Veiga Mais

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Edição nº 19 | Ano 13 1º semestre de 2015 Revista do Curso de Jornalismo Universidade Veiga de Almeida • Rio de Janeiro

Patrimônio

O LEGADO DOS

MEGAEVENTOS

Obras, trânsito, mundanças, transportes e segurança. O que muda para os brasileiros?

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Nesta edição A cidade permance em obras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 O Transporte ‘pós-Copa’ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Legado econômico: como os megaeventos afetaram o Rio. . . . . . . . . . . . 8 Inovações dentro do futebol. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Maracanã em reformas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Lei de incentivo ao esporte beneficia os futuros atletas. . . . . . . . . . . . . . 15 As perspectivas na segurança para os Jogos Olímpicos 2016. . . . . . . . . . . . . . . . . 18 O lixo na Copa do Mundo 2014 e as Olimpídas no Rio 2016 . . . . . . . . . . . . 20 Trabalho voluntário Copa do Mundo e Olimpíadas Rio 2016 . . . . . . . . . . 22

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EXPEDIENTE

A Revista Veiga Mais é um produto da Oficina de Jornalismo, em um trabalho conjunto realizado com os estudantes em sala de aula e a Agência UVA. Especial: O legado dos Megaeventos - N° 19 - Ano 13 - 1º Semestre de 2015 Curso de Comunicação social reconhecido pelo MEC em 07/07/99, parecer CES 694/99 Coordenador de Jornalismo Prof. Luis Carlos Bittencourt

Professor-orientador Érica Ribeiro

Coordenadora de Publicidade e Propaganda Miriam Aguiar Reportagens Estudantes da disciplina de Jornalismo de Revista

Agência UVA - Redação Rua Ibituruna, 108 Casa da Comunicação - 2° andar Tijuca- Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 2547-8800 Ramais 319 e 416 E-mail: agencia@uva.br

Professor Orientador Maristela Fittipaldi

Oficina de Propaganda criativo@uva.br

Edição, projeto gráfico e diagramação Amanda Gama, Caroline Dutra, Caryna Americano, Debora Rabelo, Juliana Saremba e Rômulo Cunha

Tiragem 1.000 exemplares Impressão Folha Dirigida

Editorial

Muito mais do que “Pão e Circo”

Ao conquistar o direito de sediar a Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, o Brasil aceitou o desafio de realizar dois megaeventos esportivos globais, que despertam paixões, movimentam sonhos, pessoas e dinheiro. Uma janela singular e histórica de oportunidades. É corriqueiro e chega a ser clichê. Conversando com qualquer brasileiro, defensor da realização de grandes eventos esportivos por aqui, a pauta sempre é a mesma: chance de expansão do turismo e incentivo à melhora da infraestrutura do país. Mas, além disso, tais eventos podem promover uma reafirmação nacional, seja como potência cultural ou esportiva. Exatamente por isso, esta edição da revista Veiga + debaterá sobre o que significa para o Brasil sediar os megaeventos esportivos mais simbólicos do mundo na atual conjuntura política, econômica e social. Abordaremos perspectivas variadas sobre o papel do esporte na sociedade brasileira, a construção da identidade nacional, os impactos urbanísticos e as transformações dos megaeventos esportivos ao longo da história.

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A cidade permanece em obras Fotos: Juliana Saremba

Obras de insfraestrutura do aeroporto Inrtenacional Tom Jobim - Galeão, Rio de Janeiro

Camila Claros

A Copa do Mundo acabou, a tristeza pela derrota do Brasil passou, mas algo não mudou: o cenário de obras e reformas pela cidade que vai abrigar as Olimpíadas de 2016. Aqui e ali, o carioca continua tropeçando em interdições, canteiros de obras, poeira. As obras nos aeroportos do Rio de Janeiro, por exemplo, tendo em vista o evento que está por vir, estão evoluindo, levando

em consideração a infraestrutura, as mudanças que serão feitas, as empresas envolvidas e o valor necessário para que fique pronta a tempo, já que para a Copa ainda ficaram faltando alguns ajustes. A promessa da concessionária que ganhou o leilão com o objetivo da privatização do Galeão visa à melhoria da infraestrutura física do aeroporto e estima-se que as obras fiquem prontas até abril de 2016, a tempo das Olimpíadas.

Implantação da estação do BRT “Galeão”, facilita o acesso dos passageiros ao aeroporto

A concessionária, batizada de Aeroporto Rio de Janeiro e que conta com Odebrecht, Changi e Infraero, esta última com 49%, já recebeu dos órgãos ambientais a licença necessária para que seja dado início às obras. A licença abrange também quatro grandes intervenções, que incluem mais pontes de embarque, dois novos pátios e ampliação do estacionamento de veículos. De acordo com Thiago Rodrigues, engenheiro da empresa Odebrecht, o custo será alto para que a obra fique pronta a tempo: “É uma obra que exigirá muito das empresas para sair como o previsto, do contrário, ficará apenas na promessa”. O objetivo é cumprir o que foi prometido. Uma das principais obras é a construção de um novo prédio ao lado do Terminal 2. Ele não chega a ser considerado um novo terminal, pois a capacidade de passageiros não sofrerá alterações. Funcionará como um novo saguão para embarque e desembarque, de onde sairão 26 pontes que darão acesso à estrutura aos aviões. Isso poderá facilitar a possibilidade de voos simultâneos, sem que haja a necessidade de uma nova pista para pouso e decolagem. Nos dias atuais, o Galeão tem capacidade para 222 mil movimentos por ano, mas só

Projeto final das obras realizadas no aeroporto com previsão para as Olimpíadas Rio 2016

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faz 142 mil por restrições de pátio e pontes para embarque. O número de vagas de estacionamento de veículos também pode crescer das atuais 3.810 para 6.450 até 2016. As mais de duas mil vagas serão resultado de três intervenções fundamentais: revitalização do estacionamento do Terminal 1, construção de quatro novos pavimentos no edifíciogaragem do Terminal 2 (hoje são três andares) o que inclui também a ampliação de um estacionamento pouco conhecido, que fica entre os dois terminais e que hoje é muito usado por funcionários. Ao todo, serão 2.640 novas vagas. A ideia principal é que os estacionamentos sejam automatizados, sem funcionários na cabine de entrada ou de saída. Uma das ideias pensadas seria facilitar a vida dos passageiros, fazendo com que eles possam pagar a tarifa no interior do aeroporto e apenas passar um cartão magnético na cabine quando deixarem o terminal, exatamente como são os dos shoppings. Luzes vermelhas e verdes indicando vagas ocupadas ou liberadas, assim como placas indicando vagas disponíveis, também fazem parte do projeto. Os passageiros e turistas torcem para que tudo fique pronto a tempo.

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O Transporte ‘pós-Copa’ Laura Viannaa

Ela acorda às 4 horas da manhã para às 7 horas estar na Barra da Tijuca. Às 13 horas ela já está em Jacarepaguá e de lá só sai às 17 horas. Após dez horas de trabalho e outras quase seis no transporte, Sueli chega em casa um pouco antes do Jornal Nacional, programa que ela tenta não perder nenhum dia. Sueli Ferreira Santos, 42 anos, é empregada doméstica e moradora de Austin, Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense do Rio. A rotina de segunda-feira a sábado deixa a doméstica exausta, mas ela conta que já foi pior. Antes de existir o BRT, Transporte Rápido por Ônibus (sigla em inglês), que também liga Jacarepaguá à Barra, ela levava uma hora em um percurso em que, hoje, Sueli leva, no máximo, 40 minutos. “Esse BRT facilitou um pouco a minha vida, pena que não vai até Austin, mas também, por que iria? Aqui em Nova Iguaçu não

tem Copa nem Olimpíadas, não tem nada”, comenta a doméstica. Em 2009, a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida, em uma reunião na Dinamarca, como cidade sede das Olimpíadas, em 2016. De lá para cá, muitas obras foram anunciadas pela Prefeitura da Cidade. Investimentos em algumas áreas que, segundo a Prefeitura, beneficiarão os cariocas após o evento. Já os cidadãos cariocas não têm tanta certeza. As Olimpíadas dividem opiniões quando o assunto é o legado que será deixado para a cidade. Para o evento, quatro regiões da Cidade receberão os maiores investimentos: Barra da Tijuca, Copacabana, Deodoro e Maracanã. Na Barra estarão concentradas as principais atividades Olímpicas, que serão realizadas no Parque Olímpico. As obras envolvem, por exemplo, a Construção do Centro Olímpico de Tênis, Construção do Velódromo, do Estádio Aquático, a adequação do Centro Aquático Maria Lenk e a

“Esse BRT facilitou um pouco a minha vida, pena que não vai até Austin, mas também, por que iria? Aqui em Nova Iguaçu não tem Copa nem Olimpíadas” Sueli Ferreira construção da Arena do Futuro. O valor previsto para a realização das obras na Barra é cerca de R$1,675 bilhão. Copacabana e Deodoro, juntos, somam aproximadamente 15 obras para a realização das Olimpíadas. Lá ficarão complementos dos centros esportivos, além do próprio Complexo Esportivo de Deodoro.

