Aeroespaço Especial - Esquadrão Mangrulho

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Jubileu de Prata

Esquadrão Mangrulho 25 Anos Guardando a Querência Brasil

JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

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Índice

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Atalaias Vigilantes, marcado pelo pioneirismo Palavras do DGCEA

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25 anos guardando a Querência Brasil Palavras do Comandante do 4º/1º GCC

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Galeria de fotos Ex-Comandantes do 4º/1º GCC

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Radar Transportável 3D TPS-B34 Futuro equipamento do 4º/1 GCC

20 Artigo: LINCE: Olhos da Defesa Aérea

Artigo: Lembranças do início do Esquadrão Mangrulho

Expediente Revista Aeroespaço Edição Especial Comemorativa do Jubileu de Prata do 4º/1º GCC, produzida pela Assessoria de Comunicação Social do DECEA e da Seção de Comunicação Social do 4º/1º GCC Diretor-Geral: Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges Cardoso Comandante do 4º/1º GCC: Edson Luis Balbinot - Major-Aviador Assessor de Comunicação Social do DECEA: Paullo Esteves - Coronel-Aviador R1 Oficial de Comunicação Social do 4º/1º GCC: João Alberto Portscher Comes - Capitão-Aviador Redação: Oficiais e Graduados do Esquadrão Mangrulho Diagramação: Filipe Bastos (MTB 26888-DRT/RJ)

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JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

Fotografias: Luiz Eduardo Perez (RJ 201930-RF) Acervo Histórico do 4º/1º GCC Capa e Ilustrações: Carlos Roberto Trentin Fontoura - 2S TCO Contatos: Intraer: www.41gcc.intraer Email: sec_41gcc@4gcc1.aer.mil.br Telefone: (55) 3220-3400 Editado em agosto/2010 Impressão: Ingrafoto


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Editorial

sta edição especial retrata 25 anos de história do Quarto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (4º/1º GCC), desde a sua criação com a transferência do Primeiro Esquadrão de Controle e Alarme (1º ECA) da Base Aérea de Santa Cruz (BASC) para a Base Aérea de Santa Maria (BASM) até os dias de hoje. Percebemos claramente que ao longo destes anos, homens e mulheres, todos militares dedicados e comprometidos com a missão do Esquadrão, forjaram em tempera de aço esta Unidade, fazendo-a crescer a tal ponto que em 2009 foi reconhecida por toda a Força Aérea Brasileira (FAB), sendo agraciada com a Ordem do Mérito Aeronáutico. O 4º/1º GCC possui uma particularidade em relação aos demais Esquadrões do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), seu Sítio Radar fica afastado 17 quilômetros de sua Sede administrativa, na BASM, exigindo de todo efetivo uma dedicação a mais para manter as duas sedes, operacional e administrativa, em perfeito estado de conservação. Atualmente, o Esquadrão está envolvido em qualquer operação militar em que a FAB esteja presente, seja com militares de nosso efetivo altamente especializado ou com o deslocamento de nosso Sistema Radar. Destacamo-nos no pioneirismo em operar, além do nosso MRCS-403, também, o sistema radar TPS B-34, utilizado na região amazônica, tendo a capacidade de trasladá-lo para qualquer ponto do território, permitindo na paz a vigilância do espaço aéreo e na guerra levar os “olhos” onde o braço armado estiver, aumentando, assim a segurança das operações aéreas. Para os MANGRULHOS, não existe treinamento. Toda missão é real, pois as ações são realizadas com toda a verossimilhança da guerra, desmontamos o sistema radar de um lugar e montamos todo o sistema de controle novamente em qualquer ponto designado, assim como faríamos num estado de beligerância. As dificuldades encontradas são as mesmas de uma missão real e devem ser sanadas com a maior urgência para a continuidade das operações. Nossos “linces” se mantêm aptos a controlar qualquer missão, desde um simples voo até uma missão de “pacote”, a partir do nosso shelter de controle, Órgãos de Controle de Operações Militares (OCOAM) ou Centro de Operações Militares (COpM), mantendo-se atualizados com as doutrinas modernas e fraseologias de combate aéreo. Esperamos que, ao ler esta revista, possam perceber o amor que nós, Mangrulhos, de ontem, de hoje e de sempre, sentimos por nosso Esquadrão.

João Alberto Portscher Comes - Capitão-Aviador Oficial de Comunicação Social do 4º/1º GCC

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Atalaias Vigilantes, marcados pelo pioneirismo Atendendo ao convite do Comandante do 4º/1º GCC, é com muita satisfação que me dirijo a esta Organização Militar por ocasião do seu 25º aniversário. Em 1985, quando estava à frente da Seção de Operações do 1º GCC, pude ver o nascimento do Esquadrão Mangrulho. Tenho acompanhado seu crescimento até os dias de hoje, uma organização marcada pela dedicação e competência dos militares que lá trabalham, mostrando a sua importância junto às demais organizações da Força Aérea em especial quando participa de grandes operações militares. O reconhecimento do Comando da Aeronáutica se materializou no ano de 2009, quando o 4º/1º GCC recebeu a distinção da Ordem do Mérito da Aeronáutico, o que muito nos honra, pois sabemos que a missão atribuída pelo DECEA está sendo bem cumprida. Marcado pelo pioneirismo, em 2005, pela primeira vez na história do Brasil, deslocou um radar para controle do espaço aéreo de outra nação – o Paraguai durante a Operação PARBRA I. Nos próximos anos, dará início a uma nova fase operacional, com o recebimento dos radares tridimensionais TPS-B34, mas tenho a certeza de que o Esquadrão já está preparado, pois já operou este equipamento nas Operações CRUZEX III e IV e inclusive apoia o Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) nas manutenções preventivas e corretivas, capacitando, assim, seus técnicos para operar na plenitude este novo equipamento. Minhas felicitações aos homens e mulheres que compuseram e que compõem esta Unidade, pois são as pessoas e suas atitudes que emprestam valor e sentido a tudo isso. Por todo o profissionalismo no cumprimento das missões, dedicação à Defesa Aérea e contribuição para o engrandecimento de nossa Força Aérea, parabenizo a todos os Mangrulhos do passado e do presente pelo seu Jubileu de Prata. Parabéns, “Atalaias vigilantes”, pelos seus 25 anos de existência.

Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges Cardoso Diretor-Geral do DECEA 4

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25 anos guardando a Querência Brasil É com muito orgulho que me dirijo aos leitores desta edição especial da Revista Aeroespaço comemorativa aos 25 anos do 4º/1º GCC, Esquadrão Mangrulho, para compartilhar um pouco da satisfação de comandar tão nobre Unidade. Em 1985, quando a Força Aérea escolheu a Base Aérea de Santa Maria, a Sentinela Alada do Pampa, para sediar um esquadrão de controle e alarme, encontrou aqui terra fértil, cultivada por guerreiros comprometidos e dispostos a fazer o necessário para que a missão fosse cumprida. Com este espírito nasceu o Esquadrão Mangrulho e, como diz o nosso hino, foi moldado em têmpera de aço. O início foi árduo, como veremos no texto de nosso primeiro comandante, Coronel da Reserva Remunerada Velloso, mas com muito trabalho e dedicação, nossos antecessores nos legaram uma Unidade altamente operacional e reconhecida na Força Aérea Brasileira. Durante a leitura, os Mangrulhos de ontem encontrar-se-ão nas palavras dos Mangrulhos de hoje, bem como na seleção de fotos que preparamos para comemorar nosso Jubileu de Prata. Veremos nosso glorioso MRCS – 403 que, desde a criação do Esquadrão, vem cumprindo sua missão e também conheceremos nosso futuro equipamento, o TPS – B34, o qual já estamos prontos para receber, com técnicos capacitados em sua manutenção, controladores adaptados às suas consoles e um efetivo que já executa a mobilidade do sistema desde 2006. Perceberemos o grau elevado de capacitação de nossos controladores de defesa aérea, operacionais até nas modernas táticas de emprego de mísseis BVR (Beyond Visual Range), e sempre presentes nas grandes operações da Força Aérea ou do Ministério da Defesa. Conheceremos o trabalho das mulheres no Esquadrão, que atuando na área técnica, no controle e na mobilidade do Sistema, destacam-se pelo comprometimento e deixam a pretensa fragilidade de lado, cumprindo com esmero a missão da Unidade. Em cada página deixaremos claro que ser Mangrulho não é apenas pertencer ao efetivo do 4º/1º GCC, mas sim ter sempre em mente que a missão deve ser cumprida e não discutida. Ser Mangrulho é conhecer quase todo o Brasil, é estar adaptado ao frio ou ao calor, é começar antes do sol nascer e não ter horário para terminar. É ficar emocionado quando canta o hino do Esquadrão e ser como a própria canção nos diz: “Firme, impassível e certeiro/ Sentinela segura da Nação”. Boa leitura a todos. Edson Luis Balbinot - Major-Aviador Comandante do 4º/1º GCC JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

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Mangrulhos, Guardiões do Espaço Aéreo A Força Aérea Brasileira, desde os primórdios da década de 50, vem aperfeiçoando o seu Controle de Tráfego Aéreo e de Defesa Aérea no território nacional. Hoje os equipamentos que contribuem para a soberania são radares fixos e aeroembarcados com alta tecnologia. Em um cenário hostil, onde existe a necessidade de se deslocar um radar para uma região fronteiriça ou mesmo para garantir a continuidade dos serviços de vigilância, controle e alarme, o Comando da Aeronáutica tem em suas mãos o 1º GCC com seus Esquadrões subordinados. O Primeiro Grupo de Comunicações e Controle tem sob sua subordinação cinco Esquadrões, sendo um de Comunicações, dois de Controle e Alarme e dois de Controle, todos dotados com equipamentos para cumprir as suas missões específicas, fazendo com que a qualidade dos serviços prestados seja de altíssimo nível. Nos dias de hoje não se concebe nenhuma operação militar que envolva Comando e Controle sem a participação do 1º GCC e seus Esquadrões. E na data de 11 de setembro de 2010, o 1º GCC tem grata satisfação de celebrar o vigésimo quinto aniversário do 4º/1º GCC, Esquadrão de Controle e Alarme. Criado pela portaria reservada nº 062/GM3, o Esquadrão Mangrulho desempenha um importante papel nas atividades ligadas às Operações Militares, no controle das aeronaves de combate que realizam as missões de Defesa Aérea e no apoio ao Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) na condução das atividades técnicas e operacionais, sempre que solicitado pelo DECEA. Esta Unidade possui o sistema de radar tático de defesa aérea transportável, o MRCS – 403 ou o TPS - B34 (num futuro próximo), e sua missão é operar e manter um Centro Diretor Aéreo do Teatro (CDAT) para atender às necessidades de desdobramento da Força Aérea Brasileira, em sede ou deslocado. A Força Aérea Brasileira realiza operações aéreas com o objetivo principal de treinar suas tropas e testar seus equipamentos para mantê-los sempre capacitados a oferecer uma pronta resposta em caso de possíveis acionamentos. Baseado nesse contexto, o 4º/1º GCC tem o compromisso de manter os equipamentos e o seu efetivo em condições de serem desdobrados a qualquer momento, seja em prol de uma necessidade de um grande Comando ou em caso de contingência em apoio ao SISCEAB. Bravos Mangrulhos, guardiões do Espaço Aéreo, hábeis operadores que conduzem os vetores de combate até o alvo. Olhos que guardam sonhos, olhos que nos protegem. Parabéns ao 4º/1º GCC pela data tão representativa, parabéns pela excelência das missões realizadas, pois enchem de orgulho não somente o 1º GCC e o DECEA, mas também toda a FAB. Sérgio Luiz da Cunha Candéa - Tenente-Coronel-Aviador Comandante do 1º GCC 6

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Lembranças do Início do Esquadrão Mangrulho Este texto do Coronel Velloso, primeiro Comandante do 4º/1º GCC, traz as lembranças e os desafios que foram encontrados durante o seu comando no período de 23 de janeiro de 1985 a 29 de janeiro de 1987

Em 1985, a Força Aérea resolveu instalar uma Unidade de Controle e Alarme na Base Aérea de Santa Maria. Havia comprado então dois sistemas transportáveis de Controle e Alarme italianos, chamados MRCS 403 (Mobile Reporting Control System). Como havia denúncias, na época, de sobrevoo de aeronaves desconhecidas sobre o céu do Rio Grande do Sul, resolveu instalar um desses sistemas na Base Aérea de Santa Maria (BASM). Para não criar uma Unidade nova, foi transferido o 1º Esquadrão de Controle e Alarme, então sediado na Base Aérea de Santa Cruz, e com tradição na II Grande Guerra, na Itália, mas já com equipamentos obsoletos, para a Base Aérea de Santa Maria. Na realidade, apenas o nome da Unidade foi transferido. A ideia era, certamente, criar uma Unidade nova. Fui designado Comandante dessa nova Unidade. Quando assumi, éramos só eu e um Decreto de nomeação embaixo do braço... nada havia de concreto, então.

