O Mais Popular

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O Mais Popular ANO 1  Nº 1  17 DE NOVEMBRO DE 2015

Jornais populares

DAQUI NÃO SAEM, DAQUI NINGUÉM OS TIRA O lema desses produtos poderia ser: “Falem mal, mas falem de mim”. Se for, os concorrentes já podem poupar tempo e saliva. Não é de hoje que os jornais populares fazem sucesso com os leitores e o fracasso não parece estar próximo. O primeiro impresso a receber a denominação de popular no mundo é o New York Sun. Fundado em 1833, o jornal era vendido a um centavo de dólar. No Brasil, o primeiro experimento desse estilo foi em 1937. Foi A Notícia. Em 1945, Ademar de Barros, futuro governador de São Paulo, comprou o jornal e deu início ao ciclo dos populares. Ciclo, como já dito no início do texto, que está longe de chegar ao fim. Os jornais populares estão nas bancas de norte a sul do Brasil. No Rio de Janeiro, não é diferente. Os primeiros a surgirem foram: Extra e O Dia. Com o passar dos

anos, esses dois jornais sofreram mudanças – decorrentes das evoluções do mercado e do público. Por causa delas, eles seguem a direção inversa há algum tempo: buscam se aproximar dos jornais de referência. Enquanto isso, os novos populares surgiram. São eles: Meia Hora e Expresso. Mais popularescos, bem coloridos

Capa vencedora do Prêmio Esso 2014

e com linguagem além do informal recomendado, os novos populares agradam e são motivos de debates em rodas de alunos, professores e estudiosos de Comunicação. Coloca-se em questão se o que é produzido é, de fato, jornalismo. Pode não ser um primor, mas não deixa de ser jornalismo. E é acessível à população que, durante bastante tempo, foi totalmente negligenciada pelos jornais impressos. Agora, estes leitores parecem ter gostado da ideia de consumir impressos e não parece que eles vão abrir mão disso. Não que sirva de consolo aos que detestam esse tipo de publicação, mas é possível afirmar que algo de bom é feito nesses jornais. Com a capa “Não vai ter capa”, o Meia Hora venceu o Prêmio Esso em 2014 na categoria Primeira Página. Com ou sem prêmio, não importa. Os jornais populares vieram pra ficar.

EDITORIAL Do ponto de vista histórico, o jornal impresso sempre privilegiou as classes mais letradas da sociedade brasileira, que eram também as mais ricas. Com a chegada do rádio, as informações passaram a ser levadas também às pessoas que eram analfabetas. Mesmo com o passar dos anos, os jornais continuaram com o status de nobre inabalado. Esta referência é aos jornais de referência. O tempo passou e percebeu-se que o jornal impresso também poderia ser consumido pelas classes mais desfavorecidas. Para que isso fosse possível, a linha editorial não poderia ser a mesma dos exemplos que excluíram tais classes da oportunidade de ler jornais. Além do mais, o planejamento deveria atrair uma parcela da população que nunca foi verdadeiramente leitora. Nasceram, então, os jornais populares. Tema de discussões acaloradas, os populares desagradam alguns e agradam muitos outros. Goste ou não, eles chegaram no mercado, tiveram sucesso e não parecem ameaçados. Ao contrário dos jornais de referência. Hoje a discussão é em torno do fim dos jornais da forma em que são publicados atualmente. Há, inclusive, suspeitas de que os populares vão ser os responsáveis pelo futuro do jornal. Quem diria... Só o tempo e o leitor vão dizer.


O MAIS POPULAR

COMO RECONHECER POPULARES E JORNAIS DE REFERÊNCIA Quem conhece um pouco das estratégias dos jornais impressos têm ciência de que os produtos em questão são destinados a públicos bem diferentes - com instrução e interesses diferentes. Por isso, comunicar a tais públicos não pode ser feito da mesma maneira. As diferenças entre esses dois tipos de impressos são bem claras. Visualmente, é bem fácil perceber. Se você parar para ler o conteúdo, a facilidade é ainda maior. A linguagem usada pelos populares é peculiar, para dizer o mínimo. As manchetes são “apelativas”, elas gritam por atenção e, muitas vezes, enganam o leitor. Tal atitude não é ética. Este é um dos motivos pelos quais os populares são tão criticados nos cursos de Jornalismo. Os estudiosos da Comunicação explicam que o que difere as publicações é resultado de conceitos que fogem ao conhecimento do leitor comum, como a linha editorial, a enunciação dos jornais e a abrangência destinada às matérias, por exemplo. Nas tabelas abaixo, segue um guia para ajudar. Jornais populares

Jornais de referência

#Apelo cromático # Notícias locais e entretenimento / celebridades # Maior fragmentação # Não linear

# Visual mais “clean” # Política / Economia # Maior profundidade e abrangência dos conteúdos # Divisão em editorias

COM QUALIDADE

Há publicações no sul do país cujo foco não é a violência, o sexo, o grotesco e o chamado “mundo-cão”. Elas dão preferência às notícias com serviços úteis para a comunidade. Para isso, abandonam traços bastante comuns a este segmento, como o sensacionalismo exacerbado. O exemplo abaixo é de Santa Catarina.

SUCESSO ALÉM DO ONLINE

Os populares vão contra a teoria de que é preciso que os jornais impressos criem versões online para conseguirem manter-se no mercado atual. Com um público basicamente formado pelas classes menos favorecidas, a necessidade de estar em múltiplas plataformas ainda não se faz necessária neste momento. Este leitor tem o hábito de consumir jornal diretamente das bancas. E isso parece bastar para eles. Outras formas de venda utilizadas pelos jornais de referência, como por exemplo as assinaturas, não são oferecidas pelo Meia Hora e pelo Expresso. Prova de que estar nas bancas é suficiente para garantir o sucesso dos populares. Hoje e, de acordo com a opinião de estudiosos da Comunicação, por mais um bom tempo.

EXPEDIENTE O MAIS POPULAR ANO 1  Nº 1  17 DE NOVEMBRO DE 2015 Tiragem: 31 exemplares Publicação única

Preocupação com a cidade em pauta

Editora-chefe: Renata Bustamante P. Coelho Repórter: Wagner Mendes Trece Diagramadora: Clarissa M. Sobral


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