ano XVI | nº 69 | janeiro de 2014 - distribuição gratuita
SiSU, obras e prêmios Reitora Ângela Paiva fala sobre o desempenho da UFRN em 2013 Páginas 3
Autonomia
EBSERH
Música
Texto da ANDIFES sobre independência
Benefícios na gestão hospitalar e na
Homenagem da Orquestra
administrativa das universidades vai ao
assistência aos pacientes do Sistema
Sinfônica da UFRN ao centenário
Congresso Nacional
Único de Saúde
do poeta Vinícius de Moraes
Páginas 6 e 7
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FONOAUDIOLOGIA
Clínica Escola desenvolve projeto que investiga risco de disfagia em idosos Wallacy Medeiros
Por INGRID DANTAS
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ferecer qualidade de vida aos ido sos. Essa é a meta de um projeto do Departamento de Fonoaudiologia (DEPFONO) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para identi ficar o risco de disfagia em pessoas maiores de 60 anos. Intitulada “Triagem para risco de disfa gia na população idosa”, a ação é desenvol vida na UFRN desde 2011 e proporciona atendimento de qualidade aos pacientes, além de direcionálos a especialidades clíni cas conforme a necessidade de cada um. Segundo o professor Hipólito Virgílio Magalhães Junior, coordenador do pro jeto, a ideia surgiu a partir da necessidade de se conduzir uma pesquisa sobre a de glutição em pessoas atendidas no Setor de Geriatria do Hospital Universitário Ono fre Lopes (HUOL). Os pacientes que chegam ao HUOL e possuem queixa ou são diagnosticados com alguma dificuldade de deglutição são en caminhados para a Clínica Escola de Fono audiologia, onde são realizadas as consultas do projeto e os serviços de triagem. Segundo o professor Hipólito Virgílio, os atendimentos são abertos a toda a co munidade. Portanto, encaminhamentos para a clínica podem vir tanto de ambu latórios do HUOL quanto por demanda espontânea. Assim, qualquer pessoa que tenha ou que conheça alguém que possua queixas pode marcar uma consulta direta mente na clínica. Um dos casos atendidos na Clínica Escola foi o de Geralda Bezerra de Araú jo, de 93 anos. Após sofrer uma queda
Segundo Hipólito Virgílio os atendimentos são abertos a toda a comunidade em casa, ela percebeu que estava com dificuldade de falar e com aumento da salivação e procurou o serviço, já que seu caso poderia necessitar da atenção de um atendimento especializado. Dona Geralda disse que ficou receosa com sua situação. “Minha maior preocu pação é não poder mais cantar. Sou muito ativa, gosto de sair, mas não estou podendo
porque tenho medo de cair de novo ou de ficar sem falar”, contou. Analisada as queixas da paciente, foram realizados procedimentos para identificar dormência na face e dificuldades para en golir líquidos, alimentos pastosos e sólidos. Além disso foi procedido um exame para avaliar a capacidade da paciente em harmo nizar a respiração, a fala e a articulação.
Felizmente, segundo o professor Hipóli to, o caso não apresentou resultados com prometedores. Ao final de todos os exames, a equipe clínica constatou a inexistência de anormalidades e a paciente poderá retomar às suas atividades sem preocupações. norMas e atenDiMento Para realizar o trabalho dentro dos pa drões pretendidos pelo DEPFONO junto aos pacientes, incluindo a aplicação de pro cedimentos especiais, foram necessários alguns cuidados. A proposta do projeto foi analisada e aprovada por um comitê de ética, atendendo às exigências legais quan do os estudos envolvem a segurança e o bemestar de pessoas. O professor Hipólito Virgílio expli cou que, para cumprir essas exigências, foi convidado pela professora e geriatra Betina Barbiero Saad para adaptar um protocolo internacional existente para a área, mas que ainda não havia sido aplicado no Brasil. Foi assim que começou, em 2010, o processo de transculturação, um tra balho que exigiu esforços para traduzir os procedimentos e adequálos à realidade brasileira, já que não havia ainda nenhum protocolo semelhante válido no país. Ter minada essa fase de adaptações, as ativi dades do projeto puderam ser iniciadas, o que aconteceu em 2011, junto a pacien tes do ambulatório de geriatria e demais setores que recebessem idosos. Os atendimentos têm caráter de ser viço para esclarecimento de diagnóstico e as pessoas interessadas podem entrar em contato com a Clínica Escola de Fonoau diologia pelo telefone 33429757, e com o Departamento de Fonoaudiologia, pelo telefone 33429738, para marcar a visita de triagem com a equipe.
EXPEDIENTE Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Vice-reitora Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes Superintendente de Comunicação José Zilmar Alves da Costa Diretor da Agência de Comunicação Francisco de Assis Duarte Guimarães Editora Enoleide Farias (enoleide@yahoo.com.br) Jornalistas Antônio Farache, Cledna Bezerra, Eliana Lima, Enoleide Farias, Hellen Almeida, Juliana Holanda, Luciano Galvão, Marcos Neves Jr., Regina Célia Costa Fotógrafos Anastácia Vaz e Wallacy Medeiros Revisoras Regina Célia Costa e Êmili Adami Rosseti Foto de capa Cícero Oliveira
Diagramação Setor de Artes/Comunica Bolsistas de Jornalismo Aline Nagy, Ana Clara Dantas, Auristela Oliveira, Catarina Freitas, Ingrid Dantas, João Paulo de Lima, Júnior Marinho, Kalianny Bezerra, Rozana Ferreira, Silvia Paulo, Taís Ramos, Thyara Dias Bolsista de Letras Karla Jisanny Arquivo Fotográfico Saulo Macedo (bolsista) Endereço Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal/RN - CEP 59072-970 Telefones (84) 3215-3116/3132 - Fax: (84) 3215-3115 E-mail boletim@agecom.ufrn.br – Home-page www.ufrn.br Impressão EDUFRN Tiragem 6.000 exemplares
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CERES Caicó
Wallacy Medeiros
GESTÃO
Avanços em áreas estratégicas marcam 2013 na UFRN Por CIONE CRUZ
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) encer rou as atividades no ano de 2013 comemorando, mais uma vez, a boa ava liação do Ministério da Educação (MEC) que coloca a instituição na liderança, pelo segundo ano consecutivo, como a melhor do Norte/Nordeste entre as Instituições Federais de Ensino Superior, conforme o Índice Geral de Cursos (IGC). A UFRN, segundo a reitora Ângela Paiva Cruz, vem buscando a expansão acadêmica com qualidade e avançando em todas as áreas contempladas em seus programas estruturan tes, tais como: ações por uma universidade ci dadã; desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação; meio ambiente e qualidade de vida; modernização da gestão; e gestão de pessoas. Na expansão acadêmica, a universidade registrou um aumento de mais de 900 vagas para ingresso nos cursos de graduação em 2014, através do ENEM/SiSU. Embora o grande destaque seja a criação de um novo curso de Medicina envolvendo três campi (Caicó, Cur rais Novos e Santa Cruz), outros foram criados. No Campus Central já funcionam os cursos de Gestão de Cooperativa e Letras/Libras e, para 2014, está previsto o início do Curso de Meteo rologia e Oceanografia. Na cidade de Santa Cruz, a Faculdade de Ciências da Saúde (FACISA) passará a oferecer o curso de Psicologia. Outros se encontram com projeto pedagógico aprovado ou em elaboração, tais como Terapia Ocupacio nal (FACISA), Música (CERES/Caicó), entre tantos propostos pelas unidades acadêmicas e registrados no plano de expansão. Os novos cursos criados pelo REUNI (Pro grama de Reestruturação e Expansão das Univer sidades Federais) e pós-REUNI, segundo Ângela Paiva, estão sendo bem avaliados pelo MEC e, em sua maioria, estão obtendo notas 4 ou 5. Na pós-graduação também foi registrado
