Aceitos por Deus by Ã gape Editora

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Lucilene Possani

aceitos por

deus a cura emocional por meio da aceitação das próprias imperfeições

São Paulo, 2016

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preparação

capa

revisão

Rebeca Lacerda Dimitry Uziel diagramação

Fernanda Guerriero Thiago Fraga Patrícia Murari

Manoela Dourado coordenador editorial

editorial

Vitor Donofrio

Giovanna Petrólio João Paulo Putini Nair Ferraz Rebeca Lacerda

aquisições

Cleber Vasconcelos

Todas as citações bíblicas, salvo indicação em contrário, foram extraídas da Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional®, NVI®. Copyright © 1973, 1978, 1984 por Biblica, Inc™. Usado com permissão de Zondervan. Todos os direitos reservados mundialmente (www.zondervan.com). Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1o de janeiro de 2009.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) Possani, Lucilene Aceitos por Deus: a cura emocional por meio da aceitação das próprias imperfeições / Lucilene Possani. ‑‑ Barueri: Ágape, 2016. 1. Vida cristã 2. Deus ‑ Amor 3. Autoestima – Aspectos religiosos 4. Autoaceitação 5. Depressão I. Título.

16 ‑0740 CDD ‑248.4 Índice para catálogo sistemático: 1. Deus : Cristianismo : vida cristã 248.2

editora ágape ltda. Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1112 cep 06455‑000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – Brasil Tel.: (11) 3699‑7107 | Fax: (11) 3699‑7323 www.editoraagape.com.br | atendimento@agape.com.br

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Agradeço

a meu marido Atilio, porque sempre acreditou em mim. Aos meus pais, por terem me ensinado sobre dignidade, persis‑ tência e criatividade, base sem a qual eu jamais teria me embrenhado na tarefa de escrever. À amiga Paola Tosetto, por permanecer ao meu lado e me orientar sobre cada fase da escrita… crescemos muito espiritualmente juntas. Aos amigos Alexandre Peres e Agnaldo Lima, os quais mostra‑ ram disposição para seguir comigo durante o processo. E à Editora Ágape, pelo zelo com que trata minha obra em cada fase.

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Sumário Parte I – A humanidade de Davi foi aceita por Deus Capítulo 1 O homem segundo o coração de Deus.................................. 11 Capítulo 2 Vencendo lutas, transpondo desafios...................................... 17 Capítulo 3 Quando a batalha é pessoal.................................................... 23 Capítulo 4 Ter medo também é aceitável................................................. 27 Capítulo 5 Antes de alcançar a promessa................................................. 33 Capítulo 6 Somos testados para sermos aprovados................................... 37 Capítulo 7 A vida dá voltas..................................................................... 42 Capítulo 8 Podemos sobreviver a um grande fracasso?............................. 45 Capítulo 9 Todo erro tem consequências................................................. 49 Capítulo 10 Cantando e… Adorando..................................................... 54 Capítulo 11 Existe alguém perfeito?........................................................ 63

Parte II – Aceitos por DEUS Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6

Simplesmente misericórdia.................................................... 71 Errando também se aprende.................................................. 77 Crescimento espiritual........................................................... 88 Jesus aceita pessoas imperfeitas.............................................. 92 Você é uma dessas pessoas que desejam muito ser aceitas?.... 106 Consciência: marca de Deus no ser humano........................ 118

Parte III – Aceitos com nossas perguntas Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4

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Liberados para perguntar..................................................... 129 Quem é íntimo questiona!................................................... 132 Rumo à maturidade por meio de nossas perguntas.............. 137 Algumas dúvidas frequentes de pessoas cheias de fé............. 142

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Parte IV – O prazer é aceito por Deus Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4

Será que Deus condena o nosso prazer?............................... 163 Deus planejou o nosso prazer.............................................. 177 Aceitando as pessoas (apesar de seus prazeres)...................... 184 Leis e culpa.......................................................................... 188

Parte V – Áreas de força Definindo áreas de força...................................................... 195 Revelando fragilidades......................................................... 205 Experiências que revelam áreas de força............................... 213 Exemplos de áreas de força emocional – sexo e inúmeros relacionamentos...................................... 219 Capítulo 5 Ainda há uma saída............................................................. 231 Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4