O orçamento previsto, só para essas duas regiões, segundo dados do Cidade Olímpica, comitê da Prefeitura, é de quase R$1 bilhão. A prefeitura disponibiliza um site oficial, o “Cidade Olímpica”. Nele, além de orçamentos e andamento das obras, está disponível o Plano de Políticas Públicas. O documento declara que as obras de infraestrutura e as políticas públicas municipais não estão exclusivamente relacionadas à organização e realização do evento olímpico, mas são necessárias à população. Segundo a prefeitura, as obras só foram viabilizadas por conta do evento. “Essas obras só beneficiarão quem já tem benefícios. A grande verdade é que quem precisa vai continuar precisando. Eu me desloco três vezes por semana de São João de Meriti para o Méier e de lá preciso ir para Pavuna. Será que o povo daqui vai precisar de um grande evento para que as coisas melhorem? Vamos morrer esperando”, opina o

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Foto: Wikimedia Commons

A Transcarioca terá 39km de extensão, 47 estações, cinco terminais e passará por 27 bairros

Estação Salvador Allende que liga a estação do Fundão à estação Alvorada, na Barra

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Foto: Juliana Saremba

Foto: Laura Viana

Obras da construção do VLT que ligará Centro e Região Portuária em 28 Km e 32 paradas.

Juliani chega na estação Pavuna do Metrô, a última estação da linha que começa em Botafogo

professor de História Bruno César de Carvalho Rizzo, que dá aulas em quatro colégios semanalmente. Mas a Secretaria de Obras e Infraestrutura do município, a RioUrbe, que é responsável pela fiscalização das obras para o evento, não tem um olhar tão pessimista quanto o do professor. Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente da RioUrbe, Armando Queiroga, diz que as melhorias para a Copa do Mundo e para os jogos Olímpicos já beneficiaram cerca de 1,5 milhões de pessoas no Rio, incluindo a Baixada Fluminense. “Só o BRT já facilitou, e muito, a vida dos moradores. Milhares de pessoas fazem o movimento pendular diariamente, se deslocando da Baixada para os grandes centros empresariais da cidade. Antes, um percurso que levava em média duas horas, hoje o cidadão pode realizar

para ônibus e táxis no Centro e Zona Sul, foi idealizado e executado para a Copa do Mundo. Juliani Avelino Monçores Vieira, 24 anos, moradora da Pavuna, é analista de marketing em uma empresa em Ipanema e conta que essa ação fez com que ela ganhasse quase uma hora em um

Ícones: Freepik

em até uma”, pontua a assessoria. Além do BRT, no Centro, um bonde moderno, batizado de Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), se integrará à TransBrasil e a outros modais como barcas e metrô, prometendo otimizar o trânsito na região. Na região portuária do Rio, a prefeitura promete uma verdadeira revolução viária, iniciada com a derrubada do Elevado da Perimetral que se junta à construção da Via Expressa e da Via Oscar Niemeyer, atual Binário do Porto. “A Prefeitura trabalha em benefício dos moradores da Cidade e também para quem utiliza a região, não importando onde mora. Na Providência, primeira favela da cidade, um teleférico tornará a subida do morro mais leve”, acrescenta a assessoria da Secretaria. Os primeiros sinais das mudanças prometidas já são percebidos. O BRS, 39,7 km de faixas exclusivas

“Essas obras só beneficiarão quem já tem benefícios. A grande verdade é que quem precisa vai continuar precisando” Bruno Cézar Rizzo trecho curto, da Visconde de Pirajá até a estação de metrô General Osório. “Antes do BRS eu chegava bem casa bem mais tarde. O metrô ainda é um sufoco, mas pelo menos, consigo chegar antes”. Por enquanto, é difícil mensurar o quanto de retorno a população carioca terá. De fato, os eventos

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esportivos recentes no país viabilizaram muitas obras que estavam no papel há anos, fazendo com que Suelis e Julianis tenham mais dignidade no ir e vir.

O passado das Olimpíadas

Talvez o receio que o carioca ainda tenha sobre os investimentos para as Olimpíadas de 2016 seja justificado pelo passado do evento. Dez anos depois, gregos têm pouco a comemorar. Os investimentos feitos para as Olimpíadas de 2004 parecem não ter beneficiado a população local. O complexo olímpico de Faliro, por exemplo, está abandonado, os dois principais estádios estão fechados e várias outras instalações que sediaram competições estão às moscas, cobertas de mato e grafite. Por lá, as obras de infraestrutura não foram eficazes para a revitalização de Atenas. Alguns especialistas em economia internacional acreditam que a crise econômica na Grécia começou ao gastar além da conta para atender às exigências do COI, Comitê Olímpico Internacional. O custo estimado do evento fechou em R$ 21,3 bilhões, muito mais do que o país poderia arcar.

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Legado econômico: como os megaeventos afetaram o Rio A espera foi longa, mais exatamente sete anos, desde o anúncio de que a cidade maravilhosa seria a sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Os preparativos foram inúmeros por todo o país, principalmente no Rio, que receberia a final do torneio. A Copa voltaria ao Brasil e o anúncio foi feito logo após a realização dos Jogos Pan-Americanos, que, ainda recentes, poderiam ser um primeiro teste, caso não fossem infinitamente inferiores em dimensão e importância quando comparados ao mundial de seleções de futebol. Mesmo sendo um evento que aconteceria em todo o país, a Copa do Mundo movimentaria mais a cidade maravilhosa, desde a infraestrutura até a economia. Como já se esperava, os investimentos teriam que ser de grande porte para receber a competição. Só para o Rio de Janeiro, foram previstos R$ 2,2 bilhões em investimentos de infraestrutura, que incluíam melhorias na mobilidade urbana e também no Aeroporto do Galeão, responsável por voos internacionais na cidade. Fora dessas contas também estava a reforma do Maracanã, palco da grande final e estádio mais emblemático do país. Durante as obras, por várias vezes, os valores a serem gastos foram alterados, chegando ao número final de R$ 1,192 bilhão, que representou aumento de 69% da previsão inicial das atividades que tiveram o pontapé inicial em 2010. As reformas se deram não só no estádio, mas em todo o complexo, e no entorno do local. Os altos números faziam pairar a grande dúvida sobre a cabeça de

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toda a população: será que o investimento, com valores astronômicos, traria retorno à população? E mais, será que essa população saberia recepcionar os turistas que dessa vez viriam em maior número do que em datas mais comuns como carnaval e Reveillon? Muito se falava sobre a hospitalidade ser comum aos brasileiros, o que gerou um certo conforto por conta dos organizadores, já que era um fator que não geraria preocupações ou medidas significativas. De maneira geral, realmente não foi um problema. Brasileiros e turistas de todo o mundo foram vistos na maior parte do tempo convivendo em harmonia, independentemente de qualquer torcida. A ajuda com informações foi feita por quem dominava outros idiomas e também na improvisação. Nos dias de jogos, nos arredores do Maracanã, foram encontrados diversos guardas municipais que dominavam o inglês, o que é bem raro na região, já que eles costumam se concentrar, e em número reduzido, na Zona Sul, nas áreas das praias, onde há uma presença maior de turistas estrangeiros. Além deles também havia os voluntários, devidamente instruídos para as orientações. O restante era festa, empolgação e festejos, que colaboraram no entendimento durante a permanência dos visitantes no período da competição. E os turistas vieram mesmo em grande número, como prometido. O Rio de Janeiro se tornou uma “Torre de Babel” durante o período da Copa. Eles se concentraram em sua maior parte na Zona Sul e em bairros onde se encontram estações de metrô, o que encareceu suas estadias devido

Fotos: Portal Brasil

Kellison Ferreira

Obras no estádio Maracanã custaram 69% a mais do que previsto inicialmente em 2010

Investimentos em obras de mobilidade urbana podem ser vistos por toda a cidade do Rio

à maior valorização das regiões, mas também facilitou muito a locomoção pela cidade. Ao longo dos dias do evento, era possível encontrar diversos grupos de turistas, sempre muito animados, cantando músicas

de apoio às seleções de seu país e, claro, devidamente trajados com as cores de suas nações. Foram os sul-americanos que marcaram presença mais forte durante a Copa 2014. Argentinos,

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Fotos: Portal Brasil

colombianos e chilenos, estes com enorme simpatia dos cariocas, eram vistos em grupos por várias vezes e em número impressionante nos estádios durante as partidas de suas seleções. Devido à profunda crise que vive o país, os “hermanos” argentinos, que foram os que estiveram mais presentes, optaram por vir de carro, tornando a orla de Copacabana um imenso estacionamento a céu aberto e as areias da praia em praia em hotéis naturais, assim como o Terreirão do Samba, no Centro. O local serviu como acampamento para os turistas, que ali se mantiveram até uma semana após a grande final, na qual a Argentina jogou.

