REVISTA VEIGA MAIS - MEIO AMBIENTE ANO 8 | 2O SEMESTRE DE 2009
REVISTA LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
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LEIA: 4
EMPRESAS ADOTAM ATITUDE SUSTENTÁVEL
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CERTEZA DE CRESCIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL
LICENCIAMENTO AMBIENTAL: CONSTRUÇÕES DEVEM SEGUIR NORMAS DE PRESERVAÇÃO CONTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS PARA UM FUTUTO MAIS PRÓSPERO
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ALTERNATIVAS PARA PRODUÇÃO E CONSUMO CONSCIENTE DE ENERGIA DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: SINÔNIMO DE QUALIDADE DE VIDA
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MÍDIA E MEIO AMBIENTE: UMA PARCERIA NECESSÁRIA MÚSICA BRASILEIRA ABRAÇA A CAUSA ECOLÓGICA
NOVAS TECNOLOGIAS PROMETEM EVITAR DESGRAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E PROLONGAR A VIDA NO PLANETA
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ANIMAIS EM PERIGO
AS FLORESTAS PEDEM AJUDA
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TERRA, PLANETA ÁGUA? A ARTE DE RECICLAR
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS
SACOLAS E BOLSAS QUE ACOMPANHAM A MODA E NÃO AGRIDEM O MEIO AMBIENTE MERCADO INVESTE EM PRODUTOS VERDES
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REAPROVEITAMENTO DE PNEUS É UMA DAS ALTERNATIVAS PARA AMENIZAR O DESASTRE ECOLÓGICO INSTITUIÇÕES CARIOCAS VOLTADAS PARA A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
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ONGS ATUAM EM AÇÕES DE CONSCIENTIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE PROTOCOLO DE KYOTO: O SOPRO DE ESPERANÇA
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Reitor
Dr. Mario Veiga de Almeida Júnior
Curso de Comunicação Social reconhecido pelo MEC em 07/07/99, parecer CES 694/99
Projeto gráfico e diagramação
Vice-Reitor
Coordenador
AgênciaUVA
Prof. Tarquínio Prisco Lemos da Silva Pró-Reitor Acadêmico
Arlindo Cadarett Vianna Pró-Reitor Comunitário
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA REVISTA VEIGA MAIS Edição Meio Ambiente Ano 8 | 2o semestre de 2009
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Prof. Luís Carlos Bittencourt Coordenador de Publicidade
Prof. Oswaldo Senna
Dr. Antônio Augusto de Andrade Magaldi
A Revista VEIGA MAIS é um produto da AgênciaUVA
Diretor Administrativo-Financeiro
Edição e reportagens
Mauro Ribeiro Lopes
Alunos do 6º período
Diretor do Campus Tijuca
Professores-orientadores
Prof. Abílio Gomes de Carvalho Júnior
Maristela Fittipaldi e Luiza Cruz
Diretora Acadêmica
Capa
Prof Mônica Aragon
Paloma Simonetti
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Érica Ribeiro Redação: Rua Ibituruna 108, Casa da Comunicação, 2º andar. Tijuca, Rio de Janeiro - RJ 20271-020 Telefone: 21 2574-8800 (ramal 416) Site: www.agenciauva.com.br e-mail: agencia@uva.br Oficina de Propaganda criativo@uva.br Núcleo de Fotografia www.agenciauva.com.br/nfoto Impressão: Gráfica O Lance Tiragem: 2.000 exemplares
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om a sociedade cada vez mais preocupada com a diminuição dos recursos naturais e com a degradação do meio ambiente, muitas empresas e indústrias têm sido levadas a criar um setor dentro da organização direcionado a atender às expectativas dos seus clientes em relação ao meio ambiente. Por essa razão, as instituições estão pesquisando novas formas de minimizar seus impactos sobre a natureza, com a elaboração de produtos não poluentes ou biodegradáveis e utilizando processos ecologicamente corretos. Preocupação mundial, a degradação do planeta está gerando discussões e metas dentro e fora do ambiente de trabalho, pois as organizações querem se alinhar a novos conceitos de sustentabilidade e têm identificado nesse processo grandes vantagens econômicas. Por isso, além de cumprir as exigências legais, elas têm adotado procedimentos estabelecidos nas normas de sistemas de gestão ambiental, como a ISO 14001. Criada como forma de certificar as empresas que estão fazendo a diferença no quesito preservação ambiental, a ISO é almejada por toda a cadeia produtiva. Internacionalmente aceita, tem como finalidade definir os requisitos para estabelecer e operar um sistema de gestão ambiental nas empresas. Essa é uma meta com a qual toda a organização tem que estar comprometida, como meio de controlar custos e reduzir os riscos para o planeta. Uma dessas empresas que estão em busca de certificação é a Supervia, que vem exercendo seu papel na sociedade por meio do compromisso em proteger o meio ambiente. A instituição realiza o gerenciamento de resíduos e de reciclagem de material e oferece palestras para os funcionários e a comunidade sobre a importância das atitudes de cada indivíduo. São os multiplicadores ambientais que têm como meta educar cada morador de porta em porta, no comércio e nas ruas. Funcionários voluntários da Supervia, parceiros da empresa, informam a população sobre os riscos à saúde provenientes do lixo descartado de forma incorreta na rua, na linha férrea e nos rios; e sobre a importância de preservarem o meio ambiente e de serem conscientes para uma boa qualidade de vida do local onde vivem. Esse trabalho é chamado de Blitz Ambiental e tem a duração de um ano. Uma vez capacitados, eles irão visitar as residências com a distribuição de material educativo e com temas previamente selecionados, de acordo com as necessidades locais da comunidade envolvida no projeto ambiental.
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Segundo Cristiane Duarte, responsável por esse setor na Supervia, “a intervenção predatória e, muitas vezes, criminosa sobre os recursos naturais chegou a tal ponto que, se não for revertida, a vida como a conhecemos poderá se tornar inviável mais cedo do que se possa imaginar”. Por isso, cada ser humano deve se capacitar e agregar novos valores e perspectivas em sua vida, para a conscientização sobre a importância de melhor usar e preservar o meio que o cerca. Além disso, os danos causados ao meio ambiente – como a poluição de corpos hídricos e do solo, a contaminação do lençol freático – e à saúde devem ser reparados pelos responsáveis pelos resíduos. Cristina explica que a reparação do dano, na maioria dos casos, é mais complicada tecnicamente e envolve muitos recursos financeiros para as empresas. Ela conta que a Supervia tem um trabalho de reflorestamento nos canteiros das linhas para minimizar o efeito estufa provocado por combustíveis fósseis, provenientes dos transportes sobre rodas.
Geralmente, isso é feito por voluntários e por uma empresa contratada pela Supervia. Mas antes de liberar pequenos espaços para a urbanização, a ferrovia faz todo um levantamento técnico, que precisa levar em consideração a segurança da sinalização, o tipo de árvore a ser plantada, o tamanho da copa, se a raiz é profunda e avantajada e, acima de tudo, quem serão os voluntários responsáveis por cuidar da nova moradora da comunidade. A coordenadora ressalta ainda que, depois da bicicleta, o trem é o transporte mais limpo do planeta e que a intenção da Supervia é criar grandes corredores verdes em torno da ferrovia para uma melhor qualidade de vida para toda comunidade. Outra empresa que está andando nos trilhos da sustentalidade é o Metrô Rio de Transporte Urbano. Com o objetivo de reduzir os custos e riscos por meio da maximização das oportunidades de reciclagem, a organização tem como um dos focos de atuação o gerenciamento dos resíduos. Para isso, foi elaborado um Pro-
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Claudia Barbosa ○
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grama de Gestão de Resíduos, que incluiu o treinamento com funcionários e voluntários e tem como função multiplicar o conhecimento, estimulando a população a aplicar ações em prol da preservação do meio ambiente. Como qualquer plano de gestão, tem objetivos e metas voltados para o manuseio dos resíduos produzidos pelo meio de transporte sobre trilhos e seu melhor acondicionamento e descarte, para que seja possível otimizar as oportunidades vinculadas ao correto gerenciamento de resíduos. Segundo o coordenador do projeto, Edson Freitas, definir normas e procedimentos nas atividades que gerem resíduos é primordial para o Metrô, de maneira a garantir que as ações desenvolvidas pela empresa não venham a degradar o meio ambiente por conta do mal acondicionamento de resíduos perigosos e não perigosos. A intenção é transformar o resíduo em matéria-prima no mercado, gerando renda e diminuindo o custo inicial para adequar o ambiente e atender a demandas que vão além da legislação.
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Natália Mayrink de Souza ○
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Produtos de qualidade já não são os únicos diferenciais. Imagem de empresa grande já não tem o mesmo efeito de antigamente. As empresas agora buscam se identificar com seus clientes, mostrar personalidade e investir em talentos. E uma nova tendência está se formando em diversos mercados. Seja por força das leis que o governo impõe ou por exigência do mercado, é cada vez maior o número de empresas que se preocupam com a preservação do meio ambiente. Uma instituição socialmente responsável é aquela que se preocupa não só consigo mesma, mas que promove iniciativas para minimizar o quadro de pobreza, desigualdade e devastação dos recursos naturais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e qualidade de vida no planeta. Durante anos, as empresas trabalharam impulsionadas pelos objetivos do sistema capitalista, ou seja, produzir e comercializar seus produtos ou serviços visando à obtenção de lucro e, consequentemente, à maximização da riqueza dos seus proprietários. Mas, aos poucos, elas começam a mudar esse conceito, passando a participar mais da vida de seus funcionários e da comunidade, buscando o bem-estar de todos que estão ao seu redor, inclusive do próprio meio em que estão inseridas. Esse é o caso da empresa Furnas Centrais Elétricas. Por meio do Departamento Ambiental, a organização realiza há dois anos vários programas que visam conscientizar os empregados, não só lotados no Rio de Janeiro, mas em todas as áreas em que Furnas atua. Esses cursos tiveram como temas ‘O Consumo Consciente’, ‘A Composição e a Destinação final do lixo no Brasil’, ‘Política dos 3Rs’ e ‘Vantagens da Coleta Seletiva’. Umas das idealizadoras do programa, a engenheira ambiental Lucia Maria Ferreira afirma que, desde que foi implantado, o projeto já mudou a cabeça de vários funcionários de Furnas, que antes só pensavam em si mesmos e esqueciam que suas atitudes influenciam o futuro. “A empresa propiciou uma formação de redes envolvendo setores específicos da população como os funcionários, seus familiares e os educadores ambientais, instituindo uma prática de vida que não ficou restrita aos muros do mundo corporativo e materializou a proposta final do programa: educar para emancipar”, explica a engenheira. Outra empresa que se interessa muito em preservar o meio ambiente é o Banco Real. Desde 2006 a empresa adota a política dos 3Rs: Reduzir o consumo, Reutilizar quando não é possível reduzir e Reciclar quando não é possível reduzir e nem reutilizar. Essa política foi criada para diminuir os impactos ambientais causados pela negligência ou até mesmo pela falta da informação das pessoas. O banco Bradesco é mais um que, em maio de 2006, tornou-se o primeiro banco do país a conquistar ISO 14001, uma certificação internacional conferida às empresas comprovadamente comprometidas com o apoio às iniciativas de preservação do meio ambiente e de valorização da sustentabilidade. Formado em engenharia ambiental e subgerente da agência do Bradesco de Botafogo, o engenheiro César Gomes afirma que ter recebido esse certificado foi muito importante não só para o banco, mas para a empresa Bradesco. Segundo ele, isso mostra o comprometimento que a instituição tem em preservar o meio ambiente. “Hoje, o lema do banco é: Banco do Planeta – Pensar completo é investir no futuro do planeta. E nós pensamos sim no futuro do planeta. Investimos em ações para
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reflorestamentos da Mata Atlântica e todos os papéis que usamos, tanto nas agências, quanto os que mandamos para os nossos clientes, são 100% recicláveis”. Para incentivar empresas do mundo todo a adotarem práticas sustentáveis, o International Finance Corporation (IFC), instituição vinculada ao Banco Mundial que fornece financiamentos a projetos da iniciativa privada, criou, em junho de 2003, uma série de exigências, conhecida como "Princípios do Equador". Trata-se de uma diretriz socioambiental que as instituições financeiras precisam adotar para fornecerem financiamentos às empresas. No Brasil, bancos como Bradesco e Itaú e companhias como a Vale do Rio Doce aderiram a esses princípios e passaram a oferecer linhas de crédito bancário para companhias interessadas em tornar sustentáveis seus processos produtivos. O banco Itaú destinou, por exemplo, R$150 milhões a projetos de cunho ambiental, como os que visam à criação de sistemas de reaproveitamento de água e de eficiência energética. Já o Bradesco financiou US$10 milhões para projetos dos setores de energia e celulose. “Além de termos nossos próprios projetos socioambientais, nós ajudamos empresas que querem preservar, mas que não possuem caixa para isso”, explica Cesar Gomes. A Vale do Rio Doce investe por ano cerca de 40 milhões de reais em projetos relacionados ao meio ambiente. São projetos sociais de educação ambiental, realizados ao longo das localidades onde se encontram suas atividades; de tratamento avançado de seus efluentes; de controle das emissões atmosféricas e de uso de uma porcentagem de biodiesel nas locomotivas, que vão muito além do que a legislação requer.
CONSUMIDOR CONSCIENTE Mas se engana quem pensa que as empresas são as únicas responsáveis por preservar e cuidar do meio ambiente. As pessoas que são comprometidas em estimular as outras e as que participam dos projetos ambientais também têm um papel fundamental. Na Usina de Mascarenhas de Moraes, em Minas Gerais, onde Furnas tem vários projetos para a preservação do meio ambiente, isso é muito evidente. A criação de uma oficina de reciclagem de garrafas pets, que a empresa criou para os empregados, mobilizou toda a comunidade que vive em volta da Usina. Tanto que depois que a oficina terminou, as esposas dos funcionários fizeram um abaixo-assinado pedindo para que ela fosse estendida para os moradores da região onde a usina é localizada. E deu certo. Hoje, cerca de 30 moradores, entre mulheres e crianças, participam da oficina de reciclagem. O sucesso do projeto é tão grande que o grupo, junto a Furnas, criou o Movimento AtitudeVerde. Uma das responsáveis pelo abaixo assinado, a dona de casa Juliana Dias Clemente, de 57 anos, afirma que esse trabalho é inovador para a área da usina. “Além de ser uma oportunidade de unir as moradoras e de ocupar o tempo ocioso, o projeto ajuda a preservar o meio ambiente e a conscientizar a população local”. Fica claro que uma empresa que se preocupa e tem projetos e ações para preservação do meio ambiente, além de crescer economicamente, também cresce socialmente. E esse comportamento, tanto das empresas quanto da sociedade de um modo geral, é muito positivo, pois dá esperança de que o ser humano do futuro pode contribuir muito para promover uma existência mais consciente e impulsionar uma conduta mais responsável das empresas diante da natureza. Imagem www.sxc.hu
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Bruno Figueiredo ○
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Quando alguém vê um prédio próximo a bosques ou florestas, nunca imagina tudo o que aconteceu para que ele fosse construído ali. Muitas pessoas podem não saber, mas houve um conjunto de burocracias para aquela construção ser erguida. Normas foram seguidas, leis foram lidas e aplicadas e ambientalistas e biólogos foram consultados.Todo esse processo que orienta construções ‘ambientalmente corretas’ a seguirem as normas se chama Licenciamento Ambiental. Utilizado mais para empresas – entre elas. as de extração e tratamento de minerais e as indústrias de produtos minerais não metálicos, metalúrgicas, mecânicas, químicas, de madeira, de papel e celulose, de borracha, de couros e peles –, esse procedimento tem prazo de validade e, como todo documento, o requerente precisa cumprir regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental, como o destino dos resíduos e as emissões atmosféricas. Esse método é um importante instrumento de gestão da Política Nacional de Meio Ambiente, pois é com ele que o órgão ambiental busca garantir que as medidas preventivas e de controle adotadas pelos empreendimentos sejam compatíveis com o desenvolvimento sustentável. “É preciso realizar o licenciamento porque assim o desenvolvimento urbano pode aumentar, porém de forma menos agressiva”, explica Ana Carolina Marques, bióloga responsável pelo estudo para a liberação de licenças do projeto. O Licenciamento Ambiental é dividido em três etapas. A primeira se chama Licença Prévia, na qual os envolvidos avaliam a localização e a concepção do empreendimento, sendo que o tempo de campo dado aos consultores, normalmente biólogos é, às vezes, curto. “A amostragem poderia ser mais bem feita, pois certos grupos animais, especialmente os raros e ameaçados, e que é importante saber se existem naquela região ou não, costumam demandar mais tempo para serem encontrados”, comenta Ana Carolina. Logo depois de terminada a primeira etapa e de serem estabelecidas as medidas de proteção ambiental, acontece o segundo passo, chamado Licença de Instalação. Essa concessão autoriza o início da construção do empreendimento e a instalação dos equipamentos. Após essas duas fases, ocorre a última parte do processo, a denominada Licença de Operação. Nessa etapa, é autorizado o funcionamento do empreendimento. Essa parte só pode ser requerida quando a empresa estiver construída e após a verificação da eficácia das
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medidas de controle ambiental estabelecidas nas condicionantes das licenças anteriores. Mas engana-se quem pensa que conseguir o licenciamento é algo simples. Além de haver a possibilidade de demora, é preciso sempre incrementar os procedimentos de controle. “As leis para a licença estão boas, mas sempre é necessário melhorar a cada dia, sendo preciso colocar especialistas competentes ao lado das pessoas que fazem as leis para poder aconselhá-los”, sugere David Zee, coordenador do Mestrado em Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida. E mesmo que o governo venha tentando sempre atualizar e implementar as medidas ambientais necessárias, muitas pessoas não acreditam que isso ocorra ou que irá acontecer. É o caso da estudante Ana Paula Lobato, que lembra que no Brasil as leis nunca são cumpridas. “O governo quase nunca cobra as empresas nesse assunto, e eu acho que elas nem sequer se preocupam com isso”.
