Tutano nº3

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tutano Ano 1 - No 3 - Verão 2012/2013

Delírios da cozinha do Beto Madalosso

Comida de Avião CHICKEN OR BEEF? Faça SUA ESCOLHA!

BANZAI! comer e beber no japão

Uma folga para o Peru!! Receitas inusitadas para fugir do óbvio neste natal




tutano

editorial

N

oi

e t

Feliz?! Coitado do cara que vende peru. Se às vezes eu me pego reclamando da sazonalidade do movimento dos meus restaurantes, imagine só o cara que vende peru. Quem não relaciona a imagem de peru e farofa de frutas com o Natal? Só pra dar uma ideia, algumas fotos de peru que eu achei no Google o traziam assado com touca de Papai Noel. Associar o peru às festas de fim de ano deve ser ruim pra quem cria, mas acho que para nós, os comedores de peru, é bom.

Ter o bicho assado sobre a farofa de pêssegos e figos ao lado de uma travessa de arroz com lentilhas e cebolas crocantes, mais uma taça gelada de espumante, faz parte de um ritual festivo, de pregação de amor, paz e esperança. É o símbolo da prosperidade.

Comida com sotaque

• Trocando em miúdos: entrevista com Délio Canabrava

On The road

• Edson Walker na Geórgia

Comer e beber

• Banzai! Dicas de Tóquio

18 20

Você é o que você come

21

• La vie en rosé

• Se você fosse um tempero

menu du jour

• Chega de peru!

• O jazz da culinária

comida pra que?

• Day after

Assim como a ostra fresca com limão que a gente come na areia da praia, o peru também tem data e hora pra ser devorado. E esperar por esse dia é tão bom quanto dar a primeira garfada na noite de Natal.

12

happy hour

lobetomia

E qual a melhor época pra falar de prosperidade senão na virada de ano?

6

baixa gastronomia

28

Pequenos detalhes

29

• Restaurante São Francisco

• Alho, aleluia!

Gastroglobalização 30

• Comida de avião

Anota aí

34

digestivo

37

sweet dreams

38

@betomadalosso

39

• Tartar de atum • Atum grelhado com salsa tropical

• A última refeição de Fernando Torquato

22

• Sorvete: made in China

25

• Por onde andei...

26

Expediente

Edição Beto Madalosso Projeto Pulp Edições Diretora de Redação Fernanda Ávila Ferreira drt 3884 Redação Priscila Seixas Diretora de Criação Patricia Papp Diretor de Conteúdo Vicente Frare Direção de Arte Halini Saad e Bruna Michelin Colaboração Guilherme Caldas, Rafael Martins, johann Stollmeier, Edson Walker, Manu Buffara, Kika Marder, Wellington Almeida e Marcos Fábio Impressão CORGRAF Tiragem: 3.000 A Revista tutano é uma publicação gratuita dos restaurantes Madalosso,

Famiglia Fadanelli e Forneria Copacabana

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tutano

editorial

N

oi

e t

Feliz?! Coitado do cara que vende peru. Se às vezes eu me pego reclamando da sazonalidade do movimento dos meus restaurantes, imagine só o cara que vende peru. Quem não relaciona a imagem de peru e farofa de frutas com o Natal? Só pra dar uma ideia, algumas fotos de peru que eu achei no Google o traziam assado com touca de Papai Noel. Associar o peru às festas de fim de ano deve ser ruim pra quem cria, mas acho que para nós, os comedores de peru, é bom.

Ter o bicho assado sobre a farofa de pêssegos e figos ao lado de uma travessa de arroz com lentilhas e cebolas crocantes, mais uma taça gelada de espumante, faz parte de um ritual festivo, de pregação de amor, paz e esperança. É o símbolo da prosperidade.

Comida com sotaque

• Trocando em miúdos: entrevista com Délio Canabrava

On The road

• Edson Walker na Geórgia

Comer e beber

• Banzai! Dicas de Tóquio

18 20

Você é o que você come

21

• La vie en rosé

• Se você fosse um tempero

menu du jour

• Chega de peru!

• O jazz da culinária

comida pra que?

• Day after

Assim como a ostra fresca com limão que a gente come na areia da praia, o peru também tem data e hora pra ser devorado. E esperar por esse dia é tão bom quanto dar a primeira garfada na noite de Natal.

12

happy hour

lobetomia

E qual a melhor época pra falar de prosperidade senão na virada de ano?

6

baixa gastronomia

28

Pequenos detalhes

29

• Restaurante São Francisco

• Alho, aleluia!

Gastroglobalização 30

• Comida de avião

Anota aí

34

digestivo

37

sweet dreams

38

@betomadalosso

39

• Tartar de atum • Atum grelhado com salsa tropical

• A última refeição de Fernando Torquato

22

• Sorvete: made in China

25

• Por onde andei...

26

Expediente

Edição Beto Madalosso Projeto Pulp Edições Diretora de Redação Fernanda Ávila Ferreira drt 3884 Redação Priscila Seixas Diretora de Criação Patricia Papp Diretor de Conteúdo Vicente Frare Direção de Arte Halini Saad e Bruna Michelin Colaboração Guilherme Caldas, Rafael Martins, johann Stollmeier, Edson Walker, Manu Buffara, Kika Marder, Wellington Almeida e Marcos Fábio Impressão CORGRAF Tiragem: 3.000 A Revista tutano é uma publicação gratuita dos restaurantes Madalosso,

Famiglia Fadanelli e Forneria Copacabana

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comida com sotaque

comida com sotaque

Quais são as suas principais referências gastronômicas?

Entrevista co Délio Can m abrava

trocando

em miúdos

Quem morava nas imediações do Alto da XV há cerca de seis ou sete anos, sabe que a vida noturna ali não era das mais animadas. Havia o Tartaruga, o Sibila, depois veio o Beto Batata e mais um ou outro restaurante. Até que o Délio, com o apropriado sobrenome Canabrava, resolveu apostar suas fichas na região. Tudo começou com o Jacobina (do qual ele e a mulher Renata foram sócios por cerca de um ano), depois veio a Cantina do Délio, em seguida o Bela Banoffi, o Cana Benta e, por fim, o Estofaria. Junto com Forneria Copacabana, Citra, Menina dos Olhos, Ambiental e outros, os estabelecimentos do casal são responsáveis pelo novo perfil da Itupava, uma rua badalada e cheia de excelentes opções gastronômicas (e etílicas).

Passei minha infância em uma fazenda, onde tudo acontece em volta da mesa em Marketing na FAE. Mas, segundo conta, sua maior escola foi ao lado de Beto Amorin (da Aldeia do Beto), com quem trabalhou ao voltar da Inglaterra, em 2001. Na bagagem, além de três anos de experiência na cozinha do restaurante Balans (que, além de sete filiais em Londres, tem quatro casas em Miami), trouxe também a Renata e a receita do Banoffi. Nesta entrevista, o chef nos conta um pouquinho mais dessa história.

Receitas de família e culinária mineira, com especialidade em miúdos. No Brasil, todo mundo tem uma descendência e eu sempre digo que sou de origem “mineira”. Passei minha infância em uma fazenda, onde tudo acontece em volta da mesa. Muito antes de se falar em autossustentabilidade, já venho de uma tradição onde se mata o bicho e se come tudo, “da ponta do nariz à ponta do rabo”. Vem daí essa minha relação com as receitas que levam miúdos.

Além dos miúdos, que ingredientes faziam parte da sua infância na fazenda? Além do boi, do porco, da galinha e do peixe, comíamos muito jacaré. Mandioca, chuchu, abóbora, jiló, quiabo e fubá estavam sempre presentes na nossa mesa.

Empreendedor visionário, Délio cursou dois anos de Arquitetura na UEL, formou-se em Design na UFPR, fez master em Web Design na renomada Saint Martin’s, em Londres, e ainda pós-graduação

fotos: bruna michelin

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comida com sotaque

comida com sotaque

Quais são as suas principais referências gastronômicas?

Entrevista co Délio Can m abrava

trocando

em miúdos

Quem morava nas imediações do Alto da XV há cerca de seis ou sete anos, sabe que a vida noturna ali não era das mais animadas. Havia o Tartaruga, o Sibila, depois veio o Beto Batata e mais um ou outro restaurante. Até que o Délio, com o apropriado sobrenome Canabrava, resolveu apostar suas fichas na região. Tudo começou com o Jacobina (do qual ele e a mulher Renata foram sócios por cerca de um ano), depois veio a Cantina do Délio, em seguida o Bela Banoffi, o Cana Benta e, por fim, o Estofaria. Junto com Forneria Copacabana, Citra, Menina dos Olhos, Ambiental e outros, os estabelecimentos do casal são responsáveis pelo novo perfil da Itupava, uma rua badalada e cheia de excelentes opções gastronômicas (e etílicas).

Passei minha infância em uma fazenda, onde tudo acontece em volta da mesa em Marketing na FAE. Mas, segundo conta, sua maior escola foi ao lado de Beto Amorin (da Aldeia do Beto), com quem trabalhou ao voltar da Inglaterra, em 2001. Na bagagem, além de três anos de experiência na cozinha do restaurante Balans (que, além de sete filiais em Londres, tem quatro casas em Miami), trouxe também a Renata e a receita do Banoffi. Nesta entrevista, o chef nos conta um pouquinho mais dessa história.

Receitas de família e culinária mineira, com especialidade em miúdos. No Brasil, todo mundo tem uma descendência e eu sempre digo que sou de origem “mineira”. Passei minha infância em uma fazenda, onde tudo acontece em volta da mesa. Muito antes de se falar em autossustentabilidade, já venho de uma tradição onde se mata o bicho e se come tudo, “da ponta do nariz à ponta do rabo”. Vem daí essa minha relação com as receitas que levam miúdos.

Além dos miúdos, que ingredientes faziam parte da sua infância na fazenda? Além do boi, do porco, da galinha e do peixe, comíamos muito jacaré. Mandioca, chuchu, abóbora, jiló, quiabo e fubá estavam sempre presentes na nossa mesa.

Empreendedor visionário, Délio cursou dois anos de Arquitetura na UEL, formou-se em Design na UFPR, fez master em Web Design na renomada Saint Martin’s, em Londres, e ainda pós-graduação

fotos: bruna michelin

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comida com sotaque E foi nessa época que você começou a cozinhar? Minha experiência na cozinha começou na Inglaterra. Depois de me formar em Design, me mudei para Tenerife, nas Ilhas Canárias, para morar com a minha então noiva. Não deu nada certo e parti para o plano B, que era Londres. Lá, enquanto fazia um master em Web Design, arranjei emprego na cozinha de um restaurante chamado Balans, que serve comida de vários lugares do mundo: thai, mexicana, italiana, indiana, árabe, grega etc. Iniciei lavando pratos, aos poucos comecei a picar legumes, aí parti para a preparação de alguns pratos.

comida com sotaque

s açõe t o n a lio é D o d

Você trabalhou como chef no Peru? Não, fui trabalhar como web designer. Mas, enquanto estava lá, percebi que o meu maior interesse era a culinária. Comecei a pesquisar a culinária local, vivia em feiras e mercados e acabei descobrindo que essa era minha vocação.

8

A decoração é um ponto forte das suas casas. Todas têm conceitos bem diferentes, mas com uma identidade em comum. É você quem faz? A responsável por todos os projetos é a minha irmã, Ângela Buchmann. Ela vem da mesma família que eu, tem as mesmas referências, a mesma simplicidade e consegue traduzir isso na decoração. Minha intensão sempre foi surpreender pela criatividade e originalidade. Está dando certo!

Outro diferencial das suas casas é o atendimento. Você sempre teve ótimos garçons, que criam uma empatia com os clientes.

Foi lá que você conheceu a Renata? Sim, ela trabalhava na cozinha também, fazendo sobremesas. Foi de lá que trouxemos a receita do Banoffi. Já estávamos juntos fazia algum tempo quando surgiu a oportunidade de trabalhar em Lima. E fomos juntos para o Peru.

Havia cliente sobrando e eu não tinha concorrência. O que procurei fazer foi abrir estabelecimentos com focos diferentes, mas todos com o conceito de comida boa por um preço justo. Fui na contramão do que todo mundo estava fazendo, principalmente quando abri a Cantina. Na época, não havia um restaurante italiano barato.

Na volta para o Brasil você já começou a trabalhar com isso? Fui estudar Marketing na FAE, abrimos uma fábrica caseira de sobremesas tendo a Banoffi como carro-chefe. Nessa época eu admirava muito o trabalho do Beto (Amorin), que fazia um marketing cultural muito bacana no seu estabelecimento. Nessa época ele estava abrindo um restaurante em Parati. Como eu tinha experiência em cozinha e em marketing, pedi uma oportunidade para ele e acabei gerenciando o Beto Batata por um

Iniciei lavando pratos, aos poucos comecei a picar legumes, aí parti para a preparação de alguns pratos.

ano. Mas aí ele voltou para Curitiba e não havia espaço para mim. Acabei indo trabalhar com o meu irmão no Picanha Brava. Não deu muito certo e decidi abrir o Jacobina, onde funcionava também a fábrica de doces da Renata. Tivemos alguns desentendimentos com os nossos sócios e decidi abrir um restaurante italiano, que era o que faltava na região naquela época (2006). No ano seguinte abrimos o Bela Banoffi e, um ano depois, senti que havia espaço para um boteco, então veio o Cana Benta. Como o Cana Benta passou a ficar muito cheio e uma parte do público começou a deixar

Qual é o maior desafio para os donos de restaurantes em Curitiba hoje? É agregar mais serviços sem diminuir a qualidade nem aumentar o preço.

