Esquina Grande Tijuca n° 18

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Academias populares fazem sucesso na região 6

Foto: Gabriel Cavalcanti

Instaladas em diversas praças da Tijuca, ATIs trazem alegria e benefícios a saúde dos idosos

Fevereiro de 2014 | Ano 6 | Nº 18 Universidade Veiga de Almeida | Comunicação Social Curso de Jornalismo | Nota 4 no MEC

Escola de circo forma artistas para o mundo Foto: Higor Cabral

Especializada em uma arte reconhecida em todo o planeta, a Escola Nacional de Circo atrai pessoas de todo o mundo que desejam aprender, aperfeiçoar e até reciclar as práticas circences. De volta, recentemente, ao seu local de origem, depois de reformas, a ENC agora se utiliza de novas instalações e tecnologias para treinar e selecionar os seus alunos. Com histórias emocionantes, a Escola da Grande Tijuca é praticamente um livro que mistura sentimentos e a paixão pelo circo 4e5

Tijuca: palco do vôlei e basquete no Rio Com a falta do Maracanã, esportes ganharam espaço no coração tijucano

Valorização imobiliária

Grandes eventos aliados à facilidade de acesso as principais regiões da cidade fazem da Tijuca um importante ponto do Rio para o setor 2

Pedestres duelam com os carros em rua tijucana 3 Há 30 anos só no papel Planejada desde 1979, a Estação Uruguai de metrô segue em obras, com previsão de inauguração em 2014, ano da Copa do Mundo de Futebol 3

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Muito mais que um clube Foto: Ricardo Bomfim

Grande paixão dos tijucanos e dos cariocas, o America Football Club foi tombado pela prefeitura e agora é patrimônio histórico do Rio 7


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Fevereiro de 2014 | Ano 6 | Número 18 Foto: Ricardo Bomfim

Carta ao Leitor Como destaque desta publicação, o Esquina traz uma reportagem especial sobre a Escola Nacional de Circo, além de ressaltar o desempenho das escolas de samba da região, sem deixar de lado assuntos recorrentes como as Academias Populares e os problemas no trânsito. Todas as pautas foram pensadas de modo a trazer novidades e assuntos de interesse dos moradores da região, abordando temas que variam do entretenimento à serviços de utilidade pública. Assim como as outras edições, o Esquina Grande Tijuca número 18 foi produzido pelos alunos da disciplina Oficina de Jornalismo, que puderam colocar em prática os ensinamentos teóricos apreendidos durante do curso, montando este jornal com o carinho de quem está ingressando no mercado de trabalho.

Eventos, facilidades e mudanças na região valorizam a Grande Tijuca Suzane Meratti

A cidade do Rio de Janeiro vem passando por grandes mudanças devido, principalmente, à realização dos grandes eventos, o que contribui para o aquecimento do setor imobiliário. Na Grande Tijuca, a situação não é diferente. A região, que até a década de 80 tinha o metro quadrado compatível com o de Botafogo, segue a tendência e vê um salto nos valores dos imóveis. Além disso, a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que têm como base a recuperação de territórios ocupados há décadas pelo poder paralelo, resgatou a sensação de segurança e gerou uma intensa valorização imobiliária. Segundo cálculos do Sindicato de Habitação do Rio (Secovi-Rio), o valor do metro quadrado na Tijuca cresceu até 81% desde 2009. Entretanto, esta valorização já vem acontecendo há mais tempo. Prova disso é a dona de casa Lucilia Bomfim, que mora de aluguel com a família no mesmo

Jornal Laboratório Esquina Grande Tijuca | Fevereiro de 2014 | Ano 6 | Número 18

apartamento em Vila Isabel desde 1987. “Quando chegamos aqui pagávamos cerca de 10 mil cruzeiros de aluguel. Já agora, pagamos quase 700 reais, e isso porque nosso contrato com a proprietária é de boca. No prédio há pessoas que pagam mais de mil reais de aluguel”. Outro fator importante

