Esquina Grande Tijuca n° 8

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Moradores pintam ruas para assistir aos jogos Mas também participam de competição. Rua Jorge Rudge espera ganhar o hexa com a seleção

Junho de 2010 | Ano 2

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Nº 8

Universidade Veiga de Almeida | Comunicação Social Jornal Laboratório do curso de Jornalismo

Conde de Bonfim. A conhecida rua do bairro da Tijuca é uma homenagem a um dos homens mais importantes do reinado no país

Garçom, traz o cardápio e a senha da Internet por favor Acesso a rede sem-fio liberado para conquistar e fidelizar clientes é o novo serviço oferecido por restaurantes na 6 região

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Radares Aparelhos eletrônicos flagram motoristas imprudentes e ficam desligados durante à noite por conta dos 3 assaltos

Gripe H1N1 A campanha de vacinação contra o vírus da gripe chega ao fim, mesmo assim é preciso estar atento 4 aos sintomas

Centenário de Noel Rosa 8 Educação a distância Hoje é possível se formar na graduação e na 6 pós-graduação em cursos online

Brechós da região são uma ótima opção para encontrar produtos com os três Bs: bons, bonitos e baratos 2

Tratamento gratuito de afasia Clínica de Fonoaudiologia da Universidade Veiga de 5 Almeida atende pacientes com o distúrbio


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Carta ao leitor Chegamos à nossa última edição do semestre e alguns fatos marcaram este período. Logo no início do ano o brasileiro recebeu a notícia de uma vacinação em massa contra a gripe H1N1. Após milhares de mortes no mundo por conta do vírus, o Ministério da Saúde promoveu a ação que durou mais de quatro meses. Outro assunto que não poderia ficar de fora é a Copa do Mundo, quando grande parte do Brasil praticamente para. Mas essa movimentação tem início muito antes do evento, com a decoração de ruas e participação em concursos. O Esquina traz os preparativos de uma delas, que, assim como a seleção, é pentacampeã. Outro destaque pode ser conferido na página 8. O centenário de nascimento do compositor Noel Rosa, ícone da música popular brasileira e representante do samba carioca dos anos 30. Entre outras informações, trazemos também um novo serviço dos restaurantes da região: acesso a Internet semfio via wi-fi.

Foto: stock.xchng

Brechós: o bom e barato Liza Leão

O velho de ontem é o vintage de hoje. Olhando por esse ângulo, pode-se dizer sobre a febre dos brechós cariocas. Na Tijuca não é diferente e nas ruas mais movimentadasexistem diversos deles espalhados, onde se encontra de sapatos a móveis antigos. A maioria dos brechós são especializados em roupas, calçados e acessórios.Alguns artigos são exclusivos e, por isso, têm seus preços diferenciados. Mas isso não é um problema para muitos consumidores, que desejam ter uma peça, por muitas vezes, de luxo no guarda-roupa. Já houve certo preconceito com as peças dos brechós. Primeiro, por conta do baixo preço e das pessoas que frequentavam terem menor condições financeiras.Segundo,por não saberem a origem dos produtos. Hoje, pessoas de classe média alta, estilistas e

artistas optam por brechós para montarem um visual descolado e sofisticado. O brechó da Casa Ronald compõe sua loja com roupas, brinquedos, livros, CD’s , objetos de decoração e bijuterias. Com o dinheiro da vendas, distribui bolsas de alimentos para as famílias das crianças em tratamento de câncer. O faturamento vai de R$5 mil a R$15 mil por mês. Fátima da Silva, de 67 anos, é compradora assídua dos brechós tijucanos. Sempre que pode, ela procura móveis e eletrodomésticos. ”Já comprei um gramofone e um telefone antigo. Compro porque gosto de colecionar alguns objetos raros. O gramofone é minha paixão desde criança, porque tinha na casa dos meus avós e me faz lembrar daquele tempo”. No brechó La Rose, são encontradas peças de vestuários e acessórios de várias marcas e estilos. A estudante de moda Luciana

Reitor

Curso de Comunicação Social reconhecido

AgênciaUVA

Dr. Mario Veiga de Almeida Júnior

pelo MEC em 07/07/99, parecer CES 694/99

Redação: Rua Ibituruna 108, Casa da

Vice-Reitor

Coordenador:

