N OT Í C I A S
Ano
16
•
n0 71
ATUAÇÃO DO 1º GCC EM BRUMADINHO
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A b ri l
2019
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www . de c e a . g ov. br
NOTÍCIAS - Ano 15 • n 0 70
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REPORTAGEM Brumadinho – a força da solidariedade Diante de uma das maiores tragédias da história desse País, militares se uniram no apoio às operações de buscas às vítimas
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REPORTAGEM A inclusão social por meio do esporte Programa Forças no Esporte desenvolvido no CINDACTA II atende 500 crianças e adolescentes e já mostra resultados
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ARTIGO CINDACTA IV atualiza infraestrutura de enlaces de voz e dados A implementação dá suporte à prestação do serviço de Controle de Tráfego Aéreo e Defesa Aérea na FIR-AZ
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REPORTAGEM Gerador Automático de Desenho (GAD): inovação a serviço da segurança das operações aéreas DECEA investe em uma nova ferramenta de análise automática
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ARTIGO Sistema MEOSAR brasileiro é comissionado em evento no Canadá DECEA prepara o BRMCC para utilizar em sua plenitude os recursos à disposição por meio de atualizações técnicas e operacionais
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REPORTAGEM Apron Control Galeão: quando o aeroporto assume o controle de pátio Conheça o funcionamento do Serviço de Controle de Pátio (Apron Control) implementado no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro Tom Jobim/ Galeão.
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SEÇÃO Quem é? – 1º Tenente Cleila Coordenadora do Curso ADM001, a oficial arquivista temporária dedica-se à capacitação de multiplicadores na gestão de documentos
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09
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22 Expediente Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA Diretor-Geral: Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas Assessor de Comunicação Social e Editor: Paullo Esteves - Coronel Aviador Reformado (MTB 38412 RJ) Coordenação de pauta e edição: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Redação: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Denise Fontes (RJ 25254 JP) Daniel Marinho (MTB 25768 RJ) Projeto Gráfico/Diagramação: Aline da Silva Prete (MTB 38334 RJ)
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Fotos: Fábio Maciel (RJ 33110 RF) Luiz Eduardo Perez (RJ 201930 RF) Contatos: Home page: www.decea.gov.br Intraer: www.decea.intraer Email: contato@decea.gov.br Endereço: Av. General Justo, 160 Centro - CEP 20021-130 Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2101-6031 Editada em abril - 2019
Nossa capa Na foto de Fábio Maciel, o retrato da FAB com militares e aeronaves dando suporte e garantindo a segurança da operação de busca às vítimas de Brumadinho
Editorial Inovação, a chave para a segurança operacional
N
ecessidade, criatividade e coragem. Assim renovamos nossa capacitação operacional.
em Montreal (Canadá), em fevereiro deste ano. A próxima
Nesta 71ª edição da revista Aeroespaço, a matéria
tro Brasileiro de Controle de Missão (BRMCC) para que o
de abertura revela a nossa coragem no enfrentamento do grande desafio em cooperar com outros militares no apoio às operações de busca às vítimas da tragédia de Brumadinho.
fase de evolução do sistema é o comissionamento do CenBrasil possa distribuir para todos os países membros do programa COSPAS-SARSAT as detecções ocorridas na área de cobertura brasileira. Outra grande aquisição foi a atualização da infra-
O Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC)
estrutura de enlaces de voz e dados do Quarto Centro
montou uma estrutura para gerenciar o tráfego aéreo na
Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo
região, dando suporte e garantindo a segurança das aero-
(CINDACTA IV). Essa implementação dá suporte à pres-
naves envolvidas na busca às vítimas do rompimento da
tação do serviço de Controle de Tráfego Aéreo e Defesa
barragem, ocorrido no dia 25 de janeiro deste ano.
Aérea na Região de Informação de Voo Amazônica
Na reportagem seguinte, desvendamos o sucesso do Programa Forças no Esporte (Profesp) no Segundo Centro
(FIR-AZ), cuja abrangência compreende aproximadamente 60% da área territorial brasileira.
Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo
Na condição de parceiro, o Departamento de Controle
(CINDACTA II), que atende 500 estudantes da rede esta-
do Espaço Aéreo (DECEA) se uniu à Agência Nacional de
dual de ensino de Curitiba e arredores. Criado em 2015,
Aviação Civil (ANAC), Empresa Brasileira de Infraestrutu-
o Profesp contribui para mudar a realidade de crianças e
ra Aeroportuária (Infraero), concessionárias, operadores
adolescentes em áreas de vulnerabilidade social.
aeroportuários e outras empresas do setor de aviação para
Da área operacional, destacamos uma matéria sobre inovação e investimento em uma nova ferramenta de análise automática, o Gerador Automático de Desenho (GAD) – que vem sendo aplicado com segurança no am-
definir as responsabilidades de cada um nas áreas que são geridas pelos controladores de tráfego aéreo e nas que ficam sob os cuidados do controle de pátio no aeroporto do Galeão – Antonio Carlos Jobim. Dessa parceria, os be-
biente digital de nossos serviços como o Gerenciamento
nefícios serão o incremento de segurança operacional,
de Tráfego Aéreo (ATM), Serviço de Atendimento ao Ci-
geração de dados estatísticos de movimentos, economia
dadão (SAC), Sistema de Informações Administrativas da
no uso de combustível, incremento de parâmetros de pon-
Área de Aeródromos (SysAga), Sistema de Aeronaves Re-
tualidade e a diminuição da carga de trabalho dos contro-
motamente Pilotadas (Sarpas) e até na Junta de Julgamen-
ladores de tráfego aéreo.
to da Aeronáutica (JJAER).
Temos a expectativa de melhorar cada dia mais a re-
Outra grande notícia é o comissionamento do siste-
lação com a sociedade brasileira, vinculando a tecnologia
ma Meosar brasileiro no nível EOC (Early Operational
em benefício dos usuários do espaço aéreo, ratificando a
Capability), confirmado durante a 61ª reunião do Conse-
atividade da organização como um prestador de serviço
lho das Partes do Programa COSPAS-SARSAT, que ocorreu
com qualidade.
Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas Diretor-Geral do DECEA
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REPORTAGEM
BRUMADINHO
A força da solidariedade Por Denise Fontes Fotos Fábio Maciel
Diante de uma das maiores tragédias da história desse País, militares das Forças Armadas e dos Corpos de Bombeiros estaduais e instituições públicas se uniram no apoio às operações de buscas às vítimas do desastre ambiental em Brumadinho (MG). 4
A
Força Aérea Brasileira (FAB) foi um dos órgãos com atuação nessa complexa operação de resgate. A estrutura montada em prol do gerenciamento do tráfego aéreo na região estava sob a coordenação do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), unidade subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), que deu suporte e garantiu a segurança das aeronaves envolvidas no trabalho de busca às vítimas do rompimento da barragem, ocorrido no dia 25 de janeiro deste ano. “Estávamos cumprindo a missão de instalar, manter e operar equipamentos de comunicações em lugares onde muitas vezes são insuficientes e com nenhuma infraestrutura, como foi o caso de Brumadinho”, afirma o comandante do 1º GCC, Tenente-Coronel Aviador Oscar Vinícius Pisco Rocha da Silva. Foi montada uma unidade de Serviço de Informações Aeronáuticas (AFIS) – conhecida como estação-rádio – no terreno de uma igreja no Córrego do Feijão, local mais próximo da área do desastre. Um Centro de Comando e Controle também foi implantado na Faculdade Asa para coordenar as ações de tráfego aéreo. “Foram dois pontos distintos e a coordenada central entre eles englobava 9 milhas, em um raio de 16 quilô-
metros”, explica o chefe da Divisão de Operações do 1º GCC, que atuou como chefe do Centro de Operações Aéreas em Brumadinho, Major Aviador Leonardo André Haberfeld Maia. A estrutura da FAB contou com geradores de energia, antenas para enlace de dados via satélite, computadores interligados em rede e sistemas de comunicação VHF, UHF e HF. Esse suporte na comunicação entre as aeronaves foi executado pelos militares do 1º GCC e dos seus Esquadrões de Comunicações e Controle, além de profissionais do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I). “Além da coordenação do tráfego aéreo envolvendo a segurança e a fluidez dos movimentos aéreos, a FAB estava atuando para que o espaço aéreo da região estivesse restrito apenas a essas aeronaves, não sendo autorizados os voos com drones”, esclarece o Adjunto do Centro de Operações Aéreas em Brumadinho, Capitão Aviador Bruno Olimpio de Morais Strafacci. Toda a ação para coordenar as aeronaves no espaço aéreo do município mineiro foi programada após articulação com a Presidência da República e Ministério da Defesa Civil. “Por meio da estrutura de comunicações, foram repassadas informações sobre os voos realizados na área para os
O esforço dos militares da FAB se traduziu em prontidão e apoio à missão
5
pilotos envolvidos de forma que todos aumentassem a sua consciência situacional e tivessem a responsabilidade pelas decisões ao sobrevoarem a área onde ocorreu o desastre”, explica o comandante do 1º GCC ao falar sobre a importância do apoio prestado por meio da estação-rádio que garantiu o cumprimento dos padrões de segurança exigidos na aviação durante as operações.