O Major Cássio, meu amigo pessoal e colega de turma, que servia no 1º GCC, me enviou um manual do MRCS 403 (todo em inglês, imaginem!) Tive de devorar aquele manual inteiro, sem tempero... e era dessa grossura! Bom. Eu precisava de uma sala para trabalhar dentro da Base, mas não havia nenhuma. Então, meu outro grande amigo e colega Azambuja, que era Comandante do Esquadrão de Material e que tinha uma sala grande com uma poltrona, cedeu-me o espaço como o “Gabinete do Comandante do 4º/1º GCC”. Ali, no meu “gabinete”, colocava uma máquina de escrever Olivetti portátil, de minha propriedade, no colo, e comecei a redigir as Normas Internas do Esquadrão. Como já tinha experiência por haver sido Chefe da

Chegada do equipamento MRCS-403 em Santa Maria

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Seção de Pessoal do Primeiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (1º/10º GAv), além de Operações do Quinto Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (5º/8º GAv) e, também, comandado o Esquadrão de Suprimento e Manutenção (ESM), não me foi difícil elaborar essas Normas, embora a Olivetti, sobre o colo, gerava um certo transtorno. Uma vez, o 1º GCC me cobrou uma “bolacha” para o Esquadrão. Bolei, então, fazê-lo com duas aeronaves estilizadas e o rastro da aeronave interceptadora, simbolizando a interceptação aérea. No canto inferior direito, o símbolo do Mangrulho, vigia das fazendas e fronteiras do Rio Grande do Sul... o gaúcho montado a cavalo, vestindo um poncho, encimado pelo Cruzeiro do Sul. Ao fundo, três linhas simbolizando a cerca de arame ou a fronteira que deveria ser vigiada. No canto superior esquerdo, o gládio alado, símbolo da Força Aérea. Mandei para o 1º GCC e foi aprovado. Como gostaram muito, sugeri usar o mesmo emblema para todas as Unidades subordinadas ao GCC, trocando, apenas, o símbolo do Mangrulho por emblemas de suas unidades. A sugestão foi aprovada e todas as Unidades do 1º GCC têm símbolos semelhantes. Aí, surgiu o problema da água. Os projetistas resolveram fazer um açude no topo do morro que abasteceria o Sítio Radar, só que dependeria de chuva, além do tratamento dessa água. Na seca... quem sabe?! Descobri uma vertente ao pé do morro que parecia inesgotável. Devido à altura do morro, necessitava algumas estações de recalque. Levei o problema ao Comandante da Base, que foi comigo no seu carro verificar o local. Medimos a vazão da vertente com uma garrafa “pet” e ele levou um altímetro, para, medindo a diferença de altitudes, verificar a altura entre a vertente e o topo do morro, onde já havia uma cisterna. Ele me chamou, depois, e disse que tinha a solução. Havia próximo à Base um construtor de carretinhas de transporte de líquidos. Compraríamos uma carretinha daquelas e um tratorzinho. Esse trator coletaria a água da vertente e a despejaria na cisterna. Achei uma ideia não muito apropriada. “Esse trator vai dar manutenção... pode quebrar “– falei –”isso é um ‘provinitivo’”. Depois de mais um tempo, comecei a receber pessoal: controladores de voo e técnicos em eletrônica (todos com curso na Itália e extremamente eficientes, diga-se de passagem), além de alguns soldados. Não posso deixar de mencionar o ajudante, que a base me cedeu, o Sargento Estivales, o “MacGyver”, trabalhador incrível e incansável, e o Pereira (Lince 36), grande controlador de voo e companheiro imperdível (o chamávamos de “Submarino”, porque, depois de cada churrasco, tínhamos de tirar seu “fuca” de dentro do valão). Embora traído pela memória, alguns nomes não lembro mais. Mas não esqueço o trabalho e o

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Passagem de Comando do Major Velloso para o Major Chies

Caminhão não aguenta a subida do CDAT-SM

Montagem do equipamento no CDAT-SM

companheirismo de todos aqueles que participaram da implantação do MRCS 403. Todos unidos, dedicados e incansáveis. Aí, fui avisado da vinda do “bicho”. Já sabia das suas dimensões e peso, pela azia provocada pela digestão do manual. Viria de C-130 até a Base. Tinha de providenciar um caminhão-guindaste para içá-los e


alguns caminhões para levá-los até o topo do morro, onde era seu sítio. Depois veio a instalação. Nossos técnicos, excelentes profissionais... nossos soldados, garotos de grande dedicação e confiança... todos trabalhando para botar o Sistema no ar. Precisávamos de um transporte para nos levar ao sítio. Fiz um estudo de viabilidades e concluí por uma caminhonete de cabine simples da Chevrolet. O Comandante da Base, Coronel Castilho, que acompanhava meu trabalho e é um homem extremamente inteligente e admirável, sugeriu que comprássemos um ônibus, pois ele não seria usado apenas para levar e trazer a equipe que estava no morro, fora isso, poderia ser aproveitado no transporte de pessoal da Base às suas residências e vice-versa. Foi genial, mas como pedir um ônibus? Ele disse que resolveria. Na minha frente, em sua sala, pegou o telefone vermelho e ligou para a, então, Diretoria de Proteção ao Voo (DEPV). Falou com o Brigadeiro Seixas, que era bastante tempestuoso, e explanou suas ideias. Quando desligou, me disse que o Brigadeiro liberaria a compra do ônibus. Compramos o ônibus. A Base construiu um novo prédio para o Comando, legando ao 4º/1º GCC o antigo prédio do Comando da Base. Foi tudo reformado e ficou muito bom... passamos a ter salas para todas as seções. Durante as operações iniciais, houve um problema de software no sistema italiano. Não atendia às nossas