Comunicação, 2º andar. Tijuca, Rio de

Prof. Tarquínio Prisco Lemos da Silva

Prof. Luís Carlos Bittencourt

Janeiro - RJ 20271-020

Pró-Reitor Acadêmico

Coordenador de Publicidade:

Telefone: 21 2574-8800 (ramais: 319

Arlindo Cadarett Vianna

Prof. Oswaldo Senna

e 416)

Pró-Reitor Comunitário

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA Jornal Laboratório Esquina Grande Tijuca Junho de 2010 | Ano 2 | Número 8

Breu, de 23 anos,frequenta a loja para compor seu guardaroupa e para inspirar sua coleção. ”Não era adepta até que minha amiga sugeriu que eu fosse em um brechó para ter novas ideias. Consegui resgatar algumas roupas de décadas atrás que estavam encostadas. O único problema talvez seja o tamanho. Tenho peças 38 e 40. Quando não consigo achar meu número,customizo“. Em época onde “ditar” a moda para se diferenciar dos demais grupos, brechós e bazares são bons lugares para isso. Para a maioria, brechó é sinônimo de barato e, se procurar com um pouco de esforço, é provável que consiga peças raras e bonitas. Algumas lojas procuram inspiração nesses ambientes para a criação de um novo look. Reinventar é mania e garantia de sofisticação.

Site: www.agenciauva.com.br

Dr. Antônio Augusto de Andrade

O Esquina Grande Tijuca é um produto da

Magaldi

Oficina de Jornalismo

Diretor Administrativo-Financeiro

Reportagens, edição e diagramação:

Mauro Ribeiro Lopes

Alunos do 7º período, Oficina de Jornalismo

Diretor do Campus Tijuca

Professor-orientador e edição final:

Impressão: Gráfica O Lance

Prof. Abílio Gomes de Carvalho Júnior

Érica Ribeiro

Tiragem: 2.000 exemplares

e-mail: agencia@uva.br Oficina de Propaganda: criativo@uva.br


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Radares: vilões ou heróis

3 Foto: Daniel Geovani

Daniel Geovani S. C. Lima

“Atenção, fiscalização eletrônica”. Certamente você já leu esses dizeres em vários pontos da cidade do Rio de Janeiro, em rodovias e ruas bem movimentadas. Também é certo que muitos motoristas já receberam multas por causa dessa fiscalização. E na Grande Tijuca não é diferente. Cada vez mais as ruas da região estão sendo monitoradas por esses aparelhos, os chamados radares eletrônicos, instalados com o intuito de punir os motoristas imprudentes. São três os tipos de aparelhos. O equipamento de avanço de sinal, que é instalado em cruzamentos onde são constantes as infrações de motoristas, o pardal, no qual identifica os veículos que ultrapassam o limite de velocidade máxima da via, e a lombada eletrônica, que indica ao motorista que é preciso reduzir a velocidade em um determinado trecho da via. O excesso de velocidade nas vias urbanas é uma das

principais causas de acidentes de trânsito. Por esse motivo, o guarda de trânsito, Jorge Luiz, acredita que os equipamentos de fiscalização eletrônica são muito úteis e aliados ao seu trabalho. “Minha tarefa é fazer com que o fluxo de automóveis seja normal e punir, com multa, os motoristas imprudentes, mas às vezes algumas coisas passam despercebidas ao meu olho, é aí que entra o trabalho dos radares”, diz. Na Grande Tijuca, a instalação de radares e lombadas eletrônicos em algumas ruas não é bem vista por alguns moradores. A região tem alto índice de assaltos e como os motoristas precisam diminuir a velocidade nos trechos com fiscalização, há mais chances de serem assaltados. “Já vi muitos assaltos quando os motoristas reduzem a velocidade”, diz Manoel Amorim, 56 anos, se referindo ao radar da Rua Marquês de Valença. Local no qual o taxista Alair de Souza também questiona a existência do radar. Ano passado

Radar localizado na Avenida Maracanã, próximo a São Francisco Xavier

foi assaltado porque teve que reduzir a velocidade, e este ano foi multado porque não parou por causa de alguns meninos de rua que estavam no local. “É preciso que as autoridades revejam onde colocam os radares. Esta rua não tem muitos acidentes”, diz. Em 2008, a prefeitura decretou que os radares ficarão desligados das 22h às 6h com o objetivo de diminuir assaltos a

motoristas, ou seja, mesmo que ultrapasse o limite de velocidade ou avance sinal nesse período, o condutor do veículo não será multado. Alair de Souza considera que o decreto oferece mais segurança ao motorista. “A gente corre muito risco ao diminuir a velocidade em certas áreas”, acredita ele, que admite não parar em sinais depois das 22h.