Recomendo a região pelas facilidades que ela oferece Vera Lúcia Silva, Corretora

para justificar a valorização desses pontos é a retomada da oferta de investimentos públicos em áreas até então segregadas. Esse processo de reaquecimento do mercado imobiliário local culmina em empreendimentos com lazer

completo e infraestrutura que seguem as tendências mais modernas do setor. Esses dados aliados ao fácil acesso a todas as áreas da cidade, um intenso comércio e uma vasta oferta de transportes, fazem da grande Tijuca um importante ponto da cidade para o setor imobiliário nos próximos anos. É o que confirma a corretora Vera Lúcia Silva: “recomendo a região pelas facilidades que ela oferece, primeiro no sentido de transporte público; segundo pelo bom comércio; e terceiro por ser uma região acessível ao centro e as demais localidades”. A corretora, porém, acredita que para o mercado fica difícil lidar com as variações nos preços dos imóveis. Segundo ela, a majoração constante dos preços torna mais complicada as negociações, de modo que há uma certa relutância, em relação aos valores, fazendo com que a transação entre todas as partes se torne cada vez mais difícil.

Reportagens

AgênciaUVA

Gabriel Cavalcanti, Higor Cabral,

Redação: Rua Ibituruna 108, Casa da

Priscila Rodrigues, Ricardo Bomfim,

Comunicação, 2º andar. Tijuca, Rio de

Raffaele Tamburini, Suzane Meratti,

Janeiro - RJ 20271-020

Thiago Savelli e Thiago Tavares

Telefone: 21 2574-8800 (ramais: 319 e 416) e-mail: agencia@uva.br

Edição Paloma Sant’Anna

Oficina de Propaganda

Curso de Comunicação Social reconhecido

O Esquina Grande Tijuca é um produto da

Diagramação

e-mail: criativo@uva.br

pelo MEC em 07/07/99, parecer CES 694/99

Oficina de Jornalismo, em um trabalho

Ricardo Bomfim e Suzane Meratti

Coordenador:

conjunto realizado junto à AgênciaUVA.

Publicação Digital Projeto gráfico

Prof. Luís Carlos Bittencourt Coordenador de Publicidade:

Professor-orientador

Desenvolvido pela turma de Oficina de

Todos as edições estão disponíveis em

Prof. Oswaldo Senna

Érica Ribeiro

Jornalismo de 2009.1.

http://www.issuu.com/agenciauva.


Fevereiro de 2014 | Ano 6 | Número 18

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Estação Uruguai: 30 anos sem sair do papel Foto: Paloma Sant’anna

Thiago Tavares

A estação Uruguai de metrô, de acordo com os planos da concessionária MetrôRio, será a última da Grande Tijuca a ser construída. Ela tinha sido planejada para ser inaugurada no ano de 1979, porém o projeto foi arquivado e somente depois de muitos anos guardado dentro de uma gaveta ele foi novamente colocado em pauta. A nova estação também é a última grande obrigação do MetrôRio, já que qualquer outro investimento no futuro será de responsabilidade do governo do estado. Depois de pronto, o projeto vai virar um atrativo a mais na Tijuca, pois será a primeira estação a ter todo o ambiente climatizado com ar condicionado, sendo assim uma inovação nunca vista antes dentro do metrô, pois as outras são antigas e já estão em funcionamento,

o que dificultaria uma grande reforma. A intenção será trazer um conforto maior para os passageiros que terão de pegar o metrô nessa estação. Com a obra, a concessionária tenta minimizar um pouco o grande fluxo de carros na Grande Tijuca, diminuindo engarrafamentos e deixando o trânsito melhor. Moradores da região, no entanto, têm uma opinião divergente. É o caso de Damiana Antunes, que mora na Rua Conde de Bonfim, e disse que essa nova estação só irá fazer aumentar a Linha 1, atraindo mais gente, e com isso gerando um maior congestionamento de pessoas por aquela área. Já a moradora da Muda, Cláudia Teixeira, elogia o projeto. “Em vez de pegar uma integração na Saens Peña, vou poder saltar na estação Uruguai, que fica muito mais perto da minha casa. Além disso, é

Obras continuam em andamento, com previsão de entrega em 2014

menos uma passagem gasta”. Ela trabalha em Ipanema e com as obras da Linha 4 do Metrô acaba tendo que pegar mais um ônibus para chegar ao trabalho. A intenção da Concessionária MetrôRio é que daqui há alguns anos se possa ter uma linha que faça o trajeto direto entre as estações Uruguai

e Gávea, ambas ainda em construção. Porém, esse é um projeto futuro, que talvez possa ser implantado. A estação Uruguai tinha previsão para ser inaugurada no ano de 2013, mas devido a alguns atrasos e problemas, uma nova previsão foi feita para 2014, antes da Copa do Mundo no Brasil.