Consequências aos cariocas

Com todo grande e intenso movimento, é claro, o trânsito já caótico da cidade não saiu ileso. Mesmo com todas as medidas implementadas nos anos que antecederam a Copa, os cariocas se viram presos em carros e ônibus por horas. Em dias de jogos no Maracanã, a maior parte das empresas aderiu ao meio-expediente, liberando seus funcionários mais cedo, o que não resolveu, apenas fez com que o engarrafamento e o fluxo de pessoas e carros comuns no horário de pico fosse antecipado. As regiões do Centro e Zona Sul da cidade foram as mais afetadas. Funcionando em horário diferente, o comércio abriu mão da medida, pois ali era a grande chance de faturar mais. Bares, restaurantes e estabelecimentos onde era possível assistir aos jogos foram os que mais lucraram. Indiretamente, negócios como supermercados, depósito de bebidas, de gelo e até mesmo taxistas também viram a alta nas cifras. O ponto alto para a economia e também para a diversão foi a Fan Fest, evento aberto, no qual os torcedores podiam assistir aos jogos da Copa na praia de Copacabana.

Lá, ambulantes credenciados obtiveram grande lucro, não só com turistas, mas também com cariocas que foram ao local confraternizar. O ponto negativo é que o evento tinha apenas um local, e longe da Zona Norte e Baixada Fluminense. Quem mora nessas áreas teve que encarar um bom caminho até a Zona Sul ou optar por fazer suas próprias reuniões para as partidas. Além da Fan Fest, a cidade ficou repleta de outras festas, a maioria pagas, nas quais era possível assistir aos jogos. Porém, o grande desejo da maioria era ser espectador de um dos jogos no Maracanã. A venda antecipada gerou disputas online pelos bilhetes no site da Fifa por meio de um sistema de sorteio. Com a desistência de algumas compras, durante a própria competição, a entidade fez reaberturas esporádicas nas vendas, esgotadas previamente meses antes da competição. O problema é que o público que concorreu aos ingressos era muito seleto, devido ao alto valor das entradas que iam de R$ 30 a meia-entrada, no pior setor, até R$ 1.980 a inteira do melhor setor, na final da Copa. Com o fim da competição, no âmbito do futebol, o resultado não foi bom para os cariocas, após a seleção sofrer uma trágica derrota de 7x1 para Alemanha, nas semifinais da competição. Em infraestrutura, o metrô mereceu destaque pelo bom funcionamento durante a Copa. Ônibus não faltaram, porém o trânsito ainda deixou a desejar e a cidade segue passando por obras para tentativa de melhoria. A segurança funcionou bem, quando se pensa na grande possibilidade de protestos que poderiam ter acontecido. Nenhuma ocorrência mais grave nesse âmbito foi registrada. Sobre assaltos e pequenos delitos, o problema segue sendo crônico e ainda merece máxima atenção, apesar de não

Foto: Portal da Copa

Fifa Fan Fest nas areias de Copacabana chegou a reunir 20 mil pessoas em dias de jogos

ter tido números elevados na competição. O único ponto que ainda merece ser estudado é a parte financeira, que ainda gera muitos estudos e debates se realmente trouxe benefícios ao Rio de Janeiro. A cidade vive agora um momento de transição e balanço. Se aproximam os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, evento que exigirá mais do Rio, por se concentrar

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apenas aqui e trabalhar com diversos acontecimentos simultâneos, em todas as partes. É preciso usar a experiência de 2014 para a fórmula simples: manter o que deu certo e trabalhar muito para corrigir o que falhou ou que não correspondeu como era esperado. Que a próxima reportagem dessa revista, ao fim dos jogos em 2016, possa ter muito mais pontos positivos.

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Inovações dentro do futebol Gustavo Bizzo

“É dia de final da Copa do Mundo, um torneio criado para disputar qual o melhor país que joga futebol. Em algum lugar da Itália acontece o jogo, mas disseram que a Suécia também se interessou em receber os jogos, provavelmente pelo sucesso que houve na primeira edição, no Uruguai. O resultado tem gerado um pequeno burburinho entre as pessoas, que estão começando a ficar curiosas sobre o possível vencedor. Eu particularmente estou esperando ansioso para saber o resultado, só preciso esperar. Em três dias, no máximo, já saberemos!”. Este cenário fictício mostra o quanto a evolução tecnológica alterou o modo como a população pôde ter acesso às informações sobre os jogos e jogadores participantes das Copas do Mundo. O Brasil, país que comportou a edição de 2014 dos Jogos Mundiais da FIFA, apresentou mudanças tecnológicas em comparação à África do Sul, antecessora, em 2010, mas não tão significativas se forem levadas em conta as expectativas sobre a Rússia, selecionada a sediar o evento em 2018.

E não é para menos. A evolução dos recursos tecnológicos disponíveis para transmissões de eventos esportivos é incrível. Antes do surgimento da televisão, nos primórdios dos torneios, as notícias sobre os jogos chegavam aqui por telégrafo e as imagens só podiam ser assistidas nos cinemas dias depois da partida.Oito anos após a primeira edição do evento, em 1938, copa sediada na França, com o advento do radialismo, as partidas puderam, enfim, ser transmitidas em tempo real, sem haver a necessidade de esperar dias para ter conhecimento sobre o placar de qualquer jogo. Assim como a maioria dos avanços que não eram relacionados aos armamentos militares, a tecnologia que seria trabalhada para impactar cada vez mais os amantes do futebol teria seu momento de estagnação graças à

“As matérias mais longas chegavam por avião, três dias depois do jogo” Orlando Duarte

Segunda Guerra Mundial, que fez o torneio esperar quase 20 anos para dar início a sua nova edição. Em 1950, após os estragos sofridos pelo holocausto econômico e boa parte das reconstruções pós-guerra, a Copa do Mundo voltou às Américas, mais especificamente ao Brasil, que, na época, ainda não era conhecido como país do futebol. Ainda. Mesmo com vitória do Uruguai, o que criou o famoso Maracanazo, o Brasil abraçou o futebol, prometendo mais na edição seguinte. Em 1954, já era possível se acompanhar os jogos por meio audiovisual. Os televisores europeus haviam chegado, para a alegria dos aficionados por futebol. Só para os ricos, no entanto. Assim como hoje, cada tecnologia “saída do forno” era restrita à elite da população, que tinha condições de arcar com os valores exorbitantes. A transmissão por videotape só chegou ao Brasil em 1958, durante a Copa da Suécia. Até os jornais e revistas davam as notícias detalhadas com atraso. “As matérias mais longas chegavam por avião, três dias depois do jogo”, relembra Orlando Duarte, jornalista esportivo que participou de todas as edições do evento desde 1950 – exceto a de 1954 – e é autor de 26 livros.

Os espectadores já podiam ouvir, ver e ler tudo que acontecia nos jogos. Até aí já foi um grande avanço em relação às informações que chegavam via telégrafo. A transmissão para TV ao vivo por satélite só estrearia 12 anos mais tarde, na Copa de 1966, na Inglaterra. Mas, ainda assim, o Brasil teve que esperar até 1970 para assistir aos jogos em tempo real. Neste mesmo ano, no México, foi inaugurada a transmissão em cores e o recurso de replay, que permitia rever as jogadas durante o jogo. Na Copa da Alemanha, em 1974, o slowmotion foi a novidade tecnológica da vez, que permitiu assistir aos lances dos jogos de maneira mais minuciosa, podendo ver os detalhes de forma mais eficiente. Em 1986, foi a vez do tira-teima entrar na jogada. Nos intervalos, os lances polêmicos eram exibidos para tirar a dúvida do telespectador. “A televisão revolucionou a cobertura das Copas”, testemunha Duarte. O jornalista lembra ainda que, com a introdução da internet – que foi utilizada na cobertura do evento pela primeira vez em 1998 – a disponibilidade e a pluralidade de informações ganharam proporções

Imagens: Free Images

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ainda maiores. “Hoje é possível acompanhar a Copa em tempo real com fotos, notícias, vídeos, tudo ao mesmo tempo”, observa. Em 2002, na edição japonesa dos jogos, a internet já estava mais presente na vida das pessoas, não só no mundo, mas também no Brasil. A internet já não era um meio de comunicação tão segmentado quanto anteriormente. Esta foi a Copa do Google, da Wikipédia e do acompanhamento via portais esportivos. A audiência dos sites esportivos a partir de residências no Brasil aumentou 40% durante o evento, segundo o Ibope//NetRatings – isso porque o número de usuários de banda larga no País era de apenas 1,5 milhão. Em 2010, houve a Copa da informação instantânea: comentaristas agora eram capazes de saber a idade, o nome da família e outras informações sobre cada jogador em questão de segundos. Já 2014 foi a Copa dos tablets e TVs 3D. “Tivemos à disposição tablets produzidos e/ou montados no Brasil pelo preço de um celular. Do alto dos nossos 250 milhões de celulares em uso, fica fácil imaginar que num prazo muito curto, 5 a 10 anos, ou quem sabe menos, teremos na mão de cada brasileiro um computador”, aponta Jack London, autor do livro Adeus, Facebook, que faz análise sobre as tendências tecnológicas para o futuro.