necessidades. Um dos nossos sargentos, o Monteiro, fez um trabalho magnífico, alterando o software do italiano e adaptando-o. Eu lembro do seu feito e a Força Aérea, reconhecidamente, concedeu-lhe uma medalha por esse trabalho. Teve uma passagem interessante. Um dia veio uma comitiva da DEPV. O Comandante, Brigadeiro Seixas, de gênio forte, junto com sua equipe subiram ao sítio e visitaram os shelters e tudo o mais. Para essa visita, o 1º GCC mandou um Capitão de eletrônica, com curso na Itália. Já que eu era o responsável por tudo, o Brigadeiro me perguntou: “esse sistema tem IFF?” Ao nosso lado, o Capitão acompanhava, atento. “Tem sim, Brigadeiro”, respondeu o Capitão. “Modo A e C”. O Brigadeiro remexeu seu cachimbo e disse: “Isso é Transponder! Quero Saber Sobre O IFF!” Um detalhe: o Brigadeiro Seixas era formado em Engenharia Eletrônica. “Pode se retirar”, ele completou. Eu, que estava ao lado, pedi licença. “Brigadeiro”, eu disse, “ele tem IFF” e descrevi todo o sistema IFF do MRCS 403, bem como suas possibilidades de guerra eletrônica, que tinha estudado com afinco. O Capitão Especialista em Eletrônica escafedeu-se entre os contêineres. Essas são as principais passagens que lembro. Abração a todos, Velloso, Mangrulho 01.

Coronel Velloso (centro) em visita ao Esquadrão, em janeiro de 2009

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Galeria dos Ex-Comandantes

Major-Aviador Sylvio Velloso da Silveira Neto 23 Jan 1985 a 29 Jan 1987

Major-Aviador Ademar Chies 29 Jan 1987 a 24 Jan 1989

Major-Aviador Ronaldo Salamone Nunes 24 Jan 1989 a 25 Jan 1991

Major-Aviador Flavio dos Santos Chaves 25 Jan 1991 a 15 Jan 1993

Major-Aviador Paulo Dioclecy Garcia Vieira 15 Jan 1993 a 13 Jan 1995

Major-Aviador Victor Antônio Cassini 13 Jan 1995 a 23 Jan 1997

Major-Aviador Rômulo César Moreira Dantas 23 Jan 1997 a 02 Fev 1999

Major-Aviador Luiz Fernando Cugula de Melo 02 Fev 1999 a 23 Jan 2001

Major-Aviador Alcides Teixeira Barbacovi 23 Jan 2001 a 23 Jan 2003

Major-Aviador Luiz Ricardo de Souza Nascimento 23 Jan 2003 a 20 Jan 2005

Major-Aviador Paulo Sérgio Dutra Vila Lima 20 Jan 2005 a 19 Jan 2007

Major-Aviador Elton Bublitz 19 Jan 2007 a 21 Jan 2009

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Hino do

Esquadrão Mangrulho Letra: Segundo Sargento Estivales Música: Segundo Sargento Cleomar

TAPEJARAS DOS CÉUS SENHORES ARGUS SOBERANO DOS MONTES ATENTO MANGRULHO AO HORIZONTE FIEL SINUELO DOS AVIADORES ENTONADO POSSEIRO DO ANIL NA DEFESA AÉREA É O GUIA GUARDANDO A QUERÊNCIA BRASIL DURANTE A NOITE, DURANTE O DIA MANGRULHO DOS ARES ATALAIA VIGILANTE SOBRE CAMPOS, MONTES MARES OLHAR FIRME E CONSTANTE MOLDADO EM TÊMPERA DE AÇO PRIMEIRO PORTAL DO PAÍS DO GLÁDIO ALADO E O BRAÇO DA ELITE GUERREIRA É A RAIZ FIRME, IMPASSÍVEL E CERTEIRO SENTINELA SEGURA DA NAÇÃO TEM SEU TRONO IMPONENTE E ALTANEIRO NO QUARTO DO PRIMEIRO ESQUADRÃO

Para melhor entendimento, apresentamos um pequeno vocabulário regional: Argus: na mitologia grega, argus era um monstro que tinha uma centena de olhos, vigiando tudo. Atalaia: vigia, guarda, sentinela, também conhecido como ponto alto de onde se vigia ou torre de vigia. Mangrulho: posto militar de observação, em lugar elevado, e formado de madeiras toscas, Querência: é o lugar onde se vive. Sinuelo: animal manso, que serve de guia dos outros xucros. Tapejara: tupi – vaqueano, guia ou prático dos caminhos; gaúcho perito, conhecedor da região. Xucro: diz-se do animal ainda não domado, bravio, arisco.

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Mais do que uma

paixão de verão Por: Primeiro Sargento Básico em Eletrônica Edson Zolin

Nossa história começou no sufocante calor do verão. Vinte e seis de dezembro de 1990. Esse foi o dia em que nos conhecemos. Logo vi que tínhamos afinidades, o jeito de ser de cada e vários objetivos comuns. Acho que houve uma plena sinergia e logo percebemos que ajudaríamos um ao outro, teríamos reciprocidade, muito a oferecer, muito a receber. Dizer que nos tornamos amigos rapidamente nem é necessário e, deste momento em diante, passamos a fazer parte um da vida do outro. Estamos cientes que o início não foi somente de maravilhas, alguns familiares não entenderam bem nosso relacionamento, não compreenderam que o interesse pode ser puro e verdadeiro. Faltou o discernimento em compreender que é possível ser sincero e ter no coração a lealdade e a boa fé de estar fazendo o melhor, ou, que entenda ser correto até mesmo quando, vez ou outra, alguém erra. Bem sei que a impulsividade que marcava minha vida, no nosso começo, atrapalhou 12 JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

bastante. A conquista da confiança leva algum tempo, sabemos. Crescemos juntos, pois éramos jovens, estávamos apenas começando. Aprendemos muito neste tempo em que convivemos, são 20 anos em que sinto que somos praticamente inseparáveis.

