Revista Veiga Mais

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EDIÇÃO 22 - ANO 14 2° SEMESTRE DE 2016

Liberdade!

A moda vai muito além da roupa: os diferentes olhares, aspectos e conceitos desse universo que está tão presente ao nosso redor



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REVISTA VEIGA MAIS - MODA

EDITORIAL

NESTA EDIÇÃO

Desde os tempos primitivos, o uso de roupas e acessórios está registrado na história da humanidade. O uso de trajes específicos por diferentes grupos e povos, como os kimonos pelas gueixas, os capacetes com chifres por vikings, ou peles de animais pelos homens das cavernas, marcaram a evolução da nossa espécie. Essa necessidade de se vestir sempre existiu, mas só passou a ser intencional em meados do século XV, no Renascimento Europeu. A partir daí, surgiu o conceito de expressão sociocultural, que passou a ser um marcador histórico e revolucionou o mundo: a moda. Essa revolução chegou à sociedade na área cultural, econômica e social. Seus registros estão gravados de diferentes formas nas artes por meio de filmes, fotografias, revistas, vídeos e livros, mostrando o desenvolvimento dos estilos que acompanharam as mudanças de pensamento de cada época. A forma de se vestir, que já determinou classes sociais, ficou para trás, agora a moda é livre. No mundo globalizado, as combinações são infinitas e possíveis. Se você é o que você veste, então cada um pode escolher qual vivência lhe cabe melhor. É esse mundo de multiplicidade que a Revista Veiga Mais revela nessa edição sobre moda. Os alunos do Curso de Comunicação Social trazem diferentes olhares, aspectos e conceitos desse universo que está tão presente ao nosso redor. Vamos falar sobre moda plus size, mundo cosplay e diversidade. Mostraremos também iniciativas que aproximam o mundo fashion das comunidades do Rio de Janeiro e novos meios de se fazer os produtos. Tudo isso para mostrar que moda vai muito além da roupa.

Moda sustentável........................................................4 Moda nas comunidades.............................................6 Diversidade na moda.................................................8 Mundo cosplay..........................................................10 Moda vegana.............................................................14 Instagram...................................................................15 Moda idependente....................................................16 Moda plus size...........................................................18

Boa leitura!

EXPEDIENTE A Revista Veiga Mais é um produto da Oficina de Jornalismo, em um trabalho conjunto realizado com os estudantes em sala de aula e a Agência UVA. Curso de Comunicação Social reconhecido pelo MEC em 07/07/99, parecer CES 694/99. Coordenador Jornalismo Luís Carlos Bittencourt Coordenador Publicidade Míriam Aguiar Reportagens: Estudantes da disciplina de Jornalismo de Revista Professor-orientador: Maristela Fittipaldi

Edição, projeto gráfico e diagramação Laryssa Lima, Marina de Mello e Marina Lobo Professor-orientador Érica Ribeiro Apoio: Agência UVA Rua Ibituruna, 108, Casa da Comunicação, 2º andar. Tijuca, Rio de Janeiro - RJ - 20271 - 020 e-mail: agencia@uva.br Oficina de Propaganda: criativo@uva.br Edição 22 Ano 14 Disponível Online


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MODA SUSTENTÁVEL Uma nova maneira de consumir e produzir a indústria têxtil

Marcia Silva

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jeans é uma dos tecidos mais conhecidos e usados em todo o mundo. Peça chave para diferentes estilos, seja casual, hipster ou chic, é fácil encontrá-lo a preços acessíveis nos mais variados cortes. Mas qual é seu verdadeiro valor? A conta não é tão simples assim. Para ter essa resposta, é preciso ir mais a fundo na sua produção. Conhecida como a “Capital Mundial do Jeans”, a província de Xintang, localizada ao sudoeste da China, fabrica por ano mais de 250 milhões de pares de jeans. Para confecção de cada um, são usados em média 3,5 litros de água, que depois são despejados contaminados no rio mais próximo. A poluição é tanta que seu uso está impróprio, nem mesmo os peixes sobreviveram. E já se sabe o porquê. Em um estudo realizado pelo Greenpeace, se constatou a existência de cinco metais pesados – cádmio, cromo, mercúrio, chumbo e cobre – em grande quantidade nas águas, por isso nada sobrevive ali. O resultado então fica claro: quanto mais se produz dessa forma, menos vidas – humanas e animais – existem. É esse o preço que o ser humano quer pagar pelas roupas que usa? A resposta é não. Ao menos para um número cada vez maior de pessoas. E a moda sustentável vem para comprovar isto. Também conhecida como eco fashion, seu princípio é ser uma cadeia produtiva de vestuário e acessórios com menor impacto ao meio ambiente. É um

pensar consciente sobre todas as etapas desse processo: da escolha das matérias primas até a forma que o produto vai chegar ao consumidor, levando em consideração também a face social da questão. Mesmo sendo um conceito recente, que surgiu na década de 70, quando houve a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, ele tem ganhado força. Diante do cenário com cada vez mais desastres ambientais e desequilíbrio dos ecossistemas por conta do consumo inconsciente, a bandeira da sustentabilidade surge como esperança para um presente e um futuro melhor para todos. Hasteada por nomes renomados como a estilista inglesa Stella McCartney e a americana Vivienne Westwood, a moda sustentável chegou à indústria brasileira, um fato importante para o país que é o quarto maior parque têxtil do mundo. Um exemplo de marca que foi criada neste conceito é a Tiê, que está no ramo desde 2012, e leva a sustentabilidade no DNA. “A criação da empresa surgiu a partir da ideia de ampliar o consumo consciente. Queríamos ter um negócio de moda, mas tinha que ser alinhado ao conceito em que a gente acredita”, declara a diretora de operações da empresa, Ursula Carvalho, 37 anos. Outra loja desenvolvida seguindo os ideais sustentáveis é a mineira Grama, que está no mercado há um ano e meio. “Resolvemos deixar nossos empregos e ir em busca de um sonho, dar um sentido