Envolvimento e Mobilização Para garantir a prestação do serviço de informação de voo e alerta, os equipamentos necessários ao funcionamento da estrutura de comunicações foram transportados em três carretas, do Rio de Janeiro (RJ) a Minas Gerais (MG), entre a noite do dia 25 e a manhã do dia 26 de janeiro, em um percurso de 478 quilômetros até o destino final, com a duração de cerca de dez horas. “O 1º GCC deslocou pessoal, antenas e toda a infraestrutura necessária para dar suporte e garantir a segurança das aeronaves envolvidas na missão”, relata o Major Haberfeld.
As aeronaves H-36 Caracal empregadas pela FAB transportaram os integrantes da Agência Nacional de Mineração (ANM), que verificaram a estrutura da barragem, e os bombeiros militares, que atuaram na busca pelas vítimas do desastre e militares israelenses que se juntaram às equipes.
Interação A integração entre as Forças Armadas e os órgãos públicos foi o grande diferencial da operação em Brumadinho. De acordo com o Major Haberfeld, todos os órgãos estavam engajados na missão. “A interação estava muito sinérgica, provendo uma pronta resposta à capacidade operacional, como a exfiltração e a infiltração de militares em curto tempo na área da operação”, explica o oficial. O comandante da aeronave do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), Tenente-Coronel Aviador Farley Rocha Soares, compartilha da mesma opinião. “Essa integração foi muito
Mobilização e envolvimento dos profissionais na operação em Brumadinho
6
positiva. Se não fosse a atuação da Força Aérea Brasileira no controle e monitoramento não atingiríamos a excelência”, avalia.
A mobilização dos profissionais envolvidos no trabalho de resgate da tragédia em Brumadinho revela o lado solidário de quem se dedica à missão de salvar vidas. “Estávamos envidando esforços para atender a uma situação tão difícil como essa. É importante ser útil para a sociedade”, revela o Tenente Aviador Airton Camara de Medeiros Júnior, piloto do Esquadrão Puma (3º/8º GAv), que participou do resgate às vítimas da tragédia em Brumadinho.
Militares do Centro de Comando e Controle coordenam as ações de tráfego aéreo
São nessas horas que as operações conjuntas e os laços de amizade com as equipes engajadas na missão se mostram valiosos. “Por mais que seja um cenário muito triste, tem o lado recompensador de poder ajudar, empregando tudo o que treinamos durante anos, para nessa sinergia de esforços
Coordenação do tráfego aéreo em prol da segurança e da fluidez das aeronaves da região
7
colaborarmos com aqueles que precisam da nossa ajuda”, afirma o Capitão Strafacci. Não é a primeira vez que o 1º GCC e seus Esquadrões dão suporte a esse tipo de operação. Os militares já participaram de diversas missões humanitárias como o apoio às vítimas das enchentes na região serrana do Rio de Janeiro, de Santa Catarina e da Bolívia. “Apesar de toda calamidade e tristeza envolvidas, a operação representou um grande treinamento para todos nós, pois foi comparado a um cenário de guerra, onde estávamos empregando mobilidade e coordenação, além da interação com as demais Forças e agências”, relata o Major Haberfeld.
Tamanho desafio transformou-se em uma lição de solidariedade, trabalho em equipe e superação frente aos obstáculos, sustentado pela força e pela seriedade daqueles que se dedicam à missão de prover estruturas de comando, controle e comunicações, com o objetivo de salvar vidas.
ATUAÇÃO DO DECEA EM BRUMADINHO
Coordenação do Espaço Aéreo
AFIS Serviço de Informações
9 milhas
Cerca de 16 Km
Aeronáuticas
40 voos simultâneos Mais de 8.800 movimentos aéreos 8
70
Militares na Operação
Área proibida
para operação com drones
REPORTAGEM
A inclusão social por meio do esporte Por Denise Fontes Fotos de Luiz Eduardo Perez
Programa Forças no Esporte, desenvolvido no CINDACTA II, atende 500 crianças e adolescentes e já apresenta resultados
O
estudante Gustavo da Silva Amaral tinha 14 anos quando entrou para o Programa Segundo Tempo – Forças no Esporte (PROFESP), no ano de 2015, no Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II), em Curitiba (PR). Apesar de nunca ter tido contato com corrida de orientação, rapidamente se identificou com a modalidade esportiva e começou a participar de diversas competições. Hoje, o jovem de 17 anos, coleciona títulos. Em 2017, foi campeão brasileiro na modalidade sprint, que tem o objetivo de permitir a participação dos atletas em uma corrida de orientação em ambiente
urbano. Já em 2018, conquistou a primeira colocação no Campeonato Metropolitano de Orientação de Curitiba e o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro de Orientação. “O projeto ampliou minhas expectativas e me ajudou a crescer não só como atleta, mas como uma pessoa melhor na sociedade, além de nutrir o meu sonho de ingressar na Força Aérea Brasileira (FAB) como atleta de alto rendimento”, diz o estudante. No Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas, desenvolvido pelo Ministério da Defesa em parceria com o Ministério da Cidadania, os atletas têm direito à uma renda mensal, 13º 9
salário e locais para treinar em instalações da Aeronáutica, Exército ou Marinha. As seleções são por meio de editais públicos que avaliam o currículo esportivo, resultados e posição no ranking. Segundo o Sargento Irajá Bozza Vieira, professor da modalidade de orientação do PROFESP, vivenciar os resultados de sua dedicação tem feito Gustavo ir ainda mais fundo nos treinamentos. “Além de praticar a atividade no projeto, ele treina sozinho, constrói pistas na região onde mora e elabora mapas para praticar o esporte”, afirma o Sargento Irajá, que treina as crianças e os adolescentes desde 2016. O aluno Gustavo personifica o exemplo de como um projeto, criado em 2015, contribui para mudar a realidade de jovens moradores em áreas de vulnerabilidade social. História como essa se repete, também, na vida de outras crianças e adolescentes que participam das atividades do PROFESP, fruto de uma parceria entre os ministérios da Defesa (MD), da Cidadania, da Educação, e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH).
PROFESP leva esporte para cerca de 500 crianças e jovens de Curitiba e Pinhais
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Identificando talentos É o caso de Ramon Mikael Luz da Rosa, 17 anos, que é campeão paranaense de jiu-jitsu e de luta olímpica pelos jogos escolares. O jovem já tem sua meta bem definida para os próximos anos. “Vou me alistar nas Forças Armadas, mas pretendo continuar competindo e espero conquistar outros títulos”, almeja. O pai de Ramon, Osires Vieira da Rosa, revela a satisfação com as escolhas do filho. “O programa está sendo muito importante para o seu desenvolvimento. Ele aprendeu a ter mais disciplina e o contato com os militares despertou nele o interesse pela carreira”. Seus outros dois filhos, Renan Kaike Luz da Rosa, de 16 anos, e Ruan Paplo da Rosa, 15 anos, também estão participando do projeto. Sobre a potencialidade do esporte na formação de crianças e jovens, Osires acredita que o principal aprendizado de cidadania acontece durante as atividades do projeto. “De maneira natural, conseguimos passar a importância da disciplina,
Trajetória do PROFESP no CINDACTA II
Gustavo é um dos talentos revelados pelo Programa Forças no Esporte do CINDACTA II
da convivência em grupo e oferecer uma perspectiva de vida para eles”, destaca o pai, que também é professor de jiu-jitsu e voluntário no projeto. Para o professor de jiu-jitsu, Sargento Rafael Capellini Pacheco, os movimentos praticados em aula auxiliam o controle motor, autoconfiança, melhorando seus reflexos e condicionamento físico para seu desenvolvimento durante a vida. “São pequenas atitudes, como por exemplo solicitar permissão para entrar no tatame e deixar a roupa e o sapato no lugar correto, que os tornam mais organizados e respeitosos com o próximo”, justifica.