Sargento Zolin sendo homenageado pelo Tenente Coronel Gregoratto, Comandante do 1º GCC (1999)

Parece que não existe um “eu sem você” e nem um “você sem mim”. Como é bom fazer parte da sua vida e saber que minha história não existe sem você. Passamos bons momentos juntos, sofremos muitas vezes, mas tudo valeu a pena. Fomos felizes, somos felizes! Assim é que vejo minha história no efetivo do 4º/1º GCC. Quando aqui cheguei não passava de um guri de origem pobre como a maioria que compõe o tempo de vida do Esquadrão. Nascido no interior de Santiago-RS, como todos, vivia com muitos sonhos e poucas realizações. Minha cabeça tinha alguns objetivos bem distantes daqueles que tenho hoje e foi a identificação com o Esquadrão Mangrulho que fez com que muitas ideias mudassem. Sentir-se bem, estar como se fosse na própria casa, ter os amigos por perto, ser respeitado e admirado por certas pessoas com as quais convivi e que ainda convivo, pode fazer qualquer pessoa mudar seus planos. Viver perto de pessoas admiráveis também é algo cativante,


Foto aérea do CDAT em Santa Maria-RS

fazer parte de um grupo de pessoas que têm em si um espírito que condiz exatamente com aquilo que faz diferença na sua vida é incomparável. Nesta casa sou o Zolin, tenho história, o guri virou um homem e tudo de bom que realizei na vida pessoal e profissional consegui depois que aqui cheguei. A este Esquadrão Mangrulho devo quase tudo, aqui encontrei uma família quando estive distante da minha. Foram grandes momentos, fatos inesquecíveis como: a formatura no curso de Direito da Universidade Federal de Santa Maria, apesar de todas as viagens

e compromissos do serviço, lembrando sempre que a prioridade foi de quem provia meu ganhapão, e não ao inverso; o casamento, momento em que achamos e que encontramos a pessoa que vai nos completar pela vida inteira; o nascimento do filho Lucas, que é a realização de um sonho, não apenas uma pessoa; os títulos do Sport Club Internacional, multicampeão, campeão de tudo; o trabalho pioneiro realizado pelo 4º/1º GCC, onde fiz parte do efetivo em quase tudo que diz respeito ao material; as missões realizadas com êxito no MRCS-403 e TPS-B34, momentos dos quais

sinto orgulho em ter ajudado a construir; os vários cursos de aprimoramento pessoal propiciados pelo GCC; o apoio dado no momento do nascimento do meu filho onde pude acompanhá-lo todo o tempo que permaneceu no CTI; as viagens em que conheci vários lugares do Brasil, da Itália e do Paraguai; o local de trabalho; os companheiros e companheiras Mangrulhos, fatores que fazem deste Esquadrão um lugar onde vale muito a pena viver. O tempo mostrou aquilo que já sabíamos: fomos feitos um para o outro! JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

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EMBLEMA DO 4º/1º GCC Escudo Francês, com o chefe em blau (azul ultramar), representando um dos vários tons, dos metais, dos equipamentos da Unidade, em função da prudência, abnegação e conhecimento, que os mesmos exigem do homem para a sua operação, carregando, ainda, a sigla da Organização (4°/1° GCC), em prata (branco), ladeada à destra e a sinistra por duas estrelas cadentes também em prata, representando os dois antigos esquadrões (1º ECA e 2º ECA), de onde surgiu o atual grupo. Campo em blau (azul cerúleo), tendo à destra abaixo do chefe, o Gládio Alado em jalne (amarelo), símbolo da Força Aérea Brasileira. Próximo ao Contrachefe, No flanco Sinistro, aparece o perfil do Mangrulho em sable (preto), contornado em prata, representando o zeloso guardião dos pampas, atento à integridade de seus domínios. Também no flanco Sinistro, logo acima do perfil do Mangrulho, aparece a imagem do Cruzeiro do Sul, em prata, simbolizando o Espaço Aéreo Brasileiro, vigiado pelos sensores do Grupo os quais são responsáveis pela efetividade das interceptações Aéreas. Partindo do Contrachefe, em direção à sinistra do Chefe, aparece a trajetória de uma aeronave, ambas em prata, dirigindo-se com precisão para destruir outra 14 JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

aeronave inimiga em sable. A trajetória apresenta-se frisada em goles (vermelho), significando esse esmalte o espírito guerreiro do militar do 4.°/1.° GCC. Subpostas àquela aparecem linhas em prata, partindo do Flanco Sinistro em direção ao Destro, representando a proficiência com que é realizada a missão do Esquadrão, o Controle e o Alarme Aéreo na defesa dos nossos limites. Contorna o Escudo um filete em jalne, designativo do Comando de Oficial Superior da Força Aérea Brasileira.


Ser mulher no Esquadrão Mangrulho Mulher, do latin ‘Muliere’: Pessoa do sexo feminino; esposa; senhora; mãe. Pensando bem, essa é uma definição generalizada daquele que ficou popularizado como “sexo frágil”, mas não é bem assim. No 4º/1º GCC, as mulheres estão em missão lado a lado com os homens. E mais, prontas para defender o espaço aéreo como nunca. “Todo profissional da especialidade de controle de tráfego aéreo no esquadrão exerce duas funções, uma burocrática realizada no dia a dia, e a outra é de controlador de defesa aérea, nas missões e operações aéreas. A nossa função burocrática é na Subseção de Comunicação Social (SCS), onde divulgamos ao público a missão do esquadrão, através de palestras (em operações realizadas fora de sede), notícias, campanhas e eventos. A função de controlador de defesa aérea pode ser realizada em sede ou fora, dependendo do local do exercício simulado. As operações podem ser controladas a partir de um Shelter OPS transportável, dos Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTAs), ou qualquer outra unidade que esteja preparada para tal fim. “Além disso, a cada dois meses os controladores devem ir aos CINDACTAs para realizar a manutenção operacional, já que esta tarefa não faz parte do nosso dia a dia. Além dessas missões, também temos a chance de fazer vários cursos como por exemplo: CTAM (Controle de Tráfego Aéreo Militar), COAM (Controle de Operação Aérea Militar), AJCC (Ajudante de Chefe Controlador), OGE (Operador de Guerra Eletrônica) e outros. Indiferentemente ao trabalho de controladora e da seção de comunicação social, nas manobras e missões do esquadrão, ajudamos nos deslocamentos do material, no carregamento dos C-130 Hércules, na montagem da torre do sistema radar e do sítio de apoio. Um trabalho realizado por todos, em conjunto, sem distinção de serviço, grau hierárquico ou sexo.” Depoimentos das Terceiros Sargentos Básico em Controle de Tráfego Aéreo Gabriela e Valéria.