Limite de velocidade Muitos motoristas não devem saber, mas há um limite acima da velocidade permitida. Segundo a portaria nº115 do INMETRO, a tolerância é de 7 km/h para velocidades até 100 km/h e de 7% para velocidades acima de 100 quilômetros. Foto: arquivo pessoal

Samba revela segredos no carnaval carioca Silvia Knapp

Depois de tantos altos e baixos na história do carnaval carioca, a Unidos da Tijuca, grande campeã deste ano, mostrou que a sua nova proposta

“O resultado foi fruto de muito esforço e luta” Carlos Alberto Araújo

veio para ficar. Com a volta de Paulo Barros a seu time de talentos, a escola voltou a reinar

no carnaval do Rio de Janeiro. Quem assistiu ao desfile e viu a novidade nas técnicas de dança e efeitos visuais, não imagina que a escola já chegou a fazer parte do grupo de acesso, após sofrer uma forte crise entre as décadas de 40 e 50. Carlos Alberto Oliveira Araújo, Vice-Presidente da escola no setor de esportes, afirma que a conquista deste título foi uma alegria geral. “Desde 2002 que estávamos lutando para isso acontecer. O resultado foi fruto de muito esforço e luta”. Segundo ele, a proposta da escola é apresentar novos

Marcia (à direita) e sua amiga com Paulo Barros durante o desfile na Sapucaí

enredos e novos temas. Pelo visto, essa busca deu certo. “Os responsáveis por isso são o Paulo Barros, que é quem cria e inova, e o presidente da escola, Fernando Horta. O Fernando, por proporcionar os recursos, pois sem recurso não há como inovar e, o Paulo, pelas idéias e pela pesquisa profunda para compor o enredo. Estamos muito felizes”, finaliza o VicePresidente.

A inovação da Unidos da Tijuca animou até mangueirenses de coração, como Marcia Ferreira da Silva. Segundo ela, o desfile e a conquista do campeonato da escola foi uma grande surpresa. “Uma felicidade muito grande. Fiquei espantada com a quadra no dia da apuração. Estava simplesmente vazia. Ninguém esperava que a Unidos da Tijuca pudesse ser campeã este ano”.


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Saúde em foco

Clínica oferece atendimento gratuito para afásicos Carla Delecrode

“O que praticamos é responsabilidade social”, afirma Solange Iglesias de Lima, pesquisadora e diretora técnica da Clínica de Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida. A fonoaudióloga refere- se ao “Centro de Recuperação de Pacientes Afásicos”, que funciona dentro da Clínica e consiste em um trabalho de pesquisa pouco realizado no Rio, desenvolvido em parceria com a UERJ.

“O paciente pensa nas palavras, mas não consegue pronunciá-las” Nise Mary Cardoso

De acordo com a fonoaudióloga Nise Mary Cardoso, a afasia é uma incapacidade motora ou/e sensorial que

Foto: divulgação

A Clínica Modelo atende a comunidade e oferece prática profissional

impede o desenvolvimento da fala corretamente. “No caso motor, o paciente pensa nas palavras, mas não consegue pronunciá-las. Já no sensorial, ele consegue articular a palavra, mas não tem ordenação de pensamento. Pode haver casos em que o paciente desenvolva os dois distúrbios”. Solange Iglesias explica que, além de permitir o acesso de pacientes afásicos ao tratamento gratuitamente, o trabalho desenvolvido na Clínica, por ela mesma, é um instrumento de coleta de dados para pesquisa

na área linguística. “O objetivo da pesquisa, realizada desde 2007, é descrever os fatos linguísticos nestes pacientes”. Para ela, o Centro de Recuperação, criado em 2005, é um serviço de responsabilidade social. “O profissional atende os pacientes sem cobrar por seus serviços”, revela. Além da afasia, o atendimento fonoaudiológico também pode ser recorrido em outros c a s o s , c o m o para problemas de audição, linguagem e escrita. A Clínica de Fonoaudiologia da UVA

