Delírios
da cozinh a
do Beto
Madaloss
itib o em Cur a
o
Viagem à N
ci arágua
Guia do Almoç
Ano 3 - No 12 - agosto/setembro 2014
tutano Dri n q u e s d e
cinema
receitas com Pato issn 2319–0051
R$ 9,90 12 >
9 772319 005007
e quent t i e l o r e, p i ó! u Arregalei os q
A
editorial
olhos ao ler a entrevista da Carolina Oda nesta edição. Não, não foi só por causa da foto dela na abertura da matéria, mas pelo destaque que ela deu pra qualidade das cervejas e cervejarias de Curitiba. Eu já sabia! Mas nunca é demais ouvir de novo... Antes de escrever este editorial, liguei pro Ronaldo Flor, presidente da Procerva (Associação dos Cervejeiros de Curitiba), e perguntei o porquê disso. O cérebro dele fermentou um pouco e o extrato que eu tirei foi: tradição, gestão e amor! Ele atribui parte do sucesso à colonização paranaense, que já tinha hábito de fazer cerveja na panela de casa lá no século passado.
“Em outros estados os cervejeiros mal se falam, aqui a gente é uma grande família. Todo mundo se ajuda.” Tá, tudo bem... esse papinho romântico não combina com tomador de cerveja. Então aqui vão alguns números: 8% das cervejarias do país e 10% dos rótulos estão em Curitiba. Quantidade não significa qualidade? Certo! Escuta esta: 24% dos prêmios também são nossos. É... parece que o leite quente ficou pra trás. Aqui virou a terra da cerveja.
, o ã ç i Trad o ã t s Ge ! r o m eA 4
tutano Colaboradores. . . . . . . . . . . . . . . . 6
Happy hour. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
• Gente que tempera a Tutano
• Melhor do que caracu com ovo
novos restaurantes. . . . . . . . . 7
Você é o que você come. . . . 40
• Fresquinhos
Comida com sotaque. . . . . . . . . 8
• Acha que entende de cerveja? Sabe de nada, inocente!
COMER E BEBER. . . . . . . . . . . . . . . . 14
• Vêm aí drinques cinematográficos
pequenos detalhes. . . . . . . . . . 17
• é noz, moscada!
On the road. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
• Nicarágua na boca
especial do dia. . . . . . . . . . . . . . 26
• Se você fosse um sanduíche,, qual seria?
culinária punk. . . . . . . . . . . . . . 41
• Bistecas Hey Ho
Comida pra quê?. . . . . . . . . . . . . 42
• Crepe das celebridades entusiasmadas
menu du jour. . . . . . . . . . . . . . . . 44
• E quem vai pagar o pato?
cabeça de minhoca . . . . . . . . 48
• Aliche no país das maravilhas
anota aí . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
• Tá na mesa!
• Moqueca e salmão molho de maracujá
Chá de Cozinha. . . . . . . . . . . . . . 30
etílicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
• Manual dos chefs de primeira viagem
• Wine Brothers’ Tips e Dicas do Sommelier de Cerveja
lobetomia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
@revistatutano. . . . . . . . . . . . . 56
• A impossível arte de delegar
Gastroglobalização. . . . . . 34
• Do Líbano para o mundo
• Tutaneando
sweet dreams . . . . . . . . . . . . . . . 58
• Sobremesa pra lá de Marrakesh
A gente meteu a colher na tecnologia!
APP Tutano: dicas de lugares para fazer uma boquinha assinadas pelo Beto e equipe Tutano.
Baixe agora!
Expediente
Edição Beto Madalosso Projeto Pulp Edições Diretora de Redação Fernanda Ávila Ferreira - drt 3884 Redação Priscila Seixas, Luana Almeida e Luiza Garmendia Diretora de Criação Patricia Papp Diretor de Conteúdo Vicente Frare Direção de Arte July schneider assistente de arte Carolina Rodrigues Colaboração Wellington Almeida, sonia evangelista, Tiago Vidal Dutra, Fhabyo matesick, jomar brustolin, jackson brustolin, Daniel wolff, Elaine Minhoca e guilherme alves foto da capa guilherme alves revisão mônica ludvich Impressão comunicare Tiragem 6.000 A Revista tutano é uma publicação dos restaurantes Madalosso, Famiglia Fadanelli e Forneria Copacabana não contém Glúten.
facebook.com/revistatutano @revistatutano tutano@pulpedicoes.com.br
5
colaboradores
e u q e t n ge a r e a p m te
tutano
r
ol
u
O que fez na Tutano #12? Textos e fotos da matéria “Nicarágua na Boca”.
e
Ca
s
Quem é? Publicitário, sócio da Tif Comunicação.
ina
rod
rig
Minha primeira experiência na cozinha foi... numa cadeirinha, comendo papinha.
Quem é? Assistente de arte da Pulp Edições.
Um dia ainda quero aprender a fazer... queijo brie.
O que fez na Tutano #12? Diagramação das matérias “Culinária Punk”, “Sobremesas pra lá de Marrakesh” e “Fresquinhos”.
Se eu fosse escolher uma só comida para comer todos os dias da minha vida seria... camarão.
Se eu fosse escolher uma só comida para comer todos os dias da minha vida seria… sashimi, acho que nunca vou enjoar. Além dos variados sabores de peixe, ainda é leve.
6
h
ab
y o Mat es
k ic
Um dia ainda quero aprender a fazer... penne com filé mignon e shitake ao molho de gorgonzola.
F
Minha primeira experiência na cozinha foi... fazendo brigadeiro. Desde criança eu amo.
Lu
an
a Alm
eid
a
Quem é? Social media da Pulp Edições. O que fez na Tutano #12? A seção “Fresquinhos”. Minha primeira experiência na cozinha foi... uma receita de bolo de chocolate que aprendi com uma amiga. Um dia ainda quero aprender a fazer... sushi! Eu sempre tento fazer para os amigos, mas nunca fica bonito igual no restaurante. Se eu fosse escolher uma só comida para comer todos os dias da minha vida seria… shitake na manteiga.
NOVOS RESTAURANTES
Fresquinhos
#em br eve
#new in
#No vo
Novidades recém-saídas do forno para incrementar sua rotina gastronômica
don corleone
MADERO SPORTS
Nebraska Burgers
Quem pensou que ia perder o lugar favorito para hambúrgueres vegetarianos na cidade errou. O Don Corleone esteve fechado por um tempo, mas reabriu em um endereço mais espaçoso. O novo ambiente continua underground e o cardápio continua recheado de cinema!
A cerveja com os amigos ganha uma repaginada no novo Madero Sports. Durski inaugurou o restaurante temático exclusivamente para amantes de esportes. Agora você pode acompanhar desde o Rafael Nadal até Cris Weidman (ou Anderson Silva, se preferir) com decoração especial, petiscos e chope sempre gelado!
Curitiba também entrou na onda dos Truck Foods! O Nebraska Burgers promete uma experiência única em hambúrgueres. O trailer fica na Rua Mylthon Anselmo da Silva, continuação da Brigadeiro Franco, e funciona até as 22h.
r. Inácio Lustosa, 367 (41) 3353-6626 DESDE abril
PRAÇA DA ESPANHA (41) 3359-0191 DESDE JUNHO
R. Mylthon Anselmo da Silva, 1126 (41) 8810-4545 DESDE MAIO
yakifast
cold stone muller
rause café
Acaba de ser inaugurada a primeira yakisoba house de Curitiba. O Yakifast conta com sete sabores do prato típico chinês, preparado com iguarias de diversas partes do mundo. Já pensou em comer um yakisoba mexicano ou americano?
Suas tardes no Shopping Mueller nunca mais serão as mesmas. A famosa sorveteria que prepara combinações saborosíssimas em pedra gelada e ambiente divertido chega em breve no shopping.
Quem adora vinho vai adorar conhecer o happy hour de vinhos do novo endereço do Rause Café. Experimente os aperitivos, os tradicionais cafés, as empanadas, o escondidinho e os sanduíches.
shopping MUELLER abre em julho
r. francisco rocha, 198 desde junho
Dolce Pallina
KF CARNES
MB Brasserie
Você é louco por brigadeiro? Então conheça as opções gourmet da Dolce Pallina, que acabou de inaugurar. Entre os sabores estão Kit Kat, Paçoca, Nutella, Leite Ninho, Brownie e até Oreo. Experimentamos todos aqui na redação e foi difícil eleger o melhor!
Maior espaço, mais gôndolas, novos cortes e equipamentos de alta tecnologia são as novidades no açougue KF Carnes. As mudanças estruturais são todas para atender aos clientes ainda melhor. Agora, além de todos os cortes disponíveis, a KF oferece o corte de uma das carnes mais nobres do mundo: o Kobe bife.
Depois do encerramento do 4 Sí Brasserie, a chef Manu Buffara inaugura o MB Brasserrie, com um estilo muito mais cool e cardápio que transita entre a gastronomia francesa e a brasileira. Entre os pratos, destaque para o steak tartare com ovo de codorna. A carta de drinques é assinada pelo bartender Márcio Silva, um dos mais promissores mixologistas do Brasil.
Rua Guaianazes, 15 (41) 3342-4581 Desde Junho
R. Dom Pedro II, 3336 (41) 3022-7333 DESDE junho
AV. VICENTE MACHADO, 984 (41) 3092-4490 Desde Junho
sob encomenda (41) 8871-4480 Desde maio
7
comida com sotaque
8
comida com sotaque
Acha que entende de cerveja?
Sabe nada,
inocente!
Já pediu cerveja sem colarinho e baldinho com gelo na mesa? É, tá se vendo que tu é “haole” no assunto. Mas não se preocupe, chamamos uma mulher que sabe tudo pra te dar umas dicas. E o melhor: ela é inteligente, simpática, bonita e já chegou a provar mais de 270 rótulos em três meses. Com vocês, Carolina Oda, paulistana, bonita, inteligente, simpática e sommelier de cervejas. Algo como... a mulher que você sempre sonhou! Você pode nos contar um pouco sobre sua formação e por que decidiu se tornar sommelier de cervejas? Comecei meio sem querer. Sempre quis fazer gastronomia, mas antes disso fiz um bico com a mestre cervejeira Cilene Saorin, uma das primeiras especialistas em cerveja do Brasil. Eu tinha uns 17 anos. Depois, fui fazer gastronomia no Senac e a Cilene me chamou para trabalhar com ela fazendo assessoria. Enquanto eu trabalhava com ela, continuava fazendo estágio em cozinha. Meu sonho era ser confeiteira. Só que no final de 2008 conheci o Edu Passarelli, que é um nome bem forte na cerveja. Ele estava abrindo um bar e eu quis trabalhar no salão, pra não ser uma pessoa da cozinha que não sabe o que acontece do lado de fora. Só que ele tinha um bar de cerveja com 140 rótulos. A gente tinha que vender 140 rótulos num momento em
que as pessoas não sabiam muito a respeito. Não tinha curso, não tinha nada. Eram poucas importadoras, a gente fuçava muito na internet, o Edu sabia bastante coisa. Só que quando eu fui para o salão (do bar), me apaixonei e falei que nunca mais ia voltar para a cozinha. Gosto muito do atendimento, de lidar com as pessoas. Um dia atendi a mesa do Gilberto Tarantino, da importadora Tarantino, que é uma das maiores importadoras de cerveja. Na época, ele estava começando. Depois de uns dois ou três meses eu fui para a Tarantino e fiquei três anos lá. A vida foi me levando, não planejei o caminho, mas no fim foi acontecendo e eu fui gostando.
