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Inovação
by AESabesp
Por Suely Melo
Tecnologia BIM na Sabesp: melhorias para a empresa e para o setor de saneamento
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Silvio Leifert Engenheiro civil, superintendente de Gestão de Empreendimentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp.
Márcia Arce Parreira Martinelli Engenheira civil, gerente do Departamento de Desenvolvimento da Gestão de Empreendimentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp.
Para entender sobre como o uso deste modelo está impactando a Sabesp, seus profissionais e o setor de saneamento no Brasil, a Saneas conversou com a Companhia. Veja a seguir o que falam os profissionais: Silvio Leifert, superintendente de Gestão de Empreendimentos – TE, e Márcia Arce Parreira Martinelli, gerente do Departamento de Desenvolvimento da Gestão de Empreendimentos (TED); com colaboração de Francimar N. Rocha, gerente do Departamen to Técnico e de Qualidade da Implantação – MEQ, e Silvana Corsaro Candido da Silva de Franco, gerente de Departamen to de Planejamento Gestão e Operação da Produção – MAG. “O processo de implantação de um método tão abrangente quanto o BIM, em uma empresa como a Sabesp, leva tempo e exige persistência e comunicação. Ainda estamos no início deste processo que tem o potencial de impactar profundamente nossas atividades e alterar a cultura da organização”, frisam os entrevistados. lhoria da eficiência e performance, apresentando grande potencial de ganhos nos seguintes aspectos: • Maior facilidade na definição das soluções de projeto, já que se trabalha com um modelo digital e não simplesmente com um desenho ou representação gráfica; • Maior controle da qualidade do projeto, pois o BIM gerencia a integração entre as diferentes disciplinas envolvidas (hidromecânica, elétrica, civil, automação), permitindo a identificação de inconsistências ou conflitos no projeto; • Maior controle no gerenciamento das versões de projeto, incluindo cada disciplina envolvida; • Maior padronização do projeto, através do uso de bibliotecas de objetos; • Maior facilidade do entendimento do projeto, quando da verificação e aceite por parte do contratante; • Integração direta com a orçamentação, permitindo que alterações em projeto possam se refletir automaticamente na planilha orçamentária;
Francimar Nóbrega Rocha Engenheiro civil, gerente do Departamento Técnico e de Qualidade da Implantação - MEQ da Diretoria Metropolitana da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp.
Silvana Corsaro Candido da Silva de Franco Engenheira civil, atua na área de Saneamento, Geoprocessamento, Automação Industrial, Treinamento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp
O papel da tecnologia BIM no Saneamento e melhorias para o setor A Modelagem da Informação na Construção ou BIM, na sigla em inglês (Building Information Modeling), é considerada como “a atual expressão da inovação na indústria da construção” (Succar, 2016).
Talvez sua contribuição mais importante seja a possibilidade de reunir no principal produto de planejamento do setor da construção, o desenho (ou o modelo, no caso do BIM), todas as informações necessárias para o desenvolvimen to dos processos construtivos e de operação de um ativo. Como resultado, há a centralização de informações em um mesmo local, o que permite o exercício antecipado e virtua lizado do processo de construção, mitigando problemas no momento real da construção e possibilitando a manutenção atualizada das características do ativo durante sua duração. De forma mais ampla para o setor de saneamento, o BIM surge como um fator contribuinte à busca pela me
Impactos positivos para a empresa e para os seus profissionais em sete anos do uso da ferramenta Desde 2013 a Sabesp vem implementando o BIM em ações isoladas de empreendimentos. A partir de 2015 uma equipe da Sabesp, ainda não dedicada exclusivamente ao assunto começou um processo de entendimento de todo o contexto BIM e de potencialidades e possibilidades de uso para o mercado do saneamento e mais especificamente para a atuação da Sabesp de maneira corporativa.