David Zee completa e diz que, quando vêem algo de errado, há mesmo pessoas que não fazem nada, muitas vezes por não saber como ajudar. “A população tem bastante consciência, só precisa de mais inserção no assunto. Se houvesse mais difusão de informação sobre o licenciamento as pessoas saberiam o que fazer”. Zee afirma, porém, que as empresas têm se conscientizado sobre a situação no mundo e que cada vez mais pessoas estão de olho. “As empresas têm notado a importância do assunto, mas é preciso ampliar essa percepção, pois alguns empresários precisam perceber que, mesmo custando, o licenciamento ajuda. Afinal, a sociedade é o cliente, e quando a população entende, a relação entre elas fica muito mais amigável”. O Governo vem tomando medidas para conscientizar todos os setores da sociedade sobre o assunto. A Secretaria Municipal de Urbanização, por exemplo, dispõe de uma seção exclusiva sobre legislação de bairros, que visa
apresentar o conjunto de normas sobre o uso e a ocupação do solo e a regulamentação para a construção de edificações que incidem em cada um dos bairros, de modo a permitir o conhecimento das possibilidades de crescimento e transformação dessas áreas, bem como da legislação do seu patrimônio arquitetônico e paisagístico. Claro que, como em quase todos os processos, os licenciamentos também são suscetíveis de erros, e quando eles ocorrem, a justiça entra em cena. “Se uma informação embasada for comprovada como falsa, a licença é anulada e o empreendedor e/ou responsável pela informação é processado e a operação do empreendimento fica interrompida até ser resolvido o problema”, informa Ana Carolina. Esse procedimento ambiental mostra a preocupação que precisa ser empregada no mundo, pois o homem tem evoluído cada vez mais e, para isso, sempre é necessário prestar atenção em como isso afeta o meio ambiente.
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Paula Penedo Pontes de Carvalho ○
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O morador chega em casa. No quintal, os filhos brincam com as frutas do pomar. Ao abrir a porta, sensores de movimento ativam a iluminação gerada pelas placas solares, instaladas para evitar o desperdício de energia. Ele vai tomar banho e a água que vem direto das caixas de coleta de chuva, pré-aquecida pela energia natural que diminuirá o consumo de gás, escoará para outra armazenagem antes de ser utilizada nos vasos sanitários e na irrigação do jardim. Para muitas pessoas, a cena pode parecer estranha, mas é cada vez mais comum encontrar no Brasil empreendimentos que consideram as potencialidades sócio-ambientais na hora de fazer uma obra. São as chamadas construções sustentáveis, que surgem para minimizar os danos causados ao meio ambiente por meio da utilização de recursos renováveis, englobando desde o projeto até o uso que o homem fará do imóvel. A história das construções naturais remonta ao início dos tempos. Desde que deixou de ser nômade para se fixar em um único território, o homem passou a utilizar os recursos que o meio fornecia para criar sua morada. Foi assim que surgiram os iglus (abrigos de gelo uti-
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lizados pelos esquimós) e as ocas indígenas feitas com palha e taquara. Mas foi somente na segunda metade do século passado que o ocidente começou a repensar os costumes e as consequências do estilo de vida que levava. Em 1987, foi concebido o conceito de desenvolvimento sustentável, que pode ser definido como “aquele capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”, o que acabou por conduzir à ideia de uma arquitetura sustentável. Segundo Luiz Fernando do Valle, presidente do Grupo Ecoesfera Empreendimentos Sustentáveis, que opera na venda de imóvies “verdes” nas principais cidades do país, essa valorização dos diferenciais ecológicos segue uma tendência mundial, ligada, principalmente à diminuição dos custos finais. “No Ecolife, os moradores têm uma redução de 20% a 30% nas taxas de condomínio e 40% dos clientes manifestam esses diferenciais como motivo principal da compra. Sinal de que as pessoas os estão considerando como razão para a valorização do imóvel”. Imagem www.sxc.hu
As placas solares absorvem energia que pode ser utilizada dentro de casa, diminuindo o consumo de luz
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Nelson Kawakami, diretor-executivo do Green Building Council Brasil (GBC Brasil), subsidiária da entidade que fornece os parâmetros para a construção sustentável, completa, explicando que o retorno financeiro só não é maior devido ao número reduzido de prédios em operação. “Nos Estados Unidos, empreendimentos sustentáveis custam de 1% a 7% a mais. Mas esse é o caro que sai barato, pois apresentam maior velocidade na venda”. O funcionário público Nilo Sergio Lentini, de 51 anos, aposta nessa ideia e está fazendo obras no chuveiro de sua nova casa para diminuir o desperdício de água e os custos finais. Ele conta que com a implantação de três placas solares e um boiler (reservatório térmico) de 400 litros, o gasto será de R$2.400. “O retorno poderá ser percebido em um ano, no máximo um ano e meio, e teremos uma economia de mais de R$100 na conta de água”. Mas a economia não é o único benefício de uma construção ecológica. Esse tipo de obra traz aumento de produtividade, reduz em 30% o consumo de energia e em até 50% o consumo de água, diminui as emissões de CO2 em 35% e contribui em até 90% para a redução de resíduos tóxicos, diminuindo diretamente dos impactos sobre o meio ambiente. E foi para determinar a eficácia ambiental desse tipo de empreendimento que o GBC criou o certificado Leed (Liderança em energia e projeto ambiental). Considerado a principal ferramenta mundial na avaliação sócio-ambiental e no reconhecimento de projetos ecológicos, ele pontua soluções sustentáveis e avalia o desempenho das construções. Em outubro de 2008, o edifício Cidade Nova, desenvolvido pela Bracor e ocupado pela Petrobras, se tornou a primeira construção do Rio de Janeiro e o primeiro edifício comercial do país a receber o título. Entre as normas seguidas pela construção estão a captação e o reuso de água, a instalação de vidros isotérmicos e a disponibilização de vagas especiais para veículos de baixa emissão de poluentes. O consultor do Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica (IDHEA), Márcio Augusto Araújo, explica em seu artigo “A moderna construção ecológica”, que a sustentabilidade de uma obra moderna é avaliada pela capacidade de responder positivamente aos desafios ambientais da sociedade. Para ele, a casa sustentável deveria utilizar materiais que não comprometam o meio ambiente e a saúde dos ocupantes e que contribuam para tornar o estilo de vida cotidiano mais sustentável.
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DIRETRIZES A CONSIDERAR PARA UMA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL • Pensar em longo prazo o planejamento da obra • Eficiência energética • Uso adequado da água e reaproveitamento • Uso de materiais e técnicas ambientalmente corretos • Aplicação dos 3Rs: reciclar, reutilizar e reduzir • Conforto e qualidade interna dos ambientes • Permeabilidade do solo
CARACTERÍSTICAS DAS CONSTRUÇÕES DE ACORDO COM O CLIMA: • Tropical úmido: as chuvas e as altas temperaturas do clima tropical úmido demandam casas com tetos altos e bem inclinados. A pequena diferença entre o dia e a noite faz com que o ideal seja uma construção distante da outra, para haver ventilação entre as casas. • Temperado: com o frio intenso desse tipo de clima, é necessário usar materiais que isolem o interior das baixas temperaturas, além de construir as casas em locais expostos ao sol. • Tropical Seco: com dias quentes e noites frias, o ideal é que as construções fiquem próximas umas das outras, ampliando as sombras e diminuindo as paredes expostas ao sol.
Fonte: http://ambiente.hsw.uol.com.br/constr ucoes-ecologicas1.htm Mas é importante perceber que há uma grande diferença entre construções ecológicas e sustentáveis. Ainda segundo Araújo, enquanto a primeira utiliza os recursos locais de maneira integrada ao meio, a segunda faz uso de soluções tecnológicas e inteligentes para promover o bom uso de recursos finitos. “A construção sustentável difere da ecológica por ser produto da moderna sociedade tecnológica, utilizando, ou não, materiais naturais e produtos provenientes da reciclagem de resíduos gerados pelo seu próprio modo de vida”. Ele ainda pontua que as pessoas deveriam trabalhar para que um imóvel seja sustentável e não somente ecológico, lembrando que o ser humano passa mais de dois terços de seu tempo dentro de algum imóvel. “A verdadeira construção sustentável é assim considerada não apenas porque não esgota os recursos empregados para sua edificação e uso, mas também porque sustenta aqueles que a habitam. Ela é base para suas realizações, segurança, alegria e felicidade”.
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ALTERNATIVAS PARA PRODUÇÃO E CONSUMO CONSCIENTE DE ENERGIA Vívian Borges ○
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A história demonstra que as pessoas são capazes de realizar mudanças fundamentais para a melhoria de vida. Basta que sejam bem informadas e mobilizadas para isso. Constantemente discutidas pelos cientistas e ambientalistas, as alternativas de energia estão na pauta do dia e o desenvolvimento de fontes de energia renovável, a poupança de energia e o seu melhor aproveitamento são as regras de ouro para o futuro da política energética. Um futuro que está, no entanto, cada vez mais presente. Mas as opor tunidades que a cr ise energética pode oferecer incluem não só novos negócios e novos lucros, como também a construção de máquinas limpas. É possível utilizar o sol e o vento, deixar de desperdiçar energia, usar as abundantes reservas de carvão sem aquecer o planeta. E para isso é necessária uma conscientização universal. A escola pode ser um catalisador de mudança, promovendo, junto à comunidade escolar, uma mudança de atitude em relação aos pequenos atos que são possíveis no dia a dia, com vistas à poupança de energia. A escola tem o dever de inspirar os outros a agir. E o mais importante é que eles sejam os transmissores dessas preocupações ambientais para os outros espaços da vida: sua casa, sua rua, seu bairro, sua cidade, seu país. Um exemplo de consciência ecológica aplicada no cotidiano vem do professor e biólogo Carlos Albuquerque, de 40 anos. Ele possui uma casa de campo em Angra dos Reis no Rio de Janeiro e utiliza a energia eólica na conversão de eletricidade para o local, com o uso de vento para mover aerogeradores e grandes turbinas, que têm a forma de um cata-vento ou um moinho. O professor explica que o movimento das turbinas produz a energia elétrica. É preciso agrupar, em parques eólicos, concentrações de aerogeradores, necessários para que a produção de energia se torne rentável, mas eles podem ser usados isoladamente, para alimentar localidades remotas e distantes da rede de transmissão. É possível ainda a utilização de aerogeradores de baixa tensão.
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Para Albuquerque, a profissão o ensinou ainda mais a respeitar a natureza e a vida. Como professor e biólogo, ele afirma que trabalhar conscientizando as pessoas sobre a importância de preservar a natureza e as fontes de energia natural é um compromisso que assumiu para a vida toda. “Acredito na educação da nova geração sobre o papel do ser humano no mundo. A busca por fontes renováveis cresce, pois, além de não poluentes, são alternativas à gasolina, ao diesel e ao gás natural". Ele diz que o compromisso de um ambientalista se define quando está a serviço de um modelo de desenvolvimento humanista que respeite todas as formas de vida. "Não se trata de decidir quem tem mais ou menos direito à vida, se uma criança, um macaco ou uma árvore. A questão está na relação entre eles, pois se o homem agir a favor do meio ambiente, naturalmente a natureza devolve a ação para ele, seja ela positiva ou negativa”. Outra pessoa ecologicamente correta é o analista de patente Júlio do Carmo, de 52 anos, morador do Recreio dos Bandeirantes há dois anos e que, desde que se mudou para o local, utiliza a energia solar como fonte renovável. Sua casa dispõe de painel solar, muito comum na captação desse tipo de energia. Júlio diz que uma grande vantagem é que ela permite a geração de energia no mesmo local de consumo, por meio da integração da arquitetura, diminuindo o gasto e economizando. O analista conta que já tinha um projeto de construir um imóvel utilizando fontes de energia renováveis e, assim que conseguiu o capital, investiu no projeto. “Construí minha casa baseada numa fonte alternativa de energia porque o local era favorável para a construção”. Ele ressalta que, ao se envolver com o tema, adquiriu muita informação e decidiu aplicar em seu cotidiano. Para ele, a energia solar é uma fonte de vida e de origem da maioria das outras formas de energia na Terra. No que diz respeito ao custo da manutenção do painel, ele afirma que a utilização desses recursos requer investimentos consideráveis no tratamento, mas vale a pena investir em algo que no futuro irá trazer benefícios econômicos e qualidade de vida para o planeta.
Segundo o especialista em energia renovável da Petrobras, André Simões, as fontes renováveis de energia são alternativas não só à poluição, mas também ao aquecimento global, ao passo que as fontes fósseis sofrem restrições com a alta do petróleo e questões socioambientais. Contudo, as fontes não-renováveis, como petróleo, gás, carvão e nuclear, ainda representam 86% da matriz energética mundial. As energias tradicionais são extraídas da terra e se esgotam. As energias renováveis, ao contrário, provêm de fontes que não acabam, como o vento, a luz solar, os cursos de água. O especialista aposta na energia solar, pois é a que mais vem crescendo nos últimos tempos. Para ele, a disponibilidade de recursos e reservas talvez não seja fator limitante no futuro, pois a energia renovável tende ao crescimento gradativo. “Apesar de toda a diversidade de fontes de energia, a estrutura de uso final se modifica, passando de sólido para líquido e finalmente para gases, mais limpos”, destaca André. Já o ambientalista Luís Teles explica que a elevação da temperatura tem relação direta com a utilização de combustíveis fósseis como carvão, que contribuem para a emissão dos gases que provocam o efeito estufa. “Apesar de as fontes de energia utilizadas no país serem relativamente limpas, as políticas voltadas para a disseminação do uso de fontes de energias renováveis devem ser contempladas”. Teles afirma que o desenvolvimento das tecnologias para o aproveitamento das renováveis poderá beneficiar comunidades rurais e regiões afastadas, bem como a produção agrícola, por meio da autonomia energética. “As energias renováveis quase têm o dom da ubiqüidade e estão distribuídas de forma mais equitativa em nível global, o que não acontece com as fósseis, que favoreceram o desenvolvimento dos grandes aglomerados populacionais, urbanos e industriais, ultrapassando os limites das vantagens de qualidade de vida”. O ambientalista também alerta que o tema energético deve ser uma questão discutida por toda a população mundial, já que afeta diretamente cada indivíduo. “A grande insatisfação com a situação atual do mundo nos leva a sonhar com um futuro diferente, que só poderá
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acontecer com mudanças imediatas na educação e, consequentemente, na relação homemsociedade-natureza, começando com o entendimento, ou melhor, com a releitura do modelo de desenvolvimento predominante e seus potenciais impactos ao meio ambiente e à qualidade de vida”.
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As ecovilas são ainda pouco conhecidas pelo Brasil e não passam de sete o número total de grupamentos humanos sustentáveis distribuídos pelo país. Entre eles, o IPEMA e o Instituo de Permacultura do Cerrado (IPEC), localizado em Pirenópolis, no cerrado Goiano, são os principais. Além de serem os mais bem estruturados, oferecem vários cursos sobre desenvolvimento sustentável. Os módulos de aprendizagem vão da permacultura até a construção de ecocasas, passando pela elaboração de filtros de água biológicos e a reciclagem de mais de 90% do lixo gerado.Todo esse esforço por parte dessas comunidades visa aliviar a marca ecológica deixada pelas habitações humanas. “Ecovilas são assentamentos de proporções humanas, funcionalmente completas, onde as atividades do ser humano se integram inofensivamente ao mundo natural, de forma a ajudar o desenvolvimento saudável e poder perdurar por um futuro indefinido”, diz o trecho do artigo “The Eco-Village Challenge”, escrito por Robert Gilman, acadêmico e principal autoridade mundial sobre Ecovilas.