9
comida com sotaque Existe preconceito com mulheres sommeliers? Quando eu falo que trabalho com cerveja nunca a reação é “ah, tá bom”. Porque as pessoas não imaginam que existem pessoas que trabalham com cerveja de maneira séria, ainda mais mulher. Profissionalmente não sinto preconceito. São poucas mulheres no mercado, mas as que existem se destacam bastante. Sinto mais dificuldade com as pessoas em geral. Pra arranjar namorado é supercomplicado, porque ninguém entende que você está lá a trabalho. Não é porque tem 50 homens e eu que estou lá pra paquerar alguém. Acho que para o homem é difícil lidar com mulheres que trabalham com coisas, teoricamente, masculinas. Já ouvi: “Nossa, deve ser difícil namorar você, você deve ser o homem da relação”. Gente, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Para você, beber cerveja é sempre trabalho? Você consegue apreciar e relaxar bebendo cerveja ou já começa a avaliar tudo? É impossível desligar a chavinha, a não ser que eu esteja na 10ª cerveja, mas é difícil. Por mais que eu esteja num momento de diversão, churrasco com os amigos, tem coisas que não consigo mais beber, não desce. E, pra mim, cerveja já ficou muito ligada à profissão. Eu gosto muito das outras bebidas, tomo cachaça, coquetel, vinho, saquê... Se é um lugar que eu sei que não tem um rótulo que estou com vontade de beber, eu tendo muito mais a ir para essas outras bebidas.
Os sommeliers de vinhos têm fama de chatos, os enochatos. Existem também os cervochatos? Antes não tinha, mas agora tem muitos cursos. Então tem o povo do diploma, que faz um curso e traz esse lado mais técnico e chato para o dia a dia. Essa parte chata tem que ficar para quem trabalha com isso e tem que avaliar os rótulos. Não tem jeito, cerveja tem cara de galera, de diversão. A informação tem que chegar ao consumidor, mas nos termos certos. A nossa função é traduzir a linguagem técnica para uma linguagem popular e acessível para as pessoas.
á t s e o h n i v a m to m e u Q “ mais acostumado comde complexidade, variedamais aromática, a pagar ” caro numa bebida Falando sobre o básico, o que é um sommelier de cervejas? Sommelier é uma função que existe há muitos anos. A palavra vem do francês arcaico, que significava “burro de carga”. Aí virou a “pessoa que carregava as bebidas” e, por fim, a “pessoa responsável pelo serviço de bebidas” nos grandes banquetes de antigamente. Nasceu assim a profissão, sempre ligada ao serviço das bebidas em geral. Mas o que mais causa confusão são os cursos: o curso se chama “Curso de Sommelier de Cerveja”, mas isso não significa que se você o fez seja um sommelier. Mas acontece muito isso: a pessoa vai lá, faz um curso, estuda 70, 80, 100 horas e fala que é sommelier. O curso é de sommelier porque dá as competências para você ser um sommelier. É uma profissão, você precisa trabalhar com isso, viver disso. A mesma coisa que aconteceu com os chefs de cozinha há algum tempo, quando todo mundo que fazia curso de gastronomia falava que era chef. Sommelier está virando um diploma na parede e não uma função exatamente.
10
comida com sotaque
“A pal francê avra Som ‘burro s arcaico, qumelier vem do ‘pessoa de carga e signific e, por que carreg ’. Aí virou ava fim, a ‘ ava as a pelo se pessoa r bebidas’ rviço d esponsá e bebid vel as’” Você é jurada em vários concursos de cerveja. O que faz uma cerveja ser melhor do que outra? Os campeonatos servem para avaliar o quanto aquela cerveja está de acordo com o estilo a que ela se propõe. Então, os campeonatos geram muita polêmica, porque não julgam se a cerveja é melhor ou pior de sabor e gosto, diz respeito ao quanto ela bate com o descritivo do estilo que ela diz que é. Se no rótulo está dizendo que é uma Stout, a gente vai avaliar a cerveja sendo uma Stout. A cerveja pode ser deliciosa e perfeita tecnicamente, mas se tiver características que fujam do estilo que está sendo julgado, ela perde pontos. Por isso os resultados sempre são polêmicos. Muita cerveja é desclassificada ou vai mal só porque não está batendo com o estilo em que está inscrita. E são mais de 100 estilos, então existe uma dificuldade grande para o cervejeiro inscrever no estilo certo. Às vezes ele inscreve em uma categoria e a cerveja iria melhor em outra.
tência, mas tem muitos estilos que não são amargos. O importante é ir testando para descobrir qual a linha que você gosta. Quando alguém fala pra mim que não gosta de cerveja, eu pergunto: “Mas quantas você já provou?”. Porque cerveja é uma das bebidas em que é mais nítida a diferença entre estilos. Quantos rótulos você já bebeu? Não anoto e não faço as contas. Mas imagino que alguns milhares. Sei de uma viagem: 270 rótulos em três meses. E, em campeonatos: 80 amostras em dois dias. Existe uma rivalidade entre sommeliers de vinho e cerveja? Os vinhos são mais respeitados do que as cervejas? Entre os consumidores, não vejo muita competição. Pelo contrário, o apreciador de vinho está muito mais próximo das cervejas especiais do que o cara que só toma a cerveja básica do dia a dia. Quem toma vinho está mais acostumado com complexidade, variedade aromática, a pagar mais caro numa bebida. Um vinho de 70 reais às vezes não tem nada de espetacular. Uma cerveja de 70 reais normalmente é uma supercerveja. O pessoal do vinho tem menos preconceito com a questão do preço. Entre os profissionais existe alguma disputa sim. Alguns até dizem “cerveja só harmoniza bem com comida de boteco”, essa é clássica. Dizer que cerveja só vai bem com comida simples é uma besteira. E não tem por que brigar, eu bebo as duas coisas e estou feliz. Quem briga é menos feliz.
E, fora do campeonato, o que o consumidor final busca em uma cerveja? É complicado. São mais de 100 estilos e você tem que saber qual é o gosto de cada um. Tem que ir provando os estilos e ir descobrindo o que agrada mais. O que importa é não desistir, porque o universo da cerveja é muito amplo: tem cerveja ácida, tostada, cítrica, frutada, de caramelo, amarga. O amargor é a maior resis-
11
comida com sotaque Podemos falar que a Região Sul já é reconhecida no universo cervejeiro? Como Curitiba está em relação ao mercado nacional? Acho que, no mercado nacional, o Paraná todo está muito bem visto, muito bem falado. Os cervejeiros daí têm cervejas muito diferentes, o pessoal está bem criativo. Tem um fator que é legal frisar, que é a união: vocês têm a Procerva. Recentemente foi fundada a Associação Brasileira, mas o mercado cervejeiro nacional é muito desunido. E a Procerva todo mundo viu que funcionou. É muito bacana, porque, quando tem festivais, o pessoal vai junto. Tem o pessoal da Gauden também, que abriu as portas para vários cervejeiros pequenos, que não tinham estrutura, mas tinham um bom produto. Eles fizeram uma liga, que chamam de “A Liga Extraordinária das Cervejas”. Os paranaenses estão mostrando para o Brasil inteiro que a união faz a força. A gente sabe que, no geral, tem briga, ego e picuinha, mas eles estão mostrando que é uma burrice isso e que juntos eles vão muito mais longe. No último festival, em Blumenau, o estande do Paraná era o mais movimentado. Uma das cervejas que fizeram mais sucesso com os blogueiros, jornalistas e sommeliers foi uma que se chama Morada, feita na Gauden.
em s a j e v r e c a ç e p o ã N “ espuma nem chope seêm já c o v o ã n e s , o h n i r a l co o r i e m i r p o n o c i m r a g vai pa segundo”
12
A aceitação da cerveja artesanal em Curitiba é boa ou ainda existe aquela história de que rótulos que vêm de fora são melhores? Há um ano mais ou menos eu postei: “Os curitibanos vão invadir sua praia”, porque vi que a qualidade das cervejas estava muito boa, ganhando campeonatos, aparecendo muito na mídia nacional. Isso ajuda o curitibano a valorizar. No Brasil não temos muito essa cultura, mas nos Estados Unidos ou na Alemanha, por exemplo, as pessoas valorizam muito o produtor local. Porque quanto mais próxima a cerveja estiver da cervejaria, melhor ela é. Quanto menos teor alcoólico e menos estrutura tem a cerveja, mais ela sofre durante o transporte. O calor, o choque térmico, o chacoalhar, o sol batendo, muita luz, tudo isso pode causar defeitos na cerveja. Então, o curitibano tem que valorizar, porque vocês estão com alguns dos melhores rótulos do Brasil e estão pertinho da fonte.
A cerveja é bastante associada ao calor. Numa cidade com o clima mais frio, como Curitiba, o hábito de beber cerveja no inverno é menor? Talvez para quem não conhece outros estilos. A cerveja varia entre 0 (a cerveja sem álcool) e 14% de álcool. Pouca gente tem essa noção, mas 14% é mais alcoólico do que muito vinho. Então, em cidades mais frias, as cervejas com 10 ou 14% de álcool vão cair muito melhor. E tem a questão de temperatura: a cerveja não deve ser consumida sempre estupidamente gelada. Quanto maior o teor alcoólico e quanto mais complexa a cerveja, menos gelada a gente toma.
comida com sotaque Como funciona a harmonização de cervejas e pratos? A harmonização, como o próprio nome diz, busca uma harmonia, um equilíbrio entre a cerveja e o prato. Quanto mais potente for a cerveja, algum elemento potente tem que ter no prato, tem que ter uma equivalência. Potência em prato, normalmente, é gordura. Claro, uma salada é muito diferente de uma feijoada, que é muito mais potente. Uma cerveja Pilsen é bem diferente de uma Imperial Stout. Se a gente pegar uma cerveja com muita potência, muito amarga, muito complexa, e comer com uma saladinha de frango, a gente mata o sabor do prato. Então, a ideia é que nenhuma coisa cubra a outra. Temos que sentir o gosto da cerveja e sentir o gosto do prato. Existe algum macete para não passar vergonha numa degustação de cerveja? Não peça cerveja sem espuma nem chope sem colarinho, senão você já vai pagar mico no primeiro segundo. Tem gente que pede chope sem colarinho ou então vira bem o copo e vai servindo devagar para não ficar espuma. Isso mostra que você não entende. A espuma é produzida naturalmente e faz parte da cerveja. Existem cervejas que fazem muita, pouca ou nenhuma espuma. Isso depende do estilo. Mas a maioria tem espuma e a espuma tem uma função: ela protege da oxidação e ajuda na conservação. Pedir balde de gelo também é um erro. As cervejas mais complexas tendem a ser mais caras. Então tem gente que pede cer-
“Por ma num mom is que eu estej churrasc ento de diver a coisas qu o com os amigo são, e não co s, tem beber, n nsigo mais ão desce ”
veja de R$ 100 e pede balde de gelo para tomar bem gelada. A pessoa poderia estar tomando uma cerveja de R$ 10 que ia dar na mesma, porque ela não está percebendo nada do que a cerveja pode oferecer. E acho que a história mais absurda que eu já vi foi um cara pedir uma cerveja belga especial, uma Trapista, que na época era supercara, e jogar um copinho de limão com sal dentro do copo. Quais as cervejas mais estranhas que existem por aí? O céu é o limite no mundo cervejeiro. Entre cervejas feitas com leveduras encontradas na barba do cervejeiro até cervejas maturadas no fundo do mar. Temos as cervejas superalcoólicas, com 50-60%, e as com ingredientes inusitados, como bacon. Qual a cerveja mais rara que você já bebeu? Tirando aquelas que conseguimos tomar nas cervejarias e que nunca serão vendidas, acho que diversas safradas entrariam nessa resposta. Como a Cantillon Bruocsella 2003, por exemplo, espetacular. Quais são os rótulos “sonho de consumo” de todo bebedor de cerveja artesanal? Acho que os mais unânimes são os belgas da Westvleteren, cervejas que só são vendidas, teoricamente, na abadia em que são feitas e no seu bar do outro lado da rua.