um crescimento muito significativo, com uma substancial elevação na qualidade dos cursos no último triênio (2010/2011/2012): 18 pro gramas aumentaram seus conceitos e nenhum curso foi descredenciado.O número de cursos de pós-graduação pulou de 82, em 2011, para 101 em 2013. “A UFRN tem tido uma grande visibilidade em relação às outras universidades na área da pós-graduação”, afirmou a reitora. Vale salientar que todas essas ações foram trabalhadas com as ações de inclusão social, disse a reitora. “Estamos na política de cotas, estamos plenamente no SISu a partir de 2014 e aprovamos resolução para a inclusão regional”, disse se referindo à Resolução 177/2013, que cria o argumento de inserção regional, para es timular o acesso à Universidade dos estudantes que residem no entorno dos locais de oferta dos cursos da UFRN no interior. As ações da UFRN para contemplar o pro grama estruturante Universidade Cidadã in cluem também a preocupação com a melhoria do atendimento nos hospitais universitários, possibilitada com a adesão à EBSERH (Em presa Brasileira de Serviços Hospitalares), com a ampliação do ensino técnico (presencial e a distância) para jovens e trabalhadores, através do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Através desse Programa a UFRN está qualificando cerca de 30 mil pessoas, em cursos oferecido pela Escola Agrícola de Jundiaí, Escola de Enfermagem, Escola de Música e Instituto Metrópole Digital. A política cultural da Universidade, além de permear toda vida cultural da cidade com suas ações, se constitui em um vetor para a qualidade de vida. A reitora, ainda destaca o trabalho da Escola de Música – que tem atra ções semanais e, constantemente apresenta atrações internacionais – além de propor e realizar a disseminação de atividades artísticas e culturais por meio do Programa SIGArte. Áreas Estratégicas A área de ciência e tecnologia registrou avanços o emprego com ações estratégias. O
trabalho desenvolvido pela Secretaria de Edu cação a Distância (SEDIS), registra a inserção e atendimento de demandas em nível nacional; o projeto do Instituto de Medicina Tropical re gistra a conclusão das obras do prédio onde será instalado; a reestruturação física e tecnológica dos hospitais universitários também se destaca, como a utilização de tecnologia de última gera ção (imagens em Ultra HD - 4K), para trans missão de cirurgias para todo Brasil e criação de novos serviços como o de Reprodução Humana Assistida na Maternidade Escola Januário Cicco. Os concursos públicos ampliaram o quadro de servidores com 1.971 vagas. Na área da inovação tecnológica os exem plos são profícuos e a reitora Ângela Paiva cita a criação de mais uma incubadora – Bio Inova – que juntamente com a INOVA - Metrópole somam duas incubadoras na UFRN. Além dis so, a Universidade comemora o grande cresci mento no número de pedidos de patentes, que chegou a 70 em dezembro 2013 (em maio de 2011 foram registrados 24 pedidos). Outros 14 pedidos estão em andamento. Foram inúmeras as premiações durante todo esse ano de 2013, de agências, tais como FINEP/ MCTI e, com destaque, a última edição do Prê mio Santander Universidades. Na ediçao 2013 a UFRN foi premiada entre as instituições que inscreveram o maior número de projeto e nas categorias Guia do Estudante, com o Metrópole Digital e Empreendedorismo, com o projeto “Sistema de Elementos e Fatores Climáticos em Plantações de Cana-de-açúcar (Agroremoto)”. A internacionalização se destaca com au mento no número de convênios, colocando a UFRN em primeiro lugar no Nordeste em número de alunos com bolsas no Programa Ciências Sem Fronteiras (CsF). Segundo da dos da Secretaria de Relações Internacionais, em 2013 foram enviados 441 alunos para o exterior, dos quais 371 (84%) são vinculados ao CsF. O programa estruturante Meio Ambiente e Qualidade de Vida avançou com a criação de comissões para trabalhar o Plano Diretor
do Campus Central, para propor melhorias dos espaços dentro do Campus, para tra balhar a segurança interna, para aperfeiçoar relações de trabalho, para propor atividades artísticas e culturais de forma permanente, além das comissões para trabalhar o Plano Diretor dos campi de Caicó, Currais Novos e Macaíba. Na área de infraestrutura foram 44 obras concluídas neste ano e mais de 30 contratos no vos assinados. Entre os contratos estão incluí das obras que ampliam a infraestrutura básica de esgotamento sanitário, de abastecimento de água e de sistemas de reuso de esgotos. A informatização e melhoria dos sistemas, capacitação dos gestores e os cursos de pósgraduação profissional (Mestrado Profissional em Letras e Mestrado Profissional em Gestão de Processos Institucionais) foram algumas das ações do programa Modernização da Gestão. Nessa área outros avanços são a consolidação do Programa de Assistência ao Servidor e o Núcleo de Ideação, este último com o objeti vo de ouvir a comunidade acadêmica sobre a questão da gestão. A Pró-reitoria de Assistência ao Estudante (PROAE) concedeu mais de 900 auxílios-mora dia aos estudantes universitários e 1042 bolsasalimentação, além de mais de 2 mil atendimen tos psicológicos. Também foram inauguradas duas novas residências (Santa Cruz e Campus IV-Natal) e criada uma residência para alunos da pós-graduação. A Pró-reitoria de Extensão comemora o au mento no número de alunos e docentes em pro jetos de extensão e de municípios no programa Trilhas Potiguares. A PROEX também está co ordenando a participação da UFRN na Copa do Mundo 2014, através de diversos projetos. A reitora Ângela Paiva finaliza o balanço de 2013 destacando o crescimento da Univer sidade em todos os indicadores dos Programas Estruturantes previstos no Plano de Gestão 2011/2015, que contribui ainda mais para a sua inserção social e para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Anastácia Vaz
Instituto Metrópole Digital
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CAPACITAÇÃO
NOTAS SiSU em números A UFRN registrou 80.476 inscrições de 54.377 candidatos na edição de 2014.1 do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) do Ministério da Educação (MEC). A Universidade ofertou 4.309 vagas, em 88 cursos de diversas áreas do conhecimento, para os campi de Natal, Macaíba, Currais Novos, Caicó e Santa Cruz. Astronomia Um projeto dos astrônomos Matthieu Castro e José Dias do Nascimento Júnior, professores do Departamento de Física Teórica e Experimental, foi aprovado pela CAPES para financiamento. A pesquisa, que estudará a atividade magnética e a rotação de estrelas similares ao Sol, será conduzida em parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie e com a Universidade Paris-Sud (Orasy), da França. Descoberta Pesquisadores do Centro de Biociências descobriram uma nova espécie de peixe na bacia do rio Piranhas-Açu, situado na região do Sertão do Seridó. O achado do Parotocinclus seridoensis – como foi batizado o animal – foi publicado em artigo na revista internacional Neotropical Ichthyology, fruto do trabalho dos cientistas Sérgio Maia Queiroz Lima, Telton Ramos, Luciano Barros Neto e Heraldo Antonio Britski, este último da Universidade de São Paulo. EDUFRN A Editora da UFRN inicia o ano com reformulações em seu catálogo de livros e em sua página eletrônica. Entre as modificações, está a organização do catálogo por área do conhecimento, em vez da antiga disposição em ordem alfabética. Um dos objetivos das mudanças é fornecer mais conforto e agilidade para que o público encontre as obras desejadas. Aumento A nova tabela salarial dos servidores técnico-administrativos foi divulgada pela PROGESP no início deste mês. O aumento de 3,7% no vencimento básico entra em vigor a partir do pagamento de janeiro. Já no contracheque de março, o reajuste será de 5%. A tabela completa pode ser consultada no site www.portaldap.ufrn.br.