O dia está ensolarado, os feixes de luz atravessam o espesso cobertor de folhas da floresta. Debaixo desse guarda-sol generosamente feito pela natureza, as pessoas estão absorvidas em suas tarefas diárias. Plantar, colher, recolher água nos reservatórios, escutar os pássaros cantando. As casas feitas de barro, cercadas por hortas nas quais são empregados conceitos de permacultura, são simples, mas não deixam a desejar no conforto e na proteção contra o rigor do clima. Esse é um quadro quase inimaginável para a maioria dos seres humanos que vivem nas megalópoles brasileiras. Para outros poucos, porém, essa experiência ‘ao natural’ faz parte da rotina. São os associados do Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica (IPEMA), que administra uma ecovila no litoral de São Paulo, em Ubatuba. A ecovila no litoral paulistano não tem uma população fixa: as pessoas vão para aprender as técnicas e conceitos do viver ecologicamente sustentável e logo retornam para suas vidas urbanas.
Igor Balbino ○
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Essas comunidades ecologicamente sustentáveis são a resposta para a crescente preocupação com o meio ambiente. A partir do relatório Brundtland (Our Common Future), publicado em 1987, o mundo começou a ver a degradação da natureza e a retirada predatória da matéria-prima como problemas em potencial e diversos setores econômicos foram pressionados devido as suas atividades extrativistas. O ápice dessa preocupação foi a Eco92, considerada um marco na luta pela preservação ambiental, quando o conceito de desenvolvimento sustentável foi firmado. Assim, o mundo começou a se posicionar de maneira mais firme perante o problema e o assunto passou a existir e a ser colocado em pauta pelas grandes empresas. A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende apenas de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos e devem ser usados de forma consciente e responsável. Esse conceito representou uma nova forma de pensar a economia, já que muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo de energia e recursos naturais. Esse tipo de ‘progresso’ tende a ser insustentável e nocivo ao meio, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem. Um bom exemplo da importância que o assunto Desenvolvimento Sustentável ganhou a partir da Cúpula da Terra (ECO-92) foi a criação da Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável (FBDS), para implementar no Brasil os conceitos discutidos na cúpula. Para isso, um corpo de grandes empresas nacionais e internacionais atuantes no país foi estruturado, entre elas, a Vale do Rio Doce, a Petrobras, a Saint Gobain e a Shell. “A criação desse grupo encurtou a distância que havia entre as grandes empresas, principais poluidoras, e as frentes de preservação ambiental”, comenta Marcelo Bueno, integrante da diretoria do IPEMA e ativista pelo desenvolvimento sustentável no Brasil. Na ECO-92, também foram fundadas as bases para o Protocolo de Kyoto. Até 9 de fevereiro de 2005, 168 países tinham ratificado, ou sido integrados, ao acordo, incluindo o Brasil, e em 16 de fevereiro de 2005, ele entrou em vigor. O Protocolo integra e implementa a convenção-quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças do Clima. Segundo o tratado, os países industrializados que o ratificaram (lembrando que a administração Bush afirmou que os EUA não iriam participar) deveriam reduzir suas emissões de gases poluentes em aproximadamente 5% até 2012.
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Ainda em 2005, foi registrada a maior incidência de tempestades (26), a maior quantidade de furacões (14) e a maior quantidade de furacões de categoria 5 (com ventos acima de 249 Km/h). Esses fenômenos vieram a reboque das mudanças climáticas causadas pelas emissões de gases que contribuem para o aquecimento global. Dados da ONU apontam que, se o nível de poluição continuar aumentando, o planeta pode sofrer mudanças climáticas drásticas. Em 20 anos, a temperatura poderá subir em dois graus, e em 50 anos, até cinco graus. Todos esses dados, apurados na sua maioria pela ONU e por demais organizações ligadas ao meio ambiente, como a WWF e a One Earth, reafirmam a necessidade de uma mudança na postura da humanidade frente ao planeta.
Se o crescimento econômico mundial mantiver o seu ritmo, em 24 anos será preciso outro planeta para atender à demanda por matéria-prima A Organização das Nações Unidas recentemente publicou um texto que fazia uma projeção ainda mais preocupante. Se o crescimento econômico mundial mantiver o seu ritmo, em 24 anos será preciso outro planeta para atender à demanda por matéria-prima. A França, por exemplo, gera por ano uma quantidade de lixo nuclear capaz de encher o Maracanã. Todo esse lixo é guardado em depósitos em países subdesenvolvidos na Ásia e África, o restante é despejado nas fossas submarinas. Não existe como precisar os efeitos desse despejo irresponsável, pois o ser humano conhece mais da superfície da lua do que destes locais onde o lixo atômico é jogado. “O estilo de vida da sociedade atual não pode ser mantido por muito tempo. O que está em jogo é a nossa sobrevivência. Tomar consciência disso é uma questão de vida ou morte”, apregoa Marcelo Bueno. O ser humano do século XX parece estar semi-desperto para o problema da degradação do meio ambiente. A natureza vem dando vários sinais de que algo não está bem. Talvez por receio, insegurança ou até mesmo por ganância e mesquinharia, a humanidade feche os olhos para o quadro atual, nada belo e otimista. “Eu realmente espero que a atitude das pessoas mude. Miito se fala sobre desenvolvimento sustentável. Mas pouco se faz”, comenta Marcelo. O principal ativista brasileiro da preservação ambiental, e pioneiro em iniciativas de desenvolvimento sustentável, Jose Lutezenbeger, definiu em poucas palavras a situação na qual a sociedade atual está mergulhada. “Todo recurso natural é limitado. A única fonte permanente da energia e, portanto, de vida, é o sol. A nossa missão é de fazer com que a herança de nossos descendentes seja melhor do que aquela que recebemos”.
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Os meios de comunicação têm o poder de levar a humanidade a tomar conhecimento dos problemas sócio-ambientais e a procurar rediscutir seus modelos de desenvolvimento e de atuação no meio ambiente. A mídia consolida-se desta forma, como elemento essencial para a consecução de caminhos que levem ao alcance de uma visão mais ampla do meio ambiente. Atualmente, constata-se um aumento de interesse sobre o meio ambiente, tanto pela
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população como pela mídia e pelas empresas, que introduzem novas práticas para reduzir seus impactos ambientais e sociais, vendo oportunidades comerciais ao fato de agregar valor às marcas. A bióloga Danielle Rodrigues de Souza considera que a mídia participa na propagação do assunto, mas muitas vezes falha ao se restringir somente a algumas datas. “Os jornais têm se esforçado muito nesse sentido, criando páginas temáticas e dando mais espaço. Acredito que tal esforço tem surtido efeito, já que a idéia de preservação é um
consenso entre a população. Mas o problema é quando o assunto sai da esfera coletiva e vai para a pessoal. O que acontece é que há ainda uma carência enorme na área ambiental, pois muitas vezes as reportagens são motivadas por matérias relacionadas a datas especiais e não proporcionam ainda uma reflexão maior entre os leitores”, comenta a bióloga. De fato, é possível observar que, com o domínio da informação, a mídia desenvolveu mecanismos e ferramentas capazes de difundir mais rapidamente o conhecimento sobre o assunto. Houve ainda um aumento significativo de publicações, documentários e campanhas de publicidade institucionais sobre o meio ambiente. Por meio dos jornais e, principalmente, da televisão, as questões ambientais têm chegado ao conhecimento de vários segmentos da sociedade. Apesar do meio ambiente vir sendo discutido de maneira considerável, a estudante de Ciências Biológicas, Raquel Ribeiro, ressalta que essa ‘corrida contra o tempo’ deve ser bastante cuidadosa. “O que vejo, muitas vezes, é o atropelamento dos fatos em meio à globalização. Ao passo que a mídia padroniza os interesses da sociedade, tem também o poder de manipular os seres humanos com seus processos de produção, transmissão e recepção de formas simbólicas que, muitas vezes, não são tão eficientes como deveriam”, acredita ela. A atuação da mídia como construtora do conhecimento nem sempre acompanha as reais necessidades da sociedade e do meio ambiente. Ainda hoje, muitas vezes, seu interesse por assuntos ambientais é determinado por datas comemorativas ou por circunstâncias trág icas: vazamentos de óleo, enchentes, estiagens, queimadas, furacões e terremotos. Mas é importante que seja reconhecida a urgência de espaço para novas pautas que cumpram o objetivo de tratar da problemática sócio-ambiental de maneira interdisciplinar. Quem cobre Economia ou Política poderia inserir o plano ambiental dentro do contexto de suas reportagens. Grandes veículos já possuem jornalistas que se dedicam somente a esse tema, que consome muito tempo em pesquisa à legislação e aos estudos técnicos. No entanto, na maior parte das vezes o assun-
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Jéssica Mattos
to acaba caindo na pauta geral, sem um repórter específico. Isso pode ser um problema, porque um dos pontos essenciais na cobertura de questões relativas ao meio ambiente é a escolha das fontes certas. Ainda não são muitos os casos em que a mídia está, de fato, indo fundo nas questões do meio ambiente. Mas iniciativas aqui e a ali começam a surgir. Recentemente, a Globo.com e o Fantástico elaboraram o projeto Amazônia.vc. Foi criado um aplicativo na rede do Orkut que possibilita o acompanhamento dos desmatamentos na Amazônia, além de permitir o protesto das pessoas. Já são mais de 140 mil participantes e mais de 5,7 milhões de protestos. Embora não sejam registros formais, essas manifestações funcionam como forma de incentivo para o Governo tomar medidas para solucionar esse problema tão antigo e frequente no Brasil. Cabe à função social da mídia explicar com clareza e objetividade os desafios que o Brasil tem pela frente em relação ao aquecimento global, à escassez de recursos hídricos, à desertificação do solo, à multiplicação do volume de lixo e ao consumismo desenfreado e compulsivo, além de sinalizar rumos e perspectivas para a sociedade, dando visibilidade a inúmeros exemplos de que é possível construir um projeto de desenvolvimento que gere riqueza sem destruir o meio ambiente.
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“Seus netos vão te perguntar em poucos anos pelas baleias que cruzavam oceanos, que eles viram em velhos livros...”. A letra da canção ‘As baleias”, de Roberto Carlos, de 1981, já mostrava a preocupação com a preservação do meio ambiente. De lá para cá, os gritos de alerta em forma de canção só fizeram aumentar. É necessário que o ser humano tenha consciência da importância de cuidar do espaço em que vive e, para chamar a atenção da população para o cuidado com o planeta, a música tem versado sobre esses temas. Roberto Carlos, Guilherme Arantes, Xuxa e Bruno & Marrone. Esses são apenas alguns dos cantores que fazem seu papel quanto é tema é preservação do meio ambiente. Além
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deles, não se pode deixar de citar o último álbum do cantor Leoni. Com o nome de “Outro Futuro”, o disco conta com a participação de uma tribo do Acre, conhecida como Ashaninka, e traz também uma música cantada pelo líder e pagé Benki Piyãko, que participa dos shows ao lado de Leoni. “Os Ashaninkas são completamente sofisticados no que se refere ao cuidado com a natureza e à recuperação de áreas devastadas. Eles recuperaram a flora e a fauna de uma imensa região em suas terras que havia sido devastada por madeireiros”, comenta Leoni. A tribo montou uma universidade, chamada “Saberes da Floresta”, onde seus integrantes ensinam homens brancos e outras etnias indígenas a viver na Floresta Ama-
0 grupo carioca Ponto de Equilíbrio traz o amor pela natureza nas letras das suas canções e no cotidiano
no meu DVD é motivo de muito orgulho na minha biografia”, diz.
NA BATIDA DO REGGAE “Árvore, árvore, raiz (resistência). Árvore, árvore, raiz (positividade). Árvore, árvore, raiz (combatendo de frente o sistema). Árvore, árvore, raiz, vamos conservar [...] Então pare! Pare para pensar, atenção”. Esse é um trecho da música “Árvore do Reggae”, do Grupo Ponto de Equilíbrio, que está intimamente ligada à questão do meio ambiente. De acordo com o
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zônica sem desmatar. “Eles provam que a floresta de pé é muito mais lucrativa do que a floresta deitada, como eles chamam as áreas desmatadas”, explica o cantor, que destaca a importância de ter trabalhado com os índios. Além do CD, Leoni produziu um DVD chamado “Leoni e Ashaninkas – Ao vivo em Paris”, no qual o cantor apresenta o espetáculo ao lado de Benki e de mais seis índios. O DVD traz também um documentário sobre a vida na aldeia. Leoni ficou muito satisfeito com o resultado do trabalho. “Poder dar voz a eles
O índio Benki e o cantor Leoni ensaiam em estúdio para gravação de DVD com show e documentário
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baterista Lucas Kastrup, a preservação da natureza é a única saída para a espécie humana e para as demais que aqui habitam. “Acreditamos que o planeta é um organismo vivo do qual todos fazemos parte. É uma constante da banda a lembrança de que nossa casa interior e nosso planeta-casa devem estar limpos e fortes”. Além das músicas, os artistas também incentivam o uso da reciclagem. Caso do “Abre a Janela”, divulgado em papel reciclado. Lucas também já deu aulas sobre a construção de instrumentos com madeira reciclada. “Ministrei oficinas em instituições de ensino público e privado, quando participava do grupo ‘Ciclo Natural’, que hoje é liderado por meu primo Ciro Kastrup”. A música pode ser considerada uma das formas mais eficientes de se passar uma mensagem. Para Leoni, o ser humano precisa perceber que defender a natureza é defender a própria existência no planeta. “Estou muito assustado com o futuro da nossa casa. O presente já está dando demonstrações de que a conta está chegando para pagarmos com juros”. A opinião do grupo Ponto de Equilíbrio é a mesma. Lucas ainda alerta para a importância dos músicos no auxílio à preservação do meio ambiente. “No caso brasileiro, em que plantar e cuidar da natureza são atitudes mais que urgentes, acredito que os músicos tenham a responsabilidade de alertar todos neste sentido”.
12 NOVAS TECNOLOGIAS PROMETEM EVITAR DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E PROLONGAR A VIDA NO PLANETA Revista VEIGA MAIS - ESPECIAL MEIO AMBIENTE
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mesma tecnologia que, muitas vezes, com uma mão, ajuda a poluir o pla neta, com a outra pode colaborar para salvá-lo. A luta para preservar o meio ambiente e impedir danos ainda maiores ao planeta e a seus habitantes tem encontrado na tecnologia um importante parceiro. Em várias áreas de atuação, iniciativas vêm sendo desenvolvidas e aplicadas na tentativa de frear ou reverter a utilização indevida dos recursos naturais. Um dos estudos existentes na área da fauna e da flora, que visa proteger o solo, o ar, o micro clima, a água e também a paisagem é a Forragricultura. O solo é usado de uma forma em que o plantio é uma combinação de espécies frutíferas ou madeireiras com cultivos agrícolas ou animais, de forma simultânea ou em sequência temporal, que interagem econômica e ecologicamente. Com a presença de árvores que têm a capacidade de capturar nutrientes de camadas mais profundas do solo, reciclando com maior eficiência, a sustentabilidade desses sistemas é um dos aspectos positivos. Eles têm
sido divulgados como uma alternativa para o melhoramento da produtividade de sítios pobres ou degradados, pois podem tornar essas áreas produtivas, melhorando sua função social e ecológica. Além disso, acumulam carbono ao longo do tempo, o que pode recuperar quantidades perdidas durante a derrubada e a queima de florestas primárias. As vantagens para o uso deste tipo de cultivo em relação aos convencionais, tanto econômicas, como ambientais, são várias. A área com sistema agro-florestal pode ser usada permanentemente, minimizando a necessidade de derrubada e queima de novas áreas e aumentando as chances de fixação do homem no campo; e funciona como alternativa para aproveitamento de áreas já alteradas ou degradadas. Também diminui a demanda de fertilizantes em razão da eficiente ciclagem e da adubação orgânica, melhora as propriedades físicas e biológicas do solo e permite a preservação da biodiversidade. O zootecnista Délcio Rocha acredita que esse é um dos caminhos para a melhora da produtividade. “A área degradada é sinônimo de terra improdutiva, envolvendo alterações negativas no clima, na hidrologia, na paisagem, na flora e na fauna. É um conceito muito mais amplo do que pura e simplesmente a degradação da fertilidade do solo. Ela reduz a capacidade de suporte do crescimento de plantas em bases sustentáveis, sob dadas condições de clima e outras relevantes propriedades da terra”. No âmbito ambiental, a comunidade científica mundial e a população têm discutido a mudança do modelo energético mundial, de energia fóssil para um sistema que inclua as energias renováveis, alterna-
tivas e limpas. Por isso, a utilização de biodigestores contribui para a integração e a sustentabilidade entre atividades agropecuárias, com o aproveitamento dos dejetos da caprinoovinocultura para a produção de biogás e biofertilizante, alicerçando o aumento da produção agrícola e a transformação dos produtos tradicionais das comunidades rurais carentes, agregando valor e organizando a produção. Professor de Biologia da Universidade de Caxias do Sul, Germano Schüür chama a atenção para o rumo que o planeta Terra está tomando devido à superpopulação mundial e ao acúmulo de gases na atmosfera. “Futuramente teremos problemas relacionados à explosão demográfica e seus efeitos, ou seja, suprimento de alimentos, novas fontes de energia e preservação da qualidade da água, do ar e do solo. Convém lembrar que em 2018 nosso pequeno planeta deverá hospedar quase o dobro da população atual”. Sobre as técnicas de preservação do meio ambiente, ele explica que o homem está perdendo o controle para as máquinas. “É a tecnologia que tem dirigido os caminhos do homem e não o inverso, como deveria ser. Sabe-se que grande parte da tecnologia está voltada para a manutenção e para o aumento de uma eficiência econômica que visa sempre o crescimento de produção e até a criação de produtos inúteis que, na maioria das vezes, estão completamente desvinculados das reais necessidades humanas. Confio na capacidade do homem, desde que ele volte para si mesmo, ou seja, volte à única razão para o desenvolvimento: o bem-estar humano”. Algumas empresas estão tão preocupadas que já providenciaram mudanças em seu funcionamento, como é o caso da United Airlines, que fez um vôo experimental baseado em novas tecnologias agregadas ao avião. O teste foi realizado sob os auspícios da Asia
and South Pacific Initiative to Reduce Emissions (Iniciativa da Ásia e Pacífico Sul para a Redução de Emissões - Aspire). Ele transcorreu em uma freqüência normal do vôo 870 da United, entre Sydney, na Austrália, e São Francisco, nos Estados Unidos. Os processos incluem acompanhamento contínuo do consumo de combustível, prioridade na decolagem, uso de espaços aéreos restritos após a partida e novos procedimentos para o pouso, medidas que se tornaram possíveis com a aplicação de novas tecnologias. A Ecovias, administradora da rodovia que liga a Imigrantes à Anchieta, também tem feito um trabalho muito importante em prol da preservação do meio ambiente. Ela foi a primeira concessionária de rodovias do mundo a obter o Certificado de Gestão Ambiental ISO 14001. A Ecovias também dispensa atenção às questões ambientais relativas à operação do Sistema Anchieta-Imigrantes. Para isso, estabeleceu sua política ambiental, treinando seus colaboradores para que conheçam e apliquem pequenas atitudes que fazem diferença, como monitorar a qualidade do ar e da água diariamente; fiscalizar a fauna e a flora; minimizar a geração de efluentes líquidos poluidores por meio da lavagem ecológica da frota; conscientizar para o uso da água pelos colaboradores; reduzir a geração de resíduos sólidos; diminuir acidentes com produtos perigosos; recuperar a Mata Atlântica com o plantio de mais de 500.000 mudas; e monitorar ruídos. É muito importante entender os problemas que as pessoas e as grandes empresas causam ao meio ambiente. Mas entender apenas não basta. É necessário buscar alternativas para que esses problemas sejam amenizados e solucionados, para que haja uma melhora na qualidade de vida dos seres que habitam o planeta.