O duelo no trânsito da Rua Conde de Bonfim Motoristas e pedestres não se entendem na principal via da Tijuca Priscila Rodrigues

A relação entre motoristas e pedestres na Rua Conde de Bonfim é tumultuada. A via que interliga a Tijuca ao Alto da Boa Vista e à Barra da Tijuca recebe diariamente mais da metade dos veículos que transitam pelo bairro. O número de pedestres que passa pela via também é elevado. Adicione trânsito intenso, motoristas estressados, pedestres apressados e um pouco de intolerância. Pois é, essa mistura tem tudo para virar uma bomba e explodir. Os apitos não enganam. O policiamento na via é o s t e n s i v o, p orém, b a sta um descuido dos policiais militares e pronto: um pedestre atravessa no sinal v e r d e . “ Po r i n c r í v e l q u e pareça, aqui temos mais problemas com os pedestres d o q u e c om os p róp rios

Foto: Paloma Sant’anna

Pedestres se arriscam ao atravessar a rua com o sinal aberto aos carros

motoristas”, afirma o policial Silvio Batista que já atua nesta região há mais de um ano. Não existe uma lei que puna as infrações cometidas pelos pedestes, apesar de Batista dizer que a presença dos policiais já os intimida. Em outra esquina da Rua Conde de Bonfim a afirmação do policial é confirmada. Sem policiamento, os pedestres

atravessam fora da faixa e não respeitam o sinal. O aposentado Iranir Teixeira se defende: “a gente atravessa porque o sinal aqui fecha muito rápido. Além disso, a rua é estreita, dá tempo”. Entretanto, frequentemente é possível presenciar um atropelamento na principal via da Tijuca. Os motoristas que precisam utilizar a via reclamam da falta

de punição para os pedestres. “Eles fazem a maior “bandalha” e nada acontece. Aí, quando ocorre um acidente a culpa é sempre nossa”, afirma o motorista Rodrigo Rodrigues que passa pela via diariamente para ir ao trabalho. Ele já perdeu as contas das vezes que precisou frear bruscamente devido a um pedestre que passou na frente do carro. “Eles passam correndo, a gente é que precisa tomar cuidado”, complementa o profissional. É claro que os motoristas também cometem as suas irregularidades, mas devido ao policiamento atuante que hoje existe na Rua Conde de Bonfim eles são obrigados a respeitar as leis de trânsito. Já os pedestres, apesar de não haver legalmente uma punição, devem se conscientizar que a sua perda é muito maior.


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Fevereiro de 2014 | Ano 6 | Número 18

Escola Nacional de Circo: única na América Latina Foto: Ricardo Bomfim

Em mais de 30 anos de existência, a escola, que já funcionou provisoriamente dentro da estação Leopoldina, atrai pessoas de todo o mundo Higor Cabral

A cidade do Rio de Janeiro abriga muitas instituições, pontos turísticos e históricos importantes nacional e internacionalmente. Mas algo que talvez alguns não saibamé que a única escola pública de circo da América Latina também está aqui. A Escola Nacional de Circo, administrada pela Funarte, possui alunos de vários estados brasileiros e também de outros países. Basta caminhar pela escola que é possível ver peruanos, argentinos, chilenos e muitas outras nacionalidades, principalmente latinos. Em 2013 a escola completa 31 anos de existência no mesmo endereço: a Praça da Bandeira, nº 4, um tradicional ponto de armação de circos no século 19 e início do século 20. Porém, durante três anos, funcionou no interior da estação Leopoldina devido às obras da linha 2 do metrô. Em dezembro de 2012, a Escola Nacional de Circo reabriu totalmente reformada e com uma

área ampliada. O coordenador pedagógico Carlos Eugênio Leite diz que alguns itens ainda estão em processo de organização e instalação, pois o prédio tem uma estrutura grande. “Aos pouquinhos estamos arrumando a casa”, diz.