A Terceiro Sargento Suelen Rosa efetuando reparos na iluminação da área operacional

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Da esquerda para a direita: As Terceiros Sargentos Cláudia, Suelen Rosa, Raquel Failage e Gabriela

“O trabalho de um radarista exige conhecimento nas áreas da eletrônica digital e analógica, de instrumentação e também noções nas áreas de elétrica, mecânica e hidráulica, além de saber os princípios de radar e de componentes eletrônicos. A manutenção é realizada nos vários níveis do sistema, portanto, é necessário saber desde a operação geral, até o funcionamento das cartas e sinais de cada módulo, por vezes realizando o reparo laboratorial desses itens. As inúmeras manobras que o Esquadrão realiza, nos possibilitam conhecer diversas regiões do país, assim como vivenciar seus hábitos e explorar suas culturas, sendo muito enriquecedor pessoalmente. Mas nem sempre o clima e a localização são ideais, sendo necessária uma boa condição física e psicológica para enfrentar estas adversidades do trabalho. Porém são nesses momentos que laços são estreitados havendo um apoio mútuo, companheirismo e união para o cumprimento da missão, e no final sempre há a satisfação do dever cumprido”. Terceiro Sargento Básico em Eletrônica Cláudia. 16 JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

“Na seção de telecomunicações temos o Shelter OPS onde é possível receber o sinal de qualquer radar do país, através dos modens, e realizar a visualização do sinal, onde os controladores podem desempenhar suas funções. O trabalho na seção consiste ainda na manutenção de toda a rede telefônica e de dados do sítio do CDAT, do sistema de vigilância e controle dos rádios UHF e VHF. Como técnica em telecomunicações foi possível a participação na Operação Laguna em Campo Grande e Corumbá (MS), operando o equipamento Siscomis. Foi uma ótima oportunidade para manter o convívio com outros Esquadrões do GCC e da própria FAB. Ser a primeira mulher do Esquadrão a operar o equipamento foi muito gratificante, ainda mais quando foi possível perceber o incentivo que me foi dado pelos companheiros que ali estavam. Ser mulher no Esquadrão não é uma tarefa muito fácil, trabalhamos de forma árdua, e por muitas vezes é complicada a divisão das tarefas com os homens, mas estamos firmes para cumprir a missão que nos foi dada e, como mulher, fazer o melhor”. Terceiro Sargento Básico em Eletrônica Raquel Failage.


“Como única mulher eletricista no 4º/1º GCC, são inumeras as atribuições no Esquadrão Mangrulho como por exemplo cuidar de toda a iluminação interna e externa do CDAT, refrigeração, geradores fixo e móvel, frequency converter, cooling RX, TX e OPS, grupo de baterias, motores etc. O trabalho exige alto conhecimento da especialidade mas também muita força física onde muitas vezes tenho que deixar a delicadeza de mulher de lado e trabalhar em igualdade com meus colegas para que juntos possamos ter êxito no trabalho. Nas manobras onde deslocamos nosso Radar MRCS 403, alguns locais escolhidos para a montagem do Sítio Radar ficam no meio do nada e às escuras. O mais gratificante é ver que após algumas horas de muito trabalho disponibilizamos toda a iluminação externa e alimentação para o radar e para todos os outros equipamentos necessários para que a missão seja cumprida. Então vemos a tamanha importância de um especialista em eletricidade.” Terceiro Sargento Básico em Eletricidade Suelen Rosa.

ACIMA - Terceiro Sargento Gabriela: pronta para defender o espaço aéreo. ABAIXO - Terceiro Sargento Cláudia: satisfação do dever cumprido

Ser mulher no Esquadrão Mangrulho, por vezes, significa abrir mão da vaidade, esquecer o supérfluo, se sujar, fazer força e suar. É lutar por seu espaço, ser ouvida, mas também aceitar conselhos e ajudas. É testar limites, vencer o medo, buscar conhecimento e ampliar horizontes. É gastar tubos e tubos de protetor solar. É ver no rosto de colegas e amigos o orgulho e o devido reconhecimento. É também contribuir com charme, delicadeza e gentileza, mas pelejar em pé de igualdade com homens e entender que:

“É na união das diferenças que está a força verdadeiramente forjada em têmpera de aço”. JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

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“Futuro Equipamento do 4º/1º GCC” Por Nilvande Alves Brito - Capitão Especialista em Comunicações Chefe da Seção de Material

A principal missão da defesa aérea é a vigilância do espaço aéreo brasileiro com o propósito de garantir a segurança e a soberania nacional. No intuito de aperfeiçoar a eficiência dos serviços e prover melhor vigilância do imenso território brasileiro foram adquiridos radares transportáveis tridimensionais que podem ser prontamente mobilizados para qualquer local do país ou fora dele. O radar escolhido para executar esta tarefa foi o Sistema Transportável 3D - TPS-B34 da empresa Lockheed Martin, procedente dos Estados Unidos da América. Este modelo é uma versão do radar TPS-117 do mesmo fabricante, que é atualmente utilizado por diversos outros países.

Montagem do Radar TPS-B34 em Porto Seguro-BA (2007)

18 JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

Este sistema é comumente chamado de Radar 3D em função das informações que são disponibilizadas para os usuários: informações de distância, de azimute e de altitude. Estes equipamentos atualmente estão instalados e em operação nos Destacamentos de Telecomunicações e Controle do Espaço Aéreo, em diversas localidades da região Norte. O equipamento Radar foi projetado para ser transportado por superfície, mar ou ar. As maiores estruturas são constituídas para operações rápidas de transporte, de montagem e de desmontagem. O Sistema Transportável 3D - TPS-B34 é constituído por um conjunto de equipamentos eletrônicos, como: Transceive Group (grupo transmissor), Electronics Shelter (shelter eletrônico) e Integration Group (grupo de integração). TORRE DO SISTEMA TRANSPORTÁVEL 3D – TPS B34 Ao selecionar um sítio e a área de disposição dos equipamentos para a montagem do sistema radar é importante salientar que o desempenho global de detecção é fortemente afetado pelo terreno ao redor, obstruções locais e outros radares operando na área. Outro dado importante a observar é a infraestrutura que a localidade pode oferecer e o espaço físico disponível para organização dos módulos do equipamento dentro do sítio radar. A posição mais baixa é determinada pelo ângulo do horizonte radar em relação ao topo de alguma obstrução, como por exemplo, uma montanha