Assim como a alimentação se tornou algo mais saudável, com mais rotulação e menos química, o próximo campo que será reformulado de forma ética é a moda. Lilyan Berlim Autora do livro “Moda e Sustentabilidade - Uma Reflexâo Necessária”

maior ao nosso trabalho e tempo, queríamos algo mais próximo da natureza. Daí o conceito da moda sustentável foi algo fundamental”, comenta a estilista e fundadora da marca, Ana Sudano, 36 anos. Essas novas reflexões sobre o assunto comprovam a mudança de pensamento, mesmo que aos poucos, dos profissionais do meio. Foi isso que aconteceu com a autora do livro “Moda e Sustentabilidade – Uma Reflexão Necessária”, Lilyan Berlim, 45. Após trabalhar anos como designer, ela percebeu que era necessário saber o que acontecia com os restos que eram produzidos. “Quando tive um ateliê, eu tinha cuidados com a minha pele e meu jardim por causa da contaminação com os resíduos químicos. Eu queria então saber para onde iam os corantes usados, daí surgiu a preocupação com o meio ambiente. Por isso fiz o Mestrado em Ciência Ambiental”. Lilyan acredita que essa reflexão antevê o futuro deste mercado. “Assim como a

alimentação se tornou algo mais saudável, com mais rotulação e menos química, o próximo campo que será reformulado de forma ética é a área de moda”. E a cabeça do consumidor também vem mudando. A professora de inglês Aline Rodrigues, 25 anos, já aderiu ao uso das roupas sustentáveis. “Depois que me tornei vegana passei a questionar tudo. Pesquisei mais sobre a fabricação das roupas e vi que era algo com que eu não queria compactuar. Desde então, só compro em lojas eco friendly como a Grama”. O personal trainer Thiago Augustos, 23 anos, também aderiu a essa nova forma de se vestir. “Fui modelo durantes anos e via os bastidores da produção de roupas. Quando saí deste mercado quis mudar meu modo de consumir, fazer algo mais consciente. Senti que era o certo, pois sempre fui amante da natureza. Passei então a me vestir de forma mais casual em lojas de moda sustentável como a Tiê”, comenta o jovem. Esta nova prática que se firma aos poucos é cada vez mais urgente. Afinal, a indústria de moda é a terceira maior do mundo, e só no ano passado teve uma produção de 2,1 milhões de toneladas no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção. E já que nem todos produzem de forma consciente, como é feito o descarte desse material? Em sua maioria, vai parar no lixo comum ou é feito de maneira imprópria. Para o técnico em Meio Ambiente Almir Teixeira, 39 anos, a apli-


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cação mais rígida das leis em vigor é uma boa alternativa para coibir essas ações. “As leis existem, o que falta é uma fiscalização mais presente, que traga resultados. Por exemplo, a Lei nº 12.305, de 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que prevê reclusão e multa para pessoa física ou jurídica que lançar material sem tratamento na natureza, como em rios, ou queimar a céu aberto. Caso essa lei fosse aplicada de maneira severa, grande parte da poluição poderia ser evitada, mas esta não é uma realidade”. A falta de incentivos no país para os que produzem moda sustentável também contribui para manter esse cenário de poluição. Como colocado pelo economista mexicano Enrique Leff: “O discurso da sustentabilidade busca conciliar os contrários da dialética do desenvolvimento: meio ambiente e crescimento econômico”. É o lado financeiro o que mais pesa, e fica fácil entender o porquê. Com a baixa procura e a pouca valorização dos materiais sustentáveis, as matérias primas ficam limitadas a um pequeno leque de fornecedores. “Dentro do conceito que trabalhamos, vemos o que tem disponível e tentamos fazer adequações. Nós desdobramos muito o pouco que conseguimos de matéria prima”, comenta Ursula. A própria maneira de produção desse material também afeta seu valor. O algodão orgânico, por exemplo, não leva nenhum tipo de agrotóxico e por isso deve ter um maior cuidado em seu plan-

tio, feito em pequena escala. “Os materiais em geral são bem mais caros, chegando a até 50% a mais do valor dos comuns”, complementa a diretora. Esse impacto no custo chega ao produto final afetando diretamente o consumidor. “Hoje em dia, além de ser difícil encontrar lojas de roupa desse tipo, os valores são bem mais altos. Já cheguei a pagar o triplo do preço em uma roupa ecologicamente correta”, afirma Thiago. O slow fashion é uma nova maneira de comprar que ajuda a evitar estes gastos e a ter mais consciência sobre o consumo. Lilyan explica mais sobre o conceito: “O slow fashion prega um maior apego às roupas e não uma compulsão por elas. Mostra claramente que a felicidade não está na compra da roupa, e sim no uso. Propõe assim um consumo mais ponderado, uma relação mais profunda com as peças”. A professora Aline o tem praticado: “Passei a comprar menos com mais qualidade, a pensar duas vezes antes de levar para casa uma roupa só porque todos estão usando. Atualmente só compro quando há necessidade”. Uma confecção mais responsável também ajuda num consumo mais consciente. O uso de produtos biodegradáveis é uma boa opção. “Usamos tecidos que têm uma decomposição muito rápida, o que envolve a preocupação com a etapa final, que é o descarte. Eles são feitos para serem decompostos rapida-

mente no meio ambiente quando descartados”, afirma Ursula. A reutilização de materiais recuperados também é uma alternativa. “Por exemplo, o algodão reciclado, feito a partir de retalhos descartados da indústria, é separado por cor, desfiado e refiado. Garrafas pet também são recicladas e reutilizadas”, comenta Ana Sudano. Esse tipo de trabalho é importante para que se entenda a questão social envolvida nessa indústria. Como o exemplo da reciclagem, que gera empregos para catadores e confecções, além de valorizar o trabalho manual, como o de artesãos. Isso leva a um dos conceitos sociais defendidos pela moda sustentável, que é o fair trade (“comércio justo”). A maior preocupação, segundo a definição do livro de Lilyan Berlim, é “atenuar as discrepâncias comerciais, sociais e éticas entre os trabalhadores e pequenos agricultores e as grandes corporações”. É valorizar a mão de obra e lutar contra as condições subumanas nas quais milhões de trabalhadores ao redor do mundo ainda vivem. Para Ursula, da marca Tiê, tudo está interligado: “A natureza, o ser humano, tudo isso está dentro do mesmo universo. Quando a gente fala de moda consciente, com menos impacto para o planeta, nós estamos falando de menos impacto para pessoas também”. E Lilyan afirma que é necessária uma maior reflexão de todos: “É preciso pensar de onde vêm nossas roupas?

Como elas são feitas? Quem as produz e em que condições?”. Desta forma, a palavra de ordem da moda sustentável é refletir. Mais do que uma tendência, esse novo modo de agir e pensar impacta diretamente na vida de todos. Conforme dito por Lilyan, “deixar de lado o assunto sustentabilidade é apenas uma forma de postergar o que, invariavelmente, virá à tona: os efeitos do consumo desenfreado e a agressão à natureza”, finaliza. ■


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COMUNIDADES DO RIO CONQUISTAM O MUNDO FASHION Produtora do Jacaré, escola de moda do Vidigal e costureiras da Rocinha se destacam por projetos que ajudam jovens a entrar na moda Júlio César Lima, presidente da produtora Jacaré é Moda, entre modelos

Guilherme Guagliardi

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úlio César, 38 anos, nasceu em uma família nobre e sempre teve tudo o que quis. Quando novo, construiu sua produtora de moda e após estudar na França, voltou ao Brasil e lançou uma grife de roupas. Esta poderia ser a história de Júlio. Mas, na verdade, a vida de Júlio Cesar não foi nada fácil. Ele nasceu e cresceu na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Trabalhou na portaria de condomínios de bairros como Copacabana. Um dia, de serviço, resolveu mexer no lixo do prédio e encontrou jornais, livros de marketing de moda e diversas revistas, nas quais viu Naomi Campbell pela primeira vez. “Foi quando comecei a sonhar com o mundo da moda para meninos e meninas negras”, afirma Júlio.