Para mim, esse é o maior segredo do sucesso. A mão de obra boa está cada vez mais escassa e, para o negócio dar certo, temos que cuidar dos nossos funcionários. Hoje encaro isso como planejamento estratégico, mas é uma coisa natural minha. Gosto de manter relações próximas com as pessoas que trabalham comigo, de respeitar e criar laços com os funcionários. Para você ter uma ideia, minha empresa hoje tem 150 funcionários, sendo quatro deles só no RH.

O que não pode faltar em uma refeição? Quais são seus próximos projetos? A região está ficando saturada. O que falta por aqui são vagas para estacionar o carro e mão de obra qualificada. Já tenho dois estacionamentos. Um em terreno próprio e outro arrendado. Agora estou investindo em um projeto grande de seleção e qualificação de mão de obra. É a atual lei de mercado.

Carinho, alho, sal e pimenta. Que ingrediente não entra na sua cozinha? Ódio, rancor e mágoa, não combinam... Como é o cliente perfeito? O carinhoso, fofo e comilão!

de frequentá-lo, abri o Estofaria para absorver esses clientes. Por que você escolheu essa região da cidade? Eu moro por aqui desde 1977. Sempre frequentei a região e sabia que havia uma demanda reprimida.

sso

Mão de o b r a

segredo do suce

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comida com sotaque E foi nessa época que você começou a cozinhar? Minha experiência na cozinha começou na Inglaterra. Depois de me formar em Design, me mudei para Tenerife, nas Ilhas Canárias, para morar com a minha então noiva. Não deu nada certo e parti para o plano B, que era Londres. Lá, enquanto fazia um master em Web Design, arranjei emprego na cozinha de um restaurante chamado Balans, que serve comida de vários lugares do mundo: thai, mexicana, italiana, indiana, árabe, grega etc. Iniciei lavando pratos, aos poucos comecei a picar legumes, aí parti para a preparação de alguns pratos.

comida com sotaque

s açõe t o n a lio é D o d

Você trabalhou como chef no Peru? Não, fui trabalhar como web designer. Mas, enquanto estava lá, percebi que o meu maior interesse era a culinária. Comecei a pesquisar a culinária local, vivia em feiras e mercados e acabei descobrindo que essa era minha vocação.

8

A decoração é um ponto forte das suas casas. Todas têm conceitos bem diferentes, mas com uma identidade em comum. É você quem faz? A responsável por todos os projetos é a minha irmã, Ângela Buchmann. Ela vem da mesma família que eu, tem as mesmas referências, a mesma simplicidade e consegue traduzir isso na decoração. Minha intensão sempre foi surpreender pela criatividade e originalidade. Está dando certo!

Outro diferencial das suas casas é o atendimento. Você sempre teve ótimos garçons, que criam uma empatia com os clientes.

Foi lá que você conheceu a Renata? Sim, ela trabalhava na cozinha também, fazendo sobremesas. Foi de lá que trouxemos a receita do Banoffi. Já estávamos juntos fazia algum tempo quando surgiu a oportunidade de trabalhar em Lima. E fomos juntos para o Peru.

Havia cliente sobrando e eu não tinha concorrência. O que procurei fazer foi abrir estabelecimentos com focos diferentes, mas todos com o conceito de comida boa por um preço justo. Fui na contramão do que todo mundo estava fazendo, principalmente quando abri a Cantina. Na época, não havia um restaurante italiano barato.

Na volta para o Brasil você já começou a trabalhar com isso? Fui estudar Marketing na FAE, abrimos uma fábrica caseira de sobremesas tendo a Banoffi como carro-chefe. Nessa época eu admirava muito o trabalho do Beto (Amorin), que fazia um marketing cultural muito bacana no seu estabelecimento. Nessa época ele estava abrindo um restaurante em Parati. Como eu tinha experiência em cozinha e em marketing, pedi uma oportunidade para ele e acabei gerenciando o Beto Batata por um

Iniciei lavando pratos, aos poucos comecei a picar legumes, aí parti para a preparação de alguns pratos.

ano. Mas aí ele voltou para Curitiba e não havia espaço para mim. Acabei indo trabalhar com o meu irmão no Picanha Brava. Não deu muito certo e decidi abrir o Jacobina, onde funcionava também a fábrica de doces da Renata. Tivemos alguns desentendimentos com os nossos sócios e decidi abrir um restaurante italiano, que era o que faltava na região naquela época (2006). No ano seguinte abrimos o Bela Banoffi e, um ano depois, senti que havia espaço para um boteco, então veio o Cana Benta. Como o Cana Benta passou a ficar muito cheio e uma parte do público começou a deixar

Qual é o maior desafio para os donos de restaurantes em Curitiba hoje? É agregar mais serviços sem diminuir a qualidade nem aumentar o preço.

Para mim, esse é o maior segredo do sucesso. A mão de obra boa está cada vez mais escassa e, para o negócio dar certo, temos que cuidar dos nossos funcionários. Hoje encaro isso como planejamento estratégico, mas é uma coisa natural minha. Gosto de manter relações próximas com as pessoas que trabalham comigo, de respeitar e criar laços com os funcionários. Para você ter uma ideia, minha empresa hoje tem 150 funcionários, sendo quatro deles só no RH.

O que não pode faltar em uma refeição? Quais são seus próximos projetos? A região está ficando saturada. O que falta por aqui são vagas para estacionar o carro e mão de obra qualificada. Já tenho dois estacionamentos. Um em terreno próprio e outro arrendado. Agora estou investindo em um projeto grande de seleção e qualificação de mão de obra. É a atual lei de mercado.

Carinho, alho, sal e pimenta. Que ingrediente não entra na sua cozinha? Ódio, rancor e mágoa, não combinam... Como é o cliente perfeito? O carinhoso, fofo e comilão!

de frequentá-lo, abri o Estofaria para absorver esses clientes. Por que você escolheu essa região da cidade? Eu moro por aqui desde 1977. Sempre frequentei a região e sabia que havia uma demanda reprimida.

sso

Mão de o b r a

segredo do suce

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comida com sotaque

E o pior cliente? O que não gosta de algo e não reclama...

O que você faria se alguém se recusasse a pagar a conta?

Qual é o pior erro que um chef pode cometer?

Aceitaria bem, mas ficaria muito triste, pois eu falhei. Nunca aconteceu, mas já dei muita cortesia por assumir falhas nossas.

Não se colocar no lugar do cliente, ser arrogante e achar que é mais importante que o cliente.

Chico Buarque e Mick Jagger.

Quais são os verdadeiros pratos da culinária curitibana?

Qual foi a melhor experiência que você já teve à mesa?

Existe alguém que você se recusaria a servir, quem?

Vina, rollmops, pierogui e carne de onça.

Quem você gostaria de ver sentado à mesa de um dos seus restaurantes?

Não me acho nesse direito... Não recusaria servir ninguém. Já servi até o Onaireves Moura! Até quanTo você aceita pagar em um restaurante? O preço não importa... Mas atualmente, pela pessoa jurídica, uns 2.000 por pessoa. Você reclama em restaurantes? Por quais motivos?

Quem cozinha na sua casa? Quais são os pratos mais comuns? Eu faço salgados e a Renata, doces. O que mais faço é carneiro assado e a Renata, tortas deliciosas. Qual é o prato preferido dos seus filhos? Macarrão de todos os tipos... E Banoffi.

Não reclamo do restaurante, mas da má vontade. Que tipo de reclamação é bem-vinda e quando ela é desnecessária? Sempre é bem-vinda. Onde há fumaça há fogo. Délio Canabrava, proprietário da Cantina do Délio, do Cana Benta, do Bela Banoffi e do Estofaria, é um dos maiores responsáveis pela transformação pela qual a região do Alto da XV passou nos últimos anos.

10

Sempre em mercados municipais ou comida de rua, tanto na Europa como no Brasil. Salvador, São Luiz, Manaus... Os mercados são demais. Gastronomia segue moda? Qual é a moda hoje? Não gosto, mas existe. Hoje é a da sustentabilidade, do orgânico, do terroir. Tem pouquíssima gente que faz de verdade e os outros ficam colocando essas palavras no cardápio para estar na moda.


comida com sotaque

E o pior cliente? O que não gosta de algo e não reclama...

O que você faria se alguém se recusasse a pagar a conta?

Qual é o pior erro que um chef pode cometer?

Aceitaria bem, mas ficaria muito triste, pois eu falhei. Nunca aconteceu, mas já dei muita cortesia por assumir falhas nossas.

Não se colocar no lugar do cliente, ser arrogante e achar que é mais importante que o cliente.

Chico Buarque e Mick Jagger.

Quais são os verdadeiros pratos da culinária curitibana?

Qual foi a melhor experiência que você já teve à mesa?

Existe alguém que você se recusaria a servir, quem?

Vina, rollmops, pierogui e carne de onça.

Quem você gostaria de ver sentado à mesa de um dos seus restaurantes?

Não me acho nesse direito... Não recusaria servir ninguém. Já servi até o Onaireves Moura! Até quanTo você aceita pagar em um restaurante? O preço não importa... Mas atualmente, pela pessoa jurídica, uns 2.000 por pessoa. Você reclama em restaurantes? Por quais motivos?

Quem cozinha na sua casa? Quais são os pratos mais comuns? Eu faço salgados e a Renata, doces. O que mais faço é carneiro assado e a Renata, tortas deliciosas. Qual é o prato preferido dos seus filhos? Macarrão de todos os tipos... E Banoffi.

Não reclamo do restaurante, mas da má vontade. Que tipo de reclamação é bem-vinda e quando ela é desnecessária? Sempre é bem-vinda. Onde há fumaça há fogo. Délio Canabrava, proprietário da Cantina do Délio, do Cana Benta, do Bela Banoffi e do Estofaria, é um dos maiores responsáveis pela transformação pela qual a região do Alto da XV passou nos últimos anos.

10

Sempre em mercados municipais ou comida de rua, tanto na Europa como no Brasil. Salvador, São Luiz, Manaus... Os mercados são demais. Gastronomia segue moda? Qual é a moda hoje? Não gosto, mas existe. Hoje é a da sustentabilidade, do orgânico, do terroir. Tem pouquíssima gente que faz de verdade e os outros ficam colocando essas palavras no cardápio para estar na moda.


on the road

Edson walker NA...

GEÓRGIA

REPÚBLICA DA ABKHAZIA

on the road Procure e você não vai encontrar. Tente um mapa mais antigo. Talvez um livro do Júlio Verne. Pergunte na biblioteca. Quem sabe nem seu professor de Geografia ou História possa lhe ajudar. Abkhazia, provavelmente você, assim como eu, nunca nem ouviu falar. Afinal, onde fica isso?! A história dessa autodenominada república caucasiana é longa e curiosa. Explicá-la em apenas um parágrafo é uma missão complicada, então, melhor pesquisar direto no oráculo. Depois de ter feito isso você já vai saber do que estou falando e vai descobrir, talvez até meio surpreso, que não era essa Geórgia que não saía da cabeça do Ray Charles. Atravessar a zona da fronteira entre a Abkhazia e a Geórgia foi como entrar no filme Stalker, do diretor russo Tarkovski. Parece uma região proibida, úmida e abandonada. Eu e minha amiga suíça

Um tanto ansiosos passamos pela imigração sem maiores problemas. Subimos novamente em nossas velocípedes e começamos a pedalar pela rodovia esburacada, com gigantescos eucaliptos em suas margens e lenhadores cortando galhos e árvores que caíram durante o inverno passado. Alguns quilômetros adiante, paramos para tirar fotos de um cemitério, e um jovem, falando fluentemente inglês, pergunta se não temos um tempo para ir até sua casa e provar uns copos do vinho feito pelo seu pai. Eram 11 da manhã!

Atravessar a zona da fronteira entre a Abkhazia e a Geórgia foi como entrar no filme Stalker, do diretor russo Tarkovski Como para um bom vinho eu sempre tenho tempo, fomos até lá, onde conhecemos sua linda casa azul de cerca de 120 anos, cercada por um lindo pomar cheio de parreiras, pereiras, pessegueiros, nogueiras, galinhas e perus. A hospitalidade por essas bandas às vezes não tem limites e logo você percebe que é mais fácil dizer sempre sim. Provamos vinhos, comemos queijos, chocolates e um bom café para dar novamente energia para continuar a pedalar. Como se não bastasse, enchem ainda minha garrafa de água com vinho para a viagem. Eu, naquele leve torpor alcoólico, pensava: “Como a vida é boa quando a gente se expõe”.

Eveline estacionamos nossas velocípedes no posto policial do lado da Geórgia. Após uma curiosa investigada em nossos passaportes, nos liberaram para entrar na misteriosa e “proibida” Abkhazia. Um rio separa e uma ponte semidestruída une os dois territórios. Cães preguiçosos dormiam no meio da rua, enquanto carroças puxadas por cavalos faziam o serviço de táxi para as poucas pessoas que circulavam pelo local. Do outro lado, na imigração abkhaziana, uma bandeira agitava-se ao vento nas cores verde, branca e vermelha, com um ícone de uma palma da mão aberta pedindo paz.

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on the road

Edson walker NA...

