R E V I S TA E S P E C I A L - Ano 13
A FAB nos jogos olĂmpicos e paralĂmpicos rio 2016
REVISTA ESPECIAL - Ano 13
Entrevista
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“A sociedade pode confiar no nosso trabalho”
Diretor-geral do DECEA destaca o planejamento do controle de tráfego aéreo para as Olimpíadas
Reportagem
08
08
Sala Master de Comando e Controle
Experiência e proatividade 24 horas em prol da fluidez do espaço aéreo
Reportagem
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Vigilância eletrônica a serviço da segurança dos Jogos
Rio 2016
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Unidade móvel de vigilância demonstra as vantagens de
levar a tecnologia para um grande evento esportivo
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Reportagem
Os olhos de Hórus de olhos na Rio 2016
Esquadrão das Aeronaves Remotamente Pilotadas da FAB irá monitorar o Rio de Janeiro durante as
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Reportagem
Restrições no espaço aéreo
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Olimpíadas
Aeronáutica publica circular com as Alterações Temporárias no Espaço Aéreo Brasileiro durante a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016
Reportagem
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Controladores de tráfego aéreo têm treinamento
especial para grandes eventos
A capacitação foi baseada na experiência adquirida em grandes eventos que o Brasil sediou e nas complexidades do espaço aéreo para os Jogos Rio 2016
28 Nossa capa
Expediente Na foto de Luiz Eduardo Perez, o Pão de Açúcar e o espaço aéreo controlado durante as Olimpíadas Rio 2016.
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Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA Diretor-Geral: Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Vuyk de Aquino Assessor de Comunicação Social e Editor: Paullo Esteves - Coronel Aviador Reformado Coordenação de pauta e edição: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Redação: 1º Tenente Jornalista Glória Galembeck Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Denise Fontes (RJ 25254 JP) Daniel Marinho (MTB 25768 RJ) Gisele Bastos (MTB 3833 PR) Telma Penteado (RJ 22794 JP)
Projeto Gráfico/Diagramação: Aline da Silva Prete Fotos: Luiz E. Perez (RJ 201930 RF) e Fábio Maciel (RJ 33110 RF) Contatos: Home page: www.decea.gov.br Intraer: www.decea.intraer Email: contato@decea.gov.br Endereço: Av. General Justo, 160 Centro - CEP 20021-130 Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2101-6942 Editada em AGOSTO - 2016
Editorial
A FAB nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016
M
ais um grande evento sediado no Brasil. E, mais
assim como os testes para as Olimpíadas, em conjunto
uma vez, a Força Aérea Brasileira conduz, através
com o Ministério da Defesa, que vão proporcionar
do DECEA, as atividades de controle do espaço aéreo. O Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR) e o Comando de Defesa Aeroespacial
interoperabilidade e maximização da operacionalidade da segurança do espaço aéreo nos Jogos Rio 2016. Em outra reportagem, a vigilância eletrônica,
Brasileiro (COMDABRA) também formam o time da FAB
que está a serviço da segurança dos Jogos, cumpre o
com o DECEA nesse grande evento.
monitoramento das áreas estratégicas em solo.
Nesta edição especial da revista Aeroespaço,
Nos céus, o Esquadrão Hórus, de Santa Maria,
sob o título: A FAB nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos
com suas aeronaves remotamente pilotadas, vão
Rio 2016, nossos jornalistas retratam a trajetória
monitorar o Rio de Janeiro durante os Jogos, de modo
dos profissionais envolvidos em mais essa missão
contínuo.
extraordinária e de grande vulto para o País.
Outro assunto relevante é o que chamamos de
A entrevista com o diretor-geral do DECEA atesta
restrições no espaço aéreo, já amplamente divulgado
para a sociedade que pode confiar no trabalho que a FAB
pela Aeronáutica. As alterações temporárias durante
realiza. O Tenente-Brigadeiro Carlos Vuyk de Aquino
o evento esportivo foram muito bem planejadas e a
destaca o planejamento do controle de tráfego aéreo
parceria DECEA/COMDABRA revive a história de sucesso
e a integração de todos os profissionais envolvidos no
em eventos anteriores. O PROSIMA, já conhecido pelos controladores
evento. A história de sucesso da Sala Master de
de tráfego aéreo, volta à pauta da Aeroespaço, dessa
Comando e Controle é outro tema inserido na edição. A
vez com a preparação desses profissionais que estão
experiência do Centro de Gerenciamento da Navegação
atuando nas Olimpíadas.
Aérea em eventos anteriores e a quantidade de atrações,
Todas as reportagens reconhecem que o trabalho
turistas, chefes de Estado, atletas, voos, aeroportos
em parceria, baseado em experiências anteriores
envolvidos estão contados na reportagem.
de sucesso, e com a dedicação de profissionais bem
A estrutura de comunicações e controle de tráfego aéreo também é assunto relatado na revista,
capacitados é a fórmula para o sucesso da Força Aérea Brasileira, do DECEA, do COMDABRA e do COMGAR.
Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Vuyk de Aquino Diretor - Geral do DECEA
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Entrevista
"A sociedade pode confiar no nosso trabalho" Por Denise Fontes Fotos: Fábio Maciel
Durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, delegações, imprensa, autoridades e torcedores vão cruzar o espaço aéreo brasileiro, para acompanhar a maior competição esportivo do planeta. Em entrevista à Aeroespaço, o diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Vuyk de Aquino, destaca o planejamento do controle de tráfego aéreo, a preparação dos controladores e o trabalho de integração dos profissionais envolvidos no evento. 4
✈ Como foi o planejamento do DECEA para as Olimpíadas? Iniciamos no dia seguinte ao término da Copa do Mundo. Já sabíamos que teríamos pela frente um novo evento com uma magnitude parecida como a do Mundial de Futebol. No entanto, com algumas situações mais específicas e que ocorreria, quase na sua totalidade, na cidade do Rio de Janeiro, e com um número muito maior de países envolvidos e autoridades presentes. Toda experiência dos eventos anteriores já realizados no Rio de Janeiro e no Brasil nos permitiu ter dados suficientes para fazer um planejamento estratégico. Nós estamos preparados para conduzir o tráfego aéreo do Brasil dentro da nossa área de responsabilidade.
✈
Quais foram os principais avanços do controle de tráfego aéreo brasileiro, em termos de tecnologia, para as Olimpíadas? O Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB)
não pode se pautar por grandes eventos. Ele deve ter um
planejamento muito bem estruturado para garantir a evolução de todos os sistemas. Toda nossa estrutura técnica está atualizada e em condição de prestar o apoio necessário às
"A sociedade pode confiar no trabalho executado pelos nossos controladores"
atividades diárias. No caso da Olimpíada no Rio, precisamos somente fazer alguns ajustes. A
Controle, onde estão todos os órgãos participantes
evolução dos sistemas, inclusive a questão da
dentro desse processo, em um trabalho de integra-
implantação do SAGITARIO (Sistema Avançado de
ção que permite chegar a decisões colaborativas de
Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e
maneira ágil e rápida.
Relatório de Interesse Operacional) no Controle de Aproximação de São Paulo (APP-SP), foi importante para termos todos os principais órgãos ligados aos Jogos no mesmo nível tecnológico, somando-se ao SIGMA (Sistema Integrado de Gestão de Movi-
É a aplicação das mais modernas técnicas de gerenciamento, que traz muito resultado, e já está em operação no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA).
mentos Aéreos), que permite aos pilotos enviarem suas intenções de plano de voo pela internet de qualquer lugar do Brasil.
✈ Qual o impacto das restrições do
Local (COL), criada para o gerenciamento da defesa
espaço aéreo durante as competições para as companhias aéreas e os usuários do transporte aéreo?
aérea, de responsabilidade do COpM 2 (Segundo
O maior impacto é a questão das competições de
Uma outra novidade é a Célula de Operação
Centro de Operações Militares), localizado em Curi-
vela na Baía de Guanabara, sendo obrigado fechar
tiba. Nós disponibilizamos uma célula específica,
o Aeroporto Santos Dumont de 8 a 18 de agosto, das
no caso de haver contingenciamento do COpM, que
12h40 às 17h10. Mas, tudo foi planejado e informado
- de imediato - assume e dá continuidade às ativi-
com antecedência para as companhias aéreas e os
dades de defesa aérea dentro da área específica.
usuários do transporte aéreo.