Uma forte tendência para as próximas Copas é o conceito de “Segunda Tela”, em que gadgets (smartphones, tablets) formam uma ponte com a TV, criando-se assim um segundo dispositivo conectado. Um exemplo é o uso que a Rede Globo faz no programa SuperStars, no qual o telespectador realiza a votação por intermédio do aplicativo disponível para smartphone e tablet. O conceito se mostrou muito forte, fazendo uso na segunda tela com as redes sociais. Enquanto o telespectador assistia ao jogo, simultaneamente interagia com perfis de amigos, ou com veículos de informação que mantinham contato interativo durante as partidas. É um pilar que vem se fortificando cada vez mais em terras tupiniquins. O Brasil, por exemplo, é líder no ranking de usuários que consomem produtos digitais e tem o maior número de usuários conectados às mídias sociais. E a próxima Copa em 2018? Existem muitas variáveis que apontam para diferentes caminhos de inovações tecnológicas em potencial que podem revolucionar não só o próximo campeonato mundial, mas também o eterno ciclo de mudanças problematizado. “De que forma você vai ver a Copa de 2018? Quem sabe num telecosmo, aparelho hoje em estudos, que põe perto de você imagens holográficas em 4D com movimento e sons originais, mas

fora de qualquer caixa ou caixinha, no ar, em tamanho, cores e texturas originais?”, questiona Jack London.

Os Mega Eventos no Rio

A Copa do Mundo é, de longe, o maior evento midiático do planeta. Segundo Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias aplicadas da IBM Brasil, o maior desafio enfrentado durante a Copa, e que também será encontrado durante as Olimpíadas, é a capacidade de transmitir, a partir das cidades brasileiras, som e imagem em alta definição para televisores, computadores e dispositivos móveis espalhados por todo o mundo. Como a evolução tecnológica é muito rápida, fica até difícil prever que tipo de aparelho ou tecnologia estará na moda em 2016. O que mais complica a conclusão desta tarefa é o delay com que as tecnologias migram ao Brasil. A demanda por tecnologia móvel, por exemplo, é um fator que foi decisivo para a transmissão eficiente para dispositivos móveis. Muitos celulares, como Galaxy S6, da Samsung, iPhone 6, da Apple, já estão no país, porém a conexão 4G comportada pelo aparelho não é aplicada com eficiência em todo o território nacional. Em meio a tantas revoluções e inovações, como os antigos formatos estão se preparando para não serem deixados para trás nesta corrida pelo consumo da mídia na era digital? Meios tradicionais, como a Globosat, já estão apostando no formato livre, adotado pelos meios digitais online, para garantir seu lugar ao sol. O Telecine Play é a aposta da empresa para se adequar a este novo formato. A plataforma de locação de filmes é OnDemand, ou seja, de acordo com a demanda do consumidor. Outros que também estão apostando: Net, com o Now; Sky, com o Cine Sky HD, Claro TV e assim vai. Esses serviços, durante a Copa de 2014, disponibilizaram os jogos via streaming, para que pudessem ser

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vistos quando o usuário desejasse, após a sua transmissão ao vivo. Já é uma grande diferença na forma de oferecer o material ao telespectador, que também sente a diferença dentro do campo. A Arena Corinthians recebeu a maior fachada de LED criada até hoje: 170 metros de comprimento e 20 metros de altura, resultado de uma parceria com a empresa fornecedora dos LEDs. Além disso, houve a Tecnologia da Linha do Gol (GLT, da sigla em inglês), posta na prática na Copa do Mundo de 2014, sendo o maior tira teima de todos. Havia um sensor dentro da brazuca, bola de futebol temática da Copa, que, ao atravessar a linha do gol, emitia um sinal a um relógio utilizado pelo árbitro, que vibra, anunciando o gol marcado. Essa tecnologia capta lances que, muitas vezes, passam despercebidos aos olhos humanos. Mas outras mudanças não passam em branco aos olhos da população. As obras para as Olimpíadas devem se transformar em um legado positivo para o país. Existem muitos casos de desperdício neste quesito, que devem ser evitados. Alguns estádios da Copa, que custaram obras bilionárias, já estão sendo ditos como elefantes brancos. Na Grécia, várias obras desnecessárias pós-jogos se tornaram espaços sem uso. No Rio de Janeiro, no Pan de 2007, houve muito desperdício pelo não aproveitamento das obras. Por outro lado, em Barcelona, após os Jogos Olímpicos de 1992, a infraestrutura instalada foi usada para promover a criação de empresas multimídia, já que haveria folga para o tráfego de imagens e vídeos. A esperança é que, pelo fato de as Olimpíadas cobrirem apenas o estado do Rio, e não o Brasil inteiro, as obras possam ser mais concentradas e eficientes, trazendo maior retorno aos habitantes após o término dos jogos.

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Maracanã em reformas Coelho Serpa, 43 anos, morador do Méier, aposentado, pedreiro, com duas décadas de Maracanã e um torcedor apaixonado do Clube de Regatas do Flamengo. Ele nasceu em Nova Iguaçu e morou lá até os 30 anos. Com 20 anos começou a frequentar o estádio. “Eu pegava o trem com a galera da Torcida Jovem e iamos fazendo a nossa festa até o Maraca. Chegava aqui e via Didi, Zico, Tita, e a cada gol do Flamengo era um arrepio. Eram cem mil pessoas, mole. O estádio tremia de verdade. Eu ainda tenho pique pra curtir, mas esse jeito novo do estádio não me deixa com a mesma vontade de antes”. Um dos argumentos mais compartilhados é justamente o de Almir. O estádio “expulsou” aqueles que fizeram sua própria fama, como se tivesse perdido a própria essência. Bruno Braz, 24 anos, jornalista do UOL, mesmo sendo mais novo, conheceu o Maracanã antes da reforma e também não está satisfeito com as mudanças: “Está muito bonito realmente. O conforto aumentou, a A reforma transformou o estádio do Maracanã em arena com mais de cem mil lugares e cadeiras no lugar das antigas arquibancadas

Leonardo Leão

A Copa do Mundo retornou ao país do futebol em 2014. E como em todo grande evento, era necessária infraestrutura de primeiro mundo para atender a todas as demandas. Mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro, uma grande obra proporcionou à Alemanha e à Argentina duelarem a final em um dos sagrados palcos futebolísticos do planeta. Reinaugurado, o estádio antes chamado de Jornalista Mario Filho e apelidado de Maracanã hoje se transformou em uma arena. O

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“Maraca das galeras” já recebeu inúmeras finais de Campeonato Carioca, com cem mil pessoas coladas lado a lado criando um ambiente de “povão”. A Copa do Mundo é um evento mais sofisticado, voltado para amantes do esporte da bola nos pés e com um certo ar de internacionalização. Por isso o estádio virou arena, as arquibancadas foram trocadas por cadeiras, os mais de cem mil lugares em 78 mil, os arredores sem seguranças se transformaram em espaços rodeados por policiais, os banheiros agora são ambientes

mais higiênicos, o número de lanchonetes aumentou. Está muito mais moderno, confortável e seguro. Outra característica que alterou em muito a cara do templo do futebol foram seus próprios torcedores. Antes, o povo era a alma do estádio. Hoje, quem tem dinheiro para pagar os ingressos, que não são baratos, toma conta das cadeiras numeradas. Alguns defendem a ideia de que o Maracanã perdeu sua essência. “O futebol é do povo. O Maraca é nosso. É da rapaziada do trem. É dos clássicos. É da final do Carioca. Hoje tá chato demais”, opina Almir

“Está muito bonito realmente. O conforto aumentou, a iluminação é perfeita, os banheiros estão bem melhores, mas o que me incomoda bastante é a mística que se perdeu” Almir Serpa

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Fotos: Divulgação

O museu do índio, no subúrbio do Rio de Janeiro, é interditado e cercado pela polícia militar após desocupação de índios e ativistas

iluminação é perfeita, os banheiros estão bem melhores, mas o que me incomoda bastante é a mística que se perdeu. O estádio era um espaço que tinha a obrigação de transmitir emoção, e fazia isso com sucesso. Hoje apenas é um lugar em que se vê jogo de futebol, como na TV de casa. As arenas não têm um brilho. O real espetáculo não é só no gramado. É na arquibancada também”. Com um pensamento diferente, a galera que foi a favor da reformulação elogia as”mudanças. A arena tem agora seis rampas de acesso, 292 banheiros, 60 bares, 17 elevadores e 12 escadas rolantes. A nova arquibancada, que fica a 14 metros do gramado, proporciona visão privilegiada. Além disso, a cobertura, de fibra de vidro e teflon (lona tensionada), garante que 95% dos assentos estejam abrigados do sol e da chuva. Renato Paes Lima, 40 anos, pai de Eduardo, 12, e marido de Lívia, de 38 anos, conta que agora se sente mais seguro para levar a família com ele para ver o Fluminense: “Eu dificilmente trazia meu filho e minha esposa. Já vi muita briga, já respirei muito gás de pimenta e não me sentia seguro em trazê-los. Hoje

sei que é mais tranquilo. O conforto é maior. Minha mulher pode ir no banheiro sem nojo. Meu filho também. Entraremos e sairemos sem tumulto. O estádio tá lindo, moderno. Eu gostei muito mais”. Levar as famílias ao jogo realmente é um ponto positivo indiscutível para o novo Maraca. Silvio Sobral Arroba, 33 anos, é segurança do estádio e percebeu a diferença em relação aos frequentadores do estádio e as mudanças físicas: “As obras mudaram bastante mesmo. Acho que está mais bonito. Se o Flamengo jogar, a luz fica vermelha.