A partir daí, buscou o curso de produção de moda e começou a trabalhar sozinho. Criou a “Jacaré também é moda” e produziu desfiles. “Queria mostrar que, além da violência, também existia o lado fashion da comunidade”, diz. Após diversas aparições na T V, foi no quadro “Mandou Bem” do Caldeirão do Huck e ganhou móveis, câmeras e 30 mil reais para ajudar o projeto. Hoje, a produtora “Jacaré é Moda” cresceu. Mas o propósito de Júlio continua o mesmo: descobrir modelos dentro das comunidades do Rio e levá-los para o mundo fashion. “É o que eu chamo de beleza orgânica. Os meninos e meninas daqui têm a sua identidade e recebem

um treinamento para conseguir espaço nas agências. Mas sem perder o que são”, explica. Uma dessas meninas que se orgulham de sua origem, cor da pele e c ab elo é Marc el a d o s Santos. Hoje, com 20 anos, ela conta que participou do primeiro Casting da “Jacaré é Moda” e conseguiu entrar em uma agência. “Sempre quis ser modelo e entrar nesta produtora foi uma opor tunidade grande. A par tir disso, consegui muitos trabalhos e conheci várias pessoas”, diz. Além da vida de modelo, ela trabalha em um escritório de administração e faz produção de moda no SENAI. Ass i m como Marcel a , mu it as men i nas s on ham em trabalhar

nessa área. Mas segundo Ligia Castilho, psicóloga voluntária que oferece acompanhamento às modelos na produtora, a maioria quer algo além da moda. “Os jovens têm vontade de fazer faculdade e conciliar os compromissos com a carreira. Além disso, a família é um dos fatores que mais inf luenciam os iniciantes”, diz. A psicóloga conta ainda que seu objetivo é tratar os profissionais como pessoas e não só como modelos. “Pressão, frustração e preconceito fazem parte do mundo da moda, que tem um lado cr uel. Meu papel é fazer com que eles saibam lidar com as questões que surgirem no caminho”, afirma.


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DO VIDIGAL PARA AS PASSARELAS

(Divulgação Casa Geração)

DE DONAS-DE-CASA A COSTUREIRAS FAMOSAS

Cem mulheres que passavam os dias como donas-de-casa começaram a costurar e fundaram a Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costura da Rocinha, no Rio de Janeiro, mais conhecida como Coopa-Roca. Atualmente, a iniciativa ganhou tanto fôlego que elas produzem roupas para marcas como a Osklen, M.Officer, Eliza Conde e Amazonlife. Além disso, também recebem encomendas do exterior. Camisetas de estilistas da Casa Geração fazem sucesso

Outra comunidade que também busca levar jovens para o mundo fashion é o Vidigal. Dentro das vielas pacificadas se encontra a Casa Geração de Vidigal. Uma escola de moda que oferece aulas gratuitamente aos jovens residentes em comunidades e já está com a terceira turma formada, por pessoas vindas de várias regiões do Rio. Durante o curso, são dadas aulas por profissionais de moda e desenvolvidas coleções. A última turma criou sete coleções que foram patrocinadas por grandes nomes da moda brasileira e mundial. Yassini Saide (Puma), Dudu Bertholini, Lenny Niemeyer, Andrea Marques, Chiara Gadaleta, Robert Forrest e Fernando

Cozendey são alguns destes nomes. O desfile acontece todos os anos, o que dá visibilidade nacional e internacional ao projeto. Estudantes voluntários de várias regiões que vão até a comunidade para contribuir com o projeto. Tiago Magalhães estuda moda na Pontifícia Universidade Católica (PUC) e se solidarizou com a iniciativa. “Os meninos são muito talentosos e merecem um espaço nesse mercado competitivo. Ainda tem preconceito, mas quanto mais ajuda eles recebem maior a possibilidade de crescimento”, afirma. O projeto funciona por doações, que são usadas para realizar os desfiles e as coleções.

Fico feliz em ver o quanto o nosso trabalho cresceu. É muito bom saber que nosso trabalho é reconhecido. Maria Teresa Leal Cofundadora da cooperativa de costureiras da Rocinha

Os looks feitos à mão já foram usados por modelos como Ana Hickman e Isabeli Fontana e deram cor a passarelas de Paris, B erlim e Nova Iorque. Mas a C oopa-Roca começou em 1981, quando Maria Teresa Leal, uma moradora do Leblon decidiu conhecer de per to a vida do morro. Ela começou visitando a empregada de uma amiga, mas logo fez amizade com outras e

montou uma oficina de reciclagem para crianças. Um dia, a história tomou um rumo diferente. “Consegui uma doação de retalhos e pedi ajuda a uma das moradoras para bonequinhas de pano. Ela disse que tinha uma ideia melhor e chamou as amigas para fazer almofadas, tapetes e colchas. Estava plantada a semente”, conta Maria Teresa Leal que hoje é responsável pela coordenação executiva dos setores de produção e gestão da Coopa-Roca. Ela também afirma que foi surpreendida pelo número de jovens interessadas em aprender com a cooperativa. “Como muitos dos garotos da Rocinha são filhos de nordestinos e têm uma visão muito machista, nenhum homem quis aprender crochê. Acabamos desenvolvendo um trabalho muito interessante com as meninas, principalmente em relação à orientação sexual”, relata. A cooperativa, que atualmente ajuda os jovens da comunidade, começou na casa da cearense Teresinha da Costa, que hoje comemora o sucesso da Coopa-Roca. “Fico feliz em ver o quanto cresceu. É muito bom saber que nosso trabalho é reconhecido”, afirma a mais velha das artesãs com 71 anos e mãe de doze filhos. ■ (Unsplash/Pixabay)


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SER VOCÊ MESMA: O ESTILO MAIS NA MODA DE TODOS OS TEMPOS

Mulheres do mundo todo migram para um modo de se vestir mais cultural e abandonam estilos ditados por stylists Bruna Brandão