✈ Há alguma preocupação especial na área de controle de tráfego aéreo para a abertura e o encerramento das Olimpíadas? Sim. Esses são os dois pontos que atrairão as
✈ Quais foram as ações para aprimorar a atividade do controlador de tráfego aéreo que vai atuar no evento? No caso dos eventos anteriores, como a Copa do
maiores atenções. A abertura de uma grande
Mundo, tivemos 12 cidades-sede espalhadas pelo
festa, onde vem muita gente e fica todo mundo
Brasil. Houve um treinamento específico para
focado no mesmo tempo e na mesma cidade, e o
cada uma dessas localidades, mas agora a con-
encerramento, que é o congraçamento final do
centração é muito mais no Rio de Janeiro e o foco
sucesso dos atletas do mundo inteiro.
passou a ser, principalmente, o efetivo de Curi-
Normalmente, as pessoas se deslocam por ae-
tiba, Brasília, os Controles de Aproximação (APP)
ronaves, usam o espaço aéreo e a infraestrutura
do Rio de Janeiro e de São Paulo e os aeroportos
aeroportuária. Em razão disso, fizemos um plane-
coordenados dentro do planejamento.
jamento do controle de fluxo de tráfego aéreo e de solo. Sabemos que o controle de tráfego aéreo não é um
Os treinamentos dos controladores foram planejados por meio do Programa de Simulação de Movimentos Aéreos (PROSIMA), para lidar com as
sistema isolado e precisa atuar em conjunto com a
situações eventuais, como fechamento de aero-
infraestrutura aeroportuária e os órgãos regulado-
portos e grande demanda de aeronaves Vips. O
res. Para isso, ativamos a Sala Master de Comando e
treinamento teve o objetivo de cobrir todas as pos-
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sibilidades de atividades diferentes do que acontece no nosso dia a dia. Foi a primeira vez que tivemos a oportunidade de simular um cenário integrado de controle de tráfego aéreo com a defesa aérea. Temos, também, um reforço específico no APP Galeão com a criação de posições extras e a duplicação das posições operacionais da Torre de Controle, em virtude da expectativa do aumento da demanda de voos.
✈ Quais informações a comunidade aeronáutica recebeu do DECEA sobre as restrições do espaço aéreo durante as Olimpíadas? Foi feito uma antecipação da difusão da infor-
mação através dos instrumentos previstos dentro da nossa legislação, uma Circular de Informações Aeronáuticas, de forma muito clara, para as comunidades brasileira e internacional. É um documento de abrangência mundial para que todos tomem conhecimento das mudanças que precisamos executar em função das competições. Além de divulgação através da mídia e de blog específico, o Espaço Aéreo Olímpico, para que as pessoas entendam as medidas de segurança adotadas durante os Jogos Rio 2016. www.decea.gov.br/rio2016
✈ De que forma a integração do controle de tráfego aéreo com a defesa aérea facilita as ações da Força Aérea Brasileira num evento desse porte? Se falarmos de controle de tráfego aéreo, ele é o
início de tudo e a defesa aérea é a garantia da segurança. Toda estrutura de tráfego aéreo que percebe um movimento não previsto, já alarma a defesa aérea e, a partir daí, de comum acordo, há troca de informação de que se trata de uma aeronave que não obedeceu às restrições do espaço aéreo, que está quebrando uma regra específica, mas que não oferece risco, ou aquela que, dentro das classificações da defesa aérea, poderá oferecer riscos. A partir daí, existe uma série de ações de defesa aérea para se contrapor a essa possível ameaça definida pelos critérios de segurança. Essa integração tem que ser perfeita, pois o erro de 6
A Célula de Operação Local provê a pronta resposta às ações de defesa aérea
comunicação entre as partes pode colocar um evento em risco. Temos que ter início, meio e fim, de forma coordenada para garantir a segurança da sociedade que estará participando das atividades esportivas.
✈
Qual o legado que as Olimpíadas podem deixar para o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro? O maior legado é o aprendizado, além da cons-
cientização de que estamos preparados e que devemos ter um planejamento muito bem feito para obter sucesso. As pessoas, de uma maneira geral, passam a entender um pouco melhor o seu papel dentro do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro e, finalmente, a melhoria do conjunto como um todo. Esses são os grandes benefícios.
✈ O que o Senhor diria às pessoas que virão para o Brasil sobre a segurança do SISCEAB? O DECEA está preparado para esse grande evento?
Controladores de Tráfego Aéreo capacitados pelo Prosima para os Jogos Rio 2016
A sociedade pode confiar no trabalho executado pelos nossos controladores, pela nossa estrutura e pelo SISCEAB de uma maneira geral. Tenho certeza que tudo dará certo. Nós estamos preparados para este evento, assim como estivemos preparados para todos os que antecederam as Olimpíadas.
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Reportagem
Sala Master de Comando e Controle
experiência e proatividade 24 horas em prol da fluidez do espaço aéreo Por Telma Penteado Fotos: Fábio Maciel
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C
ompetições simultâneas, atrações ao ar livre, 42 modalidades de esportes,
disputa de barcos a vela, canoagem, ciclis-
mo, saltos ornamentais, lutas, hipismo e muitos, muitos turistas a trabalho e a passeio – todos na mesma Cidade Maravilhosa. Nenhum outro grande evento realizado no Brasil nestes últimos quatro anos se compara aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Ativação simultânea de Áreas de Segurança, ampliação e alteração dos horários de funcionamento dos aeroportos e significativo aumento no fluxo de tráfego aéreo tornam o trabalho do Departamento de
✈ 39 aeroportos envolvidos (três Bases Aéreas), localizados nas cidades-sede;
Controle do Espaço Aéreo (DECEA), através do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), ainda mais dinâmico e desa-
✈ 22 posições de embarque no aeroporto
Santos Dumont (8 assistidas por pontes e 14 remotas);
fiador. Para se ter uma ideia da grandeza do evento, confira os números na tabela ao lado. Uma questão mais premente diz respeito ao funcionamento do aeroporto Santos Dumont, que passará a operar em horário diferenciado entre os dias 3 e 23 de agosto – das 6h às 23h59 para a aviação comercial e 24 horas para as aviações geral, executiva e VIP. Passado este período, o aeroporto voltará a operar em seu horário normal, das 6h às 22h30. De acordo com a Secretaria de Aviação Civil (SAC), “o horário de operação dos voos comerciais foi ampliado como forma de compensar a suspensão dos voos durante as provas de vela na Baía da Guanabara, de 8 a 18 de agosto, das 12h40 às 17h10”. Este aumento implica num ganho de 34 movimentos diários na aviação comercial com atendimento extra em média de 4.800 passageiros por dia e 180 movimentos diários de aviação geral e executiva, totalizando aproximadamente mais de 4,5 mil movimentos extras.
✈ +de 1 milhão de atletas, delegações e
turistas circulando nos aeroportos – sendo destes 4 mil atletas paralímpicos, o que reforça o desafio da acessibilidade – e 32 mil jornalistas;
✈ 4,7 milhões de volumes de bagagem processados nos terminais cariocas;
✈ 2.200 controladores de voo com treinamento específico para o evento (PROSIMA);
✈ + de 1.000 vagas extras nos pátios para estacionamento de aeronaves;
✈ + de 100 Chefes de Estado e delegações de 206 países;
✈ estimativa de 900 a 1.000 movimentos de aeronaves executivas no dia da abertura;
✈ 45% extra de servidores de órgãos públicos envolvidos na prestação de serviço aeroportuário – mais de 2,5 mil
servidores envolvidos.