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O Mico-leão-dourado é um primata e o habitat desse animal no Brasil é a região montanhosa do Sudoeste do Rio de Janeiro. Tem hábitos diurnos e arborícolas e vive aproximadamente 15 anos. É monógamo, ou seja, uma vez formado o casal, mantém-se fiel. Os locais que os grupos usam para dormir normalmente são buracos (ocos) de árvores e os adultos ajudam na alimentação dos filhotes. E esse pequeno animal de 32cm é um dos muitos que estão na lista de animais que correm o risco de entrar em extinção. O Brasil tem hoje, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), um total de 130 espécies e subespécies ameaçadas de extinção. Também é o país com o maior nível de biodiversidade do planeta. Porém, vários fatores têm contribuído para a destruição de grandes áreas dos ecossistemas mais ricos do país: Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica e Cerrado. Graças às degradações ao meio ambiente – desmatamentos e aquecimento global –, além do tráfico de animais e da caça ilegal, algumas espécies já foram extintas.
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Desmatar por exemplo, leva à destruição do ecossistema, que possui produtores, consumidores primários, secundários, terciários e decompositores. E quando uma espécie entra em extinção, há um desequilíbrio na cadeia alimentar e que pode levar à morte de outras espécies e afetar também o ser humano. Ao contrário do Mico-leão-dourado, outros animais como o Pássaro Dodô, o Tigre de Java, o Tigre da Tasmânia, o Leão do Cabo, o Urso Gigante de Kamchatka, a Palanca azul e a Rã Pintada da Palestina entraram em extinção, exatamente por causa do contato com o homem e de suas ações como poluição, urbanização sem planejamento e caça predatória. Essas extinções de espécies animais, além das consequências graves para o equilíbrio natural, trazem também a possibilidade da perda dos serviços ecossistêmicos, do patrimônio genético e dos conhecimentos tradicionais, o que acarreta prejuízos à saúde, pois muitos medicamentos valiosos para as indústrias farmacêuticas e químicas se perdem definitivamente sem ao menos terem se tornado conhecidos. Junto
com esse patrimônio da humanidade, desaparecerá a possível cura de tantas doenças para as quais os cientistas procuram princípios ativos em plantas e animais. Para os animais que já foram extintos, não existe mais solução, porém para os que ainda correm esse risco sim. Por isso, para impedir esse desequilíbrio ambiental, além de reduzir a degradação ao meio ambiente, também devem ser criados refúgios, parques e corredores biológicos que possibilitem a migração de espécies e também a captura e a criação em cativeiro de animais silvestres, para evitar sua extinção. Essas alternativas, no entanto, podem se tornar excessivamente caras no futuro. Algumas soluções interessantes já existentes são os inventários de espécies, os levantamentos das espécies atingidas e os bancos de germoplasma. O estudante de Zootecnia Guilherme Campello de Oliveira, de 21 anos, não acha adequada como solução a captura e a criação em cativeiro de animais silvestres. “Acredito que a criação em cativeiro e os refúgios são soluções temporárias, pois, com o passar dos anos, a genética dos animais será limitada, ou seja, não haverá variabilidade genética para continuar perpetuando as espécies”. Para ele, o adequado seria agir de outra forma. “A melhor saída é a preservação das áreas naturais em que os animais vivem e a educação da população para não degradar essas áreas”. Para o também estudante de Zootecnia Leonardo da Silva, de 21 anos, a preservação pode ocorrer de outra forma. “Impedir que esses animais sejam comercializados com o aumento de fiscalização e pesquisas por meios de produção que se consorciem com a natureza, impactando o mínimo nos ecossistemas, seriam outras possibilidades”. A conscientização das pessoas nesse processo de preservação é muito importante, pois, dessa maneira, será fácil fazer com que outras espécies não sejam extintas, como é o caso do Veadocampeiro, do Guará, do Gato-do-mato, da Doninha-amazônica, do Jacaré-açu, do Jacaré-dopapo-amarelo, do Gavião-real e da Surucucu, que saíram da lista dos animais com risco de extinção. O veterinário Jefferson Rodrigo Ferreira confirma que já existem leis contra madeireiras por causa do desmatamento e pessoas que praticam o tráfico de animais, porém, na opinião dele, ainda é pouco. “A fiscalização não é tão intensa. Deveria haver mais campanhas de conscientização, principalmente na mídia e nas escolas e, dessa maneira, sensibilizar a sociedade para o fato de que os animais são fundamentais e essenciais para o nosso meio ambiente”.
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ALGUMAS ESPÉCIES DE ANIMAIS AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO Mamíferos Antílope-tibetano Cachorro-vinagre Cervo-do-pantanal Elefante-indiano Elefante-da-floresta Elefante-da-savana Baleia-azul Chimpanzé Gato palheiro Gorila-do-ocidente Gorila-do-oriente Jaguatirica Leopardo Lobo-vermelho Morcego-cinza Onça-parda Onça-pintada Orangotango Panda-gigante Peixe-boi Tigre Urso-polar Veado
Aves Abutre das montanhas Arara-azul-de-lear Arara-azul-grande Ararinha-azul Araracanga ou Arara-piranga Arara-de-barriga-amarela Arara-vermelha Bacurau-de-rabo-branco Bicudo-verdadeiro Cardeal-da-amazônia Cegonha preta Galo da serra Gaivota de rabo preto Gavião real Grifo Maracanã Pato mergulhão Papagaio Pica-pau de coleira Pintor Verdadeiro Rolinha Tucano-de-bico-preto
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AS FLORESTAS PEDEM AJUDA O desmatamento, a emissão de gases poluentes e o aquecimento global estão destruindo o bem mais valioso da humanidade Taciana Milet ○
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O mundo todo está preocupado com o que vem acontecendo com o meio ambiente: as queimadas, o derretimento das calotas polares, a emissão de gases estufa e o desmatamento na Amazônia. Tudo isso faz com que a população dê mais atenção ao ambiente no qual vive. O desmatamento é o principal tema nas discussões em todo o mundo, pois ele afeta diretamente a vida de todos os seres vivos, além de ter grande importância para a economia dos países que partilham de áreas da Floresta Amazônica. Apesar de todos estarem com sua atenção voltada para o desmatamento há alguns anos, não é de agora que ele vem acontecendo. Ele teve início no momento da chegada dos portugueses, em 1500. Interessados no lucro com a
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venda do pau-brasil na Europa, eles começaram a exploração na Mata Atlântica e, assim, as caravelas voltavam carregadas de toras de pau-brasil para serem vendidas no mercado europeu. Enquanto a madeira era utilizada para a confecção de móveis e instrumentos musicais, a seiva avermelhada era usada para tingir tecidos. Desde então, o desmatamento não parou mais. Depois da Mata Atlântica, foi a vez da Floresta Amazônica, em busca de madeiras de lei, as empresas passaram a explorar aquela área. Uma análise feita pela WWF (ONG dedicada ao meio ambiente) mostrou que as florestas da Mata Atlântica estão reduzidas a 7% de sua cobertura original e a Floresta Amazônica já atinge 12%.
FAUNA E FLORA PERDEM ESPAÇO NA FLORESTA DESTRUÍDA A Amazônia abriga 33% das florestas tropicais do planeta e 30% das espécies conhecidas da fauna e flora. Hoje, a área total vítima do desmatamento corresponde a mais de 350 mil quilômetros quadrados, o que equivale 20 hectares de mata derrubados por minuto, 30 mil por dia e 8 milhões por ano. Por causa disso, muitas espécies acabam desaparecendo, algumas nem ainda conhecidas pelo homem. Tudo isso é causado pelo desmatamento exacerbado e sem controle, que, além de desaparecer com a fauna e a flora da região, ainda é o principal responsável pelas emissões de gases poluentes no Brasil, fazendo com que o efeito estufa, que controla o equilíbrio da temperatura Imagens www.sxc.hu
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da Terra, aumente. Para que este seja controlado, o país necessita preservar a floresta, mas não é isso que vem acontecendo. De acordo com um relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgado em 29 de outubro de 2008, em setembro desse ano, a Amazônia Legal (todo o território em que há Floresta Amazônica e é composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, além de parte dos estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão) teve 587 quilômetros quadrados de florestas desmatados. O estado com maior área desmatada foi Mato Grosso, com 216,3Km² de floresta derrubada. Nessas áreas devastadas são encontradas madeireiras e aeroportos clandestinos, empresas que anteriormente foram fechadas, mas que continuam com o trabalho ilegal escondendo toras de árvores para fazer construções. Esses locais têm fiscalização, mas como a área é muito extensa, fica difícil monitorar todo lugar, o que ajuda para que essa atividade continue acontecendo. Como consequência do desmatamento, a temperatura do planeta pode aumentar ao longo dos anos. Estimativas mostram que apenas na Floresta Amazônica a temperatura poderá aumentar em até 2ºC, podendo levar à extinção de muitas espécies da fauna e flora. A causa disso são as emissões de gás carbônico na atmosfera, resultantes da queima da floresta. “Cerca de 73% das emissões brasileiras de gás carbônico são resultantes do desmatamento, que ocorre, em grande parte, na Amazônia”, afirma o professor e pesquisador do Instituto de Geociência da UFRJ, Cleodilnei Castro. Mas ainda há esperanças para que esta situação não fique ainda pior, como por exemplo, o investimento em atividades econômicas ecologicamente e socialmente sustentáveis, projetos que incentivem as empresas ao replantio das árvores, aos cuidados com o solo, para que as novas mudas possam crescer firmes, e ainda o controle contra a captura de animais silvestres. A Amazônia pede a atenção de todos. Ela é o maior bem que os brasileiros poderiam ter. Não é à toa que o mundo inteiro quer tomar posse dela. O governo e a população precisam dar mais atenção a esses problemas, já que a vida do ser humano também está em jogo.
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você queima a floresta, devolve tudo para a atmosfera. As florestas em pé conseguem manter o equilíbrio do clima porque estocam esse volume imenso de carbono”, explica ele. Relatórios sobre a quantidade de carbono na Amazônia afirmam que a área brasileira da floresta pode absorver quase 50 bilhões de toneladas do gás. Em comparação com o CO2 emitido apenas pelos carros, esse número equivale ao que o mundo emite em mais de cinco anos, segundo dados do Instituto de Pesquisa Ambiental (Ipam). O Brasil é o quarto país no mundo que mais emite gás carbônico só por conta das queimadas de florestas no seu território. Isso é o equivalente a
75% das emissões brasileiras, cerca de 200 milhões de toneladas de carbono, segundo dados do Ipam. Por isso, não basta somente plantar novas árvores. É preciso investir, também, em manter as que já existem. Entre todas as árvores, aquela que retém mais dióxido de carbono é o eucalipto, pelo seu crescimento mais rápido. O resultado desse processo é obtido pela retenção de CO2 absorvido durante todo o dia. Quando as folhas são expostas à luz solar, acontece a chamada respiração, que a árvore realiza durante a noite, com a ausência de luz, que devolve à atmosfera parte do gás poluente retido com a iluminação natural. Por meio desse acontecimento natural, o aquecimento global pode ter uma grande diminuição.
clones podem vir a acontecer em larga escala no Brasil, que anteriormente não sofria com esses acontecimentos. Aliás, o país já vem assistindo aos poucos a esses fenômenos, como o ciclone Catarina na região Sul. Ondas de calor também podem chegar aqui, como já vem acontecendo na Europa durante o verão, provocando mortes de idosos e crianças. Com todas essas consequências, o ser humano não pode mais deixar de cuidar do mun-
do em que vive. Afinal, a raça humana depende dele para viver, para que não seja exterminada, para que seus filhos, netos e bisnetos possam desfrutar um mundo limpo, melhor que o de hoje e, acima de tudo, viver em harmonia com o meio ambiente, já que é ele que dá todas as condições para que os seres humanos possam viver, ter comida, ar puro e tudo mais de que precisam.