Se for o Fluminense, fica verde e vermelha. Se for o Bota, fica branca. Isso é sensacional. Mas realmente o pessoal que vem é diferente se comparada à época em que eu vinha torcer. É um pessoal mais educado. É muita mulher. Muita criança. Antigamente era só homem, todo mundo grudado, se empurrando. Hoje tá mais organizado. É bom para trabalhar. Dependendo do setor que eu pegue, já sei que não terei problema algum. Em algumas partes aqui é só a elite mesmo”. Por ser um espaço que abriga mais de 70 mil pessoas, era necessário

Passarela que liga a Quinta da Boa vista ao Maracanã, a obra faz parte do projeto que revitalizou o entorno do estádio

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mexer no entorno e também nos acessos ao estádio. E essas obras suscitaram mais polêmica. A estação Maracanã foi reformada para receber os turistas na Copa. Foi reativada com novas rampas de saída. Alguns metros depois existe outra. Duas paradas tão próximas da arena. Há quem defenda a ideia e quem critique. Rafaela Bacios da Silva, 31, geógrafa, é contra a revitalização: “Que se fizesse um onibus rápido entre São Cristóvão e a entrada da arena, uma van expressa para a terceira idade e portadores de deficiência, mas realizar uma obra dessa dimensão para apenas facilitar um pouco quem vai ao estádio é desnecessário. Dependendo de qual portão o torcedor vai entrar, a saída de São Cristóvão fica até mais próxima”. Outro ponto de polêmica é a construção de uma passarela que liga o outro lado da linha férrea ao Museu do Índio. Mais dinheiro investido para uma obra que não parece ser uma necessidade. Cassio Dias Nervo, 32 anos, também geógrafo, defende a reforma da estação, mas critica a ponte. “A revitalização é valida, pois muitos idosos vêm ver os jogos e para eles é um grande adianto. Porém é claro e notável que o dinheiro gasto foi desnecessário. Não precisa ser uma estação de primeiro mundo, tendo

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Obra inacabada na zona norte do Rio de Janeiro, um dos muitos canteiros de obras para a copa do mundo espalhados pela cidade

tantos problemas em outras áreas. Sobre a passarela, sempre reparei o número de pessoas que passam por ali nos dias dos jogos e realmente são tão poucas. Uma obra dessa dimensão é no mínimo contestável”. Rivaldo Tostles Bruno, 36 anos, é morador da Tijuca, torce para o Flamengo, é frequentador assíduo do Maraca e comenta sobre a influência da reforma para o bairro. “Para nós não mudou muita coisa não. A iluminação para quem curte caminhar e correr em volta melhorou. O piso também. Mas a ciclovia bate de frente com o Museu do Índio, um absurdo. Eu, como morador da Tijuca, não tenho do que reclamar da reforma da estação Maracanã, por mais que eu achasse desnecessária. E sobre a passarela, vejo tão pouca gente aproveitando que não consigo entender a construção dela”. Um morador de São Cristovão já pensa diferente de Rivaldo. Evandro Marques Junior, 27 anos, flamenguista e administrador, foi um dos beneficados com a construção da ponte: “Foi o maior adianto para quem mora do outro lado. Os ônibus que atravessam são muito poucos. Tudo bem que tem as estações próximas, mas mesmo assim ajudou bastante”. A polêmica em torno da reforma do estádio não para por aí. A debandada exigida pelo governo de

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moradores e comerciantes da Favela do Metrô, conjunto de moradias que fazem parte do morro da Mangueira e se encontram colados à linha férrea na Avenida Radial Oeste, e a expulsão dos índios e a tentativa de derrubada do museu são exemplos. Estes dois casos têm processos correndo em justiça e por isso não foram totalmente solucionados. Não é à toa que uma parte da comunidade que beira o metrô ainda está de pé e, juntamente com o Museu do Índio, aguenta a pressão governamental graças a liminares jurídicas. Os dois projetos previam estacionamentos que se somariam a outros da região para receberem os torcedores. Quem volta do estádio em direção à Zona Norte, pode perceber à direita da principal via que faz a ligação entre o Centro da cidade e a região do subúrbio carioca algumas casas inacabadas, bares e lojas de autopeças e consertos de automóveis colados a uma extensa área coberta por pedra e terra, que, após a expul-

“Foi o maior adianto para quem mora do outro lado” Evandro Marques Junior

são e derrubada dos cômodos, virou habitat de moradores de rua e usuários de crack por um tempo. A Copa já passou. O ano acabou, mas o estacionamento não chegou nem perto de ser construído. Pessoas foram expulsas de suas casas em vão. Geílson Benito, 51 anos, flanelinha em dias de jogos, morador da Mangueira, comenta o caso: “Isso que aconteceu ali no metrô foi uma maldade com a população. O pessoal aí batalhou muito. Tem uns que não saíram de jeito nenhum, mas muitos foram embora à toa”. Outra parte do projeto envolve a demolição do Museu do Índio, contrução histórica que fica localizada em frente ao portão E do Maracanã. Muitos conflitos foram gerados e até hoje ainda não houve a derrubada do prédio, mesmo que uma boa parte da área já tenha sido retirada dos donos. A intenção inicial era a construção de um estacionamento também. Uma liminar impediu a obra, mas os índios já não podem mais ficar ali. A nova ideia é que seja construído um Museu Olímpico, mas se depender dos primeiros habitantes do país nada será mudado. O assunto divide opiniões. “O museu tá acabado. Ninguém pode visitar. Não tem nada ali. É mais facil deixar

que criem algo interessante para o público”, defende Ricardo Verne Madeira, 23 anos, estudante de Jornalismo. Juliana Mendes Agrile, 22 anos, estudante de Sociologia, discorda do namorado: “Essa conquista é do índio. Não se pode tirar à força assim. Mas se vão fazer isso, que pelo menos deem a eles um novo museu, um novo local”. A última polêmica envolve o valor das obras. Segundo dados do site do Governo do Rio de Janeiro, os recursos esperados para as obras eram de R$ 1.077.018.295,84, porém o que foi gasto é superior: R$ 1.217.776.834,57. Uma diferença de R$200 milhões que intriga e revolta a população. A assessoria de imprensa do Maracanã diz que sabe apenas dados sobre o gerenciamento da arena, que é de responsabilidade da concessionária. O governo do Estado não respondeu aos contatos realizados. A falta de informação a respeito deste assunto só aumenta a desconfiança. Romário, eleito senador no Rio, desde a época em que era deputado, vinha a público acusar os valores exagerados gastos com as obras. Ele era o principal fiscalizador da reforma, mas sozinho não pôde fazer muito pela causa. Hoje a reforma já está feita, independentemente do gasto e para quem ela foi realizada. A voz do povão, que fazia tremer o estádio, já não tem a mesma força. Bom para uns, nem tanto para outros. O conforto, a tecnologia e a segurança são ideais para o espetáculo. Seria um sonho poder juntar tudo. Mas é necessário bancar os custos e por isso torna-se utópico imaginar o estádio do povo com infraestrutura de Europa. A final da Copa do Mundo foi bela e histórica. Bem diferente da de 1950. Para o Brasil, as duas foram tristes. Mas o foco é no Maraca. Ele mudou. Com saudades ou não, já não é mais o mesmo. E nunca mais será.

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Lei de incentivo ao esporte beneficia os futuros atletas Fotos: Grazielle Alves

Grazielle Alves

“A prática leva à perfeição”, diz o ditado. E é esse o desafio diário do ser humano. Buscar, analisar, compreender e aplicar o conhecimento. Um aprendizado que demanda tempo, dedicação e comprometimento. Nesse conjunto, o que faz a diferença para atingir o resultado desejado é a disciplina. Além disso, o número de vezes que você se habitua a realizar determinada atividade para alcançar a meta. Dessa forma, a energia essencial para permanecer no jogo é a motivação. Mas muitas vezes isso só não basta. É preciso apoio para conquistar o objetivo e isso faz a diferença. É para isso que serve a Lei de Incentivo ao Esporte, como um instrumento fundamental para descobrir novos talentos por meio de investimentos em projetos para formar atletas. De olho no futuro, especialmente nas Olimpíadas do Rio, em 2016, mais de R$850 milhões foram injetados no setor.