Durante esse período, a Sabesp observou que a maturidade do BIM para a infraestrutura ainda se encontrava baixa, quando comparada aos processos para o mercado da construção predial, em que a maturidade já encontrava-se bastante alta. Nesse sentido, por uma opção estratégica, decidiu acompanhar os movimentos do mercado, até que no segundo semestre de 2018 criou o primeiro grupo representativo da organização para discussão do tema.
A partir de então a Sabesp deu os primeiros passos para
definir a estratégia de atuação corporativa da empresa com relação ao BIM e iniciou um trabalho mais amplo e abrangente de disseminação de conceitos e potencialidades quanto ao uso do método, direcionando a capacitação do corpo técnico para um olhar específico na atuação da Sabesp enquanto proprietária e operadora do sistema.
Esta ação proporcionou um ganho exponencial do entendimento do corpo técnico quanto às funções e possibilidades de aplicação do BIM nas atividades da empresa, bem como as dificuldades a serem superadas e necessidades a serem supridas para uma implantação plena, essenciais à realização da discussão colaborativa e corporativa a ser realizada para o direcionamento dos próximos passos do BIM na Sabesp.
Principais vantagens do BIM em relação aos modelos convencionais utilizados na elaboração de projetos Como principais pontos que podem ser apontados como benefícios da utilização do BIM, podemos citar: • Aumento da qualidade do projeto (desenho); • Diminuição do tempo de execução da obra; • Diminuição do custo total do empreendimento; • Facilitação/aprimoramento da gestão; • Aumento da transparência. • Para tanto, as principais funcionalidades a serem utilizadas do BIM que contribuem com o alcance desses benefícios, são: • Visualização em 3D do projeto; • Ensaio da obra no computador (ambiente virtual); • Extração automática de quantitativos; • Realização de simulações e ensaios virtuais; • Identificação automática de interferências; • Geração de documentos mais consistentes e íntegros; • Viabilização da industrialização do processo construtivo; • Complementação do uso de outras tecnologias emergentes que utilizam o BIM como base essencial, por exemplo: captação de realidade (nuvem de pontos), internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), desenho generativo, dentre outras; • Colaboração entre as partes interessadas no projeto.
Desafios no uso da ferramenta no Brasil Existem dois níveis principais decisórios que devem ser abordados para responder essa questão, sendo hierarquicamente: nível governamental (estadual e federal) e o nível corporativo.
Do ponto de vista corporativo, podem ser ditos como principais desafios que impactam na adoção do método BIM: • A falta de maturidade e conhecimento sobre o novo método; • A superação da visão competitiva para outra colaborativa, essencial à adequada implantação do BIM, integrando pessoas, processos e sistemas no mesmo fluxo de trabalho; e • A resistência à mudança, natural ao ser humano em qualquer processo de alteração de um status quo há muito tempo estabelecido e consolidado. O BIM deve ser entendido pela comunidade técnica da empresa como uma mudança de procedimentos e não apenas uma mudança tecnológica e de software. Para tanto é fundamental o incentivo ao desenvolvimento de competências técnicas específicas, que possam dar o suporte ao desenvolvimento de sua implantação da companhia.
Também deve-se considerar que, no caso da Sabesp, nossos projetos são desenvolvidos por empresas contratadas, sendo que estas têm papel fundamental no entendimento e na aplicação do BIM.
Já de um ponto de vista governamental, de alto nível podem ser colocadas como grandes desafios: • O barateamento do processo de industrialização do setor da construção, que, por vezes, quando comparado aos processos tradicionais de execução, inviabilizam a utilização de ferramentas e métodos emergentes; • A criação de padrões e normas que proporcionem a integração de processos e a interoperabilidade dos modelos tridimensionais, tão perseguida dentro dos processos BIM. Para além desses níveis de organização, vale destaque para o papel das associações de representação das empresas que compõem o setor, no sentido de proporcionar um ambiente mais propício à troca e colaboração entre suas associadas, promovendo um avanço mais consistente e homogêneo do ecossistema.