RETENÇÃO DE CARBONO MANTÉM TEMPERATURAS O dióxido de carbono é um dos grandes responsáveis pelo aquecimento global. As florestas funcionam como grandes reservas de carbono, que é absorvido da atmosfera e retido pela vegetação e pela matéria orgânica que se acumula no solo. Com a destruição da floresta, seja por queimadas ou pelo corte de árvores, esse estoque de carbono acaba sendo liberado na atmosfera, diminuindo a capacidade de novas absorções. Só na Amazônia, estima-se que estejam estocados bilhões de toneladas de carbono, afirma o pesquisador e professor do departamento de Botânica do Instituto de Biociência de São Paulo (IB-USP), Marcos Buckridge. “Por essa razão, se
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AQUECIMENTO GLOBAL Todos os dias são mostradas na televisão as inúmeras catástrofes que ocorrem no mundo, como furacões, terremotos e ondas gigantes, por causa do aquecimento global, do desmatamento, do aumento da emissão dos gases poluentes e da queima de combustíveis (gasolina, diesel). Não é apenas o gás carbônico que prejudica a Terra, mas sim a sua junção com outros gases como o ozônio e o metano, que formam uma camada de poluentes de difícil dispersão, o que acaba causando o efeito estufa. O desmatamento e a queimada de florestas e matas também colaboram para que isso ocorra. Os raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como essa camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, a consequência é o aumento da temperatura global. Entre os países que mais irão sofrer com esse aquecimento está o Brasil. Com o meio ambiente bastante degradado por causa de desmatamentos e erosões, os reservatórios de água irão diminuir, aumentando as áreas desertas. “Com o avanço da temperatura global, será muito difícil viver nessas áreas, por isso muitas espécies animais irão desaparecer”, afirma o professor e pesquisador Cleodilnei Castro. Um dos efeitos mais preocupantes é o degelo das calotas polares, porque, com o nível do mar subindo, as áreas litorâneas do Brasil vão desaparecer, além de provocar a escassez de comida e o grande número de doenças e mortes. Sequências de furacões, tufões e ci-
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uem vê a Terra de longe, observa que grande parte dela é coberta por um azul forte. Cerca de dois terços do Planeta são preenchidos por essa substância, considerada por todos sem cor, sabor e cheiro. Apesar da abundância – pois se estima que 1,35 milhões de quilômetros cúbicos é o volume total de água no mundo – esse elemento indispensável à vida está cada vez mais escasso. Não é para menos. Desse total, apenas 2,493% é doce, mas está nas geleiras ou em aqüíferos, regiões subterrâneas de difícil acesso, e apenas 0,007% é a quantidade que está disponível para suprir as necessidades básicas dos seres que vivem no Planeta. A escassez dessa importante fonte da vida nunca foi tão preocupante. Todos os dias são retirados cerca de 840 mil litros de água dos rios e lençóis freáticos. Ao dividir esse número pela população de 188,7 milhões de brasileiros, conclui-se que, em média, cada habitante consumiria cerca de 384 litros de água diariamente. Esse número assusta não pela dimensão que cada um consome,mas por conta do descaso com a quantidade desperdiçada todos os dias. Em alguns lugares, chega a 80%. Ao todo, 46%, em média. E o problema se agrava, pois metade da água tratada fornecida pelas companhias de abastecimento não chega às casas, pois fica no meio do caminho. A água que corre pelos ralos e bueiros de cidades de todo o país é responsável por perdas de até 60% do que é destinado aos municípios todos os dias. Mesmo que ela seja um elemento disputado em países do Oriente Médio, como na Palestina e em Israel, o tema ainda é pouco discutido. Na região Nordeste, a seca ainda atinge milhares de pessoas. Já no Norte, a savanização da Amazônia é um fenômeno que está se tornando inevitável, logo onde estão 73% da água disponível no país. No Sudeste, os mananciais estão comprometidos com o excesso de poluição. E no Sul, temporadas de seca também preocupam. O maior temor, segundo os especialistas, não está somente na natureza, mas sob os nossos pés. Canos e tubos mal-conservados são os maiores vilões do racionamento. Nas grandes cidades, apenas 54% da água tratada distribuída chega ao seu destino. As organizações internacionais afirmam que 20% é o limite máximo tolerável de desperdício da água, mas, em todo Brasil, esse número é, em média, duas vezes maior. Ou seja, mais de 40%. De acordo com a Agência Nacional de Águas, a ANA, em certas cidades do país, a quantidade é ainda maior. Entre os que mais desperdiçam, está a capital de Rondônia, Porto Velho, com perdas de
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78,8% da água captada. Essa situação ocorre em 15 das 27 capitais brasileiras. Se a água desperdiçada fosse reaproveitada, seria possível atender a 38 milhões de brasileiros. Um deles é Lino da Silva. Morador da cidade Bezerros, interior de Pernambuco, ele preci-
“Poupamos o máximo possível. Não ficamos com o chuveiro ligado durante todo o banho. Somente nos momentos necessários” Herbet Houri sa conviver com o racionamento de água. Na região onde vive, existe uma adutora, de Jucazinho, mas que ainda não é o suficiente para abastecer a cidade. “A adutora tem beneficiado muitas cidades. Mas ainda falta chegar à minha e em Gravatá”. O município fica a 107Km da capital, Recife. Em situação pior está quem vive no semi-árido brasileiro, onde a água não chega nem por canos e nem pela chuva. A solução, apontam os especialistas, está em melhorar o uso da água. Para evitar uma crise, algumas ações dentro de casa ajudam a racionalizá-la, para que ela não se vá pelo ralo.
Deixar a torneira aberta na hora de escovar os dentes, por exemplo, consome 18 litros, em média. Isso representa nove garrafas de dois litros cheias. E se isso parece pouco, pior está no chuveiro. O Brasil é um país cuja tradição determina banhos diários. E esse é o maior vilão do desperdício. Cinco minutos são mais que suficientes para o ser humano se manter limpo. O problema é que esse tempo é pouco para o brasileiro, que fica, em média, 15 minutos embaixo d’água. Ou seja, 135 litros caem desde a hora de abrir o registro até fechálo. Se caísse para cinco minutos, o consumo seria de apenas 45 litros. No serviço de proteção do meio ambiente, as Organizações Não-Governamentais, as ONG´s, têm reservado um espaço especial para o tema água. A WWF tem, entre seus programas de preservação da natureza, o “Água para vida”. A intenção dos ambientalistas é mobilizar cerca de 11 milhões de brasileiros para debater sobre os impactos que a poluição tem causado sobre os recursos hídricos, além de mudar certos hábitos que contribuem para o desperdício. A medida mais importante é fechar a torneira, literalmente. Ao gotejar, ela é capaz de desperdiçar 46 litros em um dia. E ainda pode liberar 2.060 litros em uma abertura de 1 milímetro, durante 24 horas. Na casa de Hebert Houri, esse desperdício não pode acontecer. Ele, que mora com a mãe na capital de Goiás, Goiânia, sabe da responsabilidade de ser usuário de um bem que se torna cada vez mais limi-
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tado. “Poupamos o máximo possível. Não ficamos com o chuveiro ligado durante todo o banho. Somente nos momentos necessários. Aproveitamos a água da chuva para lavarmos a área de serviço e não deixamos a torneira aberta enquanto escovamos os dentes”. Parecem atitudes simples, mas são fundamentais. Para o professor de Engenharia Ambiental da Universidade Veiga de Almeida André Pinhel, os recursos hídricos estão diminuindo e a demanda por água só tende a crescer nas regiões mais ricas do país. “O Brasil possui uma reserva hídrica muito privilegiada em comparação a outros países. Mas o uso não tem sido inteligente e a poluição contribui para o menor aproveitamento da água doce”. Estima-se que 13,8% da água disponível no mundo está distribuída pelos quatro cantos do Brasil. Para se ter uma idéia, a Europa possui 15%, enquanto as Américas, juntas, representam 39% do total mundial. Mesmo que exista abundância nos recursos hídricos, poupar nunca foi tão importante. Com o crescimento da população e a escassez de água dos rios, que geralmente estão poluídos, esse bem precisa ser preservado. Para isso, o Governo precisa ter uma preocupação maior com o desperdício das empresas de fornecimento. Além dele, cabe à população racionalizar seu uso. Afinal, este é o melhor legado que a sociedade pode deixar para as próximas gerações: um planeta em que a água não seja mais um elemento em extinção.
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POLUIÇÃO AUMENTA A INCIDÊNCIA DE DOENÇAS Manuella Rana Menezes ○
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Toda vez que um colega de trabalho, um tio ou até mesmo um vizinho aparece com uma tosse, o que primeiro se escuta é: “deve ser virose”. É muito comum as pessoas receberem esse diagnóstico e o aceitarem, sem saber o motivo ou mesmo sem se perguntarem de onde aparecem tantas viroses. Mudança do tempo ou, quem sabe, aquela chuvinha de ontem que deixou o sapato encharcado. Mas existem explicações menos corriqueiras e mais ligadas à degradação do meio ambiente do que todos poderiam supor. Há algo que os cientistas chamam de poluição do solo. Ao ser poluído, fatalmente contaminará as águas que passam pelos lençóis freáticos (que ficam abaixo do solo), e elas se tornam o maior vetor de contaminação e disseminação de doenças, porque se espalham por todo lugar. Além disso, a destruição do manto florestal, os incêndios ambientais ou provocados, a criação de gado para o mercado bovino e as inúmeras obras de urbanização, acelerando os processos erosivos, têm destruído, ao longo dos anos, enormes áreas de solos cultivados. Milhões de toneladas de solos perdem-se todos os anos devido à erosão. Com a introdução da agricultura, o homem modificou o equilíbrio ecológico em numerosas
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zonas. Resultado: muitos animais, que, no seu ambiente natural, são eliminados devido à presença de predadores e parasitas, em outro meio são capazes de aumentar numericamente de forma considerável. Nesse processo está a origem da maioria das pragas conhecidas. Os produtos tóxicos, acumulando-se nos solos, também podem permanecer ativos durante longos anos. As plantas cultivadas nesses terrenos infectados podem absorvê-los, mesmo quando estes não foram utilizados para seu próprio tratamento. Assim se explica a existência de pesticidas nos alimentos principais do ser humano, como o leite e a carne, acabando na salada do almoço ou no churrasco de domingo. O acúmulo de resíduos sólidos também constitui um problema angustiante das sociedades de consumo de hoje. Nos lixos domésticos, constituídos de papel, papelão, plásticos, vidros e restos de comida, o acúmulo é um foco de contaminação e um excelente meio para o desenvolvimento de insetos e roedores. Além disso, destrói a paisagem e se torna mais um fator para a contaminação das águas superficiais e subterrâneas, geralmente pelas águas da chuva, principalmente quando os terrenos são permeáveis. A preciosa água, ao ser poluída, pode causar muitas doenças como as micoses de pele, leptospirose e cólera. Se for ingerida, o número de doenças se multiplica, e aparecem então as infecções intestinais e urinárias, a esquistossomose, as contaminações diversas por metais pesados e a inflamação de mucosas em locais como olhos, genitais, ouvido. Floreana da Silva, de 43 anos, adquiriu cólera após beber água rio próximo à comunidade onde mora. “A água parecia limpa”, justificou. Floreana desconfiava estar grávida porque enjoava muito e vomitava tudo que comia. Depois de procurar um posto de saúde, foi alertada da doença e há duas semanas faz tratamento para se curar. Enfermeira, Angela Azevedo, de 32 anos, contraiu cólera ao tratar de uma paciente. “Eu sabia do risco, mas faz parte da profissão”. Ela teve auxílio rápido, por já trabalhar em local de saúde. Já sua paciente ficou um longo período tendo de repor os sais minerais perdidos. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) sugere que “a degradação
ambiental, como a perda de florestas e o aumento de cidades, pode ser um dos fatores por trás do surgimento de novas doenças infecciosas e do retorno de males que eram dados como controlados”. A afirmação foi divulgada pelo Panorama do Ambiente Global, publicação anual do PNUMA. As mudanças climáticas podem agravar o risco de doenças de três formas: o aumento das temperaturas favorece a proliferação de insetos vetores (especialmente os mosquitos), desequilibrando ainda mais o habitat desses e provocando a migração de novas espécies. É o caso da malária e da dengue. Por serem transmitidas pela picada de mosquitos, essas doenças têm surtos de grande alcance geográfico e há ocorrências referentes ao ciclo de vida desses insetos que são particularmente sensíveis às mudanças climáticas. Os aumentos na temperatura global não são os únicos culpados. Isso também acontece porque a urbanização, em geral precária, de áreas recentemente desflorestadas tende a criar um ambiente propício para a proliferação de mosquitos e outras doenças relacionadas à falta de condições sanitárias adequadas. Wilson Sousa, de 52 anos, contraiu a dengue hemorrágica no início do ano. “Pensei que o repelente resolvia”, disse. Quando ele começou a expelir sangue, correu a um posto de saúde, apenas com a desconfiança e, ao chegar lá, teve a confirmação da doença. Na luta contra essas doenças, as crianças são alvos fáceis. Marina Borges, de 3 anos, contraiu rota vírus, que provoca fortes vômitos e diarréia, há um
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ano e precisou de tempo para se recompor. “Quando ela começou a passar mal, eu me desesperei, nunca vi aquilo, se eu não tivesse corrido com ela para o hospital, ela poderia ter morrido”, diz Luiza Borges, mãe de Marina. Já Sandra Freire, de 25 anos, não teve a mesma sorte. Seu filho Bruno, de 1 ano e cinco meses de vida, faleceu no ano passado após contrair o rotavírus. Sandra teve que procurar auxílio médico para suportar a perda do primeiro filho. Mãe solteira, ela contava com a ajuda dos familiares para cuidar da criança. Outra vítima das doenças resultantes da poluição do solo e das águas foi Herick Campos, de 19 anos, que adquiriu leptospirose. “Não tinha nada, dor de cabeça, febre, dor muscular nem vomitava. De repente, comecei a ficar com dor na barriga e falta de ar”. Ele foi para o hospital e teve que ficar em observação. Precisará se tratar durante um bom tempo, pois seus rins foram prejudicados. O lixo tóxico também é um forte concorrente para a proliferação de doenças mais graves como o câncer. “Por meio da radiação do lixo, o organismo cria células neoplásicas que desenvolvem a doença. A longa exposição a essa radiação aumenta a probabilidade da doença”, explica o enfermeiro do trabalho pela Fiocruz, Maurício Teixeira. Enquanto o homem não para de poluir, é preciso apostar em meios de prevenção para as doenças que surgem. Busque ir ao médico periodicamente e fazer, sempre que puder ou achar necessário, exames de sangue, urina e fazes. Se prevenir é o primeiro passo.
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Quem pensa que o lixo é algo sem utilidade está enganado. Diversas brasileiros tiram seu sustento da prática da reciclagem, transformando o lixo em arte. Um exemplo é a artesã Cristina Silva, que começou a trabalhar com artesanato em 2002. Sua especialidade é fazer arranjos, bolsas, acessórios e vassouras, tudo com garrafas PET. A peça produzida por ela que mais vende é a vassoura, pois esse utensílio consegue varrer 80Km, enquanto a de piaçava varre somente 8Km. Ao desenvolver essa técnica, Cristina ampliou suas opções de trabalho e hoje vende seus produtos para várias empresas, como Fiocruz, Furnas e Associação Comercial do Rio de Janeiro. Além de fazer produtos ecologicamente corretos, ela se preocupa em conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação da natureza em oficinas de artesanato. “Os artesãos são agentes informais do meio ambiente. Por isso tenho o cuidado de ensinar que o lixo jogado nas ruas impede a natureza de evoluir”. Apesar de Cristina defender a reciclagem, existem ainda muitos brasileiros que não se interessam em reciclar lixo urbano. Com isso, o país perde cerca de R$8 bilhões, já que a quantidade de detri-
tos que produz por dia (cerca de 130 mil toneladas) poderia gerar mais empregos e renda. Para a socióloga Renata Feital, o reaproveitamento e a boa utilização de materiais no meio ambiente não cria somente uma consciência ecológica coletiva, como também aumenta renda de famílias que estão à margem do mercado. “Iniciativas como as dos artesãos são ótimas e devem ganhar visibilidade na mídia para que mais e mais cidadãos aprendam o quanto é importante reciclar”. A dona de casa Helena Martins compartilha do mesmo propósito da socióloga. E, para ingressar nesse segmento, ela começou a trabalhar com caixinhas de presentes feitas com material reciclado. Com o tempo, seu trabalho rendeu lucros e o dinheiro recebido pelo artesanato ajudou a complementar sua aposentadoria. Para desenvolver a técnica, Helena utiliza caixas de leite, de suco, pasta de dente, maisena e sabão em pó. E também reutiliza tintas de tecidos e trinchas para ornamentação. A maioria de seus produtos é vendida por encomendas. Além das caixas de presente, ela também faz oratórios, relicários com caixinhas de fósforo, bijuterias, brincos e acessórios com sobras de malhas. Com tantas habilidades, a artesã acabou sendo convidada a realizar oficinas sobre cartonagem aos funcionári-
os das empresas Glaxo e Furnas, no Rio de Janeiro. “Tento conscientizar ao máximo meus alunos sobre a necessidade de reaproveitar os materiais”. Ações como a de Helena fazem com que a prática da reciclagem cresça consideravelmente e gere uma nova fonte de trabalho no país. Segundo a Secretaria do Desenvolvimento da Produção, órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio, MIDIC, que coordena o Programa do Artesanato Brasileiro – PAB, esse segmento envolve 8,5 milhões de pessoas em suas cadeias produtivas, e movimenta cerca de R$30 bilhões por ano, o que corresponde a 2,8 % do PIB nacional. Estatísticas tão positivas como essas atraíram a atenção da artesã Dora Barcelos, que, ao perder o emprego, encontrou no artesanato uma fonte de sobrevivência que a ajudou tanto no quesito profissional quanto no emocional. O foco de trabalho dela é o papel machê e, por meio dele, cria designers que possam ser vendidos ao comércio a um preço acessível, já que sua fonte de renda está baseada na prestação de serviços para empresas. Apesar da visibilidade que a área está conquistando, Dora afirma que existem muitas dificuldades a serem enfrentadas, entre elas, a falta de incentivo aos profissionais que trabalham com a reciclagem. “Eu aprendi essa técnica sozinha. Os artesãos não recebem apoio do governo para trabalhar, é tudo muito lento”, desabafa.