“Mesmo não sendo um esporte olímpico, o futsal é considerado apresentação para o futebol, ou seja, um passaporte para as Olimpíadas” José Ricardo da Silva

Equipe meninas sub-14 de basquete com os treinadores Helen e Ivan, disputam campeonatos estaduais regulamentados pela federação

Cada parcela desses investimentos tem como origem o interesse daqueles que desejam contribuir, como pessoa física ou jurídica, podendo reverter parte do que seria o Imposto de Renda em projetos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte. As empresas podem aplicar até 1% do valor, já as pessoas físicas, até 6%. O grande impulso, além do abatimento no imposto, é perceber a importância das atividades físicas para o dia a dia e seus benefícios para a saúde tanto mental quanto corporal. Incluir esse hábito junto à educação das crianças e jovens é essencial, tanto para estimular o bom desempenho escolar como para ampliar as

chances de que sejam inseridos na carreira profissional. Uma das iniciativas que é referência na educação do esporte e recebe apoio por meio da Lei de Incentivo é o Projeto Olímpico da Mangueira do Centro de Referência Esportiva. Por meio da criação de uma vila olímpica, na comunidade da Mangueira, Zona Norte do Rio de Janeiro, há 25 anos, a ação cumpre sua função social na cultura, saúde, educação, capacitação profissional, inclusão social e cidadania. No esporte, dispõe de nove modalidades: atletismo, vôlei, handball, basquete, futebol, ginástica rítmica, natação, boxe e levantamento de peso.

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Considerado o maior programa social do mundo pela UNESCO, prestigiado e premiado pelo expresidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e pelo ex-ministro dos esportes, Edson Arantes do Nascimento, conhecido como “Pelé”, o projeto já transformou muitas vidas. O jovem que pretende participar do programa deve estar devidamente matriculado e ter um bom rendimento na escola. Ao todo, aproximadamente 4.271 estão inscritos no projeto, segundo dados do Centro de Referência Esportiva. O programa é alocado num espaço de 35 mil m², equivalente a cinco campos de futebol. Há pista de

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atletismo, três quadras polivalentes, um campo de futebol, duas piscinas e diversas salas de apoio. Além da estrutura adequada para o desenvolvimento das atividades esportivas, os participantes são a energia que move o projeto. Uma equipe composta de profissionais qualificados e dedicados para administrar, treinar e cuidar dos jovens. Aliar esse suporte ao talento, consequentemente, resulta em profissionais do esporte. Inclusive, atletas renomadas, como as pivôs da Seleção Brasileira de Basquete Feminino, Clarissa dos Santos e Érika de Souza, lançaram seus primeiros passes na Vila Olímpica da Mangueira. Parte da visibilidade do projeto se deve às categorias de rendimento, ou seja, à prática do esporte para competição. Atualmente, há quatro modalidades que se enquadram nesse perfil: atletismo, levantamento de peso, futsal e basquete. Os jovens do futsal e basquete competem em campeonatos estaduais, regulados pela federação, com outros times. Além disso, são convidados para integrar outras equipes em jogos. O supervisor de Futsal, José Ricardo da Silva, atua há quatorze anos no

projeto e fala sobre a notoriedade desses jovens: “Nossa equipe da categoria sub-13 (12 a 13 anos) tem se destacado nas competições estaduais. Mesmo não sendo um esporte olímpico, o futsal é considerado apresentação para o futebol, ou seja, um passaporte para as Olimpíadas”.

Driblando obstáculos

O grande desafio para treinar a equipe sub-13 é fazê-los entender que o futsal é um esporte de rendimento, ou seja, competição. A pressão imposta pelos pais é grande, em alguns casos há cobrança para os filhos se tornarem craques de seleção e salvarem a renda familiar. Administrar as diferenças e a frequência deles é um desafio diário. Parte dos jovens se ausenta dos treinos devido a problemas financeiros e à dependência dos pais para levá-los ao local. Apesar das adversidades, há força de vontade para driblar os obstáculos. “Existe determinação, dedicação e comprometimento. O querer vencer, a humildade e o companheirismo fazem parte da equipe”, declara o treinador de futsal da categoria, Leandro Gomes. A inspiração em comum dos

jovens do time no futsal é o craque Falcão. A motivação é treinar para adquirir habilidades e ser reconhecido como o atleta. A inserção do esporte nas Olimpíadas ainda é uma grande discussão. O Comitê Internacional Olímpico definiu no último grande evento em Londres a participação de 26 modalidades. Para o futsal integrar o quadro de categorias seria por meio de substituição. “Daqui a algum tempo o futsal pode ser Olímpico devido à unificação das regras, o que vem facilitar essa oficialização”, afirma o supervisor da Vila Olímpica, José Ricardo. No projeto, o jovem que possui mais tempo na equipe costuma ser nomeado capitão do time. Ter espírito de liderança e dominar as habilidades do esporte são alguns dos critérios. No sub-13, da Vila Olímpica, Vinícius Costa, de 13 anos, que desde os 8 pratica futsal, lidera os colegas na quadra. Ele sai do Complexo do Alemão para treinar quatro vezes na semana. A mãe leva aos treinos, que geralmente acontecem à noite. “Meu chute é forte, mas posso melhorar passes. Quero ir para o futebol de campo. Meu sonho é ser jogador de futebol”, afirma o capitão da equipe.

“Existe determinação, dedicação e comprometimento. O querer vencer, a humildade e o companheirismo fazem parte da equipe” Leandro Gomes Mas para se tornar um jogador de linha como Vinícius tanto almeja é necessário preparo que se estende além do treino em quadra. A modalidade de rendimento na Vila Olímpica tem ritmos mais intensos de treino por participar de competição. Para garantir resistência tanto muscular quanto articular, é realizado um preparo físico de prevenção de lesões. O fisioterapeuta Wagner Felipe trabalha no projeto há 14 anos prestando atendimento tanto ao público externo quanto aos atletas. “Em relação aos atletas, realizamos atividade de prevenção para amenizar os impactos.

Instalações do centro esportivo da Mangueira é uma referência para a educação esportiva, com 35 mil m² e mais de quatro mil e duzentos jovens que praticam diferentes modalidades

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problemas. Me sinto acolhida. Gosto muito de jogar” Natália Gomes Em modalidades como futsal e basquete são comuns as torções no tornozelo devido aos saltos. Por isso, fortalecemos o tônus muscular com sessões de fisioterapia”, explica o profissional.

Charme e espírito de grupo

Outra categoria competitiva no Centro de Referência Esportiva é o basquete feminino. Cabelos presos e tiaras na cabeça tomam conta da quadra. Apesar do esforço e do suor após o treino, rapidamente elas se arrumam para pousar em fotos. Não admitem deixar o charme e o espírito de grupo de lado. A categoria sub14 disputa campeonatos estaduais regulamentados pela federação. Um espaço que já foi ocupado por atletas como Érica de Souza, que já disputou os jogos Olímpicos de Atenas em 2004. Além dela, Clarissa dos Santos defendeu o Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, eleita a melhor jogadora da Liga de Basquete

Feminino (LBF) na edição 2013. Apesar do ritmo intenso de viagens, nos períodos de recesso, estas estrelas retornam às quadras da Vila Olímpica para visitar e incentivar as jovens. Um reconhecimento pela importância do projeto onde iniciaram os arremessos na cesta. A equipe sub-14 se espelha nos talentos. Todas treinam intensamente e aquelas que se destacam nas competições são convidadas para participar de jogos de outros times. A cada duas batidas de bola um arremesso na cesta. A sensação de cada jogo é indescritível. A representação do esporte na vida dessas jovens simboliza o dever. Fazer o melhor na quadra. A capitã do time, Natalia Gomes, faz parte do projeto há 14 anos, Bastante competitiva, ao encerrar o desafio no treino, pede revanche para se superar ainda mais. A competitividade e a determinação tomam conta dela. “Aqui esqueço os problemas. Me sinto acolhida. Gosto muito de jogar. O momento mais marcante na competição foi a final em 2012 contra o Botafogo. Ninguém acreditava na gente e demos a volta por cima”, declara, emocionada, a líder do time. A educação no esporte se estende além do espírito de competitividade da jovem Natalia. Disciplina e concentração devem estar presentes.

Fotos: Grazielle Alves

“Aqui esqueço os

Equipe sub-13 masculina de futsal, enfrenta as adversidades para se manter no time

Uma tarefa que demanda paciência e atenção. Um papel do educador, que deve incentivar e apresentar a importância das ações no campo e no auxílio nos treinos. Dessa forma o treinador Ivan Sales, graduado em Educação Física, atua há cinco anos na Vila Olímpica. “Assim como o basquete influenciou na minha formação, ajudo no desenvolvimento das meninas. Há um grande trabalho de concentração, pois essa faixa etária se dispersa com facilidade. Mas o respeito acontece”, afirma o educador. O desenvolvimento tanto físico quanto mental faz parte do projeto. A psicologia no esporte contribui para uma mente saudável e isso faz a diferença em campo. Um trabalho conjunto entre comissão técnica,

“Assim como o basquete influenciou na minha formação, ajudo no desenvolvimento das meninas” Ivan Sales 1º semestre de 2015 • Ano 13 • Edição 19 • Revista Veiga Mais Veiga +_VERSÃO FINAL_AMANDA+MATÉRIAS_atualizado4.indd 17

“A Lei de Incentivo é o principal norte do processo educacional para mover o Centro Esportivo” Líliam Pessôa psicólogo e atletas para a percepção dos objetivos do grupo. Além disso, o fundamental é aprimorar habilidades emocionais variáveis, como concentração, ansiedade e motivação. As ações que ocorrem no Centro de Referência Esportiva são exemplos da importância da educação e da prestação de serviços para oferecer ensino de qualidade e oportunidades ao público. Os investimentos no esporte, em parceria com a Petrobrás, viabilizam o custeio de recursos. “A Lei de Incentivo é o principal norte do processo educacional para mover o Centro Esportivo. Por meio disso, ocorre a manutenção e viabilização de disputas e campeonatos. Nosso principal foco é a educação”, explica Líliam Pessôa.