O coordenador do programa, Capitão da Reserva Áureo dos Santos Marcondes, explica que o projeto, ao iniciar em maio de 2015, atendia cerca de 100 crianças e adolescentes, entre 7 e 17 anos, da rede pública de ensino de Curitiba e Pinhais. Após quatro anos, esse panorama ganhou novos contornos. “A quantidade de beneficiários neste ano atingiu 500 alunos e aumentou o número de locais apoiados pelo projeto, contemplando além dos bairros de Vargem Grande, em Pinhais, e Cajuru, em Curitiba – também Bacacheri, Solar e Abranches”, comemora o Capitão Marcondes. São oferecidas duas refeições diárias e práticas esportivas e militares, além de atividades socioeducativas, que acontecem três vezes por semana, durante o contraturno escolar. O programa conta com o apoio de militares do efetivo e de professores de educação física da rede municipal de ensino. “O PROFESP é uma grande iniciativa do Governo Federal e muito importante por vários aspectos, pois permite às crianças em situação de
“O esforço e a dedicação dos voluntários são fundamentais para o sucesso do Forças no Esporte” - Coronel Adachi
O Suboficial Codinhoto ao lado dos quatro filhos e da sobrinha Bruna
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vulnerabilidade social terem acesso ao ambiente das Forças Armadas, além de preencher o tempo delas com atividades esportivas, possibilitando a ocupação, o crescimento e cria oportunidades para esses jovens”, ressalta o comandante interino do CINDACTA II, Coronel Aviador Marcos Kentaro Adachi. Para o pedagogo da Escola Municipal Ulysses Silveira Guimarães, Jorge Paulo dos Santos, o ingresso das crianças no projeto trouxe vários benefícios: “Tivemos um retorno muito positivo, tanto em questões comportamentais quanto no rendimento escolar. O programa contribuiu no aspecto social, cognitivo e desportivo, trazendo ganhos para a vida desses alunos. Percebemos também uma grande adesão das famílias das crianças e interação com o projeto”.
Parcerias Algumas das contrapartidas do Programa Forças no Esporte são as parcerias firmadas entre o CINDACTA II e diversas instituições governamentais, como o Grupamento de Apoio de Curitiba (GAP-CT), a Prefeitura de Aeronáutica de Curitiba (PACT) e o Esquadrão de Saúde de Curitiba (ES-CT). Com o objetivo de fornecer oportunidades para que esses jovens, ao atingirem a idade limite do programa, tenham chances de ingressar no mercado de trabalho, o PROFESP fez uma
Jovem do Programa Forças no Esporte participa do curso de gastronomia do SENAC 12
Professor Osires e aluno Ramon – (pai e filho ) - parceiros na luta por inclusão social
parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), que disponibilizou o curso de gastronomia para alguns alunos participantes do projeto. “O Forças no Esporte abriu novas perspectivas de vida para mim. Participar do curso de gastronomia é de grande valia para a minha carreira”, conta o aluno Ramon, que está empolgado em aproveitar tudo o que o projeto tem a oferecer, inclusive mais possibilidades de estudo. Embora a principal finalidade seja a inclusão social de jovens em situação de risco por meio do esporte, o PROFESP também tem delineado outras linhas de atuação. Foi firmada a parceria com a Universidade UniBrasil, que concede bolsa de estudo para alunos do projeto. “É um orgulho contribuir com o Programa Forças no Esporte, agregando na formação destes jovens, a sensibilidade aos aspectos indispensáveis do mercado de trabalho e da realidade social, criando um ambiente propício à aprendizagem e formação profissional dos jovens envolvidos no projeto”, declara a reitora do UniBrasil, Professora Doutora Lilian Pereira Ferrari. Do mesmo sentimento compartilha o Professor Doutor Valter Fernandes da Cunha Filho, da PróReitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Assuntos Comunitários (PROPPEx): “Vejo essa parceria como uma cooperação socialmente produtiva. Enquanto o CINDACTA II cuida do cidadão em sua infância e adolescência, a universidade orienta na fase adulta capacitando-o para a vida profissional”. Sem dúvida, o projeto está seguindo seu objetivo: promover a inclusão social por meio do acesso à prática e à cultura do esporte, além de dar oportunidade para que esses jovens tenham um futuro promissor.
ARTIGO
CINDACTA IV atualiza infraestrutura de enlaces de voz e dados Texto: Equipe da Subdivisão de Telecomunicações da Divisão Técnica do CINDACTA IV
A implementação dá suporte à prestação do serviço de Controle de Tráfego Aéreo e Defesa Aérea na Região de Informação de Voo Amazônica (FIR-AZ), cuja abrangência compreende aproximadamente 60% da área territorial brasileira.
P
ara esta missão desafiadora, o
ma integrada e coordenada a partir do
Quarto Centro Integrado de Defe-
CINDACTA IV, que deverá concentrar
sa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo
o recebimento de todas as informa-
(CINDACTA IV) lançou mão de uma
ções disponibilizadas por sistemas e
enorme estrutura técnica, composta
equipamentos que suportam os servi-
de equipamentos e sistemas de últi-
ços fixos e móveis das comunicações
ma geração. A finalização do projeto
aeronáuticas, dados radar, sistemas
ocorreu em 27 de janeiro deste ano.
de auxílios à navegação, entre outros,
O projeto de implementação foi orientado
pelo
Subdepartamento
Técnico (SDTE) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e
coletadas dos 26 Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEAs) e das 18 Estações de Apoio ao Controle do Espaço Aéreo (EACEAs), distribuídos nos estados do Amazonas, Pará,
apoiado pelo Parque de Material de
Acre, Rondônia, Roraima, Mato Gros-
Eletrônica da Aeronáutica do Rio de
so, Amapá, Maranhão e Tocantins.
Janeiro (PAME-RJ) e pelo Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC). O acervo tecnológico atuará de for-
Para que esta imensa infraestrutura técnica
possa
cumprir
a
sua
finalidade é empregada uma centena de canais de comunicações de voz e 13
dados, responsáveis por interligar os equipamentos
ótima notícia para o CINDACTA IV, já que a região
instalados nos sítios remotos ao CINDACTA IV.
Amazônica possui enormes dificuldades logísticas.
Antes da implantação da atual estrutura de cana-
Neste novo cenário tecnológico, a disponibilidade
lização, aproximadamente metade desses canais de
média dos serviços passará dos atuais 99,2 % para
comunicações eram fornecidos por meio de contrata-
algo em torno de 99,9975%. Esse aumento expo-
ção junto à Concessionária de Telecomunicações e o
nencial de disponibilidade está alicerçado na utili-
restante dos canais por meio de sistema próprio de co-
zação de um novo conceito de canalização.
municação via satélite, modernizado recentemente, o Sistema Backup TELESAT – SBT. Nessa antiga configuração, parcialmente em série, o serviço possuía uma confiabilidade teórica máxima de 99,5%. Toda vez que ocorria uma falha do serviço prestado pela Concessionária ou pelo SBT, acarretava a perda de cerca de 50% dos serviços fixos e móveis das comunicações aero-
Discretos e dedicados, os canais com tecnologia analógica foram substituídos por feixes agregados e compartilhados com tecnologia digital, possibilitando um aumento significativo na eficiência espectral com a consequente otimização da banda disponibilizada com compartilhamento dos recursos. Além disso, trará maior confiabilidade da infra-
náuticas dos setores afetados. Com o advento do Sistema Backup TELESAT – SBT, baseado na plataforma IP, vislumbrou-se a possibilidade, explorando-se suas capacidades, de aumentar significativamente a confiabilidade total do sistema para o patamar de 99,9975%, com o aumento da redundância de 50 para 100% da canalização empre-
estrutura técnica como um todo, pois terá capacidade necessária para garantir 100% de redundância dos serviços fixos e móveis das comunicações aeronáuticas, mesmo em caso de falha de um dos sistemas principal ou secundário, tornando nulo o impacto operacional.
gada. Este incremento de confiabilidade do sistema,
Os ganhos do novo sistema não param por aí,
além de proporcionar uma maior segurança na pres-
pois durante a migração - com o apoio do SDTE,
tação do serviço ATC (controle de tráfego aéreo), tam-
do PAME-RJ e do 1º GCC -, foram realizados testes
bém viabilizará uma significativa redução na neces-
de performance do sistema para operar em banda
sidade de manutenção corretiva não prevista, uma
X, como segunda redundância. Esta concepção foi
Diagrama de separação entre as canalizações existentes TF1,TF2 RTCAER RADAR
TF1,TF2 RTCAER
Rede Satelital (SBT)
VHF INTRAER
Operador Operadora de Telecomunicações
TF4
Bloco da solução antiga
14
Console
TF4 Servidores CCAM, AMHS
Tráfego dos serviços e aplicações balanceados entre os dois meios de canalização: Satelital e Empresa de Telecomunicações
testada por meio do enlace realizado entre duas
descritas anteriormente, a nova infraestrutura de
estações terrestres transportáveis de comunicação
canalização contratada apresentou uma redução de
via satélite do Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (Esquadrão Zagal - 5º/1º GCC), montadas em Manaus e Porto Velho para estabelecimento da rota adicional entre essas duas localidades, a qual obteve resultados bastante satisfatórios.