Cada região concorre a um número igual de bolsas. Assim, nós podemos trazer alunos de fora do Rio de Janeiro Carlos Eugênio, Coordenador da Escola de Circo

São oferecidos três grandes cursos: um técnico em artes circenses, com

duração de três anos e meio; o curso básico, que tem duração de dez meses; e o curso de reciclagem, voltado para quem já é profissional circense e pretende se atualizar. Para quem vem de longe, a escola disponibiliza bolsas para alunos do Brasil inteiro. “Cada região concorre a um número igual de bolsas. Assim, nós podemos trazer alunos de fora do Rio de Janeiro e dar a eles condição de se manterem aqui por dez meses, já que não temos outros pólos”, conta Leite. A primeira fase do processo seletivo para conseguir a bolsa é bem moderna. O candidato m a n d a u m DV D c o m o s exercícios propostos, que são avaliados por uma comissão que seleciona os candidatos que participarão da fase presencial. Nessa segunda fase, os futuros alunos repetem os exercícios e a banca avaliadora faz a seleção final. Como uma boa escola de circo, não poderia faltar

os espetáculos para que os alunos possam mostrar tudo que aprenderam. São dois por ano, um de aniversário que acontece em maio, e outro em dezembro, que é o espetáculo de formatura. Carlos Eugênio diz que a escola pretende voltar a produzir mensalmente espetáculos abertos para escolas públicas e comunidades. “Essa era uma prática que tínhamos até 2010. Mas por estarmos em processo de montagem, ainda não podemos retomar essa atividade, pois demanda uma série de autorizações da prefeitura, corpo de bombeiros”, explica o coordenador.

Horários A Escola Nacional de Circo funciona de segunda a sexta em dois turnos: primeiro das 8h às 12h e o segundo das 13h às 17h.


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a oferecer ensinamentos circenses gratuitamente Nascido e criado numa lona de circo Pirajá Bastos já nasceu debaixo de uma lona de circo e pertence à quarta geração circense na família. Ele e mais quatro irmãos percorreram o Brasil durante trinta e cinco anos armando circos e fazendo shows em inúmeras cidades do interior. Há 17 anos ele é professor da Escola Nacional de Circo e já profissionalizou muitos alunos em toda sua carreira. Um dos seus alunos foi o ator Marcos Frota, conhecido por interpretar o marcante ´Toinho da Lua´, da novela ´Mulheres de Areia´. Entretanto, essa é apenas uma história de um dos alunos de Pirajá. Segundo o professor, muitos deles trancam o curso para poderem trabalhar profissionalmente. A única geração que não seguiu totalmente o circo foi a que veio depois de Pirajá. Seus filhos acabaram seguindo outros caminhos depois de adultos, apesar de terem nascido e crescido em ambiente circense. “Meus filhos foram os alunos que mais se transferiram de colégio no Brasil. Pois ficávamos um tempo em uma cidade e logo já partíamos para outra. Foi duro”. Pirajá fala que um grande problema está ainda no preconceito. “Melhorou muito, mas ainda continua. Quando eu e minha família íamos visitar os parentes, os avós ficavam criticando. Isso acabou mexendo com a cabeça das crianças”. Com isso, na época de universidade, eles decidiram que iriam para alguma capital para que os filhos e sobrinhos pudessem estudar e venderam o circo. Hoje em dia, os membros da família seguiram direções diferentes. Sem muita escolha, Pirajá procurou atividades relacionadas ao circo para poder se sustentar. Foi aí que ele começou a dar aulas na ENC. “Eu fui o único que continuei no circo. É tudo na minha vida. Se eu pudesse escolher nascer de novo, eu escolheria nascer no circo”.