Especialização em Ciências Atuariais para servidores do Ministério da Previdência Wallacy Medeiros
Por Ana Clara Dantas
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Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Univer sidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) ministra, em Brasília – DF, o Curso de Especialização em Ciências Atuariais e Demografia para servidores do Ministério da Previdência Social (MPS). A professora Lara de Melo Barbosa Andrade, coordenadora do projeto, ex plica que a UFRN tem a particularidade de possuir duas áreas de conhecimento importantes para a atuação desse Minis tério, que são a Demografia e as Ciên cias Atuariais. “Há um interesse do MPS em capacitar seus servidores nessas duas áreas, que são importantes para a atua ção dos profissionais. Por isso a primeira turma tem como público alvo auditores do Ministério da Previdência Social”, explica. O curso tem apoio ainda do programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN. O objetivo principal das aulas é habili tar a turma de 30 alunos como especial istas na identificação de transformações estruturais pelas quais vem passando a sociedade brasileira, ocasionadas por mu danças no cenário demográfico nacional. O trabalho do auditor consiste em reali zar um exame das atividades desenvolvi das em determinada empresa ou institui ção para avaliar se os métodos utilizados foram eficientes e se os planos estabeleci dos devem prosseguir. Com uma carga horária de 400 horas, o curso tem duração de um ano e deve ser concluído em novembro de 2014 no Cen tro de Formação do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), em Brasília. Toda a logística necessária ao funciona mento do curso é financiada pelo Ministé rio, como a estrutura física, os laboratóri os, o pessoal e outros recursos. “Como temos alunos de vários estados, todos se reúnem em Brasília, junto com os professores da UFRN, sempre na primeira semana de cada mês. Esse calendário foi combinado com bastante antecedência, já que os alunos não estão afastados de suas atividades profissionais”, explica a coordena dora. Até agora, dois módulos foram min istrados e o próximo dever ser realizado em março de 2014, após o período de recesso. A aula inaugural do curso, proferida por José Alberto Magno de Carvalho, pro fessor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais, aconteceu no dia 5 de novembro em Brasília, no centro de For
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Lara de Melo Barbosa Andrade, coordenadora do projeto mação do INSS. A vice-reitora da UFRN, Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes, compareceu à solenidade, que também foi prestigiada pelo ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, o Secretário de Políticas da Previdência Social, Leonardo Rolim, e a coordenadora do curso, Lara de Melo Barbosa Andrade. “Nós temos a possibilidade de convidar outros professores para participarem mi nistrando um modulo, mas a nossa inten ção é que os professores da UFRN possam ministrar as aulas. O INSS disponibiliza o Centro de Formação do Instituto”, disse a professora. A escolha da UFRN como instituição executora do projeto ocor reu após chamada pública realizada pelo Ministério da Previdência Social. Várias universidades brasileiras enviaram suas propostas, mas o MPS escolheu o trabalho do Departamento de Demografia e Ciên cias Atuariais da UFRN. Ciências Atuariais Ciências Atuariais – ou Atuária – car acterizam a área do conhecimento que analisa os riscos e as expectativas finan ceiros e econômicos, principalmente na administração de seguros e pensões. Suas metodologias mais tradicionais são basea
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das em teorias da Economia, e envolvem em suas análises uma forte manipulação de dados em contextos empresariais. A Atuária é uma área de conhecimento mul tidisciplinar, em que o domínio de con ceitos em Administração, Contabilidade, Matemática, Finanças e Estatística – além da já citada Economia – são fundamentais para o entendimento dos modelos atua riais mais elementares. O curso da UFRN concede o grau de Bacharel, é oferecido na modalidade presencial, tem duração de oito semes tres e carga horária total de 2.490h/aula. Em 2014, o Sistema de Seleção Unificada (SiSU) ofereceu 40 vagas para a gradu ação no turno noturno. Ciências Atuariais também oferece vagas específicas para estudantes oriundos do Bacharelado em Ciências e Tecnologia (BC&T) da UFRN. O profissional com formação em Ciên cias Atuariais está apto para atuar em vasto campo, como em instituições de previdên cia pública e privada, empresas comerciais, indústrias, seguradoras, bancos e órgãos governamentais dos ramos de previdência e de pecúlio de seguros. Informações: www.ccet.ufrn/cienciasatuariais
RESPEITO
Seminário de Direitos Humanos apresenta debate e exposição
sobre violência obstétrica e humanização do parto Anastácia Vaz
Por Kalianny Bezerra
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abriella Vinhas é natural de Brasí lia, formada em Fonoaudiologia, estudante e ativista. Mas, antes de tudo isso, é mãe de Cauã, que nasceu há um ano e quatro meses por meio de um parto violento. Essa jovem mãe, assim como uma em quatro mulheres brasileiras, foi vítima de violência obstétrica. “Se gritar, seu filho vai nascer surdo”. Na hora de fazer não chorou, porque está fazendo isso agora?” “Fica quieta, senão vou te furar todinha”. Além das palavras, gestos: procedi mentos dolorosos como pressionar a bar riga para o bebê sair e cortar a vagina da grávida, sem consentimento, são relatos frequentes em vários lugares do Brasil, de mulheres que deram à luz e não receberam a assistência desejada. A professora do Departamento de To coginecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e médica obstetra, Maria do Carmo Lopes de Melo, explica que violência obstétrica consiste em toda conduta, ação ou omissão, real izada por profissionais da saúde que, de maneira direta ou indireta, desrespeite a autonomia da mulher grávida, sua integri dade física ou mental ou seus sentimentos. Um tipo de violência relatada e que muitas vezes passa despercebida é o parto cesariano sem uma indicação consistente, ou seja, sem um esclarecimento dos riscos e complicações inerentes ao procedimen to. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é campeão mun dial de cesarianas, sendo a média nacional desse tipo de intervenção cirúrgica no país de 52,2%, enquanto o recomendado pela entidade é 15%. “Não podemos condenar a cesárea, mas ela só pode acontecer quando alguma intercorrência faz com que a indicação do parto mude, por exemplo, se a mãe possui uma patologia como a hipertensão. Mas é importante entender que o corpo da mul her foi feito para dar à luz naturalmente”, declara Maria do Carmo.
Maria do Carmo Lopes: violência obstétrica consiste em toda conduta realizada por profissionais da saúde que desrespeite a autonomia, integridade e sentimentos da mulher grávida Seja na água, na maternidade ou num centro cirúrgico, o parto deve ser da forma que a grávida desejar – e a saúde permitir. Esse é o conceito básico de humanização, em que as decisões da mulher são levadas em conta. “A humanização é o respeito que os profissionais e as pessoas envolvidas na assistência ao nascimento do bebê ofe recem”, destaca a professora e obstetra. O caso de Gabriella foi o inverso. Começou quando os profissionais toma ram a iniciativa de fazer uma cesárea. O “terrorismo psicológico” não parou por aí. Ela conta que a equipe de saúde foi rude com o seu acompanhante e que quando seu filho nasceu não a deixaram segurá-lo ou amamentá-lo. “Fui me recuperando aos poucos desse trauma. Hoje já estou bem. Mas agora luto para que casos como o meu não se repitam mais”, afirma a jovem. Movimento e Parceria Para combater esse tipo de conduta, a fonoaudióloga criou o Movimento pela Humanização do Parto e Nascimento em Natal. Com pouco mais de um ano, esse
projeto já conta com a participação ativa de mais de 30 mulheres. São promovidas reuniões, encontros com grupos de ges tantes e representantes de saúde do Es tado, nos quais são desenvolvidas as ações de uma biblioteca itinerante que dispõe de livros sobre maternidade e apontam uma visão mais humanizada do nascimento. Além disso, o movimento busca par cerias para ampliar a discussão dentro de ambientes acadêmicos. Na UFRN, a jovem ativista vê a possibilidade de conversar e entrar no contexto dos profissionais da saúde que estão em formação. Para tanto, a primeira iniciativa tomada foi participar do V Seminário de Direitos Humanos da UFRN, realizado pelo Centro de Referên cia de Direitos Humanos (CRDH) e pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), em dezembro de 2013. “Entrei em contato com a organização do evento e apresentei a proposta de elabo rarmos alguma ação relacionada ao tema da violência obstétrica e da humanização”, declara. Então surgiu a ideia de montar a exposição fotográfica “1:4 Retratos da Vio