quase 22% comparada com o custo da antiga modalidade", frisou o Coronel Aviador Nilo Sérgio Machado de Azevedo, comandante do CINDACTA IV. "O resultado alcançado, fruto do árduo trabalho desenvolvido nos últimos meses pelo corpo técnico
A capacidade para operar em banda X promoveu
do CINDACTA IV, mesmo durante os períodos nata-
um estudo do “custo x benefício” de se utilizar o
lino e de ano novo, só foi possível graças ao apoio
sistema SGDC - Satélite Geoestacionário de Defesa
do Comando, das Divisões Técnica e Operacional
e Comunicações Estratégicas - para implementar uma segunda rota de redundância para as canalizações de voz e dados, aumentando consideravel-
e da Coordenação dos Destacamentos, que propiciaram a celeridade nos apoios logísticos e opera-
mente a confiabilidade e a segurança para aplica-
cionais, bem como nas interações com os efetivos
ções de uso militar, principalmente aquelas que
desses DTCEAs", reconheceu o Especialista em Co-
envolvem a Defesa do Espaço Aéreo Brasileiro.
municações, Tenente-Coronel Alessandro Stefson
Além das inúmeras vantagens técnicas e econômicas apresentadas, a nova infraestrutura de canalização de voz e dados foi totalmente concebida pelo corpo técnico do DECEA e possui a capacidade de monitoramento e telecomando remotos, o que aumenta a sua estabilidade e reduz sensivelmente os custos de manutenção, visto que possibilitará também a aplicação do novo conceito de manutenção preditiva. "É importante ressaltar que, além das vantagens
Mamede Alves, atual chefe da Divisão Técnica do CINDACTA IV.
Destaca-se, no projeto, a sintonia entre as equipes técnicas do CINDACTA IV, do PAME-RJ e do 1º GCC, por meio da supervisão do SDTE, especialmente no suporte à elaboração das especificações técnicas para contratação dessa nova modalidade de serviço.
Multiplexador
Bloco da solução atualizada, ilustrando a redundância completa da rede principal e secundária.
Multiplexador
Diagrama bloco da configuração atual com redundância completa de duas vias
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REPORTAGEM
GERADOR AUTOMÁTICO DE DESENHOS
AGA
Gerador Automático de Desenho Inovação a serviço da segurança das operações aéreas Por Daisy Meireles Fotos de Luiz Eduardo Perez
DECEA investe em uma nova ferramenta de análise automática, denominada GAD - Gerador Automático de Desenho
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O
futuro está batendo à porta do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) todos os dias, nos dando conta de que precisamos evoluir. Sentimos a necessidade de impactar com inovação tecnológica em todos os nossos serviços. Novos caminhos e oportunidades estão se abrindo em diversas áreas. Estamos aplicando essas inovações com segurança no ambiente digital de nossos serviços como o Gerenciamento de Tráfego Aéreo (ATM), o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), o Sistema de Informações Administrativas da Área de Aeródromos (SysAGA), o Sistema de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARPAS) e a Junta de Julgamento da Aeronáutica (JJAER).
Estamos avançando com a inteligência de nossos técnicos e no investimento em tecnologia aplicada em nossos serviços prestados para a sociedade. Os resultados que estamos colhendo são a melhoria nos processos diários e a qualidade de vida para o nosso efetivo. Todas essas aplicações mudam o comportamento social de nossos militares e civis, que vêm se relacionando diretamente com o cidadão, conhecendo suas necessidades e satisfazendo suas expectativas. Como exemplo dessa relação e para entender o que é e como vai funcionar o Gerador Automático de Desenho (GAD), vamos falar pri-
meiramente dos Planos Básicos de Zona de Proteção de Aeródromo, de Heliponto, de Auxílios à Navegação Aérea e de Procedimentos de Navegação Aérea – exigências internacionais que funcionam como limitadores às implantações no entorno dos aeródromos, com o objetivo de garantir a segurança e a regularidade das operações aéreas. Esses projetos são submetidos à análise para que o Comando da Aeronáutica (COMAER) verifique possíveis interferências com a circulação aérea de outros aeródromos e avalie a existência de implantação de natureza perigosa nas superfícies de aproximação, transição e decolagem.
AGA No DECEA, as seções de aeródromos (AGA) atuam nas análises pre-
liminares e técnicas de um Objeto Projetado no Espaço Aéreo (OPEA) em função de todas as Zonas de Proteção de Aeródromo (ZPA) em que ele possa influenciar. A pré-análise consiste em uma ferramenta na qual o interessado em construir edificações e que estaria dispensado de consultar o COMAER submete as informações básicas de coordenadas, altitude da base e altura do objeto. A partir daí, o solicitante poderá receber um documento de inexigibilidade do COMAER ou um aviso da necessidade de se abrir um processo por meio do SysAGA, que permite a unificação no processamento e no gerenciamento dos pedidos de análise para edificações no entorno de aeródromos, bem como de construção ou modificação de características de aeródromos e helipontos.
A concepção do GAD Tendo feito estes esclarecimentos, vamos contar como isso começou. Houve um estudo para padronizar e automatizar a análise de um parâmetro. E, para isso, começamos a investir numa solução com recurso web. A partida para essa normatização aconteceu quando foi criada uma planilha em Excel, que calculava distância, colaborando para que o analista, em cima desse recurso, partisse para a análise automática, etapa que, posteriormente, deu origem ao desenho. O Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I) também contribuiu com planilhas de aeródromos que eram preenchidas pelo próprio usuário. Funcionava assim: o cliente acessava o portal AGA, baixava
Sargento Rafael e Cleydson Cavalcanti: GAD aumenta precisão nas informações sobre superfícies
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essas planilhas, preenchia e depois entregava, de forma digital, para o regional, que as imprimia. De fato, a planilha foi bem planejada, mas perdeu sua praticidade, porque o setor de AGA não conseguia rastrear algumas informações, como coordenadas da cabeceira, códigos e informações gerais do aeródromo. Sem esses dados, o técnico não conseguia fazer uma análise automática, gerando a necessidade de estruturar essas informações importantes. E, para isso acontecer, deveria ser criado um banco de dados. Para se ter uma ideia da lacuna do processo, Cleydson Coelho Cavalcanti, da recém-criada Comissão para o Desenvolvimento e Aperfeiçoamento de Serviços Digitais do DECEA, do polo do Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), dá um exemplo: se um usuário desejasse verificar a existência de um objeto próximo de uma cabeceira, não encontraria uma resposta precisa, pois não havia esta informação cadastrada
O GAD faz a representação gráfica de dados estruturados
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de maneira organizada. Era, então, fundamental organizar o banco de dados do AGA, contribuição valiosa do 3º Sargento Rafael Azevedo Acioli da Silveira, responsável pela manutenção de todo o sistema. Hoje, no setor de AGA, um graduado técnico faz a análise preliminar dos dados, dá pareceres, verifica se há alguma violação na superfície, avalia seus efeitos, analisa riscos, certifica necessidades de recuo de cabeceira e examina o impacto no aeródromo. Depois, o graduado transfere todas essas informações para um oficial controlador de tráfego aéreo, que as confere e valida, transmitindo-as, por fim, para o usuário. Há aproximadamente um ano desse primeiro investimento em tornar a análise um recurso web. Como esse sistema faz muito mais do que se propôs inicialmente, a tendência é que receba outros nomes e que se divida em vários serviços. O GAD nasceu com esse intuito, mas abre-se um leque para todo o DECEA. Segundo o Sargento Rafael, a análise de RPAS é
muito semelhante à de OPEA, só mudam um pouco os parâmetros: “Muita coisa é ajuste, porque quando as normas foram efetivadas, não havia uma ferramenta automática". Quem pensou na norma, no passado, colocou a mesma informação em cinco campos diferentes. Se o analista atentar apenas para o requerimento e um dos campos estiver errado, pode resultar em um problema. Se a coordenada geográfica aparece em todos os campos, o analista tem que comparar ficha a ficha para ver se aquele dado está certo. Estamos em um grande processo de mudança. Há muito tempo as informações ficam nos aeródromos e o DECEA precisa saber das coordenadas exatas de cabeceira, de código de referência, de elevação. Estamos focando no que de fato é necessário, facilitando a vida do interessado, que vai apresentar menos documentos. A tendência é que seja tudo on-line.
ICA Outras áreas deram-se conta disso e já testaram o GAD. Técnicos do Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA) observaram que tinham 95% de reprovação nos processos, em virtude da representação gráfica das superfícies, efetuada pelo cliente/usuário/administrador aeroportuário, não corresponder exatamente com o previsto.