13
comer e beber
Vêm
aí
Dos mesmos e do sucesso “Garçom, Estrelado por diretores de “Hoje Eu Traz Uma Gelada” Vodi Caegelo Vou Pro Boteco III”
Não deixe de provar os drinques que são os blockbusters dos bares da ficção e da vida real. Ah, mas cuidado na dose para não acabar com uma ressaca cinematográfica que nenhuma equipe de efeitos especiais pode curar!
14
participação especial de Gim Kiébom
Cosmopolitan, “Sex and The City”
Quem disse que bar é lugar de homem? Entre uma taça e outra de Cosmopolitan, Carrie e suas amigas fazem confissões sobre amor e sexo em Nova York. O drinque virou praticamente uma instituição alcoólica, sinônimo de mulheres elegantes e sofisticadas. Bom para: fazer pose de insider do mundo da moda enquanto na verdade você chora as pitangas pela sua vida amorosa.
comer e beber
Manhattan, “Quanto Mais Quente Melhor”
O drinque clássico ganhou reputação e espaço nos bares mais legais ao redor do mundo. Ele aparece também na comédia “Quanto Mais Quente Melhor”, estrelada por Marilyn Monroe, em que ela prepara o Manhattan com água fervendo. Bom para: acompanhar dois homens vestidos de mulher que tentam escapar de um assassino. Afinal, numa situação dessas, meu caro, só bebendo.
Sweet Vermouth On the Rocks With a Twist, “Feitiço do Tempo”
Não é história de ressaca, mas Bill Murray vive o mesmo dia várias vezes antes de dar o primeiro gole etílico. Ele escuta a mocinha falando como o drinque a faz lembrar de Roma. No dia seguinte, que ainda é o mesmo dia (sacou?), o cara vai direto pedir o tal coquetel. Bom para: curar o tédio de viver o mesmo dia repetidas vezes e tentar uma segunda chance de conquistar o coração da amada.
Coquetel de Champagne, “Casablanca”
“De todos os bares, ela tinha que entrar logo no meu.” A frase clássica de “Casablanca” explica o reencontro entre Rick Blaine e Isla, por quem foi apaixonado anos antes, em Paris. O filme se passa quase o tempo inteiro no bar de Ricky, provando que os botecos são bons cenários para histórias de amor. Bom para: se despedir e beijar pela última vez o amor da sua vida, que irá embarcar num avião com outra pessoa que não é você.
Martini, “007 James Bond”
Logo que entra no bar, o mais galanteador dos agentes secretos com permissão para matar vai logo pedindo um Martini, batido e não mexido. Pronto, segredo de paquera revelado. Agora você já sabe de onde vem toda aquela confiança para falar: “Bond, James Bond”. Bom para: conquistar a mulherada enquanto salva o mundo de uma guerra nuclear vestindo um terno impecável.
15
pequenos detalhes
É noz,
moscada! Lembra quando você estudou a Rota das Especiarias na escola? Tudo bem, nós também não. Só sabemos que a NOZ-MOSCADA estava lá, nos porões das grandes navegações. Daquela época até hoje, um tempero clássico e cheio de curiosidades Certamente você vai olhar para a noz-moscada de outra forma depois de saber que ela é um alucinógeno. Sim, coisa de doidão, meus caros. E você achando que era só mais um tempero cheiroso da sua gavetinha de condimentos na cozinha. Mas fique na sua, porque, se cair nessa, vai passar tão mal que se arrependerá de todos os seus pecados, inclusive aqueles que você ainda não cometeu. Ah, a NOZ-MOSCADA! tão leve, sutil e, ao mesmo tempo, poderosa e aromática
Aliás, falando em pecados, hora de saciar intelectualmente a gula. Ah, a noz-moscada! Tão leve, sutil e, ao mesmo tempo, poderosa e aromática. Um must have nas poções gastronômicas de quem gosta de improvisar. O que seria daquele momento em que você se diverte jogando temperinhos na panela fervendo sem uma noz-moscada para seu “voilá” performático? É bem nessa vibe meio mística que a especiaria se encaixa, afinal, sua origem tem a ver com poderes medicinais e até afrodisíacos.
A noz-moscada é a semente do fruto da moscadeira, uma árvore imensa e perfumada que se acredita ser nativa das Ilhas Molucas, na Indonésia, mas facilmente se espalhou por países com clima tropical. O fruto lembra um damasco e, quando amadurece, libera a semente, coberta por uma membrana laranja-avermelhada chamada “macis”. Ali dentro, fica nossa amiga noz-moscada. Tão logo suas propriedades foram descobertas, a semente começou a ser comercializada mundo afora pelos árabes como especiaria rara e um medicamento poderoso. No começo, era mais usada para aromatizar cervejas, mas depois tornou-se tão cara que virou símbolo de status.
Passada a euforia e o período das grandes navegações, a noz-moscada entrou para a lista dos temperos essenciais da gastronomia mundial. Fácil, fácil você encontra hoje essa especiaria das antigas nas prateleiras do mercado, em meio àquele mundo de temperos que temos à mão. Mas poucas opções são tão versáteis quanto a noz-moscada. Ela serve a doces e salgados, sem comprometer o sabor com seu aroma. Vai das sopas aos ovos mexidos, massas, molhos, tortas, pudins, biscoitos e purês. Sucesso absoluto! Dá aquela perfumada na carne e até no cappuccino quentinho dá para arriscar. Para fechar, um segredinho: se você é daqueles que já parte para o pacotinho do tempero em pó, experimente inovar na próxima compra. Segundo os experts, quando ralada ou moída na hora de usar, o aroma e o sabor da semente ficam muito melhores. Falando em pó (ops!), não vá pesar a mão. Mesmo que as intenções sejam nobres – de fato, a noz-moscada tem poderes afrodisíacos –, o excesso vai dar problema. O Ministério da Saúde Mental adverte: nunca passe de duas colheres de chá na mesma porção.
17
on the road
NICARรกGUA 18
NA BOCA
texto e fotos Fhabyo matesick
on the road
Hoje em dia
não anda simples para homens dizerem que não sabem nada de cozinha, ficou meio feio. Então, antes de você continuar a ler esta matéria, vou ser sincero: eu mal sei fritar um ovo, sofro pra diferenciar colher de chá da de sobremesa e tenho medo de forno. Se quiser parar já, tranquilo. Se não, vamos nessa porque, graças a deus e à minha fome – que, diga-se de passagem, nunca me abandonou –, sou um apaixonado pela gastronomia. E toda viagem é uma grande experiência gastronômica. A que vou contar daqui pra frente começou uns oito meses atrás, quando, numa mesa de bar, rodeados de cerveja, eu e mais cinco amigos de infância resolvemos fazer a primeira surf trip juntos. Nos conhecemos e surfamos há décadas, mas uma semaninha dedicada apenas às ondas, às cervejas e à boa comida, esse grupo nunca tinha feito. Escolhemos a Nicarágua porque tinha tudo isso e ainda a proximidade e o custo-benefício da América Central. Centenas de e-mails depois, chegou o dia e a galera embarcou para Manágua via Miami. O plano era chegar, pegar duas 4X4 e rumar para o sul, em direção a Rivas, onde ficaríamos instalados em Hacienda Iguana (www.haciendaiguana.com/en/), entenda-se, na cara do gol. No avião já decidimos que a primeira parada seria um supermercado, pra fazer o ranchão da barca. Depois de uns momentos tensos por causa de um passaporte para vencer em, tipo, 10 dias, pegamos as bagagens, colocamos no carro e rumamos para nossa primeira experiência gastronômica: el Maxi Palí.
Nicarágua
Manágua
Rivas
Maxi Palí, um supernica Comida é sempre importante em qualquer viagem, agora multiplique isso por sete. Entramos em cinco no Maxi Palí, uma espécie de SuperDip com status local de Carrefour. Cada um pegou um carrinho e foi em direção ao seu objetivo, mesmo sem saber qual era. O combinado era cozinhar o mínimo possível, pois tínhamos Érika – ela vai ganhar um capítulo à parte – para fazer o café da manhã e três jantares em sete dias. Estávamos ali apenas para comprar os “lanches pós ou pré-surfe” e a “cerva”. Claro, virou uma confusão animal e risada pra mais de metro com a descoberta de produtos interessantíssimos como o Presunto Fud, esse é FUD IDOL, e a Avena Mosh, a veia rock ’n’ roll. Descobrimos ali que a cozinha nicaraguense dá bastante valor ao sabor e ao tempero, usando e abusando de frutas, verduras, carnes e peixes. Foi no Maxi Palí também que encontramos pela primeira vez aquela que seria a musa de toda a viagem, a Toña. Nos apaixonamos tanto por ela que compramos 10 caixas já de largada. Para acompanhá-las, muita maçã, cenoura, pão, queijo, presunto e tudo que desse para enrolar em papel-filme e levar para a praia. Claro que teve uma ala mais radical que foi responsável pelas bolachas, os chocolates e a Nutella.
19
on the road Descobrimos ali que a cozinha nicaraguense dá bastante valor ao sabor e ao tempero, usando e abusando de frutas, verduras, carnes e peixes
Do alto de seu metro e quarenta e pouco, aquela mulher morena acima do peso, já perto dos 30, com feições claramente centro-americanas e um grande sorriso no rosto, preparava sozinha o nosso jantar, com direito a entrada e prato principal. Isso mesmo que você leu, menos de 1,5m de nicaraguense dando conta de alimentar sete ogros famintos. Na primeira noite, já descobrimos o quão arregados estávamos: ela deu um show. Ao singelo custo de US$ 7 por pessoa, Erika vinha, fazia a refeição (comida incluída), arrumava a cozinha e ainda dava um gás nos quartos. Mas isso era pouco, o que Erika tinha mesmo a manha era no comando do fogão. Estreamos seu cardápio com uma parruda salada de lagosta como entrada e um frango picante, arroz e legumes grelhados com cebola e alho, simples e delicioso. Erika ainda voltou mais duas vezes para preparar o jantar, em ambas dando um show de simpatia, garra, competência e simplicidade. Fez desde um frango com salada guacamole e purê de batata até Mackerel de 8 quilos, primo do atum, pescado pela ala pescadora da barca. Só amarelou mesmo na noite do terremoto, quando pediu para ir embora junto com a amiga para ficar com a família, o que foi completamente compreensível. E um pouco assustador. EM MENOS DE DUAS HORAS, ERIkA JÁ HAVIA ganhado o apelido de “a nicachef mais casca-grossa de todos os tempos”
Erika, a nicachef casca-grossa Depois de uma tumultuada, mas bem-sucedida parada no supermercado, rumamos ao sul e menos de duas horas depois chegávamos ao nosso destino, la famuesa Hacienda Iguana. A Nicarágua é um país seco, árido e amarelo. Chegar na Iguana e ver aquela quantidade de verde em frente ao mar foi bom demais. No reconhecimento da área já descobrimos um bar, uma piscina e um restaurante, tudo pé na areia, a uns 35m da nossa sacada. Para a primeira noite, tínhamos encomendado o jantar, que seria feito no nosso apê pela Erika. Depois de pouco mais de uma hora de surfe, sete monstros molhados de fome adentraram o apartamento e se depararam pela primeira vez com Erika, que em menos de duas horas já havia ganhado o apelido de “a nicachef mais casca-grossa de todos os tempos”.