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As perspectivas na segurança para os Jogos Olímpicos 2016 Os preparativos para as Olimpíadas 2016 estão cada vez mais acelerados. O momento é considerado ideal para debater pontos de melhorias em relação à segurança da sociedade, a fim de mudar antigos padrões, aprovar novas leis que atualizem o segmento e ampliar a área de atuação. Diversos setores da economia estão se desenvolvendo na expectativa dos jogos. A segurança é um elemento fundamental e é alcançada quando há um equilíbrio entre prevenção, boa gestão e infraestrutura bem projetada. O Governo brasileiro afirma estar elaborando novos conceitos e formas de trabalho. O Brasil vem adotando alguns esquemas de segurança montados para os grandes eventos, como, por exemplo, a Secretária Municipal de Ordem Pública, os Centros Integrados de Comando e Controle, a integração das forças de segurança e de defesa do país para a atuação conjunta, que, segundo a Secretária Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, ligada ao Ministério da Justiça, vão controlar, comandar e coordenar as operações ligadas à segurança dos torneios 24 horas por dia. Paralelamente, há também os projetos locais, como a ampliação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), projeto da Secretaria Estadual de Segurança do Rio de Janeiro. Pouco mais de um ano desde a inauguração da UPP no Complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias, o caminhoneiro Wagner

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Ventura, 47 anos, que mora há 22 anos em uma das comunidades que formam o Complexo, revela que o ambiente no local agora é estável e os moradores nunca tiveram alcance a tantos serviços públicos dentro da comunidade. “Após a ocupação da área pela Polícia Militar, a prefeitura trouxe vários serviços que a violência impedia de chegar aos moradores, como coleta regular de lixo, varrição das ruas, reforma das áreas de lazer, Operação Tapa Buraco, iluminação pública e regularização de serviços públicos, como água e luz”, afirma. Quem também teve acesso a algumas comunidades pacificadas no estado do Rio de Janeiro foi a especialista em Antropologia Urbana, Pricila Loretti, 27 anos, que realizou um estudo de campo após a implantação das UPPs. “O Brasil está em alta. O país está bem visado no exterior e com a beleza que as nossas terras têm para oferecer, temos atraído cada vez mais turistas. Mas a gestão pública ainda tem muito que melhorar para benefício do cidadão brasileiro, principalmente para aqueles das

Fotos: Oslaim Brito

Maria Fernanda Calazans

A implantação da UPP no complexo da Mangueirinha promove clima estável

“Após a ocupação da área pela Polícia Militar, a prefeitura trouxe

A pacificação também trouxe para a comunidade serviços como limpeza das ruas

vários serviços que a

classes mais desfavorecidas, para que assim possamos atingir maiores níveis”, defende.

violência impedia de

O Brasil está em alta

chegar aos moradores” Wagner Ventura

Tema constante na imprensa, a economia brasileira colocou o país em posição de protagonista no cenário global. Atualmente

ocupando a sexta posição no ranking das maiores economias, o Brasil atrai cada vez mais investimentos e eventos internacionais, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Após os anúncios do Brasil como sede dos dois eventos, a gestão de segurança pública passou a ser

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Fotos: Oslaim Brito

tema dos principais debates. O Técnico em Administração Márcio Aparecido Lopes da Silva, 32 anos, é veterano quando o assunto é mundial esportivo. Ele acompanhou seis jogos da Copa 2010, na África do Sul, e não ficou de fora do Mundial 2014. Márcio assistiu a três jogos no Brasil e ilustrou a realidade que presenciou: “Havia um forte aparato policial nos locais, dando segurança no entorno dos estádios e principalmente coordenando o trânsito de carros e o fluxo de pedestres. O controle de acesso na entrada foi rigoroso. Enquanto aguardavam na fila, as pessoas eram instruídas a retirar todos os pertences dos bolsos (celulares, câmeras e carteiras). Também foi frisada a proibição de entrar com armas de fogo e de portar drogas. Por fim, uma revista detalhada era feita por um Agente de Segurança, e só após esse procedimento era permitido o acesso ao estádio. Em relação a esses aspectos, nos dois mundiais que acompanhei, a gestão local foi bem planejada”. Muitas variáveis afetam a Segurança em eventos, como, por exemplo, o tipo de público, o valor dos ingressos, a capacidade do evento, o local, a criminalidade no entorno estatísticas de roubos, furtos -, os bens materiais que farão parte do evento, a época do ano e assim por diante. Além de todas essas variáveis, organizadores de grandes eventos esportivos, como a FIFA, no caso da gestão da Copa do Mundo, têm bem estabelecidas suas prioridades e procedimentos. Esse documento oficial serve de base para o tratamento de riscos e questões como, por exemplo, o controle de acesso, a entrada de armas e drogas, vendas de ingressos por cambistas e atendimento ao público, entre outros aspectos.

Medidas

Mas o Brasil também elaborou suas estratégias. De acordo com o plano de segurança da Copa

“Havia um forte aparato policial dando segurança no entorno dos estádios” Márcio Aparecido Lopes do Mundo, o valor previsto de investimentos do governo federal no setor era de R$ 1,170 bilhão. Entretanto, os gastos não chegaram nem à metade do previsto no orçamento de 2014. Apenas 37% do total orçado foi desembolsado. Os recursos foram divididos em duas ações orçamentárias: “Apoio à realização de grandes eventos”, sob gestão do Ministério da Defesa, e “Implementação do Plano Nacional de Segurança Pública para a realização dos grandes eventos”, a cargo do Ministério da Justiça. O Ministério da Defesa foi responsável por destinar essa verba para ações que garantissem a lei e ordem durante a Copa. Os investimentos foram direcionados para as atividades por meio do monitoramento do espaço aéreo e marítimo; ações de defesa química, biológica, radiológica e nuclear; implantação de Centros de Comando e de Força de Contingência; ações para defesa de infraestruturas críticas e estratégicas. Junto com o Ministério da Justiça, o órgão também recebeu o dever de administrar a defesa cibernética e comandar o emprego de helicópteros durante o evento. Do valor aprovado para as iniciativas do órgão, R$ 52,8 milhões foram aplicados e apenas R$ 6,5 milhões pagos. Cerca de R$ 340 milhões, a maior parcela do orçamento, foi determinada para as iniciativas de implantação do Plano Nacional para a segurança em grandes eventos. Já o Ministério da Justiça ficou responsável pela inserção dos

Centros de Comando e Controle, aquisição de infraestruturas móveis, equipamentos e sistemas para as operações de segurança e inteligência e para controle dos pontos de entrada no país. Além disso, promoveu simulações e fiscalizações de segurança pública e treinamentos para qualificação dos agentes públicos, com ênfase na cidadania. No entanto, em comparação com a execução dos recursos, o cenário é outro. Apenas 23% da cotação autorizada foi executada. Do valor autorizado, somente R$ 190,2 milhões chegaram a ser empenhados. No caso do orçamento das Olimpíadas e Paralimpíadas, o Comitê Rio 2016 anunciou que os gastos previstos pela organização aumentaram em 25% em relação ao valor divulgado no plano inicial em 2009. O orçamento, a princípio, era de R$ 5,5 bilhões, mas já subiu para R$ 7 bilhões, valor baseado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que teve uma variação de 31,89% neste período, como forma de comparação. O Comitê Rio 2016 justifica que o aumento ocorreu principalmente pela necessidade de maiores investimentos na sofisticação da segurança, gerando demandas de novos equipamentos. O custo operacional de R$ 7 bilhões do Comitê Rio 2016 não prevê o uso de qualquer dinheiro público e será financiado pela iniciativa privada, venda de ingressos e repasses de verbas do Comitê Olímpico Internacional (COI).

Legado brasileiro é discutido

A Política de Segurança dos grandes organizadores de eventos mundiais pode trazer concepções inovadoras para o país. Mas é necessário ir além. Na preparação para os eventos, o Brasil está entrando em contato com novos

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conceitos e formas de trabalho. É o momento ideal para debater e discutir melhorias. A aplicação de novos conceitos e práticas, além da força para a aprovação do Estatuto da Segurança, permitirá um novo ciclo de crescimento, modernização e profissionalização, que se estenderá por muitos anos após o termino dos jogos. Ao menos esta é a promessa. Mesmo com equipamentos de informação, vídeo monitoramento de última geração e meios de comunicação que permitem a interação em tempo real com coordenadores e agentes de segurança em campo, os centros precisam ser adaptados ao cenário real do cidadão brasileiro para que sirvam de legado. Desde que o Brasil foi anunciado como sede da Copa do Mundo 2014, cerca de 400 mil pessoas foram mortas vítimas de assassinatos no país. Os índices de criminalidade violenta continuam elevados. Dentre as 12 unidades da Federação cujas capitais sediaram os jogos do Mundial, oito registraram taxas de homicídios bem acima da média nacional. Em defesa, a Secretária de Ordem Pública do estado do Rio de Janeiro se pronunciou, por meio de nota, afirmando que a Copa do Mundo foi o grande momento para construir a integração da segurança. “É um equívoco imaginar que não há legado. A Copa do Mundo está dando uma oportunidade histórica para o Brasil dar um salto de qualidade na segurança pública, rompendo a cultura da não integração das forças policiais. É o maior avanço que se pode dar à segurança pública no país”. A integração entre os diversos órgãos da área, inclusive nos três níveis de governo, foi destacada como fundamental no planejamento de segurança.

