Esquina Grande Tijuca n° 21

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Mudanças na alimentação melhoram a qualidade de vida Médicos afirmam que qualquer alteração deve ser feito gradualmente

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Setembro de 2015 | Ano 7 | Nº 21 Universidade Veiga de Almeida Jornal Laboratório do curso de Jornalismo

TRÂNSITO: CONSTANTE DISPUTA POR ESPAÇO

A população sofre com estresse diário e ultrapassa limites entre o certo ou o errado entre motoristas e pedestres e a solução está em uma melhor organização, mas também pela educação 5

A vida no balé: projeto transforma vida de crianças carentes Escola de ballet "Petite Danse" monta ONG e desdenvolve ações para ajudar jovens a construir futuro na dança 7

D'Vinil e os clássicos na Tijuca De casa para o Brasil Jorge Barbosa conta como foi da produção de cerveja artesanal para o próprio consumo a consagração como mestre cervejeiro 6

UM BOM NEGÓCIO

Comércio de livros usados vive em meio as tecnologias digitais

LP'S raros e eventos atraem gerações de amantes de música para banca do bairro 8


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Setembro de 2015 | Ano 7 | Número 21

Carta ao leitor Mais uma edição

Crônica Força, raça e gana. Sempre Thayna Alves

do jornal Esquina Grande

de enxada com muita dor de

Há um tempo recebeu uma

cabeça. E quando caiu a noite,

carta dos irmãos daquela tia,

Tijuca, produzido e redigido

Saens Peña, 7 da manhã

Maria chorou. De alegria pela

aquela que a rejeitou. Na carta

por alunos de Jornalismo

de uma segunda-feira. Como de

morte do chacal de sua mãe, e

relatavam que ela tinha morrido,

da Unviersidade Veiga de

costume, caminhei até a praça

de tristeza pela morte de quem a

mas um pouco antes de partir

Almeida, está sendo lançada.

observando o despertar de mais

beijava na testa quando chegava

pediu que Maria a perdoasse

Foram desenvolvidas

uma semana. Sem querer o

a casa. Não muito depois sua

por tudo o que fez. A vida é

reportagens leves e especiais

sufoco do metrô , me conformei

mãe juntou-se a seu pai.

mesmo tragicamente engraçada,

para aqueles que fazem parte

com o aperto do ônibus e peguei o

do coração da Tijuca.

417 (Saens Peña – Gávea).

Aos seis anos, uma

sabia que não dava pra perdoar...

criança que espera o carinho e

"já morreu", pensou. Mas em

Visando construir

Em duas horas de

o consolo da família pela partida

seguida pediu a Deus que a

um jornal que engloba

engarrafamento, observei Maria,

dos pais, escuta da tia: “Quando

ajudasse, porque sozinha ela não

assuntos e retrata fatos

como irei chamá-la (afinal toda

pai morre, acaba os parente!”.

conseguiria. Eram muitas marcas

que fazem parte do nosso

Maria tem a estranha mania de

O jeito, então, era se virar como

e muitos anos sofrendo sozinha

dia-a-dia com matérias

ter fé na vida). Baiana, guerreira,

dava. O peso do mundo nas

que não seriam apagados com

de diversas temáticas,

que aos 19 anos morreu. Pois

costas de uma criança. Ela veio

algumas lágrimas de um falso

p a s s a n d o p or c ultura ,

é, segundo a mesma, nesta

para o Rio de Janeiro, cresceu,

arrependimento.

esporte, alimentação, artes,

idade ela foi dada como morta

apanhou da vida e aprendeu

Finalmente ela despediu-se

comportamente e também

durante dois dias. A família, triste,

sozinha. Fez amigos e eles

da amiga no ônibus e se preparou

pautas de serviço público.

levou-a para ser velada quando,

viraram sua família. Hoje Maria

para descer. Eu? Despedi-me

de repente, como se acordasse

faz salgadinho, empadinha e

dela em pensamento e concluí

de uma boa noite de sono, ela

faxina. Até que para quem o

que ela é uma mulher que

com a proposta de ampliar a

ergueu-se, fazendo suas amigas

mundo deu as costas, ela se

merece viver e amar como

visão de quem frenquenta a

caírem estateladas no chão.

virou muito bem.

outra qualquer no planeta.