ou árvores, em determinados azimutes. Para sanar estes problemas de obstáculos na visada radar a única saída é a elevação da antena, que sem dúvida, melhora a detecção em geral, diminui a relação sinal ruído e aumenta a sensibilidade de detecção para os alvos de baixa altitude, sendo que a elevação só é possível se a antena for montada sobre uma torre, que estruturalmente pode ser fixa ou móvel. Muitas vezes, o ponto estrategicamente escolhido dentro do teatro de operações não apresenta topografia favorável, nestes casos, a montagem de uma torre móvel é vital Para tal, foi desenvolvido um sistema de ancoragem para a fixação de torre em solo natural. As exigências para tal feito estão baseadas em cálculos estruturais para o sistema e também a escolha do tipo do solo.

além de outras deficiências que o terreno possa vir a apresentar, como a existência de pedras ou outros obstáculos para o sistema de ancoragem. Para a montagem do radar sem a torre a logística do local está ligada à visada do radar e a elevação do transceive group (antena) a mais ou menos dois metros acima do solo, objetivando superar a altura do electronics shelter e shelter de refrigeração, que são montados ao seu lado e também para receber uma ancoragem para sustentação, com a capacidade de suportar vento com uma força de arranque de até sete toneladas em cada uma das sapatas que ficam apoiadas ao terreno.

MOBILIZAÇÃO DO SISTEMA A definição da montagem do sistema radar TPS-B34 com a torre ou sem torre está vinculada diretamente ao local e também ao interesse operacional (exercício simulado ou real) que define a área de cobertura necessária. A logística do local para a montagem do radar com a torre está ligada ao laudo técnico de sondagem da composição do solo. O laudo informará a resistência do terreno quanto à pressão e à tração que é capaz de suportar,

TRANSPORTE O transporte do sistema radar TPS B34 é simples e fácil em virtude de seus equipamentos serem todos constituídos por mobilizadores especiais que poderão ser rebocados ou transportados sobre veículo. O transporte rodoviário ou aéreo está limitado apenas à configuração de montagem: com torre ou sem torre. Sem a torre será realizado menos etapas de traslado, por ser levado menos material, tanto no transporte rodoviário como para o aéreo.

Equipe do 4º/1º GCC, após montagem do sítio radar em Mossoró-RN (2008) JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

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Lince Olhos da

Defesa Aérea

A região do pampa, caracterizada pelos vastos campos e regiões de planície, que ocupam o sul do Brasil, o Uruguai e parte da Argentina, traz em sua história a marca de vários conflitos. A observação do deslocamento das tropas inimigas era realizado sobre uma torre de atalaia (ponto alto de onde se vigia) construída com troncos de madeira e aproximadamente cinco metros de altura, facilitava a visão em todos os quadrantes do terreno, esse ponto de observação era conhecido como Mangrullo, palavra hispanoamericana, que surgiu na Argentina e no Uruguai e ao cruzar a fronteira abrasileirou-se como Mangrulho. O Esquadrão Mangrulho, no ano em Major Balbinot durante brifim para controladores que completa seu jubileu de prata, é responsável pelo deslocamento, monÀ medida que o Teatro de Operações evolui, os tagem e operação dos sistemas Rada“olhos” acompanham os vetores e dão ao piloto a cerres MRCS-403 e TPS B-34, que se caracterizam pela teza que sua missão está sendo vigiada por Linces, mobilidade e, desta forma, possibilitam ao Comando nome código dados aos controladores de operações a flexibilidade para atuar em áreas onde inicialmenaéreas militares, que, na correta descrição do cenário, te não existe o recurso do radar, fator preponderante proporcionam a vantagem de detectar, engajar e fazer para o êxito nos confrontos atuais. 20 JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC


Vista interna do Shelter Operacional modernizado do 4º/1º GCC

o emprego do armamento em distâncias superiores ao alcance da visão, nos atuais combates a longa distância, Beyond Visual Range (BVR). Além de possuir total autonomia na execução de uma detecção, acionamento de uma aeronave que esteja em estado de alerta e conduzir todas as fases de interceptação, é capaz também de operar apenas como um sítio de detecção, enviando todas as imagens radar para um Centro de Operações Militares, que atue como órgão principal de uma Região de Defesa Aérea. Sempre pronto para atender às necessidades do Comando da Aeronáutica, o Esquadrão Mangrulho desempenha com eficiência a nobre missão de conduzir os vetores para uma interceptação bemsucedida nos mais diversos pontos do Brasil, contando em seu efetivo com militares preparados para pronto emprego em todas as regiões do Brasil, seja na inóspita região amazônica, no nordeste brasileiro, no pantanal ou no seu berço, o pampa gaúcho. A busca constante pelo aprimoramento de seu trabalho e a abnegação no cumprimento da missão forjaram em seus integrantes os versos de seu próprio hino:

MOLDADO EM TÊMPERA DE AÇO PRIMEIRO PORTAL DO PAÍS DO GLÁDIO ALADO É O BRAÇO DA ELITE GUERREIRA É A RAIZ.

Segundo Tenente QOEA CTA Júlio César Rezi GUERIN • Natural de Santiago – RS • Graduado Sargento Controlador de Tráfego Aéreo na Escola de Especialistas da Aeronáutica em 1990 • Estágio de Adaptação ao Oficialato em 11/12/2009 • Chefe Controlador e Chefe Controlador Aeroembarcado • Bacharel em Direito pela UFSM

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Efetivo do Esquadrรฃo em 2010 durante a montagem da Torre do Radar

22 JUBILEU DE PRATA - 4ยบ/1ยบ GCC


JUBILEU DE PRATA - 4ยบ/1ยบ GCC

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A vila dos SO/SGT possui 20 apartamentos Radar MRCS-403 montado no aeroporto de Santa Cruz do Sul-RS, durante a operação Laçador