Parte VI – REJEIÇÃO e ABANDONO Capítulo 1 É necessário ser especial....................................................... 239 Capítulo 2 Toc‑toc… Posso entrar em seu mundo?............................... 249 Capítulo 3 Viverei em solidão ou terei coragem de formar vínculos?..... 253 Capítulo 4 Tolerância............................................................................ 261 Capítulo 5 Quando a solidão termina................................................... 265

Parte VII – A arte de ser abençoado Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4

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Aprendendo a ser abençoado............................................... 271 Tomando posse.................................................................... 277 A ousadia que está em falta.................................................. 285 Compreendendo a bênção espiritual.................................... 289

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PARTE I

A humanidade de Davi foi

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CAPÍTULO

O homem segundo o coração de Deus Um homem segundo o coração de Deus, aceito com suas falhas e honrado pela ousadia e fé. “Encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração; ele fará tudo o que for da minha vontade.” (At 13:22b)

descrição que Atos faz desse homem de carne e osso mostra que ele foi inteiramente aceito por Deus. Se foi aceito, mesmo sendo imperfeito, nós também podemos ser. É inteligente descobrirmos o que fez dele o homem que era, pois, apesar de seus defeitos, sua marca registrada eram a grandeza de caráter e a nobreza de espírito. Seria fácil escrever sua biografia, limpa de qualquer imperfeição, mas reve‑ lar toda a verdade sobre ele – tal como a Bíblia faz, em detalhes – talvez seja um desafio muito emocionante. Não havia nada de perfeito em sua história, perme‑ ada simultaneamente de lágrimas de dor e danças de alegria. Ele é profundo e intenso; nada fica no meio‑termo quando se trata dele.

“Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem.” (Sl 23:4)

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Fico imaginando o que seria esse “vale de trevas e morte” descrito por Davi. Na minha experiência de vida, ele é mais uma profunda dor emocional do que um lugar físico. Um vale que se percorre sozinho, cheio de sombras inominá‑ veis, a necessidade de atravessar todos os perigos que margeiam o caminho, a escuridão e a falta de esperança de chegar ao destino… Além disso, é um lugar por onde ninguém sabe que você está passando, cujos perigos não são vistos de fora, mas acrescentam medo e angústia indescritíveis. A solidão, a vida por um fio, a trajetória em risco de não chegar ao fim, tudo pode acontecer. É um momento de tensão. Davi passou por muitos períodos como esses e os Salmos ilustram sua in‑ tensa coragem de viver. Ele não fugia das angústias, porém bebia cada gota delas com tanta força que é como se pudéssemos ouvi‑lo agora agonizando em dor e agindo até ouvir uma resposta de Deus. Poucos sabem que prazer e dor estão intimamente conectados, de tal ma‑ neira que quem evita a dor também foge do prazer. Davi era capaz de passar por vales profundos de dor sem jamais deixar o prazer da presença de Deus. Talvez esse seja um dos segredos ocultos para a intensidade incrível da vida dele, homem que, apesar de cometer grandes erros, conquistou o coração de Deus. O “homem segundo o coração de Deus” descrito em Atos 13:22 tinha falhas do tamanho de sua intensidade de viver, mas carregava no peito um grande anseio espiritual. Isso fazia dele exatamente quem era. Deus aceitou Davi exatamente como ele era. Esse é um grande ânimo e estímulo para nós, que temos tanto medo e dificuldade de lidar com nossa humanidade, com nossas dificuldades de caráter. Davi tinha coragem de sofrer. Vejo que hoje as pessoas estão com muito medo de sofrer. Uma multidão está no limbo entre a depressão e o marasmo, uma vida que não está aparentemente desmoronada emocionalmente, mas que não vê prazer máximo em nada. O prazer ao qual me refiro é libertador e faz as pessoas sentirem que a vida vale a pena. Assim, a maioria desta geração está sendo “cozida em banho‑maria”, sem que suas emoções desconfortáveis fervam e sem a alegria total da vida. Esse limbo é a pior e mais aprisionadora situação em que podemos viver e pode ser considerado a verdadeira escravidão emocional. Seria bom se os infelizes tivessem ao menos bravura para entrar de uma vez numa profunda dor a fim de serem confrontados com o tamanho e a causa dela. Assim, fariam o caminho de volta. A maioria, porém, nem ao menos tem essa