Foto: Higor Cabral

Vinda do Paraná, Francieli começou no circo aos 13 anos de idade

Bolsista sonha em montar a própria escola

Foto: Higor Cabral

Nascido e criado no circo, Pirajá é a 4ª geração de uma família circense

Francieli S. Bergmann veio de Toledo, no Paraná, para o Rio utilizando as bolsas para os cursos básicos que são disponibilizadas pela Escola Nacional do Circo. Depois dos dez meses regulares de curso, a aluna decidiu ficar para terminar o curso técnico de três anos e meio. “Se não fosse o auxílio financeiro da bolsa, eu não teria conseguido”, diz ela. Desde os treze anos de idade ela já trabalha com circo, mas escolheu estudar na ENC para se profissionalizar. Ao contrário de muitos alunos, Franciele não pretende continuar aqui no Rio. O objetivo é se formar e voltar para sua cidade natal para espalhar o circo por lá. “Eu pretendo voltar para a minha cidade, dar aulas e contribuir sempre para melhorar a qualidade dessa arte”, Francieli completa dizendo que está aprendendo atividades diferentes que não são tão comuns em Toledo para expandir o conhecimento das pessoas na cidade. Ela ainda pensa em viajar para fora do país em busca de mais experiência. A artista também é estudante de Educação Física, mas acabou parando o curso porque, segundo ela, estava ficando muito limitado em comparação ao circo. “Recentemente eu comecei balé, que me ajudou muito no meu condicionamento físico, postura e flexibilidade. Evita várias lesões”, esclarece. O projeto da vida de Francieli é montar sua própria escola. Após adquirir bastante conhecimento e experiência, ela se sentirá pronta para concretizar esse sonho. “O circo representa tanto na minha vida que eu quero estar sempre contribuindo mais e mais. Pretendo montar uma academia que, além das atividades circenses, vai privilegiar a dança. Tudo em prol do circo”, conclui.


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Fevereiro de 2014 | Ano 6 | Número 18

A “esquecida” Biblioteca Popular da Tijuca Foto: Paloma Sant’anna

Thiago Batista Savelli

A leitura não é um dos passatempos mais populares do povo brasileiro. De acordo com a terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, a média de livros lidos pelo brasileiro é de apenas quatro por ano, sendo apenas de 2,1 livros até o fim. Existem medidas e programas, tanto públicos quanto particulares, que tentam aumentar a afinidade do povo brasileiro pela leitura. Na cidade do Rio, o Projeto Biblioteca Popular busca ampliar a quantidade de leitores oferecendo 29 bibliotecas espalhadas pelo município. A Tijuca é um dos bairros contemplados. A Biblioteca Marques Rebelo – uma homenagem ao autor Eddy Dias da Cruz – fica na Rua Guaperi, nº 61, e possui um acervo de cerca de 16 mil itens entre livros ficcionais e didáticos, revistas e jornais. Além das

publicações impressas, ela oferece audioteca e acesso gratuito à Internet. O movimento estimado é de cem usuários por dia, entre tijucanos e pessoas de outros bairros que frequentam a região. A média é muito pequena em relação à população das proximidades, cerca de 170 mil pessoas de acordo com o censo de 2010, principalmente pela falta de conhecimento da população sobre a existência da biblioteca. Apesar da grande quantidade de atividades, como eventos culturais, cursos gratuitos e exposições, realizadas com o objetivo de divulgar o acervo e até mesmo a existência da biblioteca, a falta de conhecimento da população é o maior responsável pela baixa taxa de frequentadores. O estudante Vinicius Raphael mora no bairro há mais de

Por não ser grandiosa, moradores desconhecem a biblioteca popular

18 anos e não conhece a biblioteca. “Ninguém fala sobre ela, nem mesmo os professores da faculdade falam sobre isso. Nem eles devem saber na verdade”. O aumento do conhecimento da população da biblioteca é fundamental para o crescimento dela. Quanto maior o movimento, maior será o acervo e, por consequência,

melhor será a qualidade, já que a falta de movimentação mantém o acervo relativamente baixo e, inclusive, um pouco atrasado. Apesar disso, a biblioteca é uma excelente alternativa para aumentar a média de leitura da população. É preciso apenas levar o conhecimento da existência desse excelente polo gratuito da leitura para toda a população.