lência Obstétrica”, idealizada pelas fotó grafas Carla Raiter e Caroline Ferreira, na cidade de São Paulo. A antropóloga do CDRH e estudante da Pós-Graduação em Antropologia So cial, Andressa Morais Lima, explica que a proposta de Gabriella se encaixava na ideia de trabalhar o visual para “chocar” as pessoas. Assim, durante três dias, na Es cola de Enfermagem da UFRN, estiveram expostas fotos de mulheres que tiveram marcadas em seu corpo a violência sofrida durante o parto. “Usamos o visual para impactar e criar uma conscientização para esse tema que é pouco abordado em nosso país”, diz Andressa. Humanização Acolhimento é a palavra chave no vocabulário de uma equipe de saúde hu manizada. Nesse tipo de assistência é ne cessário que os profissionais envolvidos no nascimento da criança passem segurança e conforto à gestante. É preciso entender, no entanto, que a assistência humanizada começa no pré-natal. “É essencial saber se a saúde da mulher e a do bebê está bem, só assim é possível ela parir sem intervenções. É importante também procurar um obstetra de con fiança para fazer todo o acompanhamento da gestação e que já tenha definido o hos pital que ela vai dar à luz”, ressalta Maria do Carmo. Segundo a docente, a gravidez se cons titui num evento social. “Só de comunicar que está esperando um filho, para a mu lher já é uma grande felicidade”, diz. As sim, de acordo com a médica, é impor tante que a família também esteja presente durante esse processo de mudança na vida de uma pessoa. Outro cuidado a ser tomado para que tudo saia da maneira mais adequada para a gestante é a alimentação. Fazer uma dieta balanceada, não ingerir bebidas alcoólicas, não fumar ou se drogar, são alguns pon tos elencados por Maria do Carmo. “Uma mulher grávida deve seguir uma vida normal, trabalhar e estudar. Os exercícios físicos também devem ser lembrados, mas nada muito pesado”, esclarece. Carla Raiter
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AUTONOMIA
UFRN sugere melhorias a proposta de lei que garan Anastácia Vaz
Audiência pública no auditório da Reitoria sobre Autonomia Universitária
Por Luciano Galvão
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a administração universitária, há cada vez menos coisas a fazer e cada vez mais deter minações a cumprir”, afirma Ângela Paiva Cruz, reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), referindose a interferências do Governo Federal em assuntos que considera privativos da Insti tuição. A declaração foi feita após audiên cia pública, realizada na UFRN no início do último mês de dezembro, que tratou da autonomia das instituições públicas de en sino superior. Prevista na Constituição da República de 1988 – mas nunca regulamentada por lei –, a independência administrativa das universidades federais é objeto de uma proposta da Associação Nacional dos Di rigentes das Instituições Federais de Ensi no Superior (ANDIFES). A iniciativa quer criar uma norma que torne adequadas as regras jurídicas da Administração Pública às atividades de ensino, pesquisa e exten são e às suas peculiaridades. Intitulada Proposta de Lei Orgânica das Universidades Federais, foi ela que ensejou a audiência pública na UFRN,
assim como em outras universidades no País, com o propósito de colher sugestões da comunidade acadêmica de todo o Bra sil para o anteprojeto. A primeira versão do documento data de 2004, mas a elaboração na época não teve continuidade. No ano passado a ANDIFES, cuja Comissão de Autono mia é presidida pela reitora Ângela Paiva, retomou o trabalho e o atualizou, após reunir-se com órgãos como Controla doria-Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público da União (MPU). Após ganhar as contribuições das universidades federais, o texto segue para o Ministério da Educa ção (MEC) e em seguida para o Congresso Nacional. Conceito Nos parágrafos que introduzem o an teprojeto, a autonomia é – em linhas gerais – a “capacidade de autonormação e de au togestão nos diversos campos operacionais das universidades públicas”. Seu objetivo é garantir a liberdade de pensamento, de produção de conhecimento e de gestão dos recursos para atingir finalidades acadêmicas nas instituições públicas de ensino superior. A definição é dividida em três aspec
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tos: didático-científico, administrativo e de gestão financeira e patrimonial. O primeiro diz respeito à aptidão de criar cursos, estabelecer seus currículos, insti tuir projetos de pesquisa, conferir títulos e realizar outras ações do gênero. A inde pendência administrativa significa a com petência para organizar-se, criar regras próprias e administrar seus recursos mate riais e humanos. Por fim, a autonomia de gestão financeira e patrimonial é a possi bilidade de propor seu próprio orçamento – respeitando limites estabelecidos pelo Congresso –, remanejar verbas entre ca tegorias de despesa, receber doações, esta belecer convênios com entidades privadas, entre outras atribuições “Hoje, a única circunstância em que a Universidade tem realmente autonomia é a liberdade didático-científica”, diz João Emanuel Evangelista, pró-reitor de Plane jamento da UFRN. Segundo o responsável por assessorar a reitoria na formulação e no acompanhamento das políticas institu cionais, todos os governos que sucederam a Constituição de 1988 têm contrariado o princípio previsto na Lei, dos pontos de vista administrativo e de gestão financeira e patrimonial. De cabeça, o pró-reitor enumera o que chamou de “reveses” sofridos pela autono
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mia universitária ao longo dos últimos 25 anos. O primeiro é a dependência de au torização do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) para gastos com pessoal. “Proclamou-se o princípio da autonomia mas o restringiram do pon to de vista prático, na medida em que a administração de pessoal foi tomada pelo MPOG”, opina. Outro caso para o qual chama atenção é a subordinação das auditorias internas – órgãos que assessoram a Administração Central ao acompanharem as despesas da Universidade – à Controladoria-Geral da União. “As auditorias internas viraram uma espécie de sucursal da CGU, e isso é muito grave. Ao invés delas estarem su bordinadas à reitoria e aos colegiados su periores, suas ações têm que ser submeti das à CGU”, relata. O mais grave exemplo, de acordo com o gestor, é a restrição dos poderes das pro curadorias jurídicas das universidades federais, após a criação da AdvocaciaGeral da União (AGU), em 1993. “A AGU confiscou o poder das universidades de defenderem-se a si mesmas. Acontece que há situações em que existem conflitos en tre ações do Governo Federal e interesses da Instituição e, se você não tem uma pro curadoria autônoma, você não pode se de
rante independência administrativa a universidades fender judicialmente”, explica. Para João Evangelista, essa situação transforma as universidades, de órgãos de Estado, em órgãos de governo. “A Univer sidade deixa de agir independentemente da coloração partidária de quem ocupa a gestão, e passa a depender dos seus hu mores”, aponta. “É como se fossemos mais uma repartição pública, subordinada ao governo do momento. Isso contraria clara mente a Constituição”. Giuseppi da Costa, procurador da UFRN, relata um caso de gestões passa das – cuja data não se recorda com exa tidão –, em que a Universidade contratou professores mas o Ministério do Planeja mento, Orçamento e Gestão recusouse a pagar os docentes. “Eles foram nomeados, foram empossados, entraram na folha e o MPOG não quis pagar os salários. Como tínhamos procuradoria jurídica, entramos com uma ação judicial e foi determinado o pagamento. Se fosse hoje, o ato teria sido anulado”, conta. O procurador acredita que, se aprovada, a proposta da ANDIFES será um avanço, mas faz ressalvas. “Não sou nenhum negativista, agora ninguém pode imaginar que a edição dessa lei resolverá tudo, porque ela pode ser descumprida”, adverte. “Tudo o que diz respeito à auto nomia das universidades vem sendo siste maticamente descumprido”. O procurador Giuseppi da Costa res ponde à sua própria pergunta: “O que acontece no Brasil hoje? O Governo Fed eral tomou a gestão dos recursos humanos,