Vacinação contra a gripe H1N1 Daniella Rangel

Em 2009 centenas de pessoas morreram por causa da gripe tipo A no Brasil e no mundo, e entre elas estavam principalmente gestantes, crianças e pessoas com problemas respiratórios. A doença, que inicialmente surgiu no México, se espalhou rapidamente pelo mundo e fez muitas vítimas. As autoridades alertam que é preciso ter cuidado para evitar o contágio e que medidas simples podem ser tomadas. Neste ano de 2010 o governo do Estado deposita sua esperança na prevenção através da vacinação. A estratégia foi divugada em 26 de janeiro pelo Ministério da Saúde e os primeiros a receberem a vacina foram os trabalhadores da área de saúde

e os profissionais envolvidos na resposta à pandemia, a fim de garantir que os serviços de saúde permaneçam funcionando normalmente. A primeira etapa, que durou até o dia 19 de março, imunizou também toda a população indígena em suas

próprias aldeias. Este trabalho foi desenvolvido pela Funasa – Fundação Nacional de Saúde, em parceria com a Sesau – Secretaria de Estado da Saúde – e municípios. Seguindo o calendário de vacinação, Daniel Rebelo,de 13

Sintomas da gripe Os sintomas da nova gripe são bastante semelhantes dos da gripe comum. Entre eles estão a tosse, o acúmulo de secreções nas vias respiratórias e possível dor na garganta. Um diferencial está na febre. O quadro de gripe comum, que pode durar até cinco dias, gera uma febre mais branda, diferentemente da nova gripe que gera um quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com febre alta em todo o tempo e dificuldade respiratória. Caso haja a manifestação de algum dos sintomas é importante procurar imediatamente o posto de saúde mais próximo à residência.

• Para saber mais sobre diagnóstico e tratamento de Afasia leia a entrevista completa de Nise Mary Cardoso, expresidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia do Rio de Janeiro (CRFa1) no site AgênciaUva (www.agenciauva. com.br). Serviço Clínica de Fonoaudiologia da UVA Rua Ibituruna, 108, Vila Universitária, casa 9 Clínica Profissional: 2ª, 3ª, 4ª Clínica Modelo: 5ª, 6ª e sábado também oferece atendimento para tais dificuldades nas formas ambulatorial, domiciliar e hospitalar, além de realizar exames audiométricos. anos, tomou a vacina no Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão e informou que foi fácil o acesso à ela. O comerciante Antônio Miranda, de 54 anos, também tomou a vacina e achou ótima a iniciativa do governo de vacinar a população. As vacinas não foram aplicadas em massa, mas inicialmente em grupos prédispostos a desenvolverem a forma mais grave da doença. A médica infectologista, Jurema Freitas, alerta que é importante a vacinação dos grupos de risco e que mesmo após a vacina todas as pessoas devem evitar aglomeração em ambientes fechados para que não ocorra a disseminação da gripe. As pessoas que não conseguiram tomar a vacina ou que não estejam nos grupos indicados pelo Ministério podem ser vacinadas no serviço particular ao preço médio de R$120.


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De portas abertas para a comunidade Biblioteca da UVA é um dos principais espaços de leitura Foto: Marcos Neves Jr.

Marcos Neves Jr.

Localizada entre os bairros do Maracanã e da Tijuca, a biblioteca Maria Anunciação Almeida de Carvalho é um importante espaço dedicado à leitura e às pesquisas dos alunos da Universidade Veiga de Almeida. No entanto, o benefício não se restringe aos universitários da casa e se estende à comunidade externa, tornando-se um elo entre a academia, moradores e demais estudantes da região. A biblioteca, que passou por sua última ampliação em 1997, oferece uma

Professora Maria José, diretora da biblioteca UVA: “estamos de braço abertos”

estrutura moderna, além de um ambiente agradável e propício à leitura. Seu acervo conta com livros, publicações

Biblioteca Maria Anunciação Almeida de Carvalho Para aqueles que ainda não conhecem a biblioteca da Universidade Veiga de Almeida, vale a pena conferir. Rua Ibituruna n° 108, Tijuca. Horários de funcionamento: 8h às 22h, de 2ª a 6ª, e das 8h às 18h, aos sábados. Para efetuar o cadastramento basta apresentar o documento de identidade, CPF, comprovante de residência e duas fotos 3X4.