Reportagens

AgênciaUVA

André Manhães, Gabriela Piras, Guillher-

Redação: Rua Ibituruna 108, Casa da

me Cozensam Gustavo Portella, Ingrid

Comunicação, 2º andar. Tijuca, Rio de

Vieira, Jéssica Alexandrino, Rafael

Janeiro - RJ 20271-020

Lemos, Thayna Alves e Thaís Monteiro

Telefone: 21 2574-8800 (ramais: 319 e 416)

Tijuca, dando um novo roteiro

Mas falemos dos 19 anos

para aqueles que contribuem

anteriores. Maria era irmã de

para o desenvolvimento

cinco irmãos, filha de um pai

dessa história.

trabalhador e de uma mãe

Em meio a isso, foram

tão guerreira quanto ela. O pai

aplicados ensinamentos

plantava de tudo, até onde não

apreendidos durante o curso,

era fértil ele fazia crescer. A

desde a parte da apuração

mãe, boa esposa, oprimida e

até o processo de escolha

obediente, apanhava calada e

das matérias e finalização do

chorava no quarto.

jornal. Esperamos que vocês

Aos três anos, a morte bateu

aproveitem as informações e

à porta. Seu pai voltou para

curtam a leitura!

casa depois de mais um dia

Foto: Rafael Junqueira

Assim como nas edições anteriores, o Esquina vem

e-mail: agencia@uva.br Jornal Laboratório Esquina Grande Tijuca | Setembro de 2015 | Ano 7 | Número 21

Edição e diagramação Beatriz Santos, Carlos Alberto, Catarina

Agência Criativa

Curso de Comunicação Social reconhecido

O Esquina Grande Tijuca é um produto da

Dias, Gabriel de Carvalho, Karyne Alexa,

e-mail: agenciacriativa@uva.br

pelo MEC em 07/07/99, parecer CES 694/99

Oficina de Jornalismo, em um trabalho

Vivane Prico

Coordenador de Jornalismo

conjunto realizado junto à AgênciaUVA.

Distribuição Digital Projeto gráfico

Prof. Luís Carlos Bittencourt Coordenadora de Publicidade:

Professor-orientador

Desenvolvido pela turma de Oficina de

Todos as edições estão disponíveis em

Profa. Miriam Aguiar

Érica Ribeiro

Jornalismo de 2009.1.

http://www.issuu.com/agenciauva.


Setembro de 2015 | Ano 7 | Número 21

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Reeducação alimentar ajuda na saúde e boa forma Foto: Polski (pixaby.com)

Ingrid Vieira

Em tempos de “dietas milagrosas”, a busca pelo corpo perfeito virou rotina na vida de grande parte da população. O que pouco se nota é que a maioria dessas dietas tem prazo de validade. Segundo a nutricionista Cláudia Nunes, o ideal é se reeducar. “Mudar radicalmente a alimentação causa mudanças

frituras, gorduras e molhos,

explica. Outra recomendação é

atividade física já faz toda a

de comportamento que são

e sempre consumir uma boa

o fracionamento das refeições

diferença”, garante Cláudia.

prejudiciais à saúde. A boa forma

ingestão de líquidos.

com intervalos regulares de

Ela também lembra que

só irá aparecer, sem prejuízo, se

“A á g u a é a n o s s a

três a quatro horas entre elas.

o acompanhamento médico

mantivermos hábitos alimentares

melhor opção. Devemos

Isso permitirá que a qualidade

do profissional adequado é

saudáveis”, afirma.

tomar cerca de dois a três

da alimentação ande lado a

indispensável. Segundo a

Entre as dicas para a

litros por dia. Depois, vêm

lado à quantidade adequada

nutricionista, a boa forma deve ser

reeducação alimentar, ela

os refrescos e os chás. Vale

de alimentos.

a consequência da reeducação

aponta o consumo de frutas,

lembrar que refrigerantes e

“É importante deixar a

alimentar, não apenas a sua

verduras, legumes, hortaliças,

bebidas alcóolicas devem ser

ansiedade de lado. Aproveite

causa. Todo incentivo é válido,

cereais integrais, laticínios

evitados. Eles fazem mal à

esse tempo para fazer

mas saúde e bem estar devem

magros e proteína. Evitar

saúde e ajudam a desidratar”,

exercícios. Meia hora de

sempre vir em primeiro plano.