20
on the road O café de las mañanas A rotina na Nicarágua era pesada, afinal, todos estavam ali para descansar o cérebro levando o corpo à exaustão. A vida começava por volta das 5h15 da manhã. Para não se empanturrar já de cara, junto com a chegada do sol, optávamos sempre por uma fruta, um iogurte e, às vezes, um suco de mamão e laranja. Depois de quase duas horas de surfe, a volta ao apê era rápida e, como sempre, faminta. A alegria chegava a estalar os dentes quando abríamos a porta e lá estava ela, Erika já a mil por hora, cuidando do desayuno de los tigres. Não era um simples breakfast, mas um brunch digno da fome e do dia que tínhamos sempre pela frente. Na primeira manhã, já sentimos que Erika não estava lá para brincadeira e, como uma grupiê das panelas,
ela distribuiu sete pratos bem carregados de ovos mexidos, bacon e torradas, numa mesa cheia de pães, queijo, presunto, suco e salada de frutas. E todos os dias foram assim, apenas mudando o bacon, ora por salsichas, ora por um picante molho vermelho cheio de cebola e pimentão, naquela linha bem light que era o café da manhã na Nicarágua. Em resumo, mal tinha passado das 8 da manhã e a gente já contabilizava duas horas de água e comido como um toro rosso. Para o resto do dia, ou melhor, de praia, a comida ficava mesmo em segundo plano. Enquanto o sol de quase 40º continuasse no céu, era mais prudente e agradável manter uma alimentação leve, com sanduíches, frutas e, no máximo, um peixinho grelhado em frente ao mar. Porém, a hora que começava a anoitecer, o bicho pegava de novo.
21
on the road
22
on the road Te gusta la Lagosta? Este ano de 2014, pelo menos para mim, já pode ser considerado o ano da lagosta. No réveillon, já havia me esbaldado com as lagostas do sul da Bahia, que, além de deliciosas, me deixaram mal acostumado ao pagar a média de 50 reais por quatro exemplares de encher a espécie de orgulho. Mas na Nicarágua foram várias vezes, para ser exato, cinco em sete dias. O mais interessante foi que, pela primeira vez na vida, eu comprei lagosta direto do barco, no meio do mar, pegando das mãos do mergulhador que acabara de chegar à tona. Como tudo começava cedo, às seis horas da matina estávamos em frente à praia de Estillero esperando o Nazaret ir ao mar para nos levar até a onda de playgrounds. O caminho seria feito em pouco mais de 40 minutos, costeando uma estonteante parede de pedra e por uma água de fazer inveja a muita piscina por aí. Foi um dos melhores programas da trip e, quando já estávamos voltando faceiros, vimos um barco parado em alto mar dando toda pista que estava caçando lagostas. O barqueiro percebeu nosso interesse e peguntou se queríamos chegar perto e tentar comprar lagostas recém-saídas da água. Não deu outra, encostamos o Nazaret e levamos 12 lagostas por 12 dólares. E para jantar, mais uma vez, o já famoso combinado nicaraguense: o Lagostoña. Não deu outra, encostamos o Nazaret e levamos 12 lagostas por 12 dólares. E no jantar, mais uma vez, o já famoso combinado nicaraguense: o Lagostoña
Isabelle Tá, você já deve estar se perguntando: “Mas esse cara não vai num restaurante?”. Pois é, amigo, não existem muitos restaurantes nesse sul da Nicarágua aonde resolvemos ir surfar. É uma parte pobre do país, localizada entre o Lago Nicarágua e o Oceano Pacífico, com um clima de pouca chuva, muita aridez e sinais agonizantes de uma pobreza e um descaso vítima de mais de 60 anos de ditadura, fora os 20 e poucos de guerra civil. Assim sendo, o hábito de comer fora por lá é algo meio que exclusivo dos turistas, fazendo com que não tenhamos muitos restaurantes diferentes do que você encontrava na Garopaba dos anos 90, por exemplo. Mas, como tudo na Nicarágua, tivemos mais uma chance de descobrir o quão encantador é aquele país e seu povo. No meio do nada, ou do quase nada, numa estrada de terra, uma casinha verde, com quintal de grama e uma simpática varandinha abrigava o Isabelle. Com esse nome poderia muito bem estar na Croissette, em Cannes, ou na Legian, em Bali, mas estava ali mesmo, em Rivas. No meio do nada, ou do quase nada, numa Estrada de terra, uma casinha verde, com quintal de grama e uma SIMPÁTICa varandinha abrigava o Isabelle
23
on the road Chegamos com a tradicional fome e, na entrada, já fomos recepcionados com sorrisos abertos e um cardápio simples mas sofisticado, numa combinação nem sempre compreensível por todos. Na entrada, pedimos ceviches de peixe, de caranguejo e de lagosta. Eram deliciosos, temperados com a acidez e a pimenta de quem sabe o que está fazendo. Como prato principal, opções como frango, mignon e arroz com camarão chegaram a balançar a turma, mas a lagosta mais uma vez acabou levando a melhor. Ali também nos deliciamos com uma das comidas mais tradicionais da Nicarágua, os Plátanos Fritos. Os caras cortam a banana em rodelas e fritam como se fosse aipim, ficando, inclusive, com a mesma consistência. Você come com uma mão no saleiro e a outra levantada para os céus, de tão bom. Voltamos no Isabelle ainda mais uma vez para repetir a sequência de ceviches, lagosta com plátanos e Toña, sempre pagando uma conta individual que mal se aproximava dos US$ 20,00.
Plátanos Fritos. Você come com uma mão no saleiro e a outra levantada para os céus, de tão bom
24
A NICARÁGUA Depois de sete dias na Nicarágua, posso dizer que o surfe mais uma vez me levou a lugares que não iria se não fosse com ele. E de carona, as experiências gastronômicas únicas. A bola da vez foi um país no meio da América Central, cheio de locações para os filmes do Iñarratu, mas que esconde uma rica cultura dentro de sua cozinha. Um povo que cozinha feliz, variando sabores e temperos com a mesma ginga que a vida centro-americana impõe. Gosta de te atender e mostrar como é sua comida, seu jeito, seu país. Gente que encontra em turistas como nós não apenas uma fonte de renda que come e paga em dólar, mas pessoas que podem levar mundo afora uma boa lembrança desse país tão interessante e saboroso quanto sofrido. A bola da vez foi um país no meio da américa central, cheio de locações para os filmes do Iñarratu, mas que esconde uma rica cultura dentro de sua cozinha
Fhabyo M vocação e atesick é jornalista mas está evsurfista por paixão. de formação, publ icitário por Diz que nã oluindo na o sa sp manteiga anelas: aprendeu a be fritar um ovo, para alimen fazer maca rrão na tar as filha s!
especial do dia
m a e n s a á T !
Hora do almoço: aquele momento sagrado em que você chega em casa, mesa posta, cheirinho de tempero no ar, a família toda reunida e o sofá esperando para a siesta. Alô?! Acorda, a vida real, cotidiana e cronometrada mandou chamar
26
especial do dia
Vai dizer
que você não sente falta da época em que chegava da aula, se jogava no sofá da sala e ficava só esperando o chamado: “Tá na mesa. Tá servido. Vem comer senão esfria”. Ah, a hora do almoço. Comida de casa, sobremesa e depois aquela soneca babando ao som da abertura do Vídeo Show na TV. Mal sabia você que esses dias não voltariam mais. Ninguém te contou que na vida de adulto, hora do almoço é igual a intervalo de jogo: você acha que tem tempo de sobra, mas não tem. Ainda que essa cena se repita para quem tem filhos crescidinhos ou marmanjões mesmo – sob nova perspectiva, é claro –, a verdade é que, mesmo nas famílias mais tradicionais, o almoço em casa durante a semana está se extinguindo. Os motivos são diversos: trânsito muito complicado, agenda apertada, empregadas domésticas mais caras, muitas opções de restaurantes em todos os pontos da cidade, preguiça descarada de cozinhar, e assim por diante. Segundo matéria veiculada no jornal Gazeta do Povo com dados do IBGE e Abrasel, o número de brasileiros que almoçam ou jantam diariamente fora de casa aumentou 38% nos últimos seis anos. E mais: 30% do que gastamos hoje com alimentação se destina a refeições feitas em bares ou restaurantes.
30%
muitas opções de escolha, é preciso também ter jeitinho de comida de casa. “Um bom feijão ou lentilha, legumes diversos tanto crus como refogados e duas ou três opções de carne.” Ana Maria é do tipo desbravadora, dessas pessoas que adoram descobrir lugares novos e experimentar. “Só fujo das praças de alimentação dos shoppings, parece que todas as comidas cheiram igual. Ah, e se algo me fizer suspeitar de falta de higiene ou se não for bem atendida, com certeza não volto.” “A comida tem que ser gostosa, claro, mas nada como almoçar em um lugar bem agradável no meio da semana!” Ambiente também conta. Já que não se pode ter o conforto de casa, que seja pelo menos um lugar agradável. Ou, no mínimo, que você não saia de lá fedendo a coxinha frita. A analista de marketing Ana Victória Guarinello gosta de almoçar em casa, mas, quando decide almoçar fora, o ambiente realmente vale muitos pontos na escolha. “A comida tem que ser gostosa, claro, mas nada como almoçar em um lugar bem agradável no meio da semana!” Ok, você deve estar achando que nos esquecemos de um quesito bem importante: o preço. Claro que não esquecemos. Foi por isso que montamos um roteiro especial com dicas de lugares para todos os bolsos, do começo ao fim do mês. O mapa gastronômico da cidade é vasto e democrático. O tempo pode ser curto, mas viver de fast food é apelação. Pronto, falamos!
do que gastamos hoje com alimentação se destina a refeições feitas em bares ou restaurantes Conversamos com algumas pessoas que fazem parte dessa turma, com maior ou menor frequência, e o ponto em comum quando se fala em lugares para a hora do almoço é a localização. Mas não para por aí, afinal, quando se come fora todos os dias, a qualidade e a variedade da comida são fatores determinantes na escolha. É assim para a jornalista Sandra Solda. “É importante que tenha opções de saladas, carnes, arroz integral e frutas.” Já para a psicóloga Ana Maria Rosa, que se diz privilegiada por trabalhar no Centro e ter
27
especial do dia
Jogo da vida cotidiana
Almoço todos os dias Praça Osório, 485 - Centro
a inh l z o C Yü rienta O
Almoço de segunda a sábado Av. Iguaçu, 2820 Água Verde
Forneria Copacabana Iguaçu
Almoço de terça a sábado Rua Saldanha Marinho, 1650 - Praça da Espanha
Almoço de terça a sábado Rua Fernando Simas, 260 - Batel
as as pont
Uou! Desacelera porque chegou a fatura do cartão de crédito. Hora de maneirar no orçamento diário do almoço, mas sem abrir mão da qualidade. Comida boa, ambiente bacana e preço acessível: um bom menu para o meio do mês.