Cristina crias objetos decotativos com PET
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Ao observar o crescimento da prática do artesanato e a falta de leis que regularizem essa profissão, o Congresso Nacional desenvolveu um estatuto que está em tramitação para definir a questão profissional desses trabalhadores e também autorizou o Poder Executivo a criar um Conselho Nacional e um Serviço Brasileiro de Apoio ao Artesanato. No Rio de Janeiro, o número de profissionais que estão ligados a essa área é grande. São cerca de 13 mil artesãos, oitenta associações e inúmeras cooperativas que trabalham com material reciclado. A cooperativa Folha Verde está entre as organizações que dão respaldo a esses trabalhadores. O coordenador do local, Haroldo Martins, teve a idéia de criar esse empreendimento quando observou a dificuldade de dar um destino às garrafas PETS. Para colocar em prática essa idéia, ele convidou a amiga Maria Angélica para montar a cooperativa. A produção está baseada na confecção de bolsas feitas com PET. Todo material é doado pela comunidade e os produtos são feitos por meio de encomendas, já que a mão de obra ainda é pequena (ao todo são sete artesãs). O método de confecção é feito pelas integrantes do grupo e o lucro é dividido em partes iguais. Com a verba que vem recebendo, Haroldo deseja construir um maquinário para aumentar a produção e, no futuro, atender qualquer pedido. Por meio do trabalho desenvolvido pela cooperativa, o grupo realizou exposições na semana do Meio Ambiente na UFRJ, no Palácio Guanabara e também na Agência Nacional do Cinema, Ancine. “O que dá visibilidade ao nosso trabalho são as exposições e por isso nos dedicamos a desenvolver outros projetos ligados à reciclagem”, conta ele. Assim como Haroldo, a artesã Marinalva Figueiredo também desenvolve um projeto ligado à prática do artesanato com material reciclado. Ela fundou um grupo com suas amigas para fazer colchas e bolsas de fuxico. A produção é feita com restos de retalhos de uma fábrica de roupas. Além desses acessórios, ela também faz brincos com malhas e arranjos com papel machê. E garante que esse tipo de trabalho é uma higiene mental, pois o artesão necessita criar e desenvolver sempre novas técnicas. “Existem várias maneiras de interpretar o artesanato, é preciso ter somente criatividade”. Além da criação desses produtos a preocupação com meio ambiente é um ponto defendido por ela, pois toda a sua produção está baseada na reciclagem para que as novas gerações possam desfrutar os benefícios que a natureza traz aos seres humanos.
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rojetos de educação ambiental nas escolas são o primeiro passo para os alunos desenvolverem uma consciência social e ecológica em prol da preservação da natureza. Com esse tipo de trabalho, eles aprendem o que devem fazer para se tornarem cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, pois é no colégio que se espelham em seus gestores e seguem regras e padrões de ensino. Em relação ao desenvolvimento dessa prática, o Colégio Militar do Rio de Janeiro fez uma parceria para realizar o Projeto Marambaia, que tem entre seus objetivos passar para os estudantes dos primeiro e segundo anos do Ensino Médio o conhecimento das diferentes vegetações que se encontram na restinga de Marambaia. Eles praticam atividades de coleta, preparo, secagem, identificação das espécies vegetais e realizam pesquisas bibliográficas. É seguindo esse mesmo exemplo que o Colégio Sagrado Coração de Maria tem em seu currículo escolar a oficina de Educação Ambiental. Tudo começou quando perceberam a necessidade de se aplicar o conhecimento em relação ao meio ambiente a seus alunos. Atualmente, a escola tem um grande número de estudantes matriculados. Os Colégios Militar e o Sagrado Coração de Maria são exemplos de instituições que oferecem projetos ligados à educação ambiental. E a importância da preservação é tão grande que o Ambiente Brasil define: “educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe a atingir todos os cidadãos por meio de um processo pedagógico participativo permanente, que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais”. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, nos anos 90, o Ministério da Educação decidiu que todos os currículos nos diversos níveis de ensino deveriam incluir conteúdos de Educação
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Ambiental. Com isso, foi formado um grupo de trabalho, coordenado pelo MEC, para a prática dessa gestão, que acabou servindo como um preparatório para a conferência Rio 92. A relevância do tema é tal que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro desenvolve atividades que procuram conscientizar sobre o modo de se portar diante da natureza, com a ajuda dos agentes ambientais. Esse projeto tem dois anos e conta atualmente com a participação de Lúcia Aragão, Gabriele Oliveira, Cátia Cilene e Alcione Campos pela Prefeitura da cidade. “As crianças adoram as peças, recebemos aplausos de pessoas de todas as idades, desde o Jardim de Infância até os mais velhos”, conta Gabriele. Outro diferencial quando o assunto é preservar está na recepção que os colégios têm quando levam as crianças para visitar reservas biológicas, como o Centro de Visitação Ambiental do Jequiá. Ele fica dentro da Baía de Guanabara e conta com trilhas naturais. Durante o passeio, os alunos conhecem uma grande variedade de espécies de flora e fauna. “Existem diversas oficinas e cursos de jardinagem”, entusiasma-se a estudante Carolina Lyra. O Centro realiza parcerias direcionadas a instituições de ensino e pesquisa. Há escolas que trabalham com pesquisas e outras que integram seus alunos em contato direto com o meio ambiente. É o caso da Escola Municipal Humberto de Souza Mello. Os alunos têm no currículo escolar a aula de Técnicas Agrícolas. “Foi muito enriquecedor esse período escolar, eu lembro que a gente conseguia colher os frutos e verduras que plantávamos”, relembra o ex-aluno Paulo Roberto. E quando o assunto é ensinar, há toda uma didática em torno da Educação Ambiental, desde o Ensino Fundamental até o Médio. Um exemplo são as edições da Série Educação Ambiental, revista criada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro. Nela, há histórias que situam o leitor dentro do contexto ambiental e que abordam temas
Crianças assistem a uma das palestras sobre meio ambiente em projeto promovido pela Prefeitura do Rio como a ligação entre os animais e plantas e a importância da preservação da água e dos manguezais. Existem ainda outros projetos de destaque, como a Conferência Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente, uma iniciativa dos Ministérios da Educação e do Meio Ambiente e que tem parceria com a Fundação Telefônica. Nela, alunos de escolas públicas e privadas de todo o país discutem questões ambientais no computador por meio de uma comunidade virtual, para juntar as propostas ligadas ao tema; o encontro físico acontece com a participação dos estudantes e professores. Educadores, organizações não-governamentais e secretários de educação podem participar. Há conferências diariamente, com fórum de debates, e são desenvolvidos blogs e criadas galerias. “Uma das mais importantes ações de educação ambiental nas escolas é a Conferência Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente, que está na sua terceira edição”, relata Juliana Meneses de Castro, do Ministério de Educação. Em 1986, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), junto com a Universidade de Brasília, organizou o primeiro curso de Especialização em Educação Ambiental. No Estado do Rio de Janeiro, a lei 6157/05, feita pelo Deputado Carlos Nader (PL-RJ), obriga todas as escolas dos ensinos fundamental e médio, públicas e particulares, a destinar uma área específica ao meio ambiente. Mas ainda são poucas as escolas que oferecem a disciplina no currículo escolar. “Se houvesse um maior investimento, a maioria das escolas poderia desenvolver melhor a relação de consciência para ensinar os alunos a respeitar o meio em que vivem”, desabafa a pedagoga Rose Carol. Apesar de ainda não ser o ideal, iniciativas para desenvolver o conhecimento da gestão nessa área estão mais comuns. Segundo Andrea Bello, da Su-
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perintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente, houve um curso oferecido a professores de 154 escolas públicas estaduais do Rio de Janeiro e da Região Metropolitana, da Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC ) e da Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC) com o objetivo levar a visão temática ambiental para a escola na sua relação com a comunidade, qualificando professores e alunos. “Com metodologia historicizada, crítica, participativa e dialógica, o curso usa o espaço da gestão ambiental como espaço pedagógico de aprendizagem”. Atualmente, em alguns países, como o próprio Brasil, existe a Agenda 21, com compromissos que uma escola assume para agir na comunidade escolar e na região a que pertence, de acordo com as necessidades do século XXI. A intenção é promover o desenvolvimento local sustentável, a conservação dos recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida. Para participar, a escola tem que entrar em contato com o Ministério do Meio Ambiente. Também existe o projeto ‘Nas Ondas do Ambiente: Rádio@Escola.com’, uma iniciativa que o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pretende levar para todo o país. O MEC doou a 160 escolas equipamentos de rádio-transmissão e equipes de rádios comunitárias apoiam alunos e professores na sua operação e na produção de programas de Educação Ambiental. É preciso que os projetos existentes sirvam de exemplos para outras escolas. A interação pode ser eficaz a ponto de surgirem novas ideias e os alunos sejam sensibilizados para respeitar o meio ambiente e absorver sabedoria para praticar nas atividades cotidianas. Se a sua escola ainda não comprou essa ideia, nunca é tarde para começar. O planeta Terra está precisando de ajuda e um trabalho desenvolvi-
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Em uma manhã de sábado, uma estudante de Jornalismo sai de casa para participar de uma feira de estágios. Ao chegar, vê alguns brindes serem distribuídos e decide pegá-los. Depois do evento, passa em uma locadora e aluga alguns DVDs e segue rumo a uma banca de jornal para comprar uma revista. Ainda em sua caminhada, passa na farmácia e compra alguns produtos. Finalmente, volta para casa e encontra sua família, que havia acabado de chegar do supermercado e estava desembalando as compras do mês. O retrato que se vê é de uma cozinha cheia de sacos plásticos para todos os lados. Ela percebe que, durante seu passeio, também conseguiu acumular mais umas sacolas para a “coleção”. Essa situação é comum em diversos lares. Em um único dia, é possível juntar inúmeras sacolas plásticas. Os destinos para elas são vários, mas a consequência é uma só: gasto de matéria prima gerando o aumento da poluição. São 500 bilhões de unidades produzidas por ano. Derivadas do petróleo, elas levam séculos para se decompor. E enquanto isso não acontece, rios, mares e matas são poluídos, há a retenção de água com o entupimento de es-
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gotos e animais morrem em virtude de asfixia pelo plástico. Atentas a esse problema, muitas empresas voltaram oferecer aos seus clientes as sacolas retornáveis, bastante comuns há algumas décadas. Com isso, o consumidor exerce o papel de cidadão, diminuindo o impacto ambiental, e se torna um agente fundamental no desen-
tável de 2008 e também é uma das pioneiras no uso de sacolas plásticas oxi-biodegradavéis, ela se torna totalmente degradável quando descartada, ou seja, causa a decomposição acelerada do plástico em contato com terra, luz ou água, devido à fragilidade das ligações de carbono, sendo facilmente digerida por fungos e bactérias.
“A troca é difícil, pois as sacolas de plásticos são distribuídas gratuitamente e os brasileiros também têm o hábito de usá-las para acondicionar o lixo doméstico” Deputado Daniel Goulart volvimento sustentável, gerando influência. Normalmente, essas sacolas de tecido vêm com alguma mensagem de conscientização, são fáceis de guardar e acompanham a moda. Na maioria dos casos, o dinheiro gasto em sua compra é destinado a projetos em favor do meio ambiente, como acontece com a Sacola de Compras da linha Crer Para Ver da Natura. A fabricante de cosméticos foi considerada pela Revista Exame a Empresa Susten-
Representante da RES Brasil, Eduardo Van Roost explica como a tecnologia de aditivos D2W chegou ao país. “Sua origem é proveniente da Inglaterra e a produção fica com a empresa Symphony. Somos somente uma filial exclusiva brasileira. Não produzimos embalagens. Quem produz, vende e fornece são as mais de 170 empresas brasileiras, fabricantes de embalagens plásticas, que são licenciadas por nós”, diz.
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A maior diferença entre as convencionais e as novas é o tempo de degradação. A primeira leva séculos para desaparecer, já a segunda pode durar de dois meses a seis anos, não comprometendo a qualidade e a resistência do plástico. O segundo motivo para trocar uma pela outra é a viabilidade econômica, o gasto é pouco ou nulo e a satisfação é garantida. Tanto que empresas como O Boticário, Vivo, Schincariol, além do Banco do Brasil, Varig, Correios e empresas internacionais, adotaram a ideia. Outra alter n ativa válida é a sacola hidrossolúvel, que se dissolve em água nas temperaturas de 15, 30, 45 e 60ºC. Adepta dessa moda, a estudante Lorena Alves e sua família concordam que as sacolas retornáveis têm que se tornar algo de uso habitual. “Deve ser implantado em longo prazo na sociedade. O uso do saco plástico é algo cultural, mas pode ser mudado a partir de campanhas de incentivo. Eu, por exemplo, conhecia as sacolas retornáveis, mas até então não tinha em casa, até que minha mãe trouxe de São Lourenço uma, com uma moça que faz diversas estampas, e pegamos o costume de utilizar”, revelou a moradora do Rio de Janeiro. Apesar de qualquer mudança enfrentar certa resistência, aos poucos é possível transformar o mau hábito em colaboração para o bem do planeta. Alguns estabelecimentos, como padarias e mercados, já oferecem as sacolas de pano para venda e ainda é possível fazer a compra pela internet, em sites independentes, como no Blog Fun Verde e no site internacional Baggu. A Green Sense, sediada em Salvador, ainda disponibiliza as ecobags, úteis e práticas, projetadas para carrinhos de supermercados. Nos aterros sanitários e mesmo em lixões a céu aberto, os sacos plásticos dificultam e impedem a decomposição de materiais orgânicos e biodegradáveis. Além disso, comprometem a capacidade do aterro, deixam o terreno muito impermeável e instável para uma boa adequação dos resíduos. Vale lembrar que a presença de lixo não reciclável no processo de reciclagem é um problema, pois prejudica a qualidade do produto final ou quebra a máquina que processa o material. Na tentativa de extinguir, já no próximo ano, as sacolas plásticas, que demoram até 500 anos para se decompor, outra medida de suma importância foi tomada. O deputado do PSDB de Goiás, Daniel Goulart, propôs um
Revista VEIGA MAIS - ESPECIAL MEIO AMBIENTE projeto em 29 de maio de 2008 para que, em um ano, todos os estabelecimentos comecem a utilizar apenas as biodegradáveis, duráveis apenas 18 meses. A lei foi aprovada e passou a valer a partir de junho de 2009 e, caso não seja cumprida, o estabelecimento pagará uma multa de R$7mil. O parlamentar afirma que essa substituição é essencial. "A defesa do meio ambiente é uma preocupação que sempre tive como parlamentar e como cidadão. Acredito que, com o tempo, todos os empresários vão se sensibilizar e perceber que a causa ambiental é mais importante. A troca é difícil, pois as sacolas de plásticos são distribuídas gratuitamente e os brasileiros também têm o hábito de usá-las para acondicionar o lixo doméstico. Porém, além de sobrecarregar aterros sanitários e lixões, muitas sacolas vão parar na natureza ou até mesmo em lotes baldios, virando criadouros do mosquito que transmite a dengue”. Com uma preocupação também relacionada ao ambiente, as marcas Hering e Enjoy mostram que não estão antenadas apenas com
a moda. Ambas passaram a divulgar sacolas feitas de TNT e lona, um exemplo que deveria ser seguido por outras lojas de roupa. Mas não é apenas em solo nacional que a mobilização acontece. Outros países também tomaram atitudes. Na Irlanda, se paga um imposto de nove centavos de libra irlandesa por cada saquinho, o que diminuiu seu uso. Também há tributos na Itália, Bélgica, Alemanha, Holanda e Suíça. Após a diminuição do turismo, em decorrência da grande poluição marítima, ilhas do continente africano deixaram as sacolinhas de lado para correram atrás do prejuízo. E a proibição já existe na China e em alguns territórios dos Estados Unidos. Apesar de novas, as iniciativas são crescentes e chegam aos quatro cantos do mundo. Mesmo nos países em que ainda não existe essa proibição, está sendo feito um estudo da possibilidade de proibir ou tributar o uso de sacos plásticos. Com tantas pessoas, empresas e estabelecimentos mudando sua postura em busca da preservação da natureza, é possível con-
cluir que a solução não está distante, pode partir de cada um. O primeiro passo é adotar a regra dos 3Rs: reduzir – reduzir o consumo, comprar o essencial e assim, fazer a quantidade de lixo diminuir; reutilizar – tentar reaproveitar mais de uma vez o que há dentro de casa, para evitar consumir ainda
MERCADO INVESTE EM PRODUTOS VERDES Gilvana Castilho ○
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Daniel Monteiro, de 17 anos, estudante do terceiro ano do Ensino Médio e vestibulando do curso de Biologia, é um dos jovens que se preocupa com o meio ambiente. Ele só usa produtos biodegradáveis e procura consumir bens de empresas que sejam ecologicamente responsáveis. Ele não é o único a agir desta forma. A cada dia, mais e mais pessoas assumem essa atitude. Dos mais simples e úteis aos mais sofisticados e inusitados, o mercado dos produtos ecologicamente corretos ou “verdes” cresce, fazendo com que exista uma infinidade de bens que não agridem o meio ambiente em diversos segmentos. No setor alimentício, há ovos de páscoa feitos de cacau orgânico. Há também ovos tradicionais com recheios bem brasileiros como cupuaçu, pitanga e castanhas. Apesar do sabor doce, o preço é bem salgado. Um ovo de 3kg pode chegar a custar R$750. No setor de papelaria, existe o Moleco, a versão brasileira do moleskine, caderno de bolso americano que já foi usado por famosos comoVan Gogh e Picasso. O grande diferencial da versão brasileira é que ela é feita a partir de material reciclado, e 100%
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reciclável, e tem uma costura totalmente artesanal. O Moleco tem 64 páginas e é produzido com folhas nas cores rosa, azul, amarelo, branco, laranja e reciclado natural. Já na área de beleza e saúde, o número de produtos dobra. Por exemplo, a Surya Brasil lançou uma máscara facial de argila ecologicamente correta do começo ao fim. Composta por extratos e óleos orgânicos e certificados e sem adição de corantes ou fragrâncias artificiais derivadas de petróleo, ela tem certificado da Ecocert e é indicada para peles normais ou oleosas. A argila branca ajuda a retirar toxinas da superfície da pele e a rosa, a amaciar e proteger a pele contra a perda de elasticidade. Mas não é isso o que há de mais ecológico nesse cosmético: a embalagem do produto, 100% biodegradável, foi vencedora do prêmio Embanews 2007. Fibras naturais, lignina e ausência de produtos químicos permitem que a caixa leve apenas oito meses para se decompor completamente após ser descartada no meioambiente. A unidade de 50g custa aproximadamente R$72. Ainda no quesito beleza, existem várias empresas que fabricam cosméticos orgânicos. A inglesa Lush faz o maior sucesso e tem fili-
ais espalhadas por todo o Brasil. Seus produtos são feitos à mão e com uma quantidade mínima de conservantes, privilegiando as altas concentrações dos extratos de frutas, legumes, temperos e óleos. A Éh Cosméticos, lançada pela empresária Cristina Archangeli, é uma linha de produtos desenvolvidos com ingredientes derivados de óleos naturais nobres, sem petroquímicos. Já a Amazon Secrets, da fotógrafa Sheila Farah, nasceu em 2000, com o intuito de resgatar, valorizar e proteger as riquezas naturais da Amazônia. A Florestas, de São Paulo, exporta para os EUA e Europa, desde 2002, óleos para massagem, produtos para relaxamento dos pés e cremes corporais, entre outros. A moda também investe em acessórios e roupas verdes. A marca Eden inaugurou uma nova coleção com tecidos que são 100% algodão e coloridos com corantes e pigmentos naturais, sem adição de qualquer produto químico nocivo. A loja é decorada com móveis de madeira de demolição e cabides de bambu extraídos de maneira sustentável por comunidades quilombolas do Amapá. Já as ecobags, sacolas ou bolsas feitas com material biodegradável, ganham cada vez mais modelos. A rede de locadoras Videoteca
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21 mais; e reciclar – com a reciclagem não é preciso desgastar a natureza e fazer uso de mais matérias-primas. Se cada um fizer sua parte, o mundo sobreviverá. E não esqueça, a preservação está ao alcance de suas mãos, literalmente. Bolsas de tecido são opções bonitas e que não agridem o meio ambiente
[www.videotecaonline.com.br] tem suas próprias sacolas ecológicas como alternativa aos tradicionais sacos plásticos. Criados pela Id Comunicação, os produtos já estão em sua segunda edição e são feitos em lona e algodão, podendo carregar até seis filmes. Talita Cairrão, de 25 anos, graduada em Relações Internacionais, é fã de bolsas ecológicas que, além de serem mais bonitas que as de plástico e outros materiais poluentes, fazem bem ao planeta. Sua única reclamação sobre essa categoria de produto é o preço. “Se os preços fossem mais acessíveis, mais pessoas consumiriam os produtos. Apesar do alto custo, eu prefiro comprar apenas produtos orgânicos”, diz. Apesar de ser um meio em constante crescimento, ainda é difícil encontrar produtos orgânicos. Pensando nisso, os representantes do movimento “Blog Action Day” criaram em 2007 o Pensando Verde [www.pensandoverde.blogtv.uol.com.br], um blog dedicado só a postar notícias sobre o meio ambiente, com matérias e dicas com uma ótica verde e eco-sustentável. “A ideia é demonstrar que hoje em dia pode se lidar com praticamente qualquer assunto de forma mais consciente”, diz Cláudio Roca, coordenador do site.