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O lixo na Copa do Mundo 2014 e as Olimpídas no Rio 2016 Foto: Agência Brasil

Desirée Aguiar

A Copa do Mundo realizada no Brasil durou apenas um mês, contou com 64 partidas em 12 cidades-sede, mas em relação ao lixo, os números não são nem um pouco baixos. Apenas dentro dos estádios, foram recolhidas aproximadamente 320 toneladas de lixo, o que significa em média de cinco toneladas por partida. Com as Olimpíadas de 2016 se aproximando, resta saber se o Brasil está preparado para dar destino seguro para todo o lixo que será gerado. Cenas de lixo nas ruas são corriqueiras nas grandes cidades do Brasil e, com o agravante da superpopulação durante os megaeventos, este cenário tende a ficar cada vez mais comum. Mesmo com uma boa coleta de lixo, é preciso aumentar ainda mais a equipe que trabalha para suprir a limpeza dessa grande quantidade de dejetos. Latas, garrafas e papéis foram os objetos mais vistos pelo chão. Kennedy Ferreira, catador de lixo de 51 anos, participou da coleta na Praia de Copacabana, onde ocorreu a FIFA Fan Fest, no período da Copa. “O trabalho era dobrado, é impressionante como as pessoas que vêm torcer para seu país esquecem totalmente que cuidar do lugar é uma forma ainda maior de demonstrar amor”, conta ele, que ficou impressionado com o descaço da população com seu próprio lixo. Dados como esse mostram que ambientalistas e pessoas que lutam pela preservação do meio ambiente

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Ao fim das partidas nas arenas do Fifa Fan Festa, evento promovido pela Fifa, o lixo fica por toda parte e dá trabalho aos garis

“As pessoas que vêm torcer para seu país esquecem totalmente que cuidar do lugar é uma forma ainda maior de demonstrar amor” Kennedy Ferreira

ainda parecem estar sendo minoria numa sociedade despreocupada. Em contrapartida à população brasileira, a torcida japonesa deu um belo exemplo. No fim de todas as partidas dentro dos estádios, todos catavam não apenas seu próprio lixo como também o das outras federações. O ato que acabou contagiando outros torcedores e mostrou a eficiência do trabalho em equipe dos japoneses, que estão acostumados com essa rotina em seu país.

A falta de responsabilidade pode não ter sido o único motivo para a grande quantidade de lixo acumulado em cada partida. Outro item relevante é a estrutura, ou seja, a quantidade de lixeiras dentro e em volta aos estádios. Patrícia Fernandes, estudante de 26 anos, conta que não havia muita disponibilidade de lixeiras no estádio em que assistiu a um dos jogos. “Assisti ao jogo da Espanha contra o Chile no Maracanã e

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Foto: Martine Grael

animais mortos, o que os faz temer não apenas pelas competições, mas também por sua saúde. Moradores da região tentam acompanhar os esforços que estão sendo feitos pelos governos estadual e federal, mas dizem que as medidas são apenas paliativas, como, por exemplo, os EcoBoats. Martine Grael, velejadora de 23 anos, também é uma delas. “A impermeabilização do solo, que ocorre devido à enorme quantidade de casas prédios e ruas, causa uma enxurrada nos córregos, esgotos a céu aberto e valões. Muitos destes, cheios de lixo, vêm parar na Baía. A quantidade de lixo que minha família cata numa pequena praia próxima é inacreditável, tem de tudo. Depois, velejando, continuamos nos deparando com uma quantidade contínua de lixo flutuante”, conta a jovem, que competirá nas Olimpíadas de 2016. Mesmo com tantos assuntos ruins ligados ao lixo girando em

torno das próximas Olimpíadas, resta apenas acreditar que medidas serão tomadas e que o melhor para a população e atletas será feito. A ponta de esperança chega quando se analisam eventos como esses já ocorridos. A cidade de Londres, por exemplo, desenvolveu um plano de sustentabilidade para reduzir os impactos negativos das atividades que ocorrem antes, durante e depois de um grande evento como esse. O plano deu tão certo que continuou até hoje. Isso, sim, pode servir de exemplo a ser seguido pelo Brasil.

“A quantidade de lixo que minha família cata numa pequena praia próxima é inacreditável, tem de tudo” Martine Grael Foto: Divulgação

Lixo na Baía de Guanabara assusta moradores e esportistas que utilizam o local para treino

guardei meu lixo até o intervalo, porque próximo de mim não havia nenhuma lixeira. E as lixeiras dos banheiros estavam muito cheias”, disse a jovem, que culpa a estrutura por esse problema. Diante deste cenário, a preocupação com as Olimpíadas precisa ser redobrada. O evento que ocorrerá no Rio de Janeiro em 2016 já é alvo das atenções das autoridades em relação ao lixo. Segundo a Assessoria de Imprensa da Comlurb, a equipe será reforçada, para não haver acúmulo de lixo como houve na Copa. O órgão reforçará sua ação principalmente nas áreas próximas

aos lugares em que acontecerão competições. Outra preocupação para os Jogos de 2016 é a Baía de Guanabara, que, além de ser um ponto turístico da cidade, será o local em que acontecerão as competições de vela. Medidas estão sendo tomadas para a despoluição da baía, mas, ao que parece, não estão fazendo muito efeito. Se permanecer assim, os velejadores terão que driblar a sujeira para completar seu percurso. No evento teste, realizado na Baía, os atletas se queixaram bastante da quantidade de objetos flutuantes, que vão desde eletrodomésticos até

A velejadora brasileira Martine Grael que irá concorrer em 2016 representando o Brasil

Ícones: Freepik

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Sheyla Soares

Milhões de brasileiros estão se preparando para o grande evento esportivo que acontecerá no Rio de Janeiro no ano que vem. As Olimpíadas 2016 representam hoje um grande marco para a história do país, e é importante ficar de olho nas oportunidades. Afinal, além dos massivos investimentos em infraestrutura, a qualificação profissional também será essencial no período. O lema dos jogos será “Viva sua Paixão” e as cerimônias de abertura e encerramento acontecerão no estádio do Maracanã. E para que tudo dê certo, um contingente será novamente fundamental: o dos voluntários. O Comitê Organizador Rio 2016 precisará de 70 mil voluntários que irão desempenhar diversas funções durante os jogos. É uma ótima oportunidade de adquirir experiência profissional em um evento acompanhado pelo

“A experiência como voluntário tem algo incrível e diferenciado Quando o foco não é o dinheiro, a chance de conhecer pessoas interessantes aumenta muito” Marcelo Orchis

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mundo inteiro. O trabalho voluntário também proporcionará benefícios, como o enriquecimento do currículo profissional, a ampliação das redes de relacionamento, a convivência com pessoas de outras culturas e o aprendizado nos treinamentos que serão oferecidos ao longo do processo seletivo. Henrique Gonzalez, Diretor de Recursos Humanos do Comitê Organizador Rio 2016, avisa sobre o perfil do voluntário escolhido. “Queremos profissionais que tenham essa característica de topar desafios, que queiram aprender, que gostem de mudança. Queremos pessoas naturalmente confiantes no seu trabalho”. A missão do Comitê Rio 2016 é entregar Jogos excelentes, com celebrações memoráveis, que irão promover a imagem global do Brasil. Para receber o maior evento esportivo do mundo, o Comitê Organizador irá contar com mais de 70 mil voluntários que terão

Foto: Marília Vicente Simões/Arquivo Pessoal

várias atividades no Rio de Janeiro e nas cidades que receberão jogos de futebol. Um dos que já fez parte deste exército do bem é Marcelo Orchis. Enquanto as Olimpíadas de Atenas rendiam grandes performances esportivas, um voluntário de

Foto: Leonardo Dalla/Portal da Copa

Trabalho voluntário Copa do Mundo e Olimpíadas Rio 2016

“Queremos profissionais que tenham essa característica de topar desafios” Henrique Gonzalez apenas 23 anos se destacava por sua simpatia e dedicação. Ele fazia um pouco de tudo: ajudava a preencher formulários, atuava como intérprete, dava direções e recepcionava as dezenas de pacientes que precisavam de cuidados médicos. Marcelo trabalhou como tradutor nas Olimpíadas de Atenas: “Eu acho que a experiência como voluntário tem algo incrível e diferenciado. Quando o foco não é o dinheiro, a chance de conhecer pessoas interessantes aumenta muito”.

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Foto: Leonardo Dalla/Portal da Copa Veiga +_VERSÃO FINAL_AMANDA+MATÉRIAS_atualizado4.indd 23

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