Maru
do
ran u g e S
Saiu o pagode, a bufunfa, o ordenado. Dia de pagamento é só alegria. A turma toda do trabalho se reúne para um almoço daqueles. Se você é daqueles chegados em uma carne, logo se abanca nas grandes churrascarias. Mas se você é do time dos apreciadores da alta gastronomia, aproveite para curtir um almoço mais demorado e caprichado.
28
Almoço de terça a domingo Avenida Sete de Setembro, 6260 - Seminário
Quintana Café e Restaurante
do ir a to tor t a Tr Vic rô Vin Bist
Madero Prime Steakhouse
Só alegria
Almoço de terça a domingo Rua Fernando Simas, 47 - Batel
Badida Carnes Nobres
Almoço todos os dias Rua Jaime Reis, 254 São Francisco
Calma aí!
Almoço todos os dias Avenida Sete de Setembro, 6045 - Seminário
la iG al a st atel a P La B
Você não foi convidado para almoçar com o Rei do Camarote e prefere deixar os quatro cifrões para os fins de semana ou momentos especiais. O que não quer dizer que o início do mês não mereça ser comemorado em grande estilo.
o el Fueg d a r r e Ti
Entre neste tabuleiro e conheça o mapa gastronômico para quem gosta de comer bem na hora do almoço
Almoço todos os dias Avenida do Batel, 1440 - Batel
comida iferença da “A grande d e parece s em casa m que fazemo das quantiem função tuam que é mais ac res que en dades meno s.” re os sabo sa,
Almoço todos os dias Rua Benjamin Lins, 774 - Batel
fé
Almoço de segunda a sexta Rua Comendador Araújo, 499 - Centro
t Ca
Ih, apertou !
especial do dia
Ro Ana Maria psicóloga
res os s luga Sei o o n r ro i eço. “Prefi u já conh ualidae q s i a ido, qua servi e e atend é e u d q a d e ri de, va mento.” lda, ra So Sandrnalista jo
nge
o oM
éd
Caf
Dom Veggie Culinária Vegetariana
Bel Resta lagio urant e
Cantina do Délio
Almoço todos os dias Rua Itupava, 1094 Alto da Glória
des, ovida gar n s a ho n de um lu de ol “Fico ndo gosto fiel!” ua te mas q viro clien o, rinell a Gua ting i r ó t c i ke Ana V ta de Mar analis
Smar
Almoço todos os dias Avenida Sete de Setembro, 6797 - Seminário
Ohana Batel
tos ibu aur t a est a r ais cip bom ar são e n i e r ç m p o u s ent “O a ser a alm ambi ida.” r par te pa ão, o a com ran alizaç ade d , aad loc ualid l R ário O fim do mês está chegando. Ene q i a br s quanto a conta bancária diminui, Ga mpre e a fome não arreda o pé. Tem início uma verdadeira caça ao tesouro: a busca pelo famoso bom, bonito e barato.
La Rauxa Cafè i Bistrot
nte
a aur t s g Re vevê n i r Ju Sp
Almoço de segunda a sábado Rua Padre Anchieta, 2001 - Bigorrilho
Almoço de segunda a sábado Rua Eurípedes Garcez do Nascimento, 906 - Ahú
almoço segunda a sábado Alameda Doutor Carlos de Carvalho, 74/88 - Centro
Free
FIM
Bônus! Almoço todos os dias Rua Euzébio da Mota, 647 - Juvevê
| Almoço segunda a sábado Avenida Sete de Setembro, 6787 - Seminário
O telefone toca e vem a boa notícia. “Alô, fiz comida, quer vir almoçar?” Casa da mãe ou da avó não tem dia do mês nem situação financeira que impeça. Qualquer dia que o convite chega é sempre bem-vindo.
Casa da mãe! Também vale a da avó ou da sogra
29
chá de cozinha
Manual dos
CHEFS
DE PRIMEIRA VIAGEM Chega de morrer de inveja do apresentador do programa de culinária e comece já a investir em modelos novos para a sua cozinha!
Panela elétrica
Faz tudo: frita, cozinha, aquece, refoga e muito mais Panela de ferro fundido Chasseur • R$ 1.139,00 • Spicy • www.spicy.com.br
Panela de ferro
Para cozidos e ensopados. Pode ficar muito tempo no fogo e também ir ao forno.
Panela elétrica Cuisinart • R$ 799,00 • Spicy • www.spicy.com.br
Panelas com revestimento em cerâmica Permitem cozinhar com pouca gordura.
Jogo de panelas Rotonda Ceramic com revestimento em cerâmica e tampa de vidro 4 peças • R$ 788,50 • Tramontina • www.tramontina.com.br
30
chá de cozinha
Panela de alumínio com revestimento antiaderente
Versátil e cozinha quase tudo. Revestimento antiaderente que não deixa a comida grudar no fundo.
o em e pressã Panela d ínio alum ntina • Tramo .br 0 ,0 3 2 2 • R$ a.com ramontin • www.t de segurança e • Válvula de pressão r indicado
Frigideira para omelete antiaderente • R$ 155,00 • Spicy • www.spicy.com.br • Faz a inversão do omelete
Pipoqueira em alumínio com revestimento Starflon • R$ 117,45 • Tramontina • www.tramontina.com.br
Panela em Inox Minipanela Colorworks com revestimento antiaderente • R$ 79,00 • Lots Criativa • www.lotscriativa.com.br
Panela para cozimento a vapor WMF • R$ 1.399,00 • Spicy • www.spicy.com.br
31
lobetomia
l e v í s s o P m i A r a g e l e d e d e t r a o ma p or b et
Dono de restaurante normalmente é um cara sem muita instrução, com pouca formação acadêmica. Mas, vamos falar a verdade: que formação é necessária pra se tornar dono de restaurante? Espírito empreendedor, uma boa dose de carisma e coragem são suficientes pra começar um negócio. Dinheiro não está em primeiro lugar. Veja quantos são aqueles que começam servindo churrasquinho na garagem da própria casa e se tornam referências nesse negócio. O restaurante talvez seja a atividade econômica formal mais informal de todas. Nada mais é do que tirar o que se tem na geladeira, preparar no fogão e levar até a mesa. É exatamente o mesmo trabalho que você tem pra servir o almoço na tua casa. Mas se comida for boa, você vai precisar de mais gente: teu filho vira garçom e tua mulher vai ajudar na louça. Se crescer ainda mais, você vai chamar teu irmão pra fazer as compras e teu sobrinho pra atender o telefone. Pronto! A garagem virou um negócio e já sobra um trocado pro aluguel. Você está feliz, virou dono de restaurante. Trabalha incansavelmente, de segunda a segunda, pra atender à fiel clientela. Você conhece cada um, chama a todos pelo nome. Por outro lado, seus velhos amigos não te veem mais. Você esquece o aniversário da afilhada e não pode ir no casamento do melhor amigo. Chega a hora dos primeiros investimentos: trocar as luminárias que estão engorduradas, aumentar a churrasqueira, alugar o terreno dos fundos pra estacionamento etc. E vão aparecer as fiscalizações: Vigilância Sanitária, bombeiros, urbanismo, e dá-lhe correr pra lá e pra cá com a papelada na prefeitura.
32
o da l o s s
Cansado dos erros e atrasos do teu sobrinho, você vai brigar com ele, ele vai te processar, e você sentirá por alguns meses um enorme desejo de exterminar uma espécie denominada “advogado trabalhista”. Mesmo assim, você aprendeu a lição: vai registrar teu filho, teu irmão, tua mulher, cada um com um cargo e um salário específico. Quatro ou cinco anos se passaram e você, de tão ocupado que esteve, não se deu conta do que aconteceu. Ah, sem falar da televisão… Quando te perguntarem o nome da novela das 8 vão rir de você. E a folga? Ah, a folga... Se você não tem um sócio, esqueça! Você nunca vai saber qual é o melhor dia pra folgar. Nos sábados e domingos não dá porque são os dias de mais movimento. Nos dias de semana você lida com os pepinos comuns a qualquer profissão: contas pra pagar, reformas pra fazer, rescisões, contratações, treinamentos. Com as férias é a mesma coisa. Não existe melhor época. Fim de ano não dá por causa das festas de confraternização. No meio do ano, quando o movimento é ruim, também não dá, porque já que tá ruim você tem que estar ali, agarrado nas economias. Mas, tudo bem... Tua conta bancária está gorda e você tem um carro do ano. Trabalha que nem um camelo, mas é um empresário de sucesso. Afinal, você foi um dos poucos que se deu bem entre tantos outros que também tentaram. Existe um Q de crueldade nessa profissão: tudo depende do dono. A decoração, o trato com o fornecedor, o recebimento da mercadoria, o pagamento das duplicatas, a qualidade da comida, a presença na mesa de cada cliente, a lida com os funcionários, o
lobetomia fechamento do caixa no fim da noite, a obrigação de estar sempre alegre e sorridente. O restaurante é teu filho, é a tua cara. Você quer que ele cresça e seja do jeito que você sempre sonhou. É até pior, porque um filho pode ficar na casa da sogra de vez em quando, o restaurante não. Donos de restaurantes são centralizadores. Eles têm certeza de que são insubstituíveis. É a cultura do negócio. Eu nasci dentro de uma família de donos de restaurantes. Vivi tudo isso bem de perto. Eu era apenas mais um do time dos centralizadores. Um dia passou pela minha cabeça: “E se eu morrer?”. Tentei pegar mais leve: “E se eu ficar doente e tiver que parar?”. Entendi, naquele momento, que meu negócio não poderia depender tanto de mim e vice-versa. Fui um pouco além: “Por que eu tenho que ficar doente pra descobrir se meu negócio sobrevive sozinho? Eram tantas as questões que fui parar num terapeuta, é claro. Mas deu no que deu: resolvi tirar minha própria “licença-maternidade” e sair por quatro meses. Durante os meses que antecederam meu afastamento,
tudo aquilo que eu fazia comecei a passar pros outros fazerem. Descobri um mundo novo. Descobri talento, competência e garra que estavam adormecidos em muita gente. Qualidades intocadas nos membros da minha equipe. Descobri como é poderoso o desejo de superação e como eu poderia usar aquilo a favor de todos: de mim, do restaurante e deles mesmos. Percebi que eu era dispensável, e que isso traria um novo mundo de possibilidades pra minha vida. Ao mesmo tempo, traria medo: eu vivia na zona de conforto do ser indispensável e se tornar dispensável, acredite, causa um grande desconforto. Dez anos se passaram desde a minha primeira longa viagem. Aprendi na marra a me afastar do meu negócio e acredito que esse modelo funciona. Estou prestes a fugir novamente. Toda vez é um parto! Dá medo de voltar e ver tudo afundado. Mas esse sou eu, e é assim que vou tocando a minha vida. Não quero que a natureza decida por mim o dia do meu afastamento, quero fazer isso por mim mesmo. Se não for assim, nada mais faz sentido.