Exercícios ao ar livre nas praças da região Gabriel Cardoso Cavalcanti

A procura por atividades físicas está cada vez maior. Prova disso é o crescimento no número de academias por todo o Brasil. Porém, um fator determinante ainda pesa no bolso de grande parte das pessoas que procuram essa forma de se exercitar: o preço. No Rio de Janeiro, a solução mais viável para isso está nas

Academias da Terceira Idade (ATIs), espalhadas em espaços públicos da cidade. Localizadas em diversos pontos da Grande Tijuca, elas apresentam uma alternativa para as pessoas que buscam uma vida mais saudável e não estão dispostas a pagar uma mensalidade alta para manter uma rotina de exercícios. Foto: Ricardo Bomfim

Em alguns desses espaços ao ar livre, são oferecidas aulas gratuitas para os idosos que, geralmente, são os que mais as procuram. Como no caso de Rute da Conceição, moradora do Grajaú e frequentadora da academia da Praça Edmundo Rêgo. “Isso daqui é uma maravilha, não tem nada melhor do que você acordar de manhã e vir se exercitar, eu passo o dia mais leve”. De acordo com o professor Gabriel Pereira, da academia da Praça Barão de Drumont, em Vila Isabel, esses alunos, diferentemente

dos “marombeiros”, buscam a prevenção. E uma vantagem para isso é o Sol. “Ele libera substâncias benéficas ao corpo humano, principalmente aos idosos, que convivem com problemas nos ossos”, explica. O conjunto compreende atividades para fortalecer, alongar e relaxar, dar agilidade e promover a flexibilidade da maioria dos músculos do corpo humano. A grande vantagem é que os aparelhos usam o peso e a força do próprio usuário para movimentá-los, garantindo mais saúde sem exigir grande esforço das pessoas em geral.

Onde encontrar

Mesmo após uma noite chuvosa, alunos se exercitam na manhã seguinte na academia da Praça Barão de Drumont, em Vila Isabel

Na região da Grande Tijuca, as Academias ao Ar Livre ficam localizadas em cinco praças: Praça Saens Peña, Affonso Pena e Comandante Xavier de Brito, na Tijuca; Praça Barão de Drumont, em Vila Isabel; e Praça Edmundo Rego, no Grajáu.


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America Football Club: um patrimônio do Rio Rafaele Tamburini

São notórias a paixão e a admiração do tijucano por futebol. A grande Tijuca abriga o Maracanã, palco de muitos clássicos do “mundo da bola”, e também é a casa de um clube que tem sua história entrelaçada com a do bairro: o America Football Club. Recentemente, em julho de 2012, ele foi homenageado e agraciado pelo então prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes: o clube tijucano teve sua sede tombada pela prefeitura e se tornou oficialmente um patrimônio histórico do Rio de Janeiro. Entretanto, até que isso fosse possível, o America quase teve sua sede leiloada. Com dívidas acumuladas de administrações passadas, o clube passou por diversos momentos difíceis e contou com a ajuda de veículos de comunicação e torcedores

Foto: Ricardo Bomfim

Entrada principal da sede social do clube, na Rua Campos Sales, na Tijuca

influentes para não perder seu “lar”. Segundo o presidente do clube, Vinícius Cordeiro, a sede movimenta mais de três mil pessoas que utilizam as dependências para diversos fins e, perdê-la, seria por um fim desonroso para a linda história do clube. O presidente também comenta que o clube e seus torcedores organizaram, meses antes do tombamento, um abraço simbólico no prédio da sede, que foi veiculado na mídia por vários canais. E de acordo

com ele, isso foi fundamental para que o prefeito da cidade, Eduardo Paes, decretasse o tombamento definitivo do local como patrimônio histórico da

Vencemos mais uma batalha Vinicius Cordeiro, Presidente do America

prefeitura. Além do decreto de Paes, o clube não poderá ser utilizado para fins que não sejam relacionados a esporte, recreação e lazer. A notícia mexeu com o coração de diversos torcedores e simpatizantes que estavam apreensivos com o possível leilão do clube. Fábio Azevedo, torcedor do America, afirma que o tombamento veio em excelente hora e que isso ajuda a instituição a manter uma perspectiva de crescimento e retomada de sua história gloriosa. Vinícius Cordeiro também quis mostrar toda sua felicidade sobre o feito. “Vencemos mais uma batalha dentro do árduo processo de revitalização do clube e com a ajuda dos americanos conseguiremos devolver o America ao seu devido lugar”, completou ele.