Segundo a SAC, “além de reduzir possíveis impactos meteorológicos nas operações, a
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Sala Master - estrutura para monitorar e controlar ações de gerenciamento de tráfego aéreo e defesa aérea
ampliação do horário de funcionamento do Santos Dumont vai proporcionar maior capacidade operacional para atender à grande movimentação aérea que a Olimpíada trará ao Rio”. Investimentos também foram feitos no Aeroporto Internacional Tom Jobim – Galeão, que incluem o recebimento de uma verba de dois bilhões de reais; um novo píer com 100.000 m2 de extensão; capacidade mais que duplicada (de 17,3 para 37,5 milhões de passageiros/ano); construção de 26 novas pontes de embarque e substituição completa de outras 68; entre outras melhorias.
ativada para monitorar e controlar ações de gerenciamento de tráfego aéreo e defesa aérea. De maneira colaborativa, a Sala Master reúne autoridades de diferentes órgãos que, juntos, deliberam sobre questões ligadas à segurança do fluxo de aeronaves e ao controle do espaço aéreo brasileiro durante a realização de grandes eventos. Neste ano de 2016, com os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, será a quinta vez que a Sala será ativada. Em 2011, já vislumbrando os grandes eventos que o
Sala Master – uma história de sucesso Uma das principais características do CGNA é a aplicação do modelo de Decisão Colaborativa. Reunindo militares da Força Aérea Brasileira
e o CGNA, levando em consideração a necessidade de planejar diversos setores para receber as crescentes demandas de tráfego aéreo, elaboraram o Plano de Ação para Grandes Eventos.
(FAB) prestando serviço ao Sistema de Controle do
O documento prevê todas as ações dos órgãos de
Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) com represen-
controle e de gerenciamento de tráfego aéreo antes,
tantes de companhias aéreas, o CGNA, operando
durante e depois dos grandes eventos da Copa das
desde 2005, busca a harmonização do gerencia-
Confederações, Jornada Mundial da Juventude (JMJ),
mento do fluxo de tráfego aéreo, do espaço aéreo e
Copa do Mundo FIFA e Jogos Olímpicos e Paralímpi-
das demais atividades relacionadas com a navega-
cos.
ção aérea. E como modelos bem-sucedidos são aplicados em
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Brasil sediaria ao longo dos próximos anos, o DECEA
Uma primeira versão da Sala Master se deu já em 2012, quando nove militares se reuniram para atuar
outros contextos, não poderia ser diferente com
na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvi-
a Sala Master de Comando e Controle, estrutura
mento Sustentável, a Rio+20.
Na sequência, em 2013, como já previsto, a Sala
Com o objetivo de unificar e padronizar os proces-
Master foi ativada para receber a Copa das Con-
sos dos variados elos envolvidos, bem como con-
federações e, mais adiante, a Jornada Mundial da
centrar informações e monitorar o fluxo de tráfego
Juventude, desta vez, num modelo mais complexo
aéreo durante os mega eventos, as autoridades
reunindo autoridades da Aeronáutica (DECEA,
puderam utilizar a Sala Master para o gerencia-
Comando-Geral de Operações Aéreas - COMGAR), da
mento de crises diárias e para a tomada de decisões
SAC, da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aero-
colaborativas, com o apoio de telões que indicam em
portuária (Infraero), da Agência Nacional de Aviação
detalhes a situação de pistas, pátio e terminais dos
Civil (ANAC) Receita Federal, Polícia Federal, Agência
aeroportos das cidades-sede, bem como visualizações
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), entre
dos radares com as respectivas informações de voo
outros representantes das organizações envolvidas
e o posicionamento de aeronaves no espaço aéreo
direta ou indiretamente na estrutura do transporte
dessas regiões.
aéreo em um ambiente de plantão 24 horas voltado à coordenação de ações e tomada de decisões. Para se ter ideia do volume de trabalho, foram con-
Em 2014, como a realização da Copa do Mundo FIFA, a Sala Master, desta vez visitada pelo, então Ministro-Chefe da SAC, Moreira Franco, ganhou uma
tabilizados mais de 108 mil voos, com cerca de 2.900
reforma, tendo agora à sua disposição, além do ban-
vagas para estacionamento de aeronaves e um plano
co de dados meteorológicos e de defesa aérea (nesta
de contingência que conta com 90 aeródromos, entre
edição as informações abrangeram mais de 70 aeró-
aeroportos e áreas coordenadas.
dromos), uma grande tela de visualização do software
TM
Funcionamento da Sala Master
2016 2014 2013 2013 2012
Jogos Olímpicos e Paralímpicos Copa do Mundo FIFA Jornada Mundial da Juventude (JMJ) – visita do Papa Francisco Copa das Confederações Rio+20
1
64 dias 42 dias
Lorem ip adipiscin
24 dias 20 dias -
Dias de maior movimentação 5 de agosto 13 a 14 de agosto 20 a 21 de agosto 22 de agosto
Cerimônia de Abertura Finais de atletismo, natação, ginástica e tênis Finais da maioria dos esportes coletivos e encerramento do evento Dia seguinte ao Encerramento das Olimpíadas
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SIGMA (Sistema Integrado de Gestão de Movimentos
das Relações Exteriores e de Autoridade Pública
Aéreos), com dados sobre a localização das aerona-
Olímpica.
ves em sobrevoo tanto em nosso território, como em grande parte do Oceano Atlântico, totalizando uma cobertura de 22 milhões de quilômetros quadrados. Mais uma vez os números impressionam. Foram
Ressalta-se que os operadores aeroportuários privados também terão representatividade na Sala, que, após a sua ativação, passarão a compartilhar as informações sobre as locomoções (chegada, deslocamentos
registrados, aproximadamente, 100 voos diários
e partidas) das autoridades e das delegações, bem como
acompanhados pela Sala Master além dos voos da
a ativação e a desativação das áreas de restrição do
operação normal, 16,7 milhões de passageiros nos
espaço aéreo.
aeroportos, recordes de movimentos aéreos nos aeroportos de Brasília (DF), Salvador (BA) e Pampulha (MG) e crescimento de 26% nos movimentos em Guarulhos (SP). Foi em 2014 que a Assessoria de Comunicação
E, nesta edição, teremos a Sala Master 2, que ficará num ambiente em anexo à principal, destinada aos chefes das Divisões Operacionais (DO) dos Órgãos Regionais (os quatro Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo – CINDACTA; Serviço
Social (ASCOM) do DECEA criou e lançou o site “Copa
Regional de Proteção em Voo de São Paulo – SRPV-SP) e
sob Controle”, marcando mesmo um gol de placa.
às equipes de apoio dos representantes das instituições
Foram mais de dez mil acessos ao site, que trouxe boletins dos movimentos aéreos nos aeroportos,
que estarão prestando serviço na Sala Master. Outra novidade é o Sistema de Gestão de Voos Olím-
clippings das principais notícias, reportagens sobre
picos e Paralímpicos (SGVOP), um software desenvol-
a rotina e as visitas recebidas na Sala Master, dados
vido no CGNA que reúne todas as funcionalidades dos
sobre as cidades-sede e diversas outras informações
processos desenvolvidos.
geradas pelos profissionais da ASCOM. Muitas foram as conquistas deste modelo de
Segundo o coordenador da Sala Master, Brigadeiro do Ar Luiz Ricardo de Souza Nascimento, este ambiente foi
decisão colaborativa, já tão bem-sucedido no CGNA
construído “para agregar todos os órgãos do governo
e igualmente vitorioso na Sala Master. A integração
que terão certa influência ou determinação nos voos
dos órgãos e empresas, num ambiente de atividade
que serão realizados durante os Jogos Olímpicos e
ininterrupta, propicia não só a rápida resposta em
Paralímpicos Rio 2016. A finalidade básica é dispor de
momentos de crise, como garante a qualidade de
pessoas que tenham capacidade de tomar a decisão da
todas as ações executadas por conta da presença de
forma mais rápida possível, passando por todos os ato-
autoridades de cada setor.
res que podem influenciar um voo, para que tenhamos um completo domínio do setor aéreo durante todo o
Que venham as Olimpíadas! Com ativação no dia 20 de julho, com probabilidade de término em 24 de setembro (totalizando 64 dias de intensa atuação), a Sala Master receberá para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos representantes da Casa Civil, INFRAERO, SAC, ANAC, Receita Federal, Polícia Federal, ANVISA, VIGIAGRO (Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional), bem como de órgãos como o DECEA, COMGAR, Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (CECOMGEX), Petrobras, Comitê Olímpico Internacional (COI) e demais membros ministeriais
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período do evento”.