tomou as procuradorias jurídicas e já está co, as nosssas insituições”, relata Edmilson. interferindo violentamente nos órgãos de controle interno das universidades. Essa anteProJeto serÁ lei pode nos dar um alento, mas se perder aPresentaDo no coMeço Do mos a consciência de que nada se resolve ano ao congresso nacionaL sem lutas permanentes, não iremos a lugar Além de detalhar o conceito de auto nenhum”, defende. nomia universitária, o anteprojeto de au “Há uma camisa de força dos orga toria da ANDIFES traz duas outras inova nismos de controle, que não entendem as ções: propõe o surgimento de uma nova especificidades das práticas desenvolvi espécie de pessoa jurídica – denominada das na Universidade”, Universidade Pública opina Edmilson Lopes Federal – e quer insti Júnior, próreitor de tuir o Sistema de Uni Extensão. “O impacto versidades Públicas ANDIFES vai dessas limitações nas Federais (SisUPF). apresentar anteprojeto atividadesfim da A primeira pro no começo do ano e Universidade estão posta visa a diferen relacionados à limita ciar as instituições quer que a proposta ção orçamentária e à com finalidades de se transforme em lei dificuldade de desen ensino, pesquisa e ex volver com maior tensão das demais au ainda em 2014 flexibilidade as nossas tarquias e fundações atividades”, afirma. públicas da Adminis Segundo o pró tração, como forma de reitor, ações de extensão envolvem peque respeitar suas especificidades. nos gastos que são difíceis de enquadrar “A criação desse novo ente jurídico cria nas categorias de contratos existentes no normas próprias para seu funcionamento, Setor Público. “Maquiagem, batom, más inclusive para a execução do orçamento, cara, pequenas viagens, deslocamentos de compras e licitações”, explica João Evange última hora com professores e estudantes lista. “Um dos problemas que temos hoje para atividades de campo, incorporação é que o dinheiro destinado a projetos que de membros das comunidades nas ativi não gastamos até o final do ano, é devolvi dades desenvolvidas por grupos de exten do para o Governo Federal, sem garan são, alimentação dessas pessoas, custeio tias de que ele será reposto no orçamento de suas passagens. Com tudo isso temos seguinte”, exemplifica. dificuldades diárias, por conta da atual es “Isso siginifica que muitas ações po trutura que rege, do ponto de vista jurídi dem ficar comprometidas. Com a nova
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lei, eses recursos ficam na Instituição”, complementa o próreitor. O procurador Giuseppi da Costa concorda com o gestor: “esse ente jurídico diferenciado é interes sante, porque a partir dele as universidades poderão reinvindicar excepcionalidades”. Já o Sistema de Universidades Públicas Federais deverá ser uma instância supe rior a todas as instituições, composta por reitores, servidores, representantes dos poderes Executivo e Legislativo, e mem bros da sociedade civil. Sua finalidade será integrar as universidades que o compõe, coordenar seu relacionamento com os Poderes da República e com organismos científicos, além de estimular a coopera ção acadêmica. A ideia da ANDIFES é fazer com que a proposta se transforme em lei ainda em 2014. Para tanto, o anteprojeto deverá ser apresentado no começo do ano ao Congresso Nacional, onde precisará da aprovação das duas casas que o compõem: a Câmara dos Deputados e o Senado Fe deral. Em seguida, a norma dependerá da sanção da Presidência da República para entrar em vigor. Apesar das inúmeras etapas do pro cesso, Ângela Paiva se mostra confiante no sucesso da iniciativa. “Vamos ter mais discussões até chegarmos a um docu mento final, mas estamos obtendo o com promisso de todos os atores envolvidos”, aponta a reitora. “Teremos um ano cheio de eventos, mas as presidências das casas do Legislativo já concordaram em colocar a proposta na pauta em 2014”.
SUSTENTABILIDADE
Viabilidade no uso de resíduos da cana-de-açúcar
e do coco para a produção de etanol
Wallacy Medeiros
Por Auristela Oliveira
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m tempos de mudanças climáti cas, a produção de combustíveis limpos se torna uma preocupação no mundo todo, visando contribuir com o cumprimento das metas estabelecidas nos acordos diplomáticos internacionais, como o Protocolo de Montreal (1987), o de Kyoto (1994) e o de Copenhagen (2009). Neste contexto, o Grupo de Pes quisa de Engenharia Bioquímica (Biopro cessos), do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), de senvolve o projeto “Biomassa: etanol de segunda geração”, que estuda o aproveita mento de resíduos agroindustriais ou lignocelulósicos como matéria-prima para a produção do Etanol de Segunda Geração ou Etanol Celulósico, ou mais conhecido como Etanol 2G. Criado em 2008, o grupo Bioprocessos é coordenado pelos professores Gorete Ri beiro Macedo e Everaldo Silvino da Silva, que desenvolvem um relevante número de pesquisas visando a aplicações em di versos setores, com destaque nas áreas de saúde e energias renováveis. É nesta última que se insere o estudo da cadeia de produção de Etanol 2G, enfocando es tratégias de pré-tratamentos, hidrólise e processo fermentativo. A pesquisa tem a participação de estudantes de mestrado, doutorado e de iniciação científica do Curso de Engenharia Química da UFRN, e conta com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Conselho Nacional de Desenvolvim ento Científico e Tecnológico (CNPq). Os professores também participam, em nível de colaboração, de duas redes de pesquisa sobre a produção de Etanol 2G. A professora Gorete Macedo, coorde nadora do grupo, ressalta que a cadeia de estudos é complexa, de modo que cada um dos participantes do grupo se debruça so bre uma parte do processo, e os resultados obtidos são promissores, com indicativos de bom rendimento de todos os materiais estudados. Gorete destaca também que um dos importantes produtos destas pesquisas desenvolvidas pelo grupo tem sido a for mação de recursos humanos qualificados para trabalharem nesta área. Consideran do o que já foi formado e está em forma
Pesquisa do grupo Bioprocessos tem financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do CNPq ção no grupo, a professora contabiliza três doutorados, dois mestrados e seis trabal hos de iniciação científica. Sobre a participação de discentesm, Gorete Macedo comenta: “os alunos estão envolvidos e empolgados com o tema. Es tamos preparando profissionais qualifica dos para esse mercado”. Pioneirismo na UFRN Segundo a professora Gorete Macedo, tanto no Brasil como no mundo existem diversas pesquisas sendo desenvolvidas so bre o etanol, porém a UFRN é pioneira no estudo do aproveitamento dos resíduos do coco maduro e seco. O Etanol de Segunda Geração, explica ela, pode ser produzido a partir de materiais encontrados no bagaço e na casca do coco verde e seco, na palha e no bagaço da cana-de-açúcar e em outros resíduos lignocelulósicos, “compostos por celulose, hemicelulose e lignina, polímeros que contém açúcar, mas não tão acessíveis como no amido de milho, no melaço e no caldo de cana-de-açúcar, por isso que em laboratório estudamos os pré-tratamentos para a obtenção do Etanol 2G”. No Laboratório de Engenharia Bio química (LEB), estudam-se as etapas de pré-tratamentos e hidrólise, a fim de dis ponibilizar o açúcar presente nos materi ais ao processo de fermentação alcoólica através da ação de microorganismos. A professora acrescenta que a produção
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do etanol 2G ainda não é um processo barato. No Brasil, a primeira usina entrará em funcionamento em março de 2014, op erada pela GranBio, com tecnologia não brasileira, mas no país as pesquisas se guem em ritmo acelerado e com resulta dos muito bons: “não está longe de termos a segunda usina operando com tecnologia brasileira e nós da UFRN também estare mos assinando essa conquista” Defesa do meio ambiente O Brasil é um grande produtor do melaço e do caldo de cana-de-açúcar desde a década de 70. Os Estados Unidos, por sua vez, são um grande produtor de amido de milho. A coordenadora do gru po Bioprocessos comenta que a produção de etanol nos dois países em algum mo mento pode vir a competir com áreas agri culturáveis. Sobre essa possibilidade ela reforça a importância do etanol na matriz de biocombustiveis, tendo em vista sua valiosa contribuição na redução de gases que contribuem para o efeito estufa, mas defende a busca de fontes alternativas que não venham a compertir com a produção de alimentos, o caso então do Etanol 2G de resíduos. A professora Gorete Macedo desta ca que no Nordeste, em especial no Rio Grande do Norte, o descarte dos cocos verdes vazios se tornou um problema para os aterros sanitários, pois a agroindústria
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do coco verde gera em torno de 53 tonela das por dia de resíduos. Igualmente, as in dústrias de beneficiamento do coco madu ro para obtenção de produtos alimentícios e o aumento do consumo de água de coco e in natura no verão geram grande quan tidade de resíduos impactando negativa mente o meio ambiente. No caso da cana de açúcar, as usinas brasileiras aproveitam parte do bagaço gerado, em torno de 60% são utilizados na produção de vapor para operação das cal deiras e para a produção de eletricidade. O excedente, que equivale a aproximada mente 4,07 bilhões de toneladas ao ano, configura um problema ambiental. A produção do Etanol 2G desponta como uma alternativa tanto para aprovei tamento dos resíduos em geral, com des taque para os resíduos do coco, que têm como destino os aterros sanitários, e da cana-de-açúcar. O etanol extraído a partir de resíduos do coco objetiva não inter ferir nas áreas agricultáveis, destinadas à produção de alimentos. Já a produção do etanol a partir da cana-de-açúcar apresen ta ótimo custo-benefício. O Laboratório de Engenharia Bio química (LEB) dispõe de uma página do Facebook (www.facebook.com/Laborato rioDeEngenhariaBioquimicaLeb), onde os interessados podem acompanhar os even tos e projetos desenvolvidos pelos Grupo de Pesquisa Bioprocessos da UFRN.