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O meio ambiente vem passando por situações alarmantes nos últimos tempos. Desde que o homem começou a conviver em grandes comunidades, ele alterou a natureza de forma a assegurar a própria sobrevivência e a lhe proporcionar conforto. E é justamente graças às constantes intervenções feitas pelo “homo sapiens” que é preciso conviver com a degradação ambiental. É mesmo preciso? Não, não é preciso nem é possível. O ser humano está destruindo o meio fundamental para sua vida. Muitas vezes, por capricho. Com a alteração da biodiversidade, problemas graves vêm ocorrendo: aquecimento global, escassez de água no planeta, desmatamentos, doenças que resultam da degradação ambiental, acúmulo de lixo. Muitos detritos levam mais de um século para se degradar, como o pneu, por exemplo, que chega a 600 anos. Em muitos casos, isso poderia
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ser evitado, não fosse a falta de conscientização por parte da população. Um dos principais problemas enfrentados hoje em dia é a quantidade de pneus abandonados. São pilhas deles, espalhados sem destino. E foi pensando na melhoria do meio ambiente que a Secretaria do Meio Ambiente e algumas empresas montadoras de carro criaram serviços de coleta dos pneumáticos. A iniciativa tem o objetivo de reaproveitar materiais beneficiados como matéria-prima para um novo produto, atitude fundamental nos tempos atuais. O pneu gasto, mais conhecido como careca, parece não ter mais nenhuma utilidade. Além disso, parece não servir nem mesmo como matériaprima para a produção de um novo pneu, mas não é bem assim. Desde 1999, a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) coleta e destina os chamados itens inservíveis (sem uso) e já retirou da natureza 700 mil toneladas – cerca de 139 milhões – de pneus de automóveis de
passeio. A reciclagem de pneus, por exemplo, serve para os materiais que podem voltar ao estado original e ser transformados, novamente, em um produto igual em todas as suas características. E graças a ela, em geral, ocorre a redução do volume de lixo nos aterros sanitários e a melhoria nos processos de decomposição de matérias orgânicas. Até o início dos anos 2000, milhares de pneus inservíveis eram descartados em vias públicas, terrenos baldios, rios e lagoas, principalmente, no Município do Rio de Janeiro, com predominância nas regiões Oeste e Norte da cidade, causando graves prejuízos ao meio ambiente, à saúde da população e, claro, à estética urbana. Recentemente, outra ajuda para acabar com essa desordem urbana veio da Rio Coop 2000 e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEA): um programa de reciclagem de pneus usados, lançado em novembro de 2007, com apoio dos postos da “BR Distribuidora”. “Além disso, foi criado o Disque-pneu (21- 25734142
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e 31057730), não só para limpar o meio ambiente, mas também para combater um dos grandes criadouros do mosquito transmissor da dengue”, ressalta um dos organizadores dessa união, o ambientalista Paula César Ferreira Lima, de 43 anos. O descarte inadequado de pneus usados é muito prejudicial ao meio ambiente. Além de foco de doenças, pneus velhos podem entupir cursos de água, provocando enchentes. Quando queimados, aumentam a poluição atmosférica. O pneu pode ser reciclado inteiro ou picado. Quando feito da segunda forma, apenas a banda de rodagem é reciclada. Quando inteiro, há inclusão do aro de aço. O processo de recuperação e regeneração dos pneus exige a separação da borracha vulcanizada de outros componentes, como metais e tecidos, por exemplo. Os pneumáticos são cortados em lascas e purificados por um sistema de pe-
Revista VEIGA MAIS - ESPECIAL MEIO AMBIENTE neiras. Essas lascas são moídas e depois submetidas à digestão em vapor d’água e produtos químicos, como álcalis e óleos mineiras, para desvulcanizá-las. O produto obtido pode ser então refinado em moinhos até que se consiga uma manta uniforme, para a obtenção de grânulos de borracha. Esse material tem várias utilidades: cobrir áreas de lazer e quadras esportivas; fabricar tapetes para automóveis; passadeiras, saltos e solados de sapatos; colas e adesivos; câmaras de ar; rodos domésticos; tiras para indústrias de estofados; e buchas para eixos de caminhões e ônibus. Diante da grave situação representada pelo acúmulo de pneus velhos no ambiente, foi elaborada pela Cooperativa de Coleta Seletiva e Reciclagem (Rio Coop 2000), em parceria com a Associação Nacional da Indústria Pneumática (Anip), uma Política de Gerenciamento de Pneus Inservíveis, que vem produzindo excelentes resultados, com a eliminação de mais de 95% dos problemas decorrentes do descarte inadequado de pneus. A iniciativa está em vias de ampliação para a região metropolitana do Rio de Janeiro e para outros locais do Estado. “Desta forma, foram criados os conceitos que se aplicam às borracharias, cujos donos se dispuseram a receber e armazenar temporariamente pneus inservíveis, descartados pelo próprio estabelecimento e por comerciantes próximos, em condições ambientalmente adequadas”, explica Agnaldo Pires, de 35 anos, coordenador do projeto Ecopneus, criado para fazer a coleta dos pneumáticos da Rio Coop. Ele afirma que esses pneus ficam em locais cobertos, inspecionados e tratados para evitar proliferação de mosquitos transmissores do dengue. Mais uma vez tomando iniciativa, a cooperativa de coleta seletiva fez uma pesquisa em relação à origem dos pneus inservíveis, descartados irregularmente em áreas públicas e terrenos, somente em 2007:
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“Pirelli”, a Reciclanip é considerada uma das maiores iniciativas da indústria brasileira na área de responsabilidade pós-consumo. O trabalho de coleta e destinação de pneus inservíveis realizado pela entidade é comparável aos maiores programas de reciclagem desenvolvidos em todo Brasil, em especial o de latas de alumínio, garrafas PET e embalagens de defensivos agrícolas. O projeto teve início em 1999, com o Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis implantado pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, entidade que representa os fabricantes de pneus novos no Brasil. O desenvolvimento desses projetos revela que as indústrias de pneus não pensam apenas em vender seus produtos, mas também em preservar a natureza, a qualidade de vida e o bem-estar da população. A pavimentação por meio da reciclagem pneumática é um exemplo do que pode ser feito com pneus velhos e, claro, um ganho para a sociedade. “Isso resultaria, conseqüentemente, em asfalto mais barato, duradouro, seguro e, o principal, ecologicamente correto”, analisa Álvaro Augusto de Oliveira, de 53 anos, gerente-geral da Reciclanip. A coleta de pneus inservíveis pode ser feita pelo serviço de limpeza pública do município ou por intermédio da colaboração de borracheiros, sucateiros/coletadores, reformadores e revendedores. Esses parceiros podem levar os pneus inservíveis coletados a qualquer um dos Ecopontos espalhados em diversos estados do país, incluindo a possibilidade desses pneumáticos serem levados diretamente às empresas de trituração ou picotagem, os chamados Centros de Recepção e Trituração/Picotagem, sem passar pelos Ecopontos. Combater e eliminar o quadro da desordem urbana causada pelo abandono de pneus é um grande desafio, principalmente para o Rio de Janeiro, cidade com maior índice desse tipo de degradação ambiental. Mas cabe a todos os cidadãos, terem consciência de que não mudar essa realidade só prejudicará o meio ambiente. Todo esse trabalho tem dado resultado e o Brasil está em 2o lugar no ranking mundial de recauchutagem de pneus, o que lhe confere uma posição vantajosa junto a vários países na luta pela conservação ambiental. Cada um fazendo a sua parte tornará o mundo um lugar melhor de se viver, seja reciclando lixo e pneus, protestando contra o aquecimento global e o desmatamento. Não importa. Como diz a sabedoria popular, a união faz a força.
RESOLUÇÃO 258 DO CONAMA A indústria de pneus, em parceria com a corporativa carioca, atende à Resolução 258 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que estabelece um sistema de carregamento das carcaças a partir dos depósitos centrais da Rio Coop, transportando-as em carretas até São Paulo, onde os pneus são triturados e aproveitados como combustível na indústria cimenteira, destino final ambientalmente adequado. No município do Rio de Janeiro, um decreto da Prefeitura criou grupo de trabalho com o objetivo de analisar a viabilidade do aproveitamento de pneus inservíveis na composição de misturas asfálticas. Concluiu-se que a mistura é viável, aumentando a durabilidade e a aderência da pavimentação, a custos compatíveis. Foram efetuadas experiências bem sucedidas em algumas vias da cidade, mas o processo ainda não está sendo utilizado de maneira intensiva. O resultado da parceria Anip/Rio Coop foi a implantação de, aproximadamente, 54 pontos de recepção de pneus inservíveis na Zona Oeste; nove na Zona Norte e dois na Zona Sul carioca, além de dois depósitos centrais de pneus. Outra atitude que o projeto visa combater é a queima de artefatos de borracha, muito prejudicial ao meio ambiente e à saúde, pois os gases liberados são fortes poluentes para o ecossistema. As atividades de recepção, armazenamento e carregamento dos pneumáticos no depósito central são asseguradas por cinco postos de trabalho e renda, custeados pela empresa Michellin. “Essa é a nossa contribuição social, ajudando na destinação ambientalmente correta dos pneumáticos usados que não são mais reutilizáveis. Muitos deles são descartados por seus usuários diretamente na natureza. E é aí que a Prefeitura deve entrar conscientizando a sociedade”, afirma o gerente da Michellin da Ilha do Governador, Anderson Vieira, de 37 anos. Outras organizações também mostram interesse na reciclagem dos pneumáticos. Criada em março de 2007 pelos fabricantes de pneus novos “Bridgestone Firestone”, “Goodyear” e
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(RESUMO)
1. A partir de 1º de janeiro de 2002, para cada quatro pneus novos fabricados no país ou importados (inclusive aqueles que acompanham os veículos importados), as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final ambientalmente adequada a um pneu inservível. 2. A partir de 1º de janeiro de 2003, para cada dois pneus novos fabricados no país ou importados (inclusive aqueles que acompanham os veículos importados), as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final ambientalmente adequada a um pneu inservível. 3. A partir de 1º de janeiro de 2004, para cada pneu novo fabricado no país ou importado (inclusive aqueles que acompanham os veículos importados), as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final ambientalmente adequada a um pneu inservível. Para cada quatro pneus reformados importados, de qualquer tipo, as empresas importadoras deverão dar destinação final a cinco pneus inservíveis. 4. A partir de 1º de janeiro de 2005, para cada quatro pneus novos fabricados no país ou importados (inclusive aqueles que acompanham os veículos importados), as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final ambientalmente adequada a cinco pneus inservíveis. Para cada três pneus reformados importados, de qualquer tipo, as empresas importadoras deverão dar destinação final a quatro pneus inservíveis. Fonte: site do Conama – www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=258
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Instituições cariocas voltadas para a preservação ambiental Rafael Garrido ○
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O Rio de Janeiro abriga três espaços que, além de belos, desempenham um importante papel na preservação do meio ambiente: o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Parque Nacional Floresta da Tijuca e o Parque Lage. Todos são heranças antigas da cidade, da época colonial. Um se tornou a maior instituição de pesquisa botânica da América Latina, outro é a maior floresta em área urbana do mundo e o último abriga a maior escola de artes do país.
INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RJ
FLORESTA DA TIJUCA
Quando a família real portuguesa escolheu como refúgio o Brasil, em sua fuga da fúria napoleônica, quem mais se beneficiou foi essa pequena colônia subdesenvolvida. Subitamente transformada em sede do governo, a cidade do Rio de Janeiro logo recebeu uma reforma geral, por ordem de D. João VI, para que fizesse jus à função que agora desempenhava. Muitas foram as medidas tomadas. Entre elas, o Príncipe Regente tratou de proteger a coroa, instalando uma fábrica de pólvora próximo à Lagoa Rodrigo de Freitas. O entorno da fábrica, uma vasta área, foi utilizado para aclimatar especiarias vindas da Índia. A área logo passou a ser denominada Jardim da Aclimação e, mais tarde, Real Horto, que após começou a ganhar o cunho científico e a importância que possui hoje, sendo denominado Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O espaço, que era destinado à aclimação de plantas, passou a ser utilizado para preservação. Muitas espécies foram importadas, sendo a mais famosa delas a palmeira Imperial, que mais tarde virou o símbolo do lugar. O primeiro exemplar de palmeira imperial foi plantado pelo próprio D. João no Jardim Botânico, a famosa “Palma Matter”, de onde todas as outras palmeiras imperiais brasileiras descendem. Esse espécime foi derrubado por um raio, mas sua primeira filha plantada, a “Palma Filia”, ainda existe em um lugar de destaque no arboreto. Mas nem só de história vive esse espaço. Com 200 anos de existência, o Jardim Botânico mostra que sua função e importância não se perderam no tempo e desde 2001 promove o desenvolvimento de ensino e pesquisas relativos à flora brasileira. “Em 2008, com a criação do Centro Nacional de Conservação da Flora, sob coordenação do Jardim enquanto Instituto de Pesquisas, ele passou a ter um papel ainda mais fundamental no sentido da preservação da nossa flora, elaborando a lista de espé-
Todo carioca que se preze sabe que a Floresta daTijuca é a maior floresta em área urbana do mundo. O que poucos sabem é que ela não é natural. Com o crescimento da cidade com a chegada da família real portuguesa, diversas áreas de floresta e matas no entorno do Rio foram devastadas para o plantio e as madeiras eram usadas para lenha e carvão. Quando o Brasil assumiu a posição de exportador de café, a situação piorou: encostas de montanhas inteiras foram devastadas para as plantações. Já naquela época, o uso sem planejamento dos recursos naturais resultou em desastre ambiental. Por quatro vezes, ocorreram secas no Rio de Janeiro e a devastação foi tanta que as nascentes dos rios ficaram ameaçadas. O Imperador D. Pedro II, preocupado com a questão, mandou plantar a Floresta daTijuca, primeiro exemplo de reconstituição de cobertura vegetal com espécies nativas no Brasil, plantando 13.500 mudas. Apesar de o replantio não ter sido feito de forma técnica ou científica, no final do século 90 mil espécimes haviam sido plantadas e uma floresta já crescia no Rio. Hoje, a importância dessa área verde para a diversidade de espécies animais e vegetais fez com que a Floresta fosse transformada em Parque Nacional. Esses parques são porções do território nacional, que, devido a elevados atributos naturais ou culturais, estão postos sob jurisdição do Governo Federal, para assim garantir sua preservação. O espaço é aberto à visitação, mas os visitantes precisam respeitar algumas regras. Mas o que significa para o Rio ter esta vasta área verde? “A floresta daTijuca tem um valor enorme na cidade do Rio de Janeiro. Serve para controlar a temperatura e as chuvas, já que a água fica retida na copa das árvores, funciona como inibidora da poluição atmosférica e reguladora das águas, é berço de rios e viveiro para animais e inúmeras espécies da flora”, explica Alexandre Justino, funcionário do Parque.