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coragem. É preciso ser valente até para adoecer e do fundo da dor buscar energia para reviver das cinzas e voltar melhor. Muitos estão apenas sobrevivendo (em banho‑maria), sem coragem de experimentar abertamente dor e prazer. Davi se preocupava mais em fazer o que estava ao seu alcance do que aquilo que a sociedade talvez pudesse esperar dele. Pessoas verdadeiras sempre que‑ bram o protocolo para viver com abundância e têm coragem de não acreditar quando a sociedade diz: “Se você não for assim, não vamos mais gostar de você…”. Se elas fazem exatamente o que não seria bem‑visto, acabam sendo admiradas depois. Quando vamos vencer um verdadeiro gigante, tal como um grande e inco‑ mum desafio, muita gente pode até falar que é loucura e que tantos já tentaram. Em outras palavras, querem dizer: “Não tente ser diferente ou fazer algo que fuja dos padrões, pois você vai se estrepar”. No entanto, quando a empreitada dá certo, muitos o aplaudem, como aconteceu com Davi. Impossível não sentir o coração de Davi pulsando em cada Salmo que ele escreveu. Impossível não imaginar a força com que tomava decisões e com que parava quando era preciso. Na maioria das situações, é mais fácil imaginar Davi errando e seguindo do que morrendo de medo do insucesso, paralisado. A história dele é narrada de 1 Samuel 16 em diante. O profeta Samuel era o líder espiritual de Israel enquanto o rei Saul era o líder político. Deus, porém, não estava satisfeito com a conduta de Saul e por isso ordenou a Samuel que preparasse espiritualmente um novo líder para a nação. O cenário é a casa de Jessé, o qual tinha sete filhos: Eliabe, Abinadabe, Simeia, Natael, Radai, Ozem e Davi. Samuel era um homem abençoado, mas também tinha suas falhas de caráter, pois, ao ser enviado por Deus à casa de Jessé, procurou entre os filhos dele um rei que estivesse à altura do título: um soldado, forte, de grande estatura. Deus, porém, tinha outros planos. Fico imaginando a tensão competitiva gerada quando aquele desfile de ho‑ mens fortes e bonitos se deu entre os filhos de Jessé. Os filhos soldados e valentes eram os mais cotados por Samuel, mas Deus deu uma ordem explícita de que o novo rei não fosse escolhido pela aparência, porque, para o Senhor, o que importa são as intenções do coração. Todos os seis filhos de Jessé ali presentes passaram pelo desfile e Deus não aprovou nenhum. Sem entender nada, Samuel perguntou a Jessé se acaso não haveria algum outro filho esquecido que não estivesse presente. Este respondeu que havia um, que estava pastoreando ovelhas, o mais novo e menor deles. Então, Davi foi