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lam para ela que é moda. A especialista e Design de Moda, Raíssa Fernandes, lista alguns dos estilos novos e irreverentes, que estão fazendo sucesso entre seus adeptos e simpatizantes. “Além dos estilos clássicos de se vestir, como Hippie Chic, Rock, Casual, Glam e Punk; atualmente existem outros que estão fazendo a cabeça dos jovens, looks mais ousados e artísticos, que, na maioria das vezes, vêm misturado com suas culturas, estilos de vida e formas de pensar. Sendo assim não é apenas um modo se vestir, é uma identidade cultural relatada nas roupas e acessórios”. Lorena Malschik, 22 anos, estudante de Moda, tem um estilo muito próprio: é uma das seguidoras do estilo AfroPunk. Ela revela que tem influências de outros estilos, mas esse aquele com que ela mais se identifica. Lorena disse que gosta de se vestir de um modo mais ousado e que ela é assim em sua essência. “Antes de formar meu estilo, eu não me sentia bem comigo mesma, parecia que faltava alguma coisa”. Com o passar dos anos e a construção de seu estilo, a estudante de moda agora se sente completa. A estudante conta que sofre preconceito ao andar nas ruas por conta de seu estilo e que quase diariamente se irrita com alguém. “Já me falaram que minha forma de me vestir era para chamar atenção, que se eu colocasse uma melancia no pescoço era menos pior. Mas eu não me abalo com isso não. Sou muito segura de mim mes ma , amo meu j eito d e me vest i r, e me sinto fel iz ass i m”.

Antes de formar meu estilo, eu não me sentia bem comigo mesma, parecia que faltava alguma coisa. Lorena Malschik Estudante de Moda da Universidade Veiga de Almeida

(Jill Wellington/Pixabay)

ser humano fez da necessidade de proteger seu corpo do tempo e de agressões do meio ambiente uma arte. Com isso, criou muitas formas de se vestir. Uma diversidade que sempre esteve espalhada pelo mundo, nas várias culturas, representada por infinitos materiais, cores e estilos. A roupa também conta muito da história e da personalidade de quem a usa. Por meio dela, uma pessoa comunica quem é. Do traje típico, que respeita as tradições, a criações personalizadas ou ditadas por stylists, muitas informações são passadas pelo modo como alguém se veste. O brasileiro se veste de um modo muito particular. É claro que as tendências mundiais da moda também influenciam, mas as diversas regiões brasileiras sempre incorporam alguns detalhes bem locais ao vestuário. De uma maneira geral, o brasileiro gosta de se vestir com mais cores, principalmente na região Nordeste do Brasil, onde o clima tropical é contagiante. A moda brasileira é uma contribuição direta da formação da sociedade desde o período colonial, quando diversos imigrantes vieram para o país. Assim, é possível afirmar que o modo de se vestir do povo brasileiro teve grande influência dos europeus, negros africanos e dos nativos indígenas. Ter estilo não é sinônimo de entender de moda e, sim, mostrar sua personalidade na hora de se vestir. O estilo é toda a manifestação de uma pessoa e a marca pessoal dela. A pessoa sem estilo é aquela que não tem essa marca, segue o que os outros usam ou fa-

Sobre seu estilo, Lorena fala que se inspirou em representantes da cultura Afro para seus looks, somado a uma mistura ‘Punk moderno’ e a um toque marítimo. Sobre o porquê do ‘toque marítimo’, ela diz que sempre amou azul e elementos que reproduzissem de alguma forma o mar. “ Tanto que meu apelido entre amigos e familiares é Sereia”. Quem também tem um estilo todo seu é Crislaine Santos, estudante. Ela conta que, por meio de suas roupas e seu modo de vestir ao longo do tempo, conseguiu entender mais a si mesma. “Não é apenas uma escolha de roupas, é um modo de pensar e agir diante a sociedade”. Ela não se define com um estilo só: diz que tem muitas influências no estilo Afro e Sexy. “O nome do meu modo de me vestir é ‘estilo Crislaine’ (risos), não tenho nada definido, sou de tudo um pouco, mas me influencio bastante na Diva Rihanna”. Caroline Costa, 21 anos, estudante de Letras; e Bárbara Fernandes, 21 anos, estudante de Economia; também têm um estilo todo próprio de se vestir. Elas destacam em seus looks a beleza Afro. Com seus cabelos exuberantes, roupas alegres e acessórios irreverentes, mostram que não precisa seguir uma moda premeditada e tentar mudar seu corpo ou suas formas para ser bonita. Segundo elas, o natural é bonito e a cultura Afro é linda em todas as suas formas e cores. “Sou um pouco de tudo, de tudo que é lindo e maravilhoso nesse Brasil de mil culturas”, destaca Bárbara. E Caroline acrescenta: “Não temos que mudar por ninguém ou nenhum padrão. Temos que ser o que faz nos sentirmos bem”.


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ALGUNS ESTILOS PARA SE INSPIRAR (Rene Pister/Pixabay)

(Wokandapix/Pixabay)

(SnapwireSnaps/Pixabay)

COMO TER ESTILO, SER VOCÊ MESMA E USAR PEÇAS QUE VOCÊ TEM EM CASA:

• Só use roupas confortáveis e que te façam se sentir bem; • Sua identidade cultural é muito genuína, mostre-a sem moderação;

Geek:

Retrô ou vintage: A mulher que segue esse estilo tem muita inspiração na escolha de suas roupas e, mesmo usando peças convencionais, dá seu toque de exclusividade. Peças personalizadas e mistura de artigos atuais com os de outras épocas se destacam, que costumam ser encontrados em brechós especializados. Algumas pessoas apostam em acessórios como óculos com design mais antigo, colares de camafeus e peças que são releituras.

Esse estilo é nerd cool. São nerds da atualidade, adoram sobreposições, camisetas com estampas divertidas, cabelo moderno e têm os óculos de grau grande como marca registrada. Mesmo com todos esses estilos citados acima bem definidos, é difícil encontrar uma pessoa que assuma seguir um só desses. Os adeptos alegam que são uma mistura de tudo um pouco, que suas combinações os fazem ser de um estilo só deles, do um jeito que se sentem bem.

• Acessórios ajudam a compor um look de uma forma incrível, aproveite; Estilo Afropunk: Afro-punk ou Afropunk refere-se à participação de negros no cenário punk e alternativo. O movimento é minoria na cultura punk americana, mas não se pode negar sua grandeza em muitas partes do mundo, como em regiões da África, o que faz dos Afropunks uma referência cultural, musical e comportamental. Como em toda cena musical, existe todo um visual envolvido no contexto. Atualmente, muitos negros se identificaram com a forma de se vestir dos Afropunks e adotaram este estilo, mesmo sem serem apreciadores da música. As roupas são coloridas e repletas de detalhes exagerados. Coturnos, correntes e cabelos diferentes também fazem parte do visual.