GEÓRGIA

REPÚBLICA DA ABKHAZIA

on the road Procure e você não vai encontrar. Tente um mapa mais antigo. Talvez um livro do Júlio Verne. Pergunte na biblioteca. Quem sabe nem seu professor de Geografia ou História possa lhe ajudar. Abkhazia, provavelmente você, assim como eu, nunca nem ouviu falar. Afinal, onde fica isso?! A história dessa autodenominada república caucasiana é longa e curiosa. Explicá-la em apenas um parágrafo é uma missão complicada, então, melhor pesquisar direto no oráculo. Depois de ter feito isso você já vai saber do que estou falando e vai descobrir, talvez até meio surpreso, que não era essa Geórgia que não saía da cabeça do Ray Charles. Atravessar a zona da fronteira entre a Abkhazia e a Geórgia foi como entrar no filme Stalker, do diretor russo Tarkovski. Parece uma região proibida, úmida e abandonada. Eu e minha amiga suíça

Um tanto ansiosos passamos pela imigração sem maiores problemas. Subimos novamente em nossas velocípedes e começamos a pedalar pela rodovia esburacada, com gigantescos eucaliptos em suas margens e lenhadores cortando galhos e árvores que caíram durante o inverno passado. Alguns quilômetros adiante, paramos para tirar fotos de um cemitério, e um jovem, falando fluentemente inglês, pergunta se não temos um tempo para ir até sua casa e provar uns copos do vinho feito pelo seu pai. Eram 11 da manhã!

Atravessar a zona da fronteira entre a Abkhazia e a Geórgia foi como entrar no filme Stalker, do diretor russo Tarkovski Como para um bom vinho eu sempre tenho tempo, fomos até lá, onde conhecemos sua linda casa azul de cerca de 120 anos, cercada por um lindo pomar cheio de parreiras, pereiras, pessegueiros, nogueiras, galinhas e perus. A hospitalidade por essas bandas às vezes não tem limites e logo você percebe que é mais fácil dizer sempre sim. Provamos vinhos, comemos queijos, chocolates e um bom café para dar novamente energia para continuar a pedalar. Como se não bastasse, enchem ainda minha garrafa de água com vinho para a viagem. Eu, naquele leve torpor alcoólico, pensava: “Como a vida é boa quando a gente se expõe”.

Eveline estacionamos nossas velocípedes no posto policial do lado da Geórgia. Após uma curiosa investigada em nossos passaportes, nos liberaram para entrar na misteriosa e “proibida” Abkhazia. Um rio separa e uma ponte semidestruída une os dois territórios. Cães preguiçosos dormiam no meio da rua, enquanto carroças puxadas por cavalos faziam o serviço de táxi para as poucas pessoas que circulavam pelo local. Do outro lado, na imigração abkhaziana, uma bandeira agitava-se ao vento nas cores verde, branca e vermelha, com um ícone de uma palma da mão aberta pedindo paz.

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on the road

on the road

PÁSCOA ORTODOXA Acordei na manhã do domingo de Páscoa, que no calendário da Igreja Ortodoxa acontece uma semana depois do nosso, com aquela sensação de felicidade, curioso para saber o que o último dia daquela viagem de dez dias em velocípedes pela Abkhazia havia reservado para nós. Na cozinha, Vera, uma dessas mães que demonstram seu amor pelos filhos cozinhando, já estava ocupada arrumando a mesa para o café da manhã com as delícias que havia preparado no dia anterior. Lá fora, ao redor do pátio do antigo complexo habitacional do exército russo, um casal com seu filho gordinho corriam aquecidos pelo sol daquela manhã de primavera. Vizinhos passavam em frente à sacada no segundo andar e cumprimentavam-nos em russo dizendo: “Cristo foi ressuscitado”. “É verdade”, respondia segundo a tradição ortodoxa nossa querida amiga Olga. Começamos com a tradição de quebrar os coloridos ovos cozidos. Seguro o meu firmemente e Vera bate o dela contra o meu. O que seguro em minha mão quebra-se e o dela continua intacto. Tento o outro lado do ovo com Olga e perco novamente. Segundo o costume local, o

dono do ovo vitorioso fica com os que se partiram, mas isso já são coisas de crianças e no final cada um acaba mesmo comendo o seu. Animados, aprendendo um pouco de russo e de tradições de Páscoa, provamos o prato principal: frango com creme de nozes, chamado de Satsivi. “Ochi Harachô!” Very good, indeed! Foi tudo o que restou da aula de russo daquela manhã. O frango cortado em pedaços foi cozido no dia anterior. Parte da água da fervura foi misturada no liquidificador com as nozes que eu e Olga moemos naquelas máquinas antigas de moer carne. Mistura-se um pouco de sal, alho e pimenta. Depois, com o frango já frio na tigela, derrama-se o creme e o prato vai para a geladeira e é servido frio mesmo. Para acompanhar, aquela salada de batatas russas cheia de legumes que parece despertar em você uma lembrança de uma infância

na Rússia que você nunca teve. Eu, sorrindo, conseguia dizer apenas “ochi harachô”! Terminamos com chá e os tradicionais panetones de Páscoa, feitos na noite anterior por Olga e Vera, que ficaram até as 3 da manhã assando e enfeitando os muitos que fizeram e que iriam trocar com os vizinhos e amigos durante o dia.

É um pequeno paraíso. As árvores estavam cheias de flores, o mar fica ali ao lado, do outro, montanhas de picos nevados. Tem frutas por todos os lados, animais silvestres, rios, terras férteis e pinturas em igrejas que sangram (!). É apenas triste ver tantas casas abandonadas e destruídas pelo caminho. Um lugar que tem tudo para ser um paraíso. Quem sabe um dia, voltem a viver em paz com seu vizinho.

Antes de partir, tivemos que passar ainda pela casa de uma amiga da família de Olga, para o segundo café da manhã do dia. Impossível dizer não diante de todos aqueles doces deliciosos. Como se não bastasse, saímos ainda com um pacote para a viagem. Difícil dizer adeus a pessoas tão queridas e generosas. Há sempre um sentimento de retribuição não preenchido, mas acredito que, para elas, nossa presença e amizade são tão valiosas quanto tudo o que nos deram. Foi realmente a minha melhor Páscoa fora de casa. O endereço dessas pessoas eu não dou, afinal essas coisas são especiais apenas quando acontecem ao acaso. Vá você também para lá se deixar seduzir por elas.

Animados, aprendendo um pouco de russo e de tradições de páscoa, provamos o prato principal: frango com creme de nozes, chamado de Satsivi

14

i v i s t a S

Nos últimos 50 quilômetros da viagem, seguimos por uma estrada plana cheia de árvores floridas em suas margens. Em pequenas vilas, nos cemitérios, podíamos ver várias pessoas bebendo vinho junto com os mortos. Deixam em suas tumbas flores, frutas, vinho e até cigarro, caso o falecido tenha morrido de câncer de pulmão.

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on the road

on the road

PÁSCOA ORTODOXA Acordei na manhã do domingo de Páscoa, que no calendário da Igreja Ortodoxa acontece uma semana depois do nosso, com aquela sensação de felicidade, curioso para saber o que o último dia daquela viagem de dez dias em velocípedes pela Abkhazia havia reservado para nós. Na cozinha, Vera, uma dessas mães que demonstram seu amor pelos filhos cozinhando, já estava ocupada arrumando a mesa para o café da manhã com as delícias que havia preparado no dia anterior. Lá fora, ao redor do pátio do antigo complexo habitacional do exército russo, um casal com seu filho gordinho corriam aquecidos pelo sol daquela manhã de primavera. Vizinhos passavam em frente à sacada no segundo andar e cumprimentavam-nos em russo dizendo: “Cristo foi ressuscitado”. “É verdade”, respondia segundo a tradição ortodoxa nossa querida amiga Olga. Começamos com a tradição de quebrar os coloridos ovos cozidos. Seguro o meu firmemente e Vera bate o dela contra o meu. O que seguro em minha mão quebra-se e o dela continua intacto. Tento o outro lado do ovo com Olga e perco novamente. Segundo o costume local, o

dono do ovo vitorioso fica com os que se partiram, mas isso já são coisas de crianças e no final cada um acaba mesmo comendo o seu. Animados, aprendendo um pouco de russo e de tradições de Páscoa, provamos o prato principal: frango com creme de nozes, chamado de Satsivi. “Ochi Harachô!” Very good, indeed! Foi tudo o que restou da aula de russo daquela manhã. O frango cortado em pedaços foi cozido no dia anterior. Parte da água da fervura foi misturada no liquidificador com as nozes que eu e Olga moemos naquelas máquinas antigas de moer carne. Mistura-se um pouco de sal, alho e pimenta. Depois, com o frango já frio na tigela, derrama-se o creme e o prato vai para a geladeira e é servido frio mesmo. Para acompanhar, aquela salada de batatas russas cheia de legumes que parece despertar em você uma lembrança de uma infância

na Rússia que você nunca teve. Eu, sorrindo, conseguia dizer apenas “ochi harachô”! Terminamos com chá e os tradicionais panetones de Páscoa, feitos na noite anterior por Olga e Vera, que ficaram até as 3 da manhã assando e enfeitando os muitos que fizeram e que iriam trocar com os vizinhos e amigos durante o dia.

É um pequeno paraíso. As árvores estavam cheias de flores, o mar fica ali ao lado, do outro, montanhas de picos nevados. Tem frutas por todos os lados, animais silvestres, rios, terras férteis e pinturas em igrejas que sangram (!). É apenas triste ver tantas casas abandonadas e destruídas pelo caminho. Um lugar que tem tudo para ser um paraíso. Quem sabe um dia, voltem a viver em paz com seu vizinho.

Antes de partir, tivemos que passar ainda pela casa de uma amiga da família de Olga, para o segundo café da manhã do dia. Impossível dizer não diante de todos aqueles doces deliciosos. Como se não bastasse, saímos ainda com um pacote para a viagem. Difícil dizer adeus a pessoas tão queridas e generosas. Há sempre um sentimento de retribuição não preenchido, mas acredito que, para elas, nossa presença e amizade são tão valiosas quanto tudo o que nos deram. Foi realmente a minha melhor Páscoa fora de casa. O endereço dessas pessoas eu não dou, afinal essas coisas são especiais apenas quando acontecem ao acaso. Vá você também para lá se deixar seduzir por elas.

Animados, aprendendo um pouco de russo e de tradições de páscoa, provamos o prato principal: frango com creme de nozes, chamado de Satsivi

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i v i s t a S

Nos últimos 50 quilômetros da viagem, seguimos por uma estrada plana cheia de árvores floridas em suas margens. Em pequenas vilas, nos cemitérios, podíamos ver várias pessoas bebendo vinho junto com os mortos. Deixam em suas tumbas flores, frutas, vinho e até cigarro, caso o falecido tenha morrido de câncer de pulmão.

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on the road

on the road

BRINDES GEORGIANOS Gaumarjos! Gaumarjos! E lá se vai mais uma dose de tcha-tcha, bebida destilada da polpa que resta na fabricação do vinho. Da uva aqui nada se perde! Alguém se levanta e propõe um novo brinde: “Este brinde é para as mulheres. Para nossas mães. Para as mães das nossas mães. Para nossas esposas. Para nossas futuras esposas. Para nossas filhas. Futuras filhas, futuras namoradas”. Quando você pensa que já acabou, o orador, cada vez mais emotivo, lembra-se de outras mulheres e as inclui no brinde. Burocrático, mas engraçado. E o próximo brinde vai para os amigos que não estão presentes, outro para os homens, suas religiões, enfim, depois de tantos temas, difícil restar alguém sóbrio no final. Gaumarjos! Gaumarjos!

CAPITAL TBILISI A capital é muito bonita e limpa, mas meio kitsch quando tenta ser moderna. É muita mistura de culturas. Carros Lada dividem o tráfego com modernos automóveis americanos. Nas praças, densas

16

esculturas que lembram o passado socialista contrastam com mulheres passando elegantemente vestidas com roupas de famosas marcas ocidentais. Tem um clima de otimismo no ar depois de tanta s histórias de privações. A comida é baseada em derivados de pão, e o mais próximo do Brasil que você pode chegar é um pastel de carne encontrado em algumas lanchonetes e também, pasmem, caldinho de feijão com pão de milho chamado de “lobio”. Mas, nos momentos em que não sentia falta do Brasil, me deliciava sempre com o fantástico badrijani, um “sanduichinho” de berinjela com creme de nozes e umas sementes de romã para enfeitar.

O VINHO COMEÇOU POR AQUI sete MIL ANOS ATRÁS

Dois MESES NA GEÓRGIA E É SÓ ISSO QUE VOCÊ TEM PARA CONTAR?

“Este vinho”, explica meu amigo Mamuka Japharidze, no Festival do Vinho da capital Tbilisi, “feito com uvas da variedade Rkatsiteli, de forte aroma de frutas e cor âmbar, é o vinho preferido aqui na Geórgia. Muitos até mesmo consideram todas as outras variedades como secundárias, como subprodutos”. Após prová-lo, começo a entender melhor o que Mamuka me falava sobre a tradição de bebê-lo em celebrações familiares, nas quais o vinho torna-se uma forma de conexão com os antepassados.

Claro que não. Para isso escrevi o livro Pra Lá de Marrakesh, que tem fotos e histórias de mais de 11 meses por 14 países. O livro está à venda no site da Editora Pulp. Mais fotos podem ser vistas na fanpage walkertravels do Facebook (www.facebook.com/walkertravels).

edson wal ker keeps wal king

traveling.

O livro “Pra lá de Marrakesh” narra as aventuras desse fotógrafo andarilho que já nasceu com o nome certo para o caminho que resolveu seguir na vida.