24 JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC


al

Vista interna do antigo Shelter Operacion

Operador de guerra eletrônica na posição

Radar Supervisor

do

Controladores operando no Shelter moderniza

Limpeza da estrada de acesso ao CDAT

OM 2010

Equipe na manutenção do gerador

Comandantes dos GCC´s durante a REC

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Militares do GCC em Mossoró (RN) durante

a CRUZEX IV

Equipe campeã da taça eficiência 2009

Capitão Alves Brito expôe a montagem do Sistema ao Comandante do 1º GCC durante a operação Laçador(2009)

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BRA I (2005)

Equipe do GCC durante a Operação PAR


Sítio Radar em Porto Velho – RO (2002)

Sítio Radar em Boa Vista – RR (1987)

Sítio Radar em Jataí-GO para a Operação

Vista aérea do CDAT-SM (2010)

TA II, em Santo Ângelo-RS

Voo de inspeção do GEIV na Operação PRA

CRUZEX III

Visita de escolas ao sítio de Jataí-GO

JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

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Operação MISTRAL (1998)

8) Tenente Afonso durante Crítica Mensal (199

Despedida do Major Cordeiro

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eção ao Esquadrão

Tenente-Coronel Servan em visita de insp Mangrulho (1997)

a ao sítio radar de Jataí

Tenente-Brigadeiro Vilarinho durante visit (CRUZEX III)

do TPS-B34 ao TenenteSuboficial Pereira apresenta o Shelter OPS DECEA do eral or-G Diret o entã Brigadeiro Vilarinho,


Morada Nova - CE, Major Luiz Ricardo mostra o sítio radar de Operação CRUZEX II

durante a

náutica

ar e Comandante da Aero Vice-Presidente da República José de Alenc OMA da ega Juniti Saito durante a entr

Sítio radar em Porto Seguro-BA (2007)

nte a operação PARBRA I (2005)

Sítio radar em Concepcion-Paraguai, dura

do Esquadrão Mangrulho, Major-Brigadeiro Chaves, ex-comandante OMA prestigiando a entrega da

Desmontagem do radar TPS-B34 em Porto

Esperidião-MT

JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

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Santa

Maria

”Coração do Rio Grande do Sul” Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Maria_%28Rio_Grande_do_Sul%29

O Esquadrão Mangrulho fica sediado na Base Aérea de Santa Maria, município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul. Com 268.969 habitantes, é considerada uma cidade média e de grande influência na região central do estado. Santa Maria também é denominado o município Coração do Rio Grande do Sul (devido a sua localização Geográfica) 30 JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

História A cidade foi criada a partir de acampamentos de uma comissão demarcadora de limites entre terras de domínio espanhol e português que passavam pela região, em 1797. Durante a Revolução Farroupilha, chegaram os primeiros imigrantes alemães, provenientes de São Leopoldo, buscando se afastar dos combates. A cidade conserva prédios históricos

Vista aérea da BASM

de valor como a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, o Theatro Treze de Maio, a Catedral do Mediador da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, o Clube Caixeiral, o Banco Nacional do Commercio, a Sociedade União dos Caixeiros Viajantes e a Vila Belga. Santa Maria sedia uma das maiores universidades públicas do Brasil, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que conta atualmente com


Vista aérea da UFSM / Colheita de arroz nas cercanias da BASM / Cheff dando o toque final no almoço do CDAT-SM

Tradição

mais de 15 mil alunos em seus cursos de graduação e pósgraduação. Também apresenta vários outros centros educacionais de nível superior. Santa Maria é conhecida como Cidade Cultura, tendo muitos pontos turísticos.

Economia Santa Maria, por sua posição geográfica central e por situarse na metade sul do estado, foi, desde os tempos do império, historicamente estratégica na questão dos conflitos com os “países do prata”. Por esse motivo, por várias décadas os investimentos aqui concentrados foram referentes à segurança nacional. Assim formou-se uma estrutura e uma vocação econômica do município voltada para a prestação de serviços, posteriormente acentuada com o estabelecimento dos serviços públicos estatais e federais e com o desenvolvimento do comércio. As bases econômicas do município podem ser comprovadas pelos empregos ofertados. Os dados disponíveis revelam a alta importância do setor terciário, destacando-se o comércio, os serviços públicos, incluindo os da UFSM.

Paleontologia A cidade é o berço do geoparque da Paleorrota e da paleontologia no Rio Grande do Sul e no Brasil. Em 1902 foi coletado um Rincossauro em Santa Maria, que viria a ser o primeiro fóssil

Militares do efetivo preparam o tradicional Costelão à Moda Mangrulho

da América do Sul. Llewellyn Ivor Price é natural de Santa Maria e foi um dos primeiros paleontólogos do Brasil. Price coletou o Estauricossauro, o primeiro dinossauro brasileiro. A cidade está sobre um enorme depósito de fósseis. Em Outubro de 2009, começou a distribuição gratuita de mil exemplares do livro “Vertebrados Fósseis de Santa Maria e Região”. O livro foi entregue a instituições, escolas e bibliotecas de Santa Maria, com a finalidade de difundir o ensino deste assunto na região e foi publicado pela câmara de vereadores da cidade.

Conhecer a cultura gaúcha, através dos hábitos e costumes do gaúcho, onde a lida campeira retrata bem o modo de ser caracterizado pela sua indumentária, seu hábito de tomar chimarrão, a sua gastronomia muito rica, como o churrasco, o carreteiro, o gosto pelos cavalos, o gado, a terra, do seu chão riograndense. Visitar o Rio Grande do Sul, conhecer suas regiões, participar de um baile gaúcho, ir a um festival de músicas nativistas, assistir a um rodeio, o tiro de laço, ver de perto o modo de ser do povo gaúcho e a sua identidade e preservação das tradições, do folclore. Com a arte e a cultura, o Rio Grande do Sul atravessou fronteiras, levando a sua bandeira aos demais estados do Brasil, assim como no estrangeiro, pois o encontro dos gaúchos junto aos Centros de Tradições Gaúchas (CTG), fez com que a preservação da identidade e dos hábitos , costumes, e o encontro de gaúchos, de conterrâneos possa ser realizada sempre. O gaúcho tem sua presença no campo e na cidade, conservando consigo os hábitos e costumes vindos de pai para filho, de geração em geração, e é esta a essência de ser, manter presente sempre as suas tradições. JUBILEU DE PRATA - 4º/1º GCC

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32 JUBILEU DE PRATA - 4ยบ/1ยบ GCC


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