• Pegue aquela peça que não usa muito e misture com uma que adore; • Seja você mesma, se sinta linda, poderosa e brilhe. Cyber Gótico:

(Luxstorm/Pixabay)

(Mihai Paraschiv/Pixabay)

(821764/Pixabay)

O estilo cyber gótico olha para o futuro, em contraste aos outros estilos góticos, que se focam no passado. O estilo cyber gótico é dominado por raios ultravioleta, moda progressiva, sapatos enormes, apliques de cabelo, óculos, acessórios cibernéticos e modificações corporais. Os cyber góticos podem ser descritos (com uma generalização) como os "góticos do futuro". Não existem regras e muito menos apenas dois "tipos" de góticos – não é questão de escolher entre um e outro. Se tornar um cyber gótico não é um processo simples e pode requerer muito dinheiro e pesquisa. Esse é um estilo complicado, mas que, se adotado corretamente, pode se tornar fenomenal. Trata-se de uma moda relativamente nova e que ainda não estourou, apesar de ter conquistado popularidade nos últimos tempos. ■


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REVISTA VEIGA MAIS - MODA (Gerhard Bรถgner/Pixabay)

MUNDO COSPLAY NA MODA


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(Jcarloshep0/Pixabay)

Dayse Ribeiro

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universo dos mangás, animes e filmes tem muitos pormenores. Mais até do que se imagina. Os fãs são tão apaixonados pelas obras que desejam se sentir completamente imersos no ambiente de seu personagem favorito. Exatamente por isso, surgiu a moda cosplay, que vem da junção das palavras inglesas “costume” (fantasia) e “play” (brincar ou jogar). Basicamente, é para isso que servem essas roupas: uma fantasia para os fãs brincarem e se divertirem. Espalhados por todo o Brasil, os cosplayers, como são chamados, estão em variadas faixas etárias e gostam de se caracterizar como seus personagens favoritos. Os cosplays mais populares são os de personagens dos animes como, por exemplo, Naruto e Dragon Ball Z. E os filmes também não ficam de fora dessa: os mais queridinhos são Harry Potter e Star Wars. Cosplayers levam tão a sério o hobby que chegam até a participar de campeonatos. Eles são como desfiles em que os jurados avaliam desde a produção de toda a roupa até a atuação do participante, e assim, verificam se realmente está tudo igual ao personagem imitado. O vencedor ganha prêmios, além de muito reconhecimento no ambiente cosplay. A carioca Safira Nan, que prefere não revelar seu nome real, tem 23 anos, e é estudante de Moda na Universidade Veiga de Almeida. Ela conta que pratica essa arte há pelo menos dez anos e que se apaixonou por este universo quando viu na televisão a cosplayer Thais Yuki. Depois disso, começou a ir fantasiada aos eventos de anime e já chegou a participar de competições. “A última vez que desfilei foi no evento Baixada Games e fui de cover da Kyary, que canta a música Pon Pon”, diz. Fãs como Safira Nan são tão atentos aos detalhes da roupa que ficam de olho em tudo para que, desde o tecido até os acessórios do personagem imitado, fique com o

visual perfeito. Ela utiliza os métodos de costura que aprende no curso de Moda para confeccionar suas roupas. “Sempre tive interesse nessa área, então eu mesma faço o cosplay e digo que vale a pena, já que só tenho gastos com tecido e luz. Quanto aos acessórios, prefiro comprar somente as perucas e as lentes com grau”. Mas nem todo fã é cosmaker (quem produz as roupas) e recorre às costureiras para realizar o desejo de ficar igual ao personagem amado. A maquiadora Aline da Silva Roberto, 23 anos, que atende pelo nome artístico Kyah Roberto, prefere que suas roupas sejam feitas por costureiras e evita adquirir os acessórios em sites estrangeiros. “Prefiro comprar tudo aqui no Rio de Janeiro mesmo. Geralmente eu peço para confeccionar, porque comprar de sites estrangeiros é meio complicado. Só faço isso quando realmente não tem jeito”, conta. Kyah, que teve o primeiro contato com este mundo aos 8 anos com o personagem Hades, do anime Cavaleiros do Zodíaco, procura saber dos trabalhos anteriores das costureiras antes de contratar os serviços e pensa em fazer curso

Tenho um amigo que gastou mais de dois mil reais em uma roupa, mas ficou fiel. Ele sente orgulho, assim como eu também sinto com os meus mais simples. Renata Birolo Orientadora comercial e cosplayer

de costura para produzir suas próprias peças. “Sou muito exigente”, diz. Quanto aos gastos, ela revela que o preço vale a pena se a pessoa realmente está fazendo o que gosta. Outra apaixonada pelo hobby é a catarinense orientadora comercial, Renata Bez Birolo, de 30 anos. Ela se encantou em 2011 quando foi ao evento Anime Extreme do Rio Grande do Sul. Sua primeira aparição como cosplayer foi como a personagem Riza Hawkeye, do anime “Full Metal Alchemist”. Ela também prefere que as costureiras façam suas roupas, mas gosta de fazer cosplay de personagens com peças menos elaboradas. “Tenho um amigo que gastou mais de dois mil reais em uma roupa, mas ficou fiel. Ele sente orgulho, assim como eu também

sinto com os meus mais simples”. R e nat a a c re d it a qu e a mo d a d o s cosplay s é te nd ê nc i a mu n d i a l e qu e a i nte r ne t ve m c ont r ibu i nd o p ar a qu e e ss e hobby s e j a d iv u l g a d o e c re s ç a c a d a ve z mais. Atu a l me nte, o Br asi l j á p o ssu i c amp e õ e s mu nd i ais nas c omp e t i ç õ e s d e cosplay c omo o s i r mã o s Môni c a e Mau r í c i o Arquivo Pessoal

Cosplayer Safira Nan


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REVISTA VEIGA MAIS - MODA (Gerhard Bögner/Pixabay)

Somenzari. E como não é necessário desfilar apenas com roupas de personagens de anime ou mangá; filmes, séries e jogos vêm ganhando cada dia mais espaço nesse universo, tornando-o mais democrático a todos os tipos de gostos. QUEM ORGANIZA Para juntar todos esses fãs de carteirinha e permitir que eles sejam o personagem que mais amam, há os eventos que apresentam essa possibilidade. O coordenador acadêmico Érico Robert, de 37 anos, responsável pelo blog ‘Casal Aficcionado’, recentemente organizou um evento voltado para a fotografia profissional destes cosplayers e diz que a qualidade deles é imprescindível. “Quanto maior a qualidade, mais pessoas começarão a participar, pois uma coisa está ligada à outra. Hoje, o Rio de Janeiro não superou São Paulo, devido à falta de investimento, pois lá os organizadores já entenderam que não é uma modinha e sim uma forma de cultura, além de uma excelente abertura para iniciar negócios”, diz. Érico explica que os locais adequados para a realização desses encontros com teor fotográfico são aqueles com espaços mais abertos, com beleza natural e de fácil acesso como a Quinta da Boa Vista, Parque Madureira, localizados ambos na Zona Norte, ou o Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Já para eventos fechados, é

Os parceiros são importantes, pois ninguém faz nada sozinho. A partir daí é trabalho de ‘formiguinha’, divulgando nas redes e oferecendo benefícios aos competidores. Érico Robert Responsável pelo blog “Casal Aficcionado”

(Jcarloshep0/Pixabay)

importante que o local apresente um camarim grande o suficiente e um palco bem feito, para facilitar as apresentações e não atrapalhar o desempenho do competidor. Além disso, oferecer prêmios aos vencedores dos desfiles é importante, pois é uma maneira de estimular os inscritos. “É uma forma de respeitar o trabalho daquela pessoa que dedicou seu tempo e dinheiro naquela roupa. Tais prêmios visam aumentar o público participante”, afirma.