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on the road

on the road

BRINDES GEORGIANOS Gaumarjos! Gaumarjos! E lá se vai mais uma dose de tcha-tcha, bebida destilada da polpa que resta na fabricação do vinho. Da uva aqui nada se perde! Alguém se levanta e propõe um novo brinde: “Este brinde é para as mulheres. Para nossas mães. Para as mães das nossas mães. Para nossas esposas. Para nossas futuras esposas. Para nossas filhas. Futuras filhas, futuras namoradas”. Quando você pensa que já acabou, o orador, cada vez mais emotivo, lembra-se de outras mulheres e as inclui no brinde. Burocrático, mas engraçado. E o próximo brinde vai para os amigos que não estão presentes, outro para os homens, suas religiões, enfim, depois de tantos temas, difícil restar alguém sóbrio no final. Gaumarjos! Gaumarjos!

CAPITAL TBILISI A capital é muito bonita e limpa, mas meio kitsch quando tenta ser moderna. É muita mistura de culturas. Carros Lada dividem o tráfego com modernos automóveis americanos. Nas praças, densas

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esculturas que lembram o passado socialista contrastam com mulheres passando elegantemente vestidas com roupas de famosas marcas ocidentais. Tem um clima de otimismo no ar depois de tanta s histórias de privações. A comida é baseada em derivados de pão, e o mais próximo do Brasil que você pode chegar é um pastel de carne encontrado em algumas lanchonetes e também, pasmem, caldinho de feijão com pão de milho chamado de “lobio”. Mas, nos momentos em que não sentia falta do Brasil, me deliciava sempre com o fantástico badrijani, um “sanduichinho” de berinjela com creme de nozes e umas sementes de romã para enfeitar.

O VINHO COMEÇOU POR AQUI sete MIL ANOS ATRÁS

Dois MESES NA GEÓRGIA E É SÓ ISSO QUE VOCÊ TEM PARA CONTAR?

“Este vinho”, explica meu amigo Mamuka Japharidze, no Festival do Vinho da capital Tbilisi, “feito com uvas da variedade Rkatsiteli, de forte aroma de frutas e cor âmbar, é o vinho preferido aqui na Geórgia. Muitos até mesmo consideram todas as outras variedades como secundárias, como subprodutos”. Após prová-lo, começo a entender melhor o que Mamuka me falava sobre a tradição de bebê-lo em celebrações familiares, nas quais o vinho torna-se uma forma de conexão com os antepassados.

Claro que não. Para isso escrevi o livro Pra Lá de Marrakesh, que tem fotos e histórias de mais de 11 meses por 14 países. O livro está à venda no site da Editora Pulp. Mais fotos podem ser vistas na fanpage walkertravels do Facebook (www.facebook.com/walkertravels).

edson wal ker keeps wal king

traveling.

O livro “Pra lá de Marrakesh” narra as aventuras desse fotógrafo andarilho que já nasceu com o nome certo para o caminho que resolveu seguir na vida.

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comer e beber

BANZAI! comer bem para viver 10 mil anos!

O Japão fica do outro lado do mundo, mas comemos comida japonesa quase todos os dias. Dizem que a expectativa de vida por lá é alta porque os caras comem muito peixe e pouca gordura. será?

Se tivEsse que dar Cinco dicas de tóquio, elas seriam:

1

18

2 Todos os dias, várias toneladas de atum são leiloadas bem cedinho no Tskukiji, o mercado de peixes. Os melhores restaurantes levam as partes mais gordas e saborosas. Passear ao redor dos tanques com frutos do mar completamente bizarros é uma experiência incrível. Melhor ainda se você passou a noite em claro por causa do jet lag. Vai achar que os polvos querem comer você.

Os descolados daqui também adoram comida orgânica. Montaram um mercado meio hippie na zona chique de Omotesando, pertinho da Gucci e da Louis Vuitton. Chama-se 246 Common. Ali, a cabeça de alface custa R$ 10 e uma caixinha de tomates-cereja vale R$ 16. Mas deve ser, ao menos, livre de radiação de Fukushima.

comer e beber

3

Para beber com os amigos, o pessoal vai nas yzakayas, que servem comidas rápidas para acompanhar a cerveja ou o saquê, como espetinhos de frango, tonkatsu de porco, bolinhos de batata etc. Se bem que a moda agora são as wine yzakayas, com taças de vinho da Borgonha ou Bordeaux e comida de bistrô francês. A propósito, Tóquio ama Paris.

4

Shibuya Hikarie é o novo arranha-céu do bairro mais vibrante da cidade e tem cinco andares só de restaurantes. Mas a praça de alimentação mais movimentada do planeta é a do subsolo da Tokyo Station, que acabou de ser reformada. Dá para se perder fácil por ali.

5

Grande parte dos restaurantes tem vitrines com os itens do cardápio feitos de cera. Tem pizzas de cera, sorvetes de cera, sushi de cera e até cerveja de cera. Fica tudo ali, à mostra, para facilitar a vida de quem não fala japonês. É só apontar!

5.1

Se sobrar tempo, vá visitar a nova livraria Tsutaya em Daikanyama e as exposições da Mori Art Gallery ou da 21_21 Design Sight. Assista a “Encontros e Desencontros”, de Sophia Coppola, e mergulhe nos livros de Haruki Murakami.

5.2

Quer saber mais? Me leva junto que eu mostro para você.

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comer e beber

BANZAI! comer bem para viver 10 mil anos!

O Japão fica do outro lado do mundo, mas comemos comida japonesa quase todos os dias. Dizem que a expectativa de vida por lá é alta porque os caras comem muito peixe e pouca gordura. será?

Se tivEsse que dar Cinco dicas de tóquio, elas seriam:

1

18

2 Todos os dias, várias toneladas de atum são leiloadas bem cedinho no Tskukiji, o mercado de peixes. Os melhores restaurantes levam as partes mais gordas e saborosas. Passear ao redor dos tanques com frutos do mar completamente bizarros é uma experiência incrível. Melhor ainda se você passou a noite em claro por causa do jet lag. Vai achar que os polvos querem comer você.

Os descolados daqui também adoram comida orgânica. Montaram um mercado meio hippie na zona chique de Omotesando, pertinho da Gucci e da Louis Vuitton. Chama-se 246 Common. Ali, a cabeça de alface custa R$ 10 e uma caixinha de tomates-cereja vale R$ 16. Mas deve ser, ao menos, livre de radiação de Fukushima.

comer e beber

3

Para beber com os amigos, o pessoal vai nas yzakayas, que servem comidas rápidas para acompanhar a cerveja ou o saquê, como espetinhos de frango, tonkatsu de porco, bolinhos de batata etc. Se bem que a moda agora são as wine yzakayas, com taças de vinho da Borgonha ou Bordeaux e comida de bistrô francês. A propósito, Tóquio ama Paris.

4

Shibuya Hikarie é o novo arranha-céu do bairro mais vibrante da cidade e tem cinco andares só de restaurantes. Mas a praça de alimentação mais movimentada do planeta é a do subsolo da Tokyo Station, que acabou de ser reformada. Dá para se perder fácil por ali.

5

Grande parte dos restaurantes tem vitrines com os itens do cardápio feitos de cera. Tem pizzas de cera, sorvetes de cera, sushi de cera e até cerveja de cera. Fica tudo ali, à mostra, para facilitar a vida de quem não fala japonês. É só apontar!

5.1

Se sobrar tempo, vá visitar a nova livraria Tsutaya em Daikanyama e as exposições da Mori Art Gallery ou da 21_21 Design Sight. Assista a “Encontros e Desencontros”, de Sophia Coppola, e mergulhe nos livros de Haruki Murakami.

5.2

Quer saber mais? Me leva junto que eu mostro para você.

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happy hour

La vie

en rosé ita

e rec

Se neste verão você quer um pouco mais do que sombra e água fresca, nossa sugestão é o vinho rosé. Leve, gostoso, refrescante e com aquela corzinha que deixa a vida cor-de-rosa! Além dele puro e geladinho, que tal experimentar um drink diferente?

você é o que você come

Se você fosse um tempero,

Que tempero seria?

CANELA

Assim como toda Gabriela, a canela! Forte, doce, marcante, mas quando harmonizada com equilíbrio e sutileza, prova se dar bem com todos os alimentos.

Gabriela Vilar de Carvalho, chef e proprietária do Quintana Café&Restaurante.

Manjericão

Seria o manjericão. O sabor é marcante, doce e, ao mesmo tempo, intrigante. De preferência com alho e muito azeite. Puro num sanduíche, até numa caipirinha com gengibre, pra mim não pode faltar.

Pimenta

Pimenta. É o tempero que faz a diferença e nunca passa despercebido. Silvia Omairy, gerente de marketing do ParkShoppingBarigüi.

Andreas Papp, engenheiro.

Ingredientes para 1 jarra de 1,5 litro: 500 ml de vinho rosé frisante 1 limão-siciliano 150 g de frutas vermelhas (morango, framboesa, amora, mirtilo etc.) 5 colheres de açúcar Soda limonada Modo de preparo: Corte o limão e misture com as frutas vermelhas. Macere tudo em um pilão com o açúcar. Adicione o vinho e o gelo e complete com soda limonada. Acrescente umas frutinhas inteiras para enfeitar.

Massala

Eu seria uma massala indiana, que mistura sabores doces, picantes, mistura aromas... Sou uma fusão de tudo o que vivo, o que vejo e o que ainda quero conhecer.

Raphaella Cervi Siegel, proprietária do Empório Francisca, no Mercado Municipal.

20

Pimenta

Pimenta, para um colunista social que se preze, é literalmente um dos temperos da escrita. Mas a pimenta tem que ser de origem controlada, senão queima a garganta (ou seria o filme?) de quem a usou. Reinaldo Bessa, jornalista e colunista social do jornal Gazeta do Povo.

Coentro

Coentro, porque é aromático, tem sabor marcante e ainda dizem ser medicinal! Original do Egito, foi incorporado às culinárias chinesa, arábica e europeia. No Brasil está nos pratos típicos do norte e nordeste. Esse coentro é arretado mesmo! Jorge Elmor, arquiteto.

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happy hour

La vie

en rosé ita

e rec

Se neste verão você quer um pouco mais do que sombra e água fresca, nossa sugestão é o vinho rosé. Leve, gostoso, refrescante e com aquela corzinha que deixa a vida cor-de-rosa! Além dele puro e geladinho, que tal experimentar um drink diferente?

você é o que você come

Se você fosse um tempero,

Que tempero seria?

CANELA

Assim como toda Gabriela, a canela! Forte, doce, marcante, mas quando harmonizada com equilíbrio e sutileza, prova se dar bem com todos os alimentos.

Gabriela Vilar de Carvalho, chef e proprietária do Quintana Café&Restaurante.

Manjericão

Seria o manjericão. O sabor é marcante, doce e, ao mesmo tempo, intrigante. De preferência com alho e muito azeite. Puro num sanduíche, até numa caipirinha com gengibre, pra mim não pode faltar.

Pimenta

Pimenta. É o tempero que faz a diferença e nunca passa despercebido. Silvia Omairy, gerente de marketing do ParkShoppingBarigüi.

Andreas Papp, engenheiro.

Ingredientes para 1 jarra de 1,5 litro: 500 ml de vinho rosé frisante 1 limão-siciliano 150 g de frutas vermelhas (morango, framboesa, amora, mirtilo etc.) 5 colheres de açúcar Soda limonada Modo de preparo: Corte o limão e misture com as frutas vermelhas. Macere tudo em um pilão com o açúcar. Adicione o vinho e o gelo e complete com soda limonada. Acrescente umas frutinhas inteiras para enfeitar.

Massala

Eu seria uma massala indiana, que mistura sabores doces, picantes, mistura aromas... Sou uma fusão de tudo o que vivo, o que vejo e o que ainda quero conhecer.

Raphaella Cervi Siegel, proprietária do Empório Francisca, no Mercado Municipal.

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Pimenta

Pimenta, para um colunista social que se preze, é literalmente um dos temperos da escrita. Mas a pimenta tem que ser de origem controlada, senão queima a garganta (ou seria o filme?) de quem a usou. Reinaldo Bessa, jornalista e colunista social do jornal Gazeta do Povo.

Coentro

Coentro, porque é aromático, tem sabor marcante e ainda dizem ser medicinal! Original do Egito, foi incorporado às culinárias chinesa, arábica e europeia. No Brasil está nos pratos típicos do norte e nordeste. Esse coentro é arretado mesmo! Jorge Elmor, arquiteto.

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menu du jour

menu du jour

Sal vem os per us!

Bastou falar em ceia de Natal que todo já começa a sacar o peru para fora da geladeira. Já faz algum tempo que o bichinho é a estrela principal da noite, rodeado na maioria das vezes de coadjuvantes dos mais variados, como o pernil, salpicão, frutas, nozes, coisa e tal. Vai do gosto e dos costumes de cada família. Aliás, não fosse esse evento anual, muitas pessoas jamais lembrariam que essa ave meio destrambelhada faz parte do nosso cardápio. O costume foi introduzido pelos astecas, diga-se de passagem, e foi tão bem aceito na Inglaterra do século 19 que substituiu aquela que até então era a ave de Natal, o cisne. Bom, mas a proposta aqui é salvar perus (e cisnes). Piadas à parte, quem topar o desafio tem duas opções de primeira para surpreender a parentada no prato principal da ceia. Se reclamarem, tem sempre o Natal do ano que vem! Assinando as receitas, as chefs Manu Buffara e Kika Marder.

22

Modo de fazer: Coloque a manteiga em uma caçarola, junte o chouriço e doure bem, adicione a farinha de mandioca e mexa até que tudo fique bem unido. Tempere com sal e reserve.

a

r

Receitas criativas e superelaboradas para fugir do feijão-com-arroz (ops, Peru) neste natal. quero ver você fazer isso em casa...

