8 minute read
Inteligência
by AESabesp
IoT no Saneamento: a novidade da Sabesp que reduz perdas, contribui com o meio ambiente e melhora o relacionamento com o cliente
Por Suely Melo
Advertisement
Marcello Xavier Veiga Superintendente de Planejamento e Desenvolvimento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp Marcello Veiga é o principal executivo da Superintendência de Planejamento e Desenvolvimento, área que atende toda a Região Metropolitana de São Paulo. Bacharel em Administração e pós-graduado em Finanças. Atuou na área de Controladoria e atualmente coordena as áreas de Planejamento, Gestão sendo responsável pelo desenvolvimento de novas tecnologias para o setor de saneamento.
Em mais uma iniciativa precursora na área de saneamento, que traz inovação e eficiência para o setor, a Sabesp iniciou um projeto de IoT (Internet das Coisas) para medir o consumo de água. De baixo custo, a tecnologia garante redução de perdas de água, contribuindo para o meio ambiente, combate a fraudes e melhora no relacionamento com os clientes.
Para explicar sobre o IoT no Saneamento, a Revista Saneas entrevistou Marcello Veiga, Superintendente de Planejamento e Desenvolvimento da Sabesp. “Um projeto desta magnitude é importante não só para São Paulo, mas para todo o setor de saneamento”, destaca. Confira a entrevista: Revista Saneas: Como surgiu a ideia de trazer a inovação da Internet das Coisas para o Setor de Saneamento? E qual a importância desta iniciativa para São Paulo? Marcello Veiga: A Diretoria Metropolitana da Sabesp atua constantemente na busca pela inovação. E a atuação em monitoramento e controle de equipamentos sempre trouxe grandes oportunidades, uma vez que uma empresa do porte da Sabesp necessita cada vez mais de tecnologias que permitam atuação à distância. Ao longo dos anos se fez o monitoramento de consumo por meio de equipamentos de GPRS [General Packet Radio Service], que permitia acompanhar o consumo dos principais clientes, mas limitava o número de instalações devido ao alto custo dos equipamentos e da comunicação. Com a oportunidade de realização deste monitoramento através da utilização de equipamentos de menor custo, aliado a um custo de comunicação acessível, a diretoria não hesitou, em 2018, em realizar um projeto piloto visando avaliar a cobertura das redes de IoT [Internet da Coisas] na região onde atua. A ação foi bastante positiva e permitiu que, em 2019, a Sabesp realizasse a primeira licitação voltada ao monitoramento de consumo através de redes de IoT.
Um projeto desta magnitude é importante não só para São Paulo, mas para todo o setor de saneamento, uma vez que permite aprimorar as estratégias, focando principalmente o combate às perdas e a prestação de um melhor serviço aos nossos clientes, de forma eficaz e financeiramente viável.
Mais sobre a IoT
A tecnologia IoT permite a conexão de dispositivos do cotidiano, como geladeiras, fechaduras, câmeras de segurança e TVs, com a internet. O novo sistema foi testado com êxito, em 2018. Diante disso, a Companhia iniciou a instalação de 100 mil hidrômetros inteligentes nos maiores clientes da Grande São Paulo. Eles terão seu consumo de água medido diariamente de maneira remota.
CONTRATAÇÃO POR DESEMPENHO Outra novidade neste cenário é a contratação por desempenho. Neste caso, o fornecedor opera o sistema e é remunerado com base na comunicação dos dados. Segundo a empresa, no projeto-piloto, em operação desde maio de 2018, foram instalados 500 pontos. Nessa etapa, a Sabesp verificou, por exemplo, anomalias de consumo. Foi o que aconteceu em uma escola em São Paulo, que se livrou de um vazamento (que causava prejuízos) após a detecção de alta incomum de consumo no período noturno. De acordo com a empresa, 5 hidrômetros inteligentes desta nova etapa foram instalados em prédios da Universidade de São Paulo e já estão em ação. A implantação na Grande São Paulo será gradativa ao longo de 12 meses em consumidores como shoppings centers, condomínios e indústrias.
VANTAGENS PARA O CONSUMIDOR O próximo passo da iniciativa é disponibilizar as medições diretamente para o consumidor, por meio do aplicativo Sabesp Mobile, que vai possibilitar que ele faça a gestão diária de seu consumo (em vez de mensal) e verifique com muito mais facilidade eventuais aumentos e reduções do gasto.
Revista Saneas: Quais são os desafios na implantação do projeto? Marcello Veiga: Mesmo trabalhando, atualmente, somente com 100 mil clientes, que representam aproximadamente 2% dos clientes da Região Metropolitana de São Paulo, este é um projeto grande. São mais de 8.000 trocas de hidrômetros por mês, sendo a maior parte delas de grande diâmetro. Requer uma logística bem elaborada por parte do contratado, além de atuação forte das áreas comerciais em comunicar todos os clientes que vão receber a tecnologia em seus imóveis.