Diferentes áreas do DECEA se beneficiam a partir da geração automática de desenhos: voo de RPAS, cartografia aeronáutica e aeródromos
Depois da automatização, não havia mais a necessidade de todas aquelas etapas de verificação, ou seja, os desenhos eram gerados, colocava-se um sobreposto ao outro e, se não coincidissem, era fácil detectar os erros. Diante da possibilidade do aproveitamento do GAD pelo ICA, engenheiros cartógrafos da Unidade emitiram críticas para aprimorar e viabilizar a utilização da ferramenta no Instituto.
Os desenvolvedores contribuíram, produzindo uma ferramenta com a qual o ICA pudesse comparar o desenho do cliente/usuário e verificar se estava correto.
O Major Aviador Axel Vianna Cezar, chefe da Subdivisão de Cartografia do ICA, avaliou positivamente a experiência com o GAD: “A utilização de recursos tecnológicos permitiu a garantia de qualidade e a segurança da informação aeronáutica sobre Planos Básicos de Zonas de Proteção de Aeródromos, Helipontos e Auxílios à Navegação Aérea com a celeridade necessária à demanda da quantidade de processos do Instituto”.
Dada a complexidade deste processo, vejamos como o ICA trabalhava antes da ferramenta: o profissional checava linha a linha do desenho, medindo cada uma e verificando se todas estavam com as representações corretas.
Na opinião do Capitão Jorge Luis Werneck Nunes, controlador de tráfego aéreo e chefe das Seções de Normas e de Planejamento de Aeródromos do Subdepartamento de Operações (SDOP), a utilização do GAD permite que os Planos Básicos de Zonas de
Em algumas situações em que o desenho era reprovado, o processo tinha que ser revisto. Antes do desenho automático havia um atraso que era maior do que seis meses para analisar um único processo.
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Proteção de Aeródromos, Helipontos e Auxílios à Navegação Aérea sejam confeccionados a partir das informações prestadas pelos Administradores Aeroportuários Locais nas respectivas Fichas Informativas. “O resultado alcançado na utilização dessa ferramenta, pode ser observado na redução da carga de trabalho do ICA no tocante à análise e validação desses Planos nos processos de aeródromos", conclui.
Módulos de Serviço Os desenvolvedores querem aplicar a ferramenta não só no módulo AGA, mas também em ATM, no SARPAS e no paraquedismo. Em todo o caso, o que se quer é atender a todas essas áreas com módulos de serviço. Já que a ferramenta é dinâmica, a proposta torna-se ampla. É exatamente por isso que o gerenciador tende a entrar como serviço para as atividades relacionadas ao espaço aéreo. O GAD já nasceu com essa visão, de ser contemporâneo e estender seu benefício a todo o DECEA, tanto é que a equipe que desenvolve o sistema fez uma apresentação no início deste ano para a área de ATM e JJAER.
A precisão do GAD ao apontar obstáculos nas superfícies próximas a aeródromos é um dos ganhos operacionais da ferramenta
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João Ximenes, chefe da Assessoria de Transformação Digital (ATD) do SDOP, avalia o GAD como um exemplo do potencial que a automatização dos processos possui para melhorar a qualidade dos serviços que o DECEA presta à sociedade. “Todos ganham: o cidadão, que passa a ter um procedimento muito mais simples para o envio de informações do Aeródromo; e, principalmente, o DECEA, ao ter os dados estruturados e validados na entrada. A tendência é que, nos próximos anos, outros processos do SDOP passem pela mesma transformação" – pondera Ximenes. “Em um anexo de heliponto, por exemplo, não tínhamos informação suficiente para fazer o desenho. Hoje, com o GAD, já constatamos a necessidade de inclusão desses dados para alcançar uma análise mais segura” – explica o Sargento Rafael. “Quando uma Unidade já faz uso da análise e consegue cobrir vários aeródromos, prédios e edificações, constatamos que é uma relação de vários para vários. Podemos pegar mil pontos e perguntar: quais são os aeródromos nesses mil pontos? Quais são as superfícies que violam? Quais são as restrições? Ele varre todos os aeródromos próximos daqueles pontos, mesmo que os pontos estejam
bem distantes? São essas as perguntas respondidas pelo GAD”, esclarece Cavalcanti. O objetivo dos desenvolvedores é fazer com que o GAD analise não só os pontos, mas também a linha entre eles. Dessa forma, pode-se alcançar estruturas um pouco mais complexas. “Já sabemos qual é a estratégia e que ela é viável. E investiremos nessa nova abordagem” – justifica Cavalcanti.
A expectativa de sucesso desse empreendimento para o DECEA é 100%, já que o GAD vai afetar também a área de tarifas, do SAC, da JJAER SAC É muito papel e custo alto. Hoje, para fazer um desenho, tem-se um gasto que não é pequeno, além disso, quando tudo estiver automatizado, diminuirá o tempo de resposta para o usuário. No SAC, o limite de resposta do governo para o cidadão é de 60 dias. Mesmo com um sistema que monitora os prazos, após 20 dias sem resposta, o indivíduo já começa a ficar ansioso. Seja no SysAGA ou no SARPAS, os usuários querem resposta rápida. O que a equipe de desenvolvimento menciona sobre o SAC é que, quando tudo estiver interligado, será possível administrar melhor o serviço e determinar ações que resolvam definitivamente os problemas apresentados pelo cidadão.
AISWEB No que se refere a divergência de dados entre o AISWEB - site oficial de informações aeronáuticas do DECEA e a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), já houve evolução na estruturação desses dados e não há mais informações redundantes, o que facilitou bastante o processo. O DECEA está se movimentando para cobrar do administrador aeroportuário a apresentação dos planos. Dessa forma, a análise automática se justifica, porque teremos os dados corretos. “Podemos ter a melhor análise do mundo, mas se não tivermos dados para alimentar o sistema, não vamos conseguir dar uma informação correta para
o usuário nem para a equipe técnica. Não posso dizer que existe um aeródromo próximo de um prédio, se ele não está cadastrado no sistema”, explica Cavalcanti.
Investimentos Essa mudança de foco serviu para diminuir muito a quantidade de técnicos e o DECEA está investindo na atualização de informações para ter um banco de dados melhor estruturado. A tecnologia não descarta a importância do homem no trabalho, mas sim elimina os modelos de ocupações, ampliando o campo de atuação e alterando a gestão do tempo em todos os serviços prestados pelo DECEA ao cidadão. “Se o DECEA garante a situação completa de um aeródromo no banco de dados, afetará não só a área de construção civil, mas também a de drone, o impacto com outros aeródromos, a quantidade de aeronaves voadas naquele local. Então, o efeito será enorme em várias áreas do DECEA e não só no AGA” – avalia Cavalcanti. Quando se adquire um sistema externo, qualquer implementação ou melhoria gera um custo muito alto para o Governo. Logo, a tendência é que acabe migrando para uma estrutura mais econômica. Podemos afirmar, então, que a Força Aérea Brasileira (FAB) hoje tem um sistema válido e eficiente, com tecnologia de ponta, nacional e com custo baixo, pois foi aplicado nessa ferramenta o que tem hoje de mais moderno em web, com segurança, framework etc. A expectativa do DECEA é melhorar gradativamente essa relação com a sociedade brasileira, vinculando a tecnologia em benefício dos usuários do espaço aéreo, ratificando a atividade da organização como um prestador de serviço com qualidade.
Desburocratização, redução de impressão, menos reclamação por parte do usuário. São esses os resultados da aplicação do GAD nos serviços prestados pelo DECEA. 21
ARTIGO
Sistema MEOSAR brasileiro é comissionado O em evento no Canadá
DECEA prepara o Centro Brasileiro de Controle de Missão (BRMCC) para utilizar em sua plenitude os recursos à disposição por meio de atualizações técnicas e operacionais
comissionamento do Sistema MEOSAR (Medium Earth Orbit Search and Rescue) no nível EOC (Early Operational Capability) foi confirmado durante a 61ª reunião do Conselho das Partes do Programa COSPAS-SARSAT, que ocorreu em Montreal (Canadá), no período de 4 a 7 de fevereiro deste ano.
Por Capitão Aviador Michell Iorio Boareto Foto de Luiz Eduardo Perez
Os representantes do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Capitão Aviador Michell Iorio Boareto (chefe da Seção de Coordenação e Controle de Busca e Salvamento) e 1º Tenente Engenheiro Ronan Souza Freitas (chefe do BRMCC), concordam que a participação no evento foi fundamental para a consolidação do Brasil como principal fornecedor do Hemisfério Sul de dados de emergência de Busca e Salvamento.
Atualmente, as antenas brasileiras proporcionam uma área de cobertura cujo raio é de 4.000 km, tornado-se assim o sistema com a maior cobertura operacional do planeta.