Vôlei e Basquete arrebatam o coração tijucano Ricardo Bomfim

Desde 2010, o Maracanã, principal palco do futebol carioca, estava fechado para obras, devido os grandes eventos na cidade, como Copa do Mundo e Olímpiadas. Com isso, o tijucano perdeu um pouco a proximidade com o futebol do Rio. Entretanto, outros esportes vêm ganhando espaço na Tijuca e no coração dos moradores. Trata-se do vôlei e do basquete carioca que utilizando instalações do bairro da Zona Norte do Rio ganham público a cada dia. O vôlei, com as equipes feminina do Unilever e masculina do RJX representando o Rio de Janeiro, vem motivando mais os torcedores a comparecerem no ginásio do Maracanãzinho e do Tijuca Tennis Clube, para acompanhar as partidas da Superliga. Com atletas da seleção nacional, o esporte vem ganhando espaço tanto pelo nível que é apresentado

quanto pelos gastos para se ver uma partida da modalidade.

Tenho mais prazer de ir a um jogo de basquete do que ao Engenhão Raul Lima

Segundo Mariana Pereira, estudante de publicidade da Veiga de Almeida e moradora de Vila Isabel, o custo benefício de uma partida de vôlei vale mais do que uma de futebol, já que os ingressos variam entre R$10 e R$30, e o ginásio ainda tem ar-condicionado (no caso do Maracanãzinho). O mesmo se aplica ao basquete. Com a bola laranja, o estado é representado pelo

Tijuca Tennis Clube e por umas das potências do esporte no território sul-americano, que é o Flamengo. Não se pode negar que o apelo pelo time rubro-negro é grande devido ao futebol, mas muitos torcedores admitem que, atualmente, têm preferido ir ao ginásio para ver a equipe de basquete em vez de ir ao campo. É o que diz, por exemplo, o estudante de administração da Veiga de Almeida, Raul Lima, que mora no Grajáu. “Apesar de ter me

tornado Flamengo pelo futebol, atualmente, tenho mais prazer de ir a um jogo de basquete do que ao Engenhão”. Como se pode perceber, o crescimento desses dois esportes perante o público carioca, principalmente o tijucano, é grande. No entanto, a pergunta que não quer calar é: será que com a volta do Maracanã esse interesse vai diminuir, se manter ou aumentar? Isso, infelizmente, só o tempo vai dizer. Foto: Site CBV / Divulgação

Após 20 anos, o Rio voltou a conquistar a Superliga com o RJX, em 2012


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Fevereiro de 2014 | Ano 6 | Número 18

O crescimento das escolas de samba da região

Agremiações da Grande Tijuca vêm se destacando no carnaval do Rio Foto:Natália Passos

Suzane Meratti

O desempenho cada vez melhor das escolas de samba da Grande Tijuca no carnaval carioca está transformando a área em palco da festa. Esse crescimento fica claro quando se verifica que de 2009 a 2013, apenas em 2011 a vencedora não era uma das agremiações da região. Mesmo quando não foram campeãs, elas estavam entre as primeiras colocadas, sendo reconhecidas por todos.