Revista Saneas: A iniciativa é voltada por enquanto somente a grandes consumidores como prédios universitários, shoppings e condomínios, por exemplo. Qual é a perspectiva para que serviço chegue ao consumidor em geral? Marcello Veiga: Como o foco principal do projeto é reduzir perdas, trabalharemos nos 100 mil clientes de maior consumo da diretoria. Ou seja, comércios, indústrias, órgãos públicos e condomínios residenciais. Hoje os medidores inteligentes ainda apresentam custos
relativamente altos, o que dificulta a aplicação em larga escala, mas acreditamos que, a médio prazo, os preços devem reduzir, tornando viável a aplicação em clientes com menor consumo.
Revista Saneas: Quais são os principais benefícios para os clientes? Marcello Veiga: Uma vez que a Sabesp passa a monitorar o consumo diário dos imóveis, o cliente também tem acesso a estas informações por meio do APP Sabesp, podendo realizar a gestão de seu consumo. Isso facilita a identificação de possíveis vazamentos e até evita surpresas na conta, já que o APP apresenta ao cliente, ao longo do mês, uma projeção de consumo baseada em seu histórico. A Sabesp também faz uso de ferramentas que permitem identificar anomalias nos medidores e apontar possíveis vazamentos internos no imóvel, condição que melhora muito o relacionamento entre a Companhia e clientes.
Revista Saneas: Em relação à sustentabilidade, de que forma o projeto vai impactar positivamente o meio ambiente? Marcello Veiga: Por se tratar de um projeto de combate às perdas, ele já tem todo o impacto positivo voltado ao meio ambiente, pois permite à Companhia atuar rapidamente no controle de desperdício de água e estimula os clientes ao uso racional e eficaz da água. Mas vai além. Esses são medidores com maior vida útil, condição que aumenta o tempo de troca, reduzindo o descarte de materiais. E, indiretamente, ajudamos na redução da emissão de poluentes com automóveis, uma vez que o número de vistorias em imóveis ou de visitas para substituição de medidores diminuem. Além disso, em um futuro breve, o cliente poderá receber suas contas por e-mail, evitando a impressão.
Revista Saneas: IOT no Saneamento já está em operação desde meados de 2018. Qual é a avaliação sobre os impactos gerados? Quais os principais problemas detectados? Marcello Veiga: A avaliação é bastante positiva e desde que a Sabesp iniciou este trabalho percebemos que o mercado voltado a IoT enxergou a oportunidade existente no saneamento. Desde então diversas opções de uso estão surgindo e a tendência é que a adoção desta tecnologia cresça no segmento. Isso vai permitir uma gestão cada vez mais estratégica, elevando os resultados das companhias e prestando um serviço mais eficaz aos clientes. Até o momento não foram identificados problemas, vamos avaliar o desenvolvimento deste projeto inovador ao longo dos 60 meses do contrato.
Marcello Veiga: A contratação por performance ou desempenho é o modelo utilizado pela Sabesp. Neste modelo de contratação, a Companhia paga pelos resultados. O fornecedor realiza todo o investimento em equipamentos e mão de obra no início do contrato e é remunerado, mensalmente, pelos dados entregues ao longo dos meses de contrato, mediante o cumprimento de metas. Se isso não ocorrer, os valores medidos serão menores, condição que leva ao empenho do fornecedor ao longo de todo o contrato para atingir 100% dos resultados e garantir o recebimento total. A grande vantagem deste contrato é o fato de o investimento inicial partir do fornecedor, antecipando assim a execução e postergando o desembolso por parte da Sabesp.
Revista Saneas: Como funcionam os hidrômetros inteligentes? Marcello Veiga: Os medidores utilizados são ultrassônicos, estes hidrômetros não possuem partes móveis, o que faz com que não sofra desgaste ao longo da sua vida útil. Ele ainda tem a capacidade de informar eventuais anomalias como: fluxo reverso, tentativa de violação, falta de água, vida útil da bateria e possui uma inteligência eletrônica que protege o aparelho em caso de uso indevido, além da alta sensibilidade para medir em baixas vazões.
Revista Saneas: Qual a sua visão sobre o papel da tecnologia e da inovação no setor de saneamento? Marcello Veiga: A inovação se faz necessária no dia a dia de qualquer organização e não só no setor saneamento. A tecnologia é uma grande aliada: ao adotar as ferramentas corretas e contratar de forma adequada, podemos obter excelentes resultados. Um ponto de atenção é a questão do emprego, algumas funções certamente deixarão de existir e outras surgirão. No entanto, empresas e profissionais devem estar atentos às constantes evoluções e preparados para as grandes oportunidades resultantes das novas tecnologias.
Revista Saneas: Em sua opinião, a tecnologia pode, de alguma forma, acelerar a universalização do saneamento? Marcello Veiga: Sim, a tecnologia permite uma atuação mais inteligente e eficaz, gerando melhor planejamento, ganhos de produtividade, redução de manutenções e melhoria da qualidade na execução do serviço com menor custo.
Revista Saneas: Algo que queira acrescentar? Marcello Veiga: Vale destacar que, em 90 dias de contrato, já foram instalados mais de 18.000 equipamentos e o APP já está acessível a todos os clientes atendidos.