Você Sabia? Uma curiosidade deste evento é o transporte de cargas vivas, que são os cavalos que participarão das competições de Hipismo e Pentatlo Moderno. Os voos desses animais serão monitorados pela Sala Master e chegarão pelo aeroporto do Galeão, tendo como alternativa o aeroporto de Cabo Frio. Uma vez que fazem parte das Delegações, serão tratados com todo o cuidado que se faz necessário!
DECEA monta estrutura de comunicações para os Jogos Olímpicos Rio 2016
Reportagem
Por Daisy Meireles Fotos: Luiz Eduardo Perez e Fábio Maciel
13
O
Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), através do Primeiro Grupo de Comunicações e
Controle (1° GCC), vem participando de diversas reuniões de coordenações desde o ano de 2015, no intuito de reunir todas as possíveis necessidades de melhoria nas comunicações para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Dessa forma, realizou diversos treinamentos visando aprimorar a capacidade técnica, para prover um apoio rápido e eficiente na infraestrutura do evento esportivo. O 1º GCC está apto a instalar, operar e manter um escalão avançado de operações aerotáticas em áreas onde a cobertura ordinária não for suficiente. O controle, as comunicações e o alarme aerotático fornecidos pelo 1º GCC suprem eventuais falhas de detecção e ligam áreas remotas com os usuários dos centros de controle e operações. Dotado de cinco esquadrões, o 1º GCC é uma unidade
O 1º GCC e seus esquadrões estão envolvidos em toda a estrutura de Comunicações para as Olimpíadas
versátil e de grande mobilidade, sempre apoiando operações essenciais para a segurança e a eficácia do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Seus esquadrões são grupamentos equipados com modernos sistemas de controle e comunicação, capacitados para – a qualquer tempo e em qualquer local do território brasileiro – apoiar os comandos operacionais. A Copa do Mundo de 2014 foi uma oportunidade única para que o 1º GCC se engajasse em atividades de grande vulto, fora do âmbito particular das Operações Militares, que também demandam esforço e coordenações semelhantes. Foi também um teste para avaliação dos vários meios empregados, gerando um aprimoramento nos enlaces de comunicações e evidenciando as possibilidades de melhoria em situações de grande demanda. O 1º GCC e seus Esquadrões estão envolvidos em toda a estrutura de comunicações para as Olimpíadas do Rio, desde a disponibilização de imagens das aeronaves remotamente pilotadas (RPAS), para uma maior consciência situacional dos órgãos competentes, até o emprego direto de frequências para controle das aeronaves comerciais nos locais de maior demanda. A importância dos testes é permitir que todas as configurações necessárias sejam pré-definidas e que eventuais oportunidades de melhoria sejam observadas com tempo suficiente para a realização de ajustes. Dessa forma, os testes foram realizados em todos as
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Mais de 150 militares estão envolvidos nas atividades de montagem e desmontagem da estrutura de Comunicações e Controle de Tráfego Aéreo cidades onde haverá eventos dos Jogos Olímpicos.
Mais de 150 militares estão envolvidos nas ativi-
O objetivo é avaliar o recebimento de dados das
dades de montagem e desmontagem da estrutura
aeronaves-radar E-99, verificar a tramitação das
de comunicações e controle de tráfego aéreo, em
imagens das RPAs e certificar a confiabilidade
todas as cidades previstas para as atividades: Rio
das comunicações nos locais de grande fluxo de
de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília,
tráfego aéreo. Isso possibilita, ainda, que todo o
Salvador e Manaus. Além disso, vários técnicos
controle das aeronaves de defesa aérea possa ser
participarão em cidades-chave para o apoio do sis-
realizado em locais alternativos, em caso de situa-
tema de comunicações, como Curitiba (PR), Recife
ções anormais.
(PE) e Anápolis (GO).
Num desses testes, que aconteceu na sede do 1º
O 1° GCC trabalhará em coordenação com o
GCC, em maio deste ano, os terminais do Sistema
Exército Brasileiro, provendo – em muitos casos
de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS)
– o apoio desse, como no emprego dos terminais
do Ministério da Defesa foram utilizados como
satelitais militares de comunicações empregados
meio de enlace para os sistemas de Tecnologia da Informação que funcionarão por meio de uma Rede Particular Virtual, denominada VPN. Foram testados também sistemas de telefonia IP, que su-
nas Artilharias Antiaéreas dos locais dos eventos, possibilitando a coordenação e o emprego com suas unidades desdobradas.
portarão as comunicações de comando e controle
O Comando da Aeronáutica irá prover os servi-
dos órgãos da Força Aérea Brasileira alocados para
ços de forma conjunta com o Ministério da Defesa,
o evento. A Diretoria de Tecnologia da Informação
proporcionando interoperabilidade e maximi-
(DTI) do Comando da Aeronáutica e os responsá-
zando a operacionalidade dos envolvidos com a
veis pela gerência do SISCOMIS no Ministério da
segurança do espaço aéreo no Jogos Olímpicos e
Defesa também participaram desses testes.
Paralímpicos Rio 2016. 15
Reportagem
Vigilância eletrônica a serviço da segurança dos Jogos Rio 2016 Unidade Móvel de Vigilância demonstra as vantagens de levar a tecnologia para um grande evento esportivo Por Denise Fontes Fotos: Fábio Maciel
D
urante os dias dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o esquema de segurança no Rio de Ja-
leão (BAGL) para a segurança do local, onde serão
neiro também vai acontecer em solo: as Centrais
recebidas autoridades e delegações durante os Jogos
Móveis de Vigilância Eletrônica estarão de pron-
Olímpicos. Esse é um trabalho conjunto entre o Co-
tidão 24 horas para garantir que seja cumprido o
mando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR) e o De-
monitoramento das áreas estratégicas.
partamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA)”,
Quem realizará essa operação são militares da Força Aérea Brasileira (FAB), os responsáveis por acompanhar cada movimentação de autoridades,
explica o comandante do BINFA 55, Major Alexis Cezar Lins da Silva. O veículo é equipado com câmeras e telas para mo-
delegações e aeronaves nas Bases Aéreas do Rio
nitoramento de áreas estratégias das competições.
de Janeiro.
“A viatura funciona nos mesmos moldes de uma sala
As centrais de vigilância foram montadas pelos militares do Batalhão de Infantaria (BINFA 55) do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II), de Curitiba (PR).
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“Uma viatura será utilizada na Base Aérea do Ga-
de vigilância física, mas além da mobilidade, a agilidade é um ponto muito importante. Para montar o conjunto, quatro pessoas são suficientes. Nós podemos levar a equipe e os equipamentos no mesmo carro”, explica o Major Alexis.
O sistema de vigilância eletrônica também será empregado nas Bases Aéreas dos Afonsos (BAAF) e de Santa Cruz (BASC) - unidades militares responsáveis pela defesa do espaço aéreo no Rio de Janeiro durante o período dos jogos – com o objetivo de aumentar o nível de segurança das áreas estratégicas, proporcionando a visualização em tempo real de diversos pontos do local para tomada de decisões pelo Comando de Controle. Essa não é a primeira vez que a FAB utiliza vigilância eletrônica móvel em grandes eventos. O sistema foi empregado durante a Copa do Mundo de 2014, em Curitiba. Caso seja necessária uma movimentação mais rápida ou mais distante, a unidade móvel de vigilância eletrônica pode ser transportada pela aeronave C-130 Hércules e, futuramente, pelo cargueiro KC-390. Para colocar os equipamentos em funcionamento, a viatura pode trabalhar com a energia da rede comercial, com gerador do próprio BINFA, além de uma bateria extra.
Atuação conjunta Exercícios conjuntos foram realizados, de 26 de abril a 6 de maio deste ano, para testar o sistema de vigilância eletrônica para as Olimpíadas. Os militares do BINFA do CINDACTA II participaram da Operação Tropeiro 2016, em Lagoa Santa (MG), onde foi realizado o monitoramento, 24 horas por dia, na área onde a FAB montou um acampamento com 74 barracas. Além do treinamento do apoio logístico para exercícios militares, um escalão móvel de apoio envolveu as áreas de intendência, engenharia, saúde, tecnologia da informação, segurança e defesa, e também posto de comunicações, responsável por prover toda a infraestrutura de telecomunicações. A operação envolveu cerca de 200 militares. A participação no exercício foi uma solicitação da Subchefia de Segurança e Defesa (SCSD) do COMGAR, responsável pela coordenação das atividades dessa área no âmbito da FAB durante as Olimpíadas e Paralimpíadas.