Cozinhar versus comer fora

marcou 1,17% de alta nos alimentos, maior que a anterior que foi

Aumento de preços diverge opiniões

legumes que saltou de 2,94% para 10,26%. Dá para sentir no bolso

de 0,82%. O destaque para esse aumento foi para as hortaliças e como os produtos ficaram mais caros. O estudante Fábio Santos, percebeu isto. “É notório como os

Rafael Lemos

alimentos estão com um preço num dia e depois quase o dobro no O gasto com a alimentação ainda é motivo de atenção para o

outro”. Ele é um dos tijucanos que dedica parte de seu salário para

tijucano. A primeira prévia de inflação do mês de março de 2014,

fazer compras e preparar a própria refeição. “Mesmo com os preços

medido pelo índice de preços ao consumidor – semanal (IPC-S),

em alta, ainda é vantajoso cozinhar, pois o valor que se paga em Foto: Rafael Lemos

um prato executivo, por exemplo, se pechinchar, dá para comprar um quilo de carne para a semana toda”. É com esse intuito de economizar que muitas pessoas tentam driblar os gastos e dispendem um tempo maior tanto na busca por alimentos mais em conta como no preparo dos alimentos. Felipe Oliveira é um tijucano que pensa diferente. Funcionário público, ele sempre come fora, pois fica o dia inteiro na rua e considera esta opção mais prática. Outra vantagem que destaca é a possibilidade na variedade de opções na hora de comer. Um ponto negativo que Felipe encontra é a variação dos preços. “Eu moro na Tijuca, mas trabalho em Niterói e em Campos. É nítida a diferença dos preços. No Rio os valores chegam a ser o dobro comparado com meu local de trabalho”. Esta alta dos preços é a consequência dos valores dos alimentos que inevitavelmente são

Fábio prepara as refeições comprando alimentos em conta e com qualidade

repassados aos consumidores.


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Setembro de 2015 | Ano 7 | Número 21

Mercado de livros resiste à tecnologia digital Da era da leitura em tablets e smartphones, sebos ainda fazem sucesso André Manhães

na região, como a banca

deste contato com o livro, de

atenção dada na hora da leitura

conhecida como Livreiro Saens

guardá-lo em casa, de ler na

é diferente: "Prefiro o papel,

cama", explica.

pois o livro é "original" e facilita

Audiobooks, e-books e

Peña, na Rua das Flores. Há

leitores digitais mais baratos

muitos anos no mercado,

a leitura, além de aumentar o

do que bicicletas. Este poderia

Janine Santos disponibiliza,

meu interesse".

ser um cenário ruim para

junto com a filha, Júlia Óps,

o mercado de livros e pior

aproximadamente três mil

ainda para os usados. Mas

títulos, onde muitos podem ser

não é. Os sebos resistem

comprados com uma moeda

bravamente, em um momento

de 1 real.

Prefiro o papel, pois o livro é "original" e facilita a leitura

Apostando em jovens como a filha, a dona revela que gostaria de expandir o negócio físico e no campo virtual. "Minha intenção é fazer um corredor

de revoluções tecnológicas

E, se o preço é parecido

e à uma nova geração de

com o do concorrente, o

leitores acostumados desde

público alvo se diferencia.

E futuramente estaremos

pequenos ao uso de dispositivos

De acordo com Janine, a

presentes na Estante Virtual".

eletrônicos.

Júlia Óps

cultural aqui na Rua das Flores, mas não depende só de mim.

clientela é diversificada, mas

A filha, apesar de nova,

Se depender dos amantes

Na Rua Conde Bonfim, a

os maiores compradores são

parece se encaixar no perfil

dos livros de papel, os leitores

Caverna do Saber conta com

os com mais de 45 anos. "O

e garante preferir o papel

digitais é que passarão por

mais de quinze mil exemplares,

pessoal desta faixa etária gosta

aos leitores digitais, pois a

momentos ruins.

chegar aos R$200, como acontece com livros mais difíceis de encontrar, que podem ser pesquisados na loja ou pela plataforma Estante Virtual.