Farofa crocante de chouriço: 100 g de farinha de mandioca Morretes 80 g de chouriço ou morcilla 30 g de manteiga

Fa uf uB

Chega de peru!

BARRIGA DE PORCO COM BARBeCUE CASEIRO E CROCANTE DE CHOURIÇO

Man

Jingle bells, jingle bells...

|R es tau ran te Manu

Barriga de porco: Barriga de porco marinada por 24 horas com: Raspas de 1 laranja 300 ml de vinho branco 2 galhos de poejo 12 g de pimenta-preta mignonette Misture todos os temperos e esfregue-os na barriga de porco. Deixe por 24 horas. Coloque a peça em uma prensa de mármore por 30 horas. Depois coloque a barriga de porco para cozinhar no sous-vide (sob vácuo), 63 graus por nove horas. Unte a pele da barriga com óleo e asse por duas horas e meia a 160 graus. Molho Barbecue: 1 colher (sopa) de óleo 2 colheres (sopa) de cebola picada 1/2 xícara (chá) de açúcar mascavo 1/2 xícara (chá) de vinagre branco 2 colheres (sopa) de molho inglês 2 xícaras (chá) de catchup 1 folha de louro 1 colher (sopa) de chilli em pó 1/2 xícara (chá) de água Sal e pimenta-do-reino a gosto Em uma panela, refogue a cebola no óleo, acrescente o açúcar mascavo e o vinagre e deixe o açúcar se dissolver. Acrescente o molho inglês, o catchup, o louro, o chilli em pó e a água e cozinhe por 10 minutos ou até o molho engrossar. Tempere com sal e pimenta-do-reino, coe e reserve.

Para servir Sirva a barriga de porco em temperatura ambiente com o chouriço e o barbecue.

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menu du jour

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Sal vem os per us!

Bastou falar em ceia de Natal que todo já começa a sacar o peru para fora da geladeira. Já faz algum tempo que o bichinho é a estrela principal da noite, rodeado na maioria das vezes de coadjuvantes dos mais variados, como o pernil, salpicão, frutas, nozes, coisa e tal. Vai do gosto e dos costumes de cada família. Aliás, não fosse esse evento anual, muitas pessoas jamais lembrariam que essa ave meio destrambelhada faz parte do nosso cardápio. O costume foi introduzido pelos astecas, diga-se de passagem, e foi tão bem aceito na Inglaterra do século 19 que substituiu aquela que até então era a ave de Natal, o cisne. Bom, mas a proposta aqui é salvar perus (e cisnes). Piadas à parte, quem topar o desafio tem duas opções de primeira para surpreender a parentada no prato principal da ceia. Se reclamarem, tem sempre o Natal do ano que vem! Assinando as receitas, as chefs Manu Buffara e Kika Marder.

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Modo de fazer: Coloque a manteiga em uma caçarola, junte o chouriço e doure bem, adicione a farinha de mandioca e mexa até que tudo fique bem unido. Tempere com sal e reserve.

a

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Receitas criativas e superelaboradas para fugir do feijão-com-arroz (ops, Peru) neste natal. quero ver você fazer isso em casa...

Farofa crocante de chouriço: 100 g de farinha de mandioca Morretes 80 g de chouriço ou morcilla 30 g de manteiga

Fa uf uB

Chega de peru!

BARRIGA DE PORCO COM BARBeCUE CASEIRO E CROCANTE DE CHOURIÇO

Man

Jingle bells, jingle bells...

|R es tau ran te Manu

Barriga de porco: Barriga de porco marinada por 24 horas com: Raspas de 1 laranja 300 ml de vinho branco 2 galhos de poejo 12 g de pimenta-preta mignonette Misture todos os temperos e esfregue-os na barriga de porco. Deixe por 24 horas. Coloque a peça em uma prensa de mármore por 30 horas. Depois coloque a barriga de porco para cozinhar no sous-vide (sob vácuo), 63 graus por nove horas. Unte a pele da barriga com óleo e asse por duas horas e meia a 160 graus. Molho Barbecue: 1 colher (sopa) de óleo 2 colheres (sopa) de cebola picada 1/2 xícara (chá) de açúcar mascavo 1/2 xícara (chá) de vinagre branco 2 colheres (sopa) de molho inglês 2 xícaras (chá) de catchup 1 folha de louro 1 colher (sopa) de chilli em pó 1/2 xícara (chá) de água Sal e pimenta-do-reino a gosto Em uma panela, refogue a cebola no óleo, acrescente o açúcar mascavo e o vinagre e deixe o açúcar se dissolver. Acrescente o molho inglês, o catchup, o louro, o chilli em pó e a água e cozinhe por 10 minutos ou até o molho engrossar. Tempere com sal e pimenta-do-reino, coe e reserve.

Para servir Sirva a barriga de porco em temperatura ambiente com o chouriço e o barbecue.

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menu du jour

lObetomia

es tau ran te S et et Sucre

z z a J O a i r á n i l u C da

Kika

M

r de r a

po

s da l o s a m o r bet

o

|R

CODORNA RECHEADA COM FAROFA ÚMIDA DE MAÇÃ-VERDE E MACADÂMIA AO MOLHO DE PASSAS E ERVAS e ENDÍVIAS GLACEADAS Codornas: Sal e pimenta Manteiga Azeite de oliva Vinho branco seco Caldo de frango Bacon em fatias Molho de passas: Vinho tinto Açúcar mascavo Passas hidratadas Ervas Limpe bem as codornas. Tempere com sal e pimenta. Coloque uma panela no fogo com manteiga e azeite de oliva e doure as codornas de todos os lados. Adicione o vinho branco seco e deixe reduzir pela metade. Retire o molho e coloque sobre as codornas duas fatias de bacon seguras por palitos. Unte uma assadeira. Coloque as codornas, despeje por cima o molho da panela e uma

concha de caldo de frango. Leve ao forno preaquecido em temperatura moderada para terminar de assar. Coe o molho da panela e acrescente o vinho tinto, o açúcar mascavo e as passas já hidratadas e as ervas de sua preferência. Acrescente um cubo de manteiga e deixe reduzir. Retire os palitos. Farofa úmida de maçã-verde e macadâmia: Cebolha Alho Manteiga Maçã-verde cortada em cubos Macadâmia tostada e picada Farinha de mandioca Para a farofa, refogue cebola e alho na manteiga, os cubos de maçã-verde e a macadâmia previamente tostada e picada ao meio. Acrescente a farinha de mandioca, deixando a farofa bem úmida. Recheie a codorna com um pouquinho da farofa. Endívias glaceadas: Em uma frigideira, derreta a manteiga, coloque as endívias e polvilhe com sal e açúcar de confeiteiro grelhando dos dois lados.

Para servir Disponha a codorna recheada no prato, decore com as endívias e regue com o molho de passas.

Há alguns dias recebi um convite da minha amiga Janaína para dar uma palestra
para alunos de um curso de gastronomia. Como 
eu não tinha um roteiro preparado, já que ela mesma recomendou isso dizendo que seria “um bate-papo descontraído”, sentei-me ao seu lado momentos antes de começar e pedi dicas de assuntos que ela, como 
coordenadora do curso, achasse relevante eu
falar. “Beto, quase todos aqui têm um mesmo objetivo: abrir um bistrô de luxo, com poucos lugares, 
para atender o mercado da alta gastronomia. Você sabe como é difícil, né? É um segmento muito concorrido, restrito, e muita gente pode se frustrar no futuro”, disse a Janaína, que trabalhou ao meu lado durante alguns meses na Forneria Copacabana. Deu para notar que, entre tantos assuntos, esse era o que mais lhe afligia. Para interpretar melhor o que ela dizia, me coloquei na posição de aluno e lembrei que, eu mesmo, quando comecei a 
trabalhar na cozinha e fiz curso de chef, 
tinha isso em mente: ser um chef estrelado, com cozinha autoral, para atender paladares críticos. Tentei entender o porquê... Nos últimos anos, as revistas, os livros, os jornais e os canais de televisão transformaram chefs de cozinha em celebridades. Cozinheiros viraram artistas que fazem pratos tão bons para os olhos quanto para o paladar. Quem não quer ser um deles? Quem não quer integrar esse mundo aparentemente tão próspero? É normal que pensemos assim. Iniciei a palestra, como sempre, resgatando a história da minha família, desde a abertura do Velho Madalosso, dos erros e dos acertos ao longo dos anos, das dificuldades e dos prazeres que a vida 
dentro de um restaurante pode proporcionar, até que cheguei ao tema principal: “Que tipo de restaurante vocês pretendem

abrir?”. A resposta unânime da
turma corroborou a preocupação da Janaína. Continuei: “Quantas vezes por mês vocês frequentam um bistrô de luxo? Quantos bistrôs de luxo cabem em uma cidade como Curitiba? Já pensaram na viabilidade econômica? Qual será o diferencial de vocês? Já pensaram em quantos outros tipos de restaurantes vocês podem abrir? Afinal, o que é sucesso?”. Meu papel era, acima de tudo, criar um debate sobre as dificuldades e desconstruir o pensamento em massa que limita o campo de atuação dos novos profissionais que entrarão no mercado de trabalho. Mais do que nunca, notei a importância daquilo que eu falava. Não só para quem 
ouvia, mas para eu mesmo perceber os caminhos que devo seguir como empresário do ramo. Estamos vivendo uma era de contemplação excessiva da alta gastronomia, que forja um mercado que é muito mais amplo do que isso. Chefs se sacrificam cada vez mais em busca da perfeição,
já que as cozinhas viraram ateliês onde pratos levam assinaturas dentro de restaurantes que nem sempre
são economicamente viáveis. “Quantos sobreviverão?”, perguntei. Comer é para ser fácil, agradável e relaxante, não um compromisso. Mas quando nos sentamos à mesa, assumimos o pretensioso papel de críticos gastronômicos, fazendo disso quase uma profissão. É como se toda vez que ouvíssemos uma música tivéssemos que interpretar o solo da guitarra, a virada da bateria e o tom do 
vocalista, e esquecêssemos que, antes de mais nada, música é para ser agradável, para fazer dançar e emocionar. Nesse paralelo, a alta gastronomia é o jazz da culinária: reúne as melhores técnicas, o virtuosismo, a experimentação, mas exige dedicação extrema e atende a um mercado restrito, o que não faz desse segmento a única nem a melhor opção para as carreiras dos chefs de cozinha que vêm por aí.

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CODORNA RECHEADA COM FAROFA ÚMIDA DE MAÇÃ-VERDE E MACADÂMIA AO MOLHO DE PASSAS E ERVAS e ENDÍVIAS GLACEADAS Codornas: Sal e pimenta Manteiga Azeite de oliva Vinho branco seco Caldo de frango Bacon em fatias Molho de passas: Vinho tinto Açúcar mascavo Passas hidratadas Ervas Limpe bem as codornas. Tempere com sal e pimenta. Coloque uma panela no fogo com manteiga e azeite de oliva e doure as codornas de todos os lados. Adicione o vinho branco seco e deixe reduzir pela metade. Retire o molho e coloque sobre as codornas duas fatias de bacon seguras por palitos. Unte uma assadeira. Coloque as codornas, despeje por cima o molho da panela e uma

concha de caldo de frango. Leve ao forno preaquecido em temperatura moderada para terminar de assar. Coe o molho da panela e acrescente o vinho tinto, o açúcar mascavo e as passas já hidratadas e as ervas de sua preferência. Acrescente um cubo de manteiga e deixe reduzir. Retire os palitos. Farofa úmida de maçã-verde e macadâmia: Cebolha Alho Manteiga Maçã-verde cortada em cubos Macadâmia tostada e picada Farinha de mandioca Para a farofa, refogue cebola e alho na manteiga, os cubos de maçã-verde e a macadâmia previamente tostada e picada ao meio. Acrescente a farinha de mandioca, deixando a farofa bem úmida. Recheie a codorna com um pouquinho da farofa. Endívias glaceadas: Em uma frigideira, derreta a manteiga, coloque as endívias e polvilhe com sal e açúcar de confeiteiro grelhando dos dois lados.

Para servir Disponha a codorna recheada no prato, decore com as endívias e regue com o molho de passas.