Militares realizaram testes durante o Exercício Tropeiro, em Minas Gerais
17
O Major Marcos Paulo Oliveira Ramos, adjunto da SCSD do COMGAR, participou do treinamento como observador. “Foi de extrema importância testar como a viatura será empregada nos Jogos Olímpicos. Nada melhor do que um exercício real para colocar os equipamentos em campo e ver os resultados”, afirma o oficial, sobre as lições aprendidas durante a Operação Tropeiro.
Estrutura A unidade móvel possui câmeras fixas e com rotação de 360 graus (speed dome). Conta, ainda, com postes móveis de vigilância, que podem ser instalados a uma distância de 12km da viatura e com capacidade de enviar, por meio de links com as antenas da viatura, as imagens captadas para os monitores de dentro do veículo. Uma das vantagens do uso do módulo móvel é sua autonomia, que pode chegar até 24 horas. É capaz, também, de manter uma vigilância permanente sobre algum ponto de interesse, o que também significa maior riqueza de informações. “As imagens captadas podem ser enviadas para centros de controle, onde os militares monitoram as áreas do local do evento, como ocorreu na Copa do Mundo de 2014”, explica o Major Alexis.
18
Como tudo começou O projeto do módulo móvel de vigilância eletrônica na FAB começou há cerca de dez anos, por iniciativa do BINFA 55. Ao longo do tempo, os militares aprimoraram técnicas e procedimentos até o resultado final: viatura com tecnologia HD e digital, capaz de reduzir custos e recursos. O Batalhão de Infantaria é também responsável pela capacitação – com duração de quatro semanas - do efetivo para manutenção e emprego do material. “O projeto traz muita economicidade, pois é possível montar a viatura e treinar os próprios militares. Além disso, a unidade móvel pode ser empregada não só nos eventos externos, mas nos exercícios da FAB, aumentando a segurança de suas atividades”, exemplifica o comandante do BINFA 55. Após os Jogos Olímpicos, uma viatura ficará à disposição dos Batalhões de Infantaria do Rio de Janeiro. A segunda será enviada para o Quinto Comando Aéreo Regional (COMAR V), em Canoas (RS).
A viatura funciona nos mesmos moldes de uma sala de vigilância física
Os olhos de Hórus de olhos na Rio 2016
Reportagem
Esquadrão das Aeronaves Remotamente Pilotadas da FAB irá monitorar o Rio de Janeiro durante as Olimpíadas Por Daniel Marinho Fotos: Luiz Eduardo Perez
D
epois de anos de espera, a primeira Olimpíada da América do Sul está à espreita, baten-
do na porta. Em breve, mais de dez mil atletas de 206 países aportarão nas arenas, pistas, quadras e outras instalações olímpicas, enfrentando-se nas 42 modalidades esportivas do evento. Será a maior operação logística pela qual o Rio de Janeiro já passou. Segundo estimativas do Ministério do Turismo, cerca de 500 mil turistas estran-
das que um evento desta magnitude exige. Destaque dessa mobilização é a missão singular do Primeiro Esquadrão do Décimo Segundo Grupo de Aviação (1º/12º GAv), o chamado Esquadrão Hórus. Na mitologia egípcia, Hórus, filho de Osíris, era o deus dos céus. Aquele que tudo via. Tinha por símbolo o Falcão: ave de rapina que, por voar mais alto, enxerga mais longe que os demais. Na FAB, Hórus não é uma ave. São muitas. E é exatamente de
geiros deverão se unir a um número ainda maior de
seus olhos que os principais órgãos de segurança e
brasileiros, totalizando uma expectativa expressiva
defesa do País irão “assistir” às Olimpíadas do Rio
de mais de um milhão de pessoas desembarcando
de Janeiro.
para os Jogos Olímpicos no Brasil. A grande maioria, naturalmente, na cidade-sede. Para assegurar a defesa aérea e as estratégias de
O Esquadrão Hórus é a unidade da Força Aérea dotada de aeronaves remotamente pilotadas (RPAs
- Remotely Piloted Aircraft) de grande porte, cujos
segurança ao longo dos jogos, a Força Aérea Bra-
recursos e pessoal estão habilitados para monitorar
sileira (FAB) empregará uma estrutura robusta de
extensões significativas de território a partir de
recursos físicos e humanos para atender às deman-
suas lentes de altíssima definição. 19
Para a Rio 2016, duas aeronaves
câmeras de altíssima resolução
modelo Hermes RQ-450 estão esca-
que, ao processar o conjunto de
ladas para o evento. Ao longo dos
imagens, viabiliza o monitoramen-
jogos olímpicos, elas farão um
to de diferentes enquadramentos
revezamento em voos sobre áreas
dentro de uma mesma região
estratégicas. Voos a cerca de três
simultaneamente.
mil metros de altitude que têm por
RPAs da FAB ficam sobrevoando
gem) dessas regiões e o repasse de
percursos circulares permanentes
imagens em tempo real à célula de
durantes horas, aptas a captar
comando e controle instalada no
desde planos gerais que abrangem
Comando Militar do Leste, durante a
porções significativas de territó-
Rio 2016: o CGDA – Coordenador-Geral
rio, como por exemplo os bairros
de Defesa Aérea. A capacidade de
da circunvizinhança de uma arena
visualização das lentes embarca-
olímpica, até um plano detalhe
das nesses robôs voadores surpre-
aproximado capaz de identificar
ende. São aeronaves equipadas
pessoas caminhando sobre uma
com sensores de monitoramento,
passarela ou um portão de acesso
reconhecimento e vigilância aérea,
de um estádio.
providas de câmeras diurnas e de infravermelho, sistemas de comunicações aperfeiçoados e um radar de abertura sintética (SAR
- Synthetic Aperture Radar) que permite fazer imagens até mesmo em territórios sob as nuvens. Dentre os recursos disponíveis
20
Para executar estes registros, as
objetivo o monitoramento (filma-
As aeronaves do Hórus já vêm há algum tempo sendo empregadas no apoio a grandes eventos internacionais sediados no País, como a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo, em 2014. Nos Jogos Olímpicos do Rio, porém, a operação terá
no RQ-900, o modelo mais recente,
alguns aspectos singulares, como
está o SkEye: um composto de 17
atesta o Tenente-Coronel Aviador
Estação de Controle de Solo (GCS - Ground Control Station)
Mecânicos do Esquadrão Hórus na manutenção de uma RPA
Sandro Bernardon, comandante
Antes, porém, esta
do Esquadrão Hórus: “Na Copa o
infraestrutura será objeto
trabalho era restrito a uma janela
de uma operação logística de
de tempo (algumas horas antes
grande dimensão, no transporte
e depois das partidas de futebol),
de todo este material desde a
agora as RPAs operarão de modo
sede do esquadrão em Santa
contínuo, somente no Rio de Janeiro.
Maria, no Rio Grande do Sul, até
Ainda segundo o oficial a frota
a BASC, na capital fluminense.
do 1º/12º GAv deverá monitorar
Durante a Rio 2016, as Aeronaves
as principais áreas de circulação
Remotamente Pilotadas do Esqua-
de pessoas e os arredores das
drão Hórus terão uma importância
instalações olímpicas, dentre outros
estratégica expressiva ao viabilizar
locais de interesse do Coordenador-
a localização e monitoramento de
Geral de Defesa Aérea. ”
suspeitos em movimento no solo
Os Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas ficarão alocados
com riqueza de detalhes. Numa operação coordenada pelo
na Base Aérea de Santa Cruz (BASC),
COMDABRA (Comando de Defesa
Zona Oeste do Rio de Janeiro. É de lá
Aeroespacial Brasileiro) e pelo
que serão pilotadas remotamente as
comando central que integrará as
aeronaves do esquadrão, a partir das
organizações de segurança e defesa
Estações de Controle de Solo (GCS –
Ground Control Station), onde ficam
do País durante a Rio 2016, além de assegurar uma vigilância aérea
os chamados pilotos internos da
interrupta e de eficácia singular das
aeronave, em conjunto com o Centro
Olimpíadas, a Força Aérea Brasileira
de Gerenciamento e Controle do Skeye
assinalará mais uma conquista no
(SCMC – Skeye Control Management
emprego de meios, novas tecnolo-
Venter), as equipes de pilotos externos
gias e capacitação especializada
e os demais militares das áreas de
de pessoal para a evolução das
apoio e comando do 1º/12° GAv.
estratégias de defesa do País.