Sobre o lucro e a divulgação, Érico conta que é importante que haja parceiros e comprometimento. A divulgação acontece nas redes sociais e o trabalho em equipe é fundamental. “Os parceiros são importantes, pois ninguém faz nada sozinho. A partir daí é trabalho de ‘formiguinha’, divulgando nas redes e oferecendo benefícios aos competidores”. Para lucrar, os eventos contam (Gerhard Bögner/Pixabay)


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(Jcarloshep0/Pixabay)

com a participação de estandes e patrocinadores, já que, muitas vezes, o valor arrecadado com os ingressos não suporta os gastos. “Em eventos nos quais vão Youtubers ou dubladores é preciso ter tal ajuda, porque a bilheteria sozinha não dá conta”, diz. QUEM PÕE A MÃO NA MASSA Para que os cosplayers brilhem nos eventos, as roupas precisam ser perfeitas. A mineira e artista plástica Angela Pinheiro Fernandes, 60 anos, mais conhecida pelos cosplayers como Andinha Cosmaker, entrou neste universo quando seus filhos começaram a frequentar os eventos de anime e pediam para ela fazer as fantasias. Depois disso, surgiram pedidos dos amigos, namorados de seus filhos e somente a partir daí ela transformou seu ateliê para ser voltado a este universo. Após criar uma página no Orkut em 2005, o negócio fluiu e Andinha não parou mais. Além das roupas, ela também produz acessórios como elmos, luvas, botas e até mesmo armas que complementam os figurinos. Tudo para ficar do jeito que

o cliente gosta. A cosmaker de Belo Horizonte, conta que nunca teve dificuldades em encontrar os materiais para os acessórios. Apesar disso, a maioria de seus clientes é exigente. Mas Andinha afirma que no fim de todo o processo, todos sempre formam uma amizade e eles se tornam frequentadores de seu ateliê. “Meus ‘patrõezinhos’, como os chamo, são maravilhosos, alegres, vibrantes e amam fazer os personagens com que se identificam”. Durante a produção, ela diz que a alegria dos jovens a contagia. “Pareço ter a idade deles quando estão aqui (risos)”. Para quem quiser se tornar um cosmaker, Andinha aconselha caprichar bastante na roupa e tentar fazê-la o mais f iel possível. S egundo ela, os bons acabamentos e o melhor material fazem a total diferença e o resultado é muito gratif icante. Porém, é preciso ser bastante criativo, já que normalmente é muito raro os clientes repetirem os trajes e os acessórios. “Dou força para quem quer trabalhar com cosplays, pois é rentável sim e vale a pena”, complet a. ■


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REVISTA VEIGA MAIS - MODA

MODA VEGANA

Escolha pessoal, filosofia de vida, consciência do consumo e fim da exploração animal (Unsplash/Pixabay)

Na moda vegana, produtos como sapatos, roupas e acessórios são livres de origem animal

Jéssica Vellasco Motta

M

uitas vezes confundido com o vegetarianismo - que é quando as pessoas eliminam qualquer tipo de carne da sua alimentação - o veganismo é um estilo de vida que vai além da dieta alimentar. A filosofia preza por não consumir produtos de origem animal ou que os explore. Por isso, além dos alimentos, as pessoas que adotam este modo de ser e de viver evitam usar no vestiário peças feitas de lã, couro e seda. Com a consciência de proteger os animais, o meio ambiente e ter uma vida sustentável, vem crescendo no mundo da moda, por meio de pequenos varejistas, alternativas para quem segue essa filosofia. O mercado produtos veganos, como sapatos, roupas e cosméticos já movimenta a economia. Segundo o Sebrae, em 2014, o consumo de peças livres de origem animal aumentou 60% em relação ao ano anterior.

Por ser ainda muito embrionária no mundo da moda, esta vertente vegan ainda não têm muitas marcas adeptas. “A única que trabalha com o consumo consciente é a estilista londrina Stella MacCartney. Por conta de sua filosofia, ela não trabalha com couro, nem peles e nem tecidos sintéticos”, afirma o professor de Jornalismo de Moda da UVA, Rafael Moura. No Brasil, uma das marcas que mais vêm crescendo na produção dessas peças é a Insecta Shoes, de Porto Alegre, que aproveita roupas usadas para fazer sapatos de modelos Oxford, com estampas exclusivas e de diferentes modelos. A loja nasceu da união de outras duas marcas já existentes, Map-P e Urban, e escolheu produzir sapatos, pois enxergou como um diferencial no produto. “Estávamos caminhando para uma proposta mais sustentável e não víamos mais mo-

tivos para usar produtos de origem animal”, explica Laura Madalosso, uma das três sócias da Besouro, apelido da marca. Apesar de algumas lojas como a Insecta já possuirem essa proposta, encontrar peças veganas ainda não é tão fácil, pois grande parte da matéria-prima no mercado é de origem animal. Os preços são elevados, pois a produção sem esse uso é de alto custo. Vive-se em uma era de fast-fashion, então é possível encontrar diferentes ofertas, mas as informações de como são produzidas não são disponíveis nas lojas de varejo. Seguir o estilo de vida vegan em todas as áreas é difícil, pois substituir tudo de origem animal pode causar alguns danos à saúde. Há dois anos, por não ter muita responsabilidade em se alimentar e pouca informação de alternativas para substituir os alimentos neces-

sários, Amanda Duarte teve que voltar a consumir alimentos vindos dos animais, mas sempre evitando comer carne. Mesmo não seguindo a dieta, ela continua a usar produtos sustentáveis. “Procuro usar roupas vegans ou reaproveitar peças ao máximo. A única dificuldade é que moda vegana tende a ser mais cara, infelizmente, assim como alimentos e produtos saudáveis” afirma a produtora de moda. A filosofia vegana é mais do que ser consciente na maneira de se vestir. É respeitar a vida dos animais que são maltratados para virar uma bolsa ou um sapato. Quem adere a este estilo costuma mudar radicalmente o modo de consumir os produtos, que, na maioria, são de origem animal. Ser vegan é sempre pensar que sua maneira de consumir não vai sacrificar a vida de animais e ainda vai contribuir para o equilíbrio do meio ambiente. ■