periódicas acadêmicas e jornalísticas, CDs, DVDs e fitas de vídeo disponíveis para consultas e empréstimos. O espaço parece realmente agradar ao público. A estudante de Medicina Mariana Reid, que foi moradora do Maracanã por cinco anos e hoje mora em Niterói, ainda frequenta a biblioteca. “Sempre que venho assistir a algum jogo de meio de semana no Maracanã, chego mais cedo e aproveito para

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colocar meus estudos em dia aqui. É ótimo a universidade disponibilizar este espaço”. Mas a importância da biblioteca transcende o âmbito acadêmico. Em uma região sem muitas opções culturais, o espaço oferecido pela universidade é uma boa alternativa para os moradores mais ávidos de cultura e que não querem se deslocar para outros pontos mais distantes da cidade, como o Centro e a Zona Sul. Isso porque, além de livros, a biblioteca conta com exposições de arte durante todo ano, com temas diferentes a cada dois meses. Por trás de todos esses benefícios oferecidos à população adjacente ao bairro da Tijuca está Maria José, diretora da biblioteca. Aposentada das salas de aula desde 1994, a professora dá uma demonstração de vigor e de amor ao trabalho que faz, dedicando sua força a este serviço e ainda avisa: “A biblioteca está de braços abertos para a comunidade, esse é o motivo nobre de sua existência”.

Das chácaras aos barracos: a Tijuca dos tijucanos Foto: Thaynan Camara Pereira

Thaynan Camara Pereira

Marcada pela violência, como outros locais do Rio de Janeiro, a Tijuca já foi considerada um bairro nobre e sofisticado. Mesmo com tantas transformações e com o acelerado processo de favelização, sua tradição se manteve e sua história é conhecida desde a época em que era chamada de Engenho Velho. Acostumado e indignado com a violência e com o abandono do poder público, o tijucano assumido, mesmo convivendo com isso, não troca a região por nada. Se agora a aglomeração de veículos, principalmente os ônibus que circulam pelo bairro, é nítida, antes da chegada da Família Real em 1808, os habitantes do local viviam outra realidade, já que a

região servia como passagem ao interior do país e fazia parte do sertão carioca. A ocupação se intensificou com o cultivo de café na cidade, trazendo nobres europeus deslumbrados com o clima da Tijuca. A partir da conjuntura econômica da época, alterações indispensáveis ao bairro foram feitas, tornando-o urbanizado. O cenário tijucano logo se transformou com a construção de mansões e, posteriormente, com a de fábricas. Junto ao século XX veio a ocupação dos morros. O Trapicheiro, o Salgueiro de hoje, foi o primeiro. O crescimento das favelas acarretou na mudança dos ocupantes mais favorecidos do bairro, com preferência à orla

A Praça Saens Peña é um dos pontos centrais do bairro e de grande comércio

marítima, e no cercamento da área por 17 favelas. Segundo a historiadora Márcia Lee, essas comunidades cresceram devido à quantidade de escravos que não tinham moradias e empregos e procuravam lugares desvalorizados para serem ocupados. Mudanças favoráveis ou desastrosas assinalaram o desenvolvimento da Tijuca, possuidora de uma história

que vai do café ao comércio, das chácaras às edificações, da passividade à violência, da elite ao favelado, que paralelamente são identificados por “tijucanos”, caracterização coletiva dada aos habitantes da Tijuca, e única, já que, além dele, nenhum outro bairro carioca possui uma forma específica de referência aos moradores.


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Wi-fi entra nos cardápios da região Thales Carneiro

O tempo em que a pausa para o almoço significava um intervalo no horário de trabalho já passou. É cada vez mais comum encontrar restaurantes que disponibilizam gratuitamente acesso à internet via wi-fi (conexão sem fio) aos clientes. O aquecimento na venda de smartphones e de computadores a cada dia mais portáteis gera demanda por conexão remota.