SEDIS
Educação a Distância amplia oferta
de ensino superior gratuito no interior Wallacy Medeiros
Por Kalianny Bezerra
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resencial e à distância. Essas são as duas modalidades de ensino utiliza das pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Na primei ra, o ingresso na Instituição é o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), plataforma em que o candidato utiliza a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Na modalidade de Educação a Distância (EaD) as vagas são preenchidas por meio de um processo seletivo simplificado constituído de uma prova de sessenta questões de múltipla escolha e de uma re dação – aplicado pelo Núcleo Permanente de Concursos (COMPERVE). Em 2013, foram disponibilizadas 1.650 vagas divididas entre os cursos de licenciaturas em Geografia, Letras, Matemática, Biologia, Pedagogia, Física, Química, História e Educação Física e o Bacharelado em Administração Pública. Essas graduações contam com suporte acadêmico e administrativos nos polo de apoio presencial distribuídos por 14 mu nicípios do estado. Os cursos de EaD implementados pela UFRN estão estruturados de acordo com as diretrizes nacionais da Educação a Distância, definidas pelo Ministério da Educação (MEC). Entre as diretrizes
Ione Rodrigues, secretária adjunta da SEDIS do MEC estão a exigência de coordena ções de curso e sistemas de atendimento didático-pedagógico ao aluno, corpo docente qualificado, ambiente virtual de aprendizagem e a distribuição gratuita de material didático. Também está entre as normas a apresentação de projetos pe dagógicos aprovados pela instituição que oferece os cursos e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su perior (CAPES). Para atender a todas essas diretrizes, a UFRN criou em junho de 2003 a Secreta ria de Educação a Distância (SEDIS), que
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estimula o uso das tecnologias de infor mação e comunicação como ferramenta de ensino e aprendizagem. A professora Ione Rodrigues, do Departamento de Geografia, ocupa a secretaria adjunta de Educação a Distância na UFRN. Segundo ela, são quatro mil alunos matriculados nos cursos. “Só este ano tivemos 5.470 inscritos, dos quais 2.336 passaram na primeira fase. Essas pessoas tiveram suas redações corrigidas”, conta a professora. Ione Rodrigues explica que o ensino na modalidade a distância acontece na UFRN graças à Universidade Aberta do Brasil (UAB), sistema criado pelo MEC, que funciona como articulador entre ins tituições de ensino superior e os gover nos estaduais e municipais, com vistas a atender às demandas locais de formação. “Essa articulação estabelece qual ins tituição de ensino deve ser responsável por ministrar determinado curso”, ex plica. “Eles abrem um edital, que oferece uma quantidade de vagas, e aquelas uni versidades vinculadas à UAB submetemse ao edital. O sistema pode acatar ou não o pedido dessa instituição superior e, no caso da aceitação cede investimento para o desenvolvimento dos cursos”, acrescen ta Ione Rodrigues. Infraestrutura Para poder oferecer mais qualidade aos cursos de EaD a UFRN precisou criar
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um infraestrutura que possibilitasse uma melhor assistência pedagógica e adminis trativa aos alunos e ao corpo docente. Para tanto, a SEDIS conta com uma es trutura física no Campus Central e com os polos presenciais distribuídos em 14 municípios do estado. Os polos presen ciais se constituem em espaços físicos de referência para os alunos, para a realiza ção de atividades didático-pedagógicas de diferentes natureza. Cada polo está equipado com labo ratório de informática, biblioteca e se cretaria acadêmica. Neles encontram-se, ainda, tutores presenciais, com horários disponíveis para atendimento aos alunos. “A metodologia é diferenciada. Há manuseio de ambientes virtuais, o planejamento das aulas é bem antecipa do e a orientação do aluno pelo profes sor é maior”, aponta Ione Rodrigues, que é também professora no curso a distância de Geografia. Para a docente, diferente do que pos sam pensar, essa modalidade exige mais do aluno. “Os cursos da UFRN nessa modalidade são tão difíceis quanto os presenciais. Os alunos precisam se plane jar, a organização exigida é maior. Prova disso são os conceitos altos obtidos nas avaliações do MEC para as licenciaturas em Química, que recebeu nota 5, e Geo grafia, que recebeu 4, a mesma nota do cursos presencial”, coloca.
PESQUISA
UFRN coordena pesquisas sobre fungos
em estudo no semiárido brasileiro Iuri Goulart
Por JÚNIOR MARINHO
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uando pensamos ou ouvimos falar no semiárido brasileiro, o senso comum nos remete a uma paisagem seca e sem vida. No entanto, estudos do Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Semiárido (PPBio Semiárido) estimam que só o Bioma das Caatingas, incluído totalmente no Semi árido, possua uma biodiversidade da ordem de mais de 20 mil espécies, entre animais, fungos e plantas. O PPBio Semiárido é um programa do Governo Federal criado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvi mento Científico e Tecnológico (CNPq). Com sede na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, tem por objetivo articular atividades de insti tuições de pesquisa do Nordeste no intuito de, num período de 10 anos, caracterizar a biodiversidade e promover o desenvolvi mento científico dessa região. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) é uma das instituições de pesquisa que compõem o programa, que já está na terceira edição desde sua criação, em 2006. O Programa de Pós Graduação em Sistemática e Evolução, do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia (DBEZ) no Centro de Biociên cias (CB), coordenado pelo professor Iuri Goulart Baseia, colabora com o projeto especificamente na coleta, no registro e na identificação dos fungos presentes no Semiárido Brasileiro. Iuri Goulart, que também é respon sável por coordenar todo o nicho que se refere a fungos no PPBio Semiárido, expli ca que estudos desse porte nunca haviam sido realizados na região. “No passado, havia uma falsa noção de que o Semi árido era um ecossistema pobre, por isso estamos realizando uma pesquisa de base. Nela constatamos que, além das poucas espécies de fungos conhecidas, há muitos gêneros novos que nunca foram descritos pela ciência”, afirma. O processo de pesquisa é realizado nos cerca de 800 mil km² do semiárido por meio de expedições em seis áreas do Bioma Caatinga definidas pelo programa como de “extrema importância biológica” e espalhadas pelos estados do Ceará (CE),
Participação da UFRN no PPBio Semiárido podem trazer benefícios diretos à sociedade Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Piauí (PI) e Bahia (BA). A ação produz uma rede de inventários e amplia a coleção biológica, caracterizando a biodiversidade da região. A bióloga de fungos Bianca Denise Barbosa da Silva participou do programa em sua Primeira Etapa (20062009) como bolsista de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial (DTI) do CNPq pela Pós Graduação em Sistemática e Evolução da UFRN. Para ela, a fase da coleta é fun damental. “Foi imprescindível conhecer o habitat e a vegetação dos locais onde coletei os fungos de interesse para a pes quisa. Isso ajudou muito na descrição dos materiais estudados”, enfatiza. “O projeto capacita os biólogos da graduação e pós graduação da UFRN para atuarem na área de identificação de fungos, área carente no país”, completa. São muitos os frutos da participa ção da UFRN no PPBio Semiárido. Um deles foi a colaboração no Guide to the Common “Fungi of the Semiarid Region of Brazil” (Guia dos Fungos Comuns do Semiárido Brasileiro), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do es tado da Bahia (FAPESB) e editado pela