Há alguns dias recebi um convite da minha amiga Janaína para dar uma palestra
para alunos de um curso de gastronomia. Como 
eu não tinha um roteiro preparado, já que ela mesma recomendou isso dizendo que seria “um bate-papo descontraído”, sentei-me ao seu lado momentos antes de começar e pedi dicas de assuntos que ela, como 
coordenadora do curso, achasse relevante eu
falar. “Beto, quase todos aqui têm um mesmo objetivo: abrir um bistrô de luxo, com poucos lugares, 
para atender o mercado da alta gastronomia. Você sabe como é difícil, né? É um segmento muito concorrido, restrito, e muita gente pode se frustrar no futuro”, disse a Janaína, que trabalhou ao meu lado durante alguns meses na Forneria Copacabana. Deu para notar que, entre tantos assuntos, esse era o que mais lhe afligia. Para interpretar melhor o que ela dizia, me coloquei na posição de aluno e lembrei que, eu mesmo, quando comecei a 
trabalhar na cozinha e fiz curso de chef, 
tinha isso em mente: ser um chef estrelado, com cozinha autoral, para atender paladares críticos. Tentei entender o porquê... Nos últimos anos, as revistas, os livros, os jornais e os canais de televisão transformaram chefs de cozinha em celebridades. Cozinheiros viraram artistas que fazem pratos tão bons para os olhos quanto para o paladar. Quem não quer ser um deles? Quem não quer integrar esse mundo aparentemente tão próspero? É normal que pensemos assim. Iniciei a palestra, como sempre, resgatando a história da minha família, desde a abertura do Velho Madalosso, dos erros e dos acertos ao longo dos anos, das dificuldades e dos prazeres que a vida 
dentro de um restaurante pode proporcionar, até que cheguei ao tema principal: “Que tipo de restaurante vocês pretendem

abrir?”. A resposta unânime da
turma corroborou a preocupação da Janaína. Continuei: “Quantas vezes por mês vocês frequentam um bistrô de luxo? Quantos bistrôs de luxo cabem em uma cidade como Curitiba? Já pensaram na viabilidade econômica? Qual será o diferencial de vocês? Já pensaram em quantos outros tipos de restaurantes vocês podem abrir? Afinal, o que é sucesso?”. Meu papel era, acima de tudo, criar um debate sobre as dificuldades e desconstruir o pensamento em massa que limita o campo de atuação dos novos profissionais que entrarão no mercado de trabalho. Mais do que nunca, notei a importância daquilo que eu falava. Não só para quem 
ouvia, mas para eu mesmo perceber os caminhos que devo seguir como empresário do ramo. Estamos vivendo uma era de contemplação excessiva da alta gastronomia, que forja um mercado que é muito mais amplo do que isso. Chefs se sacrificam cada vez mais em busca da perfeição,
já que as cozinhas viraram ateliês onde pratos levam assinaturas dentro de restaurantes que nem sempre
são economicamente viáveis. “Quantos sobreviverão?”, perguntei. Comer é para ser fácil, agradável e relaxante, não um compromisso. Mas quando nos sentamos à mesa, assumimos o pretensioso papel de críticos gastronômicos, fazendo disso quase uma profissão. É como se toda vez que ouvíssemos uma música tivéssemos que interpretar o solo da guitarra, a virada da bateria e o tom do 
vocalista, e esquecêssemos que, antes de mais nada, música é para ser agradável, para fazer dançar e emocionar. Nesse paralelo, a alta gastronomia é o jazz da culinária: reúne as melhores técnicas, o virtuosismo, a experimentação, mas exige dedicação extrema e atende a um mercado restrito, o que não faz desse segmento a única nem a melhor opção para as carreiras dos chefs de cozinha que vêm por aí.

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comida pra que?

comida pra que?

Que atire a primeira pedra quem nunca tomou azeite de oliva puro, comeu ovo cru, tomou leite de búfala, virou uns goles de vodca pura ou fez qualquer outra coisa bizarra para curar a ressaca.

À moda alemã Na Alemanha, Katerfrühstück significa “almoço de ressaca”. E sabe o que eles servem? O tradicional rollmops! Mas não adianta fazer na hora. O ideal é preparar uma semana antes de chutar o balde. Ingredientes: 10 filés de arenque (pode usar sardinha, se for mais fácil) 2 colheres (sopa) de sal 250 de vinagre de vinho branco

26

ro, a DJ e radialista mais rock’n’roll de Curitiba, para saber o que ela faz depois de enfiar o pé na jaca. Você já experimentou beber para curar a bebedeira? Funcionou? É claro que já tomei uma cerveja pra curar ressaca com a esperança de ver tudo como era ontem... Não

1 colher (sopa) de mostarda Dijon 5 pepinos em conserva cortados ao meio longitudinalmente 4 cebolas (echalotes) cortadas em fatias 150 ml de água 6 bagas de pimenta-do-reino 2 folhas de louro 1 colher (chá) de semente de mostarda 1 pitada de açúcar Modo de preparo: Salgue os filés de peixe e deixe marinar por aproximadamente 30 minutos. Depois, lave os filés

resolve, mas ajuda. Temporariamente. Conhece alguma receita infalível para curar ressaca? Dependendo da ressaca não existe receita a não ser esperar e pedir pra não morrer, só dessa vez! Mas tomar líquidos e dormir de novo

e deixe-os numa tigela com água por aproximadamente cinco horas. Retire da água e passe um pouco de mostarda no lado sem pele. Coloque um pepino e uma fatia de echalote no meio do filé e enrole. Espete com dois palitos e coloque em vidro de conserva. Ferva os 150 ml de água com o restante dos ingredientes para formar um caldo. Coloque esse caldo ainda quente no vidro de conserva e feche. Quando esfriar, guarde na geladeira por cinco dias antes de consumir.

ajuda. Tenho um pé de boldo no quintal de casa e é o que salva. Já experimentou coisas estranhas para curar ressaca? Gelatina é estranho? Tenho uma amiga que jura que não existe nada melhor. Ovos mexidos são uma dica de seriado: no “Fringe” tem um cientista que garante que os ovos são a melhor maneira de acabar com a náusea e o enjoo. Eles são como uma esponja que absorve o que tem em volta. Alguma dica do que fazer antes para não passar mal depois? Comer antes é fundamental, nada muito condimentado ou gorduroso. Outra dica é trocar de bebidas e fazer pausas pra tomar água (tem que hidratar). Algo que se deva evitar de qualquer maneira? Claro que o consumo exagerado é o que deve ser evitado. Mas se a intenção for enfiar o pé na jaca mes-

fotos: David Peixoto

O que não faltam são receitas exóticas para acabar com aquele gosto de cabo de guarda-chuva no dia seguinte. Há desde coisinhas mais básicas como comer uma maçã até verdadeiras aberrações como esfregar limão nas axilas (sim, essa vem lá de Porto Rico). Já que a temporada de festas está oficialmente aberta, fomos consultar Sandra Carra-

mo, ao menos evite bebidas de qualidade duvidosa e misturas insanas! Isso pode (e vai) te levar ao banheiro e pelos piores motivos. Duas dicas rápidas para quem quer enfiar o pé na jaca neste fim de ano: - Escolha o que vai beber antes de começar e tenha sempre uma garrafinha de água por perto. - Vá pra algum lugar onde não precise dirigir ou enfrentar situações de risco... leve amigos!

Sandra Carraro é radialista, bacharel em Direito, comunicadora e DJ. Trabalhou em várias rádios, a maioria de rock, e hoje tem um programa na 91 Rock, o Social Rock, com foco nas redes sociais. Tem colunas semanais sobre rock nos blogs YAC e LEDUX CWB.

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comida pra que?

comida pra que?

Que atire a primeira pedra quem nunca tomou azeite de oliva puro, comeu ovo cru, tomou leite de búfala, virou uns goles de vodca pura ou fez qualquer outra coisa bizarra para curar a ressaca.

À moda alemã Na Alemanha, Katerfrühstück significa “almoço de ressaca”. E sabe o que eles servem? O tradicional rollmops! Mas não adianta fazer na hora. O ideal é preparar uma semana antes de chutar o balde. Ingredientes: 10 filés de arenque (pode usar sardinha, se for mais fácil) 2 colheres (sopa) de sal 250 de vinagre de vinho branco

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ro, a DJ e radialista mais rock’n’roll de Curitiba, para saber o que ela faz depois de enfiar o pé na jaca. Você já experimentou beber para curar a bebedeira? Funcionou? É claro que já tomei uma cerveja pra curar ressaca com a esperança de ver tudo como era ontem... Não

1 colher (sopa) de mostarda Dijon 5 pepinos em conserva cortados ao meio longitudinalmente 4 cebolas (echalotes) cortadas em fatias 150 ml de água 6 bagas de pimenta-do-reino 2 folhas de louro 1 colher (chá) de semente de mostarda 1 pitada de açúcar Modo de preparo: Salgue os filés de peixe e deixe marinar por aproximadamente 30 minutos. Depois, lave os filés

resolve, mas ajuda. Temporariamente. Conhece alguma receita infalível para curar ressaca? Dependendo da ressaca não existe receita a não ser esperar e pedir pra não morrer, só dessa vez! Mas tomar líquidos e dormir de novo

e deixe-os numa tigela com água por aproximadamente cinco horas. Retire da água e passe um pouco de mostarda no lado sem pele. Coloque um pepino e uma fatia de echalote no meio do filé e enrole. Espete com dois palitos e coloque em vidro de conserva. Ferva os 150 ml de água com o restante dos ingredientes para formar um caldo. Coloque esse caldo ainda quente no vidro de conserva e feche. Quando esfriar, guarde na geladeira por cinco dias antes de consumir.

ajuda. Tenho um pé de boldo no quintal de casa e é o que salva. Já experimentou coisas estranhas para curar ressaca? Gelatina é estranho? Tenho uma amiga que jura que não existe nada melhor. Ovos mexidos são uma dica de seriado: no “Fringe” tem um cientista que garante que os ovos são a melhor maneira de acabar com a náusea e o enjoo. Eles são como uma esponja que absorve o que tem em volta. Alguma dica do que fazer antes para não passar mal depois? Comer antes é fundamental, nada muito condimentado ou gorduroso. Outra dica é trocar de bebidas e fazer pausas pra tomar água (tem que hidratar). Algo que se deva evitar de qualquer maneira? Claro que o consumo exagerado é o que deve ser evitado. Mas se a intenção for enfiar o pé na jaca mes-

fotos: David Peixoto

O que não faltam são receitas exóticas para acabar com aquele gosto de cabo de guarda-chuva no dia seguinte. Há desde coisinhas mais básicas como comer uma maçã até verdadeiras aberrações como esfregar limão nas axilas (sim, essa vem lá de Porto Rico). Já que a temporada de festas está oficialmente aberta, fomos consultar Sandra Carra-

mo, ao menos evite bebidas de qualidade duvidosa e misturas insanas! Isso pode (e vai) te levar ao banheiro e pelos piores motivos. Duas dicas rápidas para quem quer enfiar o pé na jaca neste fim de ano: - Escolha o que vai beber antes de começar e tenha sempre uma garrafinha de água por perto. - Vá pra algum lugar onde não precise dirigir ou enfrentar situações de risco... leve amigos!

Sandra Carraro é radialista, bacharel em Direito, comunicadora e DJ. Trabalhou em várias rádios, a maioria de rock, e hoje tem um programa na 91 Rock, o Social Rock, com foco nas redes sociais. Tem colunas semanais sobre rock nos blogs YAC e LEDUX CWB.

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Baixa Gastronomia

PEQUENOS DETALHES

P ra t o d o d i a

alho,

O desafio

O alho pode ser muito mais do que uma arma contra vampiros ou um tempero tem-que-ter. Veja como transformá-lo no astro da mesa.

Mais uma vez, nossos colaboradores Rafael Martins e Guilherme Caldas desafiam Beto Madalosso a experimentar as delícias da baixa gastronomia curitibana. Confira o resultado:

Pedir o prato do dia no Restaurante São Francisco O mais antigo da cidade em funcionamento, e “único com fogão a lenha”, como informa a placa. Como o Imperial, é tocado por descendentes de espanhóis, e por isso é possível encomendar uma paella pra comer ali mesmo ou levar pra casa. Mas o forte são os pratos do dia. A feijoada, servida às quartas e sábados, não tem adversários a altura na cidade. Às sextas tem puchero, um cozido espanhol feito com repolho e feijão branco. O atendimento é peculiar, mas seu Valentim, o dono, é gente fina pacas.

DesAfio cumprido com louvor Sorte a nossa que sempre tem alguém para eternizar os clássicos dos clássicos. Posta recheada, fígado acebolado, mocotó, leitão à brasileira, feijoada e assim vai... Sorte maior ainda é a minha, que dessa vez o roteiro da baixa gastronomia me levou até o Restaurante São Francisco. Fui num almoço de quinta. Chupei até o osso da rabada, um dos pratos do dia. Paga-se pouco e come-se muito, muito bem.

Aleluia!

Tempos atrás o alho era como o sal: estava em todas as receitas. Talvez a melhor explicação pra isso é que em épocas em que as condições de armazenamento eram duvidosas, o alho superava o sabor daquela carne que estivesse fora do seu prazo de conservação. Mas, com o passar do tempo, o alho deixou de ser vilão dos sabores e assumiu papéis diversos em receitas em que é usado frito, cozido, cru, assado e doce. Às vezes com o papel de protagonista e às vezes sendo o indutor apenas para realçar outros sabores. Aqui vão algumas maneiras de prepará-lo.

Restaurante São FrancisCo Rua São Francisco, 154, Centro (41) 3224-8745

28

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Faça uma mistura de alho bem picadinho, salsinha e raspas de limão e sirva sobre o seu ossobuco cozido. Isso se chama “gremolada”, que é a responsável pelo sucesso de qualquer receita de ossobuco. Sabe aquela maionese refrescante, cheia de sabor e com um toque de limão que você come nos sanduíches de verão? Muitas delas levam uma pasta de alho em suas misturas, que, por ser assado durante horas, perde acidez e ganha suavidade. Se tem um prato que eu considero memorável é um espaguete ao vôngole que comi faz anos em Roma. Qual é o segredo? As lâminas de alho meio fritas, meio cozidas em azeite de oliva e vinho branco, que deram ao prato o equilíbrio perfeito entre aroma e suculência. E ai da Dona Flora se mandar uma travessa de asinha de frango sem o alho frito em uma das mesas do Madalosso. É... Não é à toa que algumas receitas se tornam clássicos na história da gastronomia!

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Baixa Gastronomia

PEQUENOS DETALHES

P ra t o d o d i a

alho,

O desafio

O alho pode ser muito mais do que uma arma contra vampiros ou um tempero tem-que-ter. Veja como transformá-lo no astro da mesa.