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REVISTA VEIGA MAIS - MODA

Reprodução: Instagram

(Maret Hosemann /Pixabay)

@Instagram Como a rede social inspira e está na moda

Reprodução: Instagram

Bruna Ingrid Cohen

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ão é preciso ir muito longe para notar a popularidade das redes sociais. Basta estar dentro de um ônibus lotado, por exemplo, para perceber a quantidade de pessoas que estão ali, conectadas, navegando por algum tipo de mídia social. Uma das mais usadas no momento é o Instagram. Conhecido por sua facilidade em postar fotos e pequenos vídeos, ele vê o número de perfis crescer a cada dia. Criado em 2010, já conta hoje com mais de 400 milhões de usuários ao redor do mundo. Entre os perfis estão também os de marcas de roupa, que têm apostado na rede social para fazer publicidade, lançar tendências e atrair novos clientes. A interação com o público é um fator que tem atraído empresas de moda para esse meio. A hashtag #fashion é uma das mais usadas na rede. Até o momento, ela foi usada mais de 227 milhões de vezes. Entre os perfis mais seguidos estão as blogueiras de moda, marcas de roupa e musas fitness. Todos eles marcam os nichos mais procurados na rede social, que lança novas tendências diariamente. Uma delas é a moda associada aos que praticam atividades físicas. A recente onda da “geração fitness” no Instagram tem inspirado muita gente. Além de sugerir

uma vida mais saudável, também incentiva um treino mais estiloso e na moda. Todos os dias, mulheres que investem pesado na malhação postam no site as roupas e acessórios que usam na academia. Dicas sobre o que vestir, onde achar e como comprar podem ser encontradas na maioria desses perfis. Isso ocorre no Instagram da blogueira Gabriela Pugliesi, uma das inspirações mais populares desta “geração”. Na maioria das fotos é comum vê-la com óculos ou roupas “super mara”, como ela define. Em cada legenda, os seguidores podem conferir informações sobre as peças. Natalia de Azevedo, de 20 anos, é um deles. “Sempre fui muito fã da Gabriela Pugliesi. Tudo que ela posta, eu tento fazer igual”, diz. Camila Gonçalves, de 18 anos, faz o mesmo. Ela conta que sempre vê o que as famosas compartilham e assim tem inspiração pra fazer suas combinações. Assim, o Instagram se tornou uma nova forma de lançar moda entre os usuários. E com a grande quantidade de fãs na rede social, há quem ganhe algum tipo de patrocínio para divulgar uma empresa. “Ganho roupas fitness de graça. Em troca, posto o nome da marca e onde comprar no meu perfil”, conta Aline Machado, considerada musa fitness por seus 171 mil seguidores,

que fazem dela sua inspiração. Ao se tornarem modelo para muitos, há pessoas que ficam surpresas com a fama que conseguem por meio da rede. Foi o que aconteceu com Natali Nogueira, “pessoa comum”, que conseguiu 27 mil seguidores no perfil do Instagram. “Não sei o que aconteceu, mas quando percebi eu estava famosa. Marcas começaram a me procurar. Posto o que visto e meus seguidores querem igual”. Uma foto. Uma legenda. Um clique. É o que basta para lançar moda Reprodução: Instagram

dentro e fora da rede social. Os admiradores rapidamente querem looks iguais aos das celebridades. Por causa disso, novas tendências são incorporadas. Para Odineis Pereira, psicóloga comportamental, há explicação para isso. Segundo ela, os fãs desejam se vestir igual aos ídolos. “Muitas vezes isso significa status para alguns”, diz. Essa admiração independe do sexo, e apesar de a maioria dos casos serem femininos, elas não são as únicas que gostam de moda. Os homens querem se informar sobre o assunto. Perfis voltados para o público masculino também estão entre os mais populares. “Gosto de ficar por dentro da moda masculina. Não é só a mulher que pode e gosta de se vestir bem”, afirma Fernando Amaral, de 24 anos. Prova disso são os perfis brasileiros @modaparahomens, que possui 551 mil seguidores, e o @modamasculina, com 404 mil. Moda e novas tendências para todos estão disponíveis na internet a apenas um clique. No Instagram, a interação é maior. Seguidores podem ficar “próximos” de seus ídolos e se inspirarem na maneira de vestir. Quer saber mais sobre o assunto? Para ficar por dentro de tudo que é moda e tendência no momento, basta pesquisar #fashion no Instagram e descobrir. ■


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REVISTA VEIGA MAIS - MODA (Unsplash/Pixabay)

MODA INDEPENDENTE

Editoriais de moda autorais e feiras livres são a nova aposta dos profissionais autônomos Bruna Rodrigues


REVISTA VEIGA MAIS - MODA

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(Diddi4/Pixabay)

sonho do primeiro emprego após a formatura acaba se tornando, muitas vezes, apenas um desejo. Para não perderem o encanto, recém-formados em Design de Moda, fotógrafos independentes e tantos outros artistas estão arriscando, cada vez mais, em investir e mostrar seus trabalhos autorais de forma autônoma. O número de profissionais que decidiram parar de correr atrás da carteira assinada para se dedicarem ao próprio negócio teve um aumento significativo nos últimos anos. E essa forma de negócio vem conquistando milhares de consumidores. Muitos destes designers se unem a fotógrafos, artistas e jornalistas para contarem histórias por intermédio dos looks e imagens. O objetivo é levar ao público uma opção de consumo que envolva criatividade, originalidade, atendimento personalizado e bons preços. Por isso, as feiras livres para estilistas independentes vêm ganhando cada vez mais espaço e adeptos na cidade do Rio de Janeiro.

O conselho que dou para meus alunos é: especialize-se. Rogério Santini Fundador do Instituto de Moda Rogério Santini

Exemplo disto é o evento “O Mercado”, que acontece de três a quatro vezes ao ano na cidade. A feira reúne diversos movimentos e criações. Moda, arte, decoração, artesanato, garimpos, gastronomia, música e cultura se fazem presente. “Ela incentiva o contato direto do responsável pela marca com o cliente, a experiência comercial e a troca de informações entre os participantes”, conta Clarissa Muniz, uma das idealizadoras e produtoras do evento. Sua parceira, Je Muniz, conta que a primeira edição foi organizada em menos de dois meses, em 2010, e reuniu 40 marcas. “Algumas continuam no ‘Mercado’ até hoje, outras já abriram lojas, formaram sociedades ou iniciaram novos projetos”, comenta.