A fase inicial do treinamento de um piloto de RPA envolve autilizaçào de aeromodelos
Comandante do Esquadrão Hórus, Tenente-Coronel Aviador Sandro Bernadon
21
O Esquadrão Hórus Sediado na Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, o 1º/12º GAv, Esquadrão Hórus, foi criado em 29 de abril de 2011 para operar as Aeronaves Remotamente Pilotadas da Força Aérea Brasileira. Iniciou suas atividades com duas aeronaves fabricadas pela israelense Elbit Systems. Montadas no Brasil por técnicos da empresa e da Aero Eletrônica, os dois RQ-450 Hermes eram equipados com sensores eletro-ópticos para localização de alvos diurnos ou noturnos, voando a mais de 5.000 metros de altitude. Em 2013, outras duas versões aprimoradas do RQ-450 juntaram-se ao esquadrão, equipadas com câmeras diurnas e infravermelho com melhor resolução, sistemas de comunicações aperfeiçoados, além de um radar que permite fazer imagens mesmo através das nuvens. Um ano depois iniciaram-se as operações com o novo modelo da Elbit, o RQ-900. Por operar por meio de um enlace de dados via satélite, seu link viabiliza operações a grandes distâncias. A RPA tem uma autonomia superior a 30 horas de voo e pode operar a até nove mil metros de altitude com múltiplos sensores. Há de se destacar também o sensor Skeye: um conjunto de 17 câmeras HD que viabiliza o processamento de um complexo de imagens com diferentes enquadramentos dentro de uma mesma região simultaneamente. Responsável por missões de reconhecimento aéreo, vigilância aérea, posto de comunicação no ar e controle aéreo avançado, o Esquadrão Hórus é uma unidade subordinada à III FAe - Terceira Força Aérea e é comandado pelo Tenente-Coronel Aviador Sandro Bernardon.
22
À esquerda, visualização das imagens geradas pela RPAs, à direita, entrada da Base Aérea de Santa Maria
Reportagem
Restrições no espaço aéreo
Aeronáutica publica circular com as Alterações Temporárias no Espaço Aéreo Brasileiro durante a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 Por Gisele Bastos Fotos: Fábio Maciel Ilustração: Filipe Bastos
Q
uando se planeja uma viagem, uma das principais
aeronaves da aviação regular (companhias aéreas); da
preocupações certamente é com a segurança. E, se o
aviação-geral, que inclui aviões de pequeno porte, jatos
meio de transporte escolhido for o aéreo, ainda que seja
executivos, helicópteros, balões, drones; da aviação
apontado como um dos mais seguros do mundo, alguns
militar.
viajantes sentem aquele friozinho na barriga na hora que
A organização responsável por planejar, gerenciar
o avião decola ou quando passa por áreas de turbulên-
e controlar as atividades relacionadas ao controle do
cia.
espaço aéreo brasileiro é o Departamento de Controle do
O que o passageiro não imagina é a estrutura que
Espaço Aéreo (DECEA), unidade militar subordinada ao
existe por trás das viagens que realiza pelo Brasil. Para
Comando da Aeronáutica (COMAER). Membro-fundador
que um avião decole com segurança todo o percurso é
da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI)
monitorado, seja na hora da decolagem, quando recebe autorização da Torre de Controle; durante o período de voo, quando é supervisionado pelos Centros de Controle de Área (ACC); quando está em rota de aproximação para pousar, quando é acompanhado por um Controle de Aproximação (APP). Outro ponto de desconhecimento da maioria dos viajantes é que o espaço aéreo é compartilhado por
– agência com sede em Montreal (Canadá), responsável pela promoção do desenvolvimento seguro e ordenado da aviação civil mundial –, o Brasil tem participado ativamente na elaboração de normas e regulamentos necessários para segurança, eficiência e regularidade na aviação. A auditoria realizada pela OACI – a Universal Safety Oversight Audit Programme (USOAP) – concedeu ao País o percentual de 96,37% de aprovação na categoria Servi23
ços de Navegação Aérea (do inglês, Air Navigation Servi-
Um exemplo foi o caso divulgado pela im-
ces), deixando o Brasil na 5ª posição no ranking mundial
prensa, no portal Globo.com, que conta a
de segurança na aviação. O resultado reflete o trabalho
experiência do repórter esportivo, o escocês
de mais de 11 mil profissionais que atuam no Sistema de
Gary Meenaghan, do jornal The National, dos
Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) e que, na
Emirados Árabes Unidos, que viajou pelo Brasil
prática, pode ser visto quando o passageiro chega ao seu
a trabalho durante a Copa do Mundo. Meena-
destino final no horário previsto e com segurança.
ghan fez a cobertura jornalística de 17 jogos em
dez das 12 cidades-sede. Em 28 dias no Brasil,
Eventos com repercussão internacional
ele embarcou em 29 voos e comemorou o fato
Nos últimos anos, o Brasil foi sede de grandes eventos
de nenhum deles ter atrasado. O trabalho coordenado não é novidade. Com
internacionais, como a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), a Copa das
a criação da Comissão Nacional de Autoridades
Confederações, a Jornada Mundial da Juventude e a Copa
Aeroportuárias (Conaero), em agosto de 2011,
do Mundo. Para prestar um serviço à altura da demanda
representantes de órgãos do governo federal
de um grande fluxo no tráfego aéreo, o DECEA fez inves-
coordenados pela Secretaria de Aviação Civil
timentos nas áreas administrativa, técnica e operacional,
da Presidência da República (SAC/PR) reali-
além de intercâmbios com países e provedores de serviço
zam reuniões regulares para planejamento do
de navegação aérea (PSNA), que sediaram ou participa-
setor. Em setembro do ano passado, a SAC/PR
ram de grandes eventos.
lançou o Manual de Planejamento do Setor de
Em 2013, com a realização da Copa das Confederações, foi ativada pela primeira vez a Sala Master de Comando e
Aviação Civil – Jogos Olímpicos e Paralímpicos
Controle, no Centro de Gerenciamento da Navegação Aé-
Rio 2016, padronizando a operação. O Manual
rea (CGNA), organização subordinada ao DECEA, no Rio
foi desenvolvido pelo Comitê Técnico de Opera-
de Janeiro. A sala funciona em esquema de plantão para
ções Especiais (CTOE) da Conaero, com normas,
monitorar o fluxo aéreo antes e durante o evento e reúne
procedimentos e fluxos de gestão e operação.
representantes de secretarias, agências governamentais, empresas aéreas e demais organizações envolvidas direta ou indiretamente na estrutura do transporte aéreo do Brasil. Esta coordenação tem permitido que as questões intrínsecas ao tráfego aéreo sejam tratadas com celeridade e assertividade, para que o usuário não sinta nenhum reflexo. A prática tem mostrado bons resultados.
Tráfego aéreo monitorado No que se refere ao COMAER, o DECEA, em conjunto com o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA), desenvolveu um planejamento com foco na segurança e na manutenção de um fluxo de tráfego aéreo rápido, seguro e ordenado. O CGNA elaborou um plano de ação, considerando o aumento da demanda e as restrições em algumas porções do espaço aéreo. Em maio deste ano, foi republicada a Circular de Informação Aeronáutica (AIC-N 07/16) com as Alterações Temporárias no Espaço Aé24
xxxx
xxxxx
reo Brasileiro durante a realização dos Jogos Olímpicos
Acesso controlado
e Paralímpicos Rio 2016.