TECC Editora em 2013. Com um linguajar bastante técnico e edição bilíngue, a publicação procura contribuir com estudantes e biólogos profissionais de todo o mundo que te nham interesse na região do semiárido. Primeiro guia de campo que trata dos fungos macroscópicos dessa região, o ca tálogo inclui o trabalho de 17 micólogos da UEFS, UFRN e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que trabalham com fungos no Brasil). No livro, a equipe de pósgraduan dos da UFRN composta por Bianca De nise Barbosa da Silva, Larissa Trierveiler Pereira, Eduardo Fazolino Perez, Theoma ra Ottoni Batista dos Santos e o professor Iuri Goulart Baseia ficou responsável pelo capítulo referente aos fungos Gasteróides (Gasteromicetos), compondo um total de 23 espécies ilustradas. Segundo Iuri Goulart, além do livro, de cunho mais acadêmico, duas outras ações que giram em torno da participação da UFRN no PPBio Semiárido podem trazer benefícios diretos à sociedade. “Não bas ta ir ao Seridó do Rio Grande do Norte, por exemplo, coletar espécies, publicar e a população local não ser beneficiada. Es
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tamos produzindo cartilhas explicativas, com um linguajar mais acessível, para dis tribuir nas escolas da região e informar a comunidade sobre a biodiversidade local”, afirma o coordenador. Outra área em potencial é a indústria farmacêutica. Quando os pesquisadores do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia (DBEZ) detectam que um fungo, identificado no programa do PPBio Semi árido, tem potencial e ocorre em grande quantidade com capacidade para ser ex plorado, essa espécie é coletada e levada para análise no Departamento de Bio química (DBQ). Os estudos bioquímicos revelam se certas substâncias presentes em determinado fungo têm potencial farma cológico. PrograMa De PesQuisa eM bioDiversiDaDe O programa de Pesquisa em Biodi versidade (PPBio) foi criado pelo MCTI em 2004, incluído no Plano Plurianual do Governo Federal e oficializado pela Portaria MCT nº 268 de 18 de junho de 2004, que define seus objetivos, tendo sido modificado pelas portarias MCT nº 382, de junho de 2005, e MCT nº 388, de 22 de junho de 2006. De abrangência nacional, o programa tem como objetivo central articular a com petência regional e nacional para que o conhecimento da biodiversidade brasilei ra seja ampliado e disseminado de forma planejada e coordenada. O programa ini ciou suas atividades na região amazônica, fortalecendo a atuação dos institutos do MCTI na região: o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), na Amazô nia Ocidental, e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), na Amazônia Oriental. Posteriormente, o programa foi ex pandido para o semiárido, mediante co laboração com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Em 2010, a Mata Atlântica também foi abrangida pelo PPBio por meio de um projeto piloto no âmbito do Projeto Nacional de Ações In tegradas PúblicoPrivadas para a Biodi versidade (PROBIO II), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em parceria com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Por meio de ações da rede ComCer rado, o PPBio também passou a abranger, recentemente, o bioma cerrado.
entrevista
“O novo modelo de gestão dos hospitais universitários nos dá condições de formar melhor nossos alunos” Ricardo Lagreca é superintendente do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em entrevista ao Jornal da UFRN, Lagreca falou sobre a transição da gestão do HUOL para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), empresa pública vinculada ao Ministério da Educação. Assinado em setembro do ano passado, o contrato com a EBSERH deu início à reestruturação administrativa do Complexo Hospitalar da UFRN, composto também pelos hospitais Ana Bezerra e de Pediatria Professor Heriberto Ferreira Bezerra – este último em processo de fusão com o HUOL –, além da Mater-
Wallacy Medeiros
Por Luciano Galvão
Em qual estágio encontra-se a transição da gestão do HUOL para a EBSERH? Já se avançou bastante. A partir do momento em que a Universidade assi nou o contrato com a Empresa, em agosto de 2013, a gente começou a trabalhar para compor o grupo de governança – formado pela superintendência, pelas gerências e pelas chefias de divisão. Agora, encontra-se em vigor o período de transição, com dura ção de um ano – até agosto de 2014 –, em que alguns aspectos da vida do Hospital con tinuam atrelados à Universidade e em que os contratos que já haviam sido celebrados con tinuam existindo. Em seguida, vem o mais importante: a preparação para adquirirmos novo pes soal. Para isso – inclusive antes da assina tura do contrato com a EBSERH –, nossos setores de recursos humanos, de direção administrativa e de planejamento haviam feito trabalhos para levantar a necessidade do HUOL nesse campo. A gente se baseou na produção do Hospital, no pessoal com que contamos, em nossas perspectivas para o futuro e em nossos acordos com o SUS. Enviamos esses dados à EBSERH, em Brasília, para que fosse calculada a nossa necessidade de pessoal e, já na assinatura do contrato, essas informações estavam em um anexo. A EBSERH e o Ministério do Plane jamento, Orçamento e Gestão (MPOG) dimensionaram este hospital para 1.104 pessoas. Isso significa que vamos acrescer aos servidores efetivos do Hospital, que são cerca de 500, mais 1.104 pessoas, além dos terceirizados nas funções de apoio, o que soma quase duas mil pessoas. Feito tudo isso, constituímos o edital para a contrata ção dos novos funcionários. O documento foi lançado em dezembro e as provas serão realizadas no dia 16 de fevereiro.
Ricardo Lagreca, superintendente do HUOL Essa é a maior mudança. As outras virão no dia-a-dia, à medida em que a Universi dade for desobrigando-se das coisas do Hos pital, como licitações, contratos e assuntos jurídicos. Esse é um processo muito delicado – toda transição é – porque a EBSERH ainda não definiu algumas coisas. Mas precisamos resolver os entraves com rapidez para que tenhamos segurança. Quais têm sido os principais desafios dessa transição? Estamos saindo de uma situação boa para uma muito boa. Não saímos de um momento ruim. O Hospital Onofre Lopes é muito bem conceituado, muito bem es truturado e vai ganhar facilidades, porque passa a ter recursos humanos que não tinha. Mas, até definirmos certas coisas, estamos mais ou menos como um carro em primeira marcha. A primeira é a mar cha de maior força, porque tem que tirar o
nidade Escola Januário Cicco. Em sua sala no segundo andar do Onofre Lopes – acompanhado de Daniel Martins, chefe da Divisão Financeiro-Administrativa, e de Zilmar Fernandes, gerente administrativa do Hospital – Ricardo Lagreca conversou sobre os desafios impostos pelo processo de transição, sobre o que muda e sobre o que permanece após a adesão ao novo modelo de gestão e sobre suas repercussões nas atividades do HUOL. Para o superintendente, a EBSERH deverá trazer ganhos para a assistência aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, por consequência, dar melhores condições de se fazer ensino, pesquisa e extensão na Universidade.