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chamado de sua exclusão e incluído por Deus na contagem dos filhos de Jessé. Nem mesmo o pai teve esse cuidado com Davi, mas Aquele que esquadrinha e conhece os corações teve. O fato de o espiritual Samuel ou mesmo o próprio pai de Davi desconhece‑ rem o coração do jovem, a ponto de negar a possibilidade de ele assumir o trono, dá esperança àqueles que inutilmente têm buscado ser o orgulho de líderes ou de sua própria família, pois o único que soube reconhecer Davi foi o próprio Deus, que o criou. Jessé e sua esposa foram instrumentos de Deus para que ele nascesse, mas somente seu Pai eterno sabia exatamente quem ele era. Momentos de rejeição como esses podem marcar a vida de uma pessoa. Ser desprezado dessa maneira poderia ser algo constante na vida de Davi, visto que o ideal e que atraía mais status naquela época era ser soldado, e não pastor de ovelhas. Então, no meio de seus irmãos e para entendimento de todos que Deus não olha a aparência, Samuel ungiu Davi, e Deus estava com ele. O Espírito de Deus se apoderou dele de uma maneira ainda mais intensa do que fazia ante‑ riormente. Ao mesmo tempo, ainda por conhecer os corações, o Espírito Santo deixou o rei Saul. A atuação de Deus sempre é completa e não deixa falhas. Foi pedido que alguém tocasse harpa para aliviar o coração do rei e um jovem deu uma boa referência sobre Davi, embora ninguém soubesse até então que ele havia sido ungido rei. Em 1 Samuel 16:18b, um dos empregados disse: “Conheço um dos filhos de Jessé, de Belém, que sabe tocar harpa. É um guerreiro valente, sabe falar bem, tem boa aparência e o Senhor está com ele”. Tudo dá a entender que Davi mostrava bons serviços em tudo o que fazia, mesmo que aparentemente fossem coisas pequenas, porque faziam parte do trei‑ namento. Ele simplesmente não se sentia humilhado por fazer serviços simples nem envaidecido por grandes feitos. As observações acerca dele demonstravam que era reconhecido no seu pequeno círculo de convivência não pelo que fazia, mas pela bênção de Deus que estava sobre tudo que fazia. As pessoas costuma‑ vam dizer: “O Senhor está com ele”.

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Ele era um homem disposto ao serviço. Embora estivesse ungido para ser o próximo rei de Israel, ia até Saul simplesmente para servi‑lo com doces canções de harpa e livrá‑lo de tormentos espirituais. Além disso, também o ajudava com as armas reais. Em 1 Samuel 17, vemos que o maior e mais temido dos filisteus estava desafiando o exército de Israel para a batalha. Naquele tempo, o melhor guer‑ reiro de um povo podia desafiar o melhor guerreiro de outro povo. Assim, o exército inteiro era representado. Os filisteus tinham poder emocional terrí‑ vel sobre o povo de Israel, o qual vivia afrontado, amedrontado e impotente diante das ameaças. O herói filisteu chamava‑se Golias e era um homem de estatura incomum. Ademais, pelo simples fato de ser filisteu, causava um impacto devastador no exército de Israel. Os filisteus aterrorizavam Israel por serem inimigos fortes, poderosos e persistentes. Posso imaginar os soldados mais valentes de Israel totalmente desmoraliza‑ dos, pois durante quarenta dias o gigante demonstrava sua força de guerra ber‑ rando aos quatro cantos: “Mandem‑me um homem para lutar sozinho comigo” (1Sm 17:10b). Penso sobre a situação de humilhação do exército israelita. Diante de suas mulheres, eles já estavam acabados e emocionalmente desmoralizados, pois elas podiam vê‑los como fracos e covardes. A notícia corria rápido como toda notícia ruim e o filisteu ganhava força cada vez maior à medida que os dias se passavam, até que se completaram incríveis quarenta dias de afronta em que pela manhã e à tarde ele repetia o mesmo ritual macabro: apresentava‑se e gritava a plenos pulmões que queria um homem de cora‑ gem para lutar com ele. O brio de Israel estava mexido, mas quem faria algo em relação a isso? Posso fazer ideia do clima de tensão que envolvia a todos enquanto era discutido sobre quem seria o responsável por essa proeza, embora todos já soubessem que seria impossível vencer aquele soldado filisteu. A simples descrição que a Bíblia apresenta de Golias nos mata de medo. Ele era incrivelmente grande, estava completamente envolvido de armadura e ainda havia um homem que o ajudava com o escudo. Seus berros ensurdecedores fa‑ ziam esmorecer a alma e desmoronar as possibilidades de paz. Quando Davi chegou ao local da batalha levando um lanche para os ir‑ mãos e perguntou o que ganharia o homem que enfrentasse o guerreiro, um

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de seus irmãos o chamou de presunçoso e maldoso por desejar coisas tão grandes como vitória, prestígio e dinheiro. Davi tinha tanta humildade que não fingia não querer nada disso; ao contrário, admitia suas necessidades, sua humanidade e não tinha medo do prestígio do qual podia gozar. Tinha a ha‑ bilidade de ser o que era tanto em situações de poder quanto de simplicidade. Essa é a verdadeira humildade.

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