suas manifestações artísticas e culturais são destaques, como o carnaval, tanto na

A distância de Recife para outras três

capital quanto em

capitais estaduais é bem pequena: João

Olinda,

Pessoa (122 km), Maceió (257 km) e Natal

por seus característi-

(286 km).

cos bonecos e pelos rit-

Na Grande Recife vive a maioria dos militares da Guarnição de Recife que

conhecido

mos do frevo e maracatu. Morar onde muitos passam

não residem nas vilas habitacionais, em

férias, ter acesso a cultura, histó-

municípios bem próximos, como Jabo-

ria, turismo e boa gastronomia são

atão dos Guararapes (19 km), Paulista

algumas vantagens de escolher Reci-

(16 km), e Olinda (10 km).

fe para servir e trazer a família. Não

A cidade abriga o maior número de

é só praia, sombra e água fresca, há

consulados estrangeiros fora do eixo

hospitais que são referências, como

Rio-São Paulo e o município é a capital

o Imip, voltado a infância e materni-

nordestina com o melhor índice de de-

dade, e o Hospital da Restauração, a

senvolvimento humano (IDH). É con-

maior emergência do SUS no Norte-

siderada a capital mais alfabetizada e

-Nordeste. Enfim, você não irá se

com menor incidência de pobreza.

arrepender por escolher servir à Pá-

O clima é tropical úmido, bem típico

Catedral da Sé em Olinda

tria nesse paraíso nordestino.

Arquitetura secular do casario colonial de Olinda

35



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