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cies ameaçadas de extinção e propondo soluções de manejo e conservação das espécies de acordo com estudos realizados”, conta JulianaValentim, assessora de imprensa do espaço. O atual presidente do Jardim, Liszt Vieira, teve um trabalho difícil em suas mãos: o de mostrar que o instituto ainda é muito importante para o Brasil e para o Rio de Janeiro, algo que conseguiu fazer a partir de iniciativas e inovações. Uma delas veio por parte do Núcleo de Educação Ambiental, responsável por coordenar as visitas escolares. O Nea criou o ‘Conhecendo Nosso Jardim’, por meio do qual são oferecidas aulas para os professores no arboreto. Assim, quando eles levarem os alunos para visitas, podem ter um conhecimento acerca do parque. “Quando trazem seus alunos ao Arboreto, tornar a visita uma recreação é um pecado, um desperdício. O espaço disponível permite aulas que vão desde Biologia e Botânica até História do Brasil. Mas para estarem preparados para explorar o potencial didático do parque, os professores precisam receber um mínimo de informação sobre ele”, explica Maria Manuela Rueda, responsável pelo projeto. Outras duas iniciativas foram de extrema importância para o instituto. A primeira foi a criação do primeiro Museu do Meio Ambiente da América Latina, situado numa antiga casa colonial que servia de moradia para os pesquisadores. “Agora, pretendemos nos tornar referência mundial no quesito meio ambiente, aliado cada vez mais as áreas de pesquisa, educação e cultura, todas contempladas em nosso Instituto”, conta Juliana. A segunda medida, também ressaltando essa ligação entre meio ambiente e cultura, foi a criação do Espaço Tom Jobim, área do parque que abriga exposições e dispõe de um teatro, onde são realizados, além de peças, shows e concertos.
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Aqueles que visitam o Parque Laje, na Zona Sul do Rio de Janeiro, sentem o clima de romantismo do local, sua natureza deslumbrante e seu belo palacete, tudo aos pés do Cristo Redentor. Esse ar romântico começa já em sua criação, em meados do século XIX. O terreno foi adquirido pelo comendador Antônio Martins Lage Junior e, mais tarde, herdado por seu neto, Henrique Lage, que se apaixonou pela cantora lírica italiana Gabriela Bezanzoni e, em 1922, mandou construir o palácio e seus belos jardins, oferecendoos a ela como presente. O projeto da construção, de estilo eclético, foi feito pelo italiano Mario Vodrel, com azulejos, mármores e ladrilhos importados diretamente da Itália. Os belos jardins foram projetados pelo paisagista inglês John Tyndale e, posteriormente, nas décadas de 30 e 40, foram parcialmente remodelados. O parque é a última arbórea contínua entre o Corcovado e a rua Jardim Botânico. Atualmente, o Parque e seu palacete foram tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional, tornando-se a sede da Escola de Artes Visuais. A área é aberta à visitação, permitindo que suas diversas trilhas sejam exploradas à vontade, sendo a mais famosa aquela que leva até a encosta do Cristo Redentor. Outros atrativos são o aquário construído em argamassa imitando rochas e troncos de árvores, as pontes, bancos e quiosques próximos ao lago, que são representações construídas da natureza, e a gruta. O Parque Laje desempenha um papel que vai além de ser sede de uma escola de arte e espaço público destinado à visitação. Ele também abriga diversos eventos e iniciativas voltadas para a questão da preservação ambiental, entre eles, o Dia Mundial de Preservação da Água. O espaço integra ainda a rede de preservação da Floresta da Tijuca. A maioria dos eventos serve para conscientizar a população carioca no que diz respeito à preservação da natureza, mas também inclui projetos com o objetivo de apontar a importância da Floresta da Tijuca para a cidade, sendo o próprio Parque Laje integrante da área florestal que a compõe. Visita imperdível para todos os românticos e apreciadores da natureza, o espaço confirma mais uma vez que o que há de muito belo no Rio é também muito útil.
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mundo todo hoje fala em meio am biente. É fácil notar uma preocupa ção, uma luta pela preservação. A degradação do ambiente tornou-se visível a olho nu. A população cobra das autoridades medidas para conter a destruição ambiental. Mas nem sempre vêm dos governantes as iniciativas tomadas para salvar ou diminuir a devastação em que se encontra a Terra. Muitas vezes, conta-se com ajuda de parceiros ou até mesmo heróis ambientais. São as Organizações Não-Governamentais (ONGs) que tem tido um papel fundamental na luta para preservar o planeta. Do ponto de vista jurídico, as ONGs são associações civis de direito privado. Na nomenclatura, organização não-governamental define-se como não-Estado e por suas características sem fins lucrativos. Mas elas não podem e nem devem ser comparadas aos partidos políticos ou tidas como substitutos do Estado nas ações sociais. Hoje já são cerca de 40 mil no mundo e aproximadamente 1.000 no Brasil, segundo pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). É a resposta da sociedade à falta de capacidade dos governos de realizar algumas de suas funções de forma satisfatória. As ONGs têm como principal ativo a credibilidade, que precisa ser preservada e garantida, mas só há alguns anos essas organizações foram percebidas como fato social pela mídia.
HISTÓRIA DAS ONGS O termo ONG foi usado pela primeira vez em 1940 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para designar as entidades da sociedade executoras de projetos comunitários ou de interesse público. Mas foi nas décadas de 60 e 70 que sua expansão se deu. E na América Latina elas tiveram participação importante na luta contra os Estados Ditatoriais, principalmente aquelas que cuidam de questões de direitos humanos. Apenas a sociologia sediada nos Estados Unidos empregava o termo “organização não-governamental” para designar as entidades da sociedade civil, em referência a todo movimento de cunho social. Nos anos que se seguiram, o termo “ONG” adquiriu maior relevância. Na passagem dos anos 80 à década seguinte, surge no Brasil um movimento inexistente até então: entidades voltadas para questões de interesse público, capazes de formular projetos, monitorar sua execução e prestar conta de suas finanças. No Brasil, nasceram espelhadas no modelo americano e dentro do circuito de cooperação global.
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Urso panda: símbolo da ONG WWF
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Enquanto, nos anos 70 e 80, as ONGs não encontram apoio financeiro, nos anos 90, elas vão buscar na cooperação internacional o apoio necessário para financiar a luta pela cidadania.
CONHECENDO AS ONGS O Centro de Estudos Ambientais (CEA), organização não-governamental ecológica, foi fundado em Rio Grande, Rio Grande do Sul, em 1983 e surgiu como contraponto do surto industrial degradador da qualidade ambiental que se iniciava num movimento social em gestão no país na década de 80. Dentre as atividades, pode-se destacar o ativismo ecológico (movimento de proteção das dunas de Rio Grande e Cassino) e de alerta sobre a indústria de celulose. Foi o autor da primeira Ação Civil Pública Ambiental, com o objetivo de acabar com a prática do tiro contra o pombo, e responsáveis pela reestruturação do Conselho Municipal de Proteção Ambiental. Outra ONG reconhecida por voltar seu trabalho para o meio ambiente é a Rede WWF. Criada em 1961, tem sede na Suíça e é composta por organizações e escritórios em diversos países, que têm como característica o diálogo na questão ambiental. Desenvolve cerca de dois mil projetos de conservação. Quando fundada, escolheu como símbolo para representá-la um urso panda gigante chamado Chi-Chi, que tinha acabado de chegar ao zoológico de Londres. Uma escolha baseada na campanha da China para a preservação do panda. Com sede em Brasília, a WWF-Brasil foi criada em 30 de agosto 1996 e é formada por representantes do empresariado, ambientalistas e outros setores da sociedade brasileira. Atualmente, trabalha executando dezenas de projetos em parceria com universidades e órgãos governamentais. Tem o objetivo de harmonizar a atividade humana na conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais, em benefício dos cidadãos de hoje e das gerações futuras. Desenvolve projetos em todo o país, com atuação em mais de cem países e o apoio de cerca de cinco milhões de pessoas, contando com associados.
Ela realiza ainda atividades de pesquisa, legislação e política pública, educação ambiental e comunicação, além de projetos de viabilização de preservação, por meio dos estímulos a alternativas econômicas sustentáveis que ajudam e beneficiam a população local. Busca sensibilizar a opinião pública, por meio de atos e publicidade, baseando-se no pilares filosófico-morais da desobediência civil. Assim como a WWF, o Greenpeace é uma ONG voltada ao meio ambiente e famosa no mundo inteiro. Com sede em Amsterdã e escritórios espalhados por quarenta países, foi criada em 1971 no Canadá por imigrantes americanos. É financiada apenas por pessoas físicas, não aceitando o dinheiro de governo ou empresas. O nome é a junção das palavras inglesas green (verde) e peace (paz) para dar a idéia de pacifismo e defesa do meio ambiente. Atua com campanhas dedicadas às áreas de floresta, clima, nuclear, oceanos, engenharia genética, substâncias tóxicas, transgênicos e energia renovável, e tem como princípio básico o testemunho presencial e a ação direta. No Brasil, o Greenpeace realizou a primeira ação em 26 de abril de 1996 numa manifestação em frente ao pátio da usina nuclear de Angra do Reis, onde foram colocadas 800 cruzes para lembrar o número de mortos no acidente na Ucrânia. Isso se deu às vésperas do Eco-92, quando os ativistas chegaram ao Rio a bordo de um navio para participar do encontro.
PROFESSORES INDÍGENAS E ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO Quem também teve sua criação marcada na história foi o Centro de Trabalho Indígena (CTI), pois se formou no início do processo de abertura política em que houve a transição do regime militar para a democracia. Tem como marca de sua identidade o apoio direto aos povos indígenas, com o objetivo de que esses possam atingir o maior grau de auto-suficiência econômica e política dentro dos parâmetros das próprias comunidades indígenas.
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Rafaela Duarte de Sousa ○
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O CTI é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, e a associação tem sede e foro em Brasília. Tem como finalidade desenvolver trabalhos indígenas, visando o bem-estar da população que se encontra em território nacional. Atua com projetos integrados, que são elaborados a partir das demandas de locais identificados em conjunto com os índios. Mais do que beneficiários, os índios são co-autores e co-executores dos projetos.
DOS COSTUMES AO USO DA TECNOLOGIA Outra ONG muito importante no Brasil é a Ramudá, uma organização não-governamental sem fins econômicos. Formada em São Carlos em 2001, realiza e apoia projetos sócioambientais e culturais integrados, visando a produção e a difusão de bens culturais, o fortalecimento de organizações comunitárias, a pesquisa e o registro da história local e a implantação de uma educação ambiental consistente. A organização procura catalisar transformações de valores culturais, potencializando a capacidade criadora de seus sujeitos no exercício de sua autonomia. A ONG atua em mudanças concretas na direção de uma efetiva justiça social da democratização do conhecimento, do uso adequado da tecnologia, de relações pacíficas, responsáveis e solidárias entre homens e mulheres. A Ramudá foi reconhecida como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) em 5 de setembro de 2007. Os projetos da Ramudá são unidades de ação com enfoques específicos, que tornam realidade as aspirações coletivas dos integrantes da entidade. O trabalho desenvolvido pelas ONGs nos setores sociais e na capacitação humana para o voluntariado tem sido de importância no avanço das políticas públicas. A sociedade hoje reconhece nas ONGs sérias a defesa legítima de uma melhor qualidade de vida. Crer neste trabalho é mais do que uma séria ideia de política pública. Mais particularmente no âmbito do meio ambiente, é uma necessidade inadiável.
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PROTOCOLO: O SOPRO DE ESPERANÇA ○
Leonardo Araújo
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O mundo está em choque. As consequências do desprezo humano pela preservação ambiental estão mais evidentes a cada ano. O clima já não é mais o mesmo. O futuro se transformou num misto de incerteza e angústia. Mas não é de hoje que a mãe-natureza tem dado seu recado, estampado e nítido, aos olhos de todos. Por isso, desde 1988, com o prenúncio do apocalipse ambiental, líderes mundiais vêm fazendo convenções internacionais para discutir o futuro do planeta. Um acordo ambiental foi fechado. Mas entre a incerteza dos cépticos e a expectativa dos esperançosos, culminou-se a questão: serão os acordos ambientais eficientes o suficiente? Para os líderes mundiais que assinaram o Protocolo de Kyoto, sim. Mundialmente conhecido como a esperança da sociedade, o protocolo assinado na cidade japonesa em 1997 foi o resultado de uma sucessão de reuniões internacionais, já visando o futuro do planeta. A primeira ocorreu na cidade de Toronto, Canadá, em 1988, logo que mudanças bruscas do clima assustaram todos os países. Seguindo a cronologia do protocolo, realizou-se em seguida a famosa conferência Eco-92, no Rio de Janeiro, e denominada Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática. Nessa conferência, acordos ambientais foram assinados, citando a diminuição da emissão de gases que provocam o efeito estufa. Mas o tratado não fixou limites obrigatórios na redução dos gases e, por isso, não obteve sucesso. O Protocolo de Kyoto seria o primeiro tratado assinado a obrigavar todos os países signatários a reduzirem suas emissões de gases poluentes. Mesmo formulado em 1997, o acordo ambiental só entrou em vigor oito anos depois, após a Rússia firmar também o compromisso ecológico. Diante da efetivação, metas de redução de gases foram implantadas, algo em torno de 5,2% entre os anos de 2008 e 2012.
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Alguns especialistas, porém, desacreditam do sucesso do acordo. Eduardo Viola, sociólogo da Universidade de Brasília (UnB), destacou, no 6º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política, que se as grandes nações poluentes não se dedicarem de fato ao tratado, de nada adiantará. “De 2006 a 2007, as emissões de gases estufa, que deveriam diminuir, cresceram 3%”, declarou o sociólogo na mesa redonda formada por especialistas para debater os esforços internacionais. Outro ponto que aumenta a descrença no acordo assinado é a credibilidade do Protocolo de Kyoto. Mesmo após a Rússia ter aderido às metas de diminuição de gases poluentes, outra importante nação continua de fora. Os Estados Unidos, que figuram entre os grandes poluidores atmosféricos do planeta, sequer cogitam aceitar os termos do acordo. Apesar de investimentos milionários em adaptações climáticas no país, o governo americano menospreza a saúde do planeta, visando sempre a saúde de sua economia. Para Gilberto Assis, assistente da ONG Mundo Verde, o fato de um país de tamanha importância como os EUA não aderir ao tratado gera incerteza e desconfiança. “Se uma das nações mais poluentes não aderiu, do que adianta outras cem seguirem à risca as taxas de diminuição? A ação contra a degradação ambiental tem que vir de todos, mas, acima de tudo, deve ser liderada pelos mais fortes e capazes”, afirma Assis. Ainda segundo ele, após três anos em vigor, o protocolo não apresentou ainda real eficiência no combate à mudança climática. “Houve avanços significativos em alguns países, mas a verdade é que a grande fonte de aquecimento segue como antes”, explica, citando a queima de combustível baseado em petróleo, principal fator poluente. “Por isso, devemos com urgência investir em energia renovável”, completa. O fato é que, eficientes ou não, acordos ambientais como o Protocolo de Kyoto são os únicos sopros de esperança da população mundial.
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