Adesão de empresas de saneamento Quando falamos no segmento de construção os padrões e processos para BIM, já estão mais bem estabelecidos e consolidados, incluindo a forte adesão dos fabricantes, projetistas e construtoras. Entretanto esse cenário não se repete para a infraestrutura, apesar de termos tido grandes avanços com o BIM, principalmente em transportes sobre trilhos e rodoviários. Especificamente para o setor de saneamento, os casos de uso ainda são raros, mesmo quando falamos do cenário internacional.
A contextualização nesse caso, portanto, é essencial. Apesar de ser longo o caminho a ser percorrido, acredito que os movimentos do setor estão sendo feitos. São várias as prestadoras de serviço coirmãs à Sabesp com iniciativas em BIM e o aprofundamento no assunto vem claramente acontecendo.
Não considero como um entrave, mas talvez uma das principais dificuldades para a adoção plena em todos os níveis e fases dos empreendimentos no setor, seja a melhoria da comunicação e a melhoria da interlocução entre as empresas do setor para que haja um movimento homogêneo e conjunto. Por esse viés, destaque deve ser dado às asso
ciações representantes do saneamento e aos próprios poderes públicos estaduais e federal, no sentido de melhorar a articulação entre os diversos agentes, organizando, orientando e harmonizando as decisões necessárias a serem tomadas.
Construtoras Algumas construtoras já incorporaram o BIM aos seus processos de trabalho e, em alguns casos, independentemente da exigência dos clientes pela utilização da metodologia. Elas entendem que a utilização dos modelos para planejamento, acompanhamento e validação dos orçamentos geram ganhos suficientes nos seus processos internos que justificam a produção de modelos BIM, mesmo que não haja a exigência contratual.
Exemplos da utilização da tecnologia dentro da Sabesp? Existem algumas experiências ocorrendo em áreas específicas da empresa com a utilização do BIM para usos específicos. Podem ser citados como exemplos: • O uso de ferramentas para o desenvolvimento de estudos preliminares para implantação das obras, possibilitando a análise de alternativas técnico-econômicas e uma maior assertividade quando do detalhamento; • A elaboração de projetos de reservatórios utilizando softwares de modelagem para qualificar e padronizar o resultado final do projeto. O principal objetivo da aplicação nesse caso foi o ganho de tempo e escala (replicabilidade) no desenvolvimento do projeto; • A utilização de processos BIM ligados a fase de projeto e obra para empreendimento com estrutura de captação e adução de água e coleta de esgotos. São explorados a projetação com modelagem 3D, a inserção de informações de ativos em objetos do modelo e a digitalização do canteiro de obras utilizando princípios e conceitos BIM; • Exercício interno de modelagem de edifícios administrativos aplicando e executando processos de usos vinculados à: modelagem 3D de projetos de arquitetura, estrutura e complementares; e quantificação e orçamentação do projeto. O objetivo deste caso, foi o entendimento das dificuldades para o exercício do projeto, visando a melhoria da experiência de solicitação dos serviços utilizando BIM, processo corriqueiro na Sabesp, enquanto contratante de serviços e proprietária dos empreendimentos. A Superintendência de Gestão de Empreendimentos da Metropolitana (ME), por exemplo, tem desenvolvido suas principais infraestruturas em BIM. Atualmente, está trabalhando na automação dos modelos com o orçamento e já tem empreendimentos acompanhados pela metodologia.
No âmbito da ME, são desenvolvidas diversas bibliotecas, famílias,
templates, foi feita aquisição de equipamentos, treinamento de profissionais e desenvolvimento de fornecedores, ou seja, infraestrutura. Em relação a trabalhos elaborados, podem ser citados: ETE Perus (700 l/s), Reservatórios Santa Cecília, Mirante e Vale do Sol (3 x 5.000 m³) e 18 km de adutoras, Recuperação do CT Mombaça e linha de recalque, Recuperação do Dique Biritiba Mirim, Ampliação da ETA Rio Grande (6,5 m³/s), ETE Mairiporã (150 l/s), Reservatório Centro Suzano (10.000 m³), Reservatório Distribuição Suzano (5.000 m³), Estação de Remoção de Nutrientes (3,25 m³/s), Unidade de Recuperação da Qualidade (URQ) de Guarulhos (1,0 m³/s) entre outros.