Uma escola sem comunidade fica sem identidade Junior Pernambucano, carnavalesco da Império da Tijuca

Certamente, isso é fruto de muito trabalho e dedicação, capazes de criar um verdadeiro espetáculo apresentado nos desfiles. Desse modo, o alto investimento das agremiações tem rendido excelentes frutos não só no grupo especial. No ano de 2013 veio a consagração da região ao conquistar os títulos tanto da elite do carnaval, com a Vila Isabel, como do grupo A, com a Império da Tijuca. O resultado é a euforia dos torcedores. “Nós ainda vamos dar muito que falar. O Salgueiro é acima de tudo paixão”, afirma o estudante de direito e salgueirense Thiago Pereira. Já para Junior Pernambucano, carnavalesco da Império da Tijuca, o sucesso das escolas da região vem do planejamento e da dedicação de todos. “Uma escola sem comunidade

Falando sobre os segredos da vida, Unidos da Tijuca usou os superheróis, que não revelam sua identidade, para ganhar o título em 2010

fica sem identidade”. Além disso, para o carnavalesco, o grande diferencial das escolas tijucanas é a tradição e as raízes da agremiação no bairro, o que fortalece o entrosamento com os moradores da região. Mesmo quem não torce por uma dessas escolas, reconhece o trabalho. “Só posso parabenizar pelo show que elas vêm apresentando a

cada ano na avenida”, afirma João Oliveira, bancário e torcedor da Beija Flor. O reflexo disso é que a Grande Tijuca se torna o centro das atenções quando o assunto é carnaval e a maior recompensa, talvez, seja o reconhecimento não só para os envolvidos diretamente com carnaval, mas para todos os moradores da região.

Você sabia?

Títulos e Enredos

• O Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Tijuca é a terceira Escola de Samba mais antiga do Brasil. Criada em 1931 com a fusão de quatro blocos existentes nos morros da Casa Branca, da Formiga e da Ilha dos Velhacos. Seus fundadores tinham o objetivo de defender as raízes tradicionais do folclore brasileiro e e lutar pelas causas populares. • Na metade do século XX se formou um bloco com os jogadores do time de futebol “Azul e Branco”, que usou as cores do clube. Sob a direção de um dos membros, Antônio Fernandes da Silveira, mais conhecido como Seu China, a escola de samba de Vila Isabel foi fundada no dia 4 de abril de 1946. A quadra da escola fica na Boulevard 28 de Setembro, principal via do bairro, no entanto, inicialmente, a Vila Isabel ensaiava no campo do Andaraí. • Fundado em 8 de dezembro de 1940, no Morro da Formiga, situado na Tijuca, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Educativa Império da Tijuca foi a primeira agremiação ligada ao Carnaval a usar a palavra “Império” em seu nome. Por essa razão, inclusive, seu símbolo é uma coroa. No pavilhão, encontram-se representados ainda o fumo e o café, simbolizando as riquezas da região onde foi criada escola e que abrigou tantas chácaras. • A partir da união de duas escolas de samba do Morro do Salgueiro (Azul e Branco e Depois eu Digo) , a Acadêmicos do Salgueiro foi fundada em 5 de março de 1953 e faz sucesso desde a sua estreia no Carnaval. Em seu primeiro desfile, com o enredo “Romaria à Bahia”, em 1954, a vermelho e branco tijucana surpreendeu o público e alcançou a terceira colocação.

UNIDOS DA TIJUCA (6 títulos)

- - - - - -

1936: Sonhos delirantes 1980: Delmiro Gouveia 1987: As três faces da moeda 1999: O dono da Terra 2010: É segredo 2012: O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão

VILA ISABEL (3 Títulos)

- 1988: Kizomba, a Festa da Raça - 2006: Soy Loco Por Ti América – A Vila Canta a Latinidade - 2013: A Vila canta o Brasil celeiro do mundo – “Água no feijão que chegou mais um” SALGUEIRO (9 títulos)

- - - - - - - - -

1960: Quilombo dos Palmares 1963: Xica da Silva 1965: História do Carnaval Carioca - Eneida 1969: Bahia de Todos os Deuses 1971: Festa para um Rei Negro 1974: Rei da França na Ilha da Assombração 1975: O Segredo das Minas do Rei Salomão 1993: Peguei um Ita no Norte 2009: Tambor

IMPÉRIO DA TIJUCA (Títulos da Séria A e B do Carnaval)

- 2006: Tijuca, cantos, recantos e encantos - 2013: Negra, pérola mulher


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