Alguns restaurantes da Tijuca e redondezas perceberam estar diante de uma boa oportunidade e passaram a oferecer este serviço diferenciado. Os frequentadores do Petisco da Vila, em Vila Isabel, podem, além da casquinha de siri, solicitar ao garçom a senha de acesso à web. O cliente pode navegar enquanto aguarda o pedido. Segundo Foto: Thales Carneiro

No restaurante Brasa Goumert, os clientes podem acessar a Internet via wi-fi

Marcelo Rodrigues, funcionário do Petisco, a maior demanda pela senha de acesso vem de usuários de laptops. Já quando a refeição é rápida, o perfil de acesso muda. Alixandre Couto, gerente do restaurante Brasa Gourmet, na Tijuca, diz que o fato de trabalharem no modelo selfservice estimula mais a conexão por smartphones. Por conta de não haver exigência de senha para uso do wi-fi no interior do restaurante, é difícil saber quantas pessoas usam o serviço, mas Couto revela que a atenção dividida entre refeição e Internet é prática comum entre os frequentadores. Característica cada vez mais enraizada nas novas gerações, a sede por conexão começa a expandir a cobertura do acesso gratuito à rede. E, quando a fome apertar, não será necessário desconectar-se do mundo.

Para acessar a Internet via wi-fi, as pessoas podem escolher entre diversos equipamentos. Na matéria ao lado, por exemplo, os clientes dos restaurantes utilizam smartfones ou notebooks. Mas qual é a diferença entre os dois?

Smartphones

A tradução, telefone inteligente, diz algo sobre suas características. Eles são aparelhos de telefone celular, mas capacidade de armazenamento e instalação de softwares - assim como computadores. Pode-se acessar sites, e-mail e redes sociais. São pequenos e fáceis de manusear, mas comparados a computadores possuem pouco espaço para guardar arquivos.

Laptops

Também chamados de notebooks são computadores portáteis em que o tamanho depende da tela e dos acessórios, variando de 8 a15 polegadas e podendo pesar 1Kg. A capacidade de armazenamento e velocidade podem ser configuradas, assim como um computador comum.

Flexibilidade: aprendizado longe da sala de aula Mônica Turboli

O ensino a distância é uma questão muito debatida atualmente, época em que impera o mundo virtual. Atuando nessa área há quase dez anos, o Núcleo de Ensino a Distância da Universidade Veiga de Almeida (NEaD-UVA) desenvolve cursos de graduação e pós-graduação à distância. Segundo a coordenadora pedagógica do NEaD, Denise Melo, é um método de ensino muito mais coerente com o mundo atual. “A educação com um horário fechado e um calendário definido vai ser ultrapassada, pois o modelo a distância é mais eficaz, já que o aluno é livre para escolher seu próprio horário e rende mais do que se estivesse preso em sala de aula”. A coordenadora ainda explica que a maioria dos alunos que procura esse tipo de ensino são pessoas que não têm a disponibilidade de estarem presentes em salas de aula, mas querem garantir um ensino de qualidade. “Na graduação temos alunos que moram até em outros países como Inglaterra e Itália. Ocasionalmente acontecem alguns encontros presenciais e todos comparecem”. O NEaD oferece cursos de pós - graduação em Planejamento e Gestão Ambiental, Gestão de RH, Marketing e Comunicação Empresarial e Negócios de Petróleo, Gás e Energia, com carga horária de 376 horas cada. Embora não tenha novas turmas, o NEaD formará alunos até dezembro de 2011 no curso de graduação àadistância de Administração Empresarial. Formada na graduação no final de 2007 pelo NEaD, Dolores Affonso optou pelo método a distância, apesar de

morar no Rio de Janeiro. “No meu caso é o tipo de ensino mais adequado, porque sou deficiente visual e não tenho condições de cursar uma faculdade presencial devido às minhas necessidades especiais”. Foto: stock.xchng

Para manter uma educação de qualidade a distância, os cursos on-line devem ser encarados com a seriedade que merecem pela sociedade brasileira em geral. Conquistar espaço no mercado de trabalho é a maneira como os estudantes formados em universidades virtuais vão ser reconhecidos de forma justa.