ão s s e t n a taur s e r e d Donos têm s e l E . s dore a z i l a s. i r t e v í u cen t i t subs n i o ã s e qu e d a z e t io c ó cer g e n o ra d u t l u c a É 33
gastroglobalização
Do Líbano
para o
mundo Entenda por que a comida libanesa é a bola da vez!
34
gastroglobalização
Pense
em um país mediterrâneo que possui uma fantástica e saudável culinária, rica em especiarias, legumes, vegetais, carnes magras e azeite de oliva. Pense em um país de onde saíram milhares de imigrantes, que levaram consigo suas receitas e as adaptaram em novas terras. Pense em um país que tem em seus pratos influências de vários povos que por ele passaram. Itália? Espanha? Não, desta vez estamos falando do Líbano. A culinária libanesa está na moda e promete ser a nova coqueluche internacional, segundo rumores do estrelado e antenado chef espanhol Ferran Adrià (leia a entrevista na Tutano 10). Descendentes de libaneses cresceram comendo esfirra, quibe e tabule em casa, seja em São Paulo, Sydney, Paris, Abidjan ou Michigan. Agora é a vez do grande público se encantar com os charutinhos de folha de parreira, com o homus, falafel, carnes grelhadas e doces aromatizadas com água de rosas. A culinária
libanesa
está na moda e promete ser a nova coqueluche internacional Muita gente se refere aos pratos libaneses como comida árabe, mas vale lembrar que há mais similaridades com a culinária de Israel e da Turquia do que com a de muitos outros povos árabes. Digamos que se quase todo liba-
nês é árabe, nem todo árabe é libanês. A diversidade geográfica e os vales férteis do Líbano sempre produziram enorme variedade de ingredientes, diferentemente do que se produz na Península Arábica ou no norte da África. Dois bons exemplos são o falafel e o homus. Falafel são bolinhas de grão-de-bico fritas, temperadas com alho, cebola, coentro e cominho. O homus é a pasta de grão-de-bico com tahini, azeite de oliva e suco de limão. Bem, tanto os libaneses quanto os israelenses dizem preparar as receitas melhores e mais originais. Um ministro libanês chegou a solicitar à União Europeia a proteção do nome homus como produto de origem do Líbano frente à forte concorrência de marcas israelenses no mercado internacional. Até agora, nada. o prato mais
típico
do país, a resposta provavelmente será quibe cru Mas, se perguntarmos a um libanês qual o prato mais típico do país, a resposta provavelmente será quibe cru. Esse sim, só os libaneses preparam, com carne de carneiro e, às vezes, de peixe. As avós mais prendadas escolhem a carne mais fresca, limpa e sem gorduras do pernil, só no açougue de confiança, e misturam com cebolas, hortelã, pimenta, cominho, sal e triguilho (ou bulgur). O resultado tem a consistência de um patê e é degustado com um pedaço de cebola crua e muito azeite de oliva. Deu água na boca.
O que faz com que restaurantes libaneses pipoquem pelos quatro cantos do mundo é a busca por uma alimentação mais saudável. Um tabule, um fatuche ou mesmo a mjadra (arroz com lentilhas) são pratos leves e saborosos. As receitas também se adaptam às estações do ano, ideais para a agricultura sustentável. A forma de comer também é agradável, com pequenas porções para dividir, tornando a refeição um momento de trocar experiências entre os comensais. Adicione a tudo isso o fato de se produzirem ótimos vinhos nos vales do Líbano e tem-se a receita ideal para um almoço ou jantar delicioso. Sahtén! INGREDIENTES
ESSENCIAIS DA
COZINHA LIBANESa Água de flor de laranjeira Água de rosas Alho Azeite de Oliva Grão-de-bico Hortelã Iogurte Pinoli Pistache Romã Sumac Tahini Zaatar
35
gastroglobalização
COMIDA LIBANESA EM CURITIBA Restaurante Tahine Rua Joaquim da Silva Sampaio, 172 41 3016-7630 Velho Oriente Avenida Água Verde, 1551 41 3343-2007 Le Liban Rua Augusto Stresser, 1570 41 3026-5554 Patrício Avenida Silva Jardim, 4261 41 3242-0268
Oriente Árabe R. Kellers, 95 (41) 3224-2061
Don Kebab Av. Vicente Machado, 767 (41) 3232-3200
Cantinho Árabe R. Schiller, 1967 (41) 3264-1318
Barakiah R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza ParkShoppingBarigüi (41) 3317-6300
Armazém CALIFÓRNIA R. Saldanha Marinho, 68 (41) 3223-3084 Vó Zahia R. Cel. Dulcídio, 1860 (41) 3342-6072
COMIDA LIBANESA mundo afora Arábia São Paulo Rua Haddock Lobo, 1397 Jardins 11 3061-2203 www.arabia.com.br Restaurant Liza Paris e Beirute 14, Rue de la Banque – 75002 01 55 35 00 66 www.restaurant-liza.com
36
Souk el Tayeb Beirute Beirut Souqs 01 442664 www.soukeltayeb.com Yalla Yalla Londres 12 Winsley St – W1W 8HQ 020 7637 4748 www.yalla-yalla.co.uk
Balade Nova York 208 1st Ave, entre E 12th e E 13th St – East Village 212 529 6868 www.baladerestaurants.com
happy hour
Melhor do que
Caracu com ovo Muito antes
de inventarem o Viagra, quem precisava de uma animada antes da hora H tinha que recorrer à famosa receita de cerveja Caracu com ovo. A lenda é antiga e dizem que funciona, mas o principal motivo do título é falar de drinques que misturam álcool com ovos. São os tradicionais sours (azedos).
Eles eram lugar-comum antes de pintar a sacana da salmonela, que, se consumida, vai te afastar por um bom tempo de qualquer atividade sexual (se não mata, ao menos emagrece). Os bares de hoje recorrem à clara pasteurizada ou desidratada, que é menos arriscada e quebra o galho. Um sour moderninho é o Pisco Sour, de que já falamos em edições anteriores. Se ainda não provou, pena. Sei que tem muita gente que acha nojentinho pedir um drinque com ovo no meio, só que na verdade nem se sente o gosto da clara, pois quando a mistura é benfeita o sabor do álcool se sobressai na receita. Talvez fique estranha a espuminha que se forma nas bordas do copo, mas para quem está atrás de aventuras calientes, já serve como insinuação ao que está por vir. Receita de Boston Sour para animar até o vovô Boston Sour é um Whisky Sour com a adição da clara de ovo. Então misture: 1 dose e meia de whisky Um pouco de açúcar ou 1 dose de xarope de agave ¾ de suco de limão 1 clara de ovo (fresco, por favor) Gelo picado Chacoalhe no misturador e sirva peneirado, sem gelo, apenas com uma rodela de limão como decoração. E boa sorte na sua noitada!
39
você é o que você come
Se você fosse um sanduíche, qu ro
e Monsie
Cia
u
r
C
Qual seria? bat ta
Seria uma ciabatta de pera com gorgonzola porque gosto de ser diferente e sofisticada.
Porque é feito com ingredientes simples, mas tem seu charme, elegância e sofisticação!
Patrícia Wypych, publicitária
Marcella Stelle, blogueira
ur nat al Seria um sanduíche natural com carpaccio de salmão. Além de delicioso, é supersaudável. Juliana Guimarães, empresária
ur nat al
Burrito Seria um burrito, uma bagunça que dá certo com um toque de pimenta!
Seria um sanduíche natural de peito de peru porque é leve e saudável como eu.
Wessley Oliveira, publicitário
Pietro Derine, administrador
e qu
ijo quent
e
Seria um queijo quente. Macio, mas tostado, se necessário. Humberto Gomes, diretor teatral
40
culinária punk
BISTECAS
HEY HO
Separe os ingredientes e coloque o disco do Ramones. Arrume a mesa, ponha a Red Ale pra gelar e quando estiver tocando “I Wanna Be Your Boyfriend”, chame a gata!
Ingredientes - 2 bistecas de porco - 3 maçãs - 1 rama de canela - 1 limão - 2 dentes de alho Preparo Descasque as maçãs e cozinhe numa panela com água, açúcar, sal e canela até que se transforme praticamente num purê – cuidado pra não adoçar demais. Bata o purê com um garfo para quebrar melhor os pedaços. Paralelamente, esfregue o alho picado na bisteca e frite numa frigideira em alta temperatura pra que fique tostada por fora e macia por dentro. Sirva como na foto. Jogue umas raspas de limão por cima pra aromatizar.
41
comida pra quê?
Crepe
das celebridades entusiasmadas
Este é o café
da manhã que o James Franco e o Ryan Gosling tomam quando acordam juntos, que a Angelina Jolie faz para o Brad Pitt, que o Rodrigo Hilbert vai fazer para a Fernanda Lima depois de ler esta receita, que todos os casais famosos levam na cama para seus pares (menos o Luciano Huck, que tem cara de quem leva um pacote de bolacha maria pra Angélica). Para não precisar levantar às três da manhã, prepare o creme de limão e a calda um dia antes. Assim, é só acordar, calçar o pantufão de monstro e apavorar nos crepes, como o Adam Sandler faria em um de seus filmes de qualidade duvidosa.
Primeiro, o creme de limão. Isso é tão bom que você poderia parar por aqui e servi-lo em um pão velho, é sério. Em uma panela, misture uma xícara bem cheia de açúcar, quase um bloco de manteiga, o suco de cinco limões, raspas de dois limões e uma pitada de sal. Ponha no fogo médio até dissolver o açúcar e derreter a manteiga. Em outra tigela, bata cinco ovos, como se fosse fazer uma omelete. Tire a panela do fogo e acrescente toda essa albumina. Mexa em fogo médio-baixo até engrossar. Cuide para não cozinhar o ovo. Queremos um creme, não ovos doces mexidos com pedaços brancos boiantes.
42
comida pra quê? A calda de blueberry também valeria só por ela. Coloque-a em cima do iogurte para ter um café da manhã de novela, mas sem as músicas chatas e os atores canastrões. Para preparar, misture meia xícara de água, meia xícara de açúcar e dois pedaços de casca de limão. Mexa até dissolver o açúcar. Convide uma xícara de blueberries para o elenco e deixe ferver. Baixe o fogo e vá mexendo até as bolotinhas azuis começarem a estourar. Jogue quanto Curaçau Blue você achar interessante, como o Ratatouille faz com os temperos, e tire do fogo. Misture o suco de dois limões e mais uma xícara de blueberries. Deixe esfriar. A massa dos crepes é um all-in de ingredientes: uma xícara de farinha, uma pitada de sal, três ovos, pouco mais de uma xícara de leite e duas colheres de sopa de manteiga derretida. Misture bem e use uma concha de feijão para colocar na frigideira. Depois de uns dois minutos, vire como panquecas. Deixe mais um minuto e meio e está pronto. Para finalizar, recheie os crepes com o creme de limão. Depois dobre, enrole, faça um tsuru ou o origami que você quiser. Jogue a calda por cima, coloque “Oh Happy Day” para tocar, prepare a bandeja e entre no quarto com seu melhor sorriso. Aí é só aguardar o seu Oscar, que se tudo der certo virá em uma forma bem mais interessante que aquele boneco dourado sem ginga nem volúpia.
cuisine, a cozinha pratica a gangsta Tiago Vidal Dutra o que tem em casa e sem muita ra das ruas, feita com que ir além do Miojo® é possível pa frescura, e acredita suas tentativas de chef, publica as todo mundo. Após iaavemaria.wordpress.com receitas no blog az
43
menu du jour
E quem vai pagar o
pato?