Bom investimento O funcionário Wilson Peres conta que vende livros para todo o país e que já chegou a enviar o exemplar Literatura e Sociedade, de Antônio Cândido, para um universitário de Oiapoque, no Amapá. Para o vendedor, o mercado está aquecido e conta que há meta de crescimento mensal de 15%. ''A pessoa entra na loja procurando um livro e acha obras que, a princípio, não interessavam. E está longe de acabar, pois a história mostra que outros meios de comunicação passaram por dificuldades, mas superaram''. E, assim como Wilson, outras entusiastas dos livros baratos estão presentes

Foto: André Manhães

que partem de R$1 e podem


Setembro de 2015 | Ano 7 | Número 21

5 Foto: Isadora Keidel

Sem se preocupar com pedestres, motorista de ônibus avança sinal em meio a rua Conde de Bonfim, próximo ao Tijuca Tênis Clube, e não é penalizado

Uma guerra urbana Cariocas não sabem lidar com o estresse matinal no trânsito

Diante disso, enfrentar

pode resolver tudo, como

o outro às vezes parece uma

feito no período da Copa das

boa ideia e ainda, somado a

Confederações, em que 10 mil

sensação de poder, proteção e

policiais foram recrutados - o

impessoalidade que o carro dá

dobro da soma de policiamento

o medo de alguma reação do

em dias cotidianos no Rio.

outro é mínima, principalmente

Já a psicóloga Luciana

quando quase bateu em um

em momentos de raiva. "O

Machado afirma que essa

carro que seguia pela Avenida

estresse faz com que o indivíduo

mudança pode vir pela maneira

Ao caminhar pelas ruas do

Maracanã e se recusou a parar

mude atrás do volante. Ele

como as crianças agem em casa,

Rio de Janeiro é fácil encontrar

o veículo para ela sair. Mais

se altera completamente, a

levando para o dia a dia o que

carros furando sinais, pedestres

a frente, as duas seguiram

ponto de cometer loucuras que

elas aprendem dentro das salas

atravessando fora da faixa,

trocando insultos, até que a

sozinho não realizaria", explica

de aula. "Eu já fui repreendida

impaciência e descaso com o

oura mulher saltou e desferiu

a psicóloga Luciana Machado.

por uma menininha em meu

próximo. Realidade que não é

golpes com uma trava de

E o preocupante é que o

consultório por deixar a luz

apenas um "privilégio" de bairros

volante no carro da enfermeira.

número de carros e motos nas

acesa sem ter ninguém no local

localizados no centro da cidade,

Aline prestou queixa na 18ª DP,

principais capitais brasileiras,

usando-a. Ela falou que aprendeu

para não ir muito longe a Tijuca

a mais próxima do local, mas o

de acordo com o Observatório

isso na escola", relembra.

e arredores também são alvos

caso ainda não foi a julgamento.

das Metrópoles, cresceu em

Diante de ideias e iniciativas

Isadora Keidel

Situações como essas

dez anos de 11,5 milhões para

para buscar um melhor convívio

Assim como Raquel Adriana

já não são novidade para

20,5 milhões. Em contra partida,

entre motoristas e pedestres

dos Santos Afonso, 21 anos,

quem trabalha no Centro de

as cidades permanecem do

é possível, ainda, cultivar a

estudante de enfermagem da

Operações da Polícia Militar

mesmo tamanho desde 1950,

esperança de melhorias a longo

Universidade Veiga de Almeida,

(Copom) - o 190. Em meio a

por exemplo, época em que

prazo, segundo as entrevistadas

moradora da grande Tijuca.

tantas situações de estresse,

o número de automóveis era

da reportagem concordam.

Durante seu percurso até a Barra,

dentre 35 mil ligações diárias,

menos que o quíntuplo de hoje.

Haver uma mudança total no

onde faz estágio, desde de manhã

70 são sobre brigas de trânsito

Portanto, episódios

comportamento da população

engarrafamentos, seguido de

ou reclamações do tipo. De

envolvendo casos de mortes

é uma situação difícil de se

negligências e descaso tanto

acordo com o policial militar

por causa de brigas no trânsito e

esperar. Afinal, todos têm o

de outros motoristas e também

Phillipe Soutinho, em vésperas

agressões, como presenciadas

direito de acordar mal e não

de pedestres fazem do início de

de feriado, sextas-feiras e em

quase todos os dias em jornais,

ter umbom dia. Porém, um

seu dia ainda mais estressante

dias de chuva esse índice é

podem não ter uma data

pouco de paciência pode

e tenso.

ainda maior. "Isso acontece por

marcada para o fim. Claro,

evitar transtornos que um

O mesmo acontecia com

causa da maior quantidade de

mas há quem acredite em uma

gesto ou uma palavra mal

a também enfermeira Aline

carros nas ruas e ao aumento

solução a longo prazo, como o

interpretadapodem causar.