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"Hoje, o BRMCC é capaz de captar com precisão qualquer sinal de emergência no continente Sulamericano" - confirma o Tenente Ronan. Segundo o Capitão Boareto, o processo de comissionamento dos sistemas LGM (Leosar - Geosar Meosar) do BRMCC deverá ser habilitado até o final do ano. O sistema comissionado LEO/GEO (LEOSAR/GEOSAR) pode levar mais de cinco horas para determinar uma localização dentro da área de cobertura. Já o novo sistema MEOLUT diminui este tempo para 13 segundos e com uma acuracidade de menos de 5 km de erro com apenas uma emissão de baliza SAR. Para que esse comissionamento se tornasse realidade foram aplicados três anos de cooperação mútua entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e a empresa Honeywell Brasil.
Nível EOC significa que a capacidade operacional foi antecipada, ou seja, comparando o que se tinha anteriormente e o que se tem agora.
A cobertura brasileira é de 4000 Km de raio a partir do ponto central entre o Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I) e o Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), cobrindo uma área de aproximadamente 48.6 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 9.5% da superfície da terra.
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O Brasil se destacou, alcançando os melhores níveis de acuracidade, tempo de resposta e área de cobertura dentre todos os países membros do programa COSPAS-SARSAT. O Brasil possui a maior área de cobertura declarada e comissionada do mundo. O Japão, a França e os EUA possuem sistemas com 3.500 Km de DCA (Declared Coverage Area) e níveis operacionais abaixo do sistema brasileiro. Esta cobertura abrange toda a área de responsabilidade do País, mantendo os mesmos níveis operacionais para toda a região coberta pelo sistema SAR Brasil. Na figura abaixo, é possível visualizar o círculo da cobertura comissionada do sistema brasileiro (em preto) e a área de responsabilidade do programa SAR Brasil (em vermelho).
Novo Sistema MEOLUT determina locação em 13 segundos
"Isso significa que, em caso de um incidente SAR ocorrer com uma embarcação de outro país na nossa área de cobertura, o sistema brasileiro recebe o alerta em menos de um minuto", explica o Capitão Boareto. Além disso, a mesma mensagem será enviada automaticamente para o Centro de Controle de Missão (MCC) do país correspondente, notificando-o do incidente e requerendo informações sobre a embarcação, como número de tripulantes, itinerário, carga etc. A próxima fase de evolução do sistema é o comissionamento do BRMCC para que o Brasil possa distribuir para todos os países membros do programa COSPAS-SARSAT as detecções ocorridas na área de cobertura brasileira. É claro perceber a dimensão desta cobertura que chega até a costa africana, cobrindo com folga a área de responsabilidade do País. A curva azul é referente às detecções dentro da área de cobertura de até 4.000 Km. A acuracidade em detecção única de um sinal de alerta é de aproximadamente 98% com menos de 5 Km de erro. O nível exigido para comissionamento operacional máximo é de 90%. Isso demostra a capacidade diferenciada do sistema brasileiro. “Nossos índices operacionais foram tão elevados, que atendem tanto o nível EOC quanto o FOC (Full Operational Capability) com margem”, explica Edson L. Sieczka Junior, engenheiro da Honeywell Brasil. 24
Tenente Ronan e Capitão Boareto na 61ª reunião do Conselho das Partes do Programa COSPAS-SARSAT
REPORTAGEM
Apron Control Galeão: quando o aeroporto assume o controle de pátio Iniciativa viabiliza à Torre foco no controle aéreo Por Daniel Marinho Fotos de Fábio Maciel
Conheça o funcionamento do Serviço de Controle de Pátio (Apron Control) implementado no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro Tom Jobim/ Galeão.
A
Torre de Controle ainda está lá. Soberana nas alturas, reina sobre as pistas. Afinal, ainda é quem manda. Mas já não está mais sozinha. Ao menos no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. Desde julho de 2016, o controle da movimentação das aeronaves no pátio do Galeão não é mais realizado pela Torre, mas por uma célula de operações exclusivamente dedicada ao serviço, operada pelo administrador aeroportuário. A iniciativa tem nome: Apron Control. Apron é a terminologia aeronáutica, em inglês, usada para designar um pátio de aeródromo. Expresso na Instrução do Comando da Aeronáutica que regulamenta os Serviços de Tráfego Aéreo (ICA 100 – 37), o chamado Servi-
ço de Controle de Pátio “tem por finalidade gerir a movimentação de aeronaves, veículos, equipamentos e pessoas no pátio de um aeródromo.” No caso do Galeão, corresponde ao controle efetivo da movimentação de aeronaves e veículos em geral nos pátios dos terminais de passageiros 1 e 2, píer sul e terminal de cargas (TECA) até os pontos de transição (handover points) com as áreas de manobras – onde estão as taxiways e pistas de pouso e decolagem. Os movimentos nos pátios são controlados por operadores alocados em uma sala destinada ao Apron Control Galeão, no Centro de Operações do Aeroporto (COR). É de lá, por meio da interlocução com os pilotos, via frequência de rádio VHF, com o apoio da 25
Paulo Barcellos, coordenador de operações da Apron Control, descreve os recursos e benefícios do Sistema Aerobahn
projeção dos movimentos em telas de visualização de softwares dedicados – tal como nas visualizações radar – e do auxílio de câmeras de alta definição instaladas ao longo do aeródromo, que os operadores da Apron Control têm o pátio do Galeão sob as mãos. Veículos de catering, transportadores de bagagens, caminhões de combustível, aeronaves comerciais, cargueiras, da aviação geral – e até mesmo militares, caso cruzem os pátios do aeroporto – tudo está nas telas do novo controle. Para as decolagens, a Torre continua executando a autorização de tráfego (Clearance Delivery), dando assim, início ao processo das saídas. Mas já não orienta mais o piloto a contatar, em seguida, sua outra frequência na posição Controle de Solo. Com o tráfego autorizado, o piloto a contata diretamente o Apron, agora responsável pela autorização do acionamento dos motores, pushback e taxi da aeronave nos pátios do Galeão até o chamado handover point. Desse local em diante, o piloto retoma o contato com a Torre (posição Controle de Solo) até os pontos de espera nas cabeceiras de pista. De lá, como de costume, solicita a decolagem à Torre (posição Controle Torre). Nas chegadas, o inverso. O piloto pousa e taxia até o handover point sob orientação da Torre (posições Controle de Torre e Solo). Desse ponto ao estacionamento para desembarque é com o Apron.
Operação Remota A intermediação do Apron nas chegadas e saídas das 26
aeronaves nos pátios do aeroporto é possível graças à implementação de uma infraestrutura de alta tecnologia apta a gerenciar estas manobras a partir de modernas plataformas. Destaque para o Aerobahn: sistema que gerencia as informações referentes aos deslocamentos das aeronaves nestas áreas. Por meio de um complexo de antenas de Multilateração instaladas ao longo do aeródromo, o Aerobahn monitora em tempo real toda atividade no pátio. O sistema viabiliza a visualização das movimentações de pátio na tela dos operadores, habilitando-os à comunicação com todos os atores envolvidos nas operações, bem como à geração de relatórios de dados estatísticos relevantes: tempos médios de taxi, pushbacks, ocupação de pista, pousos, decolagens, números de aeronaves etc. Para o coordenador de operações do Apron Control Galeão, Paulo Barcellos, estes recursos proporcionam não só a otimização dos tempos das operações, como também a constituição de um instrumento balizador dos resultados. “O sistema oferece uma série de informações não só para efetivo controle dos movimentos de pátio, como também para a mensuração da eficiência”, afirma. Com o auxílio de um conjunto de câmeras de alta definição instaladas ao longo do aeródromo, a operação é 100% remota. Uma quebra de paradigma, já que, desse modo, o Apron Control Galeão terminou por constituir-se na primeira experiência de controle de tráfego remoto de um grande aeroporto brasileiro. Ainda que restrita às operações de pátio.