O pato entrou no cardápio há muito tempo e sempre movimentou histórias curiosas a seu respeito. Dizem as más línguas históricas que no século 15 uma camponesa tinha desejos de comer um pato bem preparado quando um homem passou em frente a sua casa carregando, veja só, um pato na mão. Ela não teve dúvidas, parou o dito senhor e, como não tinha dinheiro suficiente, fez uma proposta: pagar o valor do pato com favores, digamos, não convencionais. Depois de feito o
serviço, o homem queria mais. Eles começaram a discutir até que chegou o marido da fulana de apetite culinário incontrolável. Ele tinha o dinheiro para acabar com a discussão e, literalmente, pagou o pato. E daí surgiu a expressão popular usada até hoje. Parece causo de historiador fofoqueiro, e pode até ser. Para não deixar ninguém com tantos desejos gastronômicos, pedimos a dois convidados para jogar o pato no prato e contar suas receitas secretas.
Canard à L’ORANGe (Pato assado ao molho rôti com laranja e vinho tinto) Alexandre Saredi (Restaurante Chalet Suisse) Ingredientes: 1 pato inteiro ½ col. de açúcar mascavo Dose de vinho do Porto Suco de 1 laranja Um pouco de cebola cristal Modo de preparo: Primeiramente, deixe o pato inteiro na salmoura durante 24 horas. Asse no forno por três horas coberto com papel-alumínio. Retire o papel na última meia hora ao forno para deixar corado. Após o cozimento,
44
corte o pato ao meio e separe as partes (coxa, sobrecoxa e peito). Prepare previamente o molho rôti. Acrescente ½ colher de açúcar mascavo, uma dose de vinho do Porto, suco de uma laranja e um pouco de cebola cristal. Cozinhe em fogo baixo as partes do pato neste molho durante 15 minutos. Sirva acompanhado de Spätzli na manteiga (massa caseira) e repolho-roxo (cozido com açúcar, sal e zimbro).
menu du jour fotos: guilherme alves
45
menu du jour
Potage de abóbora com peito de pato e gengibre Por Flávio Frenkel (Anis Gastronomia)
Potage Ingredientes: 1 cabotiá pequena e madura 1 cebola pequena em cubos 3 dentes de alho picado 1 pau de canela pequeno 1 amarrado de ervas pequeno (tomilho, salsinha, louro) 3 litros de caldo de galinha (se não tiver use água) Azeite de oliva a gosto Preparo: Em uma panela grossa, de pelo menos 5 litros, coloque um pouco de azeite de oliva, a cebola, o alho e o pau de canela. Puxe levemente sem dar cor e adicione a abóbora.
46
Coloque a canela, o amarrado de ervas e o caldo (ou água). Cozinhe até tudo estar bem macio, se precisar, adicione mais caldo. Bata no liquidificador, acerte o sal e a pimenta. Reserve. Pato Ingredientes: 2 peitos médios de pato cortados em cubos 2 colheres de gengibre picado pequeno 1 alho picado pequeno 3 colheres de sopa de melado de cana 4 talos de coentro picado finamente
1 col. de chá de pimenta-calabresa (opcional) Azeite de oliva Preparo: Em uma frigideira de ferro, esquente bem o azeite de oliva. Adicione o pato, o alho e o gengibre e salteie por dois minutos até que o pato fique ao ponto ou malpassado. Acrescente o melado, o coentro e a pimenta, se desejar. Montagem: Coloque a sopa no prato e posicione os cubos de pato centralizados (como na foto).
menu du jour
47
cabeça de minhoca
Aliche
no País das Maravilhas Por Elaine Minhoca
Aliche, para mim, definitivamente, é um gosto adquirido. Na verdade, tudo que vem do país da bota de salto me interessa. Com as ditas acciughe não foi diferente. Vamos a elas: A origem (inception de aliche) O aliche, por aqui conhecido como anchova, existe em abundância na costa italiana e é adorado por eles que, em tempos ancestrais, já adoravam umas gororobas como o garum – um molho superluxo composto por sangue, vísceras de atum, peixes pequenos, moluscos esmagados, deixado na salmoura e no sol por pelo menos dois meses, que talvez seja (fato não comprovado, vejam bem) o tataratataravô da pasta d’aciughe, esta sim comprovadamente italiana, da Ligúria. Muitos consideram anchova não o peixe, mas o processo de salgamento pelo qual o aliche passa. Eu não considero nada.
48
cabeça de minhoca De um gosto salgado muito particular, vai da pasta à sardella, passando pela pizza (os franceses têm a pissaladiére, uma espécie de torta salgada com aliche e azeitonas-pretas), a bagna cauda (um fondue quente e gordurento à base de azeite, alho e aliche, característico do Piemonte) e, claro, o spaghetti alla putanesca, ou… O macarrão da boa mãe Então, imaginem a Itália dos anos 50, do Fellini de Noites de Cabiria e da Sophia Loren da Mortadela. Agora imaginem que nessa época os bordéis eram controlados pelo Estado. As donas de casa iam à feira quase diariamente, à procura de produtos frescos para alimentar a família. Já as moças de vida nada fácil não dispunham desse tempo, tendo que recorrer ao que estivesse na despensa para cozinhar: e em que casa italiana vai faltar aliche, azeitona, tomate e alcaparras? Outra versão do surgimento deste prato é da buonna donna de família, que passava as tardes traindo o marido, voltava correndo pra casa e fazia o spaghetti rapidinho com o que tinha na despensa. Eita, mulherada animada, as italianas! Muitos consideram anchova não o peixe, mas o processo de salgamento pelo qual o aliche passa. Eu não considero nada Quando em Roma, oops, Curitiba… Falar em aliche em Curitiba é falar do Baviera. Lá eles têm a entrada de provolone ao forno com aliche, o putanesca (óbvio) e a indefectível pizza de aliche importado, essa custa R$ 65 o show, e vale a pena. Outra boa opção para comer um belo putanesca na hora do almoço é o Restaurante Ponte Vecchio, dá pra ir com gosto e sem susto, por R$ 32. E por último, mas não menos importante, no Maia Box, Mercado Municipal, existe o sanduíche de mortadela com pasta de aliche, alcaparras e azeitonas, por 15 mangos, uma experiência inesquecível! Então é isso, turma: remédio pra pressão alta e força no aliche!
Serviço: Restaurante Ponte Vecchio Rua Benjamin Constant, 331 Telefone: 41 3264-7193 e-mail: restaurantepontevecchio@gmail.com Maia Box Av. Sete de Setembro, 1865, Box 7, Mercado Municipal de Curitiba Telefone: 41 3362-9065 Restaurante Baviera Al. Augusto Stellfeld, 18 – Centro – Curitiba Telefone: 41 3232-1995 Tente fazer em casa! Para a massa: Vá às Lojas do Pedro e compre uma maquininha Atlas de abrir massa, que vem com corte para espaguete e talharim. Depois disso vá ao Senac e faça o curso de massas com a professora Cristiane (e não falte nenhuma aula). Daí pegue 1kg de farinha de trigo da boa, uma colher de sopa de sal e 10 ovos, misture bem, passe na máquina até o número 5 e passe no rolo de espaguete. Espalhe numa bancada para secar. No caso de você ter preguiça disso tudo, compre dois pacotes de espaguete De Cecco ou Paganini. Para o putanesca: 1,5kg de tomates italianos pelados e processados 1 cebola bem grande picada 3 dentes de alho 6 a 8 aliches desmanchados (vai do gosto, freguesia) 4 colheres de sopa de alcaparras 4 colheres de sopa de azeitona tipo azapa sem caroço 4 folhas de louro 1 colher de chá de açúcar Pimenta-calabresa a gosto Como fazer: Refogue a cebola, o alho e os tomates em azeite de oliva. Acrescente o açúcar, o louro, os aliches desmanchados, alcaparras e azeitonas, corrija a pimenta. Sal, só mesmo se você for maluco. Rende 8 porções generosíssimas.
eventos e é produtora de ela não faz El aine Minhoca da mi co as pra fal ar de cer imonialista. M a! cer imônia nenhum
49
anota aí
Moqueca Enquanto capixabas e baianos brigam para decidir quem faz a melhor moqueca, a gente não quer nem saber: vai lá na Forneria Copacabana e se esbalda com a do Wellington. Mas você pode fazer em casa. É só seguir a receita e chamar os amigos para testarem suas habilidades moquequeiras. Boa sorte!
50
c
amarão!!! oC
sd
Modo de preparo: Em uma caçarola de ferro aqueça o azeite de dendê. Em seguida, adicione os peixes já temperados com sal, pimenta, colorau e suco de meio limão. Cozinhe até que comece a liberar água e, em seguida, coloque o molho de tomate e o leite de coco. Pode-se terminar de cozinhar no fogão ou levar ao forno com caçarola e tudo por aproximadamente 10 minutos. Ao final adicione coentro e sirva com farinha de mandioca e arroz branco.
a
a ca t s e r a t n
Vou
Ingredientes: 80g de posta de cação 80g de anéis de lula 5 camarões grandes 80g de marisco sem casca 180ml de leite de coco 100ml de molho de tomate 2 colheres de sopa de azeite de dendê Coentro Sal, pimenta-preta Meio limão Meia colher de chá de colorau
ó para você.. s o . çã
a b r Pelas ba
anota aĂ
experimente este prato na forneria copacabana
por wellington almeida, chef da forneria copacabana foto: guilherme alves
51
anota aĂ
nte experime este prato lia na Famig li Fadanel
por SONIA EVANGELISTA, chef da Famiglia Fadanelli foto: guilherme alves
52
anota aí
ao Salmão Molho
Maracujá
Salmão e maracujá nasceram um para o outro. É tipo queijo e goiabada, presunto e melão, arroz e feijão. E, antes que você diga que estamos exagerando, eu digo: faz o prato e pronto
i aiaia
aia
Ingredientes: 1 posta de salmão (aproximadamente 300 gramas) Sal e pimenta a gosto
.. P aiaiaia..
i
Molho: Misture a polpa do maracujá, o suco concentrado, o açúcar e a água. Leve ao fogo e deixe ferver, mexendo sempre até reduzir. Acrescente o creme de leite e deixe ferver. Se necessário coloque o amido dissolvido na água. Acrescente a pitada de sal e a manteiga e ajuste a seu gosto. Coloque o molho bem quente sobre o salmão e sirva com arroz e amêndoas.
ens a
na molezaaaaaa
todo mundo q
n ue q aa
e e agu nta!!!
u
oé
P
Modo de preparo: Tempere a posta com sal e pimenta a gosto. Em uma frigideira antiaderente grelhe a posta por aproximadamente cinco minutos cada lado em fogo alto. A posta deve ficar dourada e o centro, levemente cru. Retire do fogo e reserve em um forno preaquecido.
imenta nã
Molho: Polpa de um maracujá 1 xícara de suco concentrado de maracujá 1 xícara de água 2 colheres de açúcar 1 pitada de sal 1 colher de sobremesa de manteiga 200ml de creme de leite Se necessário use uma colher de amido dissolvido na água
ã
ai v o
lh
ar d e
!! ! ! ! !!