A Área Reservada ou Branca cobrirá pratica-
A AIC-n 07/16 informa os procedimentos que devem
mente toda a Terminal do Rio de Janeiro, o que
ser seguidos por pilotos e órgãos de controle de tráfego
inclui os dois aeroportos da cidade, Galeão e
aéreo (ATC) do SISCEAB durante o evento. No período
Santos Dumont. As áreas de restrição do Rio de
de 24 de julho a 22 de agosto (Jogos Olímpicos) e de 7 a
Janeiro foram divididas de acordo com os locais
19 de setembro (Jogos Paralímpicos) haverá restrições
onde acontecem competições: Copacabana, Deo-
específicas para sobrevoar a cidade do Rio de Janeiro.
doro, Maracanã, Engenhão e Barra da Tijuca. Es-
Serão ativadas zonas de exclusão que dividirão em
tarão proibidos voos de treinamento e instrução,
três níveis o espaço aéreo, representadas pelas cores
acrobáticos e turísticos, operações de paraque-
branca, amarela e vermelha, cada qual com alcance e
das, parapentes, balões, ultraleves, aeronaves
características específicas.
experimentais, asas-delta, pulverização agrícola,
A medida será aplicada no período de competição, quando os olhos do mundo estarão voltados para o
reboque de faixas, aeromodelos, foguetes e aeronaves remotamente pilotadas (RPA).
Brasil, com a visita de turistas, empresários, Chefes de
Para voar nas Áreas Branca, Amarela ou
Estado e de Governo, autoridades esportivas, persona-
Vermelha, os pilotos devem ter seu plano de
lidades e imprensa internacional.
voo aprovado pelo órgão de controle de tráfego
O plano com as alterações considerou a segurança,
aéreo (ATC, do inglês, Air Traffic Control), além
o impacto operacional, a segurança do público, dos
de manter comunicações em radiotelefonia e
atletas, das autoridades, das aeronaves e das instala-
manter seu transponder em funcionamento. Este
ções. Para voar nas áreas restritas só será possível com
equipamento funciona como um transmissor-
autorização prévia e análise da natureza das intenções
receptor de radar secundário. Aeronaves
de voo. Estas porções do espaço aéreo restritas estão
sem transponder não podem voar nas áreas
localizadas nas Regiões de Informação de Voo (FIR)
de exclusão, aqueles que não mantiverem o
e dentro das Áreas de Controle Terminal (TMA) das
aparelho ligado terão suas rotas suspensas.
cidades onde acontecem as competições. Além da cidade-sede, o Rio de Janeiro, serão realizados jogos de futebol em Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Salvador e São Paulo. Os voos nos aeroportos destas localidades serão monitorados e coordenados para que a capacidade de operações previstas não seja ultrapassada, com o objetivo de manter a segurança e a eficiência da prestação dos serviços. Foram definidos limites laterais e verticais para cada área, dias e horários de ativação definidos de acordo com o calendário de competições do Comitê Olímpico Internacional (COI).
25
As aeronaves que descumprirem as regras
de caça, transporte e reconhecimento foram
aplicadas nas áreas restritas (Branca, Amarela e
deslocados de diversas regiões do País para operar
Vermelha) serão classificadas como suspeitas e
a partir da Base Aérea de Santa Cruz (BASC), na
estarão sujeitas às Medidas de Policiamento do
zona oeste do Rio de Janeiro (RJ).
Espaço Aéreo (MPEA). Aquelas que modificarem
Em coletiva de imprensa, realizada algumas
suas rotas sem autorização e ingressarem nas áre-
semanas antes do início da competição, o co-
as proibidas (Amarela e Vermelha) serão conside-
mandante do COMDABRA, Major-Brigadeiro do
radas hostis e também estarão sujeitas às MPEA.
Ar Mário Luís da Silva Jordão, explicou que as
A segunda porção segregada, denominada Área
proibições acontecem em função da necessida-
Restrita ou Amarela, está localizada dentro da
de de prover segurança. “É importante ressaltar
Área Branca e compreende um raio de 27 quilô-
que todo procedimento de segurança gera regras
metros. A Área Proibida ou Vermelha envolve um
que podem trazer algum tipo de desconforto ou
raio de 7,2 quilômetros. Para voar nas áreas Ama-
restrição. Não há dúvidas de que temos que dar
rela e Vermelha somente com autorização prévia
toda a atenção à segurança. Essas áreas foram
do COMDABRA.
delimitadas em reuniões exaustivas, de modo
Estarão trafegando neste perímetro aerona-
que a aviação (geral e regular) tivesse condições
ves com Chefes de Estado, Chefes de Governo e
de operar durante os Jogos”, esclareceu o Major-
demais autoridades do País, a família olímpica
-Brigadeiro Jordão.
(comitês, federações olímpicas e paralímpicas,
nacionais e internacionais, delegações de atletas),
Parque Olímpico dos Jogos Rio 2016
órgãos de segurança pública e aeronaves ambu-
Na região da Barra da Tijuca, a Área Vermelha
lância, além da mídia oficial do evento. Caso haja
permanecerá ativa 24 horas por dia até o final
necessidade de decolagem imediata de aeronaves
do evento, naquele local está inserida a Vila dos
em situações de contingência, emergência ou
Atletas. Neste período, o Aeroporto de Jacarepa-
urgência, devem ter a chancela do COMDABRA
guá, que fica próximo ao Parque Olímpico, será
para voar.
usado apenas para operações de segurança. O
A defesa aérea é uma das funções da FAB du-
Aeroporto Santos Dumont funcionará em horá-
rante os Jogos Rio 2016.
rio excepcional durante os Jogos Rio2016. Suas
Sob o comando do
operações serão paralisadas por quatro horas e
COMDABRA, 12
meia (das 12h40 às 17h10), no período de 8 a 18
esquadrões
de agosto, em função das competições de vela na Baía de Guanabara. O COI usará o espaço aéreo para gerar imagens da competição. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) informou que o fechamento do Santos Dumont deve impactar 150 mil passageiros de 104 voos, muitos dos quais estão sendo remanejados para
26
o Aeroporto do Galeão. Mas, para compensar a
plantão para agir com precisão e velocidade. A
restrição, o Santos Dumont terá seu horário de
novidade desta edição da Sala Master é a utili-
funcionamento ampliado, ficando aberto das 6h
zação do Sistema de Gestão de Voos Olímpicos e
às 23h59 para aviação comercial e 24 horas para a
Paralímpicos (SGVOP), software especialmente
aviação executiva.
criado para o evento, que faz o compartilhamento
É bom lembrar que todas as medidas foram
de informações entre os órgãos. O SGVOP tipifica
planejadas para atender à demanda que prevê a
três categorias: voos de segurança pública, voos
chegada de delegações de 206 países e mais de
principais e segurança aeroportuária.
100 Chefes de Estado. O objetivo é que o tráfego
Outro benefício é o Sistema Integrado de Gestão
aéreo no País seja minimamente afetado. E o que
de Movimentos Aéreos (SIGMA), que permite aos
não falta é preparação. Aproximadamente 2.200
pilotos enviarem suas intenções de plano de voo
controladores de voo receberam treinamento
pela internet de qualquer lugar do Brasil, dando
específico para o evento através do Programa de
agilidade e transparência à operação. Com todos
Simulação de Movimentos Aéreos (PROSIMA). Em
os envolvidos trabalhando em unidade, quem
média, mil voluntários e 2.500 servidores públi-
ganha é o usuário do transporte aéreo, que pode
cos participam do atendimento ao público nos
desfrutar e usufruir dos serviços oferecidos, sem
aeroportos. A Empresa Brasileira de Infraestrutu-
ser impactado por atrasos ou cancelamentos. A
ra Aeroportuária (Infraero), por sua vez, mapeou
meta para as Olimpíadas é manter os índices de
mais de mil vagas extras nos pátios dos terminais
espera abaixo de 15%, ou seja, até 30 minutos do
para estacionamento de aeronaves no período.
horário de partida dos voos.
Para o dia de abertura do evento a estimativa é
Mais um grande evento coloca o Brasil em evi-
que os aeroportos do Rio registrem entre 900 e
dência e reafirma os pilares da missão do DECEA:
1.000 movimentos de aeronaves executivas.
prover serviços de navegação aérea, garantindo a
A Sala Master de Comando e Controle - ativada
manutenção de um fluxo de tráfego aéreo rápido,
no dia 20 de julho, com representantes de mi-
seguro e ordenado, não apenas durante as Olim-
nistérios, secretarias, agências governamentais
píadas Rio 2016, mas diária e permanentemente
e demais entidades do setor - também estará de
pelos 365 dias do ano.