Junho de 2010 | Ano 2 | Número 8

Rua pentacampeã promete na Copa Thiago Oliveira

Quando o assunto é Copa do Mundo muitas coisas vêm à cabeça, mas todas elas remetem a uma só coisa: mobilização popular. E é exatamente por esse espírito de união entre os torcedores que uma das ruas de Vila Isabel se tornou conhecida pelos foliões do futebol. A Rua Jorge Rudge se tornou referência em organização e decoração durante a Copa, sendo ganhadora por cinco anos consecutivos do concurso promovido para eleger a rua mais bela durante a competição. A preparação em ano de Copa começa cedo. Faltando mais de quatro meses para a Copa, uma comissão se reúne e começa a traçar como será a festa. A maior

parte da comissão é formada por jovens e adolescentes que se dividem na organização, nas artes no asfalto e pintura de muros e outros cuidam da estrutura, como aluguel de telão e caixas de som. Segundo Guilherme Alt, morador de Vila Isabel há 17 anos, são gastos cerca de 20 latões de tinta para pintar a rua. Nada escapa dos “artistas” do bairro: hidrantes, muros, postes e, principalmente, o asfalto. Tudo se transforma em uma grande tela que vai sendo colorida com a proximidade da copa. “Se começarmos a pintar o asfalto e os muros com muita antecedência corremos o risco de chegar na época da copa

com as artes danificadas”, diz Guilherme. Como é de costume, nessa Copa os organizadores prometem uma belíssima decoração e ainda terá o tradicional telão onde os moradores do bairro de Noel costumam se reunir para assistir aos jogos. “Com certeza vai ser uma decoração diferente de todas as outras que fizemos, mas não podemos dar muitos detalhes porque vai estragar a surpresa”, despista Rafael Swoboda, que auxilia nas pinturas desde a Copa do Mundo de 94. André Tejeiro, de 22 anos, se mudou para a rua há menos de um ano e se mostra ansioso para ajudar nos preparativos

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para a Copa. Ele destaca o outro lado de se envolver na organização. “Acho fantástico essa união do pessoal pra poder fazer da sua rua a mais bonita de todas. Vim do Méier para cá há pouco tempo, mas acredito que além de poder ajudar, vou conhecer melhor a vizinhança e com certeza vou fazer grandes amigos aqui”, acredita o estudante de Publicidade. Para aqueles que são apaixonados por futebol, se reunir com os amigos para curtir a seleção durante a Copa é um do programas mais esperados durante o ano todo. Mas mesmo para aqueles que não são afeitos do futebol ou não gostam do tumulto, vale a pena dar um passeio pela Rua Jorge Rudge para apreciar a decoração e a festa. Quem sabe a visitação se mostra pé quente?

FLUMULHER vive batalhas pelo time de coração Natália Marques

A torcida do fluminense está sendo mais reconhecida a cada dia. Formada somente por um público feminino, essa torcida organizada faz de tudo para motivar o seu time nos estádios até a vitória. Elas sempre levam bandeiras, bolas, papel picado, mosaicos e, claro, o famoso pó de arroz. Para a fisioterapeuta Tatilla Nayna, de 23 anos, apesar da dificuldade de estar sempre nos jogos, não há nada mais prazeroso do que do que apoiar o fluminense. “Gritar, cantar, sorrir, chorar, quase morrer do coração, ficar feliz, enfim; tudo isso só acontece dentro do no calor da torcida, e isso tudo não tem preço”. As reuniões sempre acontecem em lugares diferentes, mas sempre pela Tijuca. Na maioria das vezes na casa da Karina Soares, 28 anos, presidente da torcida organizada. Quando não se encontram lá vão ao Shopping Tijuca ou ao Buxixo, até mesmo para assistir os jogos. O relacionamento das participantes é muito bom.

São muito amigas, e uma sempre conta com a outra para tudo, são chamadas entre elas de irmãs. Marina Murad, de 22 anos, é a mais nova integrante e afirma que se sente em casa quando está ao lado das outras meninas. “Posso afirmar que elas são minha segunda família”. A torcida tricolor é famosa por ter belas mulheres em sua arquibancada. As outras torcidas organizadas do time sempre ajudam quando necessário, não existe rivalidade, pois o intuito final é o mesmo, torcer pelo Fluminense, fazendo com que se torne uma união perfeita. Assim como encanta milhões de mulheres, a torcida tricolor continuará a impressionar e apaixonar outras pelo mundo. “O meu amor pelo Fluminense é inquestionável e indissolúvel, de tal maneira que qualquer pessoa que possuir meu sangue não terá somente o tom grená, carregará também o verde e o branco.” Finaliza Tatilla demonstrando o seu grande amor.