carro do zero. Como um avião para subir, que usa toda a força e depois segue quase que planando. Um exemplo de indefinição é a exe cução financeira do ano de 2014. Ainda não se sabe se ela será feita pela Univer sidade ou pela EBSERH. Os recursos para este ano chegarão do SUS, mas a Universi dade está desobrigada de gastá-los, porque no contrato de adesão à EBSERH está dito que a Empresa assumiria a execução, mas ela ainda não está com toda a sua estrutura preparada. O que compramos até dezem bro de 2013, mesmo aquilo que ainda não recebemos, os fornecedores vão entregar e receber o pagamento normalmente. A in definição é com o que comprarmos a par tir de janeiro. Mas isso não é inesperado, faz parte do processo. Toda transição é assim. Você não sai de um lugar para outro sem passar por esse meio. Com relação aos servidores tercei rizados contratados pela Fundação de Pesquisa e Cultura da UFRN (FUNPEC), na época da adesão à EBSERH existia uma incerteza quanto à situação desses profissionais... agora já se sabe: irão to dos sair. Não tinha como eles continua rem no Hospital porque são contrata ções precarizadas. A qualquer momento, o Tribunal de Contas da União poderia determinar que a Universidade pusesse todo mundo para fora. Mas todos eles agora terão chance de entrar por concurso, não mais de forma precária, mas como funcionários celetis tas. É bom lembrar que os contratados pela FUNPEC tinham todos os direitos trabalhistas respeitados e, quando saírem, têm todos os direitos nas mãos deles. Eles estão tranquilos quanto a isso. Quanto ao atendimento aos pacientes, há alguma alteração? Não. Estamos aqui para que o processo de transição não repercuta nos pacientes. Há um único aspecto que nos preocupa, que é a evasão do pessoal terceirizado pela FUNPEC, porque alguns estão pedindo demissão para estudar para o concurso e não temos quadro efetivo suficiente para
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suprir a deficiência que poderá existir até a chegada dos novos colaboradores. Mas te mos cuidado para que isso não repercuta para o paciente. Os servidores efetivos da UFRN lotados no Hospital ficarão cedidos à EBSERH? Isso. Eu, por exemplo, sou servidor efe tivo e vou ficar cedido à Empresa. Com relação aos convênios com hospitais para cessão de leitos, eles continuam sendo possíveis? Continuam do mesmo jeito. Hoje so mente temos convênio com o Governo do Estado do Rio Grande do Norte e ele vai terminar naturalmente no momento pre visto no acordo. Mas não tem nada a ver com a transição e, futuramente, poderão novos convênios ser realizados. Uma preocupação da comunidade acadêmica é se a mudança no modelo de gestão pode influenciar nas atividades de ensino, pesquisa e extensão do Hospital... Influenciará. Para melhor. Teremos uma definição clara das coisas e pessoal suficiente para que a assistência ao paci ente seja ainda melhor. Isso repercute num bom ensino, numa boa pesquisa e numa boa extensão. O Sistema de Saúde também será beneficiado, porque a oferta de trata mento será feita de forma constante, de forma regular, sem paralisações durante os recessos. Na hora em que você atende me lhor o Sistema, você dá também condições de formar melhor os alunos. No contrato com a EBSERH está pre visto um incentivo para a pesquisa. Um valor de 1% do orçamento do Hospital é colocado para estruturar as atividades, com salas, secretarias etc. O dinheiro para os projetos propriamente ditos se gue sendo obtido pelos editais das agên cias financiadoras. Sem contar que na própria estrutura organizacional do Hospital há a Gerência de Ensino e Pesquisa. Ou seja, foi pre vista uma gerência para priorizar as ações acadêmicas, para que possamos inserir melhor o ensino, a pesquisa e a extensão no Hospital.
Wallacy Medeiros
ARTE
Orquestra Sinfônica da UFRN apresenta novo concerto e investe na formação de público “É preciso entender como funciona uma orquestra, a música clássica e erudita, sua composição e construção, porque nin guém gosta do que não conhece”, afirma o maestro, ressaltando a resposta positiva obtida a partir desse trabalho, já que os 250 lugares do auditório têm estado preenchi dos em todas as apresentações do grupo.
Por Marcos Neves Jr.
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restígio em alta e um reconhe cimento cada vez maior são carac terísticas muito marcantes da atual fase da Orquestra Sinfônica da Univer sidade Federal do Rio Grande do Norte (OSUFRN). Levando música de qualidade a locais que antes não tinham contato com essa arte e formando um público fiel e mais presente aos seus concertos, o con junto estreou recentemente o espetáculo “Vinícius – uma canção pelo ar”. Homenagem ao centenário do poeta e compositor Vinícius de Moraes, o con certo reconstrói a história do Poetinha, como era conhecido o artista, a partir de suas canções. Apresentado pela primeira vez em Currais Novos, no mês de outubro, e com shows em dezembro, em Mossoró e Caicó, o espetáculo teve seu maior público na Semana de Ciência, Tecnologia e Cul tura da UFRN (CIENTEC). “Nada se compara à energia do en contro com a comunidade”. Assim André Muniz, maestro da Orquestra Sinfônica da UFRN, define a sensação de tocar para um grande público, fato que vem se tornando mais comum nos últimos três anos, após parceria com o Serviço Social do Comér cio do Rio Grande do Norte (SESC-RN). Desse convênio surgiu o projeto Par cerias Sinfônicas, que, além de Vinícius de Moraes este ano, homenageou, em 2011, diversos artistas da MPB e, em 2012, dedi cou um espetáculo inteiro a Luiz Gonzaga, um dos maiores representantes da cultura nordestina. Dessa forma, o conjunto pro moveu o encontro entre erudito e popular, unindo seus arranjos orquestrais a vozes conhecidas na cena musical de Natal como Khristal, Camila Masiso e Hilkélia. A julgar pela reação das plateias nos concertos e pelos resultados alcançados, o formato está agradando. O espetáculo
Clássicos do Baião: Tributo a Gonzagão, que emocionou milhares de pessoas no Rio Grande do Norte e em outros esta dos, recebeu o Prêmio Hangar de melhor show de 2012 segundo o juri popular. Pela segunda vez consecutiva, a Orquestra da UFRN é contemplada pelo voto do pú blico, já que em 2011 foi da mesma forma. Para André Muniz, tais premiações mostram que esses concertos da Orques tra têm, de fato, conseguido alcançar a população de uma maneira especial, con quistando um espaço nas lembranças de todos que assistiram às apresentações. “Dizem que brasileiro não tem memória, mas a premiação aconteceu em outubro (2013) e a última vez que fizemos o espetáculo do Gonzagão antes da premi ação foi em janeiro. Mesmo depois de me ses, o show está na mente das pessoas. Isso significa muito para a orquestra”, afirma o maestro com entusiamo, percebendo uma aproximação entre o grupo e público. A estudante Cibelle Thaíse, assistiu às apresentações na CIENTEC e aprovou o
modelo. Segundo ela, é importante pro porcionar a todos os públicos o acesso à música da Orquestra, além de dar vez a artistas locais. “Gostei muito do concerto, mais ainda com a participação de cantores da nossa terra. Espero ter a oportunidade de ver novamente espetáculos como esses.” Formação de público No entanto, não é apenas nos shows do Parcerias Sinfônicas em que a orques tra tem se aproximado do público. Com audiências cada vez maiores, a relação en tre o grupo e a plateia se estreita sobretudo nos concertos realizados no auditório On ofre Lopes, na Escola de Música da UFRN. Um consistente trabalho de forma ção de público vem se desenvolvendo nos dias de concertos. Uma hora antes de cada apresentação, o maestro André realiza uma palestra para descrever as obras que serão interpretadas, explicando detalhes relacionados tanto a aspectos musicais como ao contexto histórico e até filosófico no qual a criação das peças está envolvida.
Jornal da UFRN 12 ano XV | nº 68 | dezembro de 2013
Seleção e repertório Além do investimento em formação de público, o sucesso deve ser atribuído à qualidade artística do conjunto, um dos mais ativos em toda a região Nordeste. A seleção dos músicos acontece anualmente com critérios nos moldes das maiores or questras do mundo. Os candidatos pre cisam executar peças preestabelecidas em edital com precisão e sem qualquer tipo de comunicação com a banca. Um teste não só técnico, mas psicológico também. Atualmente, a Orquestra Sinfônica conta com 53 músicos, todos estudantes dos cursos técnicos, de graduação e de pós-graduação da Escola de Música da UFRN. Para manter o movimento ascen dente de qualidade, o conjunto cumpre uma rotina de ensaios de oito horas sema nais, distribuídas em três dias, além dos compromissos individuais de cada com ponente com os estudos de seus instru mentos. Outra preocupação constante da Or questra é o repertório. Na avaliação do maestro André Muniz, a escolha das peças ensaiadas tem de ser feita de maneira balanceada, de forma a unir o que a pla teia anseia ouvir e o que o conjunto deseja apresentar. “Não se pode virar as costas para o público. Tem de revisitar o passado, mas apresentar coisas novas. A escolha do repertório não pode ser baseada apenas no gosto pessoal e nem só na vontade da plateia, pela tendência dessa de gostar da repetição. Há de se equilibrar essas forças”, explica André Muniz.