Mais uma vez, nossos colaboradores Rafael Martins e Guilherme Caldas desafiam Beto Madalosso a experimentar as delícias da baixa gastronomia curitibana. Confira o resultado:

Pedir o prato do dia no Restaurante São Francisco O mais antigo da cidade em funcionamento, e “único com fogão a lenha”, como informa a placa. Como o Imperial, é tocado por descendentes de espanhóis, e por isso é possível encomendar uma paella pra comer ali mesmo ou levar pra casa. Mas o forte são os pratos do dia. A feijoada, servida às quartas e sábados, não tem adversários a altura na cidade. Às sextas tem puchero, um cozido espanhol feito com repolho e feijão branco. O atendimento é peculiar, mas seu Valentim, o dono, é gente fina pacas.

DesAfio cumprido com louvor Sorte a nossa que sempre tem alguém para eternizar os clássicos dos clássicos. Posta recheada, fígado acebolado, mocotó, leitão à brasileira, feijoada e assim vai... Sorte maior ainda é a minha, que dessa vez o roteiro da baixa gastronomia me levou até o Restaurante São Francisco. Fui num almoço de quinta. Chupei até o osso da rabada, um dos pratos do dia. Paga-se pouco e come-se muito, muito bem.

Aleluia!

Tempos atrás o alho era como o sal: estava em todas as receitas. Talvez a melhor explicação pra isso é que em épocas em que as condições de armazenamento eram duvidosas, o alho superava o sabor daquela carne que estivesse fora do seu prazo de conservação. Mas, com o passar do tempo, o alho deixou de ser vilão dos sabores e assumiu papéis diversos em receitas em que é usado frito, cozido, cru, assado e doce. Às vezes com o papel de protagonista e às vezes sendo o indutor apenas para realçar outros sabores. Aqui vão algumas maneiras de prepará-lo.

Restaurante São FrancisCo Rua São Francisco, 154, Centro (41) 3224-8745

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Faça uma mistura de alho bem picadinho, salsinha e raspas de limão e sirva sobre o seu ossobuco cozido. Isso se chama “gremolada”, que é a responsável pelo sucesso de qualquer receita de ossobuco. Sabe aquela maionese refrescante, cheia de sabor e com um toque de limão que você come nos sanduíches de verão? Muitas delas levam uma pasta de alho em suas misturas, que, por ser assado durante horas, perde acidez e ganha suavidade. Se tem um prato que eu considero memorável é um espaguete ao vôngole que comi faz anos em Roma. Qual é o segredo? As lâminas de alho meio fritas, meio cozidas em azeite de oliva e vinho branco, que deram ao prato o equilíbrio perfeito entre aroma e suculência. E ai da Dona Flora se mandar uma travessa de asinha de frango sem o alho frito em uma das mesas do Madalosso. É... Não é à toa que algumas receitas se tornam clássicos na história da gastronomia!

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gastroglobalização

gastroglobalização

comida

de avião QUEM VIAJA SABE BEM QUE COMIDA DE AVIÃO NÃO É MOLE NÃO. DIARIAMENTE, MILHARES DE PESSOAS SE VEEM NO DILEMA DO CHICKEN OR BEEF. JÁ FEZ A SUA ESCOLHA? Quando o assunto é globalização culinária, ninguém melhor do que as grandes empresas de catering aéreo para contar vantagem. Todos os dias, elas preparam milhares de refeições que embarcam junto com passageiros de várias nacionalidades para todos os cantos do planeta. Com enormes centros de produção ao lado dos principais aeroportos internacionais, nomes como LSG Sky Chefs ou Gate Gourmet dominam um mundo onde cada azeitona conta. Os clientes dessas megaempresas são as companhias aéreas, que estipulam custos e, junto com uma equipe de chefs, determinam o cardápio de cada voo. Quem viaja bastante sabe bem que, mesmo na classe econômica, nem todas as bandejas são iguais. Na verdade, a diferença entre o que cada empresa serve em voos longos é bastante grande, indo das massas pouco temperadas dentro de caixas de papelão a saborosos peixes agridoce acompanhados de talheres de metal.

30

Chicken or beef, sir?

bordo), Singapore Airlines, Emirates e Qatar Airways. Quem viaja com elas não passa fome (nem sede) na troposfera. Mas lembre-se que jet lag com ressaca dói.

Comida de avião é um termo pejorativo, dificilmente usado para descrever refeições prazerosas e saborosas. Entre a produção do fricassê de frango com purê de batatas e a hora de servi-lo, muita coisa acontece. Dos fornos ao carregamento nas galleys (cozinhas) dos aviões, tudo é controlado para que a qualidade e a integridade da refeição não sejam comprometidam, afinal, um surto de cólera a 30 mil pés de altitude pode causar estragos inimagináveis, como aconteceu em um voo das Aerolíneas Argentinas em 1992. Hoje em dia, as boas companhias aéreas, assim como boas moças casadoiras, vêm tentando fisgar o cliente pelo estômago. É um fenômeno novo no Brasil, visto apenas após o desembarque de nomes como Turkish (que tem um chef a

Em certos voos, é possível encontrar traços da cultura da companhia escolhida. A Air France serve o pão separadamente. A TAM adoça o café com leite. Na Emirates todas as refeições são halal (de acordo com a lei islâmica). A Swiss sempre oferece chocolates. Na Korean Air dá para pedir kimchi. A Turkish serve vinhos da Anatólia. É uma maneira de mostrar algo diferente e agradar à maioria dos passageiros. Mas quem tem restrições na hora de comer, como diabéticos, alérgicos ou vegetarianos? Para eles exis-

tem as “special meals”, que devem ser reservadas antes do voo e dão uma dor de cabeça danada à tripulação. Isso porque é preciso checar cada bandeja de refeição especial antes de decolar, certificar-se de que o passageiro não mudou de lugar e, no caso da comida kosher, seguir as instruções da embalagem à risca. A lista de opções desse tipo de comida é extensa e vai do vegetariano ao sem lactose, do hindu ao sem glúten. Nas suas próximas férias, na hora de escolher entre o estrogonofe com batatas ou o ravióli de ricota, lembre-se de que aquela refeição não foi preparada para ser a melhor de sua vida, mas sim para distrair você durante algumas horas do voo e permitir que você chegue ao destino sem desmaiar de fome. Por isso, seja menos exigente e bom apetite.

Descrição de um dos pratos principais do almoço no voo EK247 GIG-DXB: Filé de peixe cozido no vapor em um molho agridoce, coberto com sementes de gergelim e acompanhado de arroz frito com ovos e vegetais sauté.

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gastroglobalização

gastroglobalização

comida

de avião QUEM VIAJA SABE BEM QUE COMIDA DE AVIÃO NÃO É MOLE NÃO. DIARIAMENTE, MILHARES DE PESSOAS SE VEEM NO DILEMA DO CHICKEN OR BEEF. JÁ FEZ A SUA ESCOLHA? Quando o assunto é globalização culinária, ninguém melhor do que as grandes empresas de catering aéreo para contar vantagem. Todos os dias, elas preparam milhares de refeições que embarcam junto com passageiros de várias nacionalidades para todos os cantos do planeta. Com enormes centros de produção ao lado dos principais aeroportos internacionais, nomes como LSG Sky Chefs ou Gate Gourmet dominam um mundo onde cada azeitona conta. Os clientes dessas megaempresas são as companhias aéreas, que estipulam custos e, junto com uma equipe de chefs, determinam o cardápio de cada voo. Quem viaja bastante sabe bem que, mesmo na classe econômica, nem todas as bandejas são iguais. Na verdade, a diferença entre o que cada empresa serve em voos longos é bastante grande, indo das massas pouco temperadas dentro de caixas de papelão a saborosos peixes agridoce acompanhados de talheres de metal.

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Chicken or beef, sir?

bordo), Singapore Airlines, Emirates e Qatar Airways. Quem viaja com elas não passa fome (nem sede) na troposfera. Mas lembre-se que jet lag com ressaca dói.

Comida de avião é um termo pejorativo, dificilmente usado para descrever refeições prazerosas e saborosas. Entre a produção do fricassê de frango com purê de batatas e a hora de servi-lo, muita coisa acontece. Dos fornos ao carregamento nas galleys (cozinhas) dos aviões, tudo é controlado para que a qualidade e a integridade da refeição não sejam comprometidam, afinal, um surto de cólera a 30 mil pés de altitude pode causar estragos inimagináveis, como aconteceu em um voo das Aerolíneas Argentinas em 1992. Hoje em dia, as boas companhias aéreas, assim como boas moças casadoiras, vêm tentando fisgar o cliente pelo estômago. É um fenômeno novo no Brasil, visto apenas após o desembarque de nomes como Turkish (que tem um chef a

Em certos voos, é possível encontrar traços da cultura da companhia escolhida. A Air France serve o pão separadamente. A TAM adoça o café com leite. Na Emirates todas as refeições são halal (de acordo com a lei islâmica). A Swiss sempre oferece chocolates. Na Korean Air dá para pedir kimchi. A Turkish serve vinhos da Anatólia. É uma maneira de mostrar algo diferente e agradar à maioria dos passageiros. Mas quem tem restrições na hora de comer, como diabéticos, alérgicos ou vegetarianos? Para eles exis-

tem as “special meals”, que devem ser reservadas antes do voo e dão uma dor de cabeça danada à tripulação. Isso porque é preciso checar cada bandeja de refeição especial antes de decolar, certificar-se de que o passageiro não mudou de lugar e, no caso da comida kosher, seguir as instruções da embalagem à risca. A lista de opções desse tipo de comida é extensa e vai do vegetariano ao sem lactose, do hindu ao sem glúten. Nas suas próximas férias, na hora de escolher entre o estrogonofe com batatas ou o ravióli de ricota, lembre-se de que aquela refeição não foi preparada para ser a melhor de sua vida, mas sim para distrair você durante algumas horas do voo e permitir que você chegue ao destino sem desmaiar de fome. Por isso, seja menos exigente e bom apetite.

Descrição de um dos pratos principais do almoço no voo EK247 GIG-DXB: Filé de peixe cozido no vapor em um molho agridoce, coberto com sementes de gergelim e acompanhado de arroz frito com ovos e vegetais sauté.

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1

3 1 Os pilotos de um voo

internacional não podem comer a mesma coisa. Geralmente o comandante escolhe antes do copiloto. Eles estão proibidos de comer frutos do mar.

2

Não se deve esquentar a comida antes de o avião decolar, pois no caso de atrasos ou problemas técnicos não é possível requentá-la.

2

Algumas Curiosidades

diário de bordo Assim que a tripulação entra no avião, cada cabine tem um comissário encarregado de checar o catering. Com a lista de passageiros e o cardápio do voo em mãos, o tripulante certifica-se de que há bandejas para todos os passageiros e todos os serviços (almoço, café da manhã, lanche), inclusive refeições especiais. É preciso abrir os vários contêineres para ver se não há nada perigoso ou suspeito dentro deles. Um funcionário da empresa de catering explica onde está cada coisa, o que é omelete, o que é panqueca, que cor tem a embalagem do frango e a da carne. É preciso garantir que há garrafas de água mineral, refrigerantes, sucos e outras bebidas. Cada companhia aérea e cada modelo de avião tem o lugar certo de cada contêiner para que a tripulação encontre facilmente os itens necessários. Só após receber o ok de todas as galleys é que o chefe de cabine autoriza o embarque de passageiros.

32

3

Mesmo a bandeja mais singela tem um custo altíssimo, pois inclui não só a comida, mas também os utensílios (pratinhos, talheres, guardanapos), o equipamento (trolleys, contêineres), o carregamento (e descarregamento) de tudo etc.

4

4

As empresas de catering também preparam comida para redes de fast food e cafeterias. É o caso da Gate Gourmet, que elabora os sanduíches servidos na rede Starbucks em vários países do mundo, inclusive no Brasil.

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3 1 Os pilotos de um voo

internacional não podem comer a mesma coisa. Geralmente o comandante escolhe antes do copiloto. Eles estão proibidos de comer frutos do mar.

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Não se deve esquentar a comida antes de o avião decolar, pois no caso de atrasos ou problemas técnicos não é possível requentá-la.

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Algumas Curiosidades

diário de bordo Assim que a tripulação entra no avião, cada cabine tem um comissário encarregado de checar o catering. Com a lista de passageiros e o cardápio do voo em mãos, o tripulante certifica-se de que há bandejas para todos os passageiros e todos os serviços (almoço, café da manhã, lanche), inclusive refeições especiais. É preciso abrir os vários contêineres para ver se não há nada perigoso ou suspeito dentro deles. Um funcionário da empresa de catering explica onde está cada coisa, o que é omelete, o que é panqueca, que cor tem a embalagem do frango e a da carne. É preciso garantir que há garrafas de água mineral, refrigerantes, sucos e outras bebidas. Cada companhia aérea e cada modelo de avião tem o lugar certo de cada contêiner para que a tripulação encontre facilmente os itens necessários. Só após receber o ok de todas as galleys é que o chefe de cabine autoriza o embarque de passageiros.

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Mesmo a bandeja mais singela tem um custo altíssimo, pois inclui não só a comida, mas também os utensílios (pratinhos, talheres, guardanapos), o equipamento (trolleys, contêineres), o carregamento (e descarregamento) de tudo etc.

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As empresas de catering também preparam comida para redes de fast food e cafeterias. É o caso da Gate Gourmet, que elabora os sanduíches servidos na rede Starbucks em vários países do mundo, inclusive no Brasil.