Resultados: destaques Novos métodos e práticas requerem, invariavelmente no início, a disseminação do conhecimento e a capacitação do corpo técnico, direcionando o olhar para a amplitude das possibilidades e convergência das diversas unidades impactadas em um sentido único e corporativo. É isso que a Sabesp vem fazendo para fomentar o avanço da utilização desse método, investindo fortemente na formação e capacitação de seus profissionais, tendo abrangido em 2019 aproximadamente 200 oportunidades além da participação em eventos nacionais e internacionais sobre o tema.
Nesse sentido, o ganho de maturidade do corpo técnico a respeito do que é o BIM e como ele deve ser aplicado dentro do contexto corporativo da Sabesp, podem ser indicados como os principais destaques palpáveis até o momento.
Outro fato relevante foram os primeiros editais para contratação de projetos em BIM com vistas às futuras contratações das obras, ampliando os níveis de sucesso na oferta de benefícios propostos à população. Simultaneamente, as empresas privadas de projeto e consultoria em saneamento, nossa parceiras, estão investindo igualmente em seu corpo técnico visando o alinhamento da metodologia BIM junto a companhia.
Perspectivas da empresa no âmbito do projeto BIM para os próximos anos A estratégia da Sabesp vem seguindo as diretrizes da Estratégia BIM
Curto Prazo (3 anos)
Médio Prazo (5 anos)
Longo Prazo (9 anos) Objetivo: Qualidade dos projetos Caderno de Orientação para Contratação com amplitude de Projetos – exigência em BIM • Domínio das informações recebidas • Detecção de interferência • Extração de quantidades para orçamento Objetivo: Qualidade da Construção Caderno de Orientação para Contratação com amplitude de Projetos e Obras – exigência em BIM • Planejamento da Construção • Estimativa de custos
BR elaborada pelo governo federal e publicada em 2018. Nesse contexto, tem por objetivo:
Neste contexto, a visão de futuro da ME é desenvolver as infraestruturas necessárias à operação dos sistemas pelos seus clientes com agilidade, qualidade, confi abilidade e menor custo de implantação e operação. Para a Diretoria, a utilização da metodologia BIM é fundamental para alcançar estes objetivos bem como preparar as infraestruturas para serem geridas com maior nível de automação e efi ciência pelos clientes. Já na Unidade de Negócio de Produção de Água da Metropolitana (MA), há outra frente de atuação: a implantação de um software BIM, o ProjectWise, para o compartilhamento de documentação técnica e de projetos (2D e 3D) do empreendimento, em todas as fases do seu Ciclo de Vida. Este recurso permitirá aumento da integração entre as equipes de engenharia e facilitará o fl uxo de informações entre elas.
Estrutura de captação e adução de água
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Modelagem interna de edifícios administrativos
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ETE Mairiporã – Ampliação da Estação de Tratamento em Módulos para 150 l/s
ETA Rio Grande – Ampliação da Estação de Tratamento para 6,5 m³/s
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ETE Riacho Grande – Ampliação da ETE Riacho Grande para 35 l/s
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Centro de Reservação Suzano – Reservatório de 10.000 m³
SES de Santana de Parnaíba - Estação Elevatória de Esgotos Fazendinha 2 - 31 l/s
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SES de Santana de Parnaíba - Estação Elevatória de Esgotos Fazendinha 1 - 14 l/s
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SES Guarulhos – Unidade de Recuperação da Qualidade (URQ), 1,0 m³/s
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