Campos, 30 anos. Ela saía

da ansiedade em chegar ao

policial Phillipe Soutinho. Para

Como já dizia o Profeta,

de um condomínio no bairro

destino", explica.

ele o aumento do policiamento

"gentileza gera gentileza".

dessas situações.


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Setembro de 2015 | Ano 7 | Número 21

História para ser contada em uma mesa de bar Tijucano por opção, o paulista e mestre cervejeiro Jorge Barbosa explica como ajudou a popularizar a cerveja artesanal no Rio deJaneiro Foto: Gabriela Piras

Gabriela Piras

Um senhor cheio de histórias para contar. Jorge Barbosa, pode parecer apenas um idoso aposentado, porém o que muitos não sabem é que Barbosa tem muita coisa para contar. Na realidade esse simpático senhor tem em sua vida o título de o primeiro mestre cervejeiro do Rio de Janeiro. Tijucano por opção, Barbosa nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, mas foi criado na capital carioca. Dedicado a diversas atividades, se alistou

O mestre Jorge Barbosa relembra os velhos tempos ao exibir pôsteres e reportagens que marcaram época

na aeronáutica, onde ficou 35 anos. “Por alguns meses não

nada relacionado a cerveja

finalmente foi concluído, as

país era de inflação alta e

fui para a 2ª Guerra” diz em

artesanal no país. Tinha alguns

primeiras garrafas começaram

existia a escassez de cerveja

tom de lamentação, pois tinha

grupos no Sul, mas eram

a sair. Apesar da alegria em

no mercado: “Os jornais se

o sonho de ajudar o seu país.

dentro das colônias alemãs

consumi-las, a dupla sentiu

atraíram pela nossa iniciativa

Para sua profissão, escolheu

e eles não ensinavam para

que poderia fazer mais do

por ser um jeito de driblar o

ajudar as pessoas e optou pela

o pessoal de fora”, comenta

que produzir a própria bebida.

problema”. Os ingredientes

odontologia.

Barbosa.

Foi quando Barbosa, por

comprados eram de fácil

Já aposentado resolveu

Com o professor

sugestão de sua esposa,

acesso e ‘no final saia até

desenvolver melhor o seu

vieram apostilas, receitas e

tomou a iniciativa de abrir um

mais barato’.

gosto pela cerveja artesanal. O

ingredientes. Quando tudo

dos primeiros cursos do país

Em paralelo ao cenário

desejo surgiu após a sugestão

sobre o assunto. As aulas

carioca, o amigo Fred, seguiu

de um grande amigo: “O

feitas em Copacabana foram

os mesmo passos em São

um sucesso. O workshop

Paulo. O intercâmbio de

acontecia em dois dias.

informações entre os dois

Fred foi o responsável. Nós gostávamos que sair para beber e o mercado não tinha muita variedade”. Os dois acreditavam que poderiam fazer a bebida que fossem c o n s u m i r, e x a t a m e n t e moldada ao seu gosto. Como na época não existiam cursos e acesso à informação, a maneira encontrada para a realizar o objetivo foi “importar ” um professor americano. “Não existia

Criamos uma cerveja escura e só fomos para participar mesmo, sabíamos que íamos competir com profissionais, mas ganhamos e foi maravilhoso Jorge Barbosa

“Fazer cerveja é muito

era constante. Eles então

simples, mas trabalhoso. Eu

acharam que o próximo

passava o básico e dava o

passo seria a realização de

suporte necessário para os

congressos e concursos de

alunos inovarem”, afirma o

cerveja artesanal no país.

cervejeiro.

O objetivo era conhecer

Universitários, apo-

melhor os cervejeiros mais

sentados e muitas vezes

tradicionais. O local escolhido

jornalistas interessados em

para o primeiro congresso

uma boa pauta foram para o

foi São Lourenço, em Minas

curso, o que rendeu espaço

Gerais. No ano seguinte,

na mídia. O período vivido no

em 1986, partiram rumo a


Joinville, em Santa Catarina. A data era próxima da famosa Oktoberfest: “Criamos uma cerveja escura e só fomos para participar mesmo, sabíamos que íamos competir com

Setembro de 2015 | Ano 7 | Número 21

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Dança para cuidar da comunidade A ONG ‘Dançar a Vida’ ajuda crianças de baixa renda, forma profissionais e leva bailarinos para o mundo

profissionais, mas ganhamos e foi maravilhoso”, afirma

Guilherme Cosenza

Barbosa. No ano seguinte

muito, eu estava parando de

o Daniel Deivison”, conta a

fazer as apresentações. Após

diretora.

o congresso foi recebido

Usar a dança para ajudar o

conversar com um amigo, ele

Cerca de 60% dos alunos

pela cidade de Esteio, no Rio

próximo. Sob esse pensamento,

me aconselhou a retomar esse

que entram na escola pela ONG

Grande do Sul.

a idealizadora e proprietária

projeto”.

se formam como bailarinos.