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fotos: divulgação

anota aí

Tartar de atum Por WEllington Almeida, chef da Forneria Copacabana

anota aí

Atum grelhado com salsa tropical

fotos e produção: Bruna Michellin e Johann stollmeier

INGREDIENTES

Modo de preparo

INGREDIENTES

Modo de preparo

- 100 g de filé de atum - 30 g de cebola-roxa bem picada - 30 g de tomate - 30 g de pepino - 1 colher de sopa de gergelim - Sal, pimenta-preta, óleo de gergelim torrado, azeite extra-virgem, limão

Corte o filé de atum em cubos pequenos, junte a cebola, o tomate e o pepino também cortados em cubos bem pequenos (lembrando-se de que o tomate e o pepino devem ser sem sementes). Em um recipiente, misture tudo e tempere com sal, meio limão, óleo de gergelim e azeite. Adicione o gergelim. Sirva com salada de sua preferência.

- 180 g de filé de atum - 1 pimentão-vermelho - Manga - Abacaxi - Salsão - Sal, pimenta-preta, azeite de oliva

Grelhe o filé de atum e o pimentão sem a pele e sem as sementes, temperando apenas com sal e pimenta. Corte o abacaxi, a manga e o talo de salsão em cubos pequenos, temperando levemente com sal, pimenta e azeite. Sirva a salsa tropical sobre o filé de atum e o pimentão. Excelente para dias de verão.

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fotos: divulgação

anota aí

Tartar de atum Por WEllington Almeida, chef da Forneria Copacabana

anota aí

Atum grelhado com salsa tropical

fotos e produção: Bruna Michellin e Johann stollmeier

INGREDIENTES

Modo de preparo

INGREDIENTES

Modo de preparo

- 100 g de filé de atum - 30 g de cebola-roxa bem picada - 30 g de tomate - 30 g de pepino - 1 colher de sopa de gergelim - Sal, pimenta-preta, óleo de gergelim torrado, azeite extra-virgem, limão

Corte o filé de atum em cubos pequenos, junte a cebola, o tomate e o pepino também cortados em cubos bem pequenos (lembrando-se de que o tomate e o pepino devem ser sem sementes). Em um recipiente, misture tudo e tempere com sal, meio limão, óleo de gergelim e azeite. Adicione o gergelim. Sirva com salada de sua preferência.

- 180 g de filé de atum - 1 pimentão-vermelho - Manga - Abacaxi - Salsão - Sal, pimenta-preta, azeite de oliva

Grelhe o filé de atum e o pimentão sem a pele e sem as sementes, temperando apenas com sal e pimenta. Corte o abacaxi, a manga e o talo de salsão em cubos pequenos, temperando levemente com sal, pimenta e azeite. Sirva a salsa tropical sobre o filé de atum e o pimentão. Excelente para dias de verão.

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digestivo

a m i t l ú A o ã i e ç f e r A dE FERN

UATTO TORQ NDO

Toda mulher gostaria de, ao menos uma vez na vida, acordar ao lado de Fernando Torquatto. Calma, sem nenhuma sacanagem nas entrelinhas. É porque o cara é todo-poderoso quando o assunto é deixar mulheres bonitas. Maquiador, consultor, fotógrafo e apresentador no canal GNT, Torquatto também assina uma linha de maquiagem de O Boticário. E o que isso tem a ver com gastronomia? Nada! Mas Torquatto também é feito de carne e osso e adora curtir as coisas boas da vida. Ele contou para a gente como gostaria que fosse sua última refeição.

im ag

em: D

ivu l g

aç ão

O que não poderia faltar na mesa da sua última refeição? A última? Pode engordar então (risos). Um nhoque. Quem prepararia esse prato? Alguém por quem eu estivesse apaixonado. E a bebida para acompanhar? Um vinho rosé gelado. Onde seria? Descreva o ambiente. Um lugar como se fosse a Ilha de Capri em uma montanha e com vista para um mar bem azul. Quem estaria presente? Os meus familiares e os meus amigos. Que som você escolheria para embalar sua despedida? Chamaria o DJ David Guetta para animar a turma com um bom som eletrônico. E a roupa? O que você estaria vestindo? Bermuda, uma camiseta leve e chinelos Havaianas. Mais algum detalhe indispensável? Gostaria de ter ao meu lado muita gente bonita, bem vestida e de bom coração. Pessoas que eu admirei a vida inteira.

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digestivo

a m i t l ú A o ã i e ç f e r A dE FERN

UATTO TORQ NDO

Toda mulher gostaria de, ao menos uma vez na vida, acordar ao lado de Fernando Torquatto. Calma, sem nenhuma sacanagem nas entrelinhas. É porque o cara é todo-poderoso quando o assunto é deixar mulheres bonitas. Maquiador, consultor, fotógrafo e apresentador no canal GNT, Torquatto também assina uma linha de maquiagem de O Boticário. E o que isso tem a ver com gastronomia? Nada! Mas Torquatto também é feito de carne e osso e adora curtir as coisas boas da vida. Ele contou para a gente como gostaria que fosse sua última refeição.

im ag

em: D

ivu l g

aç ão

O que não poderia faltar na mesa da sua última refeição? A última? Pode engordar então (risos). Um nhoque. Quem prepararia esse prato? Alguém por quem eu estivesse apaixonado. E a bebida para acompanhar? Um vinho rosé gelado. Onde seria? Descreva o ambiente. Um lugar como se fosse a Ilha de Capri em uma montanha e com vista para um mar bem azul. Quem estaria presente? Os meus familiares e os meus amigos. Que som você escolheria para embalar sua despedida? Chamaria o DJ David Guetta para animar a turma com um bom som eletrônico. E a roupa? O que você estaria vestindo? Bermuda, uma camiseta leve e chinelos Havaianas. Mais algum detalhe indispensável? Gostaria de ter ao meu lado muita gente bonita, bem vestida e de bom coração. Pessoas que eu admirei a vida inteira.

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@betomadalosso

sweet dreams

made in

china Assim como o macarrão, o sorvete também foi inventado pelos chineses, mas foram os italianos que levaram a fama. Tudo começou há mais de 3 mil anos, quando o pessoal lá do Oriente resolveu misturar neve com suco de frutas e mel. Alexandre, o Grande, foi passear por aquelas bandas e curtiu a receita. Foi ele quem apresentou a sobremesa para os europeus. Desde então, a Itália criou gosto pela coisa e investiu na sofisticação da técnica de preparo e em sabores exóticos. No Brasil, o sorvete chegou em 1835, quando um navio americano aportou no Rio de Janeiro com 270 toneladas de gelo. Dois comerciantes compraram o carregamento e

Sorvete de Cravo e Canela Ingredientes: 1 lata de creme de leite 3 colheres (sopa) de leite em pó 1 colher (chá) de canela em pó 1 colher (chá) de cravo em pó 1 xícara (chá) de açúcar Castanhas-do-pará Castanhas-de-caju

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Modo de preparo: Em um liquidificador, bata todos os ingredientes com uma xícara (chá) de água filtrada Despeje em um recipiente refratário e leve ao freezer por cerca de seis horas, retire do freezer e deixe descongelar um pouco para poder bater na batedeira em velocidade média por cinco minutos. Volte para o freezer e deixe maisseis horas. Sirva com castanha-de-caju e castanhado-pará trituradas.

Por onde andei... Tá aqui mais um registro das minhas andanças pelas boas mesas... Quer ver mais? É só dar uma espiadinha lá no meu instagram.

Velho Madalosso

› Av. Manoel Ribas, 5852 – Santa Felicidade Tel.: 41 3273 1014

tiveram a brilhante ideia de vender sorvetes de frutas. E, para quem pensa que foi o anticoncepcional o grande precursor do movimento de libertação feminina, aqui vai uma informação bem curiosa: foi o sorvete que tirou a mulherada de casa! Incapazes de resistir a esta delícia, elas praticaram um de seus primeiros atos de rebeldia contra a estrutura social vigente invadindo as confeitarias, até então frequentadas exclusivamente por homens. Mas agora chega de história e vamos ao que interessa. Essa receita é do meu amigo Marcos Fabio, que tem um restaurante na sua própria casa, onde prepara jantares personalizados. Aproveite que o verão chegou e coloque a mão na massa!

Marcos Fabio é chef e sommelier. Além de preparar jantares personalizados, também promove as aulas/jantares e cursos. Especialista na gastronomia italiana, estudou na Itália e nos Estados Unidos.

Quando o assunto é fraldinha, ninguém bate o Velho Madalosso. Esse churrasqueiro nasceu pra fazer fraldinha. E só fraldinha!

L’Épicerie

Confeitaria Jauense

› Av. Juscelino Kubitschek, 117 – Foz do Iguaçu Tel.: 45 3027 1621

As “internacionalmente famosas” coxinhas de frango com requeijão da Confeitaria Jauense, em Foz do Iguaçu.

Paraguassu Grelhados

La Pasta Gialla

› R. Fernando Simas, 47 – Batel Tel.: 41 3019 5010

A fantástica fábrica de mussarelas de búfala. La Pasta Gialla.

Kamikaze

› R. Fernando Simas, 340 – Batel Tel.: 41 3079 1889

› R. Machado de Assis, 525 – Juvevê Tel.: 41 3029 1020

› Rua Bororós, 212 – Vila Izabel Tel.: 41 3242 2403

O fígado de ganso que parece manteiga servido com manga grelhada, no L’Épicerie, das mãos do chef Gustavo Alves.

O sanduíche de mignon, rúcula, ovo, bacon e molho da “professora” Néia Zucoloto no Paraguassu Grelhados. Quem tem mão boa não erra nunca.

Quem sabe faz ao vivo! Juliano Ezaki preparando suas artes japonesas na chapa, lá no Kamikaze.

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@betomadalosso

sweet dreams

made in

china Assim como o macarrão, o sorvete também foi inventado pelos chineses, mas foram os italianos que levaram a fama. Tudo começou há mais de 3 mil anos, quando o pessoal lá do Oriente resolveu misturar neve com suco de frutas e mel. Alexandre, o Grande, foi passear por aquelas bandas e curtiu a receita. Foi ele quem apresentou a sobremesa para os europeus. Desde então, a Itália criou gosto pela coisa e investiu na sofisticação da técnica de preparo e em sabores exóticos. No Brasil, o sorvete chegou em 1835, quando um navio americano aportou no Rio de Janeiro com 270 toneladas de gelo. Dois comerciantes compraram o carregamento e

Sorvete de Cravo e Canela Ingredientes: 1 lata de creme de leite 3 colheres (sopa) de leite em pó 1 colher (chá) de canela em pó 1 colher (chá) de cravo em pó 1 xícara (chá) de açúcar Castanhas-do-pará Castanhas-de-caju

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Modo de preparo: Em um liquidificador, bata todos os ingredientes com uma xícara (chá) de água filtrada Despeje em um recipiente refratário e leve ao freezer por cerca de seis horas, retire do freezer e deixe descongelar um pouco para poder bater na batedeira em velocidade média por cinco minutos. Volte para o freezer e deixe maisseis horas. Sirva com castanha-de-caju e castanhado-pará trituradas.

Por onde andei... Tá aqui mais um registro das minhas andanças pelas boas mesas... Quer ver mais? É só dar uma espiadinha lá no meu instagram.

Velho Madalosso

› Av. Manoel Ribas, 5852 – Santa Felicidade Tel.: 41 3273 1014

tiveram a brilhante ideia de vender sorvetes de frutas. E, para quem pensa que foi o anticoncepcional o grande precursor do movimento de libertação feminina, aqui vai uma informação bem curiosa: foi o sorvete que tirou a mulherada de casa! Incapazes de resistir a esta delícia, elas praticaram um de seus primeiros atos de rebeldia contra a estrutura social vigente invadindo as confeitarias, até então frequentadas exclusivamente por homens. Mas agora chega de história e vamos ao que interessa. Essa receita é do meu amigo Marcos Fabio, que tem um restaurante na sua própria casa, onde prepara jantares personalizados. Aproveite que o verão chegou e coloque a mão na massa!

Marcos Fabio é chef e sommelier. Além de preparar jantares personalizados, também promove as aulas/jantares e cursos. Especialista na gastronomia italiana, estudou na Itália e nos Estados Unidos.

Quando o assunto é fraldinha, ninguém bate o Velho Madalosso. Esse churrasqueiro nasceu pra fazer fraldinha. E só fraldinha!

L’Épicerie

Confeitaria Jauense

› Av. Juscelino Kubitschek, 117 – Foz do Iguaçu Tel.: 45 3027 1621

As “internacionalmente famosas” coxinhas de frango com requeijão da Confeitaria Jauense, em Foz do Iguaçu.

Paraguassu Grelhados

La Pasta Gialla

› R. Fernando Simas, 47 – Batel Tel.: 41 3019 5010

A fantástica fábrica de mussarelas de búfala. La Pasta Gialla.

Kamikaze

› R. Fernando Simas, 340 – Batel Tel.: 41 3079 1889

› R. Machado de Assis, 525 – Juvevê Tel.: 41 3029 1020

› Rua Bororós, 212 – Vila Izabel Tel.: 41 3242 2403

O fígado de ganso que parece manteiga servido com manga grelhada, no L’Épicerie, das mãos do chef Gustavo Alves.

O sanduíche de mignon, rúcula, ovo, bacon e molho da “professora” Néia Zucoloto no Paraguassu Grelhados. Quem tem mão boa não erra nunca.

Quem sabe faz ao vivo! Juliano Ezaki preparando suas artes japonesas na chapa, lá no Kamikaze.

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