Acordo Operacional Para adequação e coordenação das operações, foi elaborada uma Carta de Acordo Operacional, conforme exigência da legislação. “O Apron foi implementado em face do aumento da complexidade aeroportuária, por iniciativa da Concessionária RIOgaleão, e desenvolvido com base nas conclusões dos estudos de um grupo de trabalho criado em face desta iniciativa”, relata Barcellos a respeito do grupo que envolveu importantes organizações: Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), concessionárias, operadores aeroportuários e outras empresas do setor. O documento define as responsabilidades de cada órgão: as áreas que são geridas pelos controladores de tráfego aéreo e as que ficam sob os cuidados do controle de pátio, por exemplo. Aos pilotos, foram emitidas publicações aeronáu-
ticas com informações a respeito dos novos procedimentos exigidos pelo “controle compartilhado” no Galeão. Um deles, os orienta a manter o transponder no modo ALTITUDE REPORT/ ADS-B durante os taxis na área de movimento do aeródromo, de modo a fornecer mandatoriamente o posicionamento das aeronaves nas telas dos operadores. Para o Major Fabio Lourenço Carneiro Barbosa, comandante do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Galeão (DTCEA-GL) – à época da implementação do Apron no aeroporto – a iniciativa é salutar por viabilizar o foco da torre nos pousos e decolagens, propriamente. "A posição controle solo da Torre Galeão passou agora a ter a atenção focada no trecho entre as saídas do pátio e as esperas nas cabeceiras. Trecho muito menor que o do padrão anterior (dos fingers às cabeceiras). O operador do Apron, por sua vez, direciona sua atenção exclusivamente aos movimentos de pátio: deslocamentos de aeronaves, reboques, viaturas. Melhora-se, com isso, a segurança operacional e eficiência no trabalho de cada um", explica Barbosa.
Apron – Panorama Internacional A iniciativa não é exatamente uma novidade no resto do mundo. Muitos aeroportos têm implementado um serviço especificamente dedicado ao controle de pátio. Caso de inúmeros aeroportos norte-americanos, como os internacionais de Atlanta (ATL), Dallas/Fort Worth (DFW), Nova York (JFK), Filadélfia (PHL), Denver (DEN), por exemplo,
onde a prestação do serviço é realizada por uma célula à parte, operada pelo administrador aeroportuário ou, até mesmo, pelas companhias aéreas. Esse é também o caso de grandes aeroportos europeus e asiáticos como os de Zurique (ZUR), Dublin (DUB) e Abu Dhabi (AUH), por exemplo, que dispõem, cada qual, de uma torre para o controle de pátio. Já os aeroportos internacionais de Pequim (PEK), Tóquio/Narita (NRT), Dubai (DXB) e Seul/Icheon (ICN) possuem duas células de operação Apron. Caso emblemático é o do Aeroporto Internacional de Frankfurt am Main (FFT). Com a inauguração de um novo terminal de passageiros, o aeroporto, tradicional hub da Lufhtansa, constrói atualmente sua terceira célula de operações destinado ao controle de pátio numa nova torre. Para termos uma ideia da dimensão da atividade na Alemanha, os aeroportos de Frankfurt e Munique empregam, atualmente, 80 e 60 operadores, respectivamente, para o controle de pátio. No caso de Frankfurt, porém, uma particularidade: os operadores Apron também controlam os movimentos das pistas de taxi, o que não é usual. Incremento de segurança operacional, geração de dados estatísticos de movimentos, economia no uso de combustível, incremento de parâmetros de pontualidade, diminuição da carga de trabalho dos controladores de tráfego aéreo. Esses são alguns dos benefícios enumerados por Barcellos com a implementação do Apron Control. "Benefícios que já vêm se refletindo nos resultados de eficiência do Galeão", conclui.
Sala Operacional da Apron Control Galeão
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SEÇÃO
Quem é?
1º Tenente Cleila
Arquivista - CINDACTA I “Lixo eletrônico é resultado de informação descontrolada” Por Daisy Meireles Foto de Raimundo Carvalho
A gestão de documentos no âmbito da organização militar é um paradigma a ser superado por qualquer pessoa que acredita que protocolos e arquivos são coadjuvantes na tomada de decisões institucionais. 28
N
atural de Natividade, Tocantins, a 1º Tenente Cleila Ferreira Barbosa,
transparência e totalmente integrado na área de gestão documental.
faz parte do efetivo do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I), desde 2014. Aos 34 anos, a oficial temporária atua como arquivista na Seção de Documenta-
A infância Cleila tem cinco irmãos e é a quarta filha de Maria José Ferreira de Brito.
ção (arquivo, biblioteca, protocolo), mas
Aos 15 anos saiu de Natividade para Cal-
trabalha, ainda, na Ajudância de Ordens,
das Novas (GO), em busca de oportunidade
na Secretaria de Comando e na Seção de
de trabalho: “O nosso sentimento sempre
Passagens Aéreas. Coordena e é uma das
foi crescer logo para aliviar as despesas que
cinco instrutoras do Curso Básico de Gestão de Documentos - ADM001, que - em 2018 - formou 300 alunos. O ADM001 é um curso que tem eleva-
minha mãe tinha com os filhos. Não tivemos ajuda do nosso pai desde que ele saiu de casa quando eu estava com dez anos de idade e minha irmã mais nova, cinco anos”.
do o nível da gestão de documentação e proporcionado agilidade no acesso às informações, o que garante a qualida-
Os estudos
de dos serviços. O resultado mantém
Enquanto permaneceu em Caldas Novas,
o DECEA sempre na vanguarda, com
continuou os estudos, cursando a 7° série
até o 1° ano do Ensino Médio. Também trabalhou como babá e o que ganhava dava para se manter com o básico. Cleila voltou para Natividade em 2002, continuou os estudos no Ensino Médio e, para ajudar nas despesas, dava aulas de reforço para crianças e trabalhava como atendente em uma sorveteria.
A luta pela capacitação Chegou arregaçando as mangas, sem medo ou preocupação. Após análise dos setores de sua especialidade, foi assessorar o Comandante – o então Brigadeiro do Ar Leonidas de Araujo Medeiros Junior. Nos despachos diários, apresentou, de forma
Assim que se formou no ensino médio, quis fazer faculdade
clara e bem definida, os problemas da seção de Arquivo, elen-
e dar orgulho para a mãe. Por isso, deixou a cidade natal nova-
cando toda a legislação pertinente a cada ação proposta, de-
mente e, com a ajuda de uma conhecida e algumas economias,
monstrando as formas de solucionar os mesmos.
chegou em Brasília, em 2005. Trabalhava e cursava pré-vesti-
Desde o início se prontificou a assumir a capacitação do efe-
bular, com bolsa de 50%. Não parou de estudar até ser aprova-
tivo do CINDACTA I e dos órgãos que fizessem parte da intenção
da em 2008 na Universidade de Brasília (UnB).
do comando.
Algumas professoras foram contar a novidade para D. Ma-
Primeiro, ela tentou “arrumar a casa”, mas percebeu que
ria, que não tinha noção do significado daquela vitória: “Fiquei
era inútil tratar dessas questões por telefone ou em uma visi-
sem entender, mas depois Cleila me explicou e vi que aquela
ta de inspeção, queria ter tempo para ensinar as legislações e
conquista era muito importante para ela” - conta a mãe.
normas e mostrar suas implicações. O CINDACTA I estava carente nessa área de documentação e
Experiências profissionais
orientação sobre o trato com documentos. Cleila alertava sobre
Em Brasília teve ótimas oportunidades na sua área. Estagiou
subordinados, pois não conseguia passar todo o conhecimento
no Arquivo Público do Distrito Federal, na Imprensa Nacional,
durante as visitas de inspeção. Daí, teve a ideia de dar um curso
no Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e no
para os DTCEAs, mas o Brigadeiro Leonidas a orientou sobre os
Senado Federal. Trabalhou, ainda, como técnico administrati-
procedimentos de criação de curso na FAB: Plano de Unidades
vo em uma empresa privada e depois de formada ocupou cargo
Didáticas (PUD), currículo mínimo etc.
a necessidade dos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo
comissionado em dois ministérios: da Integração e da Fazenda.
“Então vamos montar um curso”, disse ela, que queria for-
Logo em seguida, surgiu a oportunidade de prestar o con-
malizar, certificar e dar oportunidade de conhecimento ao
curso da FAB, quando apresentou seu currículo, concorrendo
efetivo. Lutou por essa capacitação durante os dois anos em
a uma das nove vagas para arquivistas temporárias. Como era pouca a sua experiência comprovada depois de formada, comparada aos outros concorrentes, ficou na 15ª posição. Mas com o resultado da inspeção de saúde, alcançou o 4º lugar, sendo designada para o CINDACTA I.
A ascensão e o progresso do Curso ADM001 contribui para a disseminação de conhecimento (foto de Luiz Eduardo Perez)
que foi ajudante de ordens do Brigadeiro Leonidas. “Sempre insisti, pois via o quanto os 17 DTCEAs subordinados estavam sedentos por conhecimento e capacitação nessa área de gestão de documentos”, revela a Tenente Cleila. Hoje, o Major-Brigadeiro Leonidas fala da motivação e da
Alunos do Curso ADM001 no ICEA - 2018 (foto de S2 Alencar) 29
preocupação técnica da Tenente Cleila em fazer sempre o que é certo de lutar para que isso aconteça em todos os níveis, superando as expectativas. “É uma modelo de militar voltada ao serviço da Pátria que, com o espírito congregador, é um exemplo de comprometimento e profissionalismo. Usa o conhecimento de maneira destemida, encarando todos os desafios que lhe são entregues”, elogia o oficial-general.
constantemente convidada a auxiliar outras Organizações da
Quando o Brigadeiro Leonidas passou o comando para o Brigadeiro Gustavo Adolfo Camargo de Oliveira, Cleila ainda estava angustiada com a questão e já tinha pedido apoio à Divisão de Documentação (DDOC) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e se colocou à disposição para capacitar o pessoal na área de gestão documental.