Em 1987, Barbosa

da escola de dança localizada

Assim, Nelma levou a

Alguns ainda conseguem

resolveu diminuir o ritmo

na Rua Uruguai Petite Danse ,

primeira turma de alunos da

arrumar emprego dentro da

de suas atividades. “Tudo

Nelma Darzi ensina aos alunos

Escola Municipal Barão de

própria escola. “Tem alguns

aconteceu muito rápido,

muito mais do que isso. Há mais

Itacurussá para conhecer um

que nós aproveitamos para dar

quando me dei conta, já

de 20 anos, a bailarina montou

pouco mais do mundo do ballet.

aulas de ballet aqui”.

estava ‘trabalhando’

a ONG Dançar a Vida, que ajuda

“Levamos 24 crianças para as

Entre os serviços prestados

novamente”. Resolveu

crianças carentes.

aulas. Percebemos algumas

pela ONG está a bolsa-auxílio

manter o curso por mais três

O projeto social nasceu

mudanças comportamentais

e o atendimento médico aos

anos, mas com a mudança da

de uma síndrome do pânico

nelas. Elas ficaram mais calmas,

alunos. Há ainda dormitórios

família de Copacabana para o

sofrida por Darzi. Acostumada

concentradas, mudaram de

para que os aprendizes de

Irajá, se viu sem ânimo para

a fazer trabalhos sociais como

verdade”, conta a diretora.

bailarino possam descansar.

continuar. “Ficou muito longe

apresentações em asilos e

Estimulada pelo resultado

para dar as aulas, também

comunidades carentes, ela

positivo, Darzi continuou

estava cansado, já tinha

desenvolveu a ideia. “A ONG

seu projeto. Pela escola, já

passado dos 60 anos”, afirma

nasceu em um período que eu

passaram alunos que hoje

o cervejeiro. Mas em 2011

estava doente e não queria ir

fazem parte dos maiores

veio o devido reconhecimento

aos locais sozinha”.

Como participar do projeto

corpos de baile do mundo.

Para entrar no Dançar a

por meio de um bar para

O processo não foi rápido.

“Atualmente temos bailarinos

Vida, é preciso estudar em

amantes da bebida, localizado

A diretora conta que com o

formados dançando no Royal

escola pública e ter renda

na Tijuca.

forte progresso da escola

Ballet, de Londres; temos

familiar menor que dois

Barbosa e sua esposa

ao longo dos anos, ela não

três no Theatro Municipal; na

salários mínimos. A idade

conheceram um grupo

estava mais conseguindo

Deborah Colker está a Gabrioela

inicial para o curso é de 8

chamado ACervA Carioca.

realizar seus projetos sociais.

Matos e temos o primeiro

anos.

A associação se encantou

“Como a escola me consumia

solista no San Francisco Ballet,

por seu trabalho. Em

Foto: Guilherme Cosenza

comemoração, foi feito um encontro em Botafogo, na Zona Sul carioca, que reuniu diversos cervejeiros artesanais da cidade. Todos curiosos para escutar as histórias do primeiro mestre cervejeiro do Estado. Barbosa voltou a ficar famoso e seu material, ainda conservado, passou a ser cobiçado pelos novos colegas de profissão. “Isso tudo foi muito bom, ajudei a popularizar a cerveja artesanal no Rio e quem sabe no país” concluiu.

As alunas e bailarinhas do projeto "Dançar a Vida" se apresentam em evento de confraternização de fim do ano


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Setembro de 2015 | Ano 7 | Número 21

Amantes de vinil ganham ponto de encontro Banca de jornal na Tijuca abriga clássicos da música e atrai fãs Foto: Thais Monteiro

Além da veda de discos, a D'Vinil promove eventos no local, transformando a calçada de uma esquina da Tijuca em um palco para artistas alternativos Thaís Monteiro

carro-chefe da banca e ocupam

Live Aid, evento que reuniu, em

expor seu trabalho. E também

todas as prateleiras, organizados

alguns países, Paul McCartney,

há muitas bancas de jornal.