Os voos serão monitorados e coordenados para que a capacidade de operações prevista não seja ultrapassada, mantendo a segurança e a eficiência da prestação dos serviços 27
Reportagem
Controladores de tráfego aéreo têm treinamento especial para grandes eventos Por Glória Galembeck Fotos: Fábio Maciel
A capacitação foi baseada na experiência adquirida em grandes eventos que o Brasil sediou e nas complexidades do espaço aéreo para os Jogos Rio 2016
28
efetivo de controladores para ações de rotina que ganham características especiais em grades eventos, com a complexidade do espaço aéreo provocada pelas ações de defesa aérea e pelo aumento do volume
A
de tráfego”, explicou o Capitão José Airton Patrício,
res de tráfego aéreo. Todas as alterações previstas foram
constam da Diretriz do Comando da Aeronáutica
exaustivamente estudadas e treinadas por um efetivo de
100-1, publicada em 2015. As simulações atende-
1,9 mil controladores da Força Aérea Brasileira (FAB) du-
ram à uma série de cenários possíveis. Os exercí-
rante o Programa de Simulação de Movimentos Aéreos
cios de excesso de demanda, por exemplo, repro-
(PROSIMA). Após muitas horas de teoria e prática, essa
duziram uma área terminal com carga de tráfego
equipe de homens e mulheres está ainda mais preparada
variando de 80% a 130% acima da média, incluindo
para controlar o nosso espaço aéreo.
aeronaves de Chefes de Estado. “O controlador tem
s muitas particularidades do complexo espaço aéreo dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016
não são exatamente uma novidade para os controlado-
A edição 2016 do programa, que é coordenado pelo Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), sediado no Rio de Janeiro, e é ministrado no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), em São José dos Campos, teve como foco capacitar os controladores para um grande evento que acontece, quase em sua totalidade, na mesma cidade. O aumento da
do CGNA, especialista em controle de tráfego aéreo. As orientações que nortearam a capacitação
um protocolo para seguir no caso de aeronaves que transportam Chefes de Estado. No caso de termos diversas aeronaves com autoridades em aproximação, a informação de quem pousa primeiro é definida na Sala Master, e o controlador tem que aplicar as medidas previstas”, explicou o Capitão Patrício. Na parte de degradações, contingências e emer-
carga de tráfego aéreo, a presença de chefes de Esta-
gências, o foco foram anormalidades como inope-
do no início e término da competição e a ativação de
rância de radares e sistemas, restrições na infraes-
cinco áreas de exclusão aérea são alguns dos aspec-
trutura aeroportuária e suspensão das atividades
tos que tornam essa missão desafiadora. “A última
no aeroporto de destino. As interações com a defesa
edição do PROSIMA foi planejada para capacitar o
aérea também ocuparam uma parte importante
29
PROSIMA - capacitação de controladores de tráfego aéreo para ações de rotina que ganham características especiais em grandes eventos
da carga horária do PROSIMA, com situações como interceptações simultâneas, atividade praticada por aeronave hostil e aplicação das regras de engajamento definida para as áreas de exclusão para os Jogos Rio 2016.
Em ambientes físicos separados, a interação acontece bem próxima da realidade do voo. A Integração Total
Todas as particularidades do espaço aéreo foram
ocorre entre os controladores dos Centros de Controle
reproduzidas na base de dados do sistema (BDS), um
de Área (ACC) de Curitiba, de São Paulo, de Santa Cruz
arquivo que reúne os requisitos para montar os dife-
e do Rio de Janeiro e do Primeiro Grupo de Comuni-
rentes cenários da área terminal do Rio e inserir neles
cações e Controle (1º GCC) com os controladores do
os demais órgãos de controle envolvidos, contendo
Segundo Centro de Operações Militares (COpM-2)
todas as alterações do espaço aéreo previstas para os
responsáveis pelas medidas de policiamento do espaço
Jogos. Os horários de fechamento do Aeroporto Santos
aéreo e demais ações de defesa. Os primeiros reali-
Dumont durante algumas horas, no período da tarde,
zam a simulação no LABSIM e os últimos na Escola de
nos dias de competição de Vela, por exemplo, foram
Operações Militares (EOM). Nesse caso, o treinamento
incluídos na BDS.
integrado é viabilizado por meio do link operacional
A montagem da base de dados do treinamento antecede a simulação em tempo real (STR), realizada no Laboratório de Simulação do ICEA (LABSIM), na qual os controladores treinam, gradativamente, no cenário de alta complexidade. Como ocorre na operação real,
30
especialistas em comunicações e em informações aeronáuticas e meteorologistas treinados para a função.
que estabelece um sinal entre os dois laboratórios de simulação, possibilitando a execução dos objetivos operacionalizados propostos para a capacitação dos envolvidos. Para chegar até a simulação em tempo real e treinar
existe um interlocutor, que são os pilotos das aerona-
os procedimentos, porém, os alunos passaram, em
ves. No ICEA essa tarefa é realizada por controladores,
suas unidades de origem, por um treinamento teórico
com estudo de normas, do Guia Prático de Consulta sobre as Alterações do Espaço Aéreo para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 e de circulares de informações aeronáuticas. Ao chegar ao LABSIM, os primeiros exercícios são de familiarização. “Começamos o treinamento com 50% da capacidade de tráfego aéreo para o controlador assimilar as características do cenário e praticar o que assimilou na teoria”, explicou a Segundo Sargento Ana Cláudia Souza de Bragança dos Santos, controladora de tráfego aéreo, que atua no Controle de Aproximação do Galeão (APP-GL) como supervisora e é instrutora do PROSIMA. À medida que o PROSIMA avança, os exercícios aumentam em complexidade e os procedimentos requeridos, também. “Nosso objetivo não é cansar o controlador, mas levá-lo a internalizar os procedimentos”, explicou a Sargento Ana Cláudia. Com 13 anos de profissão, ela acumula experiência em grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014. “Para a missão dos Jogos Rio 2016 temos como novidade a célula do COpM instalada no APP-GL. Essa interação foi treinada no LABSIM e toda a capacitação se aproxima muito do real”, observou. Participaram do treinamento controladores de tráfe-
Capacitação
O
espaço aéreo brasileiro é controlado 24 horas por dia, sete dias por semana, por aproxima-
damente 4,8 mil controladores de tráfego aéreo militares e civis, a grande maioria da Força Aérea Brasileira. São anos de formação e muitas horas de estudo, que começam na Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR), em Guaratinguetá. Mesmo depois de formados e com muita experiência adquirida em diferentes posições ao longo do território brasileiro, esses profissionais passam por reciclagens operacionais periódicas. Esses treinamentos têm como propósito aprimorar e alinhar os procedimentos com as diretrizes preconizadas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), baseadas em padrões da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). O PROSIMA surgiu em 2007, como uma evolução do programa de reciclagem operacional existente e, desde então, vem sendo aprimorado a partir da experiência adquirida em grandes eventos como os Jogos Pan-Americanos (2007), a visita do presidente norte-americano Barack Obama (2011), Conferência Rio+20 (2012), Copa
go aéreo que trabalham em Torres de Controle (TWR),
das Confederações (2013), Jornada Mundial da Ju-
nos ACC, APP e COpM. Profissionais que atuam no Rio
ventude (2013) e Copa do Mundo (2014).
de Janeiro, São Paulo, Campinas, Brasília, Curitiba, Recife, Belo Horizonte e em Manaus foram capacitados. Os controladores da cidade do Rio de Janeiro tiveram uma carga horária maior do que os de outras regiões do Brasil. Na avaliação do diretor do ICEA, Coronel Aviador Manoel Araújo da Costa Junior, o LABSIM proporciona cenários virtuais e ambientes praticamente idênticos aos reais. “Além disso, o treinamento no laboratório possibilita uma interação bastante fidedigna entre todos os órgãos de controle de tráfego aéreo, gerenciamento de tráfego aéreo e defesa aérea que participam do PROSIMA”, observou o Coronel Manoel. Para o próximo ano, a expectativa é implantar no LABSIM um novo sistema de simulação radar, o PLATÃO, que aproximará ainda mais a experiência simulada do real.
2S Ana Cláudia, instrutora do PROSIMA: "O objetivo é que os alunos internalizem os procedimentos"
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www.decea.gov.br/rio2016
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