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Junho de 2010 | Ano 2 | Número 8 Foto: Ana Clara Missiba

Muito além do nome Uma das ruas mais conhecidas da região tem muita história para contar Ana Clara Missiba

Quem pensa que Conde de Bonfim é simplesmente o nome de uma das principais vias que corta o bairro da Tijuca, está enganado. Esse título foi dado por decreto imperial em dezembro de 1866 a José Francisco de Mesquita, que além de Conde também foi Barão e Visconde até chegar a Marques. Nasceu em Minas Gerais, se tornou negociante e também um dos mais importantes nobres do seu tempo.

O escritor do livro “Nas Ruas e Esquinas do Rio”, Cláudio Carneiro, explica por que algumas vias levam o nome de pessoas, “Os nomes de ruas são sugeridos pela Câmara Municipal e aprovados pelo prefeito. Há alguns requisitos para se dar o nome. No Rio de Janeiro, por exemplo, se o homenageado for brasileiro é preciso que ele tenha morrido. É sempre uma homenagem póstuma”. José Francisco

Rua Conde de Bonfim na altura da Pç. Saens Peña, uma das maiores do bairro

de Mesquita recebeu esta homenagem porque, além de ter morado no bairro, teve recordes de títulos nobres, era importante banqueiro e latifundiário e também um dos principais credores do estado. Muitos não sabem, mas Conde de Bonfim era pai do Barão de Mesquita, outra rua

também situada no bairro. Jerônimo José de Mesquita foi tão influente quanto o pai havia sido no passado. Ele era dono da capela Mayrink, que fica na floresta da Tijuca, e herdou a chácara gigantesca que hoje abriga o Colégio Militar, onde começa a Barão de Mesquita. Foto: stock.xchng

Noel Rosa, o mestre da boêmia e da canção Angela Rotella

O ano de 2010 marca uma data importante para a história cultural do país. Em 11 de dezembro deste ano se comemora o centenário do nascimento do cantor, compositor e violonista Noel Rosa, um dos maiores representantes de música brasileira e que sempre mostrou em suas canções o seu amor pela cidade do Rio de Janeiro. Nascido e criado no bairro de Vila Isabel, Noel Rosa teve criação tradicional e estudou no Colégio São Bento. Era uma pessoa de hábitos simples e se relacionava bem com pessoas de todas as classes. Por conta da proximidade que tinha com a música – aprendeu a tocar bandolim quando criança com

Com Que Roupa?

a mãe –, foi um dos principais precursores do chamado samba do morro no asfalto, tornando o estilo popular nas rádios. Enquanto a qualidade musical de Noel crescia, marcando sua passagem por várias grupos musicais, como Os Tangarás, seus problemas de saúde o acompanhavam, bem como o seu vício no cigarro e o consumo excessivo de cerveja. Mesmo assim, ele não parava de produzir e fez parcerias históricas com João de Barro, o famoso Braguinha, e Oreste Barbosa, chegando ao sucesso em 1930, com o samba “Com que roupa eu vou?”. Segundo o escritor Luíz Ricardo Leitão, autor do livro

Noel Rosa Agora vou mudar minha conduta, eu vou pra luta pois eu quero meaprumar Vou tratar você com a força bru...ta, pra poder me reabilitar Pois esta vida não está sopa e eu pergunto: com que roupa? Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou? Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou? Agora, eu não ando mais fagueiro, pois o dinheiro não é fácil de ganhar Mesmo eu sendo um cabra trapacei...ro, não consigo ter nem pra gastar

Uma estátua em homenagem a Noel Rosa fica na entrada de Vila Isabel

‘Noel Rosa: Poeta da Vila, Cronista do Brasil’, “a obra musical de Noel Rosa pode ser associada à obra de escritores como Gregório de Matos, Machado de Assis e Lima Barreto, todos eles mestres na sublime arte de interpretar o sentido e a formação do Brasil”.

Grandioso em toda sua obra, Noel Rosa teve uma vida curta, morreu 26 anos, em 4 de maio de 1937, vítima da tuberculose, no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, seu lugar preferido. O pouco tempo de carreira não o impediu de criar mais de 200 composições, todas grandes clássicos da música brasileira.

Eu já corri de vento em popa, mas agora com que roupa? Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou? Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou? Eu hoje estou pulando como sapo, pra ver se escapo desta praga de urubu Já estou coberto de farrapo, eu vou acabar ficando nu Meu paletó virou estopa e eu nem sei mais com que roupa Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou? Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?


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