A ideia inicial do curso era capacitar apenas no âmbito do
Ela precisou de orientação pedagógica do pessoal da Seção de Instrução e Avaliação Técnica (SIAT) para redigir o documento. Foi quando o Brigadeiro Gustavo enviou o pedido para o Brigadeiro do Ar Luis Cláudio da Fonseca Bragança Pinheiro, então chefe do Subdepartamento de Administração (SDAD) do DECEA, que ficou empolgado com a proposta – já que não havia um curso específico de gestão de documentos. Na avaliação de Cleila, percebe-se que toda essa parte administrativa se aprende sozinho, ou seja, as pessoas repetem o que o seu antecessor fazia. Nos dois anos em que teve a oportunidade de trabalhar com a Tenente Cleila, o Brigadeiro Gustavo registrou o elevado comprometimento profissional, a seriedade e a dedicação ao trabalho na Força Aérea. “Além das tarefas de ajudante de ordens, ela soube conduzir com maestria diversas outras tarefas administrativas, destacando-se por seu conhecimento sobre documentação e arquivo, atividade em que se diferencia de seus pares, sendo
FAB na implementação de soluções. É um exemplo de perseverança, dedicação aos estudos e capacidade de trabalho” – revela o Brigadeiro Gustavo.
O Curso ADM001 SISCEAB. O Brigadeiro Leonidas, que estava voltando para o DECEA como vice-diretor, no final de 2017 – quis ativar imediatamente o curso e pediu que todo o planejamento do ADM001 estivesse pronto até o final de janeiro de 2018, com formação da primeira turma até julho daquele ano. Formou-se, então, um Grupo de Trabalho (GT) para planejar o Curso ADM001 - formado por: 1º Tenente Clelia e 1º Tenente Pedagoga Fernanda Siqueira Garcia Maia (CINDACTA I); 1º Tenente Arquivista Danielle de Araújo Formiga (CINDACTA III); 2º Tenente Arquivista Luana de Almeida Nascimento e a bibliotecária Adriana da Silva Rosa (DECEA). Em dez dias o GT montou todo o material necessário para ativação do curso: PUD, Currículo mínimo, apostilas, guia prático, aulas e minuta da ICA (Instrução do Comando da Aeronáutica). O Curso ADM001 transforma o conteúdo teórico em algo prazeroso. Com a dinâmica de ensino das instrutoras e o lema do curso, que é "não decorar e sim entender para replicar", fica mais fácil o entendimento de toda a parte de gestão, de normas e de leis. “Precisamos entender que numa casa organizada você consegue achar as coisas e fica muito mais fácil controlar o que se tem. Se a informação é descontrolada, você não sabe o que tem nem o que pode oferecer, fica sem respaldo e não consegue assessorar a chefia. Muitas vezes a gente percebe é que
O orgulho de D. Maria e a felicidade de Cleila na formatura como arquivista pela UnB (foto arquivo pessoal)
um sistema tem os mesmos dados que outro ou, ainda, que estamos ao lado de uma pessoa que está produzindo a mesma informação. Isso é falta de gestão como um todo e, por esses motivos, precisamos ter uma equipe multidisciplinar, que envolva toda a organização: o arquivista, o pessoal da qualidade, da gestão de processo, da tecnologia da informação. Isso é gigante! ” - adverte a tenente. Todas as informações precisam ser tratadas. Para isso, o papel do arquivista é mostrar com clareza que, no momento que o documento é produzido, a organização precisa conhecer todos caminhos pelos quais ele passa e se precisa ser eternizado ou eliminado. “Precisamos desafogar os arquivos e deixar de guardar o desnecessário. Nem percebemos que a quebra de paradigma é sair do papel para o digital, senão ele vira um monstro” – brinca a arquivista.
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Os resultados Uma semana é pouco. Isso é o que dizem os alunos nas avaliações do curso. Eles querem mais prática, mais oficinas para aprimorar o conhecimento. Não há alunos arquivistas, e sim alunos executores – aqueles que lidam com documentação, pois o curso oferece conhecimento para as pessoas que trabalham diretamente com gestão de documentos. Saem do curso querendo fazer o correto, e as instrutoras têm a sensação de dever cumprido, pois veem o aluno entrar sem entusiasmo, sem conhecimento, mas percebem a diferença no final do curso, com a sede que eles têm de conhecimento e de mudança na gestão de documentos de sua Organização. Os alunos se tornam elos nessa empreitada e são de suma importância, pois vão replicar para o efetivo de suas Unidades o conhecimento adquirido. "Fico muito empolgada com o desenvolvimento dos alunos e acredito na capacitação. Habilitado, o militar trabalha mais feliz, se sente valorizado quando contribui e faz diferença para a FAB na área de gestão, pois vê que seu assessoramento vai chegar ao Comandante da Aeronáutica, que vai receber as informações que foram tratadas por ele, um aluno do Curso ADM001" – avalia a coordenadora. Os alunos percebem que foram privilegiados ao receber um conteúdo rico e que lá fora se paga muito caro por esse conhecimento. O curso ADM001 está fazendo mudanças e a área administrativa está sendo beneficiada, pois ela move a Força, é o alicerce.
Gerenciamento e preservação de documentos é a base do Curso ADM001, alinhado às novas tendências e demandas relativas à gestão de documentos (foto de S2 Alencar)
O objetivo é padronizar e nivelar esse conhecimento para toda a FAB.
O futuro A Tenente Cleila, como oficial temporária, sabe que vai sair da FAB daqui a um tempo. Ela pensa no futuro e no que vai fazer com esse conhecimento, revelando que, independentemente do tempo que ficar, vai atuar com afinco. Não quer perder o sentido do seu profissionalismo:“Tenho pouco tempo e muita coisa para fazer. Apesar de acumular funções, eu sou dinâmica e consigo administrar o meu tempo. Pedi acesso VPN em casa e o que não consigo terminar no CINDACTA I eu finalizo em casa”.
Daí, viram que não adianta padronizar o nível do DECEA e a ideia cresceu, de tal forma, que a necessidade fez envolver toda a Força Aérea Brasileira.
Ainda restam três anos para terminar seu contrato com a FAB e precisa se preparar para o futuro e, por isso, está cursando pós-graduação em Segurança da Informação no SENAC-DF.
A Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR) ainda não oferece conhecimento nessa área específica de gestão de documentos nem a Academia da Força Aérea (AFA). Por isso, o DECEA já se prontificou a promover o Curso ADM001 nessas instituições de ensino.
Quando foi designada para trabalhar com o Brigadeiro Leonidas, pela sua fama de "faca na caveira", Cleila tremeu na base e respirou fundo, porque sabia que tinha um enorme desafio pela frente, mas aprendeu que isso deixa a vida um pouco mais divertida e se manteve firme e forte.
Além do DECEA e seus regionais, o Curso capacitou também civis e militares do Comando-Geral do Pessoal (COMGEP), do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), do Comando de Preparo (COMPREP), da ALA 1, do Grupamento de Apoio de Brasília (GAP), da Diretoria de Ensino (DIRENS), da Diretoria de Administração do Pessoal (DIRAP), do Serviço de Recrutamento e Preparo de Pessoal da Aeronáutica do Rio de Janeiro (SEREP-RJ), da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Aeronáutica (EAOAR), da Diretoria de Administração da Aeronáutica (DIRAD), do Batalhão de Infantaria da Aeronáutica Especial dos Afonsos (BINFAE-AF) e da Universidade da Força Aérea (UNIFA).
“Eu estava diante de uma locomotiva, pois ele tem uma energia admirável. Tenho muito que agradecer pelos seus ensinamentos, incentivos e broncas necessárias e também pela credibilidade e aposta alta que fez em todas as profissionais arquivistas do SISCEAB, além da oportunidade que nos deu de levar o conhecimento sobre gestão de documentos. O Major-Brigadeiro Leonidas é o principal responsável pelo Curso ADM001. Após observar a integridade, a responsabilidade, a honestidade, as estratégias e a liderança dele, decidi lutar para deixar uma pequena contribuição profissional para a FAB. Deus me colocou exatamente onde eu deveria estar” – finaliza a tenente Cleila, de olho no futuro, no Curso ADM002.
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