53
etílicas
wine brothers’ tips Marchesi di Barolo
Cannubi 2009
Masi Amarone Della Valpo- El Porvenir Laborum Tannat 2007 licella Riserva Costasera 2008
Cannubi é sempre Cannubi! E esse exemplar da Marchesi di Barolo tem um perfume intenso, lembrando ameixas e flores. Ainda jovem, mostra uma bela estrutura e a elegância típica de um dos crus mais renomados do Piemonte. Experimente acompanhando um tagliatelle com trufas. Preço médio: R$ 280
Pura potência. Mas não se enganem, o vinho consegue equilibrar muito bem todo esse álcool. Nariz repleto de frutas negras maduras e especiarias. Um vinho fantástico, mas que pede comida. Ideal para harmonizar com pratos pesadões como uma rabada. Preço médio: R$ 414
Marqués de Tomares
Marichal Reserve
Reserva 2001 (Matusalém - 5 Litros)
Collection Tannat 2011
Delicioso e equilibrado Tannat do Valle de Cafayate, Salta. Bouquet remetendo a amoras, cerejas e cacau. Carvalho bem integrado, taninos aveludados e um agradável final frutado. Combinação perfeita para um assado de tira. Preço médio: R$ 115
Erasmo
2005
Cabernet Sauvignon da jovem viníco Belo Rioja, muito vivo e incrivelmente sedutor. Aromas de frutas vermelhas em compota, toques balsâmicos, certo couro e toques de madeira nobre compõem a paleta aromática de boa complexidade. Na boca é delicioso, com taninos muito finos e excelente persistência. Perfeito com um tornedor de filé mignon. Preço médio: R$ 115
Delicioso tinto uruguaio com aroma intenso de frutas negras, couro e sutil toque de carvalho tostado. Macio e muito fácil de apreciar. Boa companhia para uma carne de forno com legumes. Preço médio: R$ 75
Os irmãos Jomar e Jackson Brustolin, além de fazerem mais um monte de coisas, são autores do blog QVinho.
54
Chileno de inspiração bordalesa. No nariz apresenta notas típicas de Cabernet Sauvignon, como frutas negras discretas e notas mentoladas, além de uma ótima integração com a madeira de carvalho. É encorpado e vigoroso, com taninos de ótima qualidade e acidez marcante. Acompanha muito bem um risoto de cogumelos. Preço médio: R$ 110
etílicas
Dicas do Sommelier de cerveja Gauden Bier Bock
Baden Baden 15 Anos
La Trappe Bockbier
Origem: Blumenau, SC / Teor Alc.: 6,4% / Estilo: American IPA
Origem: Campos do Jordão/SP / Estilo: Heller Bock / Teor Alc.: 6,7%
Origem: Tilburg - Holanda / Estilo: Traditional Bock / Teor Alc.: 7,0%
Para começar vamos com uma curitibana: a Gauden Bier Bock é uma excelente representante do estilo, sendo maltada com aromas de caramelo e bom amargor. Harmonização: torresmo Preço: R$ 12 a 16
Uma prova de que bock não precisa ser avermelhada. E, ainda, esta bock clara é a primeira cerveja feita com adição de lúpulos brasileiros. Harmonização: camembert gratinado com molho de limão, cravo e mel Preço: R$ 18 a 22
A única cerveja trapista da Holanda, a La Trappe também tem a sua versão bock. Castanho-avermelhado, muito bem equilibrada no nariz e na boca. Harmonização: feijoada Preço: R$ 45 a 55
Ayinger Celebrator
Weihenstephaner Vitus
Schneider Weisse Aventinus Weizen-Eisbock
Origem: Aying - Alemanha / Estilo: Doppelbock / Teor Alc.: 7,2%
Origem: Frising - Alemanha / Estilo: Weizenbock Clara / Teor Alc.: 7,7%
Origem: Kelheim / Estilo: Weizenbock-Eisbock / Teor Alc.: 12%
Grande novidade no Brasil, a Ayinger é uma cerveja ícone do estilo Doppelbock. Uma bock mais intensa com coloração marrom profunda. Harmonização: ossobuco de cordeiro Preço: R$ 20 a 24
Uma das mais saborosas cervejas de trigo. De coloração amarelada, ótima formação de espuma, aromas e sabores frutados com apetitoso amargor e dulçor. Harmonização: pancetta à pururuca com molho de frutas vermelhas Preço: R$ 20 a 24
Pra fechar nossa lista de bock, apresento uma Eisbock de trigo. Coloração marrom, intensos aromas de frutas, passas, ameixas e licor, alto corpo, potente e com final adocicado. Harmonização: crepe suzette Preço: R$ 24 a 28
Daniel Wolff entende tudo de cervejas. Além de sommelier, o cara é proprietário da rede de franquia Mestre-Cervejeiro.com.
55
@revistatutano
tutaneando pratos que a @revistatutano curtiu e comentou!
Sushi Arte
› Av. dos Estados, 95 - Curitiba/PR (41) 3022-7704
Atendimento impecável. Comida saborosa e criativa. Um japonês distante dos roteiros gastronômicos que merece uma visita!
La Palmera
› Calle Pio Nono, 201 - Santiago/Chile +56 2 2735 9418
Ao invés de molho de tomate, essa pizza tem abacate, que é muito usado no Chile. Para completar a receita, queijo mozzarella e presunto de Parma.
56
Baviera
› Al. Augusto Stellfeld, 18 - Curitiba/PR (41) 3232-1619
A foto é escura, mas é bem isso que dá charme ao local. O tradicionalíssimo Baviera é consagrado por ter um dos melhores pratos de filé mignon da cidade. A gente assina embaixo.
Restaurante Maru
› Al. Dr. Carlos de Carvalho, 74/88 - Curitiba/PR (41) 3082-9966
Buffet por quilo oriental, ótimo para fugir do PF quando você quiser almoçar rapidinho no centro da cidade. A variedade de comida é enorme!
Famiglia Fadanelli
› Av. Manoel Ribas, 5667 - Curitiba/PR (41) 3372-1616
Prato novo e delicioso no cardápio da Famiglia Fadanelli: um tortelli recheado com costela de porco defumada servida com crocante de brócolis.
Mukeka
› R. Machado de Assis, 417 - Curitiba/PR (41) 3156-3028
Me desculpem pelo trocadilho infame, mas a cocada de forno com baba de moça e geleia de bacuri do Mukeka é de babar.
@revistatutano Gostamos tanto de comer que sempre fotografamos os pratos antes da primeira mordida. Sabe por QUÊ? Só para poder babar nas fotos depois e reviver mais vezes os momentos de gula! Siga @revistatutano no Instagram e acompanhe nossas garfadas pelo mundo!
El Quincho del Tío Querido
› Av. Pres. Juan Domingo Perón, 159 - Puerto Iguazú Argentina – (+54) 3757 42-0151
Para alguns, a Parrillada do restaurante Tío Querido, em Puerto Iguazu, vem antes do que as Cataratas no quesito “motivo da sua viagem”. Não é por menos...
Frigoeste
› Av. Pref. Erasto Gaertner, 2742 - Curitiba/PR (41) 3256-7509
Dizem por aqui que essa é a melhor televisão de cachorro de Santa Felicidade. Faz fila nos sábados e domingos.
Liza Beirut › R. Doumani, Metropolitan Club Achrafieh Beirute - Líbano – (+961) 1 208 108
A esfirra é apenas uma das maravilhosas receitas preparadas com amor e delicadeza em um dos melhores e mais bacanas restaurantes de Beirute no momento.
Paniciello
› Av. Manoel Ribas, 5965 - Curitiba/PR (41) 3372-1248
Misto quente na baguete da Paniciello só porque a gente é light. Aqui tem maravilhas para o café da manhã.
Forneria Copacabana
› Avenida Iguaçu, 2820 – (41) 9897 0505
Sabe aquela sopinha da nona? Então! Essa sopa de capeletti é uma bela pedida para esse inverno nos almoços da Forneria Copacabana
Canabenta
› R. Itupava, 1431 - Alto da Glória, Curitiba/PR (41) 3019-6898
Botecagem de primeira é aqui! Cardápio com excelentes opções de petiscos, pratos principais e cachaças especiais. Experimente a isca de tilápia e a carne de onça.
57
sweet dreams
Sobremesa pra lá de
Marrakech
Já que se falou sobre culinária libanesa há algumas páginas, que tal manter a inspiração oriental e experimentar uma sobremesa típica do Egito, mas que é popular em todo o Oriente Médio, chamada de Umm Ali (a mãe de Ali)? Tem gente que a compara com o pudim de pão, mas com pistaches, amêndoas, canela e água de rosas, tem gosto muito mais exótico.
Diz a lenda que um antigo sultão, ao morrer, deixou suas duas esposas viúvas. Cada uma tinha um filho, por isso uma batalha pelos corredores de poder teve início a fim de que o filho da mais importante esposa fosse coroado o novo sultão. Quem ganhou foi a mãe do Ali, que, para comemorar, preparou a receita e distribuiu pedaços do doce para os súditos no dia da coroação. Quem tiver o privilégio de viajar com alguma companhia aérea árabe do Oriente Médio certamente poderá provar a sobremesa no voo, já que é ideal para servir em bandejas de avião, pois dura bastante e não perde a forma. Se bem que o ideal é servi-la quente, com creme chantili ou sorvete de baunilha. Então, da próxima vez que tiver a chance de degustar queijos antes da sobremesa, não perca a oportunidade. Se não sobrar espaço para o petit-gâteau, não tem problema.
58
GR E IN
D I EN T E S
600 gramas de croissant em pedaços 3 colheres de sopa de uvas-passas 3 colheres de sopa de coco ralado 3 colheres de sopa de amêndoas torradas 3 colheres de sopa de pistaches 1 lata de leite condensado 1 colher de chá de essência de baunilha 1 colher de chá de água de rosas 1 litro de água 250ml de creme de leite batido
D MO
O DE PREPAR
O
Misture os pedaços de croissant, as uvas, o coco, as amêndoas e o pistache em uma fôrma de assar. Em uma panela, misture o leite condensado, a essência de baunilha e a água até ferver e, em seguida, despeje sobre a fôrma com a mistura sólida. Em cima de tudo, coloque o creme de leite batido com a essência de rosas. Pronto, coloque a fôrma no forno preaquecido a 200 ºC e quando o creme estiver dourado é hora de servir.
www.mercadodogourmet.com.br
Utilidades e Sabores do Mundo • Carnes
exóticas • Bebidas e alimentos nacionais e importados • Produtos sem glúten e sem lactose
• Alimentos
a granel • Utensílios, uniformes e livros culinários • Montagem de cestas personalizadas
R. Pedro Viriato Parigot de Souza, 2890 | Ecoville | Curitiba | 41.3285-9234 2ª a Sábado das 9h às 20h | facebook/mercadodogourmet