De um lado, o grafite de

por ordem alfabética, dividindo

Eric Clapton, Phil Collins e bandas

Todas em locais distintos, cada

uma caveira. Do outro, um

espaço com CDs. Variedade é

lendárias como Queen, The

um com suas características

DJ e sua pick up. Como som

um dos atributos. Do samba

Who e Led Zeppelin. Foi o

e peculiaridades, mas Fabio

ambiente, rock and roll. Dentro,

de Elizeth Cardoso ao metal de

famoso 13 de julho de 1985, que,

precisou escolher uma. “Todo

um gramofone, discos, camisetas

Black Sabbath, passando por

desde então, é comemorado

mundo me pergunta a razão

e vitrolas dividem espaço com

clássicos da MPB e ícones como

anualmente como Dia Mundial

pela qual escolhi montar essa

um violão autografado por Roger

Toquinho, Vinícius de Moraes,

do Rock. Um pedaço do bairro

banca aqui na Tijuca. Ela fica

Waters, Lulu Santos, Frejat e

Nirvana e Iron Maiden.

se transformou em uma espécie

próxima a oito escolas e existem

outros nomes de peso. Tudo

O idealizador do simpático

de pólo cultural, onde bandas

aqueles jovens que não gostam

unido à paixão por música de

e inusitado ponto de vendas é

covers da Escola de Música Villa

de pagode, de funk ou de axé.

qualidade e pelo clássico Long

o jornalista Fabio Antonio, que

Lobos se apresentaram para um

É uma garotada curiosa, que

Play, que também atende por

deu início à sua extensa coleção

público de 300 pessoas.

entende de música. Eles querem

vinil ou bolachão. Tal descrição

de discos quando começou a

E não foi apenas no dia de

saber como é ouvir o show que

cairia muito bem para uma loja

estagiar na Rádio Manchete.

seu nascimento que calçadas

uma banda como o Guns n'

ou algum quiosque no meio de

Em 20 anos, o número de LPs

tijucanas foram convertidas em

Roses ou AC/DC fez décadas

um shopping. Mas é uma banca

chegou a cinco mil. Ele conta

palco. Outras festas e eventos

atrás. O vinil os mostra isso.

de jornal. São esses fatores que

que sempre foi aficcionado por

já aconteceram no local. Além

E ficam encantados, muitos

diferem a D'Vinil das demais e a

música e, enquanto trabalhava

de música ao vivo, os clientes

trazem os pais para conhecer a

transformam em um paraíso para

como estagiário, chegava a

podem escolher um disco nas

D'Vinil”, conta o jornalista.

colecionadores e fãs de música.

receber cerca de oito a dez LPs

prateleiras da banca, colocar

Além atrair adolescentes,

A arte no exterior da banca

por dia. “Eu não sabia o que

sob a agulha de uma vitrola e

amigos e familiares para a

desperta a curiosidade de

fazer com tantos vinis, então

sentar para ouvir e conversar

compra de discos, outros

quem passa pela Rua Campos

resolvi montar uma loja. Ela é

com os amigos nas mesinhas

serviços são oferecidos.

Sales, na esquina com Mariz

parecida com a banca, voltada

que ficam espalhadas entre ela

Conversão de LP em CD, de VHS

e Barros, na Tijuca. Para quem

para o mesmo nicho de clientes,

e uma loja de skate que fica em

em DVD, fita K7 em CD, venda e

procura jornais, revistas ou

mas fica em um shopping, em

frente, com portas e paredes

manutenção de equipamentos,

fazer uma recarga no celular,

Teresópolis”.

cobertas por grafite. “Pretendo

agulhas, cabos e tomadas são

não é o melhor lugar, mas

A Tijuca foi contemplada

abrir as portas deste espaço para

alguns deles. Futuramente,

pode ser considerado ponto

com a banca em 2013. Sua

divulgar bandas alternativas,

Fabio pretende abrir filiais em

de encontro para pessoas de

inauguração foi em uma data

músicos de diferentes pontos

Copacabana e na Barra da

diversas gerações que tenham

conhecida por gerações de

da cidade”, revela.

Tijuca, difundindo a paixão pelo

em comum o amor por discos

roqueiros do mundo inteiro,

No Rio de Janeiro,

de vinil. Discos estes que são o

escolhida para homenagear o

inúmeras bandas querem

vinil por outros pontos da cidade maravilhosa.


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