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Mas, para alguns profissionais, não é tão simples iniciar os trabalhos autorais. “A independência profissional é algo muito difícil de ser alcançado. Depois de um tempo, você percebe que fotografar se torna a coisa mais fácil”, conta o Patrick Oliveira, apelidado de Tick por causa do barulho que sua máquina fazia durante os ensaios. O jovem fotógrafo, não em experiência, mas em idade, compartilha que sua maior dificuldade é convencer o empresário de que é importante investir neste serviço. “A maioria está começando agora e participa de alguma feira livre de rua. Então eu tenho que mostrar para o cliente a importância de um trabalho visual, que isso é um dos principais fatores que irão definir qual tipo de consumidor ele vai atrair. Também acontece muito de as microempresas ou microempreendedores comprarem uma câmera e eles mesmos produzirem as próprias imagens”, afirma. Para aqueles que estão começando os trabalhos independentes, o com-

plicado, mesmo com o mercado de moda cada vez mais aberto a novidades, é entrar neste meio. “É uma área muito fechada em que, normalmente, no Brasil, só ganha espaço quem tem algum conhecido que possa ajudá-lo a entrar ou quem tem muito capital para investir”, conta Jamile Reis, recém-formada em Design de Moda pela Universidade Veiga de Almeida. O professor do Instituto de Moda Rogério Santinni diz que esse mercado sempre foi segmentado, e continua sendo mesmo com as feiras de rua para estilistas. “O conselho que dou para os meus alunos é: especialize-se. Quando você abre um ateliê, as pessoas esperam que você tenha algo diferente para oferecer, além dos trabalhos típicos de consertos. Quando me formei, fui logo me especializar em Carnaval. Trabalhei em diversos barracões das escolas do Rio e hoje várias rainhas de bateria me procuram para desenhar a fantasia”, comenta Rogério. Para as idealizadoras do “O Mercado”, Je e Clarissa, o segredo para

o sucesso está na criatividade e na paixão pelo que se faz. “Por isso, em cada edição da feira, é investido tempo nos participantes. Acreditamos que o network é tudo para os que estão começando”, afirma Je Muniz. Clarissa acrescenta: “Exatamente. Por causa disso, as atividades ligadas à feira vão além do dia do evento. Damos orientações sobre formalização, CNPJ, documentação, dicas sobre divulgação da marca e organização administrativa”. Embora as dificuldades sejam inúmeras e os conselhos objetivos, os sonhos se mantêm constantes para aqueles que estão construindo sua estrada. “O caminho é longo, mas eu quero trabalhar em alguma revista como editora”, conta Jamile Reis. Tick Oliveira também já traçou seu próximo objetivo. “Além de continuar fazendo o que faço atualmente, eu gostaria muito de abrir um estúdio e dar aulas. Poder ensinar algo para outras pessoas é um sonho. Estou trabalhando para chegar lá”, conta. ■


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MODA PLUS SIZE:

REVISTA VEIGA MAIS - MODA (Leo Augusto Fotografia)

O SEGMENTO QUE VEIO PARA FICAR

Débora Fernandes, modelo plus size, posa com diferentes estilos

Marcos Araújo

L

uz na passarela que lá vêm elas. Sim, a cada dia que passa, o termo Plus Size, que é uma categoria da moda e não outro estilo de se vestir, aparece mais no cotidiano. Fazem par te desse grupo mulheres que usam calças de tamanho 48 para cima e blusas acima de GG. No caso dos homens, a classif icação social f ica em manequim a partir do tamanho 5 de camisa, seja ela manga comprida ou cur ta. O termo Plus Size surgiu há algumas décadas para determinar um segmento carente no mercado de oferta. Quando a moda começou a se industrializar e partir para uma produção em larga escala, era raríssimo encontrar para mulher vestido GG ou uma calça social 58 para os homens. O setor cresceu bastante, em especial nos últimos cinco anos, ganhando até desfile próprio.

E se há quem tenha pensamentos e quivo c ad os s obre p ess o as ac ima do p es o, que est ão ness a c ategor i a Plu s Siz e , t amb ém é p ossível not ar que ess a auto est ima de quem veste números maiores não est á ab a l ad a nos divers o s blogs s obre o assunto. D éb or a Fer nand es é a cr i ad or a do “Bl og D éb ora Fer nand es Plus”. E l a d i z que a i d ei a nas ceu de uma ne cess i d ad e d e compartilhar o trabalho com a moda e suas inspirações, motivações e a quebra de preconceito: “Não abordo diretamente desses temas, mas falar que a gordinha pode usar o que quiser já é uma maneira de inspirá-la a ser ela mesma”, diz a blogueira. Ela afirma que Plus Size é um segmento que vai crescer de acordo com a mudança do comportamento da mulher a s e aceit ar mais , e com iss o mud ará a for ma como

o merc ad o vê o consu m i d or. D éb ora d i z que ai nd a g an ha d i n hei ro com o blog divulgando algumas lojas de venda de roupas: “ Tenho pelo menos três postagens semanais, sendo uma publicitária”. Alguns desses blogs são vít i m a s d e c om e nt á r i o s m a l d o s o s e i nt o l e r a nt e s , a s s i m c om o a c ont e c e c om a s p e s s o a s a c i m a do peso no dia-a-dia. Em 2014, m o d e l o s P lu s Si z e f i z e r a m u m prot e s t o e m B r a s í l i a c ont r a a “g ord of o bi a”. E l a s f or a m at é o c on g re s s o Na c i on a l e p o s a r a m d e roup a s í nt i m a s p a r a t i r a r f ot o s , q u e v i r a l i z a r a m n a i nt e r n e t . D é b or a c ont a j á t e r s of r i d o pre c on c e it o n a i nt e rn e t , e q u a n d o i s s o a i n c om o d a mu it o, e l a e x p õ e o s c om e nt á r i o s p a r a a s l e it or a s , m a s t e nt a i g n or a r. “O i mp or t a nt e é s e r f e l i z c om o s e q u e r s e r”.

Quem deseja se aprofundar um pouco mais sobre o assunto Plus Size pode ler algum livro sobre o tema. Dois livros bastante vendidos são “ O P o d e r E x t r a G ” e “A m o r P l u s S i z e”. O p r i m e i r o é e s crito pela autora Thati Machado, que cont a a histór ia de Nina, uma mulher independente, de 92 kg bem distribuídos em muitas cur vas e com amor próprio para dar e v e n d e r. J á o s e g u n d o é d e a u toria da L arissa Siriani. Ness e livro, ela fa la s obre Maitê Passos, que tem 17 anos, 94 quilos, uma lista interminável de apelidos pejorativos na escola, um melhor amigo met ido a fotóg rafo, uma mãe obcecada com dietas, e uma carreira inteira como model o à s u a f r e n t e . Va l e a p e n a a